Fabricio Gastronomia

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TRABALHO DE GASTRONOMIA

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INSTITUTO GASTRONMICO DAS AMRICAS

FABRCIO DUARTE VALE

VILA VELHA2015INSTITUTO GASTRONMICO DAS AMRICAS

FABRCIO DUARTE VALE

Trabalho apresentado disciplina de gastronomia do Instituto Gastronmico das Amricas como requisito parcial para avaliao. Prof. Chef Letcia Leite

VILA VELHA2015

SUMRIO

1 INTRODUO 42 DESENVOLVIMENTO 2.1 Antiguidade 52.1.1 Contribuio dos gregos nos banquetes 53 IDADE MDIA 73.1 Contribuio dos mosteiros nos vinhos84 IDADE MODERNA94.1 Nascimento dos restaurantes e a revoluo industrial 94.2 Sculo XX124.3 Nouvelle Cuisine145 CONCLUSO176 REFERNCIAS18

1 INTRODUO Todos ns temos em comum necessidades bsicas, e a principal a alimentao, desde o incio dos tempos lutamos para suprir essas necessidades, buscando sobreviver a qualquer custo, comendo o que fosse necessrio para saciar a fome, mas com o passar do tempo foi se associando o prazer a essa necessidade e assim foram sendo inventados mtodos e desenvolvendo-se tcnicas que foram sendo aprimoradas por geraes e adaptadas regionalmente por todo o mundo assim como ns humanos nos adaptamos durante o tempo.A gastronomia uma histria refletida em tcnica, mtodos e bom gosto, a arte de saborear a evoluo dos alimentos.Nesse trabalho passaremos por suas principais fazes de forma clara e sucinta, demonstrando as principais contribuies de cada poca de sua histria para nossa atualidade.

2 DESENVOLVIMENTO2.1 NA ANTIGUIDADEInicialmente, na Grcia no havia cozinheiro. Escravas moam os gros e preparavam a comida. A leitura da Ilada e da Odissia revela que no tempo de Homero - sculo IX a.C. - os prprios anfitries, por mais ricos que fossem, preparavam as refeies com a ajuda de amigos, quando recebiam convidados especiais. S depois apareceu o mageiros, isto , o padeiro. Com o tempo, o mageiros, alm de fornear, passou tambm a cozinhar, evoluindo para a posio de archimageiros ou chefe de cozinha, com uma equipe sob o seu comando.No sculo IV a.C, conforme se depreende de algumas peas de teatro, os cozinheiros em Atenas eram escravos. Simultaneamente ao crescimento do apreo pela boa mesa, os cozinheiros ganharam importncia e ascendncia sobre todos os escravos da casa. Aps anos de dedicao e de experincia, podiam at chegar posio de mestres na sua arte.Os egpcios deram ao po, seu principal alimento, vrias formas. So, assim, os inventores da padaria artstica. Na Grcia, porm, o po deixou de ser um simples alimento para entrar no domnio da gastronomia. Os padeiros gregos tornaram-se famosos. Mais tarde, durante o Imprio Romano, a maior parte dos padeiros de Roma seriam gregos ou de origem grega.Contribuio dos Gregos no Banquete

Os gregos nunca foram to imaginativos como os romanos em matria gastronmica, e a cozinha na Grcia jamais atingiu o nvel das outras artes. Hipcrates, em nome da higiene, e Scrates, em nome da moral, se opunham aos excessos da mesa. Os banquetes de muitas horas de durao s se realizaram na tica depois que Alexandre e os macednios estenderam sua hegemonia sobre toda a Grcia, no sculo IV a.C. Mas, ao afirmar que a sobriedade grega contrastava com a extravagncia romana, corre-se o risco de simplificar demasiadamente a comparao. Ambas as culturas, que evoluram a partir de hbitos e dietas simples, desenvolveram, nos seus perodos de ascenso, costumes semelhantes no que concerne mesa e hospitalidade.Embora em outros tempos os cozinheiros tivessem sido considerados escravos comuns, os chefs hbeis na organizao de banquetes, cada vez mais frequentes em Roma, tornaram-se figuras importantes e estimadas nas casas patrcias. Seus salrios eram elevados, e ter um bom cozinheiro era smbolo de ascenso social. Durante o imprio de Adriano (117-138), fundou-se em Roma uma academia denominada Collegium Coquorum.Se verdade que o Imprio Romano ultrapassou de longe seus antecessores gregos em matria de culinria, as semelhanas nos hbitos de mesa entre Grcia e Roma levam naturalmente a uma abordagem comparativa do assunto.Os egpcios deram ao po, seu principal alimento, vrias formas. So, assim, os inventores da padaria artstica. Na Grcia, porm, o po deixou de ser um simples alimento para entrar no domnio da gastronomia. Os padeiros gregos tornaram-se famosos. Mais tarde, durante o Imprio Romano, a maior parte dos padeiros de Roma seriam gregos ou de origem grega.Os banquetes constituam os principais acontecimentos da vida social romana. Um banquete se compunha de trs etapas. Primeiramente, era servido o gustatio, composto de saladas e pequenos pratos equivalentes aos antipastos de hoje. Em seguida, servia-se mensaeprmae, etapa principal composta dos pratos mais consistentes. Por ltimo, servia-se mensae secundae: doces, bolos, frutas frescas e secas e vinho misturado com gua. Chegava-se pontualmente a um banquete e no se esperava por quem se atrasasse.

3 IDADE MDIA Acredita-se que as ordens religiosas foram o fator mais importante para a sobrevivncia dos hbitos alimentares da Antiguidade. Po, azeite, leguminosas e vinho, alimentos bsicos do mundo romano, tambm o sero para os seguidores da Regra de So Bento, para homens que viviam em comunidade, dividindo seu tempo entre o trabalho manual e a orao. Os mosteiros medievais eram de religiosos como os beneditinos, franciscanos ou cistercienses, os quais desenvolveram a arte da cozinha consideravelmente e desempenharam um importante papel na gastronomia. Os monges herdaram conhecimentos da cozinha romana e transmitiram toda a tradio culinria para outros povos do ocidente. (LEAL, 2004, p. 28). O trabalho manual, basicamente agrcola, garantia a subsistncia da comunidade. Forados a uma grande intimidade, os monges necessitavam de um cdigo de civilidade para atenuar as tenses comuns em tais ambientes e facilitar a vida contemplativa. A hospitalidade, aspecto da Regra ao qual os beneditinos davam especial ateno, reforava o papel dos mosteiros como fonte de transmisso de tradio culinria. Em todas as abadias, havia monges encarregados de acolher e dar assistncia aos hspedes e peregrinos. Em 1098, um grupo de monges beneditinos desejosos de vida mais simples e de observncia estrita da Regra de So Bento, a nova ordem dava nfase pobreza, simplicidade, necessidade de isolamento fsico de suas abadias e auto-suficincia econmica. Para assegurar a auto-suficincia das abadias e, ao mesmo tempo, romper com o sistema feudal na explorao de suas propriedades, os cistercienses criaram uma classe de monges, os irmos leigos ou conversos. Mo-de-obra constituda por homens de origem simples e geralmente iletrados, os irmos leigos, vestindo hbitos que os diferenciavam dos outros monges, eram encarregados praticamente de todo o trabalho braal nas abadias e seus domnios. Graas em grande parte ao trabalho dos irmos leigos, a economia das abadias foi, durante sculos, bem-sucedida. Algumas abadias podem ser consideradas precursoras das empresas agrcolas modernas.3.1 Contribuio dos mosteiros nos vinhos

Bebida mais limpa e segura do que a gua, o vinho torna-se parte da rotina, tanto para matar a sede quanto como importante elemento da tradio. Quando o Imprio Romano do Oriente chegou ao fim), desenvolveu-se a tradio gastronmica dos mosteiros. Embora na antiguidade o vinho j fosse produzido, foi nos mosteiros da Idade Mdia que sua qualidade foi aprimorada. Os mosteiros mantiveram ao longo da Idade Mdia elevado nvel de savoir-faire culinrio e enolgico. Os religiosos desempenharam grande papel no aprimoramento dos vinhos, e a viticultura pode ser considerada um dos principais pontos de resistncia das tradies romanas, em confronto com a influncia brbara. Coube s abadias da Frana desenvolver a cultura das cepas vincolas nobres. So inmeros os grandes vinhos europeus que devem sua origem atividade monstica. Ele era usado na eucaristia para consumo dos prprios monges e tambm para seus hspedes. O vinho, alm de utilizado na eucaristia, era tambm consumido mesa pelos monges e seus hspedes. A venda de vinhos tornou-se essencial economia das comunidades religiosas. Grandes vinhedos na Borgonha passaram a ser propriedade das ordens. Enquanto isso, nos vales costeiros da Gironda, desenvolveu-se um vinho um pouco mais leve do que os da Borgonha. Chamavam-no clairet, ou seja, clareie, por sua cor mais clara. At hoje, em ingls, os vinhos da regio de Bordus so tambm chamados de claret. No incio da Idade Mdia, a produo do vinho tinto era arriscada: pisar uvas em fermentao expunha os trabalhadores ao dixido de carbono, podendo causar sufocao. Entretanto, o vinho ganhava cada vez mais importncia. Foram aperfeioadas as formas de viticultura, cultivadas as castas preferidas e melhoradas as tcnicas de prensagem. Os vinhedos da Borgonha, por exemplo, prosperaram sob o imperador Carlos Magno e os monges cistercienses. A paixo de Carlos Magno pelo vinho e a detalhada legislao que elaborou impulsionaram as vincolas francesas e alems. O vinho j se beneficiava ento de alguns anos de envelhecimento.As datas de colheita eram decididas no s de acordo com o amadurecimento das uvas, mas tambm pela posio da Lua e das estrelas. Deve-se lembrar que os vinhedos monsticos contriburam bastante para a evoluo da qualidade do vinho .

4 IDADE MODERNA

Antes da existncia dos restaurantes, havia hotis com um menu da table d'hte, servindo refeies a uma determinada hora. Outros fornecedores de refeies eram os traiteurs que, em sua maioria, preparavam pratos para casas particulares e no vendiam refeies para serem consumidas in loco.4.1 Nascimento dos restaurantes e revoluo industrialO termo restaurant consta ter sido criado em 1765 por Boulanger, proprietrio de um estaminet da rua Poulies, atual rua do Louvre, em Paris. Boulanger, tambm conhecido como Champ d'Oiseaux, servia sopas quentes anunciadas como restaurants, ou seja, restaurativos. Acrescentava com humor, ao lado do anncio de seus bouillons restaurants: "Venite ad me omnes qui stomacho laboratis et ego restaurabo vos". Os restaurantes se distinguiam dos seus antecessores - cabarets, albergues e tavernas - pela limpeza, tranquilidade, espao e decorao aprimorada. Mais importante ainda: punham a grande cozinha ao alcance de todos os que pudessem pagar por ela, ainda que esporadicamente.A Revoluo Francesa, indiretamente, deu ao pas muitos de seus restaurantes, e estes, ao colocarem a haute cuisine ao alcance de quem tivesse dinheiro para frequenta.-los, iniciaram processo de democratizao da culinria. Com os restaurantes, a haute cuisine deixava de ser apangio da aristocracia e dos palcios. Onde a cozinha elaborada do perodo ps-revolucionrio dificilmente poderia ser reproduzida fora dos restaurantes, salvo em casas suficientemente ricas para prover ingredientes caros e manter muitos serviais.Vrios restaurantes contrataram chefs antes empregados pela aristocracia, enquanto outros abriram seus prprios estabelecimentos. A partir de ento, os chefs dos restaurantes desempenharo o principal papel na criao gastronmica e esta permanecer predominantemente centrada em Paris. Os anos que precederam a Revoluo Francesa assistiram disseminao dos restaurantes. Embora Napoleo tenha sido o oposto do que se considera um gourmet, nunca perdeu de vista o fato de que uma boa refeio pode ser instrumento valioso em diplomacia. No incio do sculo XIX, para alimentar melhor a Grande Arme em suas campanhas, Napoleo ofereceu prmio de vulto a quem inventasse um processo para conservar mantimentos por longo perodo. O prmio coube a Nicolas Appert, autor do livro L'Art de conserver les substances animales et vgtales, aps demonstrar que alimentos fervidos em recipientes de vidro e, em seguida, fechados hermeticamente se conservavam por meses.Pouco depois, o ingls Peter Durand teve a idia de substituir os recipientes de vidro, de transporte pouco prtico, por latas. Desde ento, a produo de alimentos enlatados se aperfeioaria muito. Essa tcnica, somada pasteurizao, abriu amplos horizontes indstria de alimentao.Com o advento da luz eltrica, o jantar passou a ser servido mais tarde, e em meados do sculo XIX surgiu o ch ao final da tarde. Originariamente exclusivo das senhoras, o ch vespertino se transformou em outra refeio, com bolos, sanduches e biscoitos. A adulterao dos alimentos tornou-se um problema grave sobretudo para os que no podiam comprar os produtos da melhor qualidade em meados de 1840, mas s em 1860 seria aprovado o Adulteration Act, instrumento legal que regulou a funo de analista de alimento. Em tentativa de coibir a adulterao, organizaram-se campanhas contra comerciantes que vendiam produtos adulterados, publicando-se seus nomes e endereos.Isabella Beeton (8), no Englishwomans Domestic Magazine, aconselhava suas leitoras, geralmente da classe mdia, a s comprarem de "comerciantes de boa reputao" e de preferncia em domiclio, o que lhes permitiria examinarcuidadosamente o que fossem comprar. A adulterao constituiu barreira psicolgica para a aceitao mais ampla dos produtos industrializados. A adoo de mercadorias rotuladas, com marca, e a utilizao de testes para garantir a integridade dos alimentos contriburam para coibi-la. Buscando ao mesmo tempo ganhar maior confiana do comprador, os rtulos e a publicidade destacavam as medalhas e os prmios recebidos pelo produto em feiras e exposies. Os consumidores eram aconselhados a recusar as imitaes e a exigir o produto "verdadeiro".Ao surgirem alimentos parcial ou inteiramente processados, e mesmo alguns prontos para serem consumidos, grande parte do trabalho de preparao das refeies passava a ser feito fora de casa. Iniciava-se o processo de profundas transformaes na culinria, nos hbitos alimentares e na estrutura domstica. O breakfast, mais do que as outras refeies, evidenciava a afluncia da indstria de alimentao. Em 1869, depois de uma epidemia que dizimou o gado francs, a manteiga se tornou escassa e cara. Napoleo III ofereceu um prmio a quem inventasse um substituto para a manteiga. Esse estmulo teve como resultado a criao da margarina, produto de conservao fcil e de durao mais longa do que a manteiga. Inventou-a o qumico francs Hippolyte Mge-Mouris. Inicialmente fabricada apenas com gorduras animais, a composio da margarina mudou quando, na primeira dcada do sculo XX, descobriu-se um mtodo para solidificar leos vegetais e de peixe por hidrogenizao. A partir de ento, qualquer leo pode entrar na fabricao de margarina, uma vez que o sabor, o cheiro, a cor e outras propriedades das matrias-primas so inteiramente removidas no processamento. Na fase final da fabricao, para que a margarina obtenha a maior semelhana possvel com a manteiga - sabor, odor, consistncia, cor -, recorre-se a aditivos.De acordo com VISSER (2004) que a inveno da margarina, produto em quea s matrias-primas adquirem um carter novo atravs de aditivos depois de serem reduzidas a um estado de absoluta neutralidade, representa um marco no surgimento da gigantesca indstria de alimentao.4.2 SCULO XXNa virada do sculo, George Auguste Escoffier e Csar Ritz foram os grandes expoentes da boa mesa na Europa. O primeiro, francs, filho de um ferreiro da Provena, nasceu em 1846. O segundo, filho de camponeses, nasceu em 1850, numa aldeia perto do passo Simplon, na Sua.Quando Ritz convidou Escoffier para ser chef do Grand Hotel em Monte Cario, ambos j eram nomes conceituados. Ritz foi o primeiro administrador daquele hotel. Aos poucos, expandiu seus negcios, passando a gerir hotis em Baden-Baden, San Remo, Londres, Frankfurt, Biarritz, Roma, Palermo, Madri, Cairo e Johannesburgo. As mudanas da culinria profissional verificadas no final do sculo XIX devem-se em grande parte a Escoffier. Seu livro Guide culinaire tornou-se obra indispensvel na haute cuisine, sobretudo para o treinamento de cozinheiros profissionais.As mudanas da culinria profissional verificadas no final do sculo XIX devem-se em grande parte a Escoffier. Seu livro Guide culinaire tornou-se obra indispensvel na haute cuisine, sobretudo para o treinamento de cozinheiros profissionais.Suas inovaes na organizao da cozinha profissional visavam os seguintes objetivos: especializao da atividade culinria em setores, ntima interdependncia da equipe e abreviao do tempo de preparao dos pratos. Escoffier racionalizou o trabalho na cozinha profissional, dividindo-a em cinco setores interdependentes: o do garde-manger, responsvel pelos pratos frios e pelo suprimento de toda a cozinha; o do entremettier, incumbido das sopas, legumes e sobremesas; o do rtisseur, encarregado dos assados, bem como dos pratos grelhados e fritos; o do saucier, responsvel pelos molhos; e o do ptissier, que responde pelo preparo da pastelaria necessria aos vrios setores da cozinha. Entrevistado pela revista inglesa Home Chat, em maro de 1902, Escoffier definiu chefe cozinheiro. Segundo ele, um cozinheiro, mesmo sendo capaz e experiente, no possui necessariamente as qualidades de um chef.Um chef, dizia Escoffier, um artista e administrador. Suas obrigaescotidianas compreendem determinar as compras, planejar os menus e distribuir o trabalho entre o pessoal da cozinha, que pode chegar a dezenas de pessoas. Deve ainda supervisionar a execuo dos pratos e trocar idias com o maitre d'htel. Todos os pratos passam pelo seu exame e crtica. Um chef, porm, no pode dirigir trabalhos que ele mesmo no seja capaz de executar. Necessita, portanto, alm de sensibilidade artstica e paladar apurado, de conhecimento amplo de tudo o que se relacione com a cozinha. S quem faz da cozinha o seu supremo interesse, dedicando-lhe anos de estudo e de trabalho, torna-se um chef.Escoffier teve tambm grande influncia na simplificao dos menus. A gastronomia do sculo XX passa por fase de acentuado pluralismo culinrio. Curnonsky (16) j o identificara ao perceber, em seu tempo, o desaparecimento gradativo de um nico estilo culinrio como parmetro absoluto. Classificou a cozinha francesa em quatro grandes categorias: a haute cuisine, a cozinha burguesa, a cozinha regional e a cozinha camponesa.Com senso de humor descreveu a existncia de cinco partidos gastronmicos: a extrema direita ou o partido composto pelos adeptos dogmticos e incondicionais da haute cuisine; a direita, formada pelos partidrios da cozinha domstica tradicional, preparada por cozinheira que serviu a casa por muitos anos; os centristas so os apreciadores da cuisine bourgeoise e guardies dos bons pratos regionais; a esquerda gastronmica rene os adeptos da cozinha sem complicaes, que utiliza ingredientes fceis de serem encontrados e no descarta o uso de alimentos industrializados; a extrema esquerda compe-se dos que, no acreditando em dogmas gastronmicos, esto constantemente buscando novas sensaes gustativas, sobretudo as oferecidas pelas cozinhas exticas. A maneira de convidar e receber tambm se transforma rapidamente, medida que a vida se torna mais democrtica e o custo de manter empregados domsticos se eleva. A hospitalidade tem se adaptado s circunstncias da vida moderna e se descontrai.4.3 Nouvelle cuisine

De acordo com as normas da nouvelle cuisine, os molhos devem evidenciar o sabor do alimento que acompanham. Na cozinha modernaos molhos so leves, muitas vezes parecem simples caldos transparentes; jno se trata de sepultar a comida sob um manto dissimulador que impede que se perceba sua identidade.A expresso nouvelle cuisine tampouco original. J havia sido empregada em meados do sculo XVIII para designar a culinria de La Chapelle, Menon e Marin, e, no final do sculo XIX, para denotar a cozinha de Escoffier e alguns de seus contemporneos. Outras cozinhas, portanto, j foram novas em seu tempo.O termo foi retomado na dcada de 1960 por Henri Gault e Christian Millau, quando identificaram um estilo novo no trabalho de Paul Bocuse, Jean e Pierre Troigros, Michel Gurard, Roger Verg e Raymond Olivier. Sem negar o carter individual da cozinha de cada um desses chefs, Gault e Millau perceberam uma tendncia comum que apresentava as seguintes caractersticas:1) oposio s complicaes desnecessrias;2) reduo dos tempos de coco e redescoberta da utilizao do vapor, mtodo de cozimento tradicionalmente empregado pelos chineses;3) prtica do que Bocuse denomina cuisine du marche, ou seja, utilizao dos ingredientes mais frescos que o mercado oferece a cada dia;4) rejeio de menus extensos nos quais figuram pratos preparados com antecedncia em favor de menus pequenos, compostos em funo dos ingredientes disponveis no mercado a cada dia;5) supresso de marinadas fortes para carne e caa;6) desaprovao dos molhos "pesados", inclusive dos molhos base de roux, em favor de manteiga, limo e ervas frescas;7) interesse pelas cozinhas regionais e abandono da haute cuisine parisiense como nica fonte de inspirao;8) receptividade com relao a novas tcnicas e equipamentos avant-garde;9) preocupao diettica;10) inventividade.A nouvelle cuisine recomenda, como vimos, a utilizao dos melhores produtos da estao. Assim, h que se observar o ciclo sazonal para se consumir os produtos no momento em que deles se pode obter a qualidade mxima. Essa a idia bsica da cuisine du marche, difundida mundialmente por Bocuse.Para os adeptos da cuisine du marche, no se pode estabelecer um menu em abstrato, sem antes verificar o que o mercado oferece de melhor e de mais fresco, a cada dia.A nouvelle cuisine, expresso do confronto entre o tradicionalismo e a inventividade, ps termo ao dogmatismo que dominou a gastronomia durante tanto tempo. Com ela, a criao culinria se liberou. Esse, talvez, seja o seu grande mrito. Muitos ingredientes, hoje comuns, eram desconhecidos ou considerados exticos h apenas alguns anos. Com a intensificao do intercmbio comercial e a facilidade das viagens internacionais, descobriram-se frutas, verduras, especiarias e novas maneiras de tratar ingredientes conhecidos.Algumas tcnicas e preparaes da nouvelle cuisine, que passam por inditas,so na verdade resgatadas de outros tempos ou de outras culturas. Exemplos: cozimento a vapor, ponto de coco al dente, peixe com frutos do mar e frango com crustceos, comuns nas cozinhas asiticas e latino-americanas.O contato com novas paisagens e culturas conduz descoberta de pratos, tcnicas e hbitos culinrios. Raymond Olivier aponta as viagens dos cozinheiros e de seus clientes como um dos catalisadores da nouvelle cuisine.A nouvelle cuisine no escapou a um risco comum a todas as artes: o de levar alguns a negligenciar o acervo da tradio e a exaltar a inveno pela mera inveno e para muitos apesar da seriedade de sua origem, reduziu-se preparao de pequenas pores de alimentos caros, apresentados em pratos super dimensionados.Para FRANCO (2004) o aparecimento de uma cozinha nova no fenmeno indito na histria da gastronomia. Os sculos passados j conheceram vrias. Outras certamente surgiro.

5 CONCLUSO

Todos os processos pelos quais passou a gastronomia foram necessrios para termos o que temos atualmente. indiscutvel que o nascimento e a re-inveno esto surgindo todos os dias, trazendo prazer ao paladar ou cardpios que atraem por preos baixos e de ingredientes de pouca qualidade, invenes minsculas a preos exorbitantes tiram o foco do que reinventar o simples, do que preparar alimentos com sabor sem frmulas miraculosas, que sejam rpidas e frescas, ao alcance de pessoas comuns.Tudo leva a crer que nos prximos dez anos a gastronomia evolua igualmente os ltimos cem anos, mas tambm nos faz pensar se teremos ainda todo o sabor e prazer dos pratos dos livros de nossos renomados chefs.O futuro da gastronomia incerto pois no sabemos como ser uma colheita que nos dar o trigo para nossas massas, ou uma praga que poderia acabar com nossas fontes proticas animais, mas certo que dos ingredientes que nos restarem iremos sempre pr nossas habilidades e invenes em prtica, nossa nouvelle cousine.

6 REFERNCIA FRANCO, Eriovaldo, De caador a gourmet : uma histria da gastronomia / Ariovaldo Franco. 3 ed. revista e ampliada - So Paulo : Editora Senac So Paulo, 2004.LEAL, Maria Leonor de Macedo Soares. A Histria da Gastronomia. Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2004. VISSER, Margaret, Much Depends on Dinner, Londres: Penguin Books, 1989.