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EXTRATIVISMO MINERAL

Ricardo Dutra – Engenheiro de Minas

CONCEITOS BÁSICOS O termo extrativismo, em geral é utilizado para designar toda atividade de coleta

de produtos naturais, seja de origem mineral (exploração de minerais), animal (peles, carne, óleos...), ou vegetal (madeiras, folhas, frutos...). É a mais antiga atividade humana, antecedendo a agricultura, a pecuária e a indústria. Vem sendo praticada mundialmente através dos tempos por todas as sociedades.

Até o início do século XIX o conceito de extrativismo baseava-se nas idéias dos

naturalistas, na "mãe natureza" e na riqueza nela contida, pensamento este que foi reforçado pela Revolução Industrial, onde tudo era produto e quando os recursos naturais passaram a ser chamados de matérias-primas, tidas como inesgotáveis e seu consumo controlável pelo homem.

Já no século XX com o avanço das tecnologias e do crescimento populacional, o homem começou a perceber que esta matéria-prima oriunda dos recursos naturais eram esgotáveis. Desta maneira, surgiram novas idéias com relação a sustentabilidade dos ecossistemas, as quais foram colocadas em prática através dos chamados projetos de desenvolvimento sustentável.

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EXTRATIVISMO PREDATÓRIO Extrativismo predatório é a retirada indiscriminada de recursos da natureza,

podendo ser recursos minerais, animais ou vegetais. Em geral tiram-se as riquezas do local sem se preocupar se elas se reconstituirão e, em determinado momento, esta riqueza deixa de existir.

Este extrativismo provoca desequilíbrio no ecossistema e impactos por vezes irreversíveis, como o assoreamento de rios e lagos, deterioração do ambiente, destruição das margens dos rios, contaminação da fauna, destruição da cobertura vegetal, etc...

No caso específico do garimpo de ouro, os danos gerados nas áreas onde são desenvolvidos (contaminação das águas com mercúrio e outros detritos) costumam ser extremamente danosos ao meio ambiente.

A eventual adoção de tal prática, pode comprometer de forma irreversível o

aproveitamento econômico de todo o jazimento.

EXTRATIVISMO CULTURAL No Brasil, até a metade do século XX, uma significativa parcela das empresas de

mineração, principalmente aquelas produtoras de minerais industriais, exploravam diretamente jazidas com material de elevada qualidade, passíveis de consumo direto por parte da população ou da incipiente indústria de transformação.

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Praticamente não havia necessidade de qualquer tipo de beneficiamento, salvo apenas uma eventual seleção manual ou adequação granulométrica.

Devido à carência de equipamentos especiais e ao baixo custo da mão de obra existente (escravos até o século XIX), as operações unitárias utilizavam basicamente ferramentas simples e um elevado contingente de trabalhadores braçais.

Os valores comerciais praticados satisfaziam e compensavam os métodos

utilizados. Desta forma, foram desenvolvidas diversas lavras rudimentares de areias, argilas,

calcários, diamantes, feldspatos, ouro, pedras de cantaria, quarzo, talco, etc... DEFASAGEM TECNOLÓGICA A partir da metade do século XX, houve uma rápida evolução do parque industrial

brasileiro, com a consequente expansão da demanda por insumos minerais, atrelados à crescentes e rígidas especificações técnicas.

Outro aspecto que se fez presente foi o parâmetro custo x benefício, contrapondo elevados padrões de qualidade com reduzidos valores de comercialização.

A economia de escala se tornou um fator preponderante. Atualmente, a oferta de agregados para construção civil (areia e brita), areia

industrial (vidro, cerâmica e fundição), calcário (cal, cimento e corretivo agrícola), carvão mineral, caulim, magnesita e rocha fosfática, dentre outros, só se tornam viáveis economicamente em grandes escalas de produção.

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No entanto, alguns minerais tais como feldspatos, pedras de cantaria e quartzo, dentre outros, ainda se utilizam de processos antiquados e rudimentares, similares àqueles utilizados no Brasil Colonial.

Outro aspecto a ser considerado é a frequente exploração preferencial de um

determinado minério (mais lucrativo), desconsiderando o eventual aproveitamento de outros bens minerais também presentes no jazimento.

Seria similar ao fato, hipotético e absurdo, de se criar gado de corte visando apenas a produção de filet mignon e picanha, descartando-se o restante da carcaça do animal.

Tal fato pode ser observado em algumas jazidas de talco, existentes no estado do Paraná, onde as rochas encaixantes, constituídas de dolomitos, quartzitos e filitos, passíveis de aproveitamento (após determinado beneficiamento), são abandonadas como estéril e se tornam passivos ambientais.

Outro caso interessante diz respeito à recuperação da areia industrial (vidro,

cerâmica e fundição) e do caulim contidos nas imensas reservas existentes nos arenitos inconsolidados da Formação Furnas (Bacia do Paraná).

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Diversos jazimentos contidos nessa formação são explorados de forma rudimentar e subaproveitados apenas para produção de areia fina (baixo valor agregado) destinada à construção civil, enquanto indústrias metalúrgicas situadas na região importam areia de fundição (maior valor agregado) de estados vizinhos, com significativo custo de transporte.

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO Hoje em dia, poucos minérios brutos são passíveis de utilização direta como

produto final. Na maioria dos casos necessitam de um determinado beneficiamento, utilizando essencialmente processos físicos, sem alterar a estrutura química dos minerais presentes. Os materiais assim obtidos são usualmente denominados concentrados.

A tecnologia mineral constitui o único arsenal de informações e metodologias ao qual se pode recorrer para promover o fortalecimento da indústria de mineração, principalmente as de pequeno e médio porte, visando sua sobrevivência e crescimento num mercado globalizado altamente competitivo.

Nas últimas décadas, atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação

tecnológica aplicadas à mineração, realizadas por instituições governamentais especializadas e empresas privadas, tem resultado em vários casos de sucesso.

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A recuperação dos feldspatos contidos nos granitos e sienitos, o reaproveitamento dos rejeitos de beneficiamento, bem como a descoberta de novas fontes de diversos bens minerais (albita, caulim, diopsídio, quartzo, mica, potássio, etc...) são exemplos de sucesso.

SUSTENTABILIDADE No Brasil, até a década de 50, no século XX, imperava na indústria mineral o

conceito de maximização dos lucros resultantes da atividade. Jazidas eram exploradas avidamente e, uma vez exauridas, os terrenos e as

instalações costumavam ser simplesmentes abandonados, resultando em expressivos passivos ambientais.

Infelizmente, nos dias de hoje, alguns empresários inescrupulosos ainda são

adeptos dessa prática. No entanto, a crescente rigidez da legislação mineral e ambiental vigentes,

associada à conscientização da importância da preservação ambiental, tem motivado a grande maioria das empresas de mineração a rever os seus princípios.

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A recuperação de áreas mineradas deve ser executada através de um plano estabelecido antes da implantação da mina e, à medida que as operações mineiras estejam sendo desenvolvidas, programas de controle e preservação ambiental devem ser implementados.

Uso futuro da área, quando do fechamento da mina, a reabilitação e recuperação dos sítios minerados devem ser compatíveis com o uso futuro das áreas vizinhas.

Desta forma, a mineração passou a ser encarada como uma atividade meio e não

mais como atividade fim, como era no passado. RESPONSABILIDADE TÉCNICA No âmbito da mineração, a responsabilidade técnica é um fator primordial para

garantir a qualidade e o correto desempenho das atividades desenvolvidas. Os profissionais legalmente qualificados e habilitados para desempenhar a função

de responsável técnico pelas atividades de prospecção e pesquisa mineral são os geólogos e os engenheiros de minas.

Já as atividades de lavra das jazidas e o beneficiamento dos minérios extraídos, competem exclusivamente aos engenheiros de minas.

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Todos os projetos relacionados à mineração (planos de pesquisa, projetos de lavra, de instalações industriais de beneficiamento, bem como os de recuperação ambiental) devem ser elaborados por profissionais legalmente capacitados e habilitados.

É imprescindível a emissão das Anotações de Responsabilidade Técnica (ART) pertinentes.

A inobservância destas condições poderá acarretar sérios problemas técnicos e

legais para as empresas atuantes no setor.