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Presidência da República
Controladoria-Geral da União
Secretaria Federal de Controle Interno
Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações
presumidamente irregulares, ocorridas em Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - HU-
UFS, apontadas à Controladoria-Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº
00224.000689/2015-32.
A fiscalização teve como objetivo apurar a regularidade da concessão de Adicional de Plantão
Hospitalar- APH e da utilização do ponto eletrônico dos servidores do Hospital Universitário
da Universidade Federal de Sergipe, em atendimento à demanda da Procuradoria da República
em Sergipe por meio do Ofício nº291/2015-JRTA/PR/SE de 07 de agosto de 2015.
Os trabalhos de campo foram realizados no período de 15/02/2016 a 16/02/2016 sobre a
aplicação de recursos federais do programa 2109 - Programa de Gestão e Manutenção do
Ministério da Educação / 20TP - Pagamento de Pessoal Ativo da União no município de
Aracaju/SE.
Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
Externas
Número do relatório: 201505817
Unidade Examinada: Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares - HU-UFS
1. Introdução
registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de
questionários.
Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
tendo se manifestado em 05 de abril de 2016, cabendo ao Ministério supervisor, nos casos
pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas públicas,
bem como à apuração das responsabilidades.
Ordem de Serviço: 201505817
Número do Processo: 00224.000689/2015-32
Município/UF: Aracaju/SE
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares - HU-UFS
Montante de Recursos Financeiros: Não se aplica.
Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela
tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela existência
de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.
Os fatos apresentados a seguir destinam-se aos órgãos e entidades da Administração Pública
Federal - gestores federais dos programas de execução descentralizada. A princípio, tais fatos
demandarão a adoção de medidas preventivas e corretivas por parte desses gestores, visando
à melhoria da execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente Tomada
de Contas Especial, as quais serão monitoradas pela Controladoria-Geral da União.
2.1.1. Falhas nos controles de frequência dos profissionais que atuam no Hospital
Universitário.
Fato
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) aderiu, por meio do
contrato nº 141/2013, à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal criada
em 2011 pela Lei nº 12.550 e que é vinculada ao Ministério da Educação.
1.1. Informações sobre a Ação de Controle
2. Resultados dos Exames
2.1 Parte 1
A Ebserh é uma empresa pública responsável pela gestão do Programa Nacional de
Reestruturação dos Hospitais Universitários (Rehuf), criado pelo Decreto nº 7.082, de 27 de
janeiro de 2010. O objetivo do Decreto foi criar condições materiais e institucionais para a
recuperação dos hospitais universitários e dentro dessa política de reestruturação de pessoal o
HU-UFS realizou concurso público para contratações de novos profissionais.
Sabe-se que empregados admitidos nas empresas públicas devem ser regidos pelos ditames
da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, são empregados públicos com regime
jurídico celetista. Desse modo, a partir do ingresso desses novos concursados, o HU-UFS,
passou a ter, dentro do seu quadro de pessoal, regimes de contratação distintos. Os empregados
contratados pela Ebserh no regime Celetista e os servidores públicos estatutários da UFS,
lotados no HU-UFS, regidos pela Lei 8.112/90.
Atualmente o quadro completo dos profissionais em serviço no Hospital Universitário é assim
composto:
Quadro: Distribuição do quadro de pessoal.
QUADRO QUANTIDADE
Empregados Ebserh 513
Servidores da UFS 434
Servidores do Ministério da Fazenda 10
Terceirizados 138
TOTAL 1095
Fonte: quadro elaborado pela CGU com base em informações obtidas na unidade auditada
Como se observa, a maior parte da força de trabalho que integra o Hospital é de empregados
da Ebserh e servidores da UFS. Nesse sentido, também se dispõe o Regimento Interno da
Ebserh (publicado no D.O.U de 02/05/2014- Resolução nº 31 do Conselho de Administração
da Ebserh) em seu Art. 52: “Integram o quadro de pessoal da Ebserh os empregados
públicos admitidos na forma do art. 10 da Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, e os
servidores e empregados públicos a ela cedidos”.
No entanto, a despeito da norma citar “cedido”, os servidores estatutários (RJU) vinculados à
Universidade, e atuantes no HU-UFS, não se encontram formalmente cedidos à Ebserh e,
segundo informado pela unidade, por essa razão existem procedimentos distintos para controle
de frequência e assiduidade de pessoal, com base na sistemática adotada por cada uma das
instituições, conforme se discorre adiante:
1.Empregados Ebserh - Regime Celetista:
O registro, controle e apuração das frequências dos empregados com vínculo à Ebserh são
regulamentados pela Portaria n° 55 de 09 de julho de 2013, pelo Regulamento de Pessoal da
Ebserh de janeiro de 2014 e pelo Acordo Coletivo de Trabalho 2015/2016. Tanto a Portaria
nº 55 quanto o Regulamento de Pessoal prevê a obrigatoriedade de controle de frequência para
todos os empregados, mas é no Art. 30 do Regulamento que há especificação de que o registro
seja feito de forma eletrônica.
Atualmente, isto é feito por meio de relógio de ponto em terminais instalados nas principais
dependências do Hospital com emissão de comprovante que fica em poder do empregado.
O sistema de controle de ponto gera, a partir do dia seguinte do registro, extrato com os
horários de entrada e saída em espelho de ponto de cada empregado.
A homologação das frequências é feita mensalmente pela chefia imediata em páginas
impressas do espelho do ponto retirado do Sistema.
Os espelhos são impressos na Divisão de Gestão de Pessoas (DivGP) e enviados aos chefes
que os homologam, confirmando as ocorrências atípicas registradas em folha – que seguem
anexas a cada um dos espelhos.
Observa-se que essa metodologia implica em impressão, envio e homologações (com
possíveis observações) de 513 folhas de ponto dos “empregados Ebserh”. Uma vez
homologado, o processamento da folha ocorre dentro da DivGP.
Foram analisadas as folhas de ponto de quinze empregados nos meses de outubro e novembro
de 2015 e percebeu-se que o registro mensal sempre vem acompanhado de um elevado número
de observações feitas pelo empregado a fim de justificar advertências que o sistema gera. As
advertências mais comuns são aquelas originadas por ausência de registro de intervalo ou de
entrada ou saída.
Na hipótese dessas ocorrências, o empregado registra em folha à parte a sua justificativa e
essa é homologada pela chefia em assinatura aposta. Essa homologação, que implica em
posicionamento favorável à justificativa apresentada, não altera a folha de ponto propriamente
dita, razão pela qual a informação de horas excedentes ou horas devedoras que consta no
rodapé do espelho de ponto não tem confiabilidade, posto que as ocorrências inabituais não
são inseridas no sistema, elas são apenas informadas manualmente.
Se um empregado, por exemplo, se esquece de registrar seu ponto de saída, o sistema não
computa nenhuma hora de trabalho, gerando um débito indevido. Apesar de a informação
manual ser atestada pela chefia, como o dado real das horas trabalhadas, ela não é incluída no
sistema de ponto. Dessa forma, o total de horas excedentes ou devedoras no sistema não reflete
a realidade. Assim, ainda que o empregado goze um dia de folga por horas adicionais
trabalhadas, o sistema registra a folga como falta, dependendo, novamente, de informação
inserida manualmente pelo empregado para ajuste do ponto.
Verifica-se que as ocorrências inseridas manualmente na folha de ponto são operadas
paralelamente ao sistema, causando retrabalho e aumentando as possibilidades de falhas no
cômputo da carga horária de cada empregado.
2.Servidores da UFS, Regime RJU:
O registro, controle e apuração das frequências dos servidores cujo vínculo é a Universidade
Federal de Sergipe é regido pela Instrução Normativa 01/2014 e a Instrução Normativa
02/2014 (ambas emitidas pela Pró-reitoria de Gestão de Pessoas da Universidade Federal de
Sergipe), pela Comunicação Interna Circular 07/2011/DG/HU-UFS/UFS da Superintendência
do Hospital e pela Comunicação Interna 19/2016 emitida pela Divisão de Gestão de Pessoas.
A anotação da frequência diária dos servidores da UFS é feita por meio do sistema Medlynx
– sistema de gestão hospitalar que faz interface com o Sistema Integrado de gestão de
Recursos Humanos (SIGRH) da UFS.
Com o advento do contrato com a Ebserh, os chefes de serviço que passaram a ocupar funções
gratificadas na Ebserh perderam o acesso ao SIGRH, impossibilitando-os de controle
gerencial dos servidores a eles subordinados.
Ressalte-se que os atuais chefes das divisões, setores e unidade são em maioria servidores da
UFS – 60 das atuais 67 funções de chefia existentes no HU-UFS são ocupadas por servidores
da UFS – que foram cedidos formalmente à Ebserh para assumirem as chefias. No entanto, a
partir dessa cessão, eles perderam o acesso pleno ao sistema SIGRH.
É importante ressaltar que esta impossibilidade de acesso ao SIGRH não tem origem em
algum problema técnico ou deficiência do sistema, uma vez que essa funcionalidade ainda
permanece disponível para os chefes que permanecem na UFS.
Recentemente, em razão das dificuldades causadas por esse bloqueio e depois de tratativas
junto a UFS, o acesso ao SIGRH foi reativado para algumas funcionalidades, porém, até o
momento, não há funcionalidade no sistema que permita a homologação da frequência.
Para solucionar essa questão, a DivGP informou, por meio da Comunicação Interna 019, de
20 de janeiro de 2016, que implantou um novo procedimento de envio dos espelhos de ponto
impressos a todos os setores para que a homologação seja feita nesse documento. Os espelhos
são devolvidos à DivGP/Ebserh-HU-UFS e à UFS para controle.
Ressalte-se que esse procedimento de apuração das horas trabalhadas por meio dos espelhos
de ponto já era utilizado nos casos de servidores que cumpriam plantões passíveis de
pagamento de Adicional de Plantão Hospitalar - APH, uma vez que esse pagamento depende
de confirmação do cumprimento de jornada regular.
Dessa forma, devido ao novo procedimento de registro de folhas de ponto estar em fase de
implantação, questionou-se como estaria sendo feito o controle para o pagamento de APH
desde o bloqueio do SIGRH.
Entretanto, para os servidores em geral, esta solução está em processo de implantação, o que
levou ao questionamento de como estaria sendo feito este controle desde o bloqueio do
SIGRH.
Por meio da SA nº 201505817/05, foram feitos vários questionamentos buscando entender
qual o mecanismo de controle efetivo da jornada de cada servidor e como estavam sendo
geridas as questões de faltas, atrasos, horas devidas ou excedentes, diante do cenário de falta
de acesso ao sistema. Também foi solicitado que fosse enviada a documentação comprobatória
desse controle e a forma de interligação dessas ocorrências com o RH da Universidade para
fins de apuração de folha de pagamentos.
A resposta dada não contemplou todos os itens questionados e, embora tenham sido
solicitados, não foram apresentados documentos que comprovem tais controles.
A resposta dada pela chefe da DivGP apenas informou que: “a verificação do cumprimento
da escala de trabalho e dos serviços que são designados bem como a realização dos plantões
e os abonos ou justificativas apresentadas pelo servidor são registrados na própria escala de
trabalho e controlados pela chefia imediata” (Comunicação Interna nº107/2016,
encaminhada pelo Ofício nº018/2016/SUP-HU-EBSERH em resposta a SA nº 201505817-05)
Em razão das informações terem sido incompletas, sem o detalhamento solicitado, não foi
possível compreender de que maneira este controle manual informado se comunica com o
ponto digital que o servidor registra, cuja gestão é da Universidade, para fins de impacto na
folha de pagamento ou no controle das horas de compensação.
O que fica claro, devido à falta de acesso ao SIGRH pelos chefes de serviço da Ebserh, é que
a empresa não possui a gestão plena sobre o controle de assiduidade dos servidores da UFS,
o que está em desacordo com o disposto no Contrato nº 141/2013, que previu:
“Parágrafo Segundo: Observadas as disposições legais e regulamentares competem a
CONTRATADA a gestão administrativa dos servidores que permanecem em exercício no
hospital. ”
Segundo entendimento da unidade, o fato dos servidores não estarem formalmente cedidos é
que justifica essa situação, entretanto, não se observa no contrato a obrigatoriedade da cessão
formal para a gestão dos servidores, mas sim o exercício no hospital.
A questão da não formalização da cessão dos servidores, já foi enfrentada pelo Tribunal de
Contas da União que resultou no Acórdão 2983/2015 - Plenário de 18 de novembro de 2015,
onde se discorreu sobre as dificuldades gerenciais que a falta de cessão poderia ocasionar e se
recomendou a formalização da cessão em um prazo de 90 dias.
Passados os 90 dias a recomendação não foi cumprida e os problemas verificados com o
controle de frequência podem ser atribuídos parcialmente a esta situação. Diz-se parcialmente
porque além da cessão propriamente dita seria necessário que o sistema de frequência ainda
teria que ser adequado à peculiaridade dos servidores cedidos.
Diante do exposto, observa-se que o sistema de controle de frequência de pessoal do HU-UFS
apresenta problemas que se diferenciam conforme o vínculo:
1. No caso dos empregados da Ebserh, os controles são trabalhosos e suscetíveis a falhas
devido ao volume de procedimentos envolvidos e à inadaptação do sistema de realizar ajustes
na ausência de registros e no controle de horas excedentes e devidas.
2. No caso dos servidores da UFS em exercício no HU-UFS, a sistemática é confusa, pouco
transparente e frágil. Além de os servidores estarem submetidos a um sistema de controle de
frequência diferente (SIGRH) dos outros profissionais que atuam na instituição, o fato desse
sistema não estar acessível aos seus chefes pode facilitar as ocorrências de descumprimento
da carga horária.
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº023/2016/HU-UFS-EBSERH, a unidade manifestou-se:
“Pessoal da Ebserh – Regime Celetista:
O problema de leitura do software para registro das ocorrências no sistema de pontos já foi
relatado a sede da EBSERH com vistas a permitir sua alimentação pela chefia imediata. É
certo que o lançamento das ocorrências é uma operação manual, e mesmo no sistema
automatizado, não há como prevê as ausências por seu tipo: doenças, faltas justiçadas e não
justificadas, realocação de horários, esquecimento de registrar o ponto, entre outros eventos.
Mas, isso não coloca em credibilidade o registro das horas de entrada e saídas do sistema de
pontos, pois, o sistema lê os polos por meio de duas variáveis conforme o registro do
profissional: o quantitativo de horas excedentes e devidas. Tanto uma variável como a outra
são registro das horas em ocorrências que por meio de formulário as chefias imediatas as
informam. As horas excedentes justificadas são compensadas por folga e as devidas sem
justificativas são faltas.
Quanto ao elevado número de ocorrências, ainda não existe um estudo conclusivo para
maiores evidências, mas, é fato entre as unidades que exercem atividades de saúde a existência
de um número maior que o habitual em outras atividades. Pela própria natureza das funções
laborativas do profissional de saúde, associadas ao regime de trabalho, ocorrem doenças
relacionadas ao ambiente e segurança do trabalho como estresses e cansaço físico, além de
uma maior probabilidade do profissional ficar enfermo devido ao contato constante com
enfermidades, havendo uma maior rotatividade de substituição de profissional para o exercício
laborativa.
Por isso no HU-UFS este controle está delegado as chefias imediatas uma vez que exigem
uma tomada de decisão diária para avaliar as equipes que estão em condições laborativas com
fins a garantir a segurança do paciente e consequentemente a redução do risco na assistência.
Pessoal da UFS, Regime RJU:
Recentemente o TCU superou o acordão 2983/2015 e regulamentou que os servidores RJU
não necessitam ser cedidos para EBSERH, bastando uma portaria do Reitor os colocando em
exercício. Portanto, fica prejudicado qualquer ação de controle de registro de ponto que
implique na cessão desses servidores e por enquanto uniformização do relógio de ponto.
É fato também que UFS adotou um sistema de relógio de ponto biométrico para os seus
servidores, desabilitando o SIGRH para esta finalidade. Também ainda é fato que o sistema
biométrico adotado no HU-UFS para os servidores RJU não cedidos, até então em voga, passa
por uma discussão técnica sob a viabilidade de mantê-lo ou substitui-lo pelo adotado nos
demais campus da UFS. Esse é um momento de reflexão e transição para adequação do
modelo de controle de ponto dos RJUs não cedidos devido as especificidades das suas
atividades laborativas e sua natureza ocupacional como profissionais de saúde exigindo um
processo de tomada de decisão para avaliação das equipes diárias com vistas a segurança do
paciente e das condições laborativas do trabalhador por causa da probabilidade de incidência
de doenças ocupacionais.
Portanto, por enquanto, o sistema de registro de pontos dos servidores RJU que exercem
atividades laborativas no HU – UFS é o sistema biométrico que vem sendo adotado até o
momento. É fato ainda que existe credibilidade e transparência nos registros de entrada e saída
do sistema biométrico adotado e o que não constam registrado nele são ocorrências a serem
avaliadas pelas chefias imediatas. Para 2016, o Setor de Gestão de Processo e Tecnologia da
Informação - SGPTI pretende implantar um modulo de apoio as chefias imediatas com
permissão a seu acesso para o registro das ocorrências, como também o desenvolvimento de
um painel gerencial. No momento está em fase de testes. ”
Análise do Controle Interno
Com relação ao controle da frequência para os empregados da Ebserh a Unidade reconhece o
problema do software para registro de ocorrências e informa ter relatado a Ebserh-Sede essas
dificuldades. No entanto, a despeito de reconhecer a falha, informa que não há problema de
credibilidade quanto às horas marcadas.
Discorda-se dessa afirmação: Um sistema que, no caso de falta de registro, não computa
nenhuma hora trabalhada e não permite a inserção manual a fim de corrigir essa ausência,
nunca poderá ser confiável no resultado de seus somatórios. Haverá sempre a necessidade de
complementação de informações com base em registros manuais. Ao invés de facilitar, o
controle de frequência passa a ser mais trabalhoso e passível de falhas.
Com relação ao controle de frequência dos servidores da UFS em exercício no HU a unidade
informa que o atual sistema passa por uma discussão técnica sobre a sua viabilidade e informa
estarem em momento de transição e reflexão. Não obstante a este comentário, o fato é que a
metodologia atualmente usada não controla eficientemente a frequência desses servidores.
Conforme explanado no campo “Fato”, os chefes imediatos não acessam as ferramentas de
controle da frequência de seus servidores, havendo uma quebra na relação de subordinação e
verificação de assiduidade.
A unidade também informa que houve alteração no entendimento exarado pelo TCU Acórdão
2983/2015 - Plenário de 18 de novembro de 2015, quanto a cessão dos servidores.
De fato, o Acórdão 436/2016- TCU- Plenário de 03 de março de 2016 reformou a
recomendação emitida no Acórdão 2983/2015, entendendo que a cessão não seria mais
necessária em função da apresentação por representantes do Ministério da Educação àquela
Corte de Contas, de uma minuta de portaria que formalizará a relação hierárquica destes
servidores a Ebserh. Desse modo, ao julgar necessário a edição de uma portaria que formalize
a relação hierárquica, o TCU reforça a importância da formalização da subordinação ainda
que por outro instrumento que não o da cessão dos servidores. Diante dessa alteração de
entendimento, o instrumento que formalizará a hierarquia será uma Portaria emitida pelo
MEC.
Dessa forma, reforça-se a obrigatoriedade de que a relação de subordinação entre os servidores
da UFS e a EBSERH seja formalizada. Busca-se com isso evitar o tratamento diferenciado
entre os profissionais atuantes no HU-UFS.
Recomendações: Recomendação 1: Adequar o sistema de controle de frequência dos empregados da Ebserh a
fim de possibilitar os ajustes e a homologação da frequência diretamente no sistema sem a
necessidade de registros manuais.
Recomendação 2: Adequar o sistema de controle de frequência da Ebserh ajustando-o aos
regimes de compensação de horários, de modo que o espelho de ponto reflita a situação de
cada empregado sem a necessidade de consulta a registros manuais paralelos.
Recomendação 3: Buscar soluções administrativas junto a UFS e Ebserh-Sede para que o
manejo do controle de frequência de todos os profissionais que atuam no
Hospital,independentemente do regime jurídico a que estão submetidos, seja feito de forma
autônoma pela atual administração do Hospital cumprindo o que foi previsto em contrato
quanto à titularidade da gestão administrativa.
2.1.2. Falhas no controle de frequência, falta de cumprimento integral da jornada
normal e pagamento de adicionais de plantão hospitalar sem comprovação do seu efetivo
cumprimento.
Fato
O Adicional de Plantão Hospitalar (APH) foi instituído pela Lei n.º 11.907, de 02 de fevereiro
de 2009, em seus artigos 298 a 307, abrangendo o plantão hospitalar e o plantão de sobreaviso.
O Plantão Hospitalar é devido aos servidores em efetivo exercício de atividades hospitalares,
desempenhadas em regime de plantão durante doze horas ininterruptas ou mais, além da carga
horária semanal de trabalho do seu cargo efetivo, não podendo as atividades de plantão superar
24 horas semanais. O plantão de sobreaviso é devido ao servidor titular de cargo de nível
superior que estiver, além da carga horária semanal de trabalho do seu cargo efetivo, fora da
instituição hospitalar e disponível ao pronto atendimento das necessidades essenciais de
serviço, de acordo com a escala previamente aprovada pela direção do hospital ou unidade
hospitalar.
Utilizando-se dados do Hospital Universitário (HU) obtidos junto ao sistema Siape DW no
período de 2013 a 2015, verificou-se que o montante dispendido com o APH em 2015
apresentou uma redução expressiva de 84,23% em relação ao ano de 2013. Também se nota
redução de 54,47% de servidores que receberam o APH no ano de 2015 em relação ao ano de
2013, como se pode ver no quadro abaixo:
Quadro - Montante de APH pago por ano
Ano 2013 2014 2015
Total em R$ 2.190.142,97 1.730.746,78 345.283,75
Servidores que receberam 235 215 107
Fonte: Siape DW
Em resposta à Solicitação de Auditoria (SA) n.º 201505817/04, de 29 de fevereiro de 2016, a
Chefe da Divisão de Enfermagem esclareceu que os servidores (regime jurídico único)
cumprem escala de trinta horas semanais em esquema de revezamento, sendo a jornada de
trabalho nos turnos matutino e vespertino de seis horas diárias, e de doze horas de trabalho
por 60 horas de descanso no turno noturno. Os contratados pela Ebserh, em regime CLT,
cumprem escala semanal de 36 horas, sendo a jornada de trabalho nos turnos matutino e
vespertino de seis horas diárias, e de doze horas de trabalho por 36 horas de descanso no turno
noturno.
De acordo com o artigo 3º da Resolução n.º 24/2014/CONSU, de 09 de maio de 2014, exarada
com base no artigo 3º do Decreto n.º 1.590/1995, a jornada de trabalho no âmbito da
Universidade Federal de Sergipe (UFS) para os servidores técnico-administrativos lotados em
setores em que haja exigência de atividades contínuas, com período igual ou superior a doze
horas ininterruptas e regime de trabalho organizado em turno ou escalas, pode ser cumprida
com carga de trinta horas semanais (seis horas diárias), dispensando o intervalo para refeições,
mas assegurado o direito a um intervalo de quinze minutos, o que não está sendo devidamente
registrado e cumprido, conforme verificado nas folhas de ponto dos servidores analisados.
Ainda, a Resolução citada, que trata do regulamento para flexibilização da jornada de trabalho,
prevê, em seu artigo 4º, o limite máximo de duas horas por jornada para atender a situações
excepcionais e temporárias, respeitado o intervalo mínimo de uma hora para descanso e
alimentação, não trazendo, portanto, qualquer dispositivo que autorize a jornada de doze horas
de trabalho por 60 horas de descanso no turno noturno adotada pela Divisão de Enfermagem.
A Chefe da Divisão de Enfermagem informou que os feriados trabalhados devem ser
compensados dentro do próprio mês ou em até 60 dias, conforme acordo com a chefia
imediata. Caso o trabalho no feriado tenha sido realizado no plantão noturno por celetista da
Ebserh, não há compensação, mas remuneração em dobro.
Contradizendo a explicação dada, a Resolução n.º 24/2014/CONSU dispõe em seu artigo 4º,
parágrafo 2º, que o servidor técnico-administrativo que realizar horários excedentes de
trabalho, poderá compensar as horas excedentes em, no máximo, seis meses. De outro modo,
a Instrução Normativa n.º 01 da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas, de 01 de outubro de 2014,
que sistematiza e parametriza o sistema de controle de frequência dos servidores técnico-
administrativos da UFS, dispõe, em seu artigo 16 que as horas excedentes podem ser gozadas
pelo servidor em um prazo de até três meses a contar da data da homologação do mês
respectivo que as ensejou, sendo consideradas prescritas se não gozadas dentro do prazo.
Quanto às horas devedoras, o servidor deverá compensá-las também em até três meses a
constar da data da homologação do mês respectivo que as ensejou, sendo que a não
compensação resulta no desconto no mês subsequente ao prazo fixado para compensação.
Assim, há três orientações diferentes para o mesmo tema, o que necessita uma uniformização
por parte da direção da unidade, tendo como base a Lei n.º 8.112/1990 e leis vigentes que
disciplinem o APH e o plantão de sobreaviso.
Os valores dos adicionais de plantões hospitalares (PF = Plantão em final de semana e
feriados; PD – Plantão em dias úteis) e de plantões de sobreaviso (SF = Sobreaviso em final
de semana e feriados; SD – Sobreaviso em dias úteis), de acordo com o Anexo CLXVI da Lei
n.º 11.907/2009 são:
Quadro - Valores por hora do APH
Nível PF PD SF SD
Superior 70,63 56,50 12,84 7,84
Intermediário 42,91 34,33
Fonte: Anexo CLXVI da Lei n.º 11.907/2009
Com o intuito de se verificar o cumprimento da carga horária semanal de trabalho dos
servidores que receberam o APH, foram analisados os controles de ponto e os pagamentos de
cinco servidores (regime jurídico único), escolhidos aleatoriamente, contidos nos processos
de pagamento de APH relativos aos meses de outubro (n.º ******/15-71), novembro (n.º
******/15-60) e dezembro (n.º ******/16-93) de 2015.
Segundo extração do Siape-DW, os cinco servidores receberam 49,5% do total pago referente
ao trimestre citado (R$ 74.198,03).
As tabelas abaixo trazem as jornadas de trabalho normais previstas para cada servidor nos três
meses (exceto a servidora de matrícula ******* que não percebeu APH em dezembro),
conforme o seu turno de trabalho, considerando-se a quantidade de plantões ocorridos e já
compensando as horas trabalhadas em feriados que não sejam relativas aos plantões recebidos
(contadas em dobro).
Tabela - Frequência e APH - Matrícula *******
Cargo: Auxiliar de Enfermagem
Jornada: 30 horas semanais (turno de 6 horas)
Dados dos processos out/15 nov/15 dez/15 TOTAL
PF – Quantidade 4 7 1 12
PD – Quantidade
APH - valores recebidos 2.059,68 3.604,44 514,92 6.179,04
Horas APH registradas/recebidas 48:00:00 84:00:00 12:00:00 144:00:00
Dados extraídos do controle de frequência em horas
Jornada normal prevista 126:00:00 120:00:00 126:00:00 372:00:00
Horas normais registradas 125:06:00 120:24:00 103:20:00 348:50:00
Horas registradas em feriados 4:34:00 4:34:00
Total trabalhado (sem APH) 125:06:00 124:58:00 103:20:00 353:24:00
Horas excedentes 0:00:00 4:58:00 0:00:00 0:00:00
Horas devedoras 0:54:00 0:00:00 22:40:00 18:36:00
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
Tabela - Frequência e APH - Matrícula *******
Cargo: Auxiliar de Enfermagem
Jornada: 12 x 60 horas
Dados dos processos out/15 nov/15 dez/15 TOTAL
PF – Quantidade 1 1
PD – Quantidade 1 1 2
APH - valores recebidos 514,92 411,96 411,96 1.338,84
Horas APH registradas/recebidas 12:00:00 12:00:00 12:00:00 36:00:00
Dados extraídos do controle de frequência em horas
Jornada normal prevista 127:00:00 120:00:00 120:00:00 367:00:00
Horas normais registradas 128:52:00 83:48:00 79:37:00 292:17:00
Horas registradas em feriados 16:59:00 12:08:00 29:07:00
Total trabalhado (sem APH) 145:51:00 95:56:00 79:37:00 321:24:00
Horas excedentes 18:51:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00
Horas devedoras 0:00:00 24:04:00 40:23:00 45:36:00
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
Tabela - Frequência e APH - Matrícula *******
Cargo: Farmacêutica Bioquímica
Jornada: 30 horas semanais (turno de 6 horas)
Dados dos processos out/15 nov/15 dez/15 TOTAL
PF – Quantidade 6 3 1 10
PD – Quantidade 2 4 6
SF – Quantidade 0
SD – Quantidade 1 2 3
APH - valores recebidos 6.535,44 5.442,84 847,56 12.825,84
Horas APH registradas/recebidas 96:00:00 84:00:00 12:00:00 192:00:00
Dados extraídos do controle de frequência em horas
Jornada normal prevista 126:00:00 120:00:00 122:00:00 368:00:00
Horas normais registradas 110:58:56 95:46:00 66:54:00 273:38:56
Horas registradas em feriados 5:20:00 5:20:00
Total trabalhado (sem APH) 116:18:56 95:46:00 66:54:00 278:58:56
Horas excedentes 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00
Horas devedoras 9:41:04 24:14:00 55:06:00 89:01:04
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
Tabela - Frequência e APH - Matrícula *******
Cargo: Farmacêutica Bioquímica
Jornada: 30 horas semanais (turno de 6 horas)
Dados dos processos out/15 nov/15 dez/15 TOTAL
PF - Quantidade 3 2 5
PD - Quantidade 6 4 10
SF - Quantidade 1 1
SD - Quantidade 1 1
APH - valores recebidos 6.610,68 4.655,28 - 11.265,96
Horas APH registradas/recebidas 108:00:00 72:00:00 0:00:00 180:00:00
Dados extraídos do controle de frequência em horas
Jornada normal prevista 126:00:00 120:00:00 0:00:00 246:00:00
Horas normais registradas 77:01:00 59:42:00 0:00:00 136:43:00
Horas registradas em feriados 0:00:00
Total trabalhado (sem APH) 77:01:00 59:42:00 0:00:00 136:43:00
Horas excedentes 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00
Horas devedoras 48:59:00 60:18:00 0:00:00 109:17:00
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
Tabela - Frequência e APH - Matrícula *******
Cargo: Técnico de Enfermagem
Jornada: 30 horas semanais (turno de 6 horas)
Dados dos processos out/15 nov/15 dez/15 TOTAL
PF - Quantidade 3 2 1 6
PD - Quantidade 0
APH - valores recebidos 1.544,76 1.029,84 514,92 3.089,52
Horas APH registradas/recebidas 36:00:00 24:00:00 12:00:00 72:00:00
Dados extraídos do controle de frequência em horas
Jornada normal prevista 126:00:00 120:00:00 120:00:00 366:00:00
Horas normais registradas 109:25:00 112:30:00 85:55:00 307:50:00
Horas registradas em feriados 0:00:00
Total trabalhado (sem APH) 109:25:00 112:30:00 85:55:00 307:50:00
Horas excedentes 0:00:00 0:00:00 0:00:00 0:00:00
Horas devedoras 16:35:00 7:30:00 34:05:00 58:10:00
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
Como se pode ver, todos os servidores que fizeram plantões hospitalares apresentaram saldo
mensal de horas devedoras, não cumprindo integralmente com sua jornada de trabalho regular,
contrariando o disposto no artigo 300, inciso I, da Lei n.º 11.907/2009. Assim, não poderiam
ter recebido o adicional. Mais evidente, ainda, é o caso da servidora de matrícula n.º *******
que faz jornada de doze horas trabalhadas por 60 horas de descanso e percebeu APH em dias
destinados à sua escala de trabalho normal (26/11/2015 e 14/12/2015) sem qualquer hora
adicional trabalhada.
Constatam-se, ainda, registros de total de horas trabalhadas divergentes dos registros de
entrada e de saída em determinado dia, o que indica falhas no registro e apontamento de horas
trabalhadas a maior no sistema, como, por exemplo, nos seguintes casos:
a) Ponto da servidora de matrícula nº *******. Conforme tabela abaixo, no dia 13/10/2015
consta total de 12 horas e 50 minutos trabalhados, porém, somente há o registro de saída às
06:51:48 e entrada no dia anterior às 18:44:43, portanto, o correto seria total de 06 horas e 51
minutos trabalhados; no dia 31/10/2015 consta total de 09 horas e 26 minutos trabalhados,
porém, somente há o registro de saída às 07:04:03 e entrada no dia anterior às 18:51:07, assim,
o correto seria total de 07 horas e 04 minutos trabalhados; no dia 01/11/2015 consta total de
23 horas e 56 minutos trabalhados, porém, somente há o registro de entrada às 19:04:00 e
saída no dia seguinte às 06:59:51, portanto, o correto seria total de 04 horas e 56 minutos
trabalhados; no dia 06/11/2015 consta total de 12 horas e 56 minutos trabalhados, porém,
somente há o registro de saída às 06:54:25 e entrada no dia anterior às 18:51:04, assim, o
correto seria total de 06 horas e 54 minutos trabalhados.
Tabela - Horas reais e horas registradas no ponto – Matrícula *******
DATA
ENTRADA
SAÍDA
ENTRA
DA
SAÍDA
TOTAL
HORAS
REAIS (A)
TOTAL
HORAS
PONTO (B)
DIFERE
NÇA (B-
A)
12/10/2015 06:40:39 18:44:09 18:44:43 17:18:47 17:20:00 13/10/2015 06:51:48 06:51:48 12:50:00 05:58:12
30/10/2015 18:51:07 05:08:53 05:09:00 31/10/2015 07:04:03 07:04:03 09:26:00 02:21:57
01/11/2015 19:04:00 04:56:00 23:56:00 19:00:00
02/11/2015 06:59:51 06:59:51 06:59:00 05/11/2015 06:54:27 18:50:57 18:51:04 17:05:26 17:05:00 06/11/2015 06:54:25 06:54:25 12:56:00 06:01:35
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
b) Ponto da servidora de matrícula n.º *******. De acordo com tabela abaixo, no dia
27/11/2015 consta total de 12 horas e 28 minutos trabalhados, porém, somente há o registro
de saída às 06:57:00 e entrada no dia anterior às 18:52:32, assim, o correto seria total de 06
horas e 57 minutos trabalhados; no dia 15/12/2015 consta total de 13 horas e 41 minutos
trabalhados, porém, somente há o registro de saída às 07:09:54 e entrada no dia anterior às
19:09:20, portanto, o correto seria total de 07 horas e 09 minutos trabalhados.
Tabela - Horas reais e horas registradas no ponto - Matrícula *******
DATA
ENTRADA
SAÍDA
ENTRA
DA
SAÍDA
TOTAL
HORAS
REAIS (A)
TOTAL
HORAS
PONTO (B)
DIFEREN
ÇA (B-A)
26/11/2015 18:52:32 05:07:28 05:08:00 27/11/2015 06:57:00 06:57:00 12:28:00 05:31:00
14/12/2015 19:09:20 04:50:40 04:51:00 15/12/2015 07:09:54 07:09:54 13:41:00 06:31:06
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
c) Ponto da servidora de matrícula n.º *******. Conforme tabela abaixo, no dia 07/10/2015
consta total de 12 horas e 14 minutos trabalhados, porém, somente há o registro de saída às
06:43:10 e entrada no dia anterior às 18:29:35, assim, o correto seria total de 06 horas e 43
minutos trabalhados; no dia 15/10/2015 consta total de 11 horas e 35 minutos trabalhados,
porém, somente há o registro de saída às 06:29:12 e entrada no dia anterior às 18:28:01,
portanto, o correto seria total de 06 horas e 29 minutos trabalhados; no dia 19/10/2015 consta
total de 11 horas e 59 minutos trabalhados, porém, somente há o registro de saída às 06:58:39
e entrada no dia anterior às 18:53:37, assim, o correto seria total de 06 horas e 58 minutos
trabalhados; no dia 23/10/2015 consta total de 11 horas e 52 minutos trabalhados, porém,
somente há o registro de saída às 06:54:12 e entrada no dia anterior às 18:42:07, assim, o
correto seria total de 06 horas e 54 minutos trabalhados; no dia 27/10/2015 consta total de 12
horas e 14 minutos trabalhados, porém, somente há o registro de saída às 06:30:19 e entrada
no dia anterior às 18:28:48, assim, o correto seria total de 06 horas e 30 minutos trabalhados;
no dia 29/10/2015 consta total de 11 horas e 56 minutos trabalhados, porém, somente há o
registro de saída às 06:35:08 e entrada no dia anterior às 18:33:16, portanto, o correto seria
total de 06 horas e 35 minutos trabalhados; no dia 09/11/2015 consta total de 12 horas e 14
minutos trabalhados, porém, somente há o registro de saída às 07:19:13 e entrada no dia
anterior às 19:07:46, assim, o correto seria total de 07 horas e 19 minutos trabalhados; no dia
12/11/2015 consta total de 12 horas e 03 minutos trabalhados, porém, somente há o registro
de saída às 06:33:06 e entrada no dia anterior às 18:32:07, assim, o correto seria total de 06
horas e 33 minutos trabalhados; no dia 16/11/2015 consta total de 13 horas e 06 minutos
trabalhados, porém, somente há o registro de saída às 07:18:01 e entrada no dia anterior às
19:12:48, portanto, o correto seria total de 07 horas e 18 minutos trabalhados.
Tabela - Horas reais e horas registradas no ponto - Matrícula *******
DATA
ENTRAD
A
SAÍDA
ENTRAD
A
SAÍDA
TOTAL
HORAS
REAIS (A)
TOTAL
HORAS
PONTO (B)
DIFERE
NÇA (B-
A)
06/10/2015 13:38:59 18:29:29 18:29:35 10:20:55 10:22:00 07/10/2015 06:43:10 06:43:10 12:14:00 05:30:50
14/10/2015 15:25:40 18:27:54 18:28:01 08:34:13 08:34:00 15/10/2015 06:29:12 06:29:12 11:35:00 05:05:48
18/10/2015 18:53:37 05:06:23 05:07:00 19/10/2015 06:58:39 06:58:39 11:59:00 05:00:21
22/10/2015 13:54:42 18:42:00 18:42:07 10:05:11 10:06:00 23/10/2015 06:54:12 06:54:12 11:52:00 04:57:48
26/10/2015 13:33:55 18:28:41 18:28:48 10:25:58 10:27:00 27/10/2015 06:30:19 06:30:19 12:14:00 05:43:41
28/10/2015 13:51:47 18:33:09 18:33:16 10:08:06 10:09:00 29/10/2015 06:35:08 06:35:08 11:56:00 05:20:52
08/11/2015 19:07:46 04:52:14 04:53:00 09/11/2015 07:19:13 07:19:13 12:14:00 04:54:47
11/11/2015 13:38:12 18:32:01 18:32:07 10:21:42 10:22:00 12/11/2015 06:33:06 06:33:06 12:03:00 05:29:54
15/11/2015 19:12:48 04:47:12 04:48:00 16/11/2015 07:18:01 07:18:01 13:06:00 05:47:59
Fonte: Folhas de ponto incluídas nos processos de pagamento de APH.
Observe-se, ainda, na tabela acima, que, apesar dos dias 07/10/2015, 27/10/2015 e 09/11/2015
apresentarem registros de saída com horas e minutos diferentes, os três dias apresentam o
mesmo total de doze horas e catorze minutos trabalhados, demonstrando que o sistema registra
valores que não representam o efetivo cálculo das horas trabalhadas.
Verificou-se, ainda, que as anotações manuscritas inseridas nas folhas de ponto para os casos
em que não houve o devido registro eletrônico de entrada e/ou saída não esclarecem
claramente quais foram os efetivos horários de entrada, de saída e a quantidade de horas
efetivamente trabalhadas em cada dia, como se pode ver, por exemplo, na folha de ponto da
servidora de matrícula n.º ******* (out/2015), nos dias 21, 24 e 25 de outubro. Ademais, o
próprio sistema deveria permitir a correção eletrônica do ponto com o devido abono da
respectiva chefia.
Também há falta de clareza quanto ao registro das compensações (como se originaram, quais
são seus saldos, quais são os controles) nas folhas de ponto encontradas nos processos. Há
casos de registro de vários dias seguidos de ausência denominados como “descanso semanal”
sem qualquer justificativa registrada, seja na folha, seja no processo, como, por exemplo: folha
de ponto de novembro/2015 da servidora de matrícula nº ******* onde constam quatro dias
seguidos (de 19 a 22 de novembro), sendo dois dias úteis, registrados como “descanso
semanal”.
A Nota Técnica n.º 41/2013/CGNOR/DENOP/SEGE/MP, de 20 de fevereiro de 2013, que
trata do Adicional de Plantão Hospitalar, encaminhada para cumprimento pelo Ofício Circular
n.º 71/2014-SESu/MEC, de 20 de novembro de 2014, conclui, no item 36, b, que somente
farão jus ao APH, “os Hospitais Universitários Federais que, de acordo com o art. 1º do
Decreto n.º 1.867, de 1996, tiverem implantado o controle eletrônico de assiduidade e
pontualidade dos servidores públicos federais”. Já no item 36, c, a Nota Técnica destaca que
“compete ao dirigente superior da unidade hospitalar a autorização para o pagamento do
APH no valor proporcionalmente às horas efetivamente trabalhadas no hospital, mediante
confirmação de que houve o efetivo cumprimento do plantão hospitalar”. Destaca no item 21,
que “há de se salientar que o servidor, independentemente de prestar serviço de plantão,
deverá cumprir integralmente a jornada de trabalho semanal referente ao seu cargo efetivo”.
Assim, o controle eletrônico de frequência, além de obrigatório, deve ser claro, transparente
e trazer todas as informações necessárias para que se comprove tanto o cumprimento da
jornada normal quanto o cumprimento da jornada adicional relativa ao plantão hospitalar, de
modo que se possa validar o pagamento do respectivo APH.
O Decreto n.º 7.186, de 27 de maio de 2010, que regulamenta o APH, prevê em seus artigos
8º e 9º que cada unidade hospitalar, semestralmente, fará previsão do quantitativo de plantões
necessários ao desenvolvimento ininterrupto das atividades hospitalares, especificando data e
duração, profissionais necessários, tipo de plantão e critérios de escolha. Já o artigo 15 do
citado Decreto dispõe que as escalas de plantões previstas deverão ser afixadas em quadros
de aviso em locais de acesso direto ao público, inclusive no sítio eletrônico de cada unidade
hospitalar.
Consultando-se o sítio eletrônico da unidade (http://www.ebserh.gov.br/web/hu-ufs/plantoes-
aph), verificou-se que a unidade traz apenas os plantões ocorridos no período de março de
2015 a janeiro de 2016, descumprindo, assim, a previsão semestral disposta no Decreto n.º
7.186/2010.
Manifestação da Unidade Examinada
Por meio do Ofício nº 023/2016/HU-UFS-EBSERH, de 05 de abril de 2016, o gestor
apresentou a seguinte manifestação:
“A análise proferida sobre o pagamento das APHs fica prejudicada porque não destaca a
avaliação das ocorrências pelas respectivas chefias imediatas. É fato que no âmbito do HU-
UFS as APH´s vem sendo sistematicamente reduzidas a cada passagem de mês desde 2014,
quando se começou a convocar os concursados sob o regime celetista com vinculo laborativo
com a EBSERH. É fato ainda que as unidades com registro de APH´s são aquelas que
demandam cuidados aos pacientes 24 h como unidades de internação e laboratório de análise
clinicas, que impactam na decisão sobre a vida do paciente, mas, que estão sendo adotados
esforços centrados nas convocações e na avaliação diária das equipes quanto as suas condições
laborativas para promoverem a sua redução. Essa redução pode ser comprovada no portal da
transparência do governo federal.
Destaque que aritmética apresentada no relatório de descumprimento como fundamento
baseado de horas excedentes e devedoras, e relacionando somente as horas registradas no
sistema, não evidencia uma tradução fidedigna dos fatos. É necessário associar as ocorrências
avaliadas pelas chefias imediatas de cada profissional da unidade para visualizar se as somas
das jornadas de trabalho são suficientes para propiciar uma cobertura integral e operacional
daquela unidade. Desse modo, podemos ter uma visão sobre o cumprimento ou não da jornada
de trabalho e a necessidade da realização do plantão hospitalar.
É preciso destacar que a análise da necessidade ou não do adicional de plantão hospitalar –
APH é avaliada diariamente, porque existe eventos imprevisíveis de ausências ou
impedimentos de pessoal para atividade laborativa que impactam na cobertura da escala de
trabalho como no caso de uma doença ocupacional. E como estas unidades são de cuidados
contínuos que não podem ter horário a descoberto, em situações assim, quando não existe
outra forma de cobertura convocados os profissionais RJU para atuarem além da sua jornada
de trabalho normal.
Evidente que no momento estamos numa fase de transição sob o regime RJU com a definição
do TCU permitindo que o Reitor colocasse em exercício para o HU-UFS os profissionais que
atuam nesse nosocômio dando poderes para a atuação dos atuais gestores. Até então havia um
conflito por parte de alguns em entendimento com o SINTUFES, sindicato da categoria, sob
a legitimidade, colocando em descrédito o sistema de controle de pontos. Fato esse registrado
em audiência junto ao MPF e na mídia. Mas, apesar disso, sempre a governança do HU-UFS
orientou pela obrigatoriedade do registro do ponto e avaliação das ocorrências pelas suas
chefias imediatas, portanto, a integralidade da frequência do servidor é avaliada além da chefia
imediata como também pelo controle social via denuncia e instâncias como ouvidoria.
Também se registre que já foram abertos, inclusive no ano de 2015, processo administrativo
disciplinar para apuração de falta de servidor RJU, como o processo nº 23113.022033/2015-
23, na análise das ocorrências pela chefia imediata. Portanto, fazemos crer que garantida a
integralidade da jornada de trabalho pelo servidor RJU, havendo caso fatídico necessário a
realização da APH não existe impedimento”.
Análise do Controle Interno
A superintendente da unidade alega que a constatação da equipe de auditoria não associou os
fatos às “ocorrências avaliadas pelas chefias imediatas de cada profissional da unidade para
visualizar se as somas das jornadas de trabalho são suficientes para propiciar uma cobertura
integral e operacional daquela unidade”, o que seria necessário para se “ter uma visão sobre
o cumprimento ou não da jornada de trabalho e a necessidade da realização do plantão
hospitalar”. Destacou, ainda, que “havia um conflito por parte de alguns em entendimento
com o SINTUFES, sindicato da categoria, sob a legitimidade, colocando em descrédito o
sistema de controle de pontos”, mas que “apesar disso, sempre a governança do HU-UFS
orientou pela obrigatoriedade do registro do ponto e avaliação das ocorrências pelas suas
chefias imediatas”.
Verifica-se que o gestor não rebateu os pontos abordados e não apresentou divergências que
pudessem por em dúvida as questões levantadas na presente constatação.
O controle da frequência é obrigatório para que o profissional receba o APH e se verifique se
houve ou não cumprimento da jornada normal de trabalho. O servidor não pode fazer plantões
em que haja pagamento do adicional em detrimento do cumprimento de sua jornada normal
de trabalho. A legislação apresentada é clara neste sentido.
Quanto às ocorrências registradas pelas chefias imediatas, essas não estão destacadas nos
processos mensais de pagamento dos adicionais, em que se basearam os fatos aqui
apresentados. Dessa forma, o gestor não citou qualquer ocorrência contida nos respectivos
processos. Desse modo, demonstra-se, então, que não há efetivo e transparente controle da
frequência, já que este não pode ser dependente de registros de ocorrências não pontuadas nos
controles de ponto e nos processos de pagamento do APH, o que, se aceito, tornaria o controle
de frequência vulnerável a qualquer posterior alteração e não se observaria a transparência
exigida para a administração pública.
Portanto, o controle da frequência, tanto da jornada normal quanto da jornada adicional, é
fundamental e imprescindível para a autorização de pagamento do APH, bem como para a
concessão de possíveis compensações decorrentes de excesso de horas normais trabalhadas.
Recomendações: Recomendação 1: Uniformizar os normativos que tratam da compensação de horas
excedentes, utilizando-se como base a Lei n.º 8.112/1990 e leis vigentes que disciplinem o
APH e o plantão de sobreaviso
Recomendação 2: Corrigir o controle eletrônico de frequência de modo que: aponte as horas
normais efetivamente trabalhadas no dia e o saldo mensal; permita a correção de forma
transparente de seus registros, indicando a data, dado retificado e o nome do chefe que
promoveu a retificação; destaque a jornada de trabalho adotada; apresente os saldos mensais
anterior e final das horas devedoras e excedentes; indique os dias que se referem à
compensação de horas excedentes, permitindo o registro de quais dias se referem; indique os
registros relativos aos plantões adicionais, apresentando a quantidade de horas adicionais
trabalhadas, não computando nos totais de horas normais.
Recomendação 3: Pagar o Adicional de Plantão Hospitalar somente para os servidores que
efetivamente cumpriram com a sua jornada regular de trabalho, bem como com sua jornada
adicional proveniente do plantão destacado, conforme dispõem os artigos 300 e 301 da Lei n.º
11.907, de 02 de fevereiro de 2009.
Recomendação 4: Adicionar regras no sistema de controle de ponto que condicionem o
pagamento de APH ao cumprimento das jornadas regulares.
Recomendação 5: Divulgar previamente as escalas de plantão hospitalar previstas nos quadros
de aviso em locais de acesso direto ao público e, também, no sítio eletrônico da unidade,
conforme previsto no Decreto n.º 7.186, de 27 de maio de 2010.
Recomendação 6: Realizar levantamento para se apurar se há saldo de horas devedoras dos
servidores que perceberam adicionais nos processos citados, e, se for o caso, promover a
devida compensação em prazo a ser fixado ou o desconto no mês subsequente ao prazo fixado
para compensação, conforme o artigo 16 da Instrução Normativa n.º 01 da Pró-Reitoria de
Gestão de Pessoas, de 01 de outubro de 2014.
2.2 Parte 2
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal descentralizado.
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais contém
falhas que exigem ajustes por parte dos gestores federais.
Destacam-se, a seguir, as situações de maior relevância quanto aos impactos sobre a
efetividade do Programa/Ação fiscalizado:
a) O sistema de controle de frequência dos empregados da Ebserh apresenta falhas que
impõem a necessidade de registros feitos manualmente, ocasionando retrabalho e aumentando
a possibilidade de erros.
b) Ausência de gerenciamento da frequência dos servidores da Universidade Federal de
Sergipe por parte dos gestores do Hospital Universitário que não possuem acesso ao sistema
de controle de frequência atualmente utilizado. Essa situação fragiliza a cadeia de
subordinação, deixando os chefes de serviço sem as ferramentas de controle sobre a
assiduidade de seus servidores, aumentado a chance de descumprimento de jornada.
c) Apesar do Adicional de Plantão Hospitalar (APH) apresentar uma redução expressiva no
período de 2013 a 2015, a análise efetuada na amostra selecionada apresentou saldo mensal
de horas devedoras, descumprindo integralmente com sua jornada de trabalho regular e
contrariando o disposto no artigo 300, inciso I, da Lei n.º 11.907/2009.
d) Registros de total de horas trabalhadas divergentes dos registros de entrada e de saída em
determinado dia, o que indica falhas no registro e apontamento de horas trabalhadas a maior
no sistema de controle de frequência, demonstrando que o sistema registra valores que não
representam o efetivo cálculo das horas trabalhadas.
e) Verificou-se falta de clareza nas anotações manuscritas inseridas nas folhas de ponto para
os casos em que não houve o devido registro eletrônico de entrada e/ou saída, bem como falta
de clareza quanto ao registro das compensações (como se originaram, quais são seus saldos,
quais são os controles) nas folhas de ponto encontradas nos processos.
f) Ausência de prévia divulgação das escalas de plantão hospitalar previstas nos quadros de
aviso em locais de acesso direto ao público e, também, no sítio eletrônico da unidade,
conforme previsto no Decreto n.º 7.186, de 27 de maio de 2010.
Portanto, constatou-se a necessidade de se melhorar procedimentos e corrigir falhas
encontradas no controle eletrônico de frequência que, além de obrigatório, deve ser claro,
transparente e trazer todas as informações necessárias para que se comprove tanto o
cumprimento da jornada normal quanto o cumprimento da jornada adicional relativa ao
plantão hospitalar, de modo que se possa validar o pagamento do respectivo APH, visto que
3. Consolidação de Resultados
o servidor, independentemente de prestar serviço de plantão, deve cumprir integralmente a
jornada de trabalho semanal referente ao seu cargo efetivo.