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RICARDO LEWANDOWSKI JUDICIÁRIO FORTE E UNIDO PEC 63 Carta aos senadores cobra aprovação imediata NOTA OFICIAL Colégio protesta contra cortes no orçamento 2015 FABIO RODRIGUES POZZEBOM / AGÊNCIA BRASIL

FABIO RODRIGUES POZZEBOM / AGÊNCIA BRASIL · LUIZ CARLOS GOMES DOS SANTOS (2013-2015) Tribunal de Justiça da Bahia Des. ESERVAL ROCHA (2014-2016 ... (2014-2016) Tribunal de Justiça

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RICARDO LEWANDOWSKI RICARDO LEWANDOWSKI

JUDICIÁRIOFORTE EUNIDO

PEC 63Carta aos senadores cobra

aprovação imediata

NOTA OFICIALColégio protesta contra

cortes no orçamento 2015

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SETEMBRO DE 2014

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Este terceiro número da Revista tem um signifi cado muito especial porque o seu lança-mento, ao lado de coincidir com o 100º Encon-tro de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, realizado no Estado da Bahia, onde há mais de quatrocentos anos surgiu o Judiciário em nosso País, ocorre num momento histórico em que a magistratura brasileira, participante necessária das inquietações, das dúvidas e das revindicações do nosso povo -- na medida em que termina responsável por garantir que não provoquem violações à paz social em prejuí-zo da estabilidade do estado democrático de direito, tal como consagrado na Constituição da República -- une-se na defesa da autonomia dos tribunais.

Essa união em defesa da autonomia do Judiciário, motivada pelas tentativas de cor-tes nas propostas orçamentárias enviadas pelos tribunais ao Executivo simplesmente para integra-se ao projeto da "lei de meios" a ser submetido à deliberação do Poder Le-gislativo, único legitimado e investido de competência constitucional para deliberar sobre qualquer ajuste, porém com estrita ob-servância do princípio do equilíbrio entre a previsão das receitas e a fixação das despesas públicas, embora deva ser festejada, mere-ce uma meditação mais profunda tendo em mira não terminar sendo dotada da fugacida-de que caracteriza o episódico.

Com efeito, a autonomia dos tribunais e, em especial dos Tribunais de Justiça, que ad instar do colendo Supremo Tribunal Federal em re-lação aos demais Poderes da União, integra a estrutura dos Poderes dos Estados federados, tem uma importância política para a efetiva funcionalidade do nosso estado democrático de direito, conforme modelado na Constituição de 1988, que não pode ser sequer tangenciada, mesmo pelo órgão nacional de controle da atu-ação administrativa e fi nanceira do Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, vale dizer, pelo Conselho Nacional de Justiça, isto porque a própria Lei fundamental,

atribuiu-lhe zelar por essa autonomia, fi rmando um limite para aquela atuação que, desse modo, há de ser cuidadosa e preocupada em preservar autônomos os tribunais brasileiros.

Parodiando Heidegger -- quando disse que "a linguagem é morada do ser" -- pode-se afi rmar que a legitimidade constitucional da atuação daquele órgão administrativo tem residência no equilíbrio entre o exercício da competência de controlar e o cumprimento do dever de zelar pela autonomia dos tribunais, não havendo a esse respeito, portanto, qualquer abrigo para a desatenção, o descaso e, por que não dizer ?, o desleixo.

Mas não só isso! Numa compreensão sob a ótica da integralidade, como orienta a melhor hermenêutica constitucional, nenhum outro órgão ou Poder, salvo o Supremo Tribunal Federal, em sede jurisdicional e na condição de interprete máximo e fi nal da Constituição nesse campo, pode prover ou desprover algo que conforme o contorno jurídico-político da autonomia dos tribunais brasileiros.

E defender isso não é sustentar uma visão ideológica conveniente. Não quer dizer aplau-so a qualquer prática que se revele contrária ao interesse público ou que possa maltratar, ainda que indiretamente, os princípios da Adminis-tração expressos no art. 37 da Constituição ou implícitos em seu Texto. Muito pelo contrário, signifi ca apenas, e tão somente, lutar pelo res-peitoso cumprimento da Constituição da Re-pública. Ter a coragem de dizer que nenhum direito se pode praticar democrática e republi-canamente fora Dela, neste país.

Daí porque fi z questão de tratar o tema nesta apresentação. E daí porque tenho como perti-nente por fi m lembrar que o Colégio Perma-nente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil sempre defendeu, nesse traçado e com esse único propósito, a autonomia dos tri-bunais. Não se tente, pois, ler aqui menos ou mais do que está escrito, isto é, não se busque outra interpretação que não seja precedida uni-camente pela compreensão exposta.

Desembargador Milton NobrePresidente do CPPTJB

“O Colégio

Permanente de

Presidentes dos

Tribunais de

Justiça do Brasil

sempre defendeu,

nesse traçado e

com esse único

propósito, a

autonomia dos

tribunais”

DOS TRIBUNAISUNIÃO PELA AUTONOMIA

1HEIDEGGER, Martin. Marcas do caminho. Petrópolis (RJ): Vozes, 2008, 236.

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SETEMBRO DE 2014

Tribunal de Justiça do Acre Des. ROBERTO BARROS DOS SANTOS(2013-2015)

Tribunal de Justiça de AlagoasDes. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Amazonas Desa. Maria das Graças Pessoa Figueiredo (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Amapá Des. LUIZ CARLOS GOMES DOS SANTOS (2013-2015)

Tribunal de Justiça da Bahia Des. ESERVAL ROCHA (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Ceará Des. LUIZ GERARDO DE PONTES BRÍGIDO (2013-2015)

Tribunal de Justiça do DF e Territórios Des. GETÚLIO VARGAS DE MORAES OLIVEIRA(2014-2016)

Tribunal de Justiça do Espírito Santo Des. SÉRGIO BIZZOTTO PESSOA DE MENDONÇA (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Goiás Des. NEY TELES DE PAULA(2013-2015)

Tribunal de Justiça do Maranhão Desa. CLEONICE SILVA FREIRE (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Mato Grosso Des. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul Des. JOENILDO DE SOUSA CHAVES (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Minas Gerais Des. JOAQUIM HERCULANO RODRIGUES (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Pará Desa. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (2013-2015)

Tribunal de Justiça da Paraíba Desa. MARIA DE FÁTIMA MORAES CAVALCANTI (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Paraná Des. GUILHERME LUIZ GOMES (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Pernambuco Des. FREDERICO RICARDO DE ALMEIDA NEVES (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Piauí Des. RAIMUNDO EUFRÁSIO ALVES FILHO (2014-2016)

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Desa. LEILA MARIA CARRILO C R MARIANO (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte Des. ADERSON SILVINO DE SOUZA (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul Des. JOSÉ AQUINO FLÔRES CAMARGO (2014-2016)

Tribunal de Justiça de Rondônia Des. ROWILSON TEIXEIRA (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Roraima Desa. TÂNIA MARIA V. DIAS DE SOUZA CRUZ (2013-2015)

Tribunal de Justiça de Santa Catarina Des. NELSON SCHAEFER MARTINS (2014-2016)

Tribunal de Justiça de São Paulo Des. JOSÉ RENATO NALINI (2014-2016)

Tribunal de Justiça de Sergipe Des. CLÁUDIO DINART DÉDA CHAGAS (2013-2015)

Tribunal de Justiça do Tocantins Desa. ÂNGELA MARIA RIBEIRO PRUDENTE (2013-2015)

COLÉGIO PERMANENTE DE PRESIDENTES DE TRIBUNAIS DE JUSTIÇA DO BRASIL

COMISSÃO EXECUTIVA COM MANDATO ATÉ MARÇO DE 2016

Presidente: Desembargador MILTON AUGUSTO DE BRITO NOBRE (TJPA)

Membros:Des. ARMANDO TOLEDO (TJSP)

Des. JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES (TJAM)Des. JOSÉ CARLOS MALTA MARQUES (TJAL)

Des. LUZIA NADJA GUIMARÃES NASCIMENTO (TJPA)Des. MARCELO BANDEIRA PEREIRA (TJRS)

Des. MARCUS ANTONIO DE SOUZA FAVER (TJRJ)Des. OTÁVIO AUGUSTO BARBOSA (TJDFT)

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Magistrados cobram aprovação da PEC 63Em ofício, desembargador Milton Nobre aponta desinteresse do governo na votação da proposta que beneficia a magistratura com remuneração mais digna.PÁGINAS 17 A 18.

Nova corregedora dará prioridade a juízesMinistra Nancy Andrighi garante olhar atencioso para os juízes de primeira instância, a "mola propulsora de toda a jurisdição", à frente da Corregedoria Nacional de Justiça do STJ.PÁGINAS 22 E 23.

Ricardo Lewandowski toma posse no STFAos 66 anos, o ministro Ricardo Lewandowski assume a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) com a missão de fortalecer a Justiça brasileira.PÁGINAS 26 A 29.

Bahia recebe o 100° Encontrodo Colégio de PresidentesPÁGINAS 60 A 63.

TJMG apresenta ações inovadoras

Programas aproximam o Poder Judiciário da comunidade.

PÁGINAS 40 A 43.

EXPEDIENTE

Editor responsávelWALBERT MONTEIRO

DRT 1095/PA

FotosAssessorias dos

Tribunais de Justiça

NESTA EDIÇÃO

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EVENTO REUNIU PRESIDENTES DE TRIBUNAIS ESTADUAIS DE JUSTIÇA DE TODO O BRASIL. MAGISTRADOS DEFENDEM A TESE DE QUE A DEMOCRACIA PRESSUPÕE JUÍZES INDEPENDENTES E COM REMUNERAÇÃO DIGNA.

ENCONTRO DE BELÉM DEFENDE A

VALORIZAÇÃO DA MAGISTRATURA

“Não há democracia sem juízes indepen-dentes. Não há juízes independentes sem uma carreira com remuneração digna.” As palavras do desembargador Milton Nobre, durante a cerimônia de abertura do 99º En-contro do Colégio Permanente de Presiden-tes de Tribunais de Justiça do Brasil, no dia

5 de junho, resume um dos principais temas do evento: a valorização da carreira da magis-tratura brasileira. A solenidade contou com a presença de presidentes e representantes de todos os Tribunais Estaduais de Justiça do Brasil, que respondem por cerca de 70% das demandas ajuizadas no País.

UNIDADENo TJPA, presidentes dos Tribunais de Justiça de todo o Brasil defenderam a coesão do Poder Judiciário.

FOTOS: RICARDO LIMA / TJPA

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Durante três dias, os magistrados dis-cutiram questões como a PEC 63; as resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre a priorização do 1º grau de jurisdição; a autonomia orça-mentária/fi nanceira da justiça estadual; o Processo Judicial Eletrônico (PJE); e questões referentes à remoção e promo-ção de magistrados. O resultado de todas as discussões foi sintetizado na “Carta de Belém”, divulgada no último dia do En-contro. O documento destaca quatro pre-ocupações básicas dos tribunais estaduais: o fortalecimento do 1º grau do judiciário; a independência orçamentária e fi nanceira dos tribunais de Justiça; a remuneração dos magistrados; e as regras de promoção e re-moção de magistrados, considerando-se o respeito às especifi cidades locais.

O documento reafi rmou, também, a importância da aprovação da Emenda Constitucional nº 63 na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Se-nado Federal e a necessidade de manter a coesão de todos os segmentos do Po-der Judiciário na luta pela valorização da Magistratura como carreira de Estado. A carta manifestou ainda preocupação com as Resoluções n.º 194 e nº 195, do Conselho Nacional de Justiça (relaciona-das à Política de Atenção Prioritária ao Primeiro Grau de Jurisdição), diante das suas complexidades e da difi culdade de implantá-las dentro dos prazos fi xados.

Outra decisão do encontro foi a criação de Grupos de Trabalho, integrados por Presi-dentes de Tribunais de Justiça, para promover estudos técnicos que resultem na formulação de políticas capazes de equacionar as ques-tões da autonomia orçamentária e fi nanceira dos Tribunais de Justiça.

O Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil é realizado quatro vezes ao ano, em diferentes cidades brasileiras. A reunião dos presidentes dos tribunais estaduais tem como objetivo melhorar o gerenciamento da Justiça brasileira e da prestação jurisdicional.

REUNIÃOPresidentes de Tribunais durante a abertura do 99°

Encontro, no TJPA.

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AUTONOMIA GARANTE UMJUDICIÁRIO MAIS FORTE

Minhas senhoras e meus senhores,Não há democracia sem Juízes indepen-

dentes. Não há Juízes independentes sem uma carreira com remuneração condigna.

Começo assim, esta breve fala de aber-tura deste 99º Encontro do Colégio Per-manente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, citando a legenda que lapidei para motivar a campanha nacional

que encetamos, juntamente com a AMB, a AJUFE e a ANAMATRA, pela valorização da carreira da magistratura brasileira, não porque deseje alongar-me no tratamento aprofundado dessa matéria, o que soaria impertinente por ocupar em demasia o tempo da distinta plateia e das dignas auto-ridades que prestigiam este ato com as suas presenças, mas sim porque, jamais esqueci

DISCURSO Desembargador Milton Nobre vê um Judiciário independente como o verdadeiro guardião da efetividade da Constituição.

DESEMBARGADOR MILTON NOBRE APONTA A EFICIÊNCIA E A INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS ESTADUAIS COMO A BASE PARA O FORTALECIMENTO DA JUSTIÇA BRASILEIRA

RICARDO LIMA / TJPA

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a notável advertência do saudoso Dario de Almeida Magalhães, “o que é preciso é mes-mo repetir, repetir e repetir verdades sim-ples e chãs”.

Portanto, neste evento que reúne o maior e mais importante segmento do Poder Ju-diciário da nossa imensa Federação - na medida em que abriga o maior contingente dos seus Juízes, responde pela condução e resolução de mais de 70% dos confl itos so-ciais judicializados no País, tem competên-cias mais amplas e diversifi cadas, bem como capilaridade efetivamente nacional - aqui re-presentado pelos eminentes Presidentes dos Tribunais de Justiça dos Estados, pareceu-me importante, no momento histórico em que o Congresso Nacional, mais especifi ca-damente o Senado da República, discute a PEC nº 63/2013, que objetiva introduzir no texto da Constituição, uma parcela remune-ratória essencial por restabelecer a natureza organizacional de carreira para os magistra-dos brasileiros, repetir o dístico que, pelos meus mais de 40 anos de prática ininterrup-ta do direito, entendo ser a síntese de toda a argumentação que justifi ca e legitima tão necessária Emenda Constitucional.

E quando faço referência à legitimidade dessa iniciativa em tramitação parlamentar quero dar relevo ao fato de que o empenho deste Colégio pela sua aprovação bem tra-duz a realidade de que não se trata de uma pretensão meramente corporativa, mas sim, e sobretudo, de um pleito institucional sus-tentado por aqueles que têm a responsabili-dade de administrar os Tribunais de Justiça, órgãos aos quais está vinculada a grande maioria dos nossos juízes e que, por isso mesmo, são fortemente impactados com a progressiva perda dos seus quadros mais experientes que deixam a magistratura atraí-dos por carreiras melhor estruturadas.

Já tive a oportunidade de dizer que os pronunciamentos em solenidades de aber-tura de eventos como este têm uma nature-za protocolar de saudação aos participantes e de agradecimento aos seus organizadores, às autoridades e demais convidados que, com as suas presenças, conferem prestígio ao ato, não permitindo, senão de passagem,

“Para que

tenhamos

um Judiciário

independente,

efi ciente e

forte, como há

muito almeja o

povo brasileiro,

importa

preservar a

autonomia dos

Tribunais”

o tratamento de temas complexos ou ca-recedores de interesse geral dos ouvintes.

Não obstante, para fi nalizar essas con-siderações a respeito da imperiosa e ur-gente necessidade de ser aprovada a PEC nº 63, de 2013, parece-me imprescindível ressaltar que, em boa hora, o Conselho Nacional de Justiça emitiu nota técni-ca favorável a sua aprovação, fato que permite antever a abertura de um diálo-go maior com aquele o órgão central de controle e planejamento administrativo da justiça brasileira para fi xar uma pauta que induvidosamente garanta concretude à independência dos nossos juízes, o que passa, em primeiro lugar, pelo respeito à autonomia dos nossos Tribunais de Jus-tiça, inclusive tendo em conta o seu ne-cessário contexto de integrantes do poder político dos Estados da Federação.

Com efeito, sem a plenitude dessa au-tonomia, por cuja intangibilidade o CNJ tem o dever de zelar, em decorrência do disposto no Art. 103-B, § 4º, inciso I, da Constituição, inexistirá a efetiva proteção da independência dos Juízes, uma vez que incumbe exatamente aos Tribunais prover e garantir meios que assegurem o exercício das elevadas funções que com-petem à magistratura sempre resguardada de quaisquer espécies de interferências, pressões e de constrangimentos decor-rentes de ameaças ou de louvaminhas.

Em outras palavras, para que tenhamos um Judiciário independente, efi ciente e forte, que possa ser o verdadeiro guar-dião da efetividade da Constituição e das leis, como há muito almeja o povo bra-sileiro, mais do que defi nir objetivos de gestão, instituir programas, criar projetos e estabelecer metas, importa preservar a autonomia dos Tribunais, único caminho para se garantir, na prática, a independên-cia dos Juízes, em um país, como o Brasil, que tem uma população superior a 203 milhões de habitantes - a 5ª do mundo -, alta concentração de renda, grandes bol-sões de pobreza, violência fora de con-trole efi caz, elevado índice de corrupção, dimensões continentais e uma sociedade

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pluralista que proclama amor às liberdades democráticas, mesmo não sabendo exata-mente o que isso signifi ca e quais os seus li-mites, o que, aliás, ao fi m e ao cabo, no meu modo de ver, apresenta grande importância, porque essas liberdades têm no seu exercí-cio efeitos concretos, não sendo estado de espírito, apenas sentimentos, exigem razão.

Ressalto, para evitar ideias distorcidas de quem têm o vezo de entender nas palavras ditas além ou aquém do sentido e alcance do seu contexto, que, quando destaco a importância da autonomia dos Tribunais, não estou criticando ninguém e muito me-nos admitindo que esse verdadeiro Direito Constitucional das nossas Cortes possa ser-vir de muro de proteção a erros ou práticas equivocadas, mas, sim, apenas afi rmando a sua relação de verso ou de anverso com a

“Quando destaco

a importância da

autonomia dos

Tribunais, estou

afirmando sua

relação de verso

ou de anverso com

a independência

dos magistrados”

independência dos magistrados, motivo pelo qual essa autonomia deve ser tratada com cuidado e prudência, em especial no caso dos Tribunais de Justiça, uma vez que, sendo estes os órgãos de cúpula do Poder Judiciário Estadual, deve-se ter o savoir-fai-re necessário a não causar-lhes descrédito que termine por interferir na governabilida-de dos Estados da Federação.

Senhor Governador, digna Presidente Desembargadora Luzia Nadja, colegas Presidentes, demais autoridades presen-tes ou representadas:

A importância deste evento não se esgota no longo e complexo temário agendado para debates e apreciação nos próximos dois dias de trabalho. O seu sig-nifi cado é muito mais amplo e pode ser avaliado pela presença de todos os Tribu-

FÓRUMReuniões trimestrais do Colégio de Presidentes ampliam o conhecimento sobre experiências bem-sucedidas.

RIC

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LIMA

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SETEMBRO DE 2014

“São conhecidas as grandes

dificuldades

enfrentadas pelos

Presidentes dos

nossos Tribunais

para administrar

a Justiça em cada

Estado”

nais de Justiça do Brasil.São conhecidas as grandes difi culdades

enfrentadas pelos Presidentes dos nossos Tribunais para administrar a Justiça em cada Estado. A falta de meios fi nanceiros, mate-riais e humanos, decorrentes de dezenas de anos sem provimentos adequados, gerou um défi cit acumulado que, não obstante todo o empenho empreendido para superá-lo, ain-da está longe de se conseguir alcançar. Con-tudo, são notórios os propósitos e a dedica-ção dos dirigentes, magistrados e servidores dos Judiciários dos Estados, não apenas no cumprimento das metas aprovadas nos En-contros Nacionais sob a coordenação do Conselho Nacional de Justiça ou na concre-tização dos programas e projetos instituídos por aquele Conselho, porém igualmente na pavimentação de novos caminhos, por ini-ciativas próprias, objetivando tornar a pres-tação jurisdicional mais célere e efi caz no país. E muitas dessas iniciativas, parece-me bom dizer, terminam sendo reproduzidas em diversos Estados, a partir de trocas de experiências debatidas em reuniões deste Colegiado que, dentro do legalmente possí-vel, procura suprir a falta de um Conselho da Justiça Estadual, uma vez que a Cons-tituição da República, quebrando a simetria do sistema, só abrigou órgãos dessa natureza para as Justiças Federal e do Trabalho, o que igualmente revela a importância de concla-ves como este.

O certo é que, as reuniões trimestrais do Colégio de Presidentes propiciam a amplia-ção de conhecimento sobre experiências bem-sucedidas em cada Estado da Federa-ção, prestando grande contribuição para que todos acumulem aprendizados que se tra-duzem em benefícios à gestão de qualidade da justiça estadual e, consequentemente, ao aperfeiçoamento na prestação jurisdicional em benefício da população.

Penso que estou a me estender mais do que o pretendido. E, pois, para não entrar em contradição com a promessa inicial de ser breve, devo terminar.

Não posso, porém, fazê-lo sem alguns agradecimentos que entendo devidos, me-nos por cortesia protocolar ou cumprimen-

to de alguma norma etiquetal e sim por deveres de gratidão e justiça.

Primeiramente, como não poderia dei-xar de ser, a essa prezada colega, ora na Presidência do e. Tribunal de Justiça do Estado do Pará e, nessa condição, nossa perfeita anfi triã, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, pela ma-neira fi dalga e carinhosa, com que está re-cebendo os seus ilustres pares nestes três dias do Encontro. A ela, e sua laboriosa e competente equipe, transmito os agrade-cimentos de todos os Presidentes de Tri-bunais aqui presentes pelo acolhimento tão caloroso quanto gentil e fraterno.

Ao não menos estimado amigo, Juiz João Ricardo dos Santos Costa, eminente presidente da Associação dos Magistra-dos Brasileiros, combativo defensor dos direitos e prerrogativas da magistratura que, aceitando mais uma vez meu convite, nos honra com o prestígio de seu compa-recimento e participação.

Aos colegas desembargadores que con-ferem a este 99º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça o brilhantismo de sua reali-zação e a efi cácia de seus resultados, o muito obrigado, meu e de todos os que labutam no Poder Judiciário paraense, pela oportunidade de recepciona-los e proporcionar-lhes uma fraterna estadia em Belém, cidade morena, capital bre-jeira do Grão Pará.

E às autoridades presentes ou que se fazem representar, entre as quais quero destacar o prestígio da presença do meu amigo governador Simão Jatene e o Con-selheiro Gilberto Martins, inteligência que o Pará empresta ao Conselho Nacional de Justiça onde desenvolve um trabalho dig-no de elogios, o sincero obrigado por es-tarem testemunhando este ato inaugural, conferindo-lhe, com suas presenças, um brilho ainda maior.

Encerrando, rogo a Deus que sejamos bem sucedidos em mais estes dias de tra-balho em favor do aperfeiçoamento da justiça brasileira.

Muito obrigado!

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PEC 63 RESGATA A AUTOESTIMA DOS MAGISTRADOS E ABRE CAMINHO PARA A VALORIZAÇÃO DA CARREIRA. DESEMBARGADORA LUZIA NADJA NASCIMENTO DESTACA INVESTIMENTOS QUE ESTÃO SENDO REALIZADOS NO ESTADO DO PARÁ.

META É APERFEIÇOAR CADA VEZ MAIS A

JUSTIÇA ESTADUAL

Os trabalhos do 99º Encontro do Colé-gio permanente de Presidentes de Tribu-nais de Justiça do Brasil começaram no dia seguinte à cerimônia de abertura, no dia 6 de junho, no hotel Crowne Plaza, em Be-lém. Como parte da programação, o pre-sidente da Associação dos Magistrados do Brasil (AMB), juiz João Ricardo dos Santos Costa, explanou sobre a PEC 63, que trata do vencimento dos magistrados. “A PEC 63 é importante para valorizar a carreira da Magistratura. Então nós entendemos que isto é fundamental para que os juízes res-gatem sua autoestima. Esse é ó primeiro passo para revertemos essa situação que vi-vemos hoje no Brasil na nossa carreira.” O magistrado também destacou a importân-cia da participação da AMB no encontro. “Os consensos que são formalizados aqui são signifi cativos e decisivos para melhorar a prestação jurisdicional na Justiça Brasilei-ra”, afi rmou. Os desafi os e questionamen-tos acerca da execução de metas previstas em resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que visam melhorar o fun-cionamento da Justiça de 1º Grau, foram apresentados na exposição da juíza auxiliar da presidência do TJ-PA, Kátia Parente.

Para o presidente do Colégio, desem-bargador Milton Nobre, o momento foi uma oportunidade de refl etir em conjunto

acerca da realidade da Justiça Estadual. “A Justiça Estadual responde por 70% das de-mandas que são ajuizadas no país. Então, esse momento de troca de experiências e discussões sobre os meios de aperfeiçoar a administração da justiça é muito positi-vo para melhorar ainda mais o que se está fazendo.”

Já a presidente do TJ-PA, desembarga-dora Luzia Nadja Guimarães Nascimen-to, lembrou que os tribunais já planejam suas ações em consonância com as reso-luções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). “Nós estamos com planejamento mais estratégico, vinculado a este assun-to, no sentido não só de disponibilização de mais recursos para isso, mas também no sentido de análise de acervo proces-sual, lotação de servidores, da questão do difícil acesso a várias Comarcas. Todos essas informações são consideradas para tomada de decisões.”

A magistrada destacou ainda os investimen-tos que estão sendo realizados no Estado. “O Pará, hoje, procura, por meio da instalação de Varas e Comarcas, dar mais acesso à justiça para a população, no sentido de que quando você instala uma Vara, instala Comarcas, você dilui melhor o acervo. Você faz com que os magistrados possam dar respostas mais rápi-das, mais céleres.”

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COMUNICAÇÃO PODE DERRUBAR PRECONCEITOS

A comunicação é uma importan-te aliada para aproximar a Justiça da sociedade e zelar pela imagem do Judiciário, defendeu a presidente do TJPA, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, em sua palestra, durante o encon-tro. “Hoje, o Tribunal de Justiça do Estado do Pará dedica certa atenção não somente à comunicação interna, como também à externa. Entende-mos a necessidade de cuidar da ima-gem do Poder Judiciário no sentido de transmitir à população de forma clara e profi ssional o papel da justi-ça para a garantia do Estado Demo-crático do Direito. Assim, podemos garantir a cidadania e os direitos pertinentes à população.”

Ela citou como exemplo o pro-grama de rádio “Minuto da Justi-ça”, com uma linguagem simples e regional. “Nós precisamos dizer

aquilo que é necessário para que a população entenda a importância de que a justiça seja forte e sedi-mentada, até porque é uma garan-tia também do cidadão. O papel da comunicação é dizer aonde ter acesso aos serviços do Poder Judi-ciário e quais são esses serviços”, destacou a desembargadora.

TRABALHOO 99° Encontro caracterizou-se pelas reuniões de trabalho com a participacão de todos os Presidentes.

COMUNICAÇÃO ÁGILEm sua apresentação, a presidente do TJPA, desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, defendeu a transparência como essencial à cidadania.

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ENCONTROCom o governador Simão Jatene e o conselheiro Gilberto Martins, presidentes de Tribunais posam para a foto ofi cial.

GRUPOS DE TRABALHO CRIADOS

GRUPO 1Autonomia Financeira (objetiva compilar práticas, ideias, sugerir medidas, atos ad-ministrativos e projetos de lei)Integrantes: Tribunais de Justiça de São Paulo, Piaui, Pará e Paraná

GRUPO 2Spread e depósitos judiciaisIntegrantes: Tribunais de Justiça de Santa Catari-na, Bahia, São Paulo, Pará, Paraná e Paraíba

GRUPO 3Lei de Assistência Judiciária (Lei 1060 e Juizado Especial) e Lei de Responsabili-dade FiscalIntegrantes: Tribunais de Justiça do Rio Gran-de do Sul, Minas Gerais e Pernambuco

GRUPO 4Processo EletrônicoIntegrantes: Tribunais de Justiça do Pará, Tocantins e Bahia

Durante o 99º Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil foram escolhidos os quatro Grupos de Trabalho que irão atuar, durante o mandato, na abordagem de temas específi cos de interesse das gestões. dos A composição fi cou assim defi nida:

RICARDO LIMA / TJPA

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COLÉGIO ELEGE NOVOS MEMBROSDurante o Encontro, fo-

ram eleitos três novos mem-bros da diretoria da Comis-são Executiva do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça. São eles: a presidente do TJPA,

Luzia Nadja Guimarães Nascimento; o represen-tante do Tribunal de Justi-ça de São Paulo, Armando Sérgio Prado de Toledo; e o presidente do TJAL, José Carlos Malta.

ELEITOSDesembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Armando Sérgio Prado de Toledo (acima), e o presidente do TJAL, José Carlos Malta.

PAUTA INCLUI AUTONOMIA ORÇAMENTÁRIA E CRIAÇÃO DO CONSELHO ESTADUAL DE JUSTIÇA

O presidente do Tribunal de Justiça do Acre, desembargador Roberto Barros dos Santos, tratou da autonomia orçamentária e fi nanceira dos Tribunais Estaduais. Se-gundo ele, um dos principais entraves nes-se sentido é o corte da proposta orçamen-tária do Poder Judiciário feito pelo Poder Executivo. O desembargador ressaltou que é preciso colher o máximo de informações possíveis para que os Tribunais possam ter um diálogo técnico com o Executivo.

“O primeiro passo é o investimento co-letivo do Colégio dos Presidentes no apri-moramento do conhecimento dessa matéria orçamentária para defi nição das fontes de recursos dos Tribunais, notadamente na-quilo que compõe os duodécimos dos Tri-bunais. E a partir do conhecimento destes indicadores nós possamos, então, obter os recursos que efetivamente pertencem ao poder judiciário estadual. Feito isso, o pas-so seguinte é a autonomia fi nanceira, que é administrar bem esses recursos, para que os mesmos sejam destinados às áreas mais prioritárias, notadamente onde se tem maior demanda processual”, explicou.

A criação de um Conselho da Justiça Estadual, a exemplo do que já acontece com o Conselho da Justiça Federal e o Conselho da Justiça do Trabalho, também foi abordada pelo desembargador. “Esse é um assunto que já vem sendo discutido há certo tempo neste Colégio de Presidentes. A ideia é ter um órgão permanente e pre-visto na Constituição para discutir temas como a autonomia orçamentária e fi nan-ceira do Poder Judiciário Estadual, assun-tos que são de ordem comum de todos os Tribunais Estaduais e que nós atualmente não temos condições de discutir todos os dias. Creio que nós poderíamos avançar muito na Justiça Estadual, a partir do mo-mento em que nós tivéssemos alguém para guardar o conhecimento de todas as boas experiências dos Tribunais Estaduais.”

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O Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, reunido na cidade de Belém, capital do Estado do Pará, ao fi nal de seu 99º Encontro, no período de 05 a 07 de junho de 2014, divulga, para conhecimento público, as seguintes conclusões aprovadas por unanimidade:

1 - Estabelecer a criação de Grupos de Trabalho, integrados por Presidentes de Tribunais de Justiça, com o ob-

jetivo de promover estudos técnicos que resultem na formulação de políticas capazes de equacionar as questões relacionadas com a autonomia administrativa, orçamentária e fi nanceira dos Tribunais.

2 – Reafi rmar a importância da aprovação da Emenda Constitucional nº 63 e a necessidade de manter a coesão de

todos os segmentos do Poder Judiciário na luta pela valorização da Magistratura como carreira de Estado. 3 – Manifestar preocupação com as Resoluções n.ºs 194 e 195 do Conselho Nacional de Justiça, diante da complexida-

de dos assuntos nelas tratados e da difi culdade de implantação nos prazos fi xados, proclamando a imperiosa necessidade de adiamento de suas vigências.

4 – Reiterar, nos termos da Carta de Gramado, a preocupação com os regramentos sobre promoção e remoção de

magistrados, considerando essencial o respeito às especifi cidades locais e evitar a burocratização do processo.

Belém do Pará, 07 de junho de 2014

ÍNTEGRA DA CARTA DE BELÉM

Des. Milton Augusto de Brito Nobre

Presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil

Des. José Olegário

Monção CaldasTribunal de Justiça do Estado da Bahia

Des. Cleones Carvalho Cunha

Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão

Desa. Luzia Nadja

Guimarães NascimentoTribunal de Justiça do Estado do Pará

Des. Frederico Ricardo

de Almeida NevesTribunal de Justiça do Estado de

Pernambuco

Des. Armando Sérgio Prado de Toledo

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

Desa. Selma Maria Marques de SouzaTribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais

Des. Carlos Hipolito EscherTribunal de Justiça do Estado de Goiás

Des. Orlando de Almeida Perri

Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso

Des. José Aquino Flôres Camargo

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul

Des. Haroldo Correia de Oliveira Máximo

Tribunal de Justiça do Estado do Ceará

Desa. Maria de Fátima Moraes Bezerra Cavalcanti

Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba

Desa. Catharina Maria Novaes BarcellosTribunal de Justiça do Estado do Espírito

Santo

Des. Erivan José da Silva LopesTribunal de Justiça do Estado do Piauí

Des. Aderson Silvino de Sousa

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte

Des. Nelson Juliano Schaefer MartinsTribunal de Justiça

do Estado de Santa Catarina

Des. José Carlos Malta MarquesTribunal de Justiça

do Estado de Alagoas

Des. Cláudio Dinart Déda ChagasTribunal de Justiça

do Estado de Sergipe

Des. Ari Jorge Moutinho da CostaTribunal de Justiça

do Estado do Amazonas

Des. Guilherme Luiz GomesTribunal de Justiça

do Estado do Paraná

Des. Roberto BarrosTribunal de Justiça do Estado do Acre

Des. Otávio Augusto Barbosa

Tribunal de Justiça do Distrito Federal

Des. Joenildo de Sousa ChavesTribunal de Justiça do Estado do Mato

Grosso do Sul

Des. Rowilson TeixeiraTribunal de Justiça

do Estado de Rondônia

Desa. Ângela Maria Ribeiro PrudenteTribunal de Justiça

do Estado do Tocantins

Des. Luiz Carlos Gomes dos SantosTribunal de Justiça

do Estado do Amapá

Desa. Tânia Maria Vasconcelos Dias de Souza CruzTribunal de Justiça

do Estado de Roraima

COMISSÃO EXECUTIVA Des. Caio Otávio

Regalado de AlencarMembro da Comissão Executiva

Des. João de Jesus

Abdala SimõesMembro da Comissão Executiva

Des. Otávio Augusto Barbosa

Membro da Comissão Executiva

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SETEMBRO DE 2014

OFÍCIO ENCAMINHADO AO LEGISLATIVO APONTA MANOBRAS PARA DIFICULTAR A VOTAÇÃO. DESEMBARGADOR MILTON NOBRE ALERTA PARA O DESINTERESSE DO GOVERNO NA VALORIZAÇÃO DAS CARREIRAS DA MAGISTRATURA E DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

COLÉGIO DE PRESIDENTES COBRA DO SENADO A

APROVAÇÃO DA PEC 63

“Não tem consistência o argu-mento de que a PEC 63/2013 trará refl exos negativos nas fi nanças pú-blicas. O impacto decorrente de sua implantação situa-se no patamar médio em torno de 3% do orça-mento de pessoal dos Tribunais de Justiça, segundo dados estimados para 2015. Ademais, a existência e o cumprimento da Lei de Res-ponsabilidade Fiscal se apresentam como instrumento sufi ciente e efi -caz de balizamento das Contas do Poder Judiciário”. O argumento do desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tri-bunais de Justiça (CPPTJ), consta do ofício enviado por ele ao Senado Federal, pedindo rapidez na apro-vação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 63/2013, institui o pagamento de parcela indenizatória, referente à valoriza-ção por tempo no Ministério Pú-blico e na magistratura.

Na quinta sessão realizada no Se-nado Federal para discutir a PEC 63 não houve votação por falta de quórum. A matéria deveria ser votada na primeira semana de se-tembro, durante um esforço con-centrado na Casa.

Estiveram no Senado Nedens Ulisses, 1º vice-presidente da As-sociação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp); Alexandre Cruz, presidente da As-

sociação do Ministério Público do Estado da Bahia (Ampeb); Márcio Christino, 1º vice-presidente da As-sociação Paulista do Ministério Pú-blico (APMP), e Paula Lamenza, promotora de Justiça do MP de São Paulo. Após a sessão, eles se reuniram com o senador Antonio Auleriano (PSDB-MG), para dis-cutir o projeto.

Segundo o desembargador Milton Nobre, o Colégio Permanente está insatisfeito com a maneira como a votação da PEC 63 está sendo con-duzida na Casa. No ofício, ele as-segura que a tramitação do projeto “vem sendo difi cultada por mano-bras do Governo, insensível quanto ao quadro remuneratório injusto e equivocado impingido às carreiras dos integrantes do Poder Judiciário e do Ministério Público”.

O desembargador argumenta, ainda, que não “tem cabimento o retórico argumento que procura confundir a magistratura e os inte-grantes do Ministério Público – que são carreiras de Estado – com ou-tras carreiras jurídicas que não têm as mesmas vedações constitucio-nais, legais e ético-sociais”.

Para Milton Nobre, o Colégio Permanente acredita que “há evi-dente desinteresse do Governo em valorizar as carreiras da Magis-tratura e do Ministério Público”, as quais, segundo ele, “necessitam, além das garantias constitucionais

atuais, imprescindíveis ao Estado democrático de direito e à Repúbli-ca, ser estruturadas como carreiras verdadeiras, com hierarquização re-muneratória que assegure incentivo à permanência compatível com o tempo de serviço”.

Na avaliação do desembargador, a aprovação imediata da PEC 63 signifi ca um ato de justiça, um reco-nhecimento aos membros das duas carreiras.

Consenso - Em abril deste ano, representantes da magistratura e do Ministério Público se reuniram com o presidente do Senado Federal, se-nador Renan Calheiros, para pedir celeridade na tramitação da PEC no plenário da Casa. Na ocasião, Renan Calheiros expôs seu posicionamen-to sobre a matéria, afi rmando que um consenso com o governo fede-ral, contrária à aprovação da PEC, deve ser buscado pelo diálogo.

“Estamos em um cenário positi-vo. Não havia sequer expectativa de votarmos a matéria neste semestre. E já fi zemos três sessões de dis-cussão”, informou o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre a tramitação na Casa da Proposta de Emenda Constitucional 63 (PEC 63), durante reunião com represen-tantes da magistratura e do Minis-tério Público. A PEC 63, projeto de autoria do senador Gim Argello (PTB-DF), institui o pagamento de parcela indenizatória, referente à

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valorização por tempo no Ministério Público e na magistratura. O relator da matéria é o senador Vital do Rego (PMDB-PB).

Na ocasião, João Ricardo dos Santos Cos-ta, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), disse ao presidente do Senado que, segundo estudos já realizados, o pagamento da indenização não terá um gran-de impacto no Orçamento da União, além de propiciar resultados positivos para magistra-dos e membros do MP.

O posicionamento do governo federal sobre a PRC 63 é desfavorável. A União argumenta que a medida elevará as contas públicas, e ain-da permitirá a outras carreiras remuneradas por subsídio que reivindiquem o mesmo benefício.

Para o senador Renan Calheiros, o diálogo entre as parte é importante para solucionar o impasse. “Tenho conversado sempre com representantes do governo sobre o assunto. É importante que haja diálogo. Caso o Exe-cutivo tenha uma alternativa a essa proposta, que a apresente. Do ponto de vista do Parla-mento, não vemos nenhum problema com a PEC. Apenas defendo que conversemos com os líderes para construir um consenso”, res-saltou Renan Calheiros.

Os representantes da magistratura e do Mi-nistério Público querem acelerar a votação da PEC, apresentada em 13 de novembro de 2013, para que os profi ssionais das duas carreiras possam ter direito a uma parcela mensal de 5% a 35% do subsídio, como va-lorização por tempo de serviço. A proposta também assegura que o tempo de exercício anterior em carreiras jurídicas, e na advoca-cia, possa ser contabilizado. A proposta, que acrescenta os parágrafos 9º e 10 ao artigo 39 da Constituição Federal, também prevê que o pagamento deve ser feito assim que a PEC for publicada no Diário Ofi cial, com efeito retroativo a sua vigência.

A medida benefi cia integrantes do Minis-tério Público e da magistratura da União, dos Estados e do Distrito Federal.

A PEC 63 já foi aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), e seu teor também foi debatido em três sessões no Plenário.

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SETEMBRO DE 2014

COLÉGIO DE PRESIDENTES FAZ PROTESTO PÚBLICO EM RESPOSTA À DECISÃO DO EXECUTIVO DE REDUZIR VERBAS DESTINADAS AO JUDICIÁRIO PARA 2015. REVISÃO ORÇAMENTÁRIA ATINGE EM CHEIO A RECOMPOSIÇÃO DOS SALÁRIOS, DEFASADOS DEVIDO À INFLAÇÃO ACUMULADA.

Os cortes no orçamento de 2015 feitos pela presidente da República, no projeto da Lei Orçamentária encaminhada ao Congresso Nacional, provocaram imediata reação das prin-cipais entidades representativas da magistratura nacional, entre as quais o Colégio de Presidentes de Tribunais de Justiça.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), com o apoio da Associação Nacional dos Magistra-dos da Justiça do Trabalho (Anamatra) e da Associa-ção dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), já entrou no Supremo Tribunal Federal (STF) com mandado de segurança coletivo (MS 33.190), contra a decisão da presidente Dilma Rousseff, ao qual irá se incorpo-rar, como litisconsorte, o próprio Colégio.

Os cortes na proposta original da Lei Orçamentá-ria atingem a recomposição dos salários, defasa-dos devido à inflação acumulada. Os reajustes contemplam os salários dos servidores do Ju-diciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Defensoria Pública da União.

A medida tomada pela presidente interfere inde-vidamente nas propostas orçamentárias de todas as Cortes. No Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, a redução é de R$ 149,3 milhões.

Com o mandado de segurança, a AMB pede ao Supremo Tribunal Federal, em decisão limi-nar, a suspensão, no Congresso Nacional, da tra-mitação do Projeto de PLN nº 13/2014, encami-nhado pela presidente da República, até que, novo projeto seja enviado ao Congresso com os valores integrais da proposta apresentada pelo Judiciário ao Orçamento do próximo ano.

INCONSTITUCIONALIDADEOs representantes das entidades argumentam

que a mensagem da presidente é inconstitucio-nal e ilegal, pois só o Congresso Nacional tem a prerrogativa de alterar o Orçamento da União. Ao promover os cortes, frisa a ação movida pela AMB, o Executivo tira do Congresso a opor-tunidade de apreciar a proposta orçamentária apresentada inicialmente pelo Judiciário.

“O Supremo apresenta uma proposta, mas é insuscetível de corte unilateral por parte do Poder Executivo. O único árbitro constitu-cionalmente qualificado é o Congresso Na-cional”, afirmou o ministro Celso de Mello, do STF.

Segundo o presidente da AMB, João Ricardo Costa, a proposta do Judiciário prevê recursos que permitam o funcionamento adequado dos serviços oferecidos. “Nós entendemos que o Executivo não pode interferir nessa questão. Esse é um assunto do Congresso Nacional, e é ele que deve avaliar, dentro da sua compe-tência constitucional, o Orçamento dos três Poderes”, afirma João Ricardo Costa.

No dia 4 de setembro passado, o desem-bargador Milton Augusto de Brito Nobre, presidente do CPPTJB, emitiu Nota Oficial, na qual defende o respeito à independência entre os três poderes constitucionais, define como “intromissão indevida” a decisão do Executivo de promover cortes nas previsões orçamentárias do Judiciário. Leia, a seguir, a íntegra da nota assinada pelo desembarga-dor Milton Nobre.

MAGISTRADOS REAGEM CONTRA

CORTE NO ORÇAMENTO

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Nosso protesto pelorespeito à independência

“Decididamente há setores dentro da área governamental (leia-se Executivo) que não têm – ou não desejam ter – a percepção de que, no Estado Democrático de Direi-to, o respeito à independência entre os Poderes é cláusula pétrea consagrada na Cons-tituição de 1988 e base da harmonia que deve presidir as relações interinstitucionais.

A estrutura organizacional e as diretrizes administrativas de gestão são prerro-gativas dos Poderes, suscetíveis apenas das análises inerentes às funções de cada qual. É, pois, intromissão indevida do Poder Executivo nas propostas orçamen-tárias formuladas pelo Poder Judiciário, a promoção de cortes na previsão para 2015, situação essa que reprisa tentativa semelhante ocorrida em 2011, pron-tamente rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal, então presidido pelo douto Ministro Cezar Peluso.

Além de ferir a Constituição, a proposta encaminhada pelo governo federal ao Poder Legislativo para o orçamento de 2015 agride frontalmente postulados político-constitucionais por desrespeitar a autonomia do Poder Judiciário na elaboração de sua proposta orçamentária, que é suscetível de alterações exclusivamente pelo Congresso Nacional, como bem ressaltou o decano da Suprema Corte, Ministro Celso de Melo. E, o que é pior, em se tratando de uma Federação, cada vez mais fragilizada, como soe ser a brasileira, há o quase certo efeito de verticalização, com os Executivos dos Estados pretendendo, da mesma forma, promover cortes, a pretexto de efetuar ajus-tes nos já debilitados orçamentos dos Tribunais de Justiça.

É fato notório que o nosso povo anseia por um Judiciário melhor aparelhado, mais eficiente, que atenda com celeridade às demandas que lhe são submetidas. Trata-se de um anseio justo da população brasileira que só poderá ser mate-rializado se o Poder Judiciário tiver os recursos de que necessita, bem como quadros de servidores e magistrados adequados às suas necessidades e com remuneração condigna.

Mais do que um simples equívoco de burocratas, esse novo acinte é revelador de que ainda existem os que pensam viver no autoritarismo ou que por ele suspiram.

Neste grave momento da Democracia, o Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil une-se aos alertas do Supremo Tribunal Federal, exige das autoridades constituídas dos demais poderes republicanos o integral cumprimento das normas constitucionais e manifesta irrestrito apoio às medidas que o eminente Ministro Ricardo Lewandowski, Presidente do Supremo Tribunal Federal, adotará no resguardo da independência do Poder Judiciário.

Desembargador Milton Augusto de Brito NobrePresidente do CPPTJB

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SETEMBRO DE 2014

MINISTRA NANCY ANDRIGHI ASSUME A CORREGEDORIA NACIONAL DE JUSTIÇA DO STJ COM A PRIORIDADE DE ATENDER OS JUÍZES, CHAMADOS DE A "MOLA PROPULSORA DE TODA A JURISDIÇÃO"

ATENÇÃO MAIOR PARA A

PRIMEIRA INSTÂNCIA

Com a missão de analisar processos disci-plinares envolvendo colegas de magistratura e acompanhar a gestão em tribunais por todo o País, a ministra Fátima Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), assumiu o cargo de Corregedora Nacional de Justiça no último dia 26 de agosto, em cerimônia reali-zada na sede do STJ, em Brasília (DF).

Gaúcha de Soledade, Nancy Andrighi, que completará 62 anos em outubro próximo, foi empossada pelo ministro Ricardo Lewando-wski, para responder pela Corregedoria de 2014 até 2016. Da solenidade de posse par-ticiparam diversas autoridades do Executivo,

Legislativo e do Judiciário, e ainda membros da advocacia e do Ministério Público.

Ela substituiu no cargo o ministro Fran-cisco Falcão, que assumiu a presidência do Superior Tribunal de Justiça. A Corregedoria Nacional de Justiça évinculada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pela fi scalização interna do Poder Judiciário.

O Corregedor Nacional de Justiça é indica-do por seus pares do STJ. Sua indicação pre-cisa ser aprovada pelos senadores. A nomea-ção é feita pelo presidente da República.

Na cerimônia de posse, a ministra Nancy Andrighi homenageou os juízes de primeira

VALORIZAÇÃOMinistra Nancy Andrighi garante que sua gestão na Corregedoria do STJ dedicará "olhar atencioso" aos juízes de primeiro grau

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SETEMBRO DE 2014

instância, a quem pretende dedicar, durante sua gestão na Corregedoria Nacional de Jus-tiça, o “mais dedicado e atencioso olhar”. Se-gundo ela, os juízes de primeira instância são “a mola propulsora de toda a jurisdição”.

A ministra considera “justo homenagear e enfatizar o trabalho solitário, corajoso e cria-tivo do juiz do primeiro grau de jurisdição. Entre todos os juízes que integram a jurisdi-ção brasileira, é ele que recebe pela primeira vez o cidadão afl ito e acena-lhe com a espe-rança de Justiça”.

Entre suas metas está a valorização da Justiça de primeiro grau, por ser este magistrado o que “profere a decisão” que vai servir de base para o trabalho nas outras instâncias da Justiça.

A nova corregedora disse que adotará me-didas destinadas a diminuir o tempo de dura-ção dos processos disciplinares envolvendo magistrados. Com isso, ela pretende acelerar as respostas à sociedade, evitando que magis-trados fi quem afastados por muito tempo de suas atividades, evitando o que ela chamou de “penas antecipadas”.

“O juiz de Direito, fora ou afastado da ati-vidade jurisdicional precípua, é prejuízo certo para o jurisdicionado”, reiterou a nova corre-gedora. Entre seus objetivos no cargo está a criação, na Corregedoria, de um centro para instrução dos processos disciplinares, desti-nado a levantar as provas necessárias às ações disciplinares. Segundo a proposta, o centro de-verá ter como presidente um desembargador, e terá como atribuições oferecer apoio aos conselheiros na condução dos processos, uti-lizando como recurso a videoconferência para tornar mais rápida a tomada de depoimentos. Na avaliação da ministra, a videoconferência “trará agilidade e economia, mantendo os juí-zes na jurisdição”.

Em sua gestão, frisou Nancy Andrighi, a Corregedoria estará voltada ao cumprimento do Regimento Interno do CNJ, o qual, no pa-rágrafo primeiro do artigo 25, confere ao rela-tor dos pedidos de providências e de procedi-mentos de controle administrativo o poder de tentar solucionar confl itos por meio da conci-liação. Ela disse, ainda, que buscará fortalecer as Corregedorias dos Tribunais e os serviços prestados à população.

Firmeza e discrição - O ministro Ricardo

Lewandowski, em seu pronunciamento, lem-brou o trabalho da nova corregedora para a melhoria do Judiciário e afi rmou que Nancy Andrighiexercerá a nova missão de maneira fi rme, mas branda; efi ciente, segura, rigoro-sa, e tudo com muita discrição. Segundo o ministro, Nancy Andrighi“saberá, acima de tudo, respeitar a dignidade intrínseca daqueles que serão objeto de sua atividade correcional, honrando, assim, as melho-res tradições da magistratura brasileira no cumprimento da desafi adora missão que terá pela frente”.

Sexta ocupante do cargo, desde que a Cor-regedoria Nacional de Justiça foi criada, em 2004, a ministra é formada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul, em 1975, e ingressou na magistratura no ano seguinte, no Tribunal de Justiça do seu Estado.

NoTribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), onde se tornou desembargadora, participou da implantação das juntas de conciliação. Em sua trajetó-ria profi ssional, foi nomeada em 1999 para o STJ, onde permanece, e em 2011 para a Corregedoria do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde esteve até o ano passado.

A sólida formação acadêmica da nova cor-regedora inclui cursos de pós-graduação na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), No Centro Unifi cado de Brasília (Ceub) e na Universidade Católica de Brasília (DF).

Nancy Andrighi já integrou a Corte Espe-cial e o Conselho de Administração, presidiu a Comissão de Jurisprudência e dirige a Re-vista do STJ.

No Distrito Federal, ela coordenou a im-plantação e o funcionamento dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais, e dirigiu a Es-cola de Magistratura. Ela também coordenou o processo de reforma do Código de Processo Civil de Moçambique, país da África.

No período entre 2011 e 2013, Nancy Andrighi ocupou o cargo de corregedo-ra-geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela também presidiu a Comissão de Regimento Interno e foi vice-diretora da Escola Nacional de Formação e Aper-feiçoamento de Magistrados Sálvio de Fi-gueiredo Teixeira (Enfam).

“O juiz de

primeiro grau,

fora ou afastado

da atividade

jurisdicional

precípua, é

prejuízo certo para

o jurisdicionado.

É ele que recebe o

cidadão aflito."

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SETEMBRO DE 2014

MINISTRO FRANCISCO FALCÃO TOMA POSSE NA PRESIDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) E PROMETE DEFENDER A MELHORIA DAS CONDIÇÕES SALARIAIS E DE TRABALHO DOS JUÍZES

EM DEFESA DA REMUNERAÇÃO

DA MAGISTRATURA

Segundo principal tribunal na hierarquia do Judiciário brasileiro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem um novo presidente desde 1º de setembro. O ministro Francisco Cândi-do de Melo Falcão Neto, eleito em maio para o cargo, assumiu o comando da Corte, para o biênio 2014-2016, em uma solenidade que reuniu magistrados, políticos e outras autori-dades. Junto com ele, a ministra Laurita Vaz foi empossada na vice-presidência do Tribu-nal. Francisco Falcão também vai acumular a presidência do Conselho da Justiça Federal.

O ministro Francisco Falcão, em seu pronunciamento, se comprometeu a lutar

por uma remuneração justa para os magis-trados, e melhores condições de trabalho. Ele também disse que baseará sua escolha para os cargos de confi ança no mérito pro-fi ssional.

“Esta presidência não lhes faltará na luta para encontrar um sistema que lhes assegu-re justa remuneração, com recomposição das perdas acumuladas pela infl ação, e, ain-da, melhores condições de trabalho. Igual-mente, não deixará de considerar as justas reivindicações salariais dos servidores da Justiça, semelhantes às dos magistrados”, assegurou Francisco Falcão.

METAMinistro Francisco Falcão, presidente do STJ, vai trabalhar pela harmonia entre os Poderes, com "relações construtivas" voltadas à estabilidade social.

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DIÁLOGOPara o novo presidente do STJ, é “oportu-

no” estreitar o relacionamento entre todos os órgãos do Poder Judiciário, principalmente com o Supremo Tribunal Federal e o Conse-lho Nacional de Justiça. Segundo ele, fomentar a aproximação e o diálogo com o Executivo e o Legislativo garante “relações construtivas, que se voltem à estabilidade social”.

O ministro também considera essencial a harmonia e a independência entre os três Po-deres, os quais vê como “corresponsáveis” por zelar pelos interesses da sociedade, parti-cipar dos esforços para combater problemas sociais e ajudar a construir um País mais de-mocrático, justo e que valorize e preserve o meio ambiente.

O pernambucano Francisco Falcão, 62 anos, deixou o cargo de corregedor do Conselho Nacional de Justiça para substituir no coman-do do STJ ao ministro Felix Fischer. Mesmo não sendo o ministro com mais tempo de atu-ação no STJ – que pela tradição dos tribunais superiores é o escolhido para o comando da Corte, caso ainda não tenha ocupado o cargo -, o ministro Francisco Falcão foi eleito porque os três ministros mais antigos – Ari Pargend-ler, Felix Fischer e Gilson Dipp – não podiam assumir o comando do STJ. Ari Pargendler e Felix Fischer são ex-presidentes, e o ministro Gilson Dippse aposentará em outubro.

O Superior Tribunal de Justiça é a última instância da Justiça brasileira, responsável pelo julgamento de causas que não têm relaciona-mento direto com a Constituição do País. O STJ tem 33 ministros, cuja escolha é feita pelo presidente da República, após aprovação pelo Senado Federal.

A solenidade de posse de Francisco Falcão contou com as presenças dos ministros da

Justiça, José Eduardo Cardozo, e de Minas e Energia, Edison Lobão; dos presidentes do Senado Federal, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves; de Luís Inácio Adams, da Advocacia-Geral da União; dos ministros do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, Te-ori Zavascki, José Dias Toffoli,Marco Auré-lio Mello, Carmem Lúcia, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso; do procurador-geral da República, Rodrigo Janot; dos desembar-gadores do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, do qual Francisco Falcão faz parte, e do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos Vinicius Furtado Coêlho.

DIFICULDADENa visão do ministro Ari Pargendler,o STF

vive uma “hora difícil e estranha”, já que o tribunal foi criado para ajudar a solucionar o grande número de processos que chegam ao Judiciário diariamente e a impossibilidade de julgar a todos, com qualidade e rapidez.“O descompasso está se multiplicando sem que a solução encontrada no passado possa ser adotada, a criação de outro tribunal”, ressal-tou Ari Pargendler.

Após elogiar Francisco Falcão e Laurita Vaz, e o ex-presidente do STJ, Felix Fischer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, declarou que,“da mesma forma que parabenizo o passado, louvo o presente. O tribunal da cidadania continuará em excelen-tes mãos. O ministro Falcão chega ao mais alto cargo do tribunal habilitado para desen-volver um belo trabalho”, e garantiu que o Ministério Público, principalmente a PGR, “estará ao lado de vossa excelência para pronto comprometimento com o processo de gestão que ora se inicia”.

“É oportuno

estreitar as

relações entre

todos os órgãos

do Poder

Judiciário e

fomentar o

diálogo com o

Executivo e o

Legislativo"

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MINISTRO RICARDO LEWANDOWSKI ASSUME A PRESIDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) COM A DETERMINAÇÃO DE FORTALECER E ACELERAR A JUSTIÇA NO BRASIL

COMPROMISSO COM A

CELERIDADE

“Tenho o sonho de ver um Judiciário forte, unido e prestigiado, que possa ocupar o lugar que merece no cenário social e político deste País. Um Judiciá-rio que esteja à altura de seus valorosos integrantes, e que possa colaborar efeti-vamente na construção de uma socieda-de mais livre, mais justa e mais solidá-ria”. A declaração do ministro Ricardo Lewandowski consta do seu discurso de posse na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), em solenidade

realizada no dia 10 de setembro, com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff.

Ricardo Lewandowski foi vice-presi-dente da mais alta Corte do País durante a gestão do ministro Joaquim Barbosa. Desde o final de julho, quando Joaquim Barbosa se aposentou, Ricardo Lewan-dowski ocupava a presidência interi-namente. Pelos próximos dois anos, a vice-presidência será ocupada pela mi-nistra Cármen Lúcia.

MISSÃOMinistro Lewandowski assume o STF com "o sonho de ver um Judiciário forte, unido e prestigiado".

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Após o Hino Nacional, executado pela banda dos fuzileiros navais de Brasília, a solenidade foi conduzida pelo ministro mais antigo da Corte, Celso de Mello, com o juramento ofi-cial e assinatura do termo de posse, feitos por Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia. “Prometo, bem e fiel-mente, cumprir os deveres do cargo do presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Jus-tiça, em conformidade com a Constitui-ção e as leis da República”, afi rmou o ministro em seu juramento.

O novo presidente enfatizou, na solenidade de posse, que seu maior desafio será trabalhar para acelerar a Justiça no Brasil, tornando-a mais efi-caz, investindo principalmente em so-luções alternativas de conflitos, como a conciliação, a mediação e a arbitra-gem, até mesmo extrajudicialmente.

Dados do CNJ, levantados em 2013, mostram que tramitaram pela Justiça 95 milhões processos, e que 70% des-se volume não foram apreciados. Para o novo presidente do STF, esse índice é “elevadíssimo”.

Segundo ele, é preciso ampliar para outras áreas do Direito, como os con-flitos familiares, a chamada Justiça Restaurativa, cujos bons resultados já são uma realidade no âmbito criminal. Na Justiça Restaurativa, já adotada há 10 anos, são tomadas medidas alter-nativas para solucionar conflitos, até mesmo em casos de violência, pro-movendo a aproximação entre vítima, agressor, as famílias e a sociedade. Essa medida ajuda a reparar as conse-quências de crimes e infrações.

A fim de fomentar essa prática no Judiciário brasileiro, em agosto deste ano o CNJ firmou um Protocolo de Cooperação com a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e ou-tras instituições.

Em outro ponto do discurso, Ri-cardo Lewandowski ressaltou que os magistrados precisam resgatar a

autoestima, pois muitas vezes não recebem o devido reconhecimento da sociedade e de autoridades pelo trabalho essencial que realizam para a sociedade. Ele também assumiu o compromisso de, depois de aprova-do, enviar ao Congresso Nacional o novo Estatuto da Magistratura, e outros projetos de lei de interesse do Judiciário.

Ricardo Lewandowski, que tam-bém responderá pelo Conselho Na-cional de Justiça (CNJ), quer forta-lecer o órgão, a fim de garantir uma interlocução permanente “com os juízes de todos os graus de jurisdi-ção e com os distintos tribunais do País”. O novo presidente também ressaltou a importância de uma me-lhor remuneração para os magistra-dos, o que, segundo ele, valoriza a carreira e a Justiça brasileira.

Sobre críticas feitas à partici-pação do Judiciário em temas de grande repercussão e impacto social, o ministro Lewandowski disse que, nos últimos tempos, o Judiciário brasileiro deixou de ser

PRESTÍGIOGovernadores, ministros de Estado e autoridades compareceram à cerimônia de posse do ministro Lewandowski no STF

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apenas um interpretador ortodoxo de “regras jurídicas”, para atuar, em seus julgamentos, baseado em outros prin-cípios, já que o STF passou a ser pro-curado, até pelos demais Poderes da República, para agir em casos em que o Executivo e o Legislativo não encon-tram soluções. “A Suprema Corte, não raro provocada pelos próprios agentes políticos, começou a decidir questões controvertidas ou de difícil solução, a exemplo da fidelidade partidária, do fi-nanciamento de campanhas eleitorais, da greve dos servidores públicos, da pesquisa com células-tronco embrioná-rias humanas, da demarcação de terras indígenas, dos direitos decorrentes das relações homoafetivas, das cotas raciais nas universidades e do aborto de fetos anencéfalos”, citou o ministro.

Presente na solenidade, o procura-dor-geral da República, Rodrigo Janot, ressaltou entre as qualidades do novo presidente do STF a “proatividade” e a disponibilidade para o diálogo. O pro-curador-geral disse que Lewandowski

pode contar com o Ministério Público para que seu trabalho nos próximos dois anos seja a gestão que se inicia seja marcada por resultados expressi-vos.

FIRMEZAPara o presidente do Conselho Nacio-

nal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, que também discursou na solenidade, o fato de os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia estarem à frente do STF é motivo de orgulho para os 850 mil advogados brasileiros, já que ambos foram membros do Conselho e da Co-missão de Estudos Constitucionais da OAB, respectivamente.

Marcus Vinicius Furtado Coêlho res-saltou que Lewandowski possui um ele-vado sentimento de justiça e manifesta duas opiniões com transparência, e a ministra Cármen Lúcia é firme em suas decisões. “Possui inabalável crença no estado democrático de direito. Consti-tui a síntese das melhores virtudes da

PRINCÍPIOSMinistro Lewandowski vê no STF não apenas um interpretador ortodoxo de regras jurídicas, mas a Corte que atua na busca de soluções.

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TRAJETÓRIA O ministro Ricardo Lewando-

wski, 66 aos, chega à presidência do STF após oito anos de atuação na Corte, para a qual foi escolhi-do pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele se formou em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo; Exerceu a advocacia e foi nomeado juiz do Tribunal de Al-çada Criminal do Estado de São Paulo, e depois desembargador no Tribunal de Justiça de São Paulo. É professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

Nas eleições de 2010 presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual teve uma das mais signifi -cativas atuações de sua carreira, ao defender a Lei da Ficha Limpa, a qual proíbe políticos condenados por órgão colegiado a se disputar

POSSEMinistra Cármen Lúcia assumiu a vice-presidência do Supremo Tribunal Federal

mulher brasileira”, reiterou.Ele também afirmou que a OAB

estará à disposição do STF, com o objetivo de “unir esforços” para garantir a Justiça, a proteção do cidadão, a busca da dignidade e a prevalência dos princípios e regras constitucionais, além da legitimi-dade no exercício do poder.

Diálogo construtivo - Repre-sentando os demais ministros do Supremo, Marco Aurélio Mello foi enfático ao defender que os posicionamentos divergentes dos membros da Corte devem ser respeitados. Para ele, o trabalho no STF deve ser pautado em um “diálogo construtivo”, para que o Supremo não dê “exemplo de intolerância e autoritarismo”. “O diálogo entre os pares dignifica e legitima o processo decisório. Em colegiado, completamo-nos mutuamente. Temos o dever, cada um de nós, de respeitar as opiniões contrárias e de levá-las em consideração. É nosso sa-cerdócio defender o direito de expressão do dissenso e, a par-tir dele, construir o consenso”, destacou Marco Aurélio Mello. A harmonia na mais alta Corte do País deve ser mantida em todos os momentos, frisou o ministro, já que em sua avaliação o presi-dente do STF deve ser “um algo-dão entre os cristais”, cultivando a tolerância em meio às diferen-tes experiências, estilos e pensa-mentos dos ministros.

Marco Aurélio Mello ressaltou, ainda, que os membros da Corte de-vem saber ouvir, pois não são infalí-veis, e acrescentou: “Independência não implica arrogância. É a partir da abertura ao diálogo com as partes e seus respectivos procuradores que fazemos do processo verdadeiro instrumento da democracia”.

uma eleição. Também foi relator do processo do mensalão do PT, e decidiu pela condenação de mais de 20 réus.

Também participaram da posse do novo presidente do Supremo o vice-presidente da República, Mi-chel Temer; o presidente do Sena-do Federal, Renan Calheiros; do presidente da Câmara dos Depu-tados, Henrique Eduardo Alves; os ministros da Casa Civil, Aloi-zio Mercadante, e da Justiça, José Eduardo Cardozo; os ex-minis-tros do STF Nelson Jobim, Ayres Britto e Cezar Peluso; membros do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e outras autoridades.

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SEGUNDA MULHER A CHEGAR À MAIS ALTA CORTE DO JUDICIÁRIO BRASILEIRO, MINISTRA ENTENDE QUE NÃO EXISTE DEMOCRACIA COM QUALQUER TIPO DE INTOLERÂNCIA

MINISTRA CÁRMEN LÚCIA ASSUME A

VICE-PRESIDÊNCIA

A ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha está na mais alta Corte de Jus-tiça do Brasil desde 21 de junho de 2006 e é a segunda mulher a ocupar o cargo de Ministra do Supremo Tribu-nal Federal, onde, hoje, exerce a vice-presidência. Formada pela Faculdade de Direito, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais em 1977, Cármen Lúcia tem uma atuação destacada na mais alta Corte de Jus-tiça do País, coroando uma trajetória na magistratura marcada por atua-ções marcantes em julgamentos de repercussão nacional.

Em julgamento realizado em 28 e 29 de Abril de 2010 votou contra a ação da Ordem dos Advogados do Brasil que pedia a revisão da Lei da Anistia

concordando com o voto do relator o min. Eros Grau, acreditando que tal revisão promoveria o fenômeno da in-segurança jurídica.

Mineira de Montes Claros, Carmen Lúcia foi empossada como ministra titular do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2009, após a renúncia do ministro Joaquim Barbosa. Em 2012, ela assumiu o cargo de presidente da Corte, em substituição ao ministro Ri-cardo Lewandowski.

Professora da PUC de Minas, ela é especialista em Direito de Empresa pela Fundação Dom Cabral, mestre em Direito Constitucional pela Uni-versidade Federal de Minas Gerais e doutora em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo.

PENSAMENTOUm dos emocionados discursos da

ministra Cármen Lúcia foi proferido no encerramento do Congresso Na-cional da OAB, em abril, provocando que o seleto auditório a aplaudisse de pé. Disse a atual vice-presidente do STF , em uma de suas afi rmações:

“Nos meus 30 anos de advocacia, aprendi que sou mais honesta comigo e com o cidadão jurisdicionado me unin-do a ele, indo às ruas, às faculdades de Direito. Afi nal, decido por 200 milhões de brasileiros no STF. O Brasil não é um país de improviso e nem é para princi-piantes, apesar de viver improvisando. Não existe democracia com qualquer tipo de intolerância. É preciso trabalhar para se ter o Brasil que se merece”.

TRABALHOMinistra Cármen Lúcia: "É preciso trabalhar para se ter o Brasil que se merece"

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Des. Pedro Carlos Bitencourt MarcondesPresidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Qual é a despesa da minha unidade juris-dicional? Que metas foram estabelecidas? Como estão os resultados ou a produtivi-dade? Se comparada com outras unidades, qual é a “performance” da minha equipe? De que forma superar os gargalos ou me-lhorar o desempenho? Quais são os planos a pequeno, médio e longo prazos? Aliado ao julgamento de uma causa e todas as suas implicações, várias indagações vêm tomando relevância para o magistrado do nosso tempo, relacionadas à gestão pú-blica. Questões como planejamento, trans-parência e liderança alcançam novo status numa era de consolidação da democracia participativa.

Na medida em que aumentam as de-mandas ao Poder Judiciário, cresce a exi-gência de novas práticas de gestão, para fazer frente às necessidades do serviço. O fi lósofo Norberto Bobbio fala em “multi-plicação” ou “proliferação” dos direitos do homem, que, segundo ele, ocorreu de três modos: “a) porque aumentou a quantidade de bens considerados merecedores de tute-la; b) porque foi estendida a titularidade de alguns direitos típicos a sujeitos diversos do homem; c) porque o próprio homem não é mais considerado como ente gené-rico, ou homem em abstrato, mas é visto

na especifi cidade ou na concreticidade de suas diversas maneiras de ser em socie-dade, como criança, velho, doente, etc.” (1) E as pessoas, mais conscientes, não querem postergar seu direito e, mais que isso, reivindicam qualidade na prestação do serviço público.

Colocado o desafi o, o essencial é saber como as instituições e, especialmente, o Judiciário, irão se estruturar para cor-responder a essas exigências. O Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, instituído no ano de 1992, tem, entre seus objetivos, o inter-câmbio de experiências funcionais e ad-ministrativas. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi criado pela Emenda Constitucional 45/2004, para exercer a função de controle externo do Judiciá-rio, com as atribuições de planejamento estratégico e gestão administrativa dos tribunais, bem como a de controle dis-ciplinar e correcional das atividades dos magistrados.

O CNJ inovou ao apresentar dados consolidados da Justiça de todo o Bra-sil (demandas, produtividade, pessoal e despesas), possibilitando a visualização dos resultados e, consequentemente, dos pontos críticos, aliados ao estabelecimento

OS DESAFIOS PARA A GESTÃO DO JUDICIÁRIO

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de diretrizes e metas para todo o país. Per-cebe-se, assim, um avanço signifi cativo no sentido de aprimorar a gestão judiciária, e os próprios tribunais têm-se empenhado para fazer a sua parte. As informações sis-tematizadas permitem que seja avaliada a efi ciência dos tribunais, de forma isolada e no contexto geral. Trata-se de informação importante, tanto para atender à necessi-dade de transparência do serviço público, como para o estabelecimento de novas di-retrizes para a gestão do Judiciário e, as-sim, buscar o seu aprimoramento.

Como destacou, no último mês de agos-to, o ministro Ricardo Lewandowski, en-tão presidente em exercício do Supremo Tribunal Federal e do CNJ, “temos quase cem milhões de processos em tramitação para apenas 18 mil juízes dos tribunais fe-derais, estaduais, trabalhistas, eleitorais e militares”. Os números deixam claro que não se pode mais “fazer justiça” como se fazia há alguns anos. Os tempos são ou-tros, as necessidades são outras, a implorar novas medidas.

O professor Armando Cunha, em um artigo sobre gestão pública, defende a se-guinte ideia: “Espera-se que as organiza-ções transitem para uma situação que se caracterize pela descentralização sempre que couber, pela devolução da autoridade de decisão para os escalões inferiores, pelo compromisso de cada funcionário com o sucesso da organização como um todo e pela preocupação maior com o impacto da ação junto aos benefi ciários. O trânsito para esse ‘modelo pós-burocrático’ tem sido lastreado num repertório que inclui planejamento estratégico e operacional, a preocupação com os custos e a ado-ção de novas regras contábeis, a iden-tificação de medidas de desempenho, orçamento para resultados, avaliação e auditoria, controle de gestão, estímulos e sanções fi nanceiras.” (2)

Para implementar esse modelo, são ne-cessárias mudanças internas profundas. Os gestores, em todas as posições hierárqui-cas, assumem papel estratégico de agregar

“As informações

sistematizadas

permitem que seja

avaliada a eficiência

dos tribunais, de

forma isolada

e no contexto

geral. Trata-se

de informação

importante para o

aprimoramento."

a equipe em torno dos novos paradigmas. É imprescindível a formação de líderes, capazes de manter a equipe motivada, de ser referência ou exemplo. A visão do “negócio” ou do “serviço” precisa ser compartilhada, e todos devem assumir a sua parcela de compromisso.

A sociedade brasileira, como em ne-nhuma outra época, está atenta à apli-cação dos recursos públicos. Foi nesse contexto que a palavra “transparência” ganhou visibilidade. As instituições pú-blicas – e o Judiciário, com o reforço do CNJ – já disponibilizam, em seus sites, informações sobre orçamento, despesas, produtividade, entre outros. A iniciativa atende aos novos anseios sociais. O professor Armando Cunha cita, em seu artigo, Anna Maria Cam-pos, que tenta traduzir o termo “ac-countability” para o português:

“À medida que a democracia vai ama-durecendo, o cidadão, individualmente, passa do papel de consumidor de servi-ços públicos e objeto de decisões públi-cas a um papel ativo de sujeito. A mu-dança do papel passivo para o de ativo guardião de seus interesses individuais constitui um dramático avanço pessoal, mas, para alcançar resultados, há outro pré-requisito: o sentimento de comuni-dade. Em outras palavras, é a emergên-cia e o desenvolvimento de instituições na sociedade que favorecem a recupe-ração da cidadania e, portanto, a ver-dadeira vida democrática. A cidadania organizada pode infl uenciar não apenas o processo de identifi cação de necessi-dades e canalização de demandas, como, também, cobrar melhor desempenho do serviço público.” (3)

Existem alguns pontos de consenso relacionados ao Judiciário. Sabe-se, por exemplo, que mais de 90% dos feitos em tramitação estão na 1ª Instância e nos Juizados Especiais, a exigir uma atenção especial a esses segmentos; os métodos consensuais de solução de confl itos re-presentam, regra geral, oportunidade

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“A melhoria

do Judiciário

passa, por questões

estruturais,

a exigir mudança

de cultura. Algumas

demandas podem

ser resolvidas sem

a necessidade de

acionar a Justiça."

para apaziguar as partes em confl ito – o que é salutar para a vida em sociedade -, além de serem mais céleres; a implantação do processo eletrônico e de outros recur-sos tecnológicos é mais que necessária, é urgente; o respeito à Federação e à decisão dos juízes é outro imperativo, a evitar re-cursos sem fi m e sensação de impunidade, em virtude da demora para se chegar a uma decisão fi nal.

A melhoria do Poder Judiciário passa, por questões estruturais da sociedade, a exigir mudança de cultura. Como tive a oportunidade de dizer recentemente, em palestra promovida pelo Tribunal de Mi-nas, antes de tudo, é preciso lembrar que algumas demandas podem ser resolvidas sem a necessidade de acionar a Justiça e, em certos casos, de forma efi ciente e me-nos onerosa. As próprias pessoas podem e devem conquistar autonomia para, dentro de suas possibilidades, solucionar confl itos, por meio do diálogo. Da mesma forma, as instituições e empresas também podem encontrar saídas pela via administrativa ao invés da via judicial.

Se a opção for mesmo recorrer ao Poder Judiciário, é possível ainda buscar solução sem o ajuizamento de processo, aderindo-se aos métodos consensuais de solução de confl itos, nos Centros instituídos especifi -camente com essa fi nalidade. Essa opção pode ser mais ágil e harmonizadora.

Há casos, no entanto, em que é mesmo necessária a decisão judicial. Porém, a sen-tença ou o acórdão, afastados os casos par-ticulares e específi cos, podem e também devem evitar ações e recursos repetitivos, especialmente ajuizados pelo Poder Públi-co, a abarrotar as prateleiras do Judiciário.

Reafi rmo que é preciso evoluir. Não se pode correr o risco de descrédito nas ins-tituições públicas e no Poder Judiciário, o que signifi ca entraves para o tão festejado processo democrático. É grande a respon-sabilidade dos magistrados e dos profi ssio-nais da Justiça nessa trajetória de evolução da consciência de cidadania, das relações humanas e sociais.

A melhoria do Judiciário abrange o

Poder Público, em todas as esferas de sua atuação, a iniciativa privada e a so-ciedade. Internamente, magistrados e servidores têm grande responsabilida-de, principalmente aqueles que são ges-tores e têm o encargo de arregimentar esforços para corresponder aos anseios sociais de uma justiça célere e eficaz.

Segundo Bobbio, “o Estado de direito é o Estado dos cidadãos” (4). Iniciou-se, na transição do século XX para o século XXI, a era dos direitos, em que o Poder Judiciário assumiu um papel fun-damental. Porém, recorrer à Justiça exi-ge discernimento e sobriedade – afinal, trata-se de uma máquina movida com recursos públicos. Por outro lado, a ins-tituição precisa ser administrada com competência, sem amadorismo, com adoção dos mais modernos e exitosos modelos de gestão.

REFERÊNCIAS:BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 9ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2004. p. 63.CUNHA, Armando. Os desa� os ao Estado, à governança e à gestão pública: explorando ideias para subsidiar os esforços da reforma da gestão nas organizações do Poder Judiciário. In: PODER JUDICIÁRIO - Novos Olhares Sobre Gestão e Jurisdição / José Ricardo Cunha (or-ganizador). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 134.CAMPOS, Anna Maria S. Os desa� os ao Estado, à governança e à gestão pública: ex-plorando ideias para subsidiar os esforços da reforma da gestão nas organizações do Poder Judiciário. In: CUNHA, Armando. Os desa� os ao Estado, à governança e à gestão pública: ex-plorando ideias para subsidiar os esforços da reforma da gestão nas organizações do Poder Judiciário. In: PODER JUDICIÁRIO Novos Olha-res Sobre Gestão e Jurisdição / José Ricardo Cunha (organizador). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2010, p. 134BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. 9ª reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2004. p. 58.

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ANÚNCIO

PÁGINA DUPLAPREFEITURA

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ANÚNCIO

PREFEITURA

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SETEMBRO DE 2014

Des. Ney Teles de PaulaPresidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

O grande poeta romano Ovídio regis-tra, na imortalidade de suas “Metamorfo-ses”, esta sentença: “De todos os deuses e deusas, a virgem Astréia foi a última a abandonar a Terra ensanguentada”.

Isto signifi ca dizer que a Justiça é companheira inseparável de todos os homens, do primeiro ao último, e inti-morata guardiã dos direitos de cada um.

Esta missão de imensurável responsa-bilidade coloca quem serve à Justiça e principalmente quem decide pela Justi-ça diante de inexcedíveis desafi os.

Não por acaso o mais sábio de todos os presidentes dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, afi rmou – “Obser-var, interpretar e executar as leis é mais importante do que fabricá-las”.

JUDICIÁRIO GOIANO, TRADIÇÃO E MODERNIDADE

SEDEPrédio do TJGO procura atender às demandas na estrutura física e nas questões jurídicas.

EM 140 ANOS DE ATUAÇÃO, OITAVA CORTE INSTALADA NO BRASIL, EM 1874, O TJGO TEM SUA HISTÓRIA MARCADA POR DECISÕES DE MAGISTRADOS QUE REPERCUTIRAM EM TODO O PAÍS

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No seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras, na noite de 8 de de-zembro de 1975, o escritor e ex-escrivão Bernardo Élis relembrou sua vida de estu-dante na cidade de Goiás, mencionando a surpreendente dimensão cultural da antiga capital do Estado. Chamou-a de sentinela avançada da cultura nos limites do sertão na dilatada pátria do Oeste brasileiro.

Pois nessa sentinela avançada se ou-viam os sons do piano e do violino, a música movimentava os saraus; em mui-tas casas se liam publicações francesas e um bom número de autores movimenta-va a literatura goiana. Havia considerável participação feminina na criação artística e uma mulher, Eurídice Natal, fundava a Academia Goiana de Letras.

Esse ambiente cultural acolheu colé-gios de elevada qualidade de ensino, o an-tigo Lyceu, que seria transferido depois para Goiania, e o Colégio Santana, assim como a Faculdade de Direito, uma das mais antigas do Brasil.

Antes e durante essa fase da vida vi-laboense, a Justiça, com sábios, cultos e competentes paladinos, fl oresceu na ci-dade de Goiás, ainda província no Brasil imperial, e depois capital do Estado so-bre os fundamentos da República.

Em 1874 foi instalado o Tribunal da Relação de Goiás, embrião do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Foi o oi-tavo a ser estabelecido no País. São 140 anos, que hoje comemoramos com justo júbilo, orgulho e merecimento, já que o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás fi gura entre os mais antigos e desponta como referência no Judiciário brasileiro.

A história do Poder Judiciário goiano é marcada por conquistas e balizada por decisões de magistrados que repercutiram em todo o País. É interessante destacar que, no ano em que se criou a Relação de Goiás, quase não havia goianos formados em direito, e todos os desembargadores nomeados para a composição da Corte de Goiás vieram de outras Províncias. Com

"A história do

Poder Judiciário

goiano é

marcada por

conquistas e

balizada por

decisões de

magistrados que

repercutiram

em todo o País"

o passar do tempo, o Judiciário goiano se revelou como um grande formador de magistrados de renome, que, com suas decisões, sobressaíram no cenário nacional e contribuíram para o desen-volvimento do Judiciário brasileiro.

A decisão de promover as comemo-rações dos 140 anos do Tribunal de Jus-tiça do Estado de Goiás não se baseou apenas na tradição e história do Judici-ário goiano, mas sobretudo na sua im-portância para a sociedade. O Tribunal de Goiás se transformou e hoje procura atender às principais demandas da po-pulação, ao investir tanto na estrutura física como também na estrutura jurí-dica.

No próximo dia 5 de maio, na cidade de Goiás, terão início as comemorações dos 140 anos do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. A programação se estende por toda a semana, inclusive dando uma grande contribuição à his-toriografi a de nosso Estado ao expor, na sede do TJGO, documentos antigos que revelam traços marcantes de nos-sa formação. Palestras com escritores e historiadores, além de apresentações artísticas e celebrações religiosas, com-pletam a programação festiva, aberta à comunidade.

No passado, um juiz que enobreceu o Judiciário e a literatura goiana, Cyllenêo Marques de Araújo Valle, o Léo Lynce, deixou um soneto em que brinca com as palavras citando grandes autores do Direito: “Da mais crespa e feroz biblio-grafi a/ a mesa em que trabalho é uma Babel/ Carvalho Santos, Clóvis, Pimen-tel/ Rui, Fulgêncio, Miranda & Cam-panhia. Jurisprudência de sarapatel/ tomos tais, cujo aspecto me arrepia/ autores célebres... de hipocondria/ e causa mortis para um bacharel”. A grandeza de um juiz como Cyllenêo Valle e de um escrivão como Bernar-do Élis equipara-se à história do Judi-ciário goiano.

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PROJETOS VOLTADOS PARA O ATENDIMENTO DA COMUNIDADE TRABALHAM INICIATIVAS DE REESTRUTUAÇÃO FAMILIAR, INCENTIVO A MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS E APOIO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES

TJ DE MINAS GERAIS MANTÉM ATUAÇÃO Na sede do TJMG, portas abertas para programas inovadores de aproximação com a comunidade.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) desenvolve uma série de programas voltados para atender à comunidade. As ações, quase todas inovadoras, envolvem projetos de recomposição familiar, incentivo às artes e apoio a crianças e adolescentes.

A Coordenadoria da Infância e da Juventude desenvolve as ações, iniciativas, projetos e pro-gramas que mantêm constante estudo visando identifi car novas necessidades/oportunidades de atuação.

Outra iniciativa de relevo é o Programa Ati-tude Legal, focado na difusão de uma políti-ca de excelência no atendimento. Trata-se de programa da Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (EJEF), em parceria com a Assessoria de Comunicação Institucional (ASCOM). O lema é: uma atitude positiva é sempre capaz de gerar novas atitudes positivas. Os resultados esperados só serão alcançados se houver a participação de todos. Conheça, a seguir, os projetos do TJMG.

AÇÕES INOVADORAS

TJMG / DIVULGAÇÃO

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de uma penitenciária dedicada ao sis-tema comum.

Estima-se que a reincidência entre os egressos das unidades APAC gira em torno de 15% (quinze por cento) enquanto que os oriundos do sistema comum alcançam o percentual de 70% (setenta por cento).

Portanto, além de oferecer novas vagas ao sistema prisional de Minas Gerais, ao longo dos anos, consoli-dou-se a missão de propagar a meto-dologia APAC como importante fer-ramenta para humanizar o sistema de execução penal de forma a contribuir para a construção da paz social.

Hoje há 33 Centros de Reintegra-ção Social (CRS) em funcionamento com 2.227 vagas. Estão em fase de implantação outros 63 centros. Há convênio com a Seds para a constru-ção de sete centros, em 2014, com 800 novas vagas.

Negociação entre a Seds e o Banco Interamericando de Desenvolvimen-to (BID), com o acompanhamento do Programa Novos Rumos, possi-bilitará a construção de novas Apacs, por meio de fi nanciamento ajustado ainda no decorrer de 2014.

PAI-PJ O Programa de Atenção Integral

ao Paciente Judiciário Portador de Sofrimento Mental (PAI-PJ) realiza acompanhamento do portador de so-frimento mental que cometeu algum crime.

A “intervenção” do PAI-PJ junto aos pacientes infratores é determina-da por juízes das varas criminais, que, auxiliados por equipe multidisciplinar do programa, podem defi nir qual a melhor medida judicial a ser aplicada, com a intenção de conjugar tratamen-to, responsabilidade e inserção social.

As premissas básicas do PAI-Pj são as seguintes:

acompanha os processos crimi-• nais nos quais o réu ou senten-ciado é ou apresenta indícios

a ser portador de sofrimento mental, fornecendo subsídios técnicos para a prestação ju-risdicional nas várias fases do processo;visa auxiliar a autoridade judi-• cial na individualização da apli-cação e execução das penas e medidas de segurança, de acor-do com o previsto na legislação penal vigente;orienta-se pelo princípios da • reforma psiquiátrica, promo-vendo o acesso a tratamento em saúde mental na rede subs-titutiva ao modelo manico-mial;trabalha no sentido de viabili-• zar a acessibilidade aos direitos fundamentais e sociais previs-tos;é desenvolvido de modo inter-• setorial, promovendo a parce-ria do Judiciário, Ministério Pú-blico e o Executivo através da rede pública de saúde e da rede de assistência social, de acordo com as políticas vigentes, na atenção integral ao portador de sofrimento mental.

A equipe do PAI-PJ é composta por psicólogos, assistentes sociais e bacha-réis em Direito, devidamente capacita-dos para atuarem no Programa.

1. PROGRAMA NOVOS RUMOS – APAC E PAI-PJ

O Programa Novos Rumos, criado em 2001, sinalizou o início da atuação do TJMG de forma inovadora na área de execução penal. Entre as iniciati-vas relevantes, nessa área, destaca-se a implantação do método APAC - Associação de Proteção e Assis-tência aos Condenados e do PAI-PJ - Programa de Atenção Integral ao Paciente Judiciário Portador de So-frimento Mental.

APACAssociação de Proteção e Assis-

tência ao Condenado foi criada pelo Advogado e Professor paulista Mário Ottoboni; trata-se de uma Pessoa Ju-rídica de Direito Privado que adminis-tra Centros de Reintegração Social de presos. A metodologia ganhou força através da aplicação de seus 12 ele-mentos: Participação da comunidade; Recuperando ajudando o recuperan-do; Trabalho; Religião; Assistência jurídica; Assistência à saúde; Valoriza-ção humana; A família; O voluntário e sua formação; Centro de Reintegra-ção Social – CRS; Mérito; Jornada de libertação com Cristo.

A metodologia foi disseminada em diversas comarcas desde a implan-tação do Programa Novos Rumos, e atualmente dezenas de unidades APAC são mantidas por convênio pelo Estado de Minas Gerais.

Desde 2006, o Estado de Minas Gerais tem dedicado recursos para construção dos Centros de Reintegra-ção Social das APACs recomendadas pelo Tribunal de Justiça. Segundo a Secretaria de Estado de Defesa So-cial, uma vaga nos estabelecimentos construídos para abrigar os presos (recuperandos) de APAC tem custa-do 1/3 (um terço) do valor da vaga

2. ESCOLA JUDICIAL DESEMBARGADOR EDÉSIO FERNANDES

PROGRAMA ATITUDE LEGALPara difundir uma política de exce-

lência no atendimento, foi criado o Pro-grama Atitude Legal. Trata-se de uma iniciativa da Escola Judicial Desembar-gador Edésio Fernandes (EJEF), em parceria com a Assessoria de Comu-nicação Institucional (ASCOM), os re-sultados esperados com o programa só

TJMG / DIVULGAÇÃO

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um conjunto de cursos destinados à formação continuada e avançada dos gestores do TJMG, por meio de um sistema modular, que propicia a esses profi ssionais novos conheci-mentos, métodos e técnicas volta-dos para a melhoria contínua dos processos de trabalho afetos à área de atuação.

3. PROGRAMA CONHECENDO O JUDICIÁRIO

4. GESTÃO FISCAL EFICIENTE

serão alcançados se houver a participa-ção de todos. O Programa inclui cursos (presenciais e a distância) e campanhas constantes.

OBJETIVOS:Aprimorar a comunicação do • TJMG com seus diversos públi-cos, considerando magistrados, servidores e usuários da Justiça.Desenvolver competências e • atitudes que contribuam para a melhoria do atendimento.Potencializar a propagação de • valores humano-sociais, como respeito ao outro, disponibilida-de e cordialidade, valorizando as pessoas que participam do Judi-ciário mineiro, e incluir os par-ceiros institucionais no exercício da responsabilidade de construir um atendimento de excelência para todos.

CAMPANHA PREMIADAA campanha do Programa Atitude

Legal foi agraciada com o Prêmio Na-cional de Comunicação e Justiça 2010, com a obtenção do terceiro lugar na categoria Endomarketing. O Prêmio é uma iniciativa do Fórum Nacional de Comunicação e Justiça. A premiação é feita durante o Congresso Brasileiro de Assessores de Comunicação da Justiça (Conbrascom), realizado anualmente.

PDG - PROGRAMA DE DESEN-VOLVIMENTO DE GESTORES OBJETIVO DO PROGRAMA:

Propiciar aos gestores capacitação contínua que integre conhecimentos e competências relacionados à gestão que contribuam efetivamente para a melhoria da atuação profi ssional e para o alcance dos objetivos estratégicos da Instituição.

ESTRUTURAO Programa de Desenvolvimen-

to de Gestores - PDG compreende

Com o objetivo de criar canais efe-tivos de comunicação com a socieda-de, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais lançou o Programa Co-nhecendo o Judiciário. O Programa visa a esclarecer a estrutura e funcio-namento do Judiciário, em linguagem simples e acessível.

Entre as ações implementadas estão as visitas orientadas ao Tribunal de Justiça e aos fóruns das comarcas do Estado. As ati-vidades contemplam estudantes, associações de bairro, ONG’s e demais grupos organizados da sociedade civil. Por meio dessas atividades, o Judiciário Mineiro contribui para a formação da cidadania de jovens e adolescen-tes.

O Programa Conhecendo o Judici-ário contempla as publicações “Tudo Legal no Tribunal”, “Poder Judiciário em Minas Gerais”, “TJ Responde” e “Juizados Especiais”, além de um ví-deo institucional. No Portal do TJMG é possível, ainda, acessar a versão fala-da das cartilhas.

Por meio da aproximação com o cidadão é que demonstramos nosso respeito pela sociedade e nosso de-sejo de servi-la cada vez melhor, tor-nando assim mais clara e transparente a atuação do Poder Judiciário.

Foi instituído o Projeto “TJMG e Prefeituras – Parceria para a Gestão Fiscal Efi ciente”, por meio da Por-taria Conjunta 317, de 30 de outubro de 2013, e da Portaria 2.954, de 5 de fevereiro de 2014, do TJMG. A ideia é buscar alternativas para reduzir o acervo e também a distribuição de novos processos de execução fi scal, cumprindo a Lei de Responsabilida-de Fiscal, que estabelece o seguinte: os créditos de valores inferiores aos custos da cobrança podem ser can-celados, sem que isso confi gure re-núncia de receitas tributárias.

Dados previamente apurados pelo TJMG, com base em meto-dologia do Conselho Nacional de Justiça (“Relatório Justiça em Nú-meros”), apontam que o custo mé-dio de uma ação judicial em 2013 foi de R$ 2.263. De acordo com as estatísticas do TJMG, só o acervo de execuções fi scais municipais, em Minas, atinge o patamar de 600 mil ações, das quais 426 mil referem-se a dívidas de até R$ 2,5 mil. O Tribunal de Justiça está promovendo uma am-pla campanha de comunicação, com esclarecimento aos magistrados e in-centivo à adesão dos municípios ao projeto. Se a via judicial não for a mais indicada, em função dos custos do processo para os municípios e para o Judiciário, é possível buscar alternativas, entre elas, a cobrança administrativa e outras providências não contenciosas, o protesto extrajudicial, a disponibiliza-ção das informações para entidades de proteção ao crédito (SPC, Serasa), a co-brança bancária, a conciliação extrajudi-cial e judicial, a securitização da dívida (uma espécie de operação de crédito para antecipação de receitas) etc.

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5. INFÂNCIA E JUVENTUDE

BANCO DE BOAS PRÁTICASA Coordenadoria da Infância e

da Juventude busca constantemente identifi car experiências exitosas re-lacionadas com a matéria infantoju-venil, especialmente aquelas que te-nham a participação de magistrados e servidores do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Atualmente, do banco de boas práticas constam 19 projetos, que, juntos, atenderam a um público esti-mado em dez mil crianças e adoles-centes, em todo o Estado de Minas Gerais.

Os projetos atualmente são:.Associação de Proteção à In-• fância, Adolescência e à Natu-reza - APIAN .Centro de Atendimento e • Proteção ao Jovem Usuário de Tóxicos – CAPUT.Concurso artístico • .Esporte e Cidadania, Progra-• ma Medalha de Ouro - Ginás-tica de Trampolim e Artística .Expresso COINJ• .Mães que Cuidam • .Marcados para Morrer, o • que Fazer? Sistematização do Atendimento Social a Crianças e Adolescentes em Situação de Ameaça de Morte na Comar-ca de Governador Valadares/MG .Natal Especial nas Apacs • .Núcleo de Trabalho e Inte-• gração Social - NUTRIS/Nú-cleo de Arte e Cultura Desem-bargador Márcio Sollero .Núcleo de Trabalho e Integra-• ção Social - NUTRIS/Centro de Educação Infantil Lucinda Alvarez de Oliveira Leite

.Orquestra Jovem da Coor-• denadoria da Infância e da Ju-ventude do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais .Papai Noel dos Correios, no • Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais .Primeira Fase do Processo • de Habilitação ao Cadastro Nacional de Adoção - CNA - Curso Preparatório e Avalia-tivo da Vara da Infância e da Juventude da Comarca de Juiz de Fora/MG

EXPRESSO COINJCrianças e adolescentes de institui-

ções de acolhimento da capital são encaminhadas, desde dezembro de 2011, por meio do Expresso Coinj, para assistir a espetáculos de arte, apresentações esportivas e outros eventos recreativos, sempre nos fi ns de semana e feriados. Os ingressos são doados por produtores e respon-sáveis pelos eventos.

O projeto busca ainda favorecer a sociabilização, a ampliação do laço social e a identifi cação de pertenci-mento à cidade onde cada criança vive. Além disso, por meio das vi-vências com as artes e os esportes, o Expresso COINJ promove estímulo à imaginação e desenvolvimento da fl uência verbal, pois os espetáculos e eventos assistidos pelas crianças e adolescentes transformam-se no as-sunto mais animado da semana.

Em 2013, apenas na parceira com a Fundação ArcelorMittal, o Expresso COINJ atendeu, na cidade de Belo Horizonte, a 411 (quatrocentos e onze) crianças e adolescentes de 24 (vinte e quatro) Unidades de Acolhi-mento Institucional.

O Expresso Coinj já atendeu, além de Belo Horizonte, a crianças e ado-lescentes das comarcas de Perdões, Juiz de Fora, Sabará e João Monle-vade, benefi ciando, desde sua criação

em 2011, a mais de 1.500 crianças e adolescentes institucionalizados no Estado de Minas Gerais.

NO FUNDO, JUSTIÇAO projeto “No Fundo, Justiça”

visa angariar recursos para o Fundo da Infância e da Adolescência (FIA), por meio da destinação de até 6% do imposto de renda devido por magis-trados e servidores, com posterior reembolso. Os valores serão repas-sados a entidades de atendimento à infância e juventude.

A Coordenadoria da Infância e da Juventude, como órgão gestor, fi na-liza estudos para implantação desse projeto, ainda em 2014, e busca par-ceiros para maximizar os resultados dessa importante iniciativa.

Instituído a partir de demanda da Coordenadoria da Infância e da Ju-ventude, o projeto, regulamentado pela Portaria 236/2012, tem, assim, por objetivo promover ações des-tinadas a incentivar magistrados e servidores do Poder Judiciário, seus familiares, colaboradores e membros da comunidade em geral a efetuarem doações aos Fundos da Infância e da Adolescência, dedutíveis do imposto de renda, nos termos do disposto nos artigos 260 a 260-L da Lei federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que contém o Estatuto da Criança e do Adolescente.

ORQUESTRA JOVEM E CORAL INFANTOJUVENIL

O Tribunal de Justiça fi rmou ter-mo de cooperação com o Instituto Ajudar e o Centro de Voluntariado de Apoio ao Menor (Cevam) para a formação da Orquestra Infantojuve-nil, com crianças e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade social, ou vivem em instituições de acolhimento. Os jovens têm aulas de iniciação musical, canto coral, violino,

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violoncelo, viola, contrabaixo acústi-co, entre outros instrumentos. Das 100 crianças e adolescentes inseridos no projeto, permanecem frequentes 84%. São residentes da comunidade do Morro do Papagaio, trabalhadores da Assprom e acolhidos em institui-ções.

Por meio de parcerias articuladas pela Coordenadoria da Infância e da Juventude, apoiam esta iniciativa a rede de instituições de acolhimento da capital, a Associação dos Magistrados Mineiros - AMAGIS, a Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, ado-lescente e do Jovem da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Minas Gerais, o Conservatório de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, a Associação Profi ssionali-zante do Menor – Assprom, o Insti-tuto Ajudar, o Centro de Voluntaria-do de Apoio ao Menor – CEVAM, a Paróquia Nossa Senhoria Rainha, a Paróquia Nossa Senhora do Morro, o MUQUIFU – Museu de Quilombos e Favelas Urbanos, a Escola Estadual Dona Augusta, a Escola Municipal Ulysses Guimarães e o Programa Es-cola Integrada da Prefeitura Munici-pal de Belo Horizonte

PROGRAMA OPORTUNIDADE LEGAL (OLÉ)

O objetivo do Programa Oportu-nidade Legal (Olé) é promover o de-senvolvimento social e econômico de jovens em situação de risco social ou em confl ito com a lei, por meio de atividades de educação ambiental, in-clusão digital e geração de emprego e renda. Os adolescentes têm aulas pre-senciais e à distância, utilizando a es-

trutura do Telecentro Comunitário.O Programa Olé foi lançado em

agosto de 2009, no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), na avenida Belém, 40, bairro Espla-nada, para atender adolescentes en-caminhados pela Vara Infracional da Infância e da Juventude de Belo Ho-rizonte.

O Programa Oportunidade Legal-Olé/BH Digital foi vencedor do Prêmio Nacional da Revista A Rede 2011, na modalidade Setor Público, categoria Capacitação e Formação. A publicação tem circulação em todo o país e é especializada em inclusão di-gital e social. A entrega da premiação foi realizada em São Paulo, no dia 31 de outubro de 2011.

A iniciativa também recebeu men-ção honrosa no I Prêmio da Infância e Juventude promovido pelo Conse-lho Nacional de Justiça em 2012.

TELECENTROFoi inaugurado no dia 10/08/2009,

no Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), em Belo Hori-zonte, um telecentro comunitário que promoverá capacitação profi ssional e formação cidadã para jovens em si-tuação de risco social ou em confl ito com a lei, encaminhados pela Vara Infracional da Infância e da Juventu-de de Belo Horizonte. O telecentro, com 10 computadores, abrigará ati-vidades do Programa Oportunidade Legal (Olé), uma parceria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) com vários órgãos e entidade.

PARCEIROS

A partir de 2011, sob a articulação da Coordenadoria da Infância e da Juventude” o Programa Oportunida-de Legal (OLÉ) tem como parceiros a “Vara de Atos Infracionais de Belo Horizonte”, a Prefeitura de Belo Ho-rizonte (PBH), a Empresa de Infor-mática e Informação do Município

de Belo Horizonte (Prodabel), a Se-cretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Se-mad), o Serviço Voluntário de As-sistência Social (Servas), a Fundação do Meio Ambiente (Feam), o Centro Mineiro de Referência em Resídu-os (CMRR), o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/MG), a Associação Profi ssionalizan-te do Menor (Assprom) e a Associa-ção Municipal de Assistência Social (Amas).

OBJETIVOS

O programa visa contribuir, prio-ritariamente, com a formação cidadã de jovens em situação de risco social ou em confl ito com a lei, por meio de um cronograma de atividades, com duração de três meses, onde são ministrados conteúdos de responsa-bilidade socioambiental, informática e técnicas de inclusão no mercado formal de trabalho, num moderno Telecentro, doado pelo Ministério das Comunicações e instalado nas dependências do Centro Mineiro de Referência em Resídios.

PAPAI NOEL DOS CORREIOSO Projeto de Responsabilidade

Social "Papai Noel dos Correios", da Empresa Brasileira de Correios e Te-légrafos (ECT), foi criado há 23 anos, com o principal objetivo de levar o encantamento do Natal a crianças ca-rentes, com seriedade e comprome-timento. Por isso, tornou-se um dos projetos natalinos de maior repercus-são social no Brasil.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), há cinco anos, é parceiro da ECT no apadrinhamen-to de cartas. As cartinhas, escritas por crianças e endereçadas ao Papai Noel, são distribuídas e apadrinhadas sob a coordenação da Assessoria de Comunicação Institucional do TJMG - ASCOM.

5. INFÂNCIA E JUVENTUDE(CONTINUAÇÃO)

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6. PAI PRESENTE

7. NAPI 8. PRECATÓRIOS

O projeto permite a realização de exames de DNA, nas ações investi-gatórias e negatórias de paternidade e maternidade, nos casos em que as partes sejam benefi ciárias da Assis-tência Judiciária Gratuita.

A iniciativa permite reduzir o pra-zo entre o ingresso do pedido, a data para a coleta do exame de DNA e a audiência para divulgação do resulta-do. Sua execução favorece o reconhe-cimento espontâneo da paternidade/maternidade pelas partes e fornece prova científi ca para auxiliar a decisão dos juízes.

Em 2013, mais 19 modalidade de exame de DNA passam a ser cober-tas pelo convênio fi rmado, em abril de 2009, com a Secretaria de Estado da Saúde. A parceria com o Governo de Minas permitiu ao TJMG solucio-nar a grande demanda reprimida de solicitação de exames de DNA – mais de 6.000, em 2009 – através do agen-damento e da coleta de casos represa-dos desde maio/2008.

São expressivos os resultados obtidos desde a implantação do projeto em abril de 2009. Dentre eles, merecem registro o término da fi la para os atendimentos, o agendamento de 550 exames/mês e, ainda, o grau de satisfação dos magistrados com a agilidade do atendimento, com a precisão dos resultados, com as respostas aos quesitos e com a facilidade de co-letas no interior.

De abril de 2009 a março de 2013, foram realizados 15.631 exames em todo o Estado, sendo 9.464 referentes a ações judiciais que tramitam nas co-marcas do interior e 6.167 referentes à demanda da Capital.

CENTRO DE RECONHECIMENTO DE PATERNIDADE

O Centro de Reconhecimento de Paternidade de Belo Horizonte foi criado para atender o programa Pai Presente do TJMG. Tem compe-tência para receber e ouvir as mães/fi lhos maiores que desejam obter o reconhecimento de paternidade de seus fi lhos, ou de si mesmo e para dar início ao procedimento extraju-dicial de averiguação de paternidade, oferecendo-se prestação alimentícia e visitação no mesmo ato.

O Juízo é noticiado do registro de crianças sem o reconhecimento ou indicação do suposto pai. Reconhe-cida a paternidade/maternidade, é possível demonstrar as consequências daquele ato, consistentes no compar-tilhamento de afeto e amizade e no investimento da relação.

O Núcleo de Apoio à Prestação Jurisdicional do Interior (Napi) foi criado (Portaria Conjunta 313/2013) para o auxílio a comarcas ou varas do interior do Estado que apresentem acúmulo de processos cíveis. Estão contemplados, principalmente, aque-les processos relacionados à Meta 2, de 2010, e à Meta 1, de 2013, ambas do CNJ.

Não estão incluídos os processos de execução fi scal pendentes de sentença, decisão ou despacho. Os processos são selecionados pela Corregedoria-Geral de Justiça, após parecer de sua Secreta-ria de Padronização, Suporte ao Plane-jamento e à Ação Correicional (Sepac).

A primeira atuação do Napi, em projeto-piloto, ocorreu na 1ª e na 4ª Varas Cíveis da comarca de Conta-gem. No período de 4 de novembro

de 2013 a 31 de janeiro de 2014, fo-ram analisados 1.016 processos.

Entre 4 fevereiro e 22 de abril de 2014, foram analisados 1.176 processos em andamento nas se-guintes comarcas: Araçuaí, Espi-nosa, Francisco Sá, Manga, Mi-nas Nova, Porteirinha, Rio Pardo de Minas, Salinas, São João do Paraíso, São João da Ponte, Taio-beiras e Turmalina.

Para conclusão da atuação do Napi nesta gestão serão atendidas as comarcas de Águas Formosas, Almenara, Capelinha, Itambacuri, Jacinto, Jequitinhonha, Medina, Nanuque, Novo Cruzeiro, Pedra Azul, Santa Maria do Suaçuí e Virginópolis, no período de 14 de abril a 22 de junho de 2014, quan-do serão analisados aproximada-mente 900 processos.

CENTRAL DE CONCILIAÇÃO DE PRECATÓRIOS

A Central de Precatórios tem vín-culo à Presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

Foi a primeira Central implantada na Justiça Comum do país, com criação em 2003, para solucionar em concilia-ções a dívida de precatórios dos entes públicos, em razão do seu acúmulo.

Credores e devedores de precató-rios encontram em audiências conci-liatórias, feitas na capital ou em pólos regionais do Estado, ampla via para solução dos seus direitos e deveres.

As ações desenvolvidas pelo TJMG e suas publicações podem ser visuali-zadas no portal www.tjmg.jus.br, no link “Ações e Programas”.

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ENCONTRO EM MACAPÁ REUNIU AUTORIDADES E JURISTAS DO BRASIL E DO EXTERIOR PARA DISCUTIR OS PROBLEMAS QUE CERCAM A AMAZÔNIA BRASILEIRA. A APLICAÇÃO DO DIREITO AMBIENTAL ESTEVE NA PAUTA.

CONGRESSO INTERNACIONAL DEBATE

QUESTÕES AMBIENTAIS

O Teatro das Bacabeiras, em Macapá (AP), foi palco de debates sobre a Amazônia Bra-sileira com a presença de palestrantes reno-mados da França, Portugal, Peru e Brasil que, durante três dias, abordaram temas relaciona-dos a questões ambientais. Na abertura do VI Congresso Internacional de Direito Ambien-tal na Amazônia, o Desembargador Gilberto Pinheiro, Diretor da Escola Judicial do Ama-pá, agradeceu a presença dos convidados e palestrantes e ressaltou a importância da cola-boração entre os magistrados de vários países. “Esta é uma grande oportunidade que temos para repassar e compartilhar conhecimentos. O Congresso é uma oportunidade ímpar de discutirmos a Amazônia Brasileira”, destacou o magistrado.

Na ocasião, houve a entrega da “Medalha do Mérito Judiciário” ao Desembargador aposentado Henrique Nelson Calandra, do Tribunal de Justiça de São Paulo, e ao Desem-

bargador Milton Nobre, do Estado do Pará. Os homenageados foram agraciados pelos seus méritos e relevantes serviços prestados à Cultura Jurídica.

Após a abertura do evento, a palestra da pri-meira noite foi ministrada pela Doutora em Ciência Jurídico-Criminais e Professora Cate-drática da Faculdade de Direito de Coimbra, Anabella Miranda Rodrigues, que abordou o tema Ambiente: do Direito à Responsabilida-de. “É importante colocar o tema de Direito Ambiental em foco, com o objetivo de expor para a população a necessidade de manter o meio ambiente preservado”, disse ela.

A palestrante explanou aos presentes de que modo a tutela jurisdicional se aplica nas questões ambientais, como um meio de apli-car sanções aos que descumprem as normas e evitar que ocorram danos irreparáveis ao nosso meio ambiente.

Em sua sexta edição do Congresso, o Ju-

ABERTURANo VI Congresso Internacional de Direito Ambiental, a Amazônia ganhou destaque nas palestras.

PELOS TRIBUNAIS

FOTOS: TJAP / DIVULGAÇÃO

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diciário do Amapá, por meio de sua Escola Judicial, vem consolidando a discussão de conhecimentos jurídicos e ambientais com a participação de ambientalistas, renomados conferencistas, profi ssionais da área e estu-dantes de Direito.

Durante a manhã do segundo dia do VI Congresso Internacional de Direito Am-biental na Amazônia a movimentação foi intensa de magistrados, professores, acadê-micos e profi ssionais do Direito no Teatro das Bacabeiras. O evento começou com a apresentação da palestra ministrada pelo Doutor em Direito Público, Professor e presidente da Academia Transdisciplinária Internacional del Ambiente - ATINA, o pe-ruano Genaro Uribe dos Santos.

Com o tema “O Direito Ambiental: um pa-norama atual do constitucionalismo ambiental na América Latina”, o palestrante falou sobre a necessidade de se utilizar estratégias susten-táveis, respaldadas nos direitos ambientais das Constituições da América Latina, com a fi nali-dade da preservação ambiental.

“A proteção do ambiente é responsabilidade de cada cidadão. Para que haja um meio am-biente mais preservado, deve haver uma po-lítica que fi scalize as leis constitucionais que garantam recursos para as futuras gerações.

Em seguida com a palestra: “Operacionali-zação da Polícia Ambiental brasileira no Novo Código Ambiental”, o Mestre em Direito Agrário, Desembargador do Tribunal de Jus-tiça de Roraima e professor da Universidade Federal de Roraima, Alcir Gursen de Miranda discutiu sobre a importância de se concretizar o código fl orestal brasileiro em virtude aos be-nefícios para o meio ambiente.

O francês Julien Bétaille, Doutor em Direito e integrante do renomado Centro de Investi-gação Interdisciplinar em Direito Ambiental, Ordenamento do Território e Urbanismo da França – CRIDEAU fi nalizou a manhã de pa-lestras com a temática: “O princípio da pre-caução, direito fundamental”.

O conferencista discorreu sobre danos irre-versíveis ao meio ambiente e à saúde humana ao permitir a ação preventiva. “A precaução é uma resposta às novas tecnologias e aos fenô-

menos que podem provocar impactos irre-paráveis e incomensuráveis e que, portanto, precisam ser revistos pela comunidade inter-nacional, Estados e indivíduos”, destacou o conferencista.

Durante as palestras, acadêmicos interagi-ram com os palestrantes com perguntas so-bre as temáticas. Ao término das conferên-cias os palestrantes receberam botons com o emblema do Estado do Amapá e certifi ca-dos de mérito.

O Desembargador Carlos Tork elogiou o evento pela apresentação de temáticas e dis-cussões tanto fi losófi cas quanto jurídicas, e também pela participação ativa da população amapaense com os palestrantes. O magistra-do parabenizou a Escola Judicial do Amapá pela iniciativa e organização do evento.

(Informações do portal do TJAP).

HOMENAGEMNo alto, Milton Nobre recebe medalha por relevantes serviços prestados à cultura jurídica. Juíza Maria Victória do Carmo, desembargadora Vera Araújo, juiz Adriano Seduvin (vice-presidente da AMB) com o homenageado.

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Não era uma história de amor. Mas, também não era pra ser uma vida de brigas e desentendimentos. Era só fi-car e deixar rolar, mas um filho alterou para sempre a rotina de Marina*. De São Paulo, após a morte do pai, ela foi morar em Icem, no interior do Estado, quando tinha 18 anos. E foi lá que co-nheceu Pedro. Ele era um cara legal e ela não tinha namorado. Nem um dos dois estava interessado num relaciona-mento sério, mas se curtiam e ficavam,

afinal, não havia mal nenhum nisso.O que Marina não esperava era ficar

grávida num desses encontros. Igor já nasceu num ambiente de discórdia. A família do pai, muito religiosa, não aceitou a gravidez de Marina e só co-nheceu a criança quando ela tinha cin-co meses. Pedro, apaixonado pelo filho, propôs a Marina que morassem juntos. Quando o bebê completou dois anos, a família deixou São Paulo para acom-panhar Pedro, que havia sido aprovado

MEDIAÇÃOProgramas do TJGO buscam a solução para os litígios com o foco na recomposição familiar.

PROGRAMA DESENVOLVIDO PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE GOIÁS, EM PARCERIA COM A CLÍNICA DE PSICOLOGIA DA PUC-GO, AJUDA CASAIS SEPARADOS A ADOTAR POSTURA QUE REDUZA OS DANOS AOS FILHOS

TJ DE GOIÁS APROXIMA FAMÍLIAS COM

JUSTIÇA EDUCATIVA

PELOS TRIBUNAIS

FOTOS: ALINE CAETANO

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MODELOVannúzia Leal, psicóloga, apresentou a plataforma teórica para o projeto Justiça Educativa para Pais.

num concurso em Goiânia.Marina, que não conseguia se enten-

der com a família de Pedro, achou que, enfim, sua vida tomaria um bom rumo, já que morariam longe dos parentes do companheiro. Mas, aqui o casal não conhecia ninguém, viviam o que ela chamou de “solidão a três”. Entre muitas brigas e desentendimentos, Pe-dro viveu um affair com uma colega de trabalho e, entre e vindas, resolveu se separar de Marina.

Se o relacionamento não era bom, com a separação ficou pior. Não havia en-tendimento sobre o destino do menino. Cada um refez sua vida. Pedro casou-se com a colega de trabalho e Marina teve um relacionamento que resultou em dois outros filhos. Mas, o diálogo com o ex-companheiro nunca engrenou.

Eles têm visões diferentes sobre a educação de Igor e até a polícia já foi chamada para solucionar questões simples, como onde o menino ia dor-mir. O pai quer a guarda do filho, mas a mãe não abre mão dele. Na Justiça, o processo foi recheado com fotos de Ma-rina no Carnaval e outras apelações para comprometer sua moral. Numa conci-liação, foi decidido que a guarda de Igor seria compartilhada. Mas, sem diálogo, o acordo desmoronou rápido demais.

Eles passaram por um processo de mediação e por mais uma conciliação, mas ainda assim, a Justiça foi novamen-te acionada sob a alegação de que eles não cumpriam o acordo. Tudo começa-va de novo, até que a juíza Sirley Mar-tins da Costa, da 1ª Vara de Família da comarca de Goiânia, pronunciou a frase que alterou a vida da família.

A Justiça não pode resolver isso. Esse pro-blema tem de ser solucionado por vocês.

A magistrada, então, os encaminhou para um projeto inédito no Brasil, cha-mado Justiça Educativa Para Pais que, em parceria com a Clínica de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), faz uma abordagem terapêutica para ajudar casais separados e com filhos a adotar uma outra postura

após a separação e, com isso, reduzir os danos causados aos envolvidos no processo, principalmente os filhos.

“Nessas questões de família, uma sentença muitas vezes não resolve. Não adianta impor regras porque se o problema emocional não estiver re-solvido, elas não serão cumpridas. É um mito achar que a Justiça resolve tudo”, explicou a juíza. A ideia do projeto surgiu com a sugestão da pe-rita judicial Gisele Bastos, que propôs a criação de um grupo de debates para ver se os próprios casais encontravam alternativas para um relacionamento mais sadio e sem tantos danos para os filhos.

Depois de nove meses gestando a melhor maneira de fazer isso, a juí-za e assistente encontraram guarita na pesquisa Produções Subjetivas de Famílias em Litígio Pela Guarda dos Filhos, desenvolvida pela psicóloga Vannúzia Leal, e que serve como mo-delo teórico para o projeto.

Funcionando desde agosto, o projeto já atendeu 35 pessoas.

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Encaminhados pela juíza, os par ti-cipantes são divididos em grupos e passam por cinco ou seis sessões com mestrandas em psicologia e psi-cólogos voluntários. Atualmente, dez pessoas estão no grupo, entre elas Marina e Pedro.

“Há uma tendência das pessoas tenta-rem atribuir ao outro a responsabilida-de. A culpa é do outro. É por isso que o nome do programa é Justiça Educativa. Porque educamos para que as pessoas sejam justas com elas mesmas e com os outros. E isso não é fácil por causa do conceito de externalidade. Está tudo fora de mim”, explica Vannúzia Leal.

Segundo a psicóloga, um dos traba-lhos mais importantes é a desconstru-

ção, porque os casais já chegam se rotulando. “As pessoas chegam, sem perceber, falando a partir das repre-sentações sociais que se tem do ca-samento, divórcio, litígio e gênero. Aqui, com o diálogo, a ref lexão, se defrontam com o que elas são e deixam as representações sociais e trazem o sentido subjetivo que pro-duziram do casamento, do divórcio, da guarda e até um do outro”, ob-servou.

Para a psicóloga Luciene Muniz Mo-ols, que trabalha como voluntária no programa, no fim das cinco sessões já pode ser observada uma mudança de comportamento nos participantes. “Eles conseguem fazer uma reflexão

APOIOPsicólogos voluntários e mestrandos de Psicologia participam das sessões que buscam solucionar impasses familiares.

FOTOS: ALINE CAETANO

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sobre a própria posição deles diante des-se litígio e diante dos filhos. As crianças não estão sendo vistas em primeira ins-tância e no entanto é por isso que eles estão em confl ito”, ressaltou.

DIVÓRCIOS AUMENTAMDe acordo com o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) em 2011, o Brasil registrou a maior taxa de divórcios desde 1984, chegando a 351.153, um crescimento de 45,6% em relação a 2010, quando foram registra-dos 243.224. De acordo com o IBGE, o aumento do número de divórcios ocorreu devido à aprovação da Emen-da Constitucional nº 66, que eliminou os prazos para o divórcio ao extinguir o instituto da separação judicial, evitando os longos processos em que se buscava quem era o culpado pelo fim do casa-mento.

Verificou-se, também, que as mulheres ainda são a maioria na responsabilida-de pela guarda dos filhos. Entretanto, houve um aumento de 5,4% na guarda compartilhada, que representa mais que o dobro do verificado em 2001.

Diante desse número altíssimo de di-vórcios que impacta diretamente as va-ras de Família, principalmente no que diz respeito a guarda dos filhos, o foco do programa é tratar a família como um todo, mesmo separada.

“Se as pessoas se divorciarem e enten-derem que elas podem, cada uma, refa-zer a sua vida, mas preservar seu papel de pai e de mãe e a relação com os filhos, nós vamos ter uma sociedade – suponho – melhor. Mas, se os ex-casais não con-seguirem fazer isso, minha pergunta é: como vai ser essa sociedade no futuro?”, questionou ela, para quem o projeto in-veste no desenvolvimento humano.

MEDOCom o divórcio e todas as suas im-

plicações, muitos casais não percebem o impacto desse processo nas crianças, sobretudo. Na pesquisa desenvolvida

“Olho para as meninas e me coloco no lugar delas”

A história de Ana Ma-ria, de 37 anos, foi mar-cada por abuso sexual, al-coolismo e violência. Ela conheceu seu ex-marido, Jorge, num grupo de apoio em que ele tratava do vício na bebida e ela buscava ajuda para supe-rar uma violência sexual. Seis meses depois, esta-vam morando juntos e apostando num futuro de paz. No entanto, a bebida impediu que os sonhos do casal se realizassem.

Ana sentiu a união se desmoronar quando fal-tava uma semana para dar a luz à sua primeira filha. Jorge saiu e bebeu tanto que não conseguia entrar com o carro na ga-ragem. Quando a menina completou um ano e três meses, Ana, cansada da rotina do alcoolismo, de-cidiu se separar, mas des-cobriu que estava grávida de novo. Resolveu tentar.

Carlos não aceitava a doença e argumentava que bebia apenas social-mente. Mas, numa via-gem feita em abril desse ano, ele, bêbado e com ciúmes, bateu nela. “Sen-ti uma vontade real de matá-lo e jurei que ele nunca mais tocaria em mim”, relatou.

Eles moravam em Bra-sília e, com a separação,

Carlos disse que paga-ria aluguel para ela e as filhas em Goiânia, mas não cumpriu o acordo, obrigando-a a voltar a morar com a mãe. Carlos entrou na Justiça pleite-ando a guarda das filhas e a agredia verbalmente sempre que tinham de solucionar algo relacio-nado às crianças.

“As meninas sofriam. Iam para Brasília com o pai e me pergunta-vam se eu ia ficar triste. Também estavam muito agressivas com a avó”, contou Ana.

Com a indicação das sessões do Programa Jus-tiça Educativa para Pais, a situação melhorou. Ana está quarta sessão e já sente os progressos. O ex-marido ainda não fala com ela, mas Ana já se sente pronta para ligar para ele e conversar. Ela quer tentar pegar pelo me-nos alguns dos móveis que compraram juntos. Além disso, Ana sente que as crianças já agem de manei-ra mais colaborativa e res-peitosa com a avó.

“Quero tirar o máxi-mo de sofrimento que as minhas fi lhas possam ter. Quero que entendam que ninguém perdeu ninguém. Só não moramos mais sob o mesmo teto”, disse.

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“É uma lição de vida conhecer a história de outras pessoas e poder aprender com elas”

Com olhar parado, Clara pa-rece não acreditar na própria história. Funcionária pública, ela era vizinha do motorista Elton. A relação dos dois co-meçou na infância, quando eles tinham por volta de seis anos. O casamento foi uma escolha natural e foi realizado cedo, aos 23 anos. A vida ia bem, mas por conta do estresse no trabalho, Elton teve síndrome do pânico e os problemas começaram. Ele fi cou mais de um ano e meio sem trabalhar e começou a fa-zer amizades com mulheres em redes sociais. Clara sustentava a casa e lamentava a postura do marido até que um dia, ele disse que eles mudariam da casa onde viviam para um apartamento.

A mãe dele alugou um cami-

nhão, mas apenas as coisas que clara tinha comprado foram levadas para o apartamento. Assim que a instalou no local, avisou a Clara que queria se se-parar. “Era uma vida difícil. Ele tinha um distúrbio fi nanceiro. Fazia empréstimos, que eu qui-tava com outros empréstimos consignados. Isso minou nossa relação. Não temos bens, ape-nas dívidas”, contou.

Mas, o golpe maior para Cla-ra foi a concessão da guarda dos fi lhos, de 8 e 9 anos, para o ex-marido. Apesar de se sentir traída, Clara, com a participa-ção no programa Justiça Edu-cativa para Pais, garante que a comunicação melhorou muito. “Por exemplo, ele deu celulares de presente para as crianças e

eu observei que elas fi cam nas redes sociais e o quanto isso é perigoso. Ele está de acordo comigo e me disse que se arre-pendeu de não ter optado por um videogame”, relatou.

Para ela, isso é grande pro-gresso, principalmente, por-que Elton não deixava sequer os filhos ficarem com ela nos finais de semana. Segundo ela, os meninos estavam aba-tidos, com rendimento escolar comprometido e sem querer ir para a escola. Hoje, eles es-tão melhores e já podem ficar com a mãe. “É uma lição de vida ouvir o relato de outras pessoas e como elas coinci-dem com a nossa própria e perceber o quanto podemos aprender com elas”, disse.

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por Vannúzia, de caráter internacional e que embasou o Programa Justiça Edu-cativa para Pais, ficou constatado que a emoção mais produzida pelas crianças nesses casos, era o medo.

“É perceptível a fragilidade. Não só das crianças, mas também dos adultos, porque eles não sabem como vai ser a vida. E nes-sa fragilidade, eles tentam outros relacio-namentos e, de novo, não dá certo porque eles não estão seguros”, afi rmou. “De re-pente, a criança produz uma emoção que a impede de fazer muitas coisas, mesmo sem perceber”, avaliou.

Para a psicóloga, como as pessoas não são capazes de lidar como essa emoção, vai expressá-la de uma maneira negati-va, como agressividade ou agitação. “As sessões fornecem instrumentos para que a família lidar com isso. É mais fácil para as pessoas deixar o sujeito desa-parecer e transferir a responsabilidade para o juiz. Mas, isso não resolve o pro-blema”, pontuou.

JANELA“Se as pessoas se divorciarem e enten-

derem que elas podem, cada uma, refazer a sua vida, mas preservar seu papel de pai e de mãe e a relação com os fi lhos, nós va-mos ter uma sociedade – suponho – me-lhor. Mas, se os ex-casais não consegui-rem fazer isso, minha pergunta é: como vai ser essa sociedade no futuro?”

INTENÇÃO É INCLUIR ADVOGADOS

Com a intenção de aprimorar ainda mais o Justiça Educativa para Pais, a ideia agora é incluir os advogados das partes nas sessões. Isso porque, de acor-do com o relato de alguns participantes, eles são insuflados por esses profissio-nais a insistirem em situações e posturas que não ajudam na resolução do litígio.

“Queremos ajudar o Direito a am-pliar sua própria visão”, afirmou Van-núzia Leal, para quem emerge dos gru-pos essa atitude dos advogados. Além disso, considerando a constituição das

famílias, tios, avós e outros envolvi-dos no litígio poderão participar dos grupos.

“É muito gratificante. Em pouco tempo, percebemos um resultado muito positivo com o programa”, disse a mestranda em psicologia, Si-mone Sara Batista. “Vamos perceben-do o processo de reflexão feito pelos participantes e como eles mudam em tão pouco tempo”, complementou Alline Santos Teixeira, psicóloga in-tegrante do projeto.

* Por Aline Leonardo. Todos os no-mes foram alterados para preservar a privacidade dos personagens.

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VARAS DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE FORTALEZA TORNAM MAIS CÉLERES AS ANÁLISES DOS CASOS DE ADOÇÃO. MUDANÇA CONSTA EM RESOLUÇÃO APROVADA PELO PLENO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ.

ESPECIALIZAÇÃO GARANTEPROCESSOS MAIS ÁGEIS

A especialização das cinco Varas da In-fância e da Juventude da Comarca de For-taleza tem permitido maior agilidade nos processos, principalmente de adoção. A mudança consta em resolução aprovada pelo Pleno do Tribunal de Justiça do Cea-rá (TJCE), no dia 9 de maio deste ano, que também instituiu os plantões judiciários nessas unidades.

A 1ª, 2ª e 4ª Varas passaram a ter com-petência privativa e exclusiva para processar e julgar atos infracionais, além de aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações às normas de proteção da criança ou do adolescente. A 3ª fi cou responsável pelo julgamento dos processos cíveis, como pedidos de guarda e tutela, ações de desti-

tuição do poder familiar, requerimentos de adoção e irregularidades em entidades de acolhimento.

A 5ª unidade realiza, de forma privativa e exclusiva, o atendimento inicial do adoles-cente a quem se atribua ato infracional, exe-cuta as medidas socioeducativas e apura irre-gularidades em entidades que atendem jovens privados de liberdade ou em semiliberdade.

A alteração teve início no dia 2 de junho. Segundo estatística da 3ª Vara da Infância e da Juventude, entre os dias 11 de julho e 14 de agosto foram entregues 28 man-dados de inscrição de sentença de adoção, documento necessário para que o cartó-rio forneça novos registros de nascimento para as crianças.

VARASComarca de Fortaleza avança na atenção às normas de proteção da criança e do adolescente.

PELOS TRIBUNAIS

FOTOS: TJCE / DIVULGAÇÃO

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CNJ destaca projeto da Vara de Penas Alternativas

O projeto Grupos Refl exivos para Cum-pridores de Penas Alternativas e Autores de Violência Contra a Mulher, desenvol-vido pelo Poder Judiciário cearense, foi escolhido uma das quatro melhores práti-cas adotadas pelos tribunais brasileiros na aplicação de penas alternativas. O anúncio ocorreu durante o Fórum Nacional de Alternativas Penais (Fonape), promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O evento foi realizado em São Luís (MA), nos dias 7 e 8 de agosto. As demais iniciativas destacadas vieram dos tribunais de Justiça de Pernambuco, Maranhão e Amazonas. Elas foram selecionadas entre as 14 inscritas no CNJ, de todas as regiões do país.

A juíza Maria das Graças Almeida de Quental, titular da Vara de Penas Alterna-tivas da Comarca de Fortaleza, participou como palestrante do Fonape. A magistrada é responsável pelo projeto, que desenvolve atividades socioeducativas e refl exivas com cumpridores de penas e medidas alternativas, além de infratores da Lei Maria da Penha.

RESSOCIALIZAÇÃOOs encontros ocorrem a cada 15 dias,

no Fórum Clóvis Beviláqua, em parceria com a Pastoral Carcerária do Ceará. A participação dos assistidos da pena alter-nativa se dá por meio de decisão judicial, e as horas são computadas no cumprimen-to da pena. Já os autores de violência con-tra a mulher têm sua situação informada ao Juizado da Mulher mensalmente.

O objetivo é sensibilizar os participan-tes sobre os danos causados pelos delitos cometidos, por meio de refl exões sobre fatores que levam à prática criminosa. São utilizadas dinâmicas, vídeos e debates com temas atuais.

A partir das experiências dos apenados, o projeto previne e estimula o rompimen-

to da violência, auxiliando na diminuição dos casos de reincidência criminal e de violência contra a mulher. Dados da Vara de Execuções de Penas Alternativas do Ceará apontam que 80% dos atendidos no projeto não reincidem no crime.

MÉRITOGrupos Refl exivos para Cumpridores de Penas Alternativas mereceram destaque nacional

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JUIZADOS ESPECIAIS DE FORTALEZA GANHAM AGILIDADE E TRANSPARÊNCIA, ALÉM DA REDUÇÃO DE CUSTOS, COM A INFORMATIZAÇÃO. TECNOLOGIA GARANTE

MAIS AUTONOMIA, AFIRMA O DES. LUIZ GERARDO DE PONTES BRÍGIDO.

TJCE IMPLANTA SISTEMAJUDICIAL ELETRÔNICO

O Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) concluiu a implantação do Processo Judicial Eletrônico (PJe) nos 24 Juizados Especiais Cíveis e Criminais (JECCs) da Capital no dia 8 de agosto. O sistema proporciona mais agilidade na tramitação de processos, transparência e redução de custos para o Judiciário.

A expectativa, de acordo com o presidente do TJCE, desembargador Luiz Gerardo de Pontes Brígido, é que, com o novo sistema, o Judiciário tenha domínio de tecnologia de qualidade com mais autonomia.

O gerente de projeto da Secretaria de Tec-nologia da Informação (Setin) do Tribunal, Welkey Carmo, informou que foram ministra-das 280 horas de treinamentos para capacitar 157 servidores dos Juizados que utilizarão a

ferramenta. “Também abrimos nove turmas para capacitar funcionários de instituições par-ceiras da Justiça, como a Ordem dos Advoga-dos do Brasil – Seccional do Ceará, Ministério Público e Defensoria Pública”.

INTERIORA Setin iniciou a implantação do PJe nos

Juizados Especiais Cíveis e Criminais de Aquiraz, Maracanaú e Caucaia. Depois, o grupo seguirá para as comarcas de Itapipo-ca, Aracati, Iguatu, Crateús, Baturité, Crato, Juazeiro do Norte, Quixadá, Senador Pom-peu, Sobral, Tauá, Tianguá, Icó e Lavras da Mangabeira. O cronograma foi estabelecido na Resolução nº 11/2014 do Órgão Espe-cial do TJCE, publicada no Diário da Justiça eletrônico em 19 de agosto.

O secretário de Tecnologia do Tribunal,

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INFORMATIZAÇÃOProcesso Judicial Eletrônico já chegou aos 24 Juizados da capital cearense

Moacir Medeiros, informou que o trabalho será concluído no próximo dia 7 de novem-bro. “Até lá teremos cumprido a meta esta-belecida na Resolução nº 185/2013 do Con-selho Nacional de Justiça para este ano, que

recomenda implantar o sistema em 10% das unidades do Poder Judiciário”.

Em maio deste ano, o PJe já havia sido implantado nas seis Turmas Recursais do Fórum Professor Dolor Barreira.

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CORTE CRIADA EM 1609, O TJ DA BAHIA RECEBE O 100º ENCONTRO DO COLÉGIO DE PRESIDENTES COMO SINÔNIMO DE EFICIÊNCIA E MODERNIDADE EM 237 COMARCAS ESPALHADAS POR TODO O ESTADO

A mais antiga Corte brasileira, criada em 1609, o Tribunal de Justiça da Bahia foi escolhido para sediar o 100º Encontro do Colégio de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil. O TJBA tem hoje um total de 589 juízes; 220 deles em Salvador, mais de 9 mil servidores em 237 comarcas espalhadas por todas as regiões do Esta-do. O presidente do Tribunal de Justiça do

Estado da Bahia, desembargador Eserval Rocha, defende o princípio de absoluta transparência ao “instituir o princípio de legalidade” numa das maiores cortes do país. O presidente destaca, entre as princi-pais ações, os números de revisão de cálcu-los das dívidas públicas.

Um total de 827 milhões de reais de eco-nomia é o valor total da redução destes

TRIBUNAL MAIS ANTIGO SEDIA

0 100º ENCONTROESTILONova sede do TJ da Bahia, em Salvador, tem arquitetura moderna e funcional.

PELOS TRIBUNAIS

TJBA / DIVULGAÇÃO

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créditos, chamados ‘preca-tórios’ no jargão jurídico.

O juiz Gilberto Bahia, co-ordenador do Núcleo Auxi-liar de Conciliação de Preca-tórios, é o responsável pelo trabalho de revisar o cálculo das dívidas.

O Núcleo passou por uma total reestruturação com o afastamento de par-te dos antigos servidores e incorporação ao quadro de novos funcionários, capa-citados para desenvolver as atividades de forma segura e transparente.

Foram criados quatro se-tores internos: gestão de cartório, setor de cálculos, gestão das contas e assesso-ria jurídica.

Os procedimentos incluí-ram a depuração do sistema informatizado de cálculos

do Tribunal de Justiça, bem como novos cálculos de to-dos os Precatórios e das Re-quisições de Pequeno Valor (RPV).

Houve uma atenção espe-cial aos precatórios inspecio-nados pelo Conselho Nacio-nal de Justiça, o que gerou uma redução de exatos R$ 827.874.973,85. “Com mais 500 cálculos a serem revisa-dos, o número deve passar de um bilhão de reais”, disse o juiz Gilberto Bahia.

O relatório de inspeção sobre as atividades desen-volvidas pelo Núcleo foi integralmente acolhido pela Corregedoria Nacional de Justiça.

“O recálculo e a verifi ca-ção da correta instrução do processo ocorrem antes de qualquer pagamento, o que,

por si só, garante a seguran-ça na transferência dos va-lores”, diz um trecho do re-latório, produzido pelo juiz José Luiz Lindote, auxiliar da Corregedoria Nacional de Justiça.

Em atenção à Resolução nº 115/2010 do CNJ, as in-formações do Núcleo pas-saram a ser encaminhadas regularmente ao Conselho, além de encaminhar todos os dados para a auditoria permanente do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Também houve uma redu-ção de custos de aproxima-damente R$ 7 milhões nos meses de fevereiro, março e abril nos setores administra-tivo e de tecnologia, além da redução do número de diárias.

Entre outras medidas, o

TRADIÇÃOPrédio histórico do TJBA: arquitetura preservada como patrimônio cultural.

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tribunal evitou os excessos de gastos com a biblioteca, bloqueou 90 linhas de telefone móvel e suspendeu a com-pra de 8 mil latas de leite por mês.

Também foram cancelados contra-tos com base no princípio de efi ciên-cia da gestão pública, ainda durante o exercício do desembargador na Presidência do Tribunal, nos meses de novembro e dezembro de 2013 e janeiro de 2014. “Não renovamos ticket-refeição porque o servidor já recebe ajuda de auxílio-alimentação no contra-cheque”, explicou o presi-dente Eserval Rocha.

A redução de custo, ao evitar a dupli-cidade do auxílio-alimentação, chega a 8,6 milhões, somando-se 7 milhões de reais do Tribunal e 1,6 milhão da Cor-regedoria Geral da Justiça.

O desembargador também anun-ciou o resultado dos decretos publi-cados no período, que tratavam so-bre o ajuste de dados funcionais. Um total de 25 servidores foi desligado: oito exonerados por terem sido iden-tifi cadas relações de parentesco com servidores ou magistrados, e outros 17 exonerados por não terem declara-do, por meio de documento solicita-do pela Presidência, se havia relação com parentes no Tribunal.

Os decretos também atingiram os estagiários. Os contratos de 35 estu-dantes foram rescindidos, enquanto outros 46 não declararam a relação de parentesco.

Outra conquista apontada foi a de-cisão do Supremo Tribunal Federal (STF): os assessores de desembarga-dor do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia não podem acumular grati-fi cação por Condições Especiais de Trabalho (CET) e Adicional de Fun-ção Incorporada (AFI).

JUIZADOSEntre os avanços registrados pelo

presidente, além de toda a mudança de

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cultura administrativa, com base nos princípios de efi ciência e legalidade, está o apoio aos Juizados Especiais.

Coordenados pela juíza Luciana Setúbal, as unidades vão funcionar em um só prédio, situado na Avenida Paralela. “O investimento é resultado da contenção de despesas e utilização efi ciente dos recursos públicos”, disse. A magistrada também destacou o tra-balho de reorganização, com o retorno de servidores às unidades.

O juiz Oséias Costa de Sousa, as-sessor especial da Presidência, falou sobre os editais publicados que pro-movem a movimentação na carreira de magistrados.

Entre as comarcas benefi ciadas, es-tão as de Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Salvador, Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista, além da transferência de um desembargador para 5ª Câmara Cível, indicação de um juiz de Direito, para a vaga de juiz substituto do Tribunal Regional Eleito-ral e a escolha de cinco juízes de Direi-to para substituírem desembargadores, nos termos do artigo 39 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça.

Além das movimentações, foram criadas nesta gestão, e já estão em funcionamento, as seguintes varas: 11ª e 13ª Varas da Fazenda Pública e 18ª Vara Criminal, denominada Vara do Torcedor e Grandes Eventos, to-das na Comarca de Salvador.

O juiz Anderson de Souza Bastos, assessor especial da Presidência, é responsável pelas ações do Mutirão Carcerário e as atividades do Tribu-nal de Justiça em prol do Pacto pela Vida, programa desenvolvido com diversos órgãos da administração pú-blica para diminuir a crescente.

O magistrado lembrou, também, a importância do fortalecimento do trabalho desenvolvido na Vara do Torcedor e de Grandes Eventos, o Juizado do Aeroporto e a Vara da In-fância e da Juventude.

HISTÓRIAPrimeiro Tribunal de Justiça do Brasil, o TJ da Bahia atravessou 400 anos como referência judiciária.

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SALVADORA COLORIDA E SABOROSA CAPITAL BAIANA REÚNE

ENCANTOS QUE RETRATAM AS BELEZAS HISTÓRICAS E NATURAIS

CARACTERÍSTICAS DA DIVERSIDADE E ALEGRIA BRASILEIRAS

Em Salvador, a quente e colorida capital da Bahia, é difícil saber se o ritmo é ditado pelos tambores ou pelas panelas, de onde saem vários dos pratos mais deliciosos da culi-nária brasileira. Salvador é sinôni-mo de história, festa, gastronomia e de uma maneira de viver única. A primeira capital do Brasil, ponto de chegada dos navegadores portugue-

ses, é recheada de atrações, da Cida-de Baixa à Cidade Alta, do Pelouri-nho ao Farol da Barra.

Fundada em 1549, a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos tem atualmente mais de 2,6 milhões de habitantes, espalhados por uma cidade surpreendente a cada esquina, e que se renova a cada onda que quebra na praia.

O BRASIL QUE BRILHA EM

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TURISMOElevador Lacerda, (acima), Igreja do Senhor do Bonfi m e Praia do Forte: atrações da cidade.

Todo passeio pela cidade dos soteropo-litanos começa ou termina no Pelourinho, com seus casarões antigos, igrejas, museus e uma infi nidade de lojas de venda de ar-tesanato. Como não é permitido o tráfego de veículos pelas ladeiras históricas, o jeito é tomar fôlego para subir e descer as ruas, e não deixar escapar nenhum detalhe. De repente, os tambores do Olodum podem soar, anunciando mais uma efervescência cultural. E entre as dezenas de baianas sor-ridentes e cantantes, apetitosos acarajés e abarás, apimentados ou não, podem seduzir os mais diversos paladares.

Pioneirismo e tradição - O Farol da Bar-ra, instalado no Forte de Santo Antônio da Barra, o primeiro a ser construído no Bra-sil, em 1534, é outra parada obrigatória. Foi na Barra que o navegador Américo Vespú-cio viu toda a beleza da Baía de Todos os Santos, um ano após o descobrimento do Brasil. Na edifi cação não pode faltar uma visita ao Museu Náutico da Bahia. Assim como é imprescindível ver de perto a Igre-ja do Senhor do Bonfi m, a mais conhecida da cidade, cujas escadarias são lavadas com água perfumada pelas baianas vestidas de branco. A fachada é revestida de azulejos portugueses, seu interior tem uma decora-ção neoclássica, e no teto da nave há uma mostra do talento do pintor Franco Velasco . Ao redor da igreja, construída na Colina Sagrada, no século XVIII, a tradição manda amarrar uma fi tinha do Senhor do Bonfi m, e encaminhar ao Santo seus pedidos.

Outra atração do roteiro religioso, na cidade com o maior número de igrejas do País, é a Igreja e Convento de São Francis-co, uma obra do período barroco, cujo in-terior é todo decorado em ouro. O morro do Cristo, próximo à praia da Barra, tam-bém é um bom convite à refl exão e ao relaxamento.

No caminho entre a Cidade Alta e a Ci-dade Baixa está o famoso Elevador Lacer-da, na Praça Cairu, construído com peças em aço vindas da Inglaterra, e projetado pelo engenheiro Augusto Frederico de

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DIVERSIDADENo Pelourinho, a tradição que se mistura à variedade de cores e ritmos encanta os turistas.

Lacerda. Foi inaugurado em 1873, com a denominação de Elevador Hidráulico da Conceição da Praia. Acabou batizado pelo povo de “Elevador Parafuso”, e só em 1896 ganhou o nome atual. Com uma bela vista da Baía de Todos os Santos, em dezembro de 2006 foi tombado pelo Ins-tituto do Patrimônio Artístico Nacional (Iphan).

Pelo Elevador Lacerda se chega ao Mer-cado Modelo, outro cartão postal da cidade, que abre as portas para as compras, prin-cipalmente das “lembrancinhas” da Bahia, bem recebidas de norte a sul do Brasil.

NATUREZASalvador também é cheia de recantos e

encantos naturais, como a praia de Itapoã,

imortalizada pelo talento de Vinícius de Moraes e Toquinho. O nome da praia vem do Tupi Guarani, e signifi ca “pedra que ronca”. Nela fi ca outro pedaço da Bahia levado para o mundo nas canções de Dorival Caymmi, a Lagoa do Abaeté, de águas escuras, cercadas pela brancura da areia e pelo verde dos coqueiros.

Na Cidade Baixa, a Ponta do Humai-tá é outro cenário natural, que oferece uma visão única da cidade de Salvador e da Ilha de Itaparica. Na Ponta do Humaitá, assim como no restante da cidade, o sol se põe com mais poesia, beleza e encantamento. Afinal, o es-petáculo acontece no cenário mágico da capital de Todos os Santos, e de to-dos os brasileiros.

DIVULGAÇÃO

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TRIBUNAL DO MATO GROSSO INVESTE EM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA GARANTIR AGILIDADE NO TRÂMITE DE PROCESSOS JUDICIAIS E NAS LIDES ADMINISTRATIVAS

Buscar uma Justiça mais célere e efi ciente é uma meta estabelecida por todas as Cor-tes do País. O Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJMT) se juntou nos últimos qua-tro anos a esse esforço nacional, colocando em prática um Planejamento Estratégico para o período 2010-2014, em atendimento à Resolução nº 70, que determina a implan-tação e a formalização do planejamento es-

tratégico em todos os Tribunais de Justiça do Brasil. Sob a presidência do desembar-gador Orlando de Almeida Perri, o TJ de Mato Grosso quer melhorar não apenas o trâmite judicial, mas também o administra-tivo, investindo em processos que garantam a efi ciência na gestão dos custos operacio-nais e a melhoria das condições de trabalho para servidores e magistrados.

ESFORÇO EM PROL DA

EFICIÊNCIATJMTCorte do Mato Grosso investe em gestão para atender às demandas judiciais.

PELOS TRIBUNAIS

TJMT / DIVULGAÇÃO

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SAÚDEProjeto Bem Viver organiza caminhadas para estimular práticas saudáveis.

Com a missão de ser reconhecido pela so-ciedade como instrumento efetivo de Justi-ça, equidade e paz social, o Tribunal do Mato Grosso investe na efi ciência operacional, no acesso ao sistema de Justiça, na responsabili-dade social e ambiental, no alinhamento e in-tegração, na atuação institucional, na gestão de pessoas, e na infraestrutura e tecnologia.

Os 55 projetos constantes do Planeja-mento Estratégico foram reunidos em 20 projetos corporativos – Capacitação Perma-nente de Servidores e Magistrados; Revisão, Aplicação e Acompanhamento do SDCR; Bem Viver; Implementação da Matriz de Competência; plantação da Política de Paga-mento dos Passivos Trabalhistas; Realização de Concurso Público para Servidores e Ma-gistrados; Implantação da Unidade de Ge-renciamento de Projetos; Redefi nição das Rotinas de Trabalho nas Unidades Adminis-trativas; Implantação do Processo Judicial Eletrônico; Integração dos Sistemas Infor-matizados das Áreas Judiciária e Administra-tiva; Implantação do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Con-fl itos; Inclusão Digital; Redução da Taxa de Congestionamento de Processos; Reestru-turação da 1ª e 2ª Instâncias; Reestruturação do Sistema Judicial de Mato Grosso; Manu-tenção das Ações de Informática; Manuten-ção dos Serviços Administrativos Gerais; Manutenção dos Serviços de Transporte; Publicidade e Propaganda Institucional e Pagamento de Pessoal e Encargos Sociais.

Com o Planejamento Estratégico, o Tri-bunal de Justiça de Mato Grosso quer racio-nalizar os recursos disponíveis, nos processo de aquisição e uso de materiais, bens e servi-ços, e com a distribuição correta da força de trabalho. Dessa forma, a gestão investe na efi ciência operacional e na arrecadação de receitas, e também na redução dos consu-mos de água, energia elétrica e papel.

PROJETOSAlguns projetos mereceram destaque

dentro do Planejamento Estratégico, entre

os quais a Implantação da Unidade de Ge-renciamento de Projetos, em 2012, que re-sultou na criação do escritório de projetos, responsável pela metodologia de gestão de projeto do Judiciário estadual. O escritório cuida da documentação necessária à im-plantação de projetos, como formulários e manuais de implantação e operação, e da ferramenta de gerenciamento de projetos, o APMS (Allen Project management So-lution), adquirido para apoiar as ações do escritório no processo de atualização dos cronogramas de projetos.

O projeto pretende ampliar a efi ciência na gestão dos custos operacionais, integrar os três Poderes, as instituições, entidades e organizações sociais, investir na melho-ria da comunicação externa, e garantir os recursos orçamentários para as ações do Tribunal.

A criação da matriz de competência do Judiciário tem por objetivo agilizar a tra-mitação de processo nas áreas judicial e administrativa, a fi m de atender os interes-ses da gestão, dos servidores, magistrados e da sociedade em geral.

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SUSTENTABILIDADESituado em um dos ecossistemas mais

bonitos e importantes do planeta, o Pan-tanal, o TJ de Mato Grosso adota projetos de responsabilidade social e ambiental, para contribuir com práticas sustentáveis vol-tadas à educação socioambiental, como o Programa Cidadania.

Na área de gestão de pessoas, o Tribu-nal investe na valorização, na motivação e no comprometimento de magistrados e servidores. O projeto oferece benefícios e garante remuneração adequada a magis-trados e servidores, visando a melhoria da qualidade de vida. Entre as iniciativas estão a revisão da política de remuneração, a implementação do Programa de qualidade de vida e desenvolvimento social, gestão do SDCR e o plano de gestão do quatro da magistratura.

Para melhorar a infraestrutura na área de tecnologia, tornando-a adequada ao traba-lho diário, o TJ apura os índices de unida-des com segurança armada e/ou eletrônica, de satisfação com as instalações físicas e de

condições de trabalho. O planejamento nessa área também visa garantir sistemas de tecnologia de informação e comunica-ção para atender às ações estratégicas.

ÍNDICESO Planejamento Estratégico também

inclui a medição de vários índices, com metas a serem alcançadas até 2014, como o índice de confi ança no Poder Judiciário, que deve chegar a 70%; a taxa de conges-tionamento (conhecimento), com redução prevista na taxa média de 50%; de produ-tividade do magistrado, com percentual de crescimento de 15%; de atendimento à demanda, cuja meta é aumentar em 8%; agilidade no julgamento, com crescimen-to de 20% nos processos fi nalizados em até um ano, por instância, do protocolo à sentença (conhecimento) e do trânsito em julgado à baixa (execução) ; agilidade na tramitação dos processos de aquisição de bens e serviços, que até o fi nal do ano deve chegar a 90%; índice de efi ciência operacional, cuja meta era diminuir para

PRESIDENTEDesembargador Orlando de Almeida Perri em evento no TJMT: ações para melhorar as condições de trabalho.

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R$ 800,00 o valor da despesa por processo; acesso à justiça, para aumentar em até 67% o número de municípios atendidos, ampliando a oferta dos serviços; produtividade do magis-trado, com aumento de 15%, e o índice de su-cesso na execução dos projetos estratégicos, que deve chegar a 90%.

PLANOSO Planejamento contempla ainda vários

planos de trabalho, como o Plano de Capa-citação Permanente, destinado a ampliar a política de capacitação permanente da 1ª e da 2ª instância, a fi m de qualifi car os servi-dores de carreira e magistrados quanto aos conhecimentos necessários para a realização do trabalho, principalmente em gestão ad-ministrativa, tecnologia de informação e ro-tina de trabalho, com a participação de repre-sentantes de entidades de classe na elaboração da política de capacitação, e também ampliar o ensino a distância nos cursos ministrados pela escola dos servidores.

Também há o Plano de Comunicação, que disponibiliza todo mês, por meio eletrônico, o cumprimento das metas do Planejamento Estratégico, e estabelecer a estratégia de co-municação, divulgando o plano entre todas as unidades judiciárias e administrativas.

No Plano de Gestão da Estratégia, volta-do aos servidores de carreira e magistrados, o objetivo é buscar a efi ciência na gestão dos custos operacionais, por meio da melhoria da comunicação interna entre as áreas ju-dicial e administrativa, aplicação dos recursos de acordo com o plano de metas, redução das despesas de custeio, criação do grupo gestor de planejamento estratégico para acompanhar a execução junto com representantes de en-tidades de classe, e realização de todas as metas traçadas.

O Plano de Melhoria das Condições de Trabalho visa adequar o espaço físico dos imóveis, facilitando o acesso e a efi ciência operacional, promovendo a segurança ade-quada dos imóveis e adequar o mobiliário dentro das normas da ergonometria, melho-rando as condições de trabalho dos magis-trados e demais servidores.

AÇÕESProjetos do TJMT: acima, palestra sobre Prática de Gestão de Portfólio. Abaixo, Poder Judiciário na Escola.

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Des. Ricardo de Almeida Neves Corregedor Geral da Justiça do Estado de Pernambuco

As lacunas e o envelhecimento das normas, as contradições entre princí-pios e os conceitos jurídicos indetermi-nados, ao tempo em que tornam exan-gue o positivismo clássico, justificam, em larga medida, a atividade criativa do direito, pelo intérprete-aplicador da norma, no ato de julgar. Tal realidade, se por um lado fortalece a atividade ju-risdicional, pode, por outro ângulo de visada, mutilar a previsibilidade e con-duzir a uma debilitação do grau de se-gurança do direito. Importa reter, para além disso, que a tendência hodierna de se valorizar a celeridade processual não deve levar a subalternizar, como por vezes entre nós se verifica, a impres-cindível maturação da decisão judicial.

Assentes essas premissas, há que se formular a pergunta essencial: nes-se cenário, qual o instrumento capaz de assegurar uma solução judicial que seja, a um só tempo, rápida e segura? Estou certo de que o único caminho suscetível de garantir níveis aceitáveis

de previsibilidade e segurança das de-cisões judiciais é o do fortalecimento do Direito Jurisprudencial. A edição de enunciados vai ao encontro desse anseio, porque eles refletem o pensa-mento do tribunal sobre determinadas questões já reiteradas vezes elucida-das, permitindo que se imprima, bem se percebe, maior rapidez às decisões judiciais, sem descurar a garantia da previsibilidade inerente à segurança dos julgados

O projeto de novo código de pro-cesso civil em tramitação no Congres-so Nacional, atento à importância do binômio rapidez/segurança, empresta especial relevo à força dos preceden-tes, ao estabelecer que os tribunais devam uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, editando os enun-ciados correspondentes à súmula da jurisprudência dominante, na forma e segundo as condições fixadas no regi-mento interno (artigo 508).

Mas mais: também está expresso no

A FORÇA DOS PRECEDENTES

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texto proposto que, para dar efetivi-dade à aludida regra, e aos princípios da legalidade, da segurança jurídica, da duração razoável do processo, da pro-teção da confiança, e da isonomia, os juízes e tribunais deverão seguir: (i) As súmulas vinculantes, as decisões profe-ridas em assunção de competência, em incidente de resolução de demandas re-petitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; (ii) Os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional, do STJ em matéria infraconstitucional e dos tri-bunais aos quais estiverem vinculados. Acresce notar que o projeto ainda dei-xa explicitado que, não havendo enun-ciado de súmula da jurisprudência do-minante, os juízes e tribunais seguirão os precedentes do plenário do tribunal ou do órgão especial respectivo, onde houver, e os dos órgãos fracionários superiores, nesta ordem, sendo ainda interessante sublinhar a possibilidade de o órgão jurisdicional distinguir o caso sob julgamento, mediante argu-mentação racional e justificativa con-vincente, de situação fática distinta ou questão jurídica não examinada, caso em que imporá outra solução jurídica.

Os enunciados, se bem se vir, com a novel redação, deixarão de ser instru-mentos meramente persuasivos - que servem de base apenas para estimular novos julgamentos idênticos sobre a mesma matéria. A proposta de novo código de processo civil, ao contrá-rio, chamando a intervir princípios de magnitude constitucional (tais como os da legalidade, da segurança jurídi-ca, da duração razoável do processo,

“A sociedade

moderna não

mais admite

um Judiciário

moroso,

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apetrechado

para resolver

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levados a

julgamento"

da proteção da confiança, e da isono-mia), empresta força imperativa aos preceitos que versam sobre a unifor-mização e estabilização da jurispru-dência, ao dispor que os juízes e tri-bunais estarão compelidos a seguir, para além das súmulas vinculantes, as decisões proferidas em assunção de competência, em incidente de re-solução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordiná-rio e especial repetitivos, bem assim os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional, do STJ em matéria infraconstitucional, e dos tribunais aos quais estiverem vincu-lados, na falta daqueles outros.

Particularidade digna de registro é, outrossim, a que impõe aos juízes e tribunais, na ausência do enunciado de súmula da jurisprudência domi-nante, o respeito aos precedentes do plenário do tribunal ou do órgão es-pecial respectivo, onde houver, e aos dos órgãos fracionários superiores, nesta ordem. Tudo isso permite acla-rar um fator a ter presente no exercí-cio da função jurisdicional.

A sociedade moderna não mais ad-mite um Judiciário moroso, atravan-cado, ineficiente, que não esteja de-vidamente apetrechado para resolver os problemas levados a julgamento, de forma tempestiva e segura. Urge que haja uma mudança de menta-lidades, com a simplificação dos meios, com vistas ao atendimento eficiente dos anseios do cidadão, destinatário do serviço judicial. (Publicado originalmente em 13 de outubro de 2013)

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DESEMBARGADOR MARCUS FAVER DESTACA CONQUISTAS E DESAFIOS DO COLÉGIO DE PRESIDENTES NO SENTIDO DE CONSEGUIR TRATAMENTO IGUALITÁRIO PARA OS TRIBUNAIS ESTADUAIS

EM DEFESA DA IGUALDADE PARA AJUSTIÇA DOS ESTADOS

Em 20 anos de existência, o Colégio Permanente de Presidentes de Tribu-nais de Justiça do Brasil marcou essa trajetória com uma “participação in-tensa e profunda”, atuando em todos os Estados brasileiros. Essa é a ava-

liação do desembargador Marcus An-tônio de Souza Faver, ex-presidente do colegiado.

Natural de Cantagalo, interior do Rio de Janeiro, ele nasceu em 5 de março de 1940. Formou-se em Direito pela Facul-

AVALIAÇÃOO desembargador Marcus Faver diz que o Colégio de Presidentes não falta aos seus objetivos e compromissos éticos e estatutários.

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dade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, em 1963,e se tornou mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Ca-tólica (PUC) do Rio de Janeiro, em 1981. Seu ingresso na magistratura se deu em 1969, tornando-se juiz do Tribunal de Alçada Cível, em 1983, e chegando ao desembargo em 1993. Atualmente, é professor titular da Universidade Cató-lica de Petrópolis.

Marcus Faver, que presidiu o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em 2001 e 2002; o Tribunal de Justiça Eleitoral de 2003 a 2005, e foi membro do Conselho Nacional de Justiça, no biênio 2005-2007, também preside atualmente a 18ª Câmara Cível e integra o órgão especial, como de-cano da Corte.

Nesta entrevista, o desembargador des-taca o trabalho realizado pelo Colégio Permanente nessas duas décadas de exis-tência, e sobre os desafios que ainda pre-cisam ser superados.

O senhor foi o segundo presidente do Colégio Permanente, substituindo o desembargador José Fernandes. Fale de sua experiência ao assumir o cargo, logo após ter deixado o Conselho Nacional de Justiça.

Ao assumir a Presidência do Colégio de Presidentes, em razão do afastamen-to do desembargador José Fernandes Fi-lho, tive como preocupação maior não deixar esmorecer os ideais e as lutas en-cetadas pelo desembargador Odyr Porto (um dos idealizadores do Colégio) e pelo presidente José Fernandes, em favor da Justiça estadual.

Na verdade, percebeu-se, desde a Constituição de 1988, um tratamento desigual ou até discriminatório para com a Justiça dos Estados. Observe-se que, pelo texto constitucional, foram criados, em nível nacional, os Conselhos da Jus-tiça do Trabalho (art. 111, II) e da Jus-tiça Federal (art. 105, parágrafo único, inc. II), olvidando-se de dartratamento

simétrico e igualitário para as justiças estaduais, ainda que se reconheçam as dificuldades institucionais decorrentes do sistema federativo.

Mesmo com a criação do CNJ o tra-tamento diferenciado ficou evidente e essa desigualdade acabou sendo o embrião do Colégio de Presidentes que, reconhecendo o tratamento dis-crepante, procurou superá-lo com grande empenho em atividades de caráter nacional, discutindo os seus problemas e dificuldades, apresentan-do soluções e resguardando os seus princípios institucionais. É o que, aliás, está consagrado nos Estatutos do Colé-gio (no art.2º).

Qual a avaliação que o senhor faz da

atuação do Colégio nessas duas déca-das de existência?

Nessas duas décadas, o Colégio não faltou aos seus objetivos e aos seus com-promissos éticos e estatutários. A sua participação foi intensa e profunda ao longo dos anos, fazendo-se presente em todos os Estados da Federação. Procu-rou, através dos seus “Encontros” pe-riódicos, fazer o intercâmbio e troca de experiências entre os tribunais estaduais, mostrando as realidades diferenciadas das regiões brasileiras e a necessidade de serem as mesmas respeitadas, dentro dos princípios federativos.

Quais os grandes desafios que en-

frentam, na atualidade, ou histori-camente, as gestões dos tribunais de justiça?

O grande desafio do Colégio é conse-guir tratamento igualitário para a Justiça estadual e seus integrantes, defendendo suas prerrogativas e funções institucio-nais, respeitando as evidentes diferenças regionais, assegurando-se as autonomias, administrativa e financeira, dos respecti-vos tribunais, nos exatos termos estipu-lados pela Constituição Federal.

“O grande

desafio do

Colégio é

conseguir

tratamento

igualitário para a

Justiça Estadual e

seus integrantes,

defendendo suas

prerrogativas

e funções

institucionais"

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MAIS ANTIGO DO BRASIL

HISTÓRIA

A terceira Corte de Justiça mais antiga do Brasil está no Estado do Maranhão, um dos integrantes da Amazônia Le-gal. Instalada em 4 de novem-bro de 1813, há quase 201 anos, a Justiça do Maranhão tem seus história marcada por soluções de confl itos, alguns até inusitados. O caminho percorrido até a instalação do Tribunal de Justiça do Mara-nhão (TJMA), 1947, foi longo e cercado de muitos debates

e desavenças entre os poderes constituídos na época em que o Brasil ainda era colônia de Portugal.

A fundação da cidade de cidade de São Luís, em 1612, trouxe para o Maranhão as normas do Código Filipino, que norteava o Judiciário na Corte Portuguesa e também em suas colônias além-mar. Segundo os relatos históri-cos, coube à Junta formada por Luiz de Madureira, Bento

Maciel Parente e Salvador de Melo o comando dos atos ju-diciais, a partir de 1616. Nesta parte da história, a Justiça do Maranhão se destaca pela atu-ação em episódios no mínimo curiosos, como o ocorrido em 1679, envolvendo a parti-lha de índios que estavam no cativeiro. A decisão foi dada ao presidente da Junta das Missões, na época Dom Gre-gório dos Anjos, 1º bispo do Maranhão.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO MARANHÃO É O TERCEIRO

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SEDESPrédio do TJMA: reformas apontam o caminho para a modernidade com preservação.

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Como era costume na época, os índios deveriam ser repartidos da seguinte forma: um terço voltaria às aldeias; um terço iria para os co-lonos, e o restante seria destinado às ordens religiosas. Caso houvesse dúvidas na partilha, deveria ser con-sultado o ouvidor geral Tomé de Al-meida Oliveira. Mas o bispo acabou determinando que para os religiosos seriam entregues 300 índios, a maior parte do grupo, para o trabalho nas

plantações de cravo.A crise, portanto, foi instalada,

se confi gurando na primeira gran-de questão envolvendo a Justiça e a Igreja no Maranhão. Vendo-se ques-tionado pela decisão, Dom Gregó-rio não só distribuiu ameaças de excomunhão, como interrompeu a viagem de um navio com carrega-mento de cravo, contrariando o Al-vará emitido em março de 1680, o qual proibia a prática do comércio

por bispos e governadores.A briga com o ouvidor geral se

acirrou, a ponto de a questão chegar ao Tribunal do Juízo da Coroa, cria-do em 1660, que intimou o bispo a prestar esclarecimentos sobre suas atitudes. No entanto, o bispo acabou complicando sua situação diante do tribunal e, julgado à revelia, acabou levando uma dura repreensão da Coroa Portuguesa. O episódio ilus-tra os percalços enfrentados pelo Ju-

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HISTÓRIAGaleria dos presidentes e relógio antigo da rua da Estrê la, no anexo do TJMA.

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diciário mais de um século após a descoberta do Brasil.

Segundo informações obtidas no site do Tribunal de Justiça do Maranhão (http://www.tjma.jus.br), já em 1777, o Marquês de Pombal, ministro do rei, de Portu-gal, determinou a criação da Junta da Justiça, e em 1811 foi instituí-do o terceiro Tribunal da colônia, que só foi instalado em São Luís em 1813, com a denominação de Relação Maranhense, cuja jurisdi-ção abrangia desde o Ceará até o Amazonas.

A Relação Maranhense perma-neceu em atividade até a 1889, quando foi proclamada a Repúbli-ca no Brasil. A partir daí, a história da Justiça no Maranhão é formada pelo Superior Tribunal de Justiça, instalado em 1891; pela Corte de Apelação, criada em 1934; pelo Tribunal de Apelação, em 1937, e pelo Tribunal de Justiça, em 1947.

Quando o Tribunal de Justiça foi instalado, seus primeiros de-sembargadores foram os bacha-réis Antonio Rodrigues Veloso de Oliveira, Lourenço de Arro-xelas Vieira de Almeida Malhei-ros, José da Mota Azevedo, João Xavier da Costa Cardoso e João Francisco Leal.

A sede própria do Tribunal foi inaugurada no ano seguinte à cria-ção, 1948, na Praça Pedro II, pelo presidente da República Eurico Gaspar Dutra. A obra foi iniciada pelo interventor Paulo Ramos, mas a conclusão ocorreu no governo de Sebastião Archer.

O Palácio da Justiça do Mara-nhão, denominado Clóvis Bevi-lácqua, fi ca na Avenida Pedro II, s/n, Centro, em São Luís. Veja na página ao lado a atual composição, sob a presidência da desembarga-dora Cleonice Silva Freire.

BICENTENÁRIOSelo comemorativodos 200 anos doTJMA.

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REGISTROMedalha e material de divulgação do evento comemorativo do bicentenário do TJMA.

TJMA / DIVULGAÇÃO

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TRIBUNAL PLENODes. ANTONIO FERNANDO BAYMA ARAUJO

Des. JORGE RACHID MUBÁRACK MALUFDes. JAMIL DE MIRANDA GEDEON NETO

Des. ANTONIO GUERREIRO JUNIORDesª. CLEONICE SILVA FREIRE – Presidente

Des. CLEONES CARVALHO CUNHADesª. NELMA CELESTE SOUZA SILVA SARNEY COSTA – Corregedora

Des. BENEDITO DE JESUS GUIMARÃES BELODesª. MARIA DOS REMÉDIOS BUNA COSTA MAGALHÃES

Desª. ANILDES DE JESUS B. CHAVES CRUZ – Vice–PresidenteDes. JOSÉ JOAQUIM FIGUEIREDO DOS ANJOS

Des. MARCELO CARVALHO SILVADesª. MARIA DAS GRAÇAS DE CASTRO DUARTE MENDES

Des. PAULO SÉRGIO VELTEN PEREIRADes. LOURIVAL DE JESUS SEREJO SOUSA

Des. JAIME FERREIRA DE ARAÚJODes. RAIMUNDO NONATO MAGALHÃES MELO

Des. JOSÉ BERNARDO SILVA RODRIGUESDes. JOSÉ DE RIBAMAR FROZ SOBRINHODes. JOSÉ LUIZ OLIVEIRA DE ALMEIDA

Des. VICENTE DE PAULA GOMES DE CASTRODes. KLEBER COSTA CARVALHO

Des. RAIMUNDO JOSÉ BARROS DE SOUSADes. RICARDO TADEU BUGARIN DUAILIBE

Des. MARCELINO CHAVES EVERTONDesª. ANGELA MARIA MORAES SALAZAR

ÓRGÃO ESPECIALDesª CLEONICE SILVA FREIRE

Presidente

Desª ANILDES DE JESUS B. CHAVES CRUZVice-Presidente

Desª NELMA CELESTE S. S. SARNEY COSTA Corregedora-Geral da Justiça

Desembargadora Cleonice Silva Freire, presidente do Tribunal de Justiça do Mara-nhão

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