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RESPONSABILIDADE SOCIAL 018 Para você, leitor, ler esta matéria, um jornal ou um livro, é uma ação corriqueira e até banal. Mesmo sabendo que livro é um artigo caro, temos a consciência de que os letrados menos privilegiados financeiramente também têm acesso à leitura através das diversas bibliotecas existentes em todo País. Diante dessa situação fica difícil imaginar que muitos alfabetizados do Brasil não lêem, pois não existem bibliote- cas públicas em suas cidades. Se você pensa que os muni- cípios nessa situação são poucos, atente aos números: só no Estado de São Paulo, existem 85 municípios sem biblio- teca; no Brasil, esse número sobe para mil. Com base nessa estatística, a Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) utilizou-se de seu envolvimento com a arte, a cultura e a educação e criou o Projeto “Fome de Saber”, integrando as ações dos governos federal “Quero Ler – Bi- blioteca para Todos” e estadual “São Paulo, um Estado de Leitores”, que visam zerar o número de cidades brasileiras sem bibliotecas. Entrando nessa campanha, a FAAP apadrinhou sete cida- des do Estado de São Paulo – Redenção da Serra, Ribeirão Corrente, Jeriquara, Altair, Guaraci, Nova Independência e Sud Menucci – e até o fim de junho de 2004 entregará uma biblioteca para cada um desses municípios. Cada biblioteca terá 2.500 livros organizados e catalogados, além da reforma completa das salas com troca de piso e teto, instalação de ar condicionado, computadores, impressora, videocassete, móveis e estantes. Como complemento, o De- partamento de Informática da FAAP desenvolveu um software para retirada e devolução dos livros e forneceu um treinamen- to aos futuros bibliotecários sobre o uso desse sistema. Para conseguir formar os acervos, a FAAP colocou quios- ques em quatro shoppings-centers de São Paulo e envolveu A exuberante Sophia Loren. bibliotecas municipais para cidades do estado de são paulo RESPONSABILIDADE SOCIAL 018 FAAP doa sete toda a comunidade faapiana através de uma gincana de doação de livros. A soma de todas essas ações é responsá- vel por um volume de mais de 30.000 títulos. Na montagem das bibliotecas, houve a preocupação da FAAP de adequar as categorias de livros ao público freqüentador. Literatura infanto-juvenil, adulta, obras informativas e de re- ferência compõem os acervos. Para fazer esta engrenagem funcionar, desde como conse- guir as doações, passando pela separação e organização dos livros até chegar no ponto em que eles vão para as pra- teleiras das cidades do interior do Estado de São Paulo, es- tão envolvidos diretamente mais de trinta profissionais da FAAP, formados principalmente pelos funcionários da bibli- oteca, e ao menos, vinte terceirizados. Como conseqüência desse empenho, a FAAP já inaugurou sua primeira biblioteca em Redenção da Serra, no dia 13 de março, e agendou as duas próximas para 21de abril nas cidades de Ribeirão Corrente e Jeriquara. 1 2 3 Legendas: 1 - Legendas: 1 - Legendas: 1 - Legendas: 1 - Legendas: 1 - A inauguração da Biblioteca Municipal de Redenção da Serra pela presidente do Conselho Curador da FAAP, Celita Procopio de Carvalho, observada pelo prefeito de Redenção da Serra, Thomáz Gonçalves Dias, o assessor da secre- tária da Cultura José Luiz Goldfarb, a secretária da Cultura Claudia Costin e a jovem Suelen Afonso. 2 - 2 - 2 - 2 - 2 - A secretária da Cultura do Estado de São Paulo Claudia Costin assina o termo de doação, aparecendo atrás o prefeito de Redenção da Serra, Thomáz Gonçalves Dias. 3 - 3 - 3 - 3 - 3 - A diretora da Escola Profª Edna Regina de Oliveira e Silva, Maria José Fortes Savastano, auxilia a menina Suelen Afonso a proferir a saudação aos presentes na inauguração da Biblioteca Municipal. Uma jovem leitora de Redenção da Serra.

FAAP doa sete · Igreja Matriz que, com a ajuda da prefeitura e de seus mora- dores, recebeu um muro erguido pela CESP (Companhia Energética de São Paulo), que impediu o avanço

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Page 1: FAAP doa sete · Igreja Matriz que, com a ajuda da prefeitura e de seus mora- dores, recebeu um muro erguido pela CESP (Companhia Energética de São Paulo), que impediu o avanço

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Para você, leitor, ler esta matéria, um jornal ou um livro, éuma ação corriqueira e até banal. Mesmo sabendo que livroé um artigo caro, temos a consciência de que os letradosmenos privilegiados financeiramente também têm acesso àleitura através das diversas bibliotecas existentes em todoPaís. Diante dessa situação fica difícil imaginar que muitosalfabetizados do Brasil não lêem, pois não existem bibliote-cas públicas em suas cidades. Se você pensa que os muni-cípios nessa situação são poucos, atente aos números: sóno Estado de São Paulo, existem 85 municípios sem biblio-teca; no Brasil, esse número sobe para mil.Com base nessa estatística, a Fundação Armando AlvaresPenteado (FAAP) utilizou-se de seu envolvimento com a arte,a cultura e a educação e criou o Projeto “Fome de Saber”,integrando as ações dos governos federal “Quero Ler – Bi-blioteca para Todos” e estadual “São Paulo, um Estado de

Leitores”, que visam zerar o número de cidades brasileirassem bibliotecas.Entrando nessa campanha, a FAAP apadrinhou sete cida-des do Estado de São Paulo – Redenção da Serra, RibeirãoCorrente, Jeriquara, Altair, Guaraci, Nova Independência eSud Menucci – e até o fim de junho de 2004 entregará umabiblioteca para cada um desses municípios.Cada biblioteca terá 2.500 livros organizados e catalogados,além da reforma completa das salas com troca de piso e teto,instalação de ar condicionado, computadores, impressora,videocassete, móveis e estantes. Como complemento, o De-partamento de Informática da FAAP desenvolveu um softwarepara retirada e devolução dos livros e forneceu um treinamen-to aos futuros bibliotecários sobre o uso desse sistema.Para conseguir formar os acervos, a FAAP colocou quios-ques em quatro shoppings-centers de São Paulo e envolveu A exuberante Sophia Loren.

bibliotecas municipais paracidades do estado de são paulo

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FAAP doa sete

toda a comunidade faapiana através de uma gincana dedoação de livros. A soma de todas essas ações é responsá-vel por um volume de mais de 30.000 títulos.Na montagem das bibliotecas, houve a preocupação da FAAPde adequar as categorias de livros ao público freqüentador.Literatura infanto-juvenil, adulta, obras informativas e de re-ferência compõem os acervos.Para fazer esta engrenagem funcionar, desde como conse-guir as doações, passando pela separação e organizaçãodos livros até chegar no ponto em que eles vão para as pra-teleiras das cidades do interior do Estado de São Paulo, es-tão envolvidos diretamente mais de trinta profissionais daFAAP, formados principalmente pelos funcionários da bibli-oteca, e ao menos, vinte terceirizados.Como conseqüência desse empenho, a FAAP já inaugurousua primeira biblioteca em Redenção da Serra, no dia 13 demarço, e agendou as duas próximas para 21de abril nascidades de Ribeirão Corrente e Jeriquara.

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Legendas: 1 -Legendas: 1 -Legendas: 1 -Legendas: 1 -Legendas: 1 - A inauguração da Biblioteca Municipal de Redenção da Serra pelapresidente do Conselho Curador da FAAP, Celita Procopio de Carvalho, observadapelo prefeito de Redenção da Serra, Thomáz Gonçalves Dias, o assessor da secre-tária da Cultura José Luiz Goldfarb, a secretária da Cultura Claudia Costin e a jovemSuelen Afonso. 2 -2 -2 -2 -2 - A secretária da Cultura do Estado de São Paulo Claudia Costinassina o termo de doação, aparecendo atrás o prefeito de Redenção da Serra,Thomáz Gonçalves Dias. 3 -3 -3 -3 -3 - A diretora da Escola Profª Edna Regina de Oliveira eSilva, Maria José Fortes Savastano, auxilia a menina Suelen Afonso a proferir asaudação aos presentes na inauguração da Biblioteca Municipal.

Uma jovem leitora deRedenção da Serra.

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A CIDADE DE REDENÇÃO DA SERRA E SUA 1ª BIBLIOTECAMUNICIPALSanta Cruz do Paiolinho. Este foi o primeiro nome dado aodistrito que, posteriormente, viraria município, receberia onome de Redenção da Serra e ganharia, no século XXI, suaprimeira biblioteca.A cidade tem origem quando, no século XIX, o capitão-morFrancisco Ferraz de Araújo, sua mulher Francisca Galvão deFrança e seus escravos instalaram-se no sertão das Samam-baias, próximo ao rio Paraitinga, e iniciaram produção agrí-cola.Um de seus escravos morreu picado por uma cobra, duran-te a construção do caminho que levava até sua casa. Nestelocal, foi erguida uma cruz de madeira. A todos que iam atéFrancisco Ferraz de Araújo pedir uma terra para cultivo, lhesera concedida com a condição de que plantassem próximoà cruz. Em pouco tempo, surgiu no local uma capela (daí onome Santa Cruz). Paiolinho advém do fato de um dos mo-radores ter feito uma roça de linho, cujas fibras, depois desecas, eram postas em um paiol (paiol + linho = paiolinho).

Nessa época, a região se desenvolvia graças à produçãocafeeira e suas boas safras. Os fazendeiros erguiam casasmajestosas, enquanto a população crescia. Em 1877,Paiolinho foi elevado à condição de município. Apenas em1944, a cidade passou a chamar-se Redenção da Serra, e ajustificativa para tal nome é o fato de o município ter sido oprimeiro do Estado de São Paulo a libertar seus escravos,em 1888.Na década de 1970, a construção da represa de Paraitinga,em ligação com Paraibuna, inundou boa parte de Redençãoda Serra, fazendo com que a cidade tivesse que ser re-construída em um ponto mais alto do Vale do Paraíba. Umadas poucas construções que sobreviveram à represa foi aIgreja Matriz que, com a ajuda da prefeitura e de seus mora-dores, recebeu um muro erguido pela CESP (CompanhiaEnergética de São Paulo), que impediu o avanço da água. AIgreja é, por sinal, um capítulo à parte.A primeira capela da cidade, já mencionada neste artigo, foia de Santa Cruz, construída pelo vigário Padre João AlvesCoelho Guimarães, com ajuda de diversos fazendeiros daregião. Pequena, possuía duas torres e um sino.Em 1882, foi iniciada a construção da Nova Matriz de SantaCruz, com a ajuda de escravos e pedreiros. Antes do térmi-no das obras, em 1890, o idealizador do projeto, vigário PadreJosé Grecco, deixou a paróquia, paralisando sua constru-ção. Após onze anos, as obras foram reiniciadas, com a posse

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do Padre Francisco Fellipe e, em 1904, a Igreja Matriz final-mente foi inaugurada.No dia 13 de março de 2004, sábado, Redenção da Serracomemorava com uma grande festa os exatos cem anos daIgreja Matriz. Mas nesse mesmo dia, o município comemo-rava outro fato importante: o dia da inauguração de sua pri-meira biblioteca!!!Com tantas histórias para contar, os pouco mais de quatromil moradores não tinham histórias para ler. A inauguraçãoda biblioteca quebrou essa realidade e proporcionou aosredencenses uma importante meio de acesso à cultura.Às 15h de um sábado com sol, a Escola Profª Edna Regina deOliveira e Silva, local que abriga a biblioteca, recebeu as auto-ridades: Cláudia Costin, secretária estadual da Cultura, ThomázGonçalves Dias, prefeito de Redenção da Serra, Edilene Gon-çalves Dias, presidente da Câmara dos Vereadores de Reden-ção da Serra, deputado Padre Afonso Lobato, vereador Lou-renço Rabelo, representante da Câmara dos Vereadores, CelitaProcópio de Carvalho, presidente do Conselho Curadorr daFAAP, Antonio Bias Guillon, diretor presidente da FAAP, prof.Victor Mirshawka, diretor cultural da FAAP, além de outros pre-feitos da região, vereadores e autoridades.Todos os alunos da escola estavam presentes – a coorde-nação da escola disponibilizou ônibus às crianças – e mui-tos moradores também foram participar da cerimônia deinauguração.

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A escola de Redenção da Serra na qual está a Biblioteca Municipal doada pela FAAP.

Legendas: 4 -Legendas: 4 -Legendas: 4 -Legendas: 4 -Legendas: 4 - Celita Procopio de Carvalho assina o termo de doação observadapelo prefeito Thomáz Gonçalves Dias e a secretária municipal de EducaçãoFátima Ivo. 5 -5 -5 -5 -5 - Da esquerda para a direita, o diretor presidente da FAAP,Antonio Bias Bueno Guillon, o prefeito de Redenção da Serra, ThomázGonçalves Dias, a secretária da Cultura do Estado de São Paulo, Claudia Costine a presidente do Conselho Curador da FAAP, Celita Procopio de Carvalho. 6 -6 -6 -6 -6 -A equipe do “Fome de Saber” da FAAP, da esquerda para a direita, a arquitetaIsabel Estellita, a estagiária Aline Villena, a assistente de comunicação da FAAP,Andrea Sendulsky, o coordenador do FAAP Cultural, prof. Mario Farah, ogerente de informática da FAAP Paulo Klein, a bibliotecária chefe da FAAP,Maria José Cândido de Oliveira, o auxiliar de biblioteca, Peterson Sarmento e abibliotecária assistente, Eliane Colvet.

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A abertura ocorreu com a apresentação do Projeto Guri –uma iniciativa da Secretaria da Cultura do Estado de SãoPaulo que ensina música para grupos de crianças e adoles-centes – que tocou e cantou Aquarela de Toquinho. Umamenina de seis anos, moradora da zona rural e alfabetizadapelo sistema público de educação, Suelen Afonso, fez um dis-curso agradecendo o prefeito pelos seus estudos, a secretáriada Cultura e a FAAP pela biblioteca.Em seguida, Celita Procópio de Carvalho, presidente do Con-selho Curador da FAAP, citou o envolvimento da instituiçãocom educação, arte e cultura, bem como com a responsabili-dade social dizendo: “A FAAP está profundamente identificadacom o desenvolvimento integrado do ser humano ao incenti-var o ensino, a divulgação das artes e da cultura em geral.Assim tem participado de inúmeras ações de responsabilida-de social, com renda revertida para instituições sociais e tempromovido eventos de impacto junto à população local, ao tra-zer exposições sempre com entrada gratuita ao público. Den-tro dessa vocação e sensível às demandas sociais de nossoPaís, está patrocinando sete bibliotecas em municípios queainda não as possuem. A FAAP se sente orgulhosa e gratificadapor participar dessa ação que certamente terá um importanteresultado qualitativo para as futuras gerações.”O prefeito de Redenção da Serra, emocionou-se ao falar daimportância de freqüentar a escola e dos frutos que sãoproduzidos com isso, como o caso da garota Suelen. Disseestar muito contente com a iniciativa da FAAP de adotarsua cidade e difundir a educação e cultura.Cláudia Costin deu um recado às crianças, dizendo a elas queretirassem os livros da biblioteca não apenas para trabalhos

escolares, mas pelo prazer de ler. Afirmou que para que issoacontecesse, deveriam descobrir que gênero de livro mais lhesagradava para assim, escolher por este ou aquele título.A FAAP aproveitou a oportunidade para oferecer à cidadeum concurso de desenho e de redação. Este último, com otema Como o livro afetou a minha vida, explicitou uma for-ma de incentivar ainda mais a leitura e a freqüência à bibli-oteca. Os vencedores serão presenteados com um fim desemana cultural em São Paulo, um aparelho de som, esto-jos de pintura e jogos educativos.A biblioteca de Redenção, ao ser dada por inaugurada, re-cebeu a visita das autoridades presentes e das crianças dacidade, que já foram cadastradas pelo sistema de informáticae puderam fazer as primeiras retiradas de livros.A secretária da Educação de Redenção da Serra, FátimaIvo, disse que a biblioteca vem complementar as atividadesescolares e que serão programadas visitas de estudo à bi-blioteca e produção de trabalhos que necessitem de pes-quisa no local. A secretária enfatizou também que o uso doespaço será estimulado para que os moradores da regiãofreqüentem a biblioteca e se envolvam mais com os estu-dos dos seus filhos.

*Este artigo foi elaborado por Andrea Sendulsky que faz parte da equipe FAAPencarregada da montagem dessas bibliotecas municipais.

Um patrimônio histórico de Redenção daSerra é a Igreja de Santa Cruz.RESPONSABIL IDADE SOC IAL

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Aspectos da cidade de Redenção da Serra.Legendas: 7 -Legendas: 7 -Legendas: 7 -Legendas: 7 -Legendas: 7 - No decorrer da cerimônia de abertura da Biblioteca Muncipal deRedenção da Serra, o público presente foi brindado com a apresentaçãomusical do grupo de crianças do Projeto Guri. 8 -8 -8 -8 -8 - A bibliotecária de Redençãoda Serra, Irenice Tavares dos Santos inicia um processo de busca de um títulosob os olhares dos futuros usuários. 9 -9 -9 -9 -9 - Uma vista da Biblioteca Municipal deRedenção da Serra.

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