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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM
ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA
DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO PPRROOFFIISSSSIIOONNAALLIIZZAANNTTEE EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO
“OS EFEITOS DA ADOÇÃO DO CPC 15 (COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS) NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA
FIBRIA E BRASKEM”.
SSIIMMOONNEE FFRREEIIRREE BBAARRRREEIIRROOSS
ORIENTADOR: PROF. DR. RAIMUNDO NONATO SOUSA SILVA
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2012.
OS EFEITOS DA ADOÇÃO DO CPC 15 (COMBINAÇÕES DE
NEGÓCIOS) NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA FIBRIA E
BRASKEM.
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Finanças e Controladoria.
ORIENTADOR: PROF. DR. RAIMUNDO NONATO SOUSA SILVA
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2012.
“OS EFEITOS DA ADOÇÃO DO CPC 15 (COMBINAÇÕES DE
NEGÓCIOS) NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA FIBRIA E
BRASKEM.”
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração: Finanças e Controladoria.
Avaliação:
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________
Professor DR. RAIMUNDO NONATO SOUSA SILVA (Orientador) Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________
Professor CARLOS DE LAMARE BASTIAN PINTO Instituição: IBMEC RJ _____________________________________________________
Professor JOSÉ RICARDO MAIA DE SIQUEIRA Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2012.
FICHA CATALOGRÁFICA
B271 Barreiros, Simone Freire, - ,
Os efeitos da adoção do CPC 15 (combinações de negócios) nas demonstrações contábeis da Fibria e Braskem / Simone Freire Barreiros. – Rio de Janeiro: [s.n.], 2012. 134 f.; il.
Dissertação (Mestrado) – PPGP em Administração e Economia do IBMEC (Finanças e Controladoria) Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato Sousa Silva 1. Normas internacionais de contabilidade 2. CPC 15 3. Ágio I. Título II. Silva, Raimundo Nonato Sousa
CDD 657
v
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Osvaldo, Maria das Graças e meu irmão Bruno por seu amor e carinho incondicionais. Sem eles não teria alcançado meus sonhos. A Leandro, meu companheiro de Mestrado e de vida pelo apoio e incentivo nas horas mais difíceis dessa jornada.
vi
AGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus pela vida e por estar sempre ao meu lado.
Agradeço ao Prof. Dr. Raimundo Nonato por suas contribuições a minha pesquisa e por sua
acessibilidade em dirimir minhas dúvidas durante todo este período.
Agradeço aos professores Odilanei de Moraes e Mônica Encinas e ao amigo Joel, pela
presteza, paciência e suas valiosas orientações para a conclusão deste trabalho. Contribuíram
enormemente para o desfecho desta dissertação.
Aos meus familiares, especialmente meus pais e irmão pelo carinho, torcida e apoio nos
momentos mais árduos dessa dura jornada.
A Leandro, meu companheiro que esteve todo o momento deste curso ao meu lado,
incentivando-me e dando também grandes contribuições ao meu trabalho.
vii
RESUMO
Esta pesquisa busca analisar os efeitos do CPC 15 (combinações de negócios) nas
demonstrações financeiras de duas empresas que adotaram a norma contábil - Fibria e
Braskem, haja vista terem efetuado combinações de negócios no período compreendido entre
2009 e 2010. O CPC 15 foi elaborado com base no IFRS 3 (business combination), emitido
pelo IASB em 2008 vigente desde julho de 2009. A norma contábil é aplicável a todas as
transações que se caracterizem como uma combinação de negócios e visa orientar como
devem ser contabilizadas tais operações. Conforme disposto na norma contábil, uma operação
será caracterizada como combinação de negócios somente quando houver alteração do
controle de uma companhia. Cabe ainda ressaltar que a aquisição enquadra-se na norma
somente quando os ativos adquiridos constituam um negócio, ou seja, sejam capazes de ser
geridos e propiciem retornos aos seus proprietários. Outro fator importante é que todas as
combinações de negócios devem utilizar o método de aquisição, que envolve reconhecer
adquirente e adquirida, os ativos líquidos identificáveis e o ágio por expectativa de
rentabilidade futura ou deságio. Este estudo pode ser descrito como descritivo. Utilizou-se
ainda como método o estudo de caso múltiplo, uma vez que se busca entender o impacto da
adoção da norma em duas empresas que procederam à combinação de negócios. Com base na
análise efetuada, pode-se verificar que a norma provoca impactos relevantes nas
demonstrações financeiras das companhias, em essencial no ativo intangível, imobilizado e
viii
receitas, o que impacta de sobremaneira a geração de caixa operacional medida pelo
EBITDA.
Palavras-Chave: Normas Internacionais de Contabilidade, CPC 15, adquirida, adquirente,
ágio.
ix
ABSTRACT
This study seeks to analyze the effects of adopting in the financial assessments of two
Brazilian Companies that adopt the norm: Fibria, Braskem that have adopted the accounting
standards board considering they have done business combination during the period between
2009 and 2010 and have been the first companies to adopt this CPC. The CPC was prepared
based on IFRS 3 (business combination), issued by the IASB in 2008 and effective since July
2009. The accounting standard applies to all transactions that are characterized as a
combination of business and aims to guide how they should be accounted for such operations.
As provided in the accounting standard, an operation will be characterized as a business
combination only when there is a change of control of a company. It is worth noting that the
acquisition fits in the standard only when the acquired assets constitute a business, or are able
to be managed and lead returns to their owners. Another important factor is that all business
combinations must be recognized by the acquisition method, which involves recognizing the
acquirer and acquired, to recognize the identifiable net assets and goodwill for future
profitability or discount. This study can be described as exploratory because few researches
were made about this point. Was also used as a method to multiple case study, since it seeks
to understand the impact of adopting the standard of the two companies that have made a
business combination. Based on the analysis performed, we can see that the rule causes
significant impacts on the financial statements of companies in key intangibles, deferred taxes
x
and revenues, which greatly impacts of the operational cash generation measured by
EBITDA.
Keywords: International Accounting Standards, CPC 15, acquired, acquiring, and goodwill.
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Fluxo na avaliação do controle da investida .....................................................22
Figura 2 - Processo de identificação de um ativo intangível.............................................40
Figura 3 – Fusão entre VCP e Aracruz cria Fibria.............................................................57
Figura 4- Destino das Exportações Brasileiras de Celulose..............................................59
Figura 5- Composição Acionária Braskem........................................................................63
Figura 6- Capacidade de Resinas nas Américas................................................................67
Figura 7- EBITDA............................................................................................................68
Figura 8 - Movimentação de Prejuízo Fiscal e Base Negativa da CSLL..........................95
xii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Principais diferenças quanto ao ágio e deságio após a adoção do CPC 15............38
Quadro 2- Contas Analisadas (saldos antes da operação de combinação de negócios)..........53
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Movimentação do Intangível- Fibria......................................................................74
Tabela 2- Movimentação do Imobilizado- Fibria...................................................................76
Tabela 3- Preço de Compra do Negócio.................................................................................81
Tabela 4- Impactos no Resultado.-Fibria................................................................................82
Tabela 5- Demonstração de Resultados do Exercício-Fibria..................................................84
Tabela 6- Movimentação do Fluxo de Caixa Fibria................................................................85
Tabela 7- Composição das Contingências- Braskem..............................................................98
Tabela 8- Composição do Patrimônio Líquido- Braskem.......................................................99
Tabela 9- Demonstração de Resultados Braskem................................................................. 101
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS
ABRASCA Associação Brasileira das Companhias Abertas
AICPA American Institute of Certified Public Accounting
APIMEC Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado
de Capitais
ABRAF Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas
BACEN Banco Central do Brasil
BM&FBOVESPA Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo
BRACELPA Associação Brasileira de Celulose e Papel
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
EBITDA Earnings Before Taxes, Depreciation and Amortization
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FASB Financial Accounting Standard Board
xv
FCONT Controle Fiscal Contábil de Transição
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FIPECAFI Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuarias e Financeiras
IAS International Accounting Standards
IASB International Accounting Standards Board
IASC International Accounting Standard Comitee
IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
IBRX-50 Índice Brasil 50
ICO² Índice de Carbono Eficiente
ICMS Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços
IFRS Internation Financial Reporting Standards
IFRIC International Financial Reporting Interpretations Committee
IR Imposto de renda
ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial
LATIBEX Índice de ações latino-americanas da Bolsa de Madri
LEI DAS S.A Lei das Sociedades Anônimas
NYSE New York Stock Exchange
PIS Piso de Integração Social
PROINFA Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
RTT Regime Tributário de Transição
SUSEP Superintendência de Seguros Privados
xvi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ............................................................................................................. 6
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA ....................................................................................................................... 7
1.4 RELEVÂNCIA ............................................................................................................................................... 7
1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................................................... 9
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO .............................................................................................................. 9
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................................... 11
2.1 DISCLOUSURE ............................................................................................................................................. 11 2.1.1 CONTABILIDADE E DISCLOUSURE ............................................................................................... 13 2.1.2. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS CONSOLIDADAS .................................................................. 18
2.2 FORMAS DE REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA .................................................................................. 25
2.3 CONCEITOS DE COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS .............................................................................. 28 2.3.1 CONCEITOS BÁSICOS ....................................................................................................................... 28 2.3.2 A NORMA INTERNACIONAL SOBRE COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS ................................ 31 2.3.3 MÉTODOS CONTÁBEIS DE COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS .................................................. 33 2.3.4 GOODWILL NUMA COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS E ATIVOS INTANGÍVEIS .................... 35 2.3.5 RECONHECIMENTO DOS ATIVOS IDENTIFICÁVEIS .............................................................. 42 2.3.6 AQUISIÇÕES E INCORPORAÇÕES REVERSAS .......................................................................... 43 2.3.7. TRATAMENTO FISCAL DO ÁGIO E DESÁGIO APÓS A LEI 11.638/2007 .............................. 45 2.3.8. TRIBUTOS DIFERIDOS NUMA COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS ............................................. 47
3. METODOLOGIA ..................................................................................................................................... 49
3.1 TIPO DA PESQUISA.................................................................................................................................... 49 3.1.1 AMOSTRA ............................................................................................................................................. 50
3.1.2 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS............................................................................................ 52
xvii
3.2 ESTUDO DE CASO ...................................................................................................................................... 53
3.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................................................... 55
4. APRESENTAÇÃO DAS EMPRESAS .......................................................................................... 56
4.1 FIBRIA ........................................................................................................................................................... 56 4.1.1. A COMPANHIA ................................................................................................................................... 56 4.1.2 ASPECTOS DE MERCADO ................................................................................................................ 58 4.1.3 ASPECTOS ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................................................................... 60
4.2 BRASKEM ..................................................................................................................................................... 61 4.2.1 A COMPANHIA .................................................................................................................................... 61 4.2.2. ASPECTOS DE MERCADO ............................................................................................................... 65 4.2.3 ASPECTOS ECONÔMICO-FINANCEIROS .................................................................................... 67
5. RESULTADOS DA PESQUISA....................................................................................................... 70 5.1. FIBRIA .......................................................................................................................................................... 70
5.1.1 IMPACTOS NO RECONHECIMENTO INICIAL ........................................................................... 72 5.1.2 IMPACTOS NO ATIVO ....................................................................................................................... 72 5.1.3 IMPACTOS NO PASSIVO E NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO .......................................................... 78 5.1.4 IMPACTOS NO RESULTADO E NO FLUXO DE CAIXA ............................................................. 82 5.1.5 DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES ................................................................................................ 85
5.2. BRASKEM .................................................................................................................................................... 87 5.2.1 IMPACTOS NO RECONHECIMENTO INICIAL ........................................................................... 93 5.2.2 IMPACTOS NO ATIVO ....................................................................................................................... 94 5.2.3 IMPACTOS NO PASSIVO E NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO .......................................................... 96 5.2.4 IMPACTOS NO RESULTADO E FLUXO DE CAIXA .................................................................. 100 5.2.5 DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES .............................................................................................. 103
6. CONCLUSÃO ......................................................................................................................................... 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 111
1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O debate acerca da harmonização internacional de contabilidade vem de longa data,
originando-se em Santa Louis (EUA) no ano de 1904 durante o Primeiro Congresso
Internacional de Contadores (ROCHA, 2006). O assunto voltou a ser discutido
posteriormente, uma vez que o congresso ocorria a cada cinco anos, porém não houve
nenhum progresso sobre o assunto. A primeira proposta para harmonização das normas
contábeis ocorreu em 1959, mediante proposta de Jacob Kraayenhof, presidente do Instituto
de Contadores Registrados dos Países Baixos (BOTELHO et al, 2002) . Para Jacob o AICPA
(American Institute of Certified Public Accounting) deveria ser o responsável pela
coordenação dos comitês contábeis em grandes nações. No entanto, o AICPA não
correspondeu a estas expectativas.
Ainda na tentativa de solucionar as questões quanto às diferenças de padrões contábeis entre
os países, a União Européia tentou, nas décadas de 70 e 80, instituir um programa de
harmonização das normas internacionais de contabilidade, que também não foi bem sucedido.
2
A edição das normas internacionais de contabilidade foi de responsabilidade do International
Accounting Standard Comitee1 (IASC) de 1973 até 2001 com a emissão das chamadas IAS
(International Accounting Standard). O IASC foi criado em 1973 pelos organismos
profissionais de contabilidade de dez países: Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos,
França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. Seu objetivo era formular um
novo padrão de normas internacionais de contabilidade. Desde 2001, essa tarefa foi assumida
pelo International Accounting Standard Board (IASB), emitindo a partir de então os
pronunciamentos contábeis (NYIAMA, 2010).
Com as mudanças no cenário econômico global e abertura dos mercados, verificou-se a
necessidade da comparabilidade das demonstrações financeiras, a fim de aperfeiçoar a
comunicação entre as companhias e seus investidores. Já que o novo cenário adotou um
padrão único de contabilidade, isso implicaria redução na assimetria de informações e
menores custos de capital. Segundo Nyiama (2005, p. 38), a contabilidade é considerada “a
linguagem dos negócios”, representando a principal fonte de informações da performance de
uma empresa e avaliação dos riscos envolvidos num investimento.
O movimento de convergência contábil, no Brasil, foi instituído pela CVM mediante o
anteprojeto 3741, de 2000, que objetivava a modernização e harmonização das práticas
contábeis com as práticas contábeis internacionais. Para as companhias abertas, a instrução
CVM 457, editada em julho de 2007, obrigava que seus demonstrativos consolidados fossem
1 O IASC, órgão criado em 1973, foi responsável pela emissão de normas internacionais de contabilidade (IAS) até o ano de 2001, quando passou a denominar-se Fundação IFRS. A partir deste momento, as normas internacionais de contabilidade (IFRS) passaram a ser emitidas pelo IASB.Desde 2002, a publicação de todas as interpretações sobre o conjunto de normas internacionais passou a ser incumbência do IFRIC (International Financial Reporting Interpretations Committee).
3
divulgados no formato IFRS. Visando ainda a convergência das normas brasileiras às
internacionais, a CVM publicou algumas deliberações alinhadas às regras internacionais:
deliberações 488/05 (apresentação das demonstrações financeiras), 489/05 (provisões,
passivos e contingências ativas e contingências passivas), 505/06 (eventos subsequentes à
data do balanço) e 506/06 (práticas contábeis, mudanças nas estimativas e correções de erros).
Após sete anos de tramitação no Congresso é promulgada a Lei 11.638/2007 (lei que altera e
revoga os dispositivos da Lei 6404/2007 e 6385/1976). A Lei 11.941/2009 instituiu o Regime
Tributário de Transição (RTT) estabelecendo que fossem mantidos os métodos e critérios
contábeis anteriores à Lei 11.638/2007. Assim, o país aproximou sua legislação a mais de 100
países do mundo que já haviam adotado as normas internacionais de contabilidade
(NOGUEIRA E LEMES, 2008).
Em função das necessidades de convergência internacional das normas de contabilidade,
centralização na emissão dos normativos, representação e processos democráticos na
produção dessas informações, foi criado o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) no
ano de 20052. Participam as seguintes entidades: Associação Brasileira das Companhias
Abertas (ABRASCA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado
de Capitais (APIMEC), Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), Conselho Federal de
Contabilidade (CFC), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras
(FIPECAFI) e Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), sendo também
convidado a participar o Banco Central do Brasil (BACEN), Secretaria da Receita Federal
(SRF), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e Superintendência de Seguros Privados
(SUSEP). Quarenta e três normas já foram emitidas e duas aguardam posicionamento do
2 Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC. Disponível em:< http://www.cpc.org.br/oque.htm>. Data de Acesso em: 15 de dezembro de 2012.
4
IASB (CPC 34 - Exploração e avaliação de recursos minerais e CPC 42 - Contabilidade e
evidenciação em economias altamente inflacionárias). Conforme descrito na resolução
1055/05, o CPC tem por objetivo:
O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre
procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa
natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora
brasileira, visando à centralização e à uniformização do seu processo de
produção, levando sempre em conta a convergência da contabilidade
brasileira aos padrões internacionais (CFC, Capítulo II; Art 3º da Resolução
nº 1055, Data de Acesso: 15 de janeiro de 2013).
Logo, como parte do processo de convergência contábil brasileira às normas internacionais de
contabilidade (IFRS) instituiu-se o Pronunciamento Técnico CPC 15. Este pronunciamento
está relacionado ao IFRS 33emitido pelo IASB (International Accounting Standard Board). A
norma estabelece princípios e exigências para eventos que atendam à definição de
combinação de negócios.
O crescimento dessas operações deve-se a diversos fatores: revolução tecnológica,
diversificação, prestígio e maior eficiência de escala. Além disso, a expansão das
multinacionais impulsionou o crescimento dos negócios e, por consequência, houve
crescimento das combinações de negócios. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (1995) existem
ainda dois grandes motivos para estas operações: redução de custos e benefícios fiscais.
3Norma internacional correspondente ao CPC 15. Em janeiro de 2008, o IASB emitiu versão atualizada sobre a norma, a IFRS 3 revisada como resultado de um projeto comum com o FASB (Financial Accounting Standard Board) implementando mudanças à versão anterior da norma (edição de 2004).
5
Adicionalmente, há outras vantagens que se mostram interessantes ao processo de
combinações de negócios, tais como complementaridade de recursos, uso de recursos
excedentes (companhias com cash flow considerável, porém com limitadas oportunidades de
investimento) e eliminação de ineficiências.
Na definição de Iudicibus et al (2010) combinação de negócios é uma operação em que uma
empresa (adquirente) obtém controle sobre um ou mais negócios independentemente da forma
jurídica da transação, exceto em contratos de arrendamento mercantil e contratos de seguro
que devem ser classificados com base em suas cláusulas contratuais ou outros fatores
decorrentes do início do contrato.
Não havia antes no Brasil norma específica que tratasse da contabilização das combinações de
negócios. A Instrução CVM 247 alterada pela Instrução CVM 285 dispõe sobre investimentos
em coligadas e controladas e o tratamento do ágio e deságio relativo à aquisição de um
investimento. O termo combinação de negócios, antes da emissão do CPC 15, restringia-se a
formas jurídicas de reestruturação societária, tais como fusões, cisões, incorporações e
aquisições de controle acionário. Com as mudanças das normas de contabilidade, as
informações sobre combinações de negócios devem focar a primazia da essência sob a forma,
ou seja, devem refletir a real substância econômica dos fatos independente de sua forma
jurídica. O fator essencial é a obtenção de controle do negócio. Caso uma fusão, cisão ou
aquisição não se enquadre neste aspecto, não será tratada como combinação de negócios.
Na atual abordagem, os ativos adquiridos e passivos assumidos são avaliados conforme seus
valores justos e a diferença entre o valor pago na transação e o valor justo dos ativos líquidos
são reconhecidos como ágio por expectativa de rentabilidade futura. O deságio (ou compra
vantajosa) deve ser alocado ao resultado quando da efetivação da combinação de negócios.
6
Será necessária a avaliação dos especialistas para mensuração dos valores envolvidos nas
transações: ativos e passivos, inclusive os contingentes, além de ativos intangíveis. O ágio não
mais será amortizado, sofrendo agora teste de impairment, exigindo-se maior uso de
estimativas.
Cabe referenciar que a norma não se aplica a empreendimentos controlados em conjunto,
como é o caso das joint ventures, por não haver a figura de controle. Segundo definição de
Iudicibus et al (2010) negócio é caracterizado como um conjunto integrado de atividades e
ativos passível de ser conduzido e gerenciado para gerar retorno diretamente para seus
investidores ou outros proprietários.
Assim, o presente trabalho trata de um assunto de forte relevância nos ambientes de negócios
ao modificar o tratamento contábil a ser atribuído às operações de aquisições. Essas operações
antes eram afetadas pelos impactos da legislação tributária, consequência de um país que até
pouco tempo caracterizava sua contabilidade sob o regime “Code Law” centralizando seu
processo de normatização com base nas regras emitidas pelo Estado, em específico, no Brasil,
ao requerido pela Secretaria da Receita Federal.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Diante do exposto, observa-se, que além do impacto nos mercados em decorrência do
aumento dos processos de aquisições de empresas, ocorreram mudanças na contabilidade,
haja vista que as transações agora são reconhecidas por seus valores justos e o ágio decorrente
da aquisição não mais será mensurado conforme diferença entre o valor histórico e valor da
compra, mas sim pela diferença entre o valor justo dos ativos e passivos adquiridos numa
combinação de negócios e o valor da contraprestação transferida. Assim, o goodwill
7
representa a sinergia que o adquirente espera obter pela aquisição de uma determinada
empresa.
Além disso, a norma preconiza que sejam divulgadas todas as informações necessárias ao
entendimento do usuário acerca do processo de combinação de negócios.
Tendo em vista as mudanças, o presente trabalho objetiva responder à seguinte pergunta:
Quais os efeitos da adoção do CPC 15 nas demonstrações contábeis em função das
operações de combinações de negócios das empresas Fibria e Braskem?
1.3 OBJETIVOS DA PESQUISA
O processo de convergência contábil, a partir da vigência da Lei 11638/2007, resultou em
relevantes mudanças nas demonstrações financeiras, assim como sua divulgação e
mensuração. Logo, o presente estudo busca avaliar em específico os impactos que a adoção
do CPC 15 (combinações de negócios) terá no balanço de duas empresas que procederam as
operações de combinações de negócios nos anos de 2009 e 2010.
Dentre os objetivos específicos que esse trabalho pretende alcançar, destacam-se:
· Analisar os impactos da adoção do CPC 15 nas empresas objeto do estudo por meio
da verificação dos saldos das contas de ativo, passivo, patrimônio, resultado;
· Examinar o nível de disclousure das empresas, levando-se em conta todos os aspectos
da norma contábil.
1.4 RELEVÂNCIA
8
No estudo da consultoria internacional KPMG, verificou-se que 2011 registrou recorde no
número de fusões e aquisições efetuadas envolvendo de forma direta ou indireta as empresas.
Conforme KPMG, no último ano foram feitas 817 transações deste tipo, um incremento de
12,5% em relação a 2010. Os negócios entre empresas controladas por capital brasileiro
somaram 410 operações, um aumento de 23% também em relação a 2010, segundo o
levantamento.
Considerando esse cenário de crescimento nas operações, a relevância do estudo consiste na
possibilidade do resultado da pesquisa apontar os efeitos que a adoção do CPC 15 pode causar
nas demonstrações contábeis das empresas, uma vez que refletirão os seguintes ajustes: (a) os
ativos e passivos devem apresentar uma nova base de avaliação, de tal modo a refletirem a
nova realidade econômica consumada (IUDICIBUS et al, 2010); (b) dever-se-á reconhecer
separadamente o ágio por expectativa de rentabilidade futura dos ativos identificáveis
líquidos; (c) O fim da amortização do ágio pressupõe o fim da discricionariedade do período
de amortização, o qual representava um critério pouco contundente, pois não há base para
argumentar-se se um ativo deve ser amortizado em cinco, dez, quinze anos ou qualquer outro
período; (d) Identificação da adquirente do negócio.
A adoção do CPC 15 poderá implicar alterações nos resultados com reflexos nas distribuições
de dividendos das companhias, como consequência da substituição da amortização do ágio,
cuja despesa refletia ajustes no resultado, pelo teste de impairment, que pode implicar ou não
constituição de estimativa de perdas (ERNST & YOUNG; FIPECAFI, 2009, p. 211).
Destaque-se que poucos trabalhos foram desenvolvidos sobre o tema. Tem-se, por exemplo, a
pesquisa de Melo, Tinoco e Yoshitake (2011) que aborda os impactos das Combinações de
Negócios em Empresas de Capital Aberto no período de 2005 a 2008, identificando-se os
9
impactos nas demonstrações financeiras da B2W Companhia Global do Varejo, JBS S.A e
Braskem S.A. A pesquisa de Santos e Schmidt aborda os impactos do FAS 141 (business
combination) e 142 (goodwill e outros ativos intangíveis) do Financial Accounting Standard
Board (FASB) na contabilização do goodwill, intangíveis e combinações de negócios.
Este estudo prospecta, por meio de casos práticos, observar como as companhias vêm
registrando estas transações de modo a permitir que os usuários das demonstrações
financeiras percebam claramente a evidenciação pormenorizada dos impactos decorrentes das
combinações de negócios.
1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO
A dissertação desenvolve-se por meio de estudos de caso onde são apresentados os efeitos
decorrentes da adoção do CPC 15 (business combination) em duas empresas de diferentes
setores. Trata-se de empresas abertas listadas na CVM cujas informações encontram-se
disponíveis ao público. Cabe referenciar que o presente trabalho buscou analisar
demonstrações financeiras, relatórios anuais, laudos de avaliação e protocolos de justificação
das operações.
Pretendeu-se ainda analisar o nível de aderência das notas explicativas destas companhias aos
requisitos de divulgação exigidos pela norma em estudo.
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Capítulo1 (um) _ O primeiro capítulo traz, além da introdução onde se apresenta a definição
do problema de pesquisa, objetivos gerais e específicos, relevância e delimitação da pesquisa.
10
Capítulo 2 (dois) _ No segundo capítulo faz-se a revisão de literatura, abordando-se o
processo de convergência do Brasil às normas internacionais de contabilidade, discorre-se
sobre o CPC 15 e normas correlatas, além disso, descreve-se como ocorrem processos de
fusões, aquisições, cisões e incorporações.
Capítulo 3 (três) _ Apresenta-se a metodologia da pesquisa descrevendo-se o método utilizado
no estudo, o porquê da escolha de um estudo de caso, suas características e possíveis
limitações. Complementarmente, descreve-se a amostra a ser analisada e o tratamento
conferido aos dados.
Capítulo 4 (quatro) _No quarto capítulo detalham-se as empresas objeto do estudo de caso.
Capítulo 5 (cinco) _ No quinto capítulo executa-se o estudo de caso a fim de verificar como
os demonstrativos das duas companhias foram afetados.
Capítulos 6 (seis) _ Por fim, o capítulo sexto apresenta considerações finais acerca do trabalho
desenvolvido e contribuições da pesquisa, seguido das referências bibliográficas.
11
2. REFERENCIAL TEÓRICO
No referencial teórico a seguir foi feita uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de
fundamentar os temas mencionados neste trabalho. Abordou-se sobre o disclousure, tendo em
vista que, com a adoção das normas internacionais de contabilidade, far-se-á necessário maior
exigência de divulgação de informações e, além disso, buscou-se relacionar como
contabilidade e disclousure estão ligados. Além desse fator, também se abordou o CPC 15 o
contexto de sua origem e sua aplicabilidade para que fosse possível compreender seus efeitos
sobre as companhias analisadas.
2.1 DISCLOUSURE
Segundo definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC 2009, p. 54)
disclousure é: “a comunicação de informações que deve abranger tanto aspectos positivos
como negativos, de modo a prover aos usuários uma correta compreensão da organização”. A
transparência (disclousure) junto com a equidade (fairness), prestação de contas
(accountability), cumprimento de leis (compliance) e ética (ethics) representam os princípios
básicos de governança corporativa.
12
O disclousure consiste em toda informação que seja útil à tomada de decisões pelos
stakeholders, apresentando-se das seguintes formas: disclousure compulsório – representa
informações exigidas pelos órgãos reguladores às companhias abertas, e disclousure
voluntário - informações não obrigatórias por lei, mas que possibilitam maior transparência
para a empresa. Apesar dos aspectos positivos, a exposição dos dados estratégicos poderia
revelar pontos fracos das companhias e expô-las aos seus concorrentes.
A informação a ser divulgada depende de uma série de fatores, tais como: o que evidenciar,
quanto evidenciar, como e quando. Nesse sentido, a informação deve expressar o que for
necessário para a decisão de um usuário dessas demonstrações, de modo que sua omissão (ou
erros) influenciasse a avaliação por parte desses usuários. No quesito quanto evidenciar deve-
se atentar a detalhes como: entendimento do leitor, padrão de diversificação mais apropriado,
complexidade e diversidade das operações realizadas, entre outros fatores.
Quanto ao horizonte temporal de evidenciação, é necessário divulgar a informação antes que
todos os seus aspectos sejam conhecidos, a fim de que a confiabilidade não seja prejudicada.
Caso haja demora em se divulgar as informações, esta apesar de confiável terá pouca valia a
seus usuários, que delas necessitavam para balizar suas decisões.
Dentre os métodos de evidenciação disponíveis, segundo Iudicibus (2009) e Hendriksen e
Van Breda (1999), pode-se destacar: notas explicativas, demonstrações financeiras,
informações entre parênteses, quadros e demonstrativos suplementares, pareceres de auditoria
e relatório de administração. O objetivo das notas explicativas não é substituir, mas sim
complementar o que não pôde ser apresentado no corpo das demonstrações.
13
Hendriksen e Van Breda (1999) citam algumas vantagens das notas explicativas, tais como:
apresentação de informação qualitativa não presente nos demonstrativos financeiros,
evidenciação de maior número de detalhes e evidenciação das qualificações e restrições de
certos itens nas demonstrações. As desvantagens verificadas pelos autores seriam:
dificuldades na leitura, dificuldade maior na utilização das descrições textuais e abuso das
notas explicativas em vez de desenvolvimento adequado dos princípios.
Há que se ressaltar que um bom nível de disclousure reduz a assimetria de informações
prestadas pelas companhias, contribuindo para a eficiência do mercado de capitais, pois o
risco percebido pelos investidores ao aplicar no mercado financeiro será menor, assim como o
retorno exigido para seu investimento. A empresa, por outro lado, se beneficiará com a
redução de seu custo de capital, dado que uma divulgação adequada aumenta a liquidez do
mercado de ações. Segundo pesquisa realizada por Botosan (1997), maiores níveis de
divulgação (disclousure) implicariam redução da assimetria de informações, proporcionando
aumento da credibilidade da empresa, e, como consequência, isto facilitaria a negociação dos
investidores numa companhia, pois sua percepção de risco em relação a esta seria menor.
2.1.1 Contabilidade e Disclousure
A Contabilidade tem por objetivo fornecer aos usuários internos e externos informações úteis,
que lhes auxiliem no processo de tomada de decisões. De acordo com o IBRACON (1992,
p.59) usuário é: “... pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação e progresso de
determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo
patrimônio familiar”.
14
A estrutura conceitual do IASB, aprovada em abril de 1989 e implementada em abril de 2001,
estabelece em seu escopo, dentre outros itens, acerca dos objetivos das demonstrações
financeiras. Tais demonstrações são preparadas anualmente e devem visar atender às
necessidades de informações de um grande número de usuários. Os usuários podem ser
investidores, credores, governo, acionistas, entre outros que usam os demonstrativos para
satisfazer alguma demanda por informação.
Whiterell (2003) afirma que o maior disclousure não necessariamente implica aumento da
transparência. Porém sua efetividade depende diretamente das informações prestadas aos
usuários. O Pronunciamento Técnico CPC 00, que trata da Estrutura Conceitual para
Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil Financeiro, estabelece quatro principais
características da informação contábil: relevância, confiabilidade, comparabilidade e
compreensibilidade. As demonstrações devem possuir características qualitativas que são os
atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis para os usuários. O Pronunciamento
Técnico CPC 00 (R1) nos itens 15 e 19 altera o Pronunciamento Técnico CPC 00 ao
introduzir divisão das características qualitativas da seguinte forma: características
fundamentais (relevância e representação fidedigna), classificando-as como mais críticas e
características de melhoria (compreensibilidade, verificabilidade, tempestividade e
comparabilidade) consideradas menos críticas mas altamente desejáveis.
A relevância diz respeito à utilidade da informação para os usuários da tomada de decisões.
Neste contexto a abordagem de Francis e Schipper (1999) considera que a informação
contábil será considerada relevante quando utilizada pelos investidores no processo de
precificação das ações. Destaque-se que a relevância é influenciada pela materialidade da
informação quando sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões dos usuários. Do
15
ponto de vista da empresa, é material o procedimento que, se não considerado, altera o nível
de qualidade e confiabilidade dos controles internos e sistemas de informação.
A informação deve ser confiável evidenciando transações que representem fielmente as
transações, livres de erros ou vieses relevantes, fato que indicaria gerenciamento de
resultados. Para Schipper (1989, p. 91) gerenciamento de resultados consiste: “[...] numa
intervenção proposital no processo de evidenciação externa, com a intenção de obter algum
ganho privado”. Martinez (2001) destaca as seguintes modalidades de gerenciamento de
resultados: a) resultado alvo_ gerenciar para aumentar ou diminuir resultados contábeis; b)
suavização de resultados_ gerenciar para reduzir a variabilidade dos resultados contábeis e
contabilização conservadora, ou seja, gerenciar para reduzir o lucro corrente e aumentar o
lucro futuro.
Assim a reapresentação adequada das informações pressupõe-se que os fatos devam ser
apresentados conforme sua essência econômica e não apenas sua forma legal. O leasing
financeiro, diferentemente de sua forma legal que os define como um aluguel, em essência,
caracteriza-se como uma venda a prazo onde os riscos e benefícios são transferidos ao
arrendatário em troca de um ou uma série de pagamentos por um período de tempo
determinado.
As características qualitativas de melhoria em que os conceitos de compreensibilidade,
verificabilidade, tempestividade e comparabilidade enquadram-se podem auxiliar aos usuários
quanto ao julgamento de qual alternativa deva ser considerada em termos de relevância e
fidedignidade ao representar um fenômeno, de acordo com o disposto no Pronunciamento
Técnico CPC 00 (R1) em seu item 19.
16
O conceito de compreensibilidade diz respeito à clareza e à objetividade das informações
divulgadas de modo que o usuário esteja apto a entender o que está sendo apresentado, uma
vez que certos conceitos são complexos e não podem ser compreendidos facilmente.
A verificação pode ser direta ou indireta. Verificação direta significa checar um montante ou
outra representação por meio de observação direta, como, por exemplo, por meio da contagem
de caixa. Verificação indireta significa checar os dados de entrada do modelo, fórmula ou
outra técnica e recalcular os resultados obtidos por meio da aplicação da mesma metodologia.
O Pronunciamento Técnico CPC 00 (R1), item 27, toma como exemplo a verificação do valor
contábil dos estoques por meio da checagem dos dados de entrada (quantidades e custos) e
por meio do recálculo do saldo final dos estoques, utilizando a mesma premissa adotada no
fluxo do custo, por exemplo, utilizando o método PEPS.
A tempestividade significa ter informação disponível para tomadores de decisão a tempo de
poder influenciá-los em suas decisões. Em geral, a informação mais antiga é a que tem menor
utilidade. Contudo, certa informação pode ter o seu atributo tempestividade prolongado após
o encerramento do período contábil, em decorrência de alguns usuários, por exemplo,
necessitarem identificar e avaliar tendências. A tempestividade significa ter informação
disponível aos usuários das demonstrações contábeis, de modo a influenciá-los em suas
decisões. Refere-se também à demora indevida no envio das informações, reduzindo a sua
utilidade.
A comparabilidade deverá permitir aos usuários avaliar a posição econômica financeira da
companhia e seu desempenho. Os usuários deverão ser informados das práticas contábeis
adotadas na elaboração das demonstrações contábeis, assim como mudanças dessas práticas.
Também necessitam saber identificar as diferenças entre práticas contábeis utilizadas nas
17
transações de uma companhia entre um período e outro. Adicionalmente, as demonstrações do
período anterior ao que está sendo divulgado devem ser apresentadas comparativamente, para
que o usuário possa entender a evolução da posição patrimonial e financeira da companhia.
Uma contribuição dada à aplicação das melhores práticas de governança corporativa, na qual
se insere o disclousure, partiu da Bolsa de Valores de São Paulo, no ano de 2000, ao criar
segmentos de listagem a empresas com padrões de governança corporativa superiores ao
verificado no mercado tradicional. Além deste mercado, passaram a existir três segmentos
diferenciados de governança: o nível um, o nível dois e novo mercado. Criou-se assim a
expectativa de que as empresas, ao aderirem a estas novas regras, teriam redução de seu grau
de risco e isso seria percebido pelo mercado.
Conforme cartilha do IBGC (2009) uma empresa com boas práticas de governança
corporativa deveria atentar aos seguintes princípios:
Reconhecimento e proteção aos seus acionistas
· Tratamento equânime aos acionistas;
· Prestação de Contas pelos agentes da governança;
· Transparência das informações;
· Responsabilidade Corporativa pela longevidade da organização.
O nível um pressupõe aplicação de regras de transparência e dispersão acionária, com exceção
da obrigatoriedade de divulgação dos demonstrativos financeiros em IFRS ou USGAAP. O
nível dois diferencia-se do novo mercado ao permitir que as empresas tenham ações
preferenciais em sua estrutura de capitais, ao passo que o novo mercado tem por exigência
capital social composto exclusivamente por ações ordinárias.
18
Apesar do esforço em prover transparência, as informações financeiras apresentavam
peculiaridades decorrentes de fatores sociais, econômicos e legais, levando a diferentes
critérios de reconhecimento dos itens nas demonstrações financeiras.
As normas internacionais de contabilidade instituídas pelo IASC e IASB (IAS/IFRS) têm
provocado mudanças substanciais quanto ao disclousure obrigatório pelas empresas,
proporcionando aos analistas financeiros uma interpretação mais adequada da verdadeira
posição econômica da empresa, uma vez que as demonstrações deverão adotar um padrão
único. Apesar de a migração do modelo brasileiro para o internacional representar melhora na
avaliação da informação contábil, o efeito contrário pode ocorrer, pois um modelo mais
subjetivo, baseado em princípios e não mais em regras, poderá aumentar a discricionariedade
do preparador das demonstrações, estimulando o gerenciamento dos resultados da companhia.
2.1.2. Demonstrações Contábeis Consolidadas
Segundo Jordão et al (2008), combinações de negócios representam união de interesses
distintos numa unidade entidade econômica por intermédio de concentrações e reestruturações
societárias, que exigem a utilização de demonstrações consolidadas com o intuito de refletir a
posição financeira do grupo.
A finalidade da consolidação é apresentar os resultados das operações financeiras das
sociedades controladora e controlada como se o grupo fosse uma unidade entidade
(IUDICIBUS et al, 2010). Stickney e Well (1997) argumentam que a consolidação de ativos,
passivos, receitas e despesas individuais da controladora e suas subsidiárias apresenta de
maneira mais real as operações e posição financeira da entidade econômica.
19
Em raras exceções como: ativos em descontinuidade operacional ou ativos mantidos para a
venda (sujeitos aos critérios do CPC 31 _ ativos não correntes mantidos para venda e
operações descontinuadas) a consolidação não é aplicada. As sociedades limitadas,
especificamente sociedades de grande porte (fechadas ou abertas), são assim denominadas:
“[...] sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver no exercício social
anterior, ativo total superior a 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões” ,
a consolidação é obrigatória (Lei 11.638, artigo 3; 2007, Data de Acesso: 30 de abril de
2012).
No que se refere às companhias abertas, não existe mais o critério de relevância estabelecido
pelo artigo 249 da lei das S.A. Conforme esse artigo, as companhias abertas que detivessem
30% ou mais de seu patrimônio líquido comprometido em investimentos em controladas
deveriam consolidar seus demonstrativos. Note-se que o critério de relevância não é aplicado
em outros países que exigem a consolidação para companhias que possuem investimentos em
controladas. Por isso, a CVM eliminou este percentual, conforme delegação atribuída a este
órgão pelo artigo 291 da Lei das S.A.
Como as demonstrações consolidadas devem refletir o grupo como uma única entidade, são
requeridos alguns procedimentos. O artigo 250 da Lei das S.A determina que sejam excluídas
as transações intercompany, assim como quaisquer saldos entre sociedades. Além disso, os
investimentos da controladora na controlada deverão ser eliminados contra o patrimônio
líquido da controlada e o ágio (goodwill) do investimento deverá fazer parte do intangível.
20
Complementarmente, é necessário identificar a participação dos minoritários pelo valor justo
de sua participação na controlada ou proporcionalmente a sua participação nos ativos líquidos
identificáveis desta companhia.
O Pronunciamento Técnico CPC 18 (R2), que trata de Investimentos em Coligadas,
Controladas e Empreendimentos Controlados em Conjunto, apresenta a seguinte definição de
controlada:
Entidade na qual a controladora, diretamente ou através de outras
controladas é titular de direitos de sócio que lhe assegure de modo
permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de destituir
ou eleger a maioria dos administradores (CPC 18 (R2), item 3, Data de
Acesso: 15 de janeiro de 2013).
ALMEIDA (2010) cita que o controle se dá por meio de políticas operacionais, que
consistem em políticas estratégicas que direcionam as atividades de uma organização, tais
como vendas, marketing, produção, recursos humanos e aquisições e alienação de
investimentos. Segundo o mesmo autor, a definição de controle relaciona-se às consequências
econômicas (benefícios e riscos) associadas às políticas financeiras e operacionais da
companhia.
Deve-se considerar ainda que, segundo o Pronunciamento Técnico CPC 36 (demonstrações
consolidadas), em seu parágrafo 47, direitos de votos prontamente conversíveis deverão ser
considerados ao se avaliar o poder que uma companhia terá de dirigir as políticas financeiras e
operacionais de outra entidade, caracterizando assim o controle. Caso esses direitos não
possam ser conversíveis em data ou evento futuro, não deverão ser considerados nesta
definição.
21
Ressalte-se que em certas situações a consolidação poderá ser dispensada. De acordo com o
Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3), que trata das Demonstrações Consolidadas, em seu
item 4, controladora poderá deixar de apresentar as demonstrações consolidadas nas seguintes
situações:
· Quando a controladora for controlada (integral ou parcial) de outra sociedade e,
conjuntamente com os proprietários, inclusive minoritários concordarem quanto a não
apresentação das demonstrações consolidadas pela controladora;
· Seus instrumentos de dívida ou patrimoniais não são negociados publicamente em
bolsas de valores nacionais ou estrangeiras ou mercado de balcão;
· A companhia não arquivou ou não pretende arquivar suas demonstrações financeiras
na CVM para o fim de efetuar distribuição pública de quaisquer instrumentos de
mercado;
· A controladora (final ou intermediária) da controladora já disponibiliza demonstrações
consolidadas ao público, atendendo os requisitos do CPC.
Destaque-se que, em 18/12/2008, foi emitido um exposure draft da IFRS 10 e em 12/05/2011,
a norma foi aprovada, sendo obrigatória a partir de 01/2013, permitindo-se adoção antecipada.
O IFRS 10 (Consolidated Financial Statements) substituirá a IAS 27 (demonstrações
consolidadas) e o SIC 12 (consolidação Sociedades de Propósito Específico), normas
equivalentes ao Pronunciamento Técnico CPC 36 no Brasil.
Esta norma traz um novo aspecto aos princípios de apresentação e preparação das
demonstrações financeiras consolidadas e determina quais investidas deverão ser incluídas na
consolidação. A norma foi incorporada ao Pronunciamento Técnico CPC 36 (demonstrações
consolidadas) e assim define como o controle pode ser obtido:
22
Uma entidade controla outra, quando está exposta (ou tem o direito a estar) a
retornos variáveis decorrentes do envolvimento com a investida e tem a
habilidade de afetar estes retornos devido ao poder que detém sobre a
investida (CPC 36 (R3), item 6, Data de Acesso:18 de maio de 2012).
A figura 1 atesta esta definição:
Figura 1: Fluxo na avaliação do controle da investida
Fonte: KPMG (2011, p.4)
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3), conforme item 7, o controle é
baseado na avaliação se um investidor possui: i) o poder sobre a investida; ii) a exposição, ou
direitos, para retornos variáveis de seu envolvimento com a investida, e iii) possibilidade de
utilizar seus poderes sobre a investida de forma a alterar os retornos atribuídos.
23
O Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3) no item 18 dispõe que, antes de definir se o gestor
controla um fundo de investimento, é necessário considerar se atua como agente ou principal.
Para fazer esta diferenciação há que se observar se terceiros afetam os direitos delegados ao
gestor. Caso um único investidor decida pela destituição do gestor, então este deverá ser
classificado como um agente. Em hipótese de esta decisão atrelar-se à decisão de mais
investidores, não é possível concluir se o gestor enquadra-se como agente ou principal.
Quando está questão não é clara o suficiente, faz-se necessário identificar a capacidade do
gestor em administrar atividades relevantes. Denominam-se atividades relevantes àquelas que
influenciam significantemente os retornos da investida.
Complementarmente, caso o gestor de ativos detenha significativa autoridade no processo de
tomada de decisões (direito de voto e potenciais direitos de voto), não pode ser destituído e/
ou tem remuneração significativa em relação aos retornos da investida, então, nesse caso, o
gestor pode ser considerado principal, segundo destaca o Pronunciamento Técnico CPC 36
(R3) no item 7.
Cumpre destacar que “para haver poder sobre a investida” o direito deve ser substantivo
(precisa ser exercível pelo detentor quando uma decisão relevante sobre a atividade da
investida precisa ser tomada). No caso de mudanças significativas nos negócios ou direitos
que poderão ser exercidos apenas em determinadas circunstâncias, têm-se o direito de
proteção. Segundo ERNST YOUNG (2010, p. 5), os fundos de investimento imobiliário
apresentam estratégia pré-definida e sua alteração requer a aprovação da maioria dos
investidores, por maioria simples, unanimidade ou maioria qualificada. Conclui-se que, neste
caso, não há a figura do controle, uma vez que as decisões são tomadas em conjunto.
24
O exercício de controle poderá ser determinado quando o investidor detiver mais da metade
do poder de voto de uma investida, e não é condição precípua que o controle possa ser direto,
podendo ocorrer por intermédio de outra controlada na definição de Velter e Missagia (2010).
Em complemento, caso um investidor detenha menos da metade das ações com direito a voto,
mas tenha acordo de acionistas firmado com os demais investidores que lhe proporcione
direito de veto nas decisões da companhia, este será o controlador. Assim o direito de voto
pode ser exercível em situações onde o investidor possua menos do que 50% das ações com
direito a voto. Como exemplo, um investidor poderá deter 48% das ações de uma companhia
e a participação restante de 52% encontrar-se diluída entre os demais, de modo que aquele
torna-se o majoritário.
Outro aspecto importante citado no Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3) nos itens 68 e 69,
diz respeito à remuneração do gestor do fundo de investimento. Caso aufira remuneração
proporcional aos serviços prestados, pode-se defini-lo como um agente. Porém quanto maior
for a exposição à variação dos retornos esperados pelo fundo, maiores as chances de se definir
o gestor como principal. O Pronunciamento Técnico CPC 36 (R3), no parágrafo 57, apresenta
exemplos de exposição a retornos variáveis, a saber: dividendos, sinergias, economias de
escala, interesses residuais nos ativos e passivos no caso de liquidação da investida, benefícios
tributários, exposição a perdas creditícias, entre outros.
Ademais, se o gestor detém outras participações em investidas, indica-se que, nesta
circunstância, pode não enquadrar-se como um agente, uma vez que suas decisões seriam
diferentes se não detivesse tais participações.
25
2.2 FORMAS DE REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA
A partir dos anos 90 fusões e aquisições passaram a se tornar mais comuns no contexto
brasileiro, haja vista o crescimento dos mercados como decorrência do processo de
globalização, onde o Brasil passou a ser uma economia aberta e competitiva.
A fusão pode ser definida como: “Operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para
formar sociedade nova que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações” (Lei 6404, art.
228; 1976, Data de Acesso: 01 de maio de 2012). Nota-se que a fusão dá lugar a uma nova
sociedade com personalidade jurídica distinta das anteriores.
“... incorporação é uma operação na qual duas ou mais sociedades são absorvidas por outra,
que lhes sucede em todos os direitos e obrigações” (FERREIRA, 2011). Diferencia-se da
fusão, pois a incorporadora continua a existir e na fusão constitui-se nova empresa.
O artigo 229 da Lei das S.A apresenta a seguinte definição para cisão:
Operação pela qual a companhia transfere seu patrimônio em todo ou em
parte para uma ou mais sociedades constituídas para esse fim, ou já
existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o
seu patrimônio, e dividindo-se o seu capital, se parcial a versão (Lei 6404,
art.229; 1976, Data de Acesso: 01 de maio de 2012).
A aquisição diz respeito à compra de 100% de outra companhia para que esta se torne sua
subsidiária. Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) afirmam que, ao contrário das fusões, geralmente
transações amigáveis, as aquisições podem ou não ser amigáveis. De acordo com Costa, Costa
e Alvim (2011) em uma aquisição hostil, a empresa adquirente faz uma oferta pelas ações
acima de seu preço de mercado e solicitará que os acionistas da empresa-alvo vendam as
ações pelo preço da oferta. Os gestores da empresa ofertada discordam da operação por
26
acharem o valor ofertado baixo e tentarão convencer seus acionistas que a empresa vale muito
mais do que a oferta apresentada.
Para efetivação da incorporação faz-se necessária à realização de três assembleias (uma na
incorporadora e duas na incorporada ou somente uma assembleia desde que a incorporada já
tenha aprovado a operação e os respectivos laudos estejam concluídos). Aprovado o protocolo
de incorporação, a assembleia geral da incorporadora deverá anuir subscrição e aumento de
capital a ser feito pelos sócios da sociedade incorporada.
Não são permitidas operações de incorporação de sociedades com patrimônio negativo. Nesse
sentido Oliveira et al (2011) ressalta que tal operação representaria uma assunção de dívidas,
com a extinção da sociedade devedora.
No caso da fusão são realizadas três assembleias: duas preliminares (uma em cada sociedade)
e, uma, definida para a formação da nova sociedade. Aprovada a operação pela Assembleia
Geral, são convocados peritos para avaliarem os patrimônios das companhias envolvidas. De
posse dos laudos, os administradores convocarão os acionistas a fim de que tomem
conhecimento a respeito da constituição da nova sociedade. Destaque-se que os
administradores não podem votar acerca dos laudos de avaliação das sociedades da qual
fazem parte (Lei 6404, art. 228 § 2º e 3º, 1976, Data de Acesso: 01 de maio de 2012).
Para a cisão com a criação de sociedade nova haverá uma assembleia geral para aprovação do
protocolo de justificação. Após, contratar-se-á os peritos que avaliarão o patrimônio da
sociedade a ser cindida. Após o laudo ser entregue, uma nova assembleia será realizada de
modo a aprová-lo. Por fim, consumada a constituição de nova sociedade, a sociedade cindida
27
extingue-se. Em se tratando de cisão parcial, cuja parcela do patrimônio seja destinada à
sociedade existente aplicam-se as regras relacionadas à incorporação (FERREIRA, 2011).
Iudicibus et al (2010) aborda que os acionistas, quando dissidentes, poderão retirar-se da
sociedade apenas quando a operação for aprovada por Assembleia Geral tendo direito ao
reembolso de suas ações, caso atendidas as seguintes condições:
Para incorporação:
· O acionista não poderá retirar-se da sociedade em caso de ação que apresenta liquidez
ou dispersão no mercado.
Para cisão, o acionista dissidente poderá retirar-se da sociedade se a operação representar:
· Mudança do objeto da sociedade;
· Redução do dividendo obrigatório. O dividendo obrigatório representa o percentual de
25% do lucro líquido ajustado, se o estatuto não for omisso. Neste caso, a companhia
terá a obrigatoriedade de distribuir 50% de seu lucro líquido ajustado;
· Participação de grupo de sociedades, definidas como um conjunto de sociedades
juridicamente independentes, porém submetidas a uma única direção.
Oliveira et al (2011) mencionam que, para fins legais, o valor de reembolso das ações
somente poderá ser inferior ao valor patrimonial contábil caso haja previsão estatutária de
possibilidade de reembolso conforme valor econômico. Este valor econômico, por envolver
vários elementos subjetivos, deverá ser aferido por peritos independentes.
Caso o processo de incorporação, fusão ou cisão envolva companhia aberta, as sociedades
resultantes também deverão ser abertas e, caso desejem admitir a negociação de novas ações
28
no mercado secundário (bolsas de valores), terão a obrigatoriedade de fazê-lo num prazo de
120 dias, contados da data da Assembléia Geral que aprovou a operação e o acionista
dissidente terá o direito de retirada da companhia recebendo o reembolso por suas ações.
2.3 CONCEITOS DE COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS
2.3.1 Conceitos Básicos
Combinações de Negócios são operações em que há transferência de controle de um ou mais
negócios para a companhia adquirente (IUDICIBUS et al, 2010). O que caracteriza essas
operações é a obtenção de controle independentemente de sua forma jurídica (fusão, cisão,
aquisição ou alienação de controle).
Segundo Coelho (2004, p. 221), operações de combinações de negócios podem ser assim
definidas: [...] operações, pelas quais as sociedades mudam de tipo, aglutinam-se ou dividem-
se, procurando os seus sócios e acionistas dotá-las do perfil mais adequado à realização dos
negócios sociais ou, mesmo, ao cumprimento das obrigações tributárias”.
Identificar a adquirente, algumas das vezes, pode ser uma tarefa difícil, já que nem sempre a
contraprestação efetuada deverá ser em dinheiro. A identificação da adquirente do negócio
envolve os seguintes pressupostos, elencados a seguir :
· Combinação de Negócios efetivada por meio de troca de ações- O adquirente
normalmente é aquele que emite instrumentos de capital (ALMEIDA, 2010);
· Combinação de Negócios em que o adquirente detém direitos de voto que lhes
assegure o poder de definir as políticas financeiras e operacionais da entidade
(ALMEIDA, 2010);
29
· Quando não houver participação relevante dentre o grupo de adquirentes, tendo-se
então várias participações de minoritários, a companhia adquirente é a que detiver
maior participação dentre os minoritários (IUDICIBUS et al, 2010);
· O adquirente normalmente é a companhia com maior tamanho relativo dentre as
demais (ativos receitas ou lucros) (ALMEIDA, 2010).
Além da identificação do adquirente é necessário identificar a data de aquisição do negócio
(data de fechamento). Normalmente é a data em que a adquirente transfere a contraprestação
devida pelo negócio assumindo assim os ativos líquidos identificáveis da sociedade adquirida.
Em alguns casos, a data de aquisição poderá não ser compatível com a data de fechamento.
Tal fato pode ocorrer quando as partes firmam por meio de contrato a data em que o controle
da adquirida será assumido e essa data é diferente da data de fechamento.
Para que uma combinação de negócios seja caracterizada como tal, adicionalmente ao
controle, faz-se necessário que o conjunto de ativos líquidos identificáveis configure-se como
um negócio.
Um negócio pode ser definido como a capacidade de um conjunto de ativos líquidos
identificáveis ser conduzido e gerenciado e, principalmente, gerar retorno a seus proprietários
(CPC 15 (R1), item 11, Data de Acesso: 15 de maio de 2012). O retorno refere-se à
capacidade do investimento de remunerar seus acionistas em taxa superior ao custo de capital.
Na concepção de Iudicibus et al (2010) em havendo a presença do goodwill, em determinado
conjunto de ativos, pode-se inferir a existência de um negócio, já que o goodwill define-se
como a mais valia dos ativos . Assim, um negócio envolve atividades e ativos integrados,
30
conduzidos pelos participantes com o objetivo de gerar dividendos, redução de custos ou
ainda outros benefícios aos seus detentores.
Os ativos e atividades em desenvolvimento devem ser considerados negócios, conforme
preconizado pelo Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1), item 7, quando:
· As atividades pretendidas já foram iniciadas;
· Possui empregados, propriedade intelectual e outros inputs e processos que possam ser
aplicados aos mesmos;
· Busca um plano para gerar outputs;
· Obterá acesso aos clientes que adquirirão o output.
Numa combinação de negócios, o adquirente reconhece os ativos adquiridos, os passivos,
assim como os passivos contingentes, mesmo aqueles não reconhecidos pela adquirida em
estágios anteriores. Devem também ser reconhecidos todos os custos relacionados ao
processo de aquisição, tais como peritos, advogados, consultores, custos do departamento de
aquisições em contrapartida ao resultado do exercício, ressalvando-se custos relacionados à
emissão de instrumentos de dívida e patrimoniais. Estes devem ser reconhecidos de acordo
com os CPC´S 38 e 39 (Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração e
Instrumentos Financeiros: Apresentação).
31
2.3.2 A Norma Internacional Sobre Combinações De Negócios
O pronunciamento CPC 15 é de aplicação obrigatória desde 1º de janeiro de 2010 e as
demonstrações financeiras de 2009, divulgadas para fins de comparação, devem evidenciar os
ajustes da norma. A norma foi objeto de revisão, segundo audiência pública de 04/05/2011.
O processo contemplou revisões de texto, de modo que o Pronunciamento produzisse os
mesmos efeitos da norma internacional IFRS 3. Esse processo de revisão, que teve início em
2009 e 2010 continuou em 2011 e buscou revisar todos os normativos emitidos em 2010,
incluindo o CPC 15.
No Brasil, permitiu-se, conforme CPC 43 (adoção inicial), que na adoção inicial do IFRS, as
empresas fossem isentas da não reapresentação das combinações de negócios efetuadas antes
da data de transição (01/01/2009). Em outras palavras, a companhia teria a opção, ao
apresentar suas demonstrações em IFRS pela primeira vez, em não aplicar o CPC 15 às
combinações de negócios ocorridas antes desta data. Na hipótese de a empresa optar por
retroagir a aplicação do CPC 15 a alguma combinação de negócios ocorrida, deveria então
reapresentar todas as combinações de negócios ocorridas após essa combinação de negócios.
O CPC 15 tem por objetivo descrever os pressupostos de uma combinação de negócios, assim
como o nível de informações a ser divulgado pelo adquirente a fim de que os usuários das
demonstrações financeiras possam ter informação adequada e completa dos eventos.
Conforme disposto no Pronunciamento Técnico CPC 15, item 64, os itens a serem divulgados
serão os seguintes:
(1) Nome da companhia adquirida;
(2) Data da aquisição;
32
(3) Porcentagem da participação societária adquirida com direito a voto;
(4) Razões que justificaram a combinação de negócios, além da descrição de como o
adquirente obteve a participação na adquirida;
(5) Descrição dos itens que compõem o goodwill, tais como sinergias esperadas pela
combinação de negócios, ativos intangíveis envolvidos que não se qualificaram ao
reconhecimento, dentre outros fatores;
(6) Valor Justo dos itens que compuseram o custo de aquisição, como ativos, passivos
incorridos, incluindo passivos contingentes e instrumentos de capital;
(7) Para acordos de ativos provenientes de indenização e pagamentos contingentes, os
valores reconhecidos na época da aquisição, descrição do acordo e base para
determinar o valor do pagamento, além da descrição de valores mínimos e máximos
dos montantes de pagamento;
(8) Para aquisições inferiores a 100% na data de aquisição, o valor da participação
minoritária adquirida e base de cálculo deste valor além da participação minoritária
calculada com base no valor justo, as técnicas de avaliação empregadas e informações
dos modelos chave utilizados para chegar-se a tal montante;
(9) O valor total do ágio dedutível para fins fiscais;
(10) Critério adotado para mensuração das combinações de negócios ocorridas até o
exercício anterior ao pronunciamento.
Destaque-se que, caso a entidade proceda à combinação de negócios em data posterior ao
fechamento de suas demonstrações financeiras, mas anterior à data de emissão das
demonstrações financeiras, deverá divulgar a operação por meio de notas explicativas como
se a aquisição tivesse ocorrido no exercício informado. A data de emissão das demonstrações
financeiras é a data em que estas são apresentadas a algum órgão externo à diretoria e
colaboradores. Iudicibus et al (2010) exemplificam que, nas sociedades por ações, a
33
apresentação das demonstrações ao conselho de administração concretiza a data de
autorização para emissão das demonstrações financeiras.
Adicionalmente se a contabilização de uma combinação de negócios for alocada com base em
valores provisórios, uma vez que os valores envolvidos ainda não possam ser divulgados
definitivamente, o adquirente deve utilizar esses valores e declarar o fato em notas
explicativas. Os ajustes nestes valores como resultados da conclusão da contabilização inicial
deverão ser feitos num período de 12 meses após a data de aquisição, conforme Ernst Young
Fipecafi (2010).
2.3.3 Métodos Contábeis de Combinações de Negócios
Most (1977) cita que as combinações de demonstrações contábeis legalmente distintas é uma
atividade relativamente recente, encontrando-se indícios de sua aplicação ao final do século
XIX.
Dentro do contexto da norma então vigente a IAS 22, as combinações de negócios baseavam-
se em dois métodos: método da união de participações (pooling of interests) e método de
compra (purchase method). Os métodos fresh start e push down accounting nada mais eram
do que complementos dos primeiros (GODOY E SANTOS, 2006). Até o ano de 2004,
utilizava-se para as operações de business combination tanto o método de aquisição
(purchase) como método de combinação de interesses (pooling of interests).
Por este último método, as participações nas entidades permaneciam as mesmas ocorrendo
apenas uma troca de ações com direito a voto entre os acionistas. Assim, a base contábil
permanecia a mesma uma vez que ativos e passivos continuavam a ser mensurados a valor
histórico. O capital social da empresa remanescente era o valor nominal ou declarado das
34
ações em circulação e, caso houvesse diferença entre o capital e o valor das ações emitidas, a
diferença deveria ser contabilizada na forma de reserva de ágio. Este método foi amplamente
utilizado nos Estados Unidos nas décadas de trinta a sessenta(GODOY E SANTOS, 2006).
Este método foi proibido pelo IFRS 3, pois apresentava os seguintes problemas: comprometia
a comparabilidade; favorecia a manipulação de resultados; dificultava a convergência.
O método push-down accounting pressupunha ajustes nos ativos e passivos das sociedades
investidas, que com a combinação de negócios, passariam a ter uma nova base de avaliação de
seus ativos (valor justo). Santos et al (2006) citam que os ativos da companhia sofriam
avaliação pelo Fair Value em suas demonstrações para depois serem combinados numa nova
companhia. Para Santos et al (2006), o método encontrava aplicação nos casos em que a
propriedade de uma companhia fosse substancialmente alterada sem que possuísse dívidas ou
ações preferenciais em poder do público. Salienta-se que tanto a adquirente como a adquirida
continuavam a existir após a transação.
O método fresh-start diferenciava-se dos demais, uma vez que os ativos tanto da adquirida
como da adquirente deveriam ser avaliados a valor justo, ou seja, nada mais representa do que
o método de compra estendido a todas as companhias envolvidas na operação, pois
considerava que todas as entidades seriam afetadas pela transação.
35
Por fim, o método de compra (purchase) envolve identificar a adquirente (quem comprou),
determinar a data de aquisição (data de obtenção do controle), mensurar os ativos líquidos
identificáveis a valor justo e, por fim, reconhecimento pela adquirente do ágio ou ganho por
compra vantajosa (ágio ou deságio).
Com o tempo, o IASB percebeu que a adoção de mais de um método prejudicava a
comparabilidade e outros ainda afirmavam que os resultados encontrados por métodos
diferentes divergiam entre si. Apesar de o IASB concordar que um único método em
determinadas situações poderia não representar a melhor forma de contabilização optou por
uniformizar os procedimentos. Atualmente, todas as combinações de negócios devem ser
reconhecidas somente pelo método de compra (purchase). Desse modo, o IASB concluiu que
os benefícios decorrentes da aplicação do método de compra superam os custos. (ERNST &
YOUNG; FIPECAFI, 2009).
2.3.4 Goodwill numa Combinação de Negócios e Ativos Intangíveis
Anteriormente a promulgação da lei 11.638/2007, o ágio ou deságio era um valor único,
porém dividido em: (i) ágio referente valor justo dos ativos adquiridos e passivos assumidos
e; (ii) ágio por expectativa de resultados futuros. Para o IFRS, o termo ágio referia-se somente
ao item ii.
Numa combinação de negócios pressupõe-se reconhecer a mais valia obtida no negócio como
goodwill ou o ganho referente a uma compra vantajosa como deságio.
36
Dentro desta ótica, Hendriksen e Van Breda (2007) enfatizam que o goodwill é um elemento
que, a princípio, poderia ser reconhecido a qualquer momento, porém tal procedimento não é
realizado devido à dificuldade de mensuração desse ativo quando não envolvido numa
transação efetiva.
O Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1), em seu item 32, define o goodwill (ágio por
expectativa de rentabilidade futura) como o excedente atribuído ao negócio, ou seja, valor
justo da participação adquirida somado ao valor justo caso haja alguma participação
preexistente na companhia somado ao valor justo da participação dos não controladores. O
valor justo pode ser definido como o montante pelo o qual um ativo pode ser trocado, ou
passivo liquidado entre partes instruídas e intencionadas, em uma transação isenta de
interesses (Arm´s Length Transaction).
Na visão de Niágara (2011) o Goodwill representa o um prêmio pago a companhia pelo
conjunto de seus ativos líquidos baseados na expectativa de haver um valor intrínseco
superior ao valor justo dos ativos em relação ao valor destes mesmos ativos caso fossem
avaliados separadamente. O autor destaca que o fair value não deve ter como base somente a
transferência de controle, mas adicionalmente a isto um prêmio de controle.
O goodwill representa o pagamento feito pela companhia como antecipação dos benefícios
econômicos futuros dos ativos não reconhecidos separadamente. O goodwill deve ser
inicialmente mensurado pelo custo, ou seja, a contraprestação excedente paga com relação ao
valor justo dos ativos, passivos e passivos contingentes identificáveis.
Nos casos de combinações de negócios realizadas em etapas a adquirente já detém uma
participação anterior na adquirida antes da data da aquisição. Assim faz-se necessário que o
37
adquirente reconheça o ganho ou perda referente à participação detida anteriormente ao valor
justo. Assim, o objetivo desta avaliação é estabelecer o montante do ágio ou deságio incorrido
na operação.
Ressalte-se que o ágio por expectativa de rentabilidade (goodwill) anteriormente deveria ser
amortizado ao prazo mínimo de cinco anos e máximo de dez anos, conforme Instrução CVM
247/96. Em se tratando do ágio por aquisição de direito de exploração, permissão ou
delegação dados pelo poder público, o ágio vinha sendo amortizado conforme prazo estimado
ou contratado, ou até alienação ou perecimento do investimento. Nas situações em que não
houvesse justificativa para o ágio, seus saldos deveriam ser imediatamente reconhecidos
como perda no exercício em que fosse gerado.
Hoje, o CPC 15 exige execução do teste de redução ao valor recuperável (teste de
impairment) para os ágios derivados de expectativa por rentabilidade futura anualmente ou
quando houver indícios de redução de seu valor em razão de perda de substância econômica
(IUDICIBUS et. al. 2010). Ao final de cada período, a companhia deve reavaliar as
condições que ensejaram concluir que o ativo apresenta vida útil indefinida. O ágio derivado
da aquisição do direito de concessão, permissão ou exploração pelo poder público continua a
sofrer amortização anual, devido a prazo de contratação definido, porém também sofrerá teste
de recuperabilidade (impairment). O quadro a seguir apresenta a nova distinção trazida pela
norma.
38
Quadro 1- Principais diferenças quanto ao ágio e deságio após a adoção do CPC 15.
Fonte: Qualit@as Revista Eletrônica (2011, p.5)
Cabe afirmar que, segundo o CPC 01 (redução ao valor recuperável), um ativo não deverá
apresentar valor contábil superior ao seu valor recuperável. Isto posto, caso o valor contábil
seja maior que o valor recuperável deve-se efetuar o teste de recuperabilidade (impairment).
O valor recuperável deverá representar o maior valor levando em consideração valor de venda
e valor de uso.
O valor de venda refere-se ao valor justo dos ativos deduzidos dos custos de venda. No caso
do valor em uso, Lemes e Carvalho (2010, p.150) mencionam os seguintes elementos que
fundamentam o cálculo do valor:
· Estimativa dos Fluxos futuros de caixa que a companhia espera obter de um dado
ativo;
· Variações a ocorrer no prazo ou valor dos fluxos de caixa futuros;
· Valor do dinheiro no tempo, com uma taxa de juros livre de riscos;
· Incertezas relacionadas ao ativo;
· Outros fatores que impactem os fluxos de caixa futuro da companhia.
39
O deságio (ou goodwill negativo) reconhecido numa combinação de negócios é representado
pela diferença entre o valor pago e o montante líquido do valor justo dos ativos e passivos
assumidos, ou seja, efetua-se uma contraprestação inferior ao valor justo dos ativos e passivos
Neste caso, o valor deve ser reconhecido imediatamente contra o resultado. Anteriormente, a
CVM em sua instrução 247/96 admitia a amortização deste deságio no prazo das projeções de
investimento ou quando da extinção ou alienação do investimento.
Para Comiskey, Clarke e Mulford (2008) é comum ver uma compra vantajosa como
inconsistente num ambiente de eficiência de mercados. O argumento destacado pelos autores
gira em torno da credibilidade do método de barganha onde a compra de um negócio poderia
resultar em perspectiva de perdas futuras ou a necessidade de efetuarem-se gastos para trazer
a empresa a uma perspectiva de rentabilidade futura.
Além do goodwill, a norma refere-se aos intangíveis adquiridos numa combinação de
negócios. Para que este intangível possa ser reconhecido, é necessário que este seja separável
do ágio adquirido por rentabilidade futura.
Complementarmente, para que um intangível possa ser reconhecido, é necessário atender a
definição de ativo. Para Martins (1972, p. 30) ativo é “[...] futuro resultado econômico que se
espera obter de um agente”. Hendriksen e Van Breda (1999, p. 286) conceituam ativos da
seguinte forma: “[...] potenciais de fluxos de serviço ou direitos a benefícios futuros sob o
controle de uma organização”.
Segundo Schmidt (2009), um ativo intangível consiste em recursos incorpóreos controlados
pela empresa e capazes de produzir benefícios futuros. A figura abaixo ilustra a definição para
ativos intangíveis.
40
Figura 2: Processo de identificação de um ativo intangível
Fonte: ERNST YOUNG FIPECAFI (2009, p.328)
Assim, conforme disposto no Pronunciamento Técnico CPC 04 (R1), que trata sobre ativos
intangíveis, no item 12, o intangível representa um recurso resultante de direitos contratuais
ou de outros direitos legais, independentemente de estes direitos serem ou não transferidos ou
separados da entidade. Outro critério apontado pela norma é o critério de identificação. Dessa
forma, um intangível enquadra-se neste critério quando puder ser separado da entidade,
vendido, transferido, licenciado, alugado ou permutado, mesmo se a entidade não tiver
intenção de fazê-lo.
O intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo menos amortização acumulada e
quaisquer perdas ao valor recuperável. Após o reconhecimento inicial, a companhia tem a
opção de avaliar este item ao custo ou reavaliar o ativo. O ativo reavaliado corresponde ao
valor justo diminuído da amortização acumulada e perdas por impairment incorridas.
41
Diferentemente das normas de contabilidade no Brasil, o IFRS permite tanto a reavaliação
positiva quanto a negativa a ser reconhecida contra a conta de patrimônio líquido (outros
resultados abrangentes). No Brasil, dentre as alterações trazidas pela lei 11.638/2007, está a
proibição do uso da reavaliação espontânea dos ativos. Para Iudicibus et al (2010) muitas
empresas utilizavam-se deste instituto com o objetivo de transformar patrimônios líquidos
negativos em positivos, diminuir dividendos a serem distribuídos, conseguir concordatas ou
favorecimentos jurídico e até mesmo participar de concorrências públicas.
Cabe destacar que, no contexto da Lei 11.638/2007, criou-se a rubrica “ajustes de avaliação
patrimonial de ativos”, que visa registrar aumentos ou diminuições a valores atribuídos no
ativo ou passivo enquanto que não atribuídas ao resultado, de acordo com o Pressuposto da
Competência (FERREIRA, 2011). Estas contas registram itens como variações de preço de
instrumentos patrimoniais, diferenças de valor de ativos e passivos oriundos de
reorganizações societárias. Como os valores desta conta não transitam pelo resultado, não se
pode considerá-la como uma reserva como as demais reservas integrantes do patrimônio
líquido.
Quanto ao reconhecimento de um intangível adquirido numa combinação de negócios, deve-
se primeiramente observar a existência de mercado ativo e, caso determinado ativo não
possua este mercado, o valor justo deve ser atribuído com base em transações observadas para
ativos similares, desde que não tenha havido nenhuma mudança significativa do valor justo
entre a data da operação e a data em que se estima o valor justo. Ao final de cada período o
ativo deve ser submetido ao teste de recuperabilidade para o fim de atestar que o valor
contábil do bem não seja superior ao seu valor recuperável.
42
2.3.5 Reconhecimento dos Ativos Identificáveis
A norma preconiza que os ativos identificáveis devem ser separados do ágio (goodwill) na
data de aquisição tendo-se como base o valor justo destes itens.
Para que sejam identificados, primeiramente, deverão atender ao conceito de ativo e passivo
assim definidos: “Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos
passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a entidade”. A
definição de passivo consiste em: “Obrigação presente da entidade, derivada de eventos
passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de
gerar benefícios econômicos.” (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 1999).
Após atender as definições supracitadas, os ativos e passivos integrantes da combinação de
negócios devem ser reconhecidos pela adquirente mesmo que a adquirida não o tenha feito,
como no caso dos intangíveis gerados internamente, pois, neste caso, há dificuldade de
identificar seu valor. Isso significa que a adquirente reconhece como ativo, separadamente do
ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill), um projeto de pesquisa e
desenvolvimento em andamento da adquirida, se o projeto encaixar-se na definição de ativo
intangível. Os passivos contingentes também devem ser reconhecidos pela adquirente mesmo
em situações as quais a adquirida não os reconhece.
Ao contrário do Pronunciamento Técnico CPC 25 “Passivos Contingentes” que não reconhece
esses passivos, haja vista caracterizarem-se como uma saída de recursos possível, segundo
preconiza o Pronunciamento Técnico CPC 25, no item 10, sendo requerida apenas divulgação
em notas explicativas, mesmo no caso de a contingência ser caracterizada como possível,
determina que o adquirente do negócio reconheça de fato. A contingência, mesmo sendo
43
considerada possível, afeta o valor do negócio, pois o adquirente pagará um valor menor em
decorrência da existência deste passivo.
O entendimento acerca do reconhecimento de passivos contingentes, conforme Iudicibus et al
(2010) é de que são obrigações possíveis, mas que não podem ser reconhecidas como
passivos, pois ainda há de ser confirmado se a companhia tem ou não uma obrigação presente
derivada de eventos passados da qual possa resultar numa saída de recursos que incorpore
benefícios econômicos.
Importante destacar que ativos ou passivos transacionados fora da combinação de negócios,
não são parte dos ativos identificáveis. Mc Gladrey e Pullen (2012) enumeram que os
seguintes itens não se aplicam a uma combinação de negócios e, como consequência, não
fazem parte do método de aquisição:
(1) Pagamentos efetuados para o fim de liquidar uma relação preexistente entre as partes
relacionadas;
(2) Pagamentos despendidos para remunerar os funcionários ou ex-proprietários por
serviços futuros;
(3) Pagamentos efetuados para reembolso da adquirente dos custos da aquisição.
2.3.6 Aquisições e Incorporações Reversas
As aquisições reversas consistem basicamente em operações onde a investida (empresa de
menor porte) é adquirida pela investidora (empresa de maior porte). Tais operações ocorrem
quando uma adquirente para fins legais, em virtude de ter emitido títulos para viabilizar a
combinação é classificada como adquirida para fins de IFRS.
44
Desta maneira, para fins de CPC 15, há que se considerar que a adquirente legal seja a
adquirida contábil e a adquirida legal passe a ser considerada como adquirente contábil.
A contraprestação adquirida para efetivar a operação deve ser mensurada a valor justo. Nesse
caso, o valor justo se baseia na quantidade de instrumentos patrimoniais emitidos pela
adquirida de modo que os proprietários da controladora legal detivessem o mesmo percentual
de participação na sociedade resultante da aquisição reversa.
Denominam-se não controladores, no caso das aquisições reversas, aqueles que não trocaram
suas participações societárias por participações societárias no adquirente legal. Em outras
palavras, são os detentores de participações somente nos ativos líquidos da adquirida legal.
No tocante às demonstrações consolidadas, o Pronunciamento CPC 15 exige que sejam
emitidas em nome da controladora legal (adquirida contábil), porém mencionando-se em
notas explicativas que se trata de uma continuação das demonstrações contábeis da controlada
legal (adquirente contábil).
A incorporação reversa surgiu com o intuito de a controladora aproveitar-se do ágio incorrido
na aquisição de uma sociedade controlada. Como não seria possível que aquela se
aproveitasse do benefício fiscal quando da aquisição do investimento diretamente, criava-se
uma sociedade veículo para ter-se o direito à amortização do ágio, o qual é dedutível para fins
de imposto de renda e contribuição social. Na definição de Costa Junior (2002), a
incorporação reversa permitiria que o ágio registrado na companhia que realizou o
investimento pudesse ser dedutível antecipadamente, gerando benefícios fiscais num prazo
mais curto.
45
Desta forma, a empresa veículo deixará de existir ao ser incorporada pela controlada, que
registrará em contrapartida ao ativo diferido (conta eliminada pela Lei 11.941/2009) uma
conta denominada reserva especial de ágio na incorporação no patrimônio líquido, com o
intuito de valer-se do aproveitamento fiscal do ágio. Cabe salientar que com a extinção do
ativo diferido os saldos que não puderem ser realocados a outro grupamento de contas, farão
parte deste Grupo até sua completa amortização, não se admitindo registro de novos valores.
Contudo, este mecanismo incentivava a distorção da figura da incorporação na ótica de sua
dimensão econômica, segundo Passos e Vilar (2012). Assim, com a edição da Instrução CVM
349/01, determinava-se a constituição de uma provisão na sociedade incorporada da diferença
entre o valor do ágio e seu benefício fiscal, considerando-se as alíquotas de IR e CSLL de
25% e 9%. Exemplificando: se o ágio totalizasse R$ 200,00, registrar-se-ia R$ 68,00 a título
de incentivo fiscal na conta reserva especial do patrimônio líquido e a diferença de R$ 132,00
na respectiva provisão.
2.3.7. Tratamento Fiscal do Ágio e Deságio após a Lei 11.638/2007
Após a edição da Lei 11.638/2007, o governo instituiu por meio da MP 449/08, que depois
viria a se converter na lei 11.941/2009, o Regime Tributário de Transição (RTT), cujo
objetivo foi criar uma contabilidade societária dissociada da contabilidade fiscal. O RTT,
opcional para os exercícios de 2008 e 2009, passou a ser obrigatório a partir de 2010 e
perdurará até que entre em vigor uma nova lei que discipline os efeitos tributários dos novos
métodos e critérios contábeis introduzidos pelas Leis n 11.638/07 e 11.941/09.
46
Segundo o RTT, todas as alterações introduzidas pela norma contábil não terão efeito
tributário, permanecendo os efeitos tributários anteriores à Lei 11.638/2007, conforme se
descreve a seguir a Lei:
As alterações introduzidas pela Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, e
pelos artigos 37 e 38 desta lei que modifiquem o critério de reconhecimento
de receitas, custos e despesas computados na apuração do lucro líquido do
exercício definido no artigo 191 da Lei 6404, de 15 de dezembro de 1976,
não terão efeitos para fins de apuração do lucro real da pessoa jurídica
sujeita ao RTT, devendo ser considerados, para fins tributários, os métodos e
critérios vigentes em 31 de dezembro de 2007 (Lei 11.941; artigo 16, 2009.
Data de Acesso: 02 de maio de 2012).
Ademais, o ágio agora não mais se sujeita à amortização contábil devendo-se testar seu valor
recuperável. Para que se preserve a neutralidade tributária instituída pelo RTT, os
contribuintes deverão efetuar ajustes no FCONT (Controle Contábil e Fiscal de Transição)
para que a amortização do ágio seja possível. O FCONT é uma escrituração contábil, em
partidas dobradas, que considera métodos e critérios contábeis aplicados pela legislação
tributária em 31 de dezembro de 2007. Desse modo, as alterações introduzidas pela lei
11.638/2007, de 28 de dezembro de 2007 não terão efeitos para fins de apuração do lucro real
e base de cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) de pessoa jurídica
sujeita ao RTT.
Assim, os investimentos ainda terão por base a possibilidade de utilização do ágio calculado
com base no valor de livros (valor contábil) e o valor transferido, limitando-se à amortização
do ágio ao período mínimo de cinco anos e máximo de dez anos fundamentado em laudo de
rentabilidade futura utilizando-se o modelo de fluxo de caixa descontado.
47
2.3.8. Tributos Diferidos numa Combinação de Negócios
Numa combinação de negócios, devem ser reconhecidas pelo adquirente as diferenças
temporárias e prejuízos passíveis de compensação com lucros futuros na data de aquisição.
Segundo disposto no parágrafo 19 do Pronunciamento Técnico CPC 32, as diferenças
temporárias são oriundas da diferença entre a base fiscal e base contábil de ativos
identificáveis adquiridos e passivos assumidos. O BACEN em seu artigo 1º, parágrafo 3, da
Resolução CMN 3059/2002 caracteriza diferenças temporárias da seguinte forma:
As despesas apropriadas do exercício e ainda não dedutíveis para fins de
Imposto de Renda e Contribuição Social, mas cujas exclusões ou
compensações futuras, para fins de apuração do lucro real, estejam
explicitamente estabelecidas ou autorizadas pela legislação tributária
(BACEN; Art. 1º, Res nº 3059, 2002, Data de Acesso: 15 de agosto de
2012).
Ainda como exemplos de diferenças temporárias dedutíveis têm-se nas situações em que o
valor justo de um ativo identificável é inferior a sua base fiscal, constituindo-se um ativo
fiscal diferido. Os ativos fiscais diferidos assim são definidos “Montante de imposto de renda
a recuperar em períodos futuros relativos a diferenças temporárias dedutíveis e compensação
futura de créditos fiscais não utilizados” (CPC 32, item 5, Data de Acesso: 13 de maio de
2012).
No entanto, os benefícios econômicos futuros obtidos com a redução de pagamento dos
tributos somente serão devidos quando for provável que lucros tributáveis estejam disponíveis
para a entidade e assim estas diferenças temporárias possam ser dedutíveis. Neste aspecto, a
Instrução CVM 371/02 em seu artigo 2º determina que as empresas atendam,
cumulativamente, os seguintes pressupostos, a fim de obter a compensação tributária:
48
(a) Apresentar histórico de rentabilidade, o que significa dizer lucro tributável em
três dos últimos cinco exercícios;
(b) Perspectiva de geração futura de lucros suportada em estudo técnico de
viabilidade;
(c) Lucros futuros do exercício anterior deverão ser descontados a valor presente
com referência à estimativa de prazo para sua ocorrência.
Um passivo fiscal diferido deve ser reconhecido para todas as diferenças temporárias
tributáveis conforme atesta o Pronunciamento Técnico CPC 32, que trata de Tributos
Diferidos, no item 15, com exceção ao reconhecimento do ágio por expectativa de
rentabilidade futura, que se configura como uma diferença permanente. Ao contrário das
diferenças permanentes, as diferenças temporárias provocam diferenças entre a base contábil
e fiscal. Ressalte-se que a maioria dos ativos e passivos fiscais incorre quando uma receita ou
despesa no lucro contábil é incluída em exercício diferente daquele em que será tributável ou
dedutível.
49
3. METODOLOGIA
3.1 TIPO DA PESQUISA
A presente pesquisa possui caráter qualitativo, pois busca aprofundar-se em determinadas
questões sem utilizar procedimentos estatísticos, como numa pesquisa quantitativa. Como não
há premissas a serem testadas, escolhe-se um público-alvo a pesquisar. Berto e Nakano (1998)
citam que a pesquisa qualitativa reveste-se das seguintes características:
· O pesquisador observa os fatos segundo a ótica de alguém interno à organização;
· A pesquisa busca compreender profundamente determinado contexto;
· A pesquisa enfatiza os fatos ao longo do tempo;
· Enfoque mais desestruturado sem a presença de hipóteses fortes no início da pesquisa
a serem testadas.
Os procedimentos quantitativos utilizados na pesquisa restringem-se somente à matemática
básica no tratamento dos dados. Na visão de Godoy (1995), a pesquisa qualitativa não requer
uso de técnicas e métodos quantitativos, atendo-se principalmente a interpretar fenômenos e
analisar resultados.
50
Segundo Gil (1987) e Vergara (2005) existem vários tipos de pesquisas e estas se dividem
quanto aos fins e aos meios. Quanto aos fins, esta pesquisa insere-se dentro do aspecto
descritivo por expor características de determinado fenômeno, no caso do presente estudo, as
empresas analisadas Fibria e Braskem e como as operações de combinações de negócios
afetaram suas demonstrações contábeis. A norma objeto do estudo (CPC 15) utiliza conceitos
relacionados ao tratamento contábil das combinações de negócios. Anteriormente a vigência
do CPC, não havia tratamento específico a estas operações para as empresas brasileiras.
Na visão de Moresi (2003), uma pesquisa pode ainda abranger o levantamento de dados e
análise do que já fora publicado sobre o assunto. O levantamento de dados é a fase da
pesquisa em que se procura recolher dados sobre o assunto de interesse.
Deste modo, este estudo, quanto aos procedimentos técnicos empregados, pode ser
classificado como pesquisa bibliográfica. Para Gil (2002) uma pesquisa enquadra-se como
bibliográfica quando é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente por livros e artigos científicos.
Do ponto de vista do método científico, esta pesquisa vale-se do método indutivo. Conforme
Gil, 1999; Lakatos, Marconi (1993), o conhecimento deste tipo de pesquisa fundamenta-se
nos experimentos, não levando em conta princípios pré-estabelecidos. As constatações
particulares levam às generalizações. No estudo em questão a pesquisa parte de dois casos,
por meio da observação criteriosa de um estudo de caso, objetivando gerar conclusões que
possam embasar visões generalistas.
3.1.1 Amostra
51
As empresas foram selecionadas de maneira não probabilística ou não aleatória. Segundo
Chan et al (2009), na amostragem não probabilística as amostras são obtidas de forma não
aleatória, o que quer dizer que a probabilidade de cada elemento da população de fazer parte
da amostra não é igual.
A escolha das empresas pesquisadas realizou-se, pois ilustram dois diferentes efeitos
incorridos na operação da combinação de negócios: o ágio, como é o caso da Fibria e o
deságio, que ocorre em todas as operações da Braskem.
Foram utilizadas informações extraídas das demonstrações financeiras consolidadas das
empresas Fibria Celulose e Braskem, que procederam as operações de combinações de
negócios nos anos de 2009, 2009/2010, respectivamente, sujeitando-se aos efeitos do CPC 15
(Combinações de Negócios).
A Fibria Celulose é uma sociedade anônima que tem como atividade principal o negócio
florestal renovável, bem como industrialização e o comércio de celulose de fibra curta. Suas
atividades têm por base uma área florestal de 1,2 milhão de hectares, dos quais 403 mil
hectares são dedicados à conservação de ecossistemas nativos. Encontra-se presente em seis
estados: Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do
Sul.
A Braskem é uma sociedade anônima que conta com trinta e cinco unidades industriais sendo
vinte e oito no Brasil, cinco nos Estados Unidos e duas na Alemanha. A Braskem tem por
objeto social a importação e exportação de produtos químicos, petroquímicos, combustíveis,
produção, distribuição e comercialização de utilidades tais como vapor, água, gás
52
comprimido, entre outros. A empresa é líder no mercado latino-americano de resinas
termoplásticas e é a terceira maior petroquímica das Américas.
3.1.2 Coleta e Tratamento dos Dados
A fonte de dados foi o site da CVM, onde se encontram listadas as demonstrações financeiras
de todas as companhias que, através de registro apropriado junto a esta instituição, estão
autorizadas a ter seus valores mobiliários negociados junto ao público, tanto em bolsas de
valores, quanto no mercado de balcão, organizado ou não, caracterizando-se, desta forma,
como companhias abertas.
Além das demonstrações financeiras (balanço, demonstração de resultados do exercício,
demonstração de fluxo de caixa e demonstração das mutações do patrimônio líquido) e das
notas explicativas, obteve-se, por meio do site da CVM, os laudos de avaliação do acervo
líquido contábil das companhias incorporadas no processo de combinação de negócios das
empresas Fibria e Braskem, respectivamente: Aracruz e Quattor/ Sunoco/Unipar.
Pretende-se ainda analisar os ativos mensurados a valor justo na época da aquisição
(imobilizado, intangível), o valor justo destes ativos e premissas utilizadas para avaliação de
ativos e passivos, que incluem fluxos de caixa descontados ou taxas de desconto.
Por fim, o estudo baseou-se nos seguintes procedimentos:
· Análise das demonstrações contábeis consolidadas das companhias elaboradas antes e
após a combinação de negócios;
· Elaboração de um quadro referente às rubricas mais impactadas pela norma nas duas
empresas pesquisadas;
53
· Análise dos dados baseando-se nas demonstrações contábeis das companhias e suas
respectivas notas explicativas;
· Conclusões obtidas mediante análise dos resultados e verificações dos efeitos do CPC
15 nas demonstrações das duas empresas analisadas.
O quadro 2 demonstra os seguintes grupamentos e saldos a analisar na Fibria e Braskem,
respectivamente:
Quadro 2- Contas Analisadas (saldos antes da operação de combinação de negócios)- Em milhares de reais
CONTAS
IMOBILIZADO
INTANGÍVEIS
INVESTIMENTOS
CONTAS A PAGAR
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
RESULTADO
FORMA DE OBSERVAÇÃO
SALDOS ANTES CPC 15 SALDOS APÓS CPC 15
Fonte: Autor
Adicionalmente, este trabalho utiliza fontes de informações secundárias, além das
demonstrações financeiras, tais como livros, leis, normas de contabilidade, materiais de
websites e estudos relacionados ao tema em questão com o intuito de consubstanciar a análise
dos dados.
3.2 ESTUDO DE CASO
Para Goode e Hatt (1969, p.17) “... estudo de caso corresponde a uma maneira de organizar os
dados em torno de uma realidade escolhida”. Diante deste contexto, o estudo dos
54
demonstrativos contábeis das duas empresas analisadas nesta pesquisa caracteriza-se como
estudo de caso, pois é o resultado relacionado às variáveis econômico-financeiras de uma
organização.
Para Martins (2008, p.10) um estudo de caso pode ser denominado da seguinte maneira: “[...]
uma plataforma teórica reúne o maior número possível de informações, em função das
questões e proposições orientadoras do estudo, por meio de diferentes técnicas de
levantamento de informações, dados e evidências”.
A metodologia utilizada foi o estudo de caso múltiplo. Yin (2001) cita que a preferência pelo
uso do Estudo de Caso deve ser dada quando do estudo de eventos contemporâneos, em
situações onde os comportamentos relevantes não podem ser manipulados, mas onde é
possível se fazer observações diretas e entrevistas sistemáticas.
Para o autor, um estudo de caso múltiplo envolve a replicação dos dados e não a amostragem,
que exige procedimentos estatísticos para escolha dos respondentes que participarão do
levantamento. O autor ainda destaca que um estudo de caso múltiplo deve obedecer à seleção
de um caso, de modo a produzir resultados semelhantes ou produzir resultados contrastantes
em meio a situações previsíveis.
Conforme Martins (2008) o sucesso do estudo de caso depende de sua importância, eficiência,
além de ser suficiente e relatado de forma atraente. Outro quesito destacado pelo autor é a
escolha criteriosa do tema de pesquisa, que não deve basear-se em idéias vagas ou propostas
ingênuas. Ressalte-se que o pesquisador deve valer-se de uma atitude crítica e criativa ao
explicar os fatos, explicando e encadeando as evidências encontradas.
55
Infere-se que para atender de modo mais consistente à pergunta de pesquisa formulada _ os
efeitos do CPC 15 nas demonstrações financeiras de empresas após a conclusão das operações
de combinações de negócios_ o método mais condizente ao desenvolvimento desta pesquisa
foi o estudo de caso. O presente estudo se valerá desta metodologia para conhecer um
fenômeno existente nas empresas sob análise (a norma contábil- CPC 15) e, dessa forma,
estudá-lo profundamente, proporcionando entendimento, de forma analítica, do grau de
aderência das empresas à nova norma contábil e alterações incorridas em seus demonstrativos
financeiros.
3.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
Uma das limitações deste estudo é a análise dos impactos do Pronunciamento Técnico CPC
15 exclusivamente nas empresas Fibria e Braskem, não se podendo estender os resultados
obtidos a outras empresas que fizeram combinações de negócios após 2010. Não se pretendeu
analisar os impactos de outra norma que não fosse o Pronunciamento Técnico CPC 15.
Alguns CPC´S, tais como o Pronunciamento Técnico CPC 25, que trata de Provisões, Ativos
e Passivos Contingentes, e o Pronunciamento Técnico CPC 01, que dispõe sobre Redução ao
Valor Recuperável de Ativos, apenas foram mencionados no escopo da pesquisa.
Outra limitação observada é a inexistência de análise estatística das séries antes e depois à
combinação de negócios mediante comprovação de hipóteses estabelecidas que pudessem
relacionar variações significantes nas contas. Além disto, não se procedeu a uma análise
estatística, de modo a relacionar o nível de disclousure relacionado a valor contábil, valor
justo, receita e total de acionistas tomando-se como parâmetro períodos anteriores e
posteriores à vigência do Pronunciamento Técnico CPC 15, utilizando-se uma amostra mais
representativa de empresas.
56
4. APRESENTAÇÃO DAS EMPRESAS
4.1 FIBRIA
4.1.1. A Companhia
A Fibria Celulose (denominação anterior Votorantim Celulose e Papel S.A) é uma sociedade
anônima de capital aberto atuante na área de negócio florestal renovável, assim como
industrialização e comércio de fibra curta.
A Fibria (sociedade resultante da operação de combinações de negócios) é líder mundial na
produção de celulose de eucalipto com capacidade produtiva de 5,25 milhões de toneladas de
celulose, o que representa cerca de 30% da demanda mundial do produto. A empresa detém
três unidades industriais e uma base florestal com 974,4 mil hectares, dos quais 352 mil
destinam-se à conservação ambiental (Relatório de Sustentabilidade Empresa Fibria 2011, p.
29, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
57
A abrangência da empresa estende-se a 254 municípios de sete estados brasileiros mediante
áreas florestais em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e fábricas no Espírito
Santo, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Na Bahia, localiza-se a Veracel, joint venture
constituída entre Fibria e o Grupo Sueco-Finlandês StoraEnso (Relatório de Sustentabilidade
Empresa Fibria, 2011, página 29, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
O bloco de controle da companhia é formado pela BNDESPAR, com 30,38% das ações e pela
Votorantim Industrial 29,42%, 0,07% das ações são de tesouraria e 40,20% encontram-se no
mercado. A figura a seguir ilustra a composição societária da companhia:
Votorantim Industrial S.A
29,42%
BNDESPAR
30,38%
Free Float
40,20%
FIBRIA
Figura 3: Estrutura Acionária Fibria
Fonte: Autor (adaptado de relatório de sustentabilidade Fibria 2011, p.29).
A Fibria detém sete centros de distribuição, seis escritórios comerciais e de representação em
cidades da Europa, Ásia e Américas do Sul e Norte atendendo a clientes de 42 países. Sua
sede está em São Paulo e em cidades como Nylon (Suíça), Csomád (Hungria), Miami
58
(Estados Unidos), Hong Kong e Pequim. Segundo dados do Relatório de Sustentabilidade
2011, 89,9% da celulose produzida pela empresa foi exportada e utilizada na fabricação de
papéis para higiene pessoal destes 54,4% em papeis para imprimir, 22% destinados em papeis
para escrever e outros 24% em papeis especiais (Relatório de Sustentabilidade Empresa
Fibria, 2011, p. 29, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
Apresenta ações cotadas nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York e, desde o ano de
2010, faz parte do Novo Mercado da Bovespa. Desde 2006, a companhia é certificada pela
Lei Sarbanes Oxley, lei promulgada em 30/06/2002 cujo objetivo é garantir transparência na
gestão financeira das organizações, credibilidade na contabilidade na auditoria além de
segurança das informações de forma a prover sua confiabilidade a fim de evitar fraudes
contábeis como a Enron (do setor de Energia) e World Com (telecomunicações).
Integra pelo quinto ano consecutivo o índice Dow Jones de Sustentabilidade Global mais
importante mundial nesta categoria, fazendo parte também do Índice de Sustentabilidade
Empresarial, da BMF Bovespa, além de ter sido anunciada como uma das quarenta e duas
empresas de capital aberto integrantes do índice de carbono eficiente, da BMF Bovespa.
4.1.2 Aspectos de Mercado
MACHADO e FONSECA (2009) afirmam que os efeitos da crise econômica mundial foram
percebidos nas operações de várias empresas do setor de celulose, gerando queda nos preços,
pressão sobre as margens e endividamento. Na Europa atingiu o menor valor observado, com
a queda dos preços para U$$ 475/ tonelada em abril de 2009, porém recuperando o valor para
U$$ 700/ tonelada ao final de 2009.
59
Com a recuperação da economia mundial em 2010, o mercado de papel e celulose vislumbrou
melhores perspectivas e anúncios de diversos investimentos. Para 2010-2013 prospecta-se
investir R$ 8,221 bilhões e para R$ 2014, anuncia-se que os investimentos totalizarão R$
8,172 bilhões, conforme entendimento de MACHADO E FONSECA (2009).
Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA, 2012, p. 25, Data
de Acesso: 01 de dezembro de 2012), a Europa permanece como o maior importador da
celulose produzida no Brasil, correspondendo a 46% da receita auferida com a exportação do
produto, seguido da China com 26% e América do Norte com 19%, conforme se pode
visualizar na figura.
Figura 4: Destino das Exportações Brasileiras de Celulose
Fonte: Autor (adaptado BRACELPA, dados do setor novembro 2012, p. 25).
A Associação Brasileira de Produtores de Celulose (BRACELPA), em apresentação dos
dados do setor, novembro 2012, demonstra a listagem com os maiores produtores mundiais de
celulose no ano de 2011. O Brasil figura como o 4º maior produtor mundial de celulose (fibra
longa e curta), superado por Estados Unidos, China e Canadá e ocupa a 9ª posição como
maior produtor de papel.
60
De acordo com posição do Anuário Estatístico da Associação Brasileira de Produtores de
Florestas Plantadas (ABRAF 2012), no período 2000-2011 a produção nacional de celulose
aumentou 87,7% e as exportações cresceram 190,5% (10,2% a.a.). O Brasil atualmente detém
21% de market share no mercado internacional de celulose, ante 9,6% anteriores. (Anuário
Estatístico ABRAF, 2012, p. 59, Data de Acesso: 02 de agosto de 2012). A competitividade
do produto nacional ante os concorrentes europeus, norte-americanos e canadenses está no
custo, pois a celulose brasileira está entre as de menor custo, aliado ao fato de que a
tecnologia de ponta utilizada pelas empresas produtoras e o clima brasileiro, auxilia a reduzir
o tempo de maturação das árvores, minimizando a necessidade de área para plantio, fator
essencial para a redução de custos.
4.1.3 Aspectos Econômico-Financeiros
A receita operacional líquida da Fibria totalizou R$ 5,854 bilhões em 2011, uma diminuição
de 7% em relação a 2010, reflexo da queda do preço da celulose em 9,6%, somado a ausência
de receitas de sua unidade produtiva em Piracicaba, no último trimestre do ano, uma vez que a
venda da unidade foi efetivada em setembro (Relatório de Sustentabilidade, Empresa Fibria,
2011, p. 168, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
Consta ainda no Relatório de Sustentabilidade da Empresa Fibria 2011 que a margem
EBTIDA foi de 34% no ano de 2011 e o EBITDA, R$ 1,964 bilhão. A queda do preço da
celulose em 9,6% impulsionou a queda da margem ante 2010 (margem 40%). (Relatório de
Sustentabilidade Empresa Fibria 2011, p. 168, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
O prejuízo líquido de R$ 868,0 milhões em 2011 ante ao lucro de R$ 603,0 milhões no ano
anterior pode ser atribuído ao resultado financeiro líquido, que totalizou uma despesa de R$
61
1,869 bilhão comparado à despesa de R$ 364,0 milhões em 2010. O aumento da despesa é
reflexo da valorização de 12,6% do dólar frente ao real (Relatório de Sustentabilidade
Empresa Fibria 2011, p. 169, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
A posição de dívida líquida da companhia alcançou R$ 9,478 bilhões, uma redução de 3%
ante 2010. Cumpre ressaltar que a valorização do dólar em 12,6% em relação ao real elevou
significantemente o endividamento da Fibria ao se converter a dívida para moeda estrangeira
(92% do endividamento total da companhia). Como ocasião do aumento do dólar, o indicador
dívida líquida/EBITDA foi aumentado de 3,6x em 2010 para 4,8x em 2011(Relatório de
Sustentabilidade Empresa Fibria 2011, p. 169, Data de Acesso: 20 de julho de 2012).
4.2 BRASKEM
4.2.1 A Companhia
Empresa criada no ano de 2002 a partir da integração de seis empresas do setor químico e
petroquímico (Copene, OPP, Trikem, Nitrocarbono, Propet e Polialden). Possui trinta e cinco
unidades industriais concentradas no Brasil em cinco estados: Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro,
São Paulo e no Rio Grande do Sul. Nos Estados Unidos possui unidades na Pennsylvania,
West Virginia e Texas. As unidades da Alemanha estão localizadas em Wesseling e
Schkopau.
A empresa é atualmente a maior produtora de resinas termoplásticas nas Américas, maior
produtora mundial de biopolímeros do mundo e maior produtora de polipropileno nos Estados
Unidos e terceira maior Petroquímica das Américas. Atende a clientes de mais de sessenta
países dos cinco continentes e seus produtos, após processados, transformam-se em artigos de
62
uso aplicados a diferentes segmentos de atuação (Relatório de Administração Empresa
Braskem, 2010, p. 2, Data de Acesso: 01 de setembro de 2012).
Conforme Relatório Anual da Empresa Braskem 2011, a companhia possui escritórios
comerciais nos Estados Unidos, Argentina, Holanda, Chile, Venezuela, Colômbia e em
Cingapura, este primeiro escritório da Braskem na Ásia, inaugurado em 2011 com o objetivo
de prospectar oportunidades na região, focando, atualmente, o setor de petroquímicos básicos
(Relatório de Administração Empresa Braskem, 2010, p. 7, Data de Acesso: 01 de setembro
de 2012).
A Braskem atua no setor químico e petroquímico, focando em resinas termoplásticas
polietileno (PE), polipropileno (PP) e policloreto de vinila (PVC) e insumos básicos como
eteno, propeno, butadieno, cloro, soda e solventes, atingindo cerca de 30 produtos.
Detém a distribuição de cinco unidades de negócios, assim divididos: (1) Petroquímicos
Básicos; (2) Poliolefinas, Comperj e Renováveis; (3) Vinílicos; (4) Estados Unidos e Europa;
e (5) América Latina (Relatório Anual Empresa Braskem 2011, p. 8, Data de Acesso: 05 de
setembro de 2012).
A companhia é uma sociedade anônima de capital aberto, com ações negociadas no BM&F
Bovespa de São Paulo, Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) e na Latibex, seção de
empresas latino-americanas na Bolsa de Madri.
A composição acionária da companhia apresenta a seguinte estrutura:
63
Petrobras 47%
Odebrecht 50,1%
Braskem
Outros 2,9%
Figura 5: Composição Acionária Braskem
Fonte: Autor (adaptado de relatório anual Braskem 2011, p. 29).
Participa pelo sétimo ano consecutivo do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). O
índice foi criado em 2005 pela Bovespa e tem por objetivo fornecer aos investidores uma
carteira composta de ações de empresas que apresentam reconhecido comprometimento com
práticas de responsabilidade ambiental e sustentabilidade empresarial (eficiência econômica,
equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa).
O Relatório Anual da Empresa Braskem 2011, na página 19, menciona que, neste ano, em
setembro, a empresa foi incluída na carteira do Índice de Carbono Eficiente (ICO²) da BMF
Bovespa.
Este índice baseia-se na carteira IBRX-50 e leva em consideração, na ponderação das ações
participantes, as emissões de gases estufa das empresas (BMF Bovespa). Para ser elegível, a
empresa deve participar do IBRX 50, assim como deve reportar dados do seu inventário anual
64
de gases efeito estufa conforme nível de abrangência e prazos estabelecidos pela BMF
Bovespa. A metodologia completa do IBRX, na página 3, aponta que para compor o índice
das cinquenta ações mais líquidas da Bovespa, deverão ser atendidos os seguintes critérios:
(i) Ser uma das cinquenta ações mais negociadas nos doze meses anteriores à reavaliação;
(ii) Ter sido negociada em pelo menos 80% dos pregões ocorridos nos doze meses
anteriores à formação da carteira;
A companhia integra o nível um de Governança Corporativa desde 13 de fevereiro de 2003.
De acordo com Relatório Anual da Empresa Braskem 2011, página 31, a empresa atende
alguns procedimentos requeridos às companhias nível dois e novo mercado, dentre os quais:
· Apresentação e divulgação de demonstrações financeiras em formato IFRS;
· Tag Along de 100% para todas as ações. Isto significa que o comprador das ações dos
controladores pode fazer uma oferta aos minoritários por 100% do valor pago pelas
ações dos controladores;
· Conselho de Administração composto no mínimo por cinco membros e mandato
unificado de até dois anos, permitida reeleição, e mínimo de 20% de conselheiros
independentes;
· Conselho Fiscal permanente com atribuições ampliadas, conforme preconizados pela
Lei Sarbanes Oxley;
· Código de Conduta, o qual define princípios, valores e práticas da cultura corporativa;
· Políticas Corporativas, traduzidas em negociação de valores mobiliários, gestão
financeira, responsabilidade social, seguros e garantias, remuneração, saúde,
segurança, meio ambiente e investimentos;
65
· Comitê de Ética, o qual atua conjuntamente com a auditoria interna e gestão de risco,
tendo como atribuição registrar, relatar, promover decisões a fim de solucionar
denúncias vindas do Conselho de Ética;
· Sistemas de Informações para Conselho Fiscal e Conselho de Administração, acessado
via Portal Braskem;
· Ferramentas de Apoio aos processos de governança, como o Manual de Assembléia de
Acionistas e Compêndio de Procedimentos e Práticas de Governança Corporativa.
A empresa tem como estratégia a internacionalização das operações tendo por base projetos
de gás natural. Destacam-se aquisições nos Estados Unidos e Alemanha. Nos Estados Unidos
assinou contrato para aquisição do negócio de polipropileno (PP) da Dow Chemical, com
quatro unidades industriais, duas nos Estados Unidos e duas na Alemanha. A operação
permitiu à companhia consolidar sua posição como líder em produção de PP nos Estados
Unidos, maior mercado de resinas do mundo.
Dentro do contexto de internacionalização de suas atividades, constituiu uma joint venture
com o Grupo Mexicano Idesa, no México, para produção de polietileno a partir do etano.
Serão gastos R$ 3 bilhões no projeto, que representa o maior investimento privado no México
(Relatório Anual Empresa Braskem, 2011, p. 5, Data de Acesso: 05 de setembro de 2012).
4.2.2. Aspectos de Mercado
O mercado brasileiro de resinas termoplásticas apresentou em 2011 comportamento
semelhante em comparação com o ano de 2010, sofrendo apenas com um leve decréscimo de
0,8%. O desempenho satisfatório do mercado de PVC (policloreto de vinila) encontra-se
fortemente ligado ao ramo da construção civil, que cresceu 5,6% em 2011, prospectando-se
66
manutenção do patamar de crescimento (Relatório Anual Empresa Braskem, 2011, p. 39, Data
de Acesso: 05 de setembro de 2012).
Ainda, segundo Relatório Anual da Empresa Braskem 2011, na América Latina, o Brasil
ocupa a posição de principal produtor de petroquímicos básicos e é líder na capacidade dos
petroquímicos de segunda geração (petroquímicos comprados nas unidades de craqueamento
de Nafta). A importância brasileira na região é oriunda do processo de reestruturação da
petroquímica, somando-se ainda o incremento da demanda doméstica por estes produtos. O
consumo de resinas termoplásticas no Brasil tem apresentado evolução nos últimos anos à
taxa de 3,3% a.a, conforme exposto na figura. O crescimento da economia brasileira, melhor
distribuição de renda e aumento do poder de consumo das classes C, D e E favoreceram este
cenário.
No mercado de resinas (PE, PP, PVC) observa-se grande potencial de crescimento no
consumo de plástico. Comparando-se a países desenvolvidos como os EUA, o qual o
consumo de resinas atingiu a ordem de 65 Kg por habitante, verificou-se que no Brasil este
consumo foi de 25 Kg por habitante, impulsionado pelo plano real e o início da estabilidade
econômica no país (PIRES, 2011).
A disponibilidade e a vantagem de custo desta matéria-prima no Oriente Médio resultaram na
em investimentos significantes na região, conforme apontado por Bastos (2009). Prevê-se
que, até 2015, a Ásia representa 50% da demanda global por commodities química (GLASS
20074, apud BASTOS, 2009 p. 339).
4 GLASS, Sherman J. “Sharing perspectives on the global petrochemical industry”. ExxonMobil Chemical senior vice president,apresentação na CMAI World Petrochemical Conference, Houston, TX, 21 mar. 2007.
67
As indústrias petroquímicas da Ásia e Europa empregam como matérias-primas
principalmente a nafta ao passo que Oriente Médio e América do Norte utilizam o gás. Na
América do Sul, predomina a nafta, utilizada como fonte da produção de eteno.
Conforme site Braskem Relação com Investidores da Empresa Braskem, no tópico Maiores
Players, o continente Americano produz cerca de é 47 milhões de toneladas de resinas (PE, PP
e PVC), correspondentes a 22% da produção mundial. Observa-se na figura que a Braskem
ocupa a 1ª posição, com produção anual de 7.680 mil toneladas.
Figura 6: Capacidade de Resinas nas Américas
Fonte: Braskem Principais Players, 2012, data de acesso: 06 de janeiro de 2013.
4.2.3 Aspectos Econômico-Financeiros
A receita líquida consolidada da Braskem apresentou crescimento de 19% (R$ milhões), R$
39,8 bilhões em 2011 e R$ 34,7 bilhões em 2010, tendo em vista melhor preço das resinas e
petroquímicos básicos (Relatório Anual Empresa Braskem, 2011, p. 39, Data de Acesso: 05
de setembro de 2012).
68
As receitas com exportação também auferiram crescimento de U$$ 6,5 bilhões, superior em
55% em relação à receita obtida no ano de 2010 (Relatório Anual Empresa Braskem, 2011, p.
39, Data de Acesso: 05 de setembro de 2012).
Tal fato decorre das maiores oportunidades de revenda dos produtos, na ordem de U$$ 2,6
bilhões, assim como pelo aumento de alguns produtos como o cracker e o butadieno, que
apresentaram alta de 50%.
Pode-se visualizar na figura a seguir, que a margem EBITDA da companhia foi de R$ 3,7
bilhões em 2011, uma queda de 8% em relação a 2010, quando o EBITDA alcançou R$ 4,1
bilhões. Em dólares, percebe-se também queda no indicador em 3%, atingindo R$ 2,2 bilhões
no ano de 2011.A queda do EBITDA da empresa reflete os seguintes fatores: redução do
volume de venda como decorrência da interrupção de energia elétrica, impactando a produção
até meados de maio; paradas programadas de manutenção; diminuição da rentabilidade das
resinas termoplásticas, com queda de 15% ao ano, No entanto, esta queda foi
contrabalanceada com maior spread de petroquímicos básicos, na ordem de 20% (Relatório de
Administração Empresa Braskem, 2011, p.7, Data de Acesso: 01 de setembro de 2012).
Figura 7: EBITDA
Fonte: Relatório de Administração Braskem, 2011, p. 7.
69
A empresa obteve prejuízo líquido de R$ 517 milhões, enquanto que em 2010 houve um lucro
líquido de R$ 1,889 bilhão. A despesa financeira de R$ 2,8 bilhões foi o principal fator a
contribuir para este resultado, mediante influência da depreciação do real em 2011, o que
levou a uma variação cambial líquida negativa de R$ 1,2 bilhão (Relatório de Administração
Empresa Braskem, 2011, p. 2, Data de Acesso: 05 de setembro de 2012).
A dívida líquida da companhia cresceu 8% ante 2010, totalizando U$$ 6,3 bilhões. Em reais,
a dívida cresceu 22%%, como resultado da valorização do dólar em 13% ao fim do período.
Como consequência, a relação dívida líquida/EBITDA passou para 2,83x ante 2,56x no ano
anterior em virtude do menor resultado operacional em 2011. Na moeda real, a alavancagem
totalizou 3,2 x, impulsionada pela apreciação do dólar no período (Relatório de
Administração Empresa Braskem, 2011, p. 9 e 10, Data de Acesso: 05 de setembro de 2012).
.
70
5. RESULTADOS DA PESQUISA
5.1. Fibria
As operações da empresa iniciaram-se em 1988 mediante aquisição da Celpav Celulose e
Papel Ltda, empresa produtora de celulose e papel com sede em São Paulo, pelo Grupo
Votorantim. Em 1992, a Votorantim adquiriu as Indústrias de Papel Simão, listadas na BMF
Bovespa. Em 1995, a Celpav tornou-se subsidiária da Papel Simão e esta companhia, em
novembro de 1999, alterou sua denominação social para Votorantim Celulose e Papel
(VCP). Com o processo de aquisição da Aracruz Celulose S.A. a companhia alterou
novamente sua denominação social passando a se chamar Fibria.
A Aracruz Celulose (companhia incorporada) é uma empresa brasileira criada em 1967,
destacando-se como maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto
(OLIVEIRA e WAISSMAN, 2002). Sua capacidade corresponde a 3,2 milhões de hectares de
plantios próprios no Espírito Santo e na Bahia. A Aracruz opera no Estado do Espírito Santo,
a maior fábrica de celulose do mundo, Portocel, através da qual escoa grande parte de sua
produção de 2,3 milhões de toneladas anuais (Laudo de Avaliação Empresa Aracruz 2009, p.
8, Data de Acesso: 10 de janeiro de 2013).
71
Seu controle acionário é exercido pelos Grupos Lorentzen, Safra e Votorantim, cada um com
28% e o BNDES com 12,5%. Suas ações preferenciais, aproximadamente 56% do total, eram
negociadas nas Bolsas de Valores de São Paulo, Madri e Nova York (PENTEADO, 2011, p.
10 e 11).
A Votorantim Celulose (companhia incorporada) é um dos segmentos do Grupo Votorantim,
dedicada ao ramo de papel e celulose cuja capacidade instalada atinge cerca de 1,42 milhões
em toneladas de papel. Apresenta unidades em Jacareí e Capão do Leão (ES). (Relatório
Anual, Empresa Votorantim, 2002, p. 25, Data de Acesso: 26 de dezembro de 2012).
Anteriormente a Votorantim Celulose e Papel (atual Fibria) detinha 50% de participação nos
ativos da Ripasa Celulose e Papel S.A (enquanto que a Suzano Celulose e Papel detinha os
50% restantes) . A Ripasa foi vendida pela Fibria a Suzano Celulose e Papel no ano de 2010,
que se tornou sua controladora (Relatório de Sustentabilidade, Empresa Fibria, 2010, p .7,
Data de Acesso: 17 de julho de 2012). A Aracruz Celulose empresa na qual a atual Fibria
detinha 12,5% de participação, foi incorporada em 2009, passando a ser sua controlada. Com
a permuta de ativos com a International Paper, envolvendo uma unidade de celulose e papel e
uma base florestal na região de Luiz Antonio (SP), recebeu em troca ativos florestais no
entorno de Três Lagoas (MS).
Conforme Protocolo e Justificação e Incorporação Aracruz Celulose (2009, p. 2), a
incorporação da Aracruz consistiu na aquisição de 56% do capital votante da companhia. Por
conseqüência, suas controladas- São Teófilo, Arapar, Mucuri, Veracel e Portocel, também se
submeteram à incorporação. Desse modo, foi contratada empresa especializada e
independente incumbida de avaliar o patrimônio líquido da incorporada Aracruz e, por
consequência, a Fibria que passou a suceder a Aracruz em todos os seus direitos e obrigações.
72
O documento aborda que a operação representará ganhos de sinergias, haja vista que a
incorporada e incorporadora atuam no mesmo segmento (Celulose), além de a operação
representar redução de custos financeiros, técnicos e operacionais, gerando ganho a seus
acionistas.
5.1.1 Impactos no Reconhecimento Inicial
Os relatórios financeiros da empresa foram preparados seguindo o padrão IFRS inicialmente
em 2008, ano de início da vigência dos CPC´S 01 a 14 e 2009 mediante aplicação dos CPC´S
15 a 43.
A companhia aplicou o CPC 15 a partir de 1/1/2009, não reportando combinações de negócios
anteriores a esta data em seus demonstrativos, valendo-se da isenção prevista pela norma, não
reapresentando as combinações de negócios ocorridas em data anterior a 01/01/2009 (data de
transição).
Uma das novidades trazidas pelo CPC trata do reconhecimento do adquirente e adquirida.
Segundo o CPC 15, o controle pode ser adquirido mediante contraprestação em dinheiro,
assunção de passivos, emissão de instrumentos patrimoniais e a combinação dos elementos
ora citados. Esta combinação de negócios efetivou-se via contraprestação em dinheiro e
considerou-se a data de aquisição 21 de janeiro de 2009. A Fibria constitui-se como
adquirente por ter assumido o controle acionário da Aracruz (adquirida).
5.1.2 Impactos no Ativo
73
A seguir, apresenta-se uma análise dos efeitos da adoção do CPC 15 nas demonstrações
consolidadas da Fibria, em 2009/2010. As informações foram apresentadas em figuras e
quadros. Os valores são apresentados em milhares de reais.
O CPC 15 determina que o ágio adquirido na combinação não mais será amortizado, sofrendo
agora o teste de recuperabilidade futura (impairment) anualmente ou sempre que forem
observadas evidências de redução de seu valor recuperável, seguindo as diretrizes do
estabelecido no Pronunciamento Técnico CPC 01, que dispõe sobre Redução ao Valor
Recuperável de Ativos. Ressalte-se que o teste de recuperação da companhia não redundou na
necessidade de constituição de perdas no exercício posterior (2010) à combinação de
negócios. Cabe lembrar que todo e qualquer ágio gerado internamente numa operação
intercompany que não seja combinação de negócios não deve ser reconhecido, pois não há
presença de custos que possam ser confrontados com os benefícios gerados.
O ágio alocado utilizou como modelo a premissa de fluxo de caixa descontado para a unidade
geradora de caixa. O fluxo de caixa descontado é o método mais utilizado pelo mercado e
busca ajustar o fluxo de caixa a uma taxa que mensure de modo adequado o risco dos fluxos
(DAMODARAN, 1999). A taxa de desconto foi calculada por meio do custo médio
ponderado de capital, premissa baseada na estrutura de capitais da entidade. Apesar de o CPC
15 exigir a mensuração dos ativos líquidos identificáveis a valor justo não há descrição na
norma de qual critério deva ser utilizado para avaliar os ativos, deixando a escolha da
companhia o método que julgar mais adequado.
Na companhia em análise utilizou-se a taxa para desconto do fluxo de caixa de 8,38 % a.a.
líquida dos impostos. O fluxo de caixa projetado da companhia considerou um período de
cinco anos.
74
Um dos efeitos maiores efeitos no balanço decorre do ágio. Foi reconhecido um ágio na
operação pelo valor bruto de R$ 4,361 bilhões. Deste valor, R$ 122,1 milhões sofrem
realização, em virtude de venda da unidade de Guaíba. Consequentemente, este ágio foi
alocado como despesa na rubrica outras receitas e despesas operacionais. Deste modo, a
Fibria reconheceu o valor residual no intangível de R$ 4,230 bilhões.
Caso o ágio por rentabilidade futura sofresse amortização, conforme permitido anteriormente
à vigência da Lei 11.638/2007, suponha-se num prazo de 10 anos, o impacto na despesa seria
de aproximadamente R$ 423 milhões, refletindo redução da base de impostos (imposto de
renda/contribuição social). Destaque-se que antes da vigência do Pronunciamento Técnico
CPC 15, o ágio era calculado como a diferença entre o montante pago e o valor contábil dos
ativos adquiridos e, atualmente, é calculado como a diferença entre a contraprestação
efetuada, as participações existentes e o valor justo dos ativos líquidos identificáveis, o que
pode gerar um menor valor a ser alocado como ágio por expectativa de rentabilidade futura.
Tabela 1: Movimentação do Intangível- Fibria
Início do Período 631.875Intangíveis gerados na combinação de negóciosData base, patentes e fornecedores 779.000Baixa de ágio contido anteriormente -122.116Constituição de ágio na Aracruz 4.361.143Baixa da unidade de Guaíba -130.693Amortização data-base, patentes e fornecedores -83.123Destinação ágio Conpacel para ativos mantidos para venda -Movimentação líquida de softwares 7.268Total 5.443.354
Fonte: Autor (adaptado das Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras 2009/2010- Fibria, arquivadas na CVM).
75
Além do ágio, a tabela 1 demonstra o reconhecimento de R$ 779 milhões de intangíveis
adquiridos na combinação de negócios, como patentes, data-base (conhecimento técnico) e
relacionamento com fornecedores. O Pronunciamento Técnico CPC 15 determina que estes
ativos sejam reconhecidos separadamente do ágio. Tais ativos são classificados como
intangíveis por enquadrarem-se dentro do critério de separabilidade, condição precedente à
classificação de um ativo nesta categoria.
Estes intangíveis vêm sendo amortizados conforme seu prazo de vida útil, que varia de 6,3% a
20% ao ano. Nota-se que, em 1/1/2009, a conta totalizava R$ 631,8 milhões e, em
31/12/2009, R$ 5,443 bilhões, dos quais R$ 5,0 bilhões referem-se aos efeitos da combinação
de negócios, principalmente oriundos do ágio incorrido na operação. Anteriormente a Lei
11.638/2007, não havia registro nos livros contábeis dos ativos intangíveis, e agora seu
registro torna-se obrigatório. O Pronunciamento Técnico CPC 15 determina que estes ativos
devam ser reconhecidos, assim como demais ativos envolvidos na combinação de negócios.
A nota explicativa 19 das demonstrações financeiras da Fibria menciona que o ágio de R$
475,4 milhões resultante da incorporação pela Fibria das ações da Ripasa Celulose e Papel
(controlada pela Fibria e Suzano Celulose e Papel) fundamentava-se na expectativa de
rentabilidade futura e sofria reconhecimento na rubrica intangível. Porém, no ano de 2010, o
ágio alocado a esta unidade foi baixado do intangível e reclassificado para a conta ativos
mantidos para venda, pois em dez/2010 foi aprovada pelo Conselho de Administração da
Fibria a alienação dos ativos da unidade geradora de caixa Ripasa.
Ainda no ativo não circulante, nota-se que o imobilizado inicial da companhia apresentava o
montante de R$ 7,539 bilhões. A incorporação dos ativos da Aracruz implica que todos os
ativos desta verterão para a incorporadora. A mudança em relação às práticas anteriores está
76
na mensuração a valor justo dos ativos, pois anteriormente utilizava-se como base o valor
contábil (valor de livros) destes. A avaliação deste ativos a valor justo implicará uma nova
base de avaliação para fins de depreciação dos bens.
Tabela 2- Movimentação do Imobilizado- Fibria
ConsolidadoSaldo em 1 de janeiro de 2009 7.539.695Adições 1.062.574Baixas -65.621Depreciação -474.593Aquisição da controlada Aracruz 7.823.696Baixa de ativos para venda da unidade Guaíba -1.842.127Transferência e outros -6.593Total 14.037.031
Fonte: Autor (adaptado das Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras 2009/2010- Fibria, arquivadas na CVM).
De acordo com a tabela acima, evidencia-se impacto no ativo não circulante (rubrica
imobilizado) de R$ 7,823 bilhões. A distribuição apresentou-se da seguinte forma, a saber:
Terrenos-R$ 1,644 bilhão, Imóveis-R$ 1,222 bilhão, Máquinas e Equipamentos-R$ 4,086
bilhões, Adiantamento a Fornecedores-R$ 303,1 milhões, Obras em Andamento-R$ 415,1
milhões e o restante composto por móveis e utensílios, veículos e outros. Estes ativos, exceto
terrenos que não sofrem depreciação, adiantamento a fornecedores e outros ativos, vêm sendo
depreciados conforme sua vida útil segundo determina o CPC 27 (imobilizado) variando entre
4 a 20% ao ano, e não mais com base nas taxas estabelecidas pela Secretaria de Receita
Federal.
Como consequência, o saldo do imobilizado encerra 2009 com R$ 14,037 bilhões. Porém ao
se comparar à representatividade desta rubrica dentro do ativo não circulante não se observa
77
variação expressiva entre 1/1/2009 e 31/12/2009 (66% ante 54% anteriores), pois o ativo
aumenta em quase o dobro da conta, diluindo o efeito da incorporação.
Adicionalmente, verifica-se que a rubrica investimentos (controladora) que em 1/1/2009
apresentava saldo inicial de R$ 4,130 bilhões, e em 31/12/2009, totaliza R$ 11,330 bilhões.
Explica-se tal variação essencialmente pela inclusão de R$ 5,470 bilhões referente ao acervo
das controladas adquiridas na operação de combinação de negócios (Aracruz e controladas), e
ainda R$ 795,0 milhões decorrentes de mais valia dos ativos das adquiridas Mucuri, Veracel e
Portocel (empresas controladas da adquirida Aracruz). Anteriormente ao Pronunciamento
Técnico CPC 15 a mais valia dos ativos era alocada ao ágio por expectativa por rentabilidade
futura, e, agora a norma exige a separação entre estes itens e esta mais valia sofrerá
depreciação/amortização e o ágio por expectativa de rentabilidade futura sofrerá amortização.
Cumpre ressaltar que na consolidação devem ser eliminados investimentos contra PL razão
pela qual não é possível visualizar este efeito no balanço patrimonial consolidado, onde
figuram somente investimentos em companhias coligadas, estas avaliadas pelo método de
equivalência patrimonial. O efeito do ajuste em investimentos por ocasião da combinação de
negócios gera uma despesa de amortização de mais valia dos ativos adquiridos líquida de R$
241,8 milhões, reconhecido na conta outras receitas/despesas operacionais.
Outro aspecto importante trazido pelo Pronunciamento Técnico CPC 15 é a evidenciação dos
ativos líquidos identificáveis não a mais a valor contábil e sim a valor justo, a ser aferido por
avaliador independente. Com a mensuração a valor justo os ativos passam a sofrer teste de
recuperabilidade, o que reflete menor base para cálculo de dividendos, uma vez que este ágio
não mais sofrerá amortização.
78
5.1.3 Impactos no Passivo e no Patrimônio Líquido
Na definição do CPC 15, item 4, uma combinação de negócios pode envolver a compra de
todo ou parte de seus passivos mediante assunção de dívidas. Deste modo, a aquisição da
Aracruz implicou assunção de passivos de R$ 3,684 bilhões, sendo R$ 2,430 bilhões
registrados no passivo circulante e R$ 1,253 bilhão no passivo não circulante. Esta
exigibilidade tinha o valor original de R$ 4,687 bilhões (descontada a 103% do CDI) devido
aos antigos controladores: As famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga. Aos
demais acionistas, o valor descontado também a 103% do CDI totalizava R$ 215,6 milhões.
A Fibria, no exercício de 2009, já havia efetuado pagamentos pela participação de R$ 1,687
bilhão e apropriou como despesa de juros pela assunção da dívida R$ 474,5 milhões ao
resultado. Desta forma, restaram R$ 3,684 bilhões a serem pagos em seis parcelas vincendas
no período compreendido entre janeiro e julho de 2011. Cabe salientar que a Fibria criou a
conta pagamentos por aquisição de ações exclusivamente por conta da operação de aquisição
da Aracruz.
Assim, o endividamento bruto, calculado pelo somatório do passivo circulante e passivo não
circulante, totalizou R$ 17,1 bilhões em 31/12/2009 contra R$ 7,1 bilhões em 1/1/2009, dos
quais 27% daquele valor, ou R$ 4,6 bilhões, decorre dos efeitos do contas a pagar pela
aquisição da participação da Aracruz (R$ 3,684 bilhões e R$ 944,0 milhões correspondem ao
saldo remanescente de dívida oriunda do derivativo da companhia liquidados em março de
2010).
O CPC 15 determina que a companhia deva reconhecer passivos contingentes desde que
atendidas às premissas dispostas no item 23 do CPC 15 (obrigação presente derivada de
79
eventos anteriores, cujo valor justo possa ser estimado de forma confiável), uma vez que estas
obrigações afetam o preço do negócio.
Assim, a Fibria efetuou o reconhecimento em 31/12/2009 de R$ 429,6 milhões como
contingências decorrentes do processo de incorporação dos ativos, incluídos no montante
provisionado em R$ 712,8 milhões na mesma época. Este valor acrescido dos depósitos
judiciais, constituídos com o intuito de compensar provisões para contingências reconhecidas,
de R$ 371,9 milhões, perfazem um valor total reconhecido nas demonstrações, a título de
contingências, de R$ 340,9 milhões, enquanto que em 1/1/2009 (antes da combinação)
contabilizou-se R$ 129,6 milhões. Não foi possível encontrar nas notas explicativas a que tipo
de contingência (tributária, trabalhista ou cível) se refere os valores.
A Fibria, anteriormente a combinação de negócios, detinha 127,5 milhões de ações ordinárias,
correspondentes à participação de 12,35% na Aracruz, cotadas a R$ 12,65 em 21 de janeiro de
2009. Utilizando-se tais premissas, chega-se ao montante de participação equivalente a R$
1,612 bilhão, que diminuído do custo contábil do investimento inicial de R$ 234,0 milhões
totalizou um uma mais valia atribuível ao investimento de R$ 1,378 bilhão, gerando assim
impacto positivo no resultado.
A nota explicativa 34 informa que este ganho decorre da reavaliação do valor justo da
participação inicial da companhia na Aracruz. A novidade trazida pelo Pronunciamento
Técnico CPC 15 refere-se à reavaliação de todas as participações existentes, utilizando-se seu
respectivo valor justo e, em caso de ganho, este deve ser imediatamente reconhecido ao
resultado, conforme procedido pela companhia.
80
Com maiores exigências de divulgação das informações relacionadas à combinação de
negócios por força do CPC 15, devem ser divulgadas informações que permitam ao usuário
uma adequada compreensão da transação. A Fibria, conforme divulgado em nota explicativa
34, informou que o preço considerado no negócio contemplou o montante a ser pago aos
antigos controladores (famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga)-R$ 4,687 bilhões,
valor que foi reconhecido no passivo da companhia. Compõe ainda o preço de compra o valor
justo da participação preexistente na Aracruz de R$ 1,612 bilhão e, por fim, o valor justo das
participações dos não controladores, avaliada em R$ 2,078 bilhões. Estes saldos totalizaram
R$ 8,378 bilhões.
Anteriormente ao CPC 15, não havia a descrição do método a contabilizar a combinação de
negócios, que, segundo a norma deve ser o método de aquisição. Deste modo, as empresas
têm por obrigatoriedade divulgar em notas explicativas além do valor contábil, o valor justo
dos ativos envolvidos na combinação de negócios. Na operação da Fibria, atribuiu-se como
valor justo aos ativos líquidos identificáveis o montante R$ 5,311 bilhões, segundo tabela a
seguir:
81
Tabela 3- Preço do Negócio
Preço de Compra 4.687.972Valor presente pago aos antigos controladores 1.612.956Valor justo da participação inicial da Aracruz 2.078.056Valor justo da participação dos não controladoresTotal 8.378.984(-) Valor justo dos ativos identificáveis e passivos assumidos
Valores Contábeis Ajuste Valor Justo Valor Justo TotalAdiantamento a fornecedores 292.979 397.358 690.337Imobilizado 7.646.598 3.042.053 10.688.651Intangível 779.000 779.000Outros Ativos 3.869.034 -19.326 3.849.708Empréstimos e Financiamentos -9.691.996 140.276 -9.551.720Outros Passivos -1.154.120 9.254 -1.144.866Total 962.495 4.348.615 5.311.110
Fonte: Autor (adaptado das Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras 2009/2010- Fibria, arquivadas na CVM).
Em complemento, destaque-se que, anteriormente a vigência do CPC 15, a participação dos
não controladores sofria avaliação a valor contábil na empresa adquirida. A partir da
implementação do CPC 15, esta participação deve ser mensurada a valor justo, segundo item
46 do CPC. Na análise das contas de patrimônio líquido, em específico às participações dos
não controladores, a nota explicativa 2.15 do demonstrativo menciona que esta participação
será mensurada ao valor justo ou conforme percentual de participação nos ativos
identificáveis líquidos da adquirida.
Nesta operação, a melhor estimativa do valor justo da participação dos acionistas não
controladores utilizou como base valor de mercado das ações cotadas em 21 de janeiro de
2009, perfazendo o montante de R$ 2,078 bilhões. A participação dos minoritários, no ano
antecedente à combinação de negócios (2008), totalizava R$ 1,1 bilhão. Nota-se que o ajuste
82
referente ao Pronunciamento Técnico CPC 15 refletiu acréscimo de 81% a rubrica
participação de não controladores.
5.1.4 Impactos no Resultado e no Fluxo de Caixa
Segundo item 42 do Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1), a companhia deverá mensurar
novamente sua participação societária na adquirida a valor justo na época da aquisição nos
casos de combinações de negócios em estágios. A companhia assim reavaliou sua
participação anterior de 12,35% na Aracruz a valor justo e reconheceu, no resultado do
período, conforme evidenciado na tabela 4, o ganho de R$ 1,378 bilhão.
Tabela 4- Impactos no Resultado- Fibria
Lucro líquido consolidado 1.218.296Ganho na remensuração de participação anterior (CPC 15) 1.378.924Amortização adicional de mais valia por mudança de critério (CPC 15) -241.876Demais efeitos da combinação de negócios (CPC 32) -116.174Efeitos tributários da combinação de negócios (CPC 32) 58.094Ajuste a valor justo de ativos biológicos (CPC 29) 551.604Realização por exaustão e consumo de ativos biológicos (CPC 29) -82.063Efeitos tributários relativos aos ativos biológicos (CPC 32) -160.967Outros -16.368Total 2.589.470
Fonte: Autor (adaptado das Demonstrações Financeiras Padronizadas 2009/2010- Fibria, arquivadas na CVM).
Na definição do CPC 15, item 53, os custos diretamente relacionados à aquisição, exceto os
vinculados à emissão de instrumentos financeiros, são aqueles que a adquirente incorre para
efetivar a combinação de negócios e devem ser alocados ao resultado. Assim, os custos
relacionados à transação, tais como advogados e intermediários, assim como juros da dívida,
avaliados em R$ 116,1 milhões foram reconhecidos pela Fibria como despesa no resultado
83
(demais efeitos da combinação de negócios), por afetarem o preço do negócio. Por sua vez, a
apropriação de juros pela aquisição da Aracruz gera R$ 474,5 milhões de despesas ao
resultado financeiro consolidado, equivalente a um percentual de 36% sobre a despesa
financeira total contabilizada de R$ 1,378 bilhão. Conclui-se que sem os efeitos do
Pronunciamento Técnico CPC 15, o lucro do exercício de 2009 geraria um impacto negativo
na demonstração de resultados do exercício de R$ 1,020 bilhão.
Qualquer impacto no lucro evidentemente implica alteração na capacidade da empresa em
distribuir ou não dividendos a seus acionistas. Dessa forma, quanto maior o lucro, maior o
dividendo a ser pago, já que o cálculo do dividendo tem como parâmetro o lucro societário.
O lucro ajustado em 31/12/2009 totaliza R$ 1,929 bilhão (lucro de R$ 2,589 bilhões deduzido
da parcela do lucro atribuível aos não controladores de R$ 660,2 milhões). Pode-se concluir
que o impacto do resultado (R$ 1,020 bilhão líquido) apurado na combinação de negócios
contribui em 53% ao cálculo do lucro atribuível para os dividendos. No entanto, a empresa
preferiu não distribuir os dividendos do exercício alocando os valores para reservas de
investimentos e reserva de dividendos obrigatórios não distribuídos visando direcionar os
valores para realização de seu Plano de Investimentos.
Pode-se ainda observar grande variação na margem EBITDA nos exercícios sob análise. O
EBITDA representa o lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações, sendo
então definido como o lucro somado às despesas que não geram saída de caixa
(MATARAZZO, 2010).
84
Tabela 5-Demonstração de Resultados do Exercício-Fibria Receita Líquida 5.292.972 5.999.606(-) CPV -4.555.729 -5.060.754Lucro Bruto 737.243 938.852Despesas OperacionaisVendas -296.974 -330.424Gerais e Admin. -271.020 -281.946Honorários da Diretoria -25.103 -25.768Equiv. Patrimonial -1.133 -1.133Outras Receitas Operacionais 1.609.016 -76.935EBITDA 1.752.029 222.646Lucro Líquido 2.589.470 1.218.296Margem EBITDA 33,10% 3,70%Margem Líquida 48,90% 20,30% Fonte: Autor (adaptado das Demonstrações Financeiras Padronizadas 2009/2010- Fibria, arquivadas na CVM).
De acordo com a tabela 5, verifica-se que o EBITDA da companhia totaliza R$ 222,6 milhões
em 1/1/2009 e R$ 1,752 bilhão ao final do exercício. Deste lucro, tem-se que R$ 1,378 bilhão
é atribuível a ganhos na remensuração da participação inicialmente detida, registradas em
virtude do CPC 15. Como consequência, a companhia apresenta acréscimo em sua margem
líquida, medida como a razão entre o lucro líquido e a receita líquida de venda.
Quanto aos efeitos na demonstração de fluxo de caixa, partindo-se dos ajustes ao lucro
líquido, ou seja, itens que afetam o lucro, mas não afetam o caixa (itens não caixa), tem-se
que o CPC 15 acrescenta R$ 474,5 milhões (apropriação de juros em decorrência da aquisição
de controlada) e diminui-se R$ 1,378 bilhão, evidenciados na tabela abaixo:
85
Tabela 6- Movimentação do Fluxo de Caixa-Fibria
Consolidado2009
Resultado Antes do IR e CSLL 3.323.564AjustesLucro Antes do IR e CSLL descontinuadosDepreciação, amortização e exaustão 141.053Variação cambial e monetária 1.330.266Valor Justo de Derivativos -2.626.572Res. equivalência patrimonial -148.403Ganho na alienação do investimento 1.133Ajuste a valor presente contas a pagar -33.414por aquisição de açõesPerda (ganho) na alienação do imobilizado 474.536Apropriação de juros sobre títulos e valores mobiliários -3.177Apropriação de juros sobre financiamentos -172.730Amortização mais valia de ativos 753.658Variação no valor justo de ativos biológicos 320.554Ganho na remensuração detida na participação da Aracruz -1.378.924Complemento (reversão) de provisões e outros -41.445
Fonte: Autor (adaptado das Demonstrações Financeiras Padronizadas 2009/2010- Fibria, arquivadas na CVM).
Este valor tem como origem ganhos na remensuração da participação anteriormente detida na
Aracruz, antes registrado como receita operacional na demonstração de resultado do
exercício.
5.1.5 Divulgação de Informações
A análise do nível de divulgação da companhia permite inferir que, com a adoção do IFRS,
passa a haver maior nível de detalhamento das notas explicativas, apresentando-se assim os
efeitos das normas internacionais de contabilidade nas rubricas contábeis.
86
Ainda foram analisadas notas explicativas anteriores a fim de verificar o nível de divulgação
das operações de combinações de negócios antes da vigência do Pronunciamento Técnico
CPC 15. A companhia divulga o total de ações adquiridas, o valor da aquisição, porém não há
detalhamento da constituição do ágio/deságio, informando-se apenas a sua ocorrência. Não se
pode perceber o que representa o ágio por expectativa de rentabilidade futura e mais valia dos
ativos. Os ativos incorporados são apresentados por seus respectivos valores contábeis.
Ademais o escopo do CPC 15 é mais abrangente, pois abrange todas as combinações de
negócios, ao passo que a Instrução CVM 319, tratava apenas das operações de fusão,
incorporação e cisão.
Por outro lado, a empresa divulga, em atendimento aos requisitos do item 64 do CPC 15 (R1),
informações referentes à combinação de negócios, descrevendo informações sobre a
adquirida, data de aquisição, capital adquirido, descrição de como o controle foi adquirido e
valor justo da participação dos não controladores. Apesar de detalhar como o controle da
adquirida Aracruz foi obtido, não foi possível visualizar os motivos que ensejaram a
combinação de negócios.
Para esta operação, conforme citado em itens anteriores, verifica-se ocorrência do ágio, porém
não foram informadas quais sinergias esta combinação de negócios poderá trazer à
companhia. A Fibria apenas divulga que o ágio gerado na operação foi contabilizado nas
diversas etapas em que o negócio foi efetivado, haja vista esta combinação de negócios ter
ocorrido em etapas. Todavia, a empresa descrimina a conciliação do ágio no início e no fim
do período (item B67 da norma), exceto o goodwill destinado à alienação (unidade Guaíba),
enquadrados aos critérios para classificação como mantido pela venda conforme disposto no
CPC 31 (Ativo não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada).
87
A empresa divulgou em nota explicativa movimentação da provisão para contingências,
informando o valor contábil no início e final do período, valor provisionado inclusive por
efeito da incorporação de adquirida na combinação de negócios. No entanto, não se pode
observar em notas explicativas maior detalhamento das contingências, como por exemplo, a
falta de informação sobre natureza da provisão (cível, trabalhista) constituída por intermédio
da incorporação da Aracruz e cronogramas de saída do valor provisionado.
5.2. Braskem
A Braskem efetuou três combinações de negócios em 2010, a saber: Aquisição de 60% do
capital total da Quattor Participações em 22 de janeiro de 2010; aquisição de 100% da Sunoco
Chemicals em 1 de abril de 2010 e, por fim, em 10 de maio de 2010, 100% do capital da
Unipar Comercial.
A aquisição da Quattor possibilitará a Braskem assumir a posição de maior empresa
petroquímica das Américas em capacidade de resinas termoplásticas (PE, PP e PVC),
favorecendo assim sua posição competitiva.
De acordo com Laudo de Avaliação, a companhia possui como controladas a Riopol, Quattor
Química, Quattor Petroquímica e a Polibutenos S.A. A Rio Polímeros S.A (Riopol),
controlada em 75% pela Quattor, é o primeiro complexo industrial gás químico do Brasil e
segundo principal produtor de polietilenos do país. Detém a primeira unidade de produção de
polietileno, localizada em Duque de Caxias (RJ). (Laudo de Avaliação Braskem S.A e
Quattor Participações 2010, p. 8. Data de Acesso: 06 de janeiro de 2013).
A Quattor Química, controlada pela Quattor, que detém 100% de seu capital, é uma
companhia resultante da incorporação da Quattor Químicos Básicos (antiga PQU
88
Petroquímica) pela Polietilenos União (Laudo de Avaliação Braskem S.A e Quattor
Participações 2010, p. 18. Data de Acesso: 06 de janeiro de 2013) . Após o processo de
reestruturação, a Quattor Química obteve dois complexos produtivos: um localizado Santo
André e outro em Cubatão.
A Quattor Petroquímica S.A é resultado da combinação dos ativos petroquímicos da Unipar e
Petrobras. Anteriormente à reestruturação, tinha como denominação Suzano Petroquímica,
sendo adquirida da Suzano Holding pela Petrobras em 2007. Após o processo de
incorporação, a Quattor Petroquímica passou a participar com 5,9% na Quattor Química. A
Quattor Petroquímica é controlada da Quattor, que detém 99,3% de seu capital (Laudo de
Avaliação Empresas Braskem S.A e Quattor Participações, 2010, p. 18, Data de Acesso: 06 de
janeiro de 2013).
As três plantas da Quattor Petroquímica (Mauá-SP), (Duque de Caxias-RJ) e (Camaçari BA),
apresentam capacidade total 785/mil toneladas ano de polipropileno.
A Quattor Polibutenos S.A Indústrias Químicas, da qual participa indiretamente a Quattor
mediante participação em 33% do capital, é resultado da associação em partes equânimes
entre a Unipar e PQU, que fazem também parte da Quattor Química e a Chevron Oronite do
Brasil. A produção da companhia representa aproximadamente 18 mil toneladas/ano de mais
de 20 tipos de polibutenos (Laudo de Avaliação Empresas Braskem S.A e Quattor
Participações, 2010, p. 20, Data de Acesso: 06 de janeiro de 2013).
A Unipar Comercial (Petroquímica União), empresa controlada pela Quattor é uma empresa
do setor petroquímico, encarregando-se pela produção, transporte e comercialização dos mais
diversos componentes químicos derivados do petróleo (LEMOS, 2007).
89
A Sunoco Chemicals, companhia adquirida pela Braskem em 2010 é uma empresa americana
especializada na produção de produtos químicos como benzeno, tetrâmero, xileno e é a
número um em produção de fenol nos Estados Unidos e a número dois no mundo.
A companhia possui três fábricas localizadas nos estados da Pensilvânia, Virgínia Ocidental e
Texas. Possui sede na Filadélfia (Pensilvânia, três unidades industriais, em La Porte, Texas e
Marcus Hook), responsáveis por cerca de 13% da capacidade instalada da produção de
polipropileno nos Estados Unidos. Além das unidades industriais, possui ainda um centro de
tecnologia em Pittsburgh, na Pensilvânia (Fato Relevante, Empresa Braskem, 2010, p. 1, Data
de Acesso: 15 de janeiro de 2013).
Ressalte-se que a aquisição da Sunoco possibilitará a Braskem estabelecer uma posição de
relevância nos Estados Unidos, possibilitando sinergias especialmente no México e
Venezuela.
Localiza-se nos municípios de Santo André e Mauá, na Grande São e possui uma fábrica com
capacidade instalada para produção de 500 mil toneladas de eteno ao ano. A companhia ainda
abastece o pólo petroquímico do ABC e exporta aproximadamente 10% de sua produção.
No que se refere às combinações de negócios, a operação com a Quattor consistiu na
aquisição de 60% de participação no negócio. Ressalte-se que a aquisição desta participação
implicou a obrigatoriedade da companhia em adquirir os restantes 40% do capital votante
detido pela Petrobras, 33,33% do capital votante da Polibutenos detidos pela Unipar, 0,68%
referentes à participação dos minoritários na Quattor Química e 25% do capital votante da Rio
Polímeros (Riopol) pertencentes a BNDESPAR (Relatório Anual, Empresa Braskem, 2010,
p. 59. Data de Acesso: 02 de setembro de 2012).
90
A operação realizada nos termos do Acordo de Investimento teve como justificativa, segundo
Protocolo e Justificação de Incorporação de Ações Quattor 2010, página 3: ampliar a
competitividade da Braskem e de suas controladas visando aumentar a competitividade da
Braskem perante seus concorrentes internacionais; criar valor para a Braskem, por meio da
obtenção de sinergias trazidas pelo negocio; simplificar a atual estrutura de capital da
Braskem e da Quattor, migrando os atuais acionistas da Quattor para a Braskem; concentrar e
aumentar a participação societária da Petrobras na Braskem.
Quanto à figura do adquirente e da adquirida, o CPC 15 dispõe que a entidade que emite a
contraprestação é a adquirente do negócio, portanto, a Braskem configura-se como adquirente
e a Quattor, adquirida, haja vista que a Braskem assumiu o controle parte via contraprestação
em dinheiro, parte por assunção de dívida da Riopol, empresa controlada da adquirida Quattor
e, finalmente, via emissão de ações. Considera-se como data de aquisição, 30 de abril de
2010, apesar de, nessa época, a companhia não possuir a propriedade legal das ações. Porém
considerou-se tal data haja vista obrigação estabelecida mediante Acordo de Investimentos.
Dessa forma, o negócio totalizou o montante total de R$ 1,173 bilhão na operação, segregados
em caixa de R$ 704,2 milhões, instrumentos patrimoniais de R$ 250,4 milhões e assunção de
obrigação para aquisição da Riopol da BNDESPAR por R$ 218,7 milhões. Cabe destacar que
a norma contábil possibilita que aquisição de controle seja efetivada de diversas formas
(caixa, assunção de passivos, instrumentos patrimoniais).
Os ativos líquidos identificáveis foram reconhecidos por um valor de R$ 2,014 bilhões
excedentes a contraprestação transferida, gerando assim um deságio de R$ 841,4 milhões.
Este deságio foi reconhecido como um ganho em linha específica denominada “resultado de
combinação de negócios” na demonstração de resultados da companhia em 2010. À medida
91
que os ativos relacionados à combinação de negócios forem sendo realizado, este ganho
reconhecido, quando da aquisição, tornar-se-á despesa.
Atualmente, há a obrigatoriedade de avaliação dos ativos a valor justo, segundo o
Pronunciamento Técnico CPC 15. Todavia, a norma contábil não especifica quais as
abordagens de avaliação de ativos devam ser utilizadas, deixando a critério da empresa as
abordagens que julguem mais adequadas para utilização. De acordo com nota explicativa 5
das Demonstrações Financeiras Braskem 2010, os ativos e passivos foram avaliados por
empresas especializadas contratadas pela Braskem, utilizando como estimativa para o valor
justo de seus ativos as seguintes abordagens:
Para os estoques o valor justo baseou-se na abordagem de mercado ou market approach, que
pressupõe que os valores patrimoniais dos ativos, passivos e patrimônio líquido sejam
bastante compatíveis a seus preços de mercado tendo como parâmetros depreciação,
amortização, exaustão, paridade cambial, entre outros. No caso dos estoques, considerou-se o
preço de venda líquido dos impostos na época da avaliação destes ativos. A diferença
encontrada entre valor de mercado e contábil foi de R$ 68,0 milhões.
O método utilizado para os ativos imobilizados foi o custo de reposição ou cost replacement
approach, que equivale ao preço necessário para repor todos os ativos da empresa. A empresa
informa que esta abordagem foi a mais propícia para avaliação, pois considera custos como
tecnologia instalada, instalações-suporte e ligação ativa com o sistema de produção.
Conforme notas explicativas, a mais valia do imobilizado totalizava R$ 1,4 bilhões em abril
de 2010.
92
Para os intangíveis, a metodologia adotada foi o fluxo de caixa descontado, que reflete o valor
futuro dos contratos descontados a valor presente, neste caso, 14,1%. Os intangíveis
identificáveis na combinação de negócios totalizavam R$ 393,8 milhões.
A controlada da Brakem “Braskem América” celebrou contrato de compra e venda das ações
da Sunoco, empresa petrolífera de origem norte-americana. A transação foi concluída em 1 de
abril de 2010 (data da aquisição).
Esta aquisição proporcionará a Braskem estabelecer operações no maior e mais competitivo
mercado consumidor de resinas, proporcionando avançar na estratégia de internacionalização
da empresa a partir dos projetos no México, Venezuela e Peru.
A contraprestação paga aos antigos acionistas deu-se em forma de caixa, no montante de R$
620,8 milhões. Nesta operação também houve deságio, uma vez que os ativos líquidos
identificáveis da adquirida totalizaram R$ 746,9 milhões, valor superior à contraprestação
efetuada. A diferença de R$ 126,0 milhões foi reconhecida como compra vantajosa (deságio)
no resultado do exercício no ano de 2010.
A estimativa do valor justo dos ativos e passivos assumidos na combinação de negócios
utilizou as mesmas premissas para os estoques e imobilizados, na combinação de negócios
mencionada anteriormente (market approach e cost approach), sendo o valor justo dos
estoques atribuído em R$ 177,0 milhões e do imobilizado, R$ 628,6 milhões. É importante
frisar que todos os ativos e passivos numa combinação de negócios devem ser avaliados a
valor justo (marcação a mercado) não se admitindo nenhum outro método.
93
A avaliação dos ativos representou desconto a valor presente dos contratos comerciais da
companhia a uma taxa de 15% a.a. Os intangíveis da companhia representam tecnologia e
contratos com fornecedores.
Em 10 de maio de 2010, a Sunoco foi adquirida em 100% pela Braskem. A operação teve
como justificativa readequar custos da companhia, mediante redução de despesas
operacionais, de forma a otimizar sua estrutura de capital.
A contraprestação, paga como caixa, foi de R$ 27,1 milhões, enquanto que o valor justo dos
ativos líquidos identificáveis apresentava o montante de R$ 35,1 milhões, incorrendo-se
também num deságio de R$ 7,7 milhões alocado no resultado do exercício.
O deságio das combinações de negócios teve como motivação, para o caso da Quattor, o
elevado endividamento e quebra de covenants financeiros, o que facilitou negociação do
preço de compra do negócio pela única compradora – Braskem e, no caso, da aquisição da
Sunoco, a baixa relevância do negócio de polipropileno dentro da carteira de ativos e a crise
econômica nos Estados Unidos.
5.2.1 Impactos no Reconhecimento Inicial
A empresa adotou o IFRS/CPC´S pela primeira vez em suas demonstrações consolidadas do
ano de 2010 e, para isso a procedeu a reconciliação das contas de patrimônio, resultado e
demonstração de resultados abrangentes a fim de adequar-se as novas práticas contábeis.
Com a adoção do CPC 15, a companhia tem por opção aplicar a norma retrospectivamente à
data de transição ou a uma data posterior a esta data. Caso opte pela aplicação retrospectiva
deverá demonstrar todas as combinações de negócios até então ocorridas. A Braskem aplicou
94
a isenção prevista em lei e não reapresentou as combinações de negócios ocorridas em data
anterior a 01/01/2009 (data de transição). Adicionalmente, a companhia optou por não
remensurar os saldos de ágio por expectativa por rentabilidade futura decorrentes de
combinações de negócios ocorridas anteriormente a 01/01/2009 e estes ágios, alocados às
respectivas unidades de negócios, passaram a sofrer o teste de impairment.
5.2.2 Impactos no Ativo
O Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1) em seu parágrafo B31 determina que todos os
intangíveis adquiridos numa combinação de negócios devam ser reconhecidos. Nesta ótica,
pode-se verificar que, como resultado da combinação de negócios com a Quattor, houve
aumento da rubrica em R$ 393,8 milhões, que corresponde a aproximadamente 56% da
variação de R$ 700 milhões desta conta (R$ 2,317 bilhões inicial em 2010 ante R$ 3,079
bilhões final), no período compreendido entre 31/12/2009 e 31/12/2010.
Segundo nota explicativa 2.1.2, os intangíveis são oriundos de tecnologia, contratos com
clientes e fornecedores e marcas a serem amortizados ao prazo de sua vida útil (15 a 20 anos).
Ressalte-se que as relações contratuais entre clientes, fornecedores e marcas são reconhecidas
como intangíveis por enquadrarem-se no critério legal-contratual, um dos critérios exigidos
pelo Pronunciamento Técnico CPC 04 (Intangíveis) para que um ativo seja considerado
intangível. Ratifica-se o registro apenas do intangível nestas operações uma vez que não
houve a figura do ágio por expectativa de rentabilidade futura.
A composição do imobilizado em 31/12/2010 demonstra reconhecimento de 1,5 bilhão a
título de mais valia (diferença entre valor contábil e valor de mercado) dos ativos, composto
da seguinte forma: R$ 1,492 bilhão decorrente da mais valia dos ativos da Quattor e R$ 8,342
95
milhões correspondentes aos ativos da Unipar Comercial. Com relação à incorporada Sunoco
Chemicals, não houve apuração de mais valia atribuível ao imobilizado na avaliação.
Ressalte-se que a mais valia é realizada no momento em que os ativos e passivos a ela
relacionados também são realizados, como no caso de uma venda ou
depreciação/amortização. As diferenças entre o valor justo e valor contábil dos ativos (mais
valia) passam a compor o preço do negócio, não havendo mais a definição de ágio dessa
diferença, conforme se praticava anteriormente a vigência do Pronunciamento Técnico CPC
15.
A Braskem entendeu não ser aplicável em 2010 o teste de impairment das unidades de
negócios adquiridas por entender que as premissas econômicas (PIB Industrial, PIB Brasil,
Inflação e Preço de seus insumos) manter-se-iam em níveis de estabilidade.
O CPC 15 (R1) no item 24 determina que o adquirente deva mensurar ativos e passivos fiscais
diferidos numa combinação de negócios, de acordo com o CPC 32 Tributos Diferidos. Na
composição dos impostos diferidos ativos, o reconhecimento de prejuízo fiscal e base
negativa de contribuição social da adquirida Quattor no montante de R$ 1,462 bilhão para a
Contribuição Social e R$ 1,459 bilhão para o Imposto de Renda contribui para o
reconhecimento de crédito tributário no montante de R$ 372,0 milhões de Imposto de Renda e
R$ 133,4 milhões de Contribuição Social em 2010, devidamente reconhecidos como parte
ativo fiscal diferido, no ativo não circulante, de acordo com a figura a seguir:
96
Figura 8: Movimentação de Prejuízo Fiscal e Base Negativa da CSLL
Fonte: Relatório de Administração Braskem, 2010, p. 114.
Vale lembrar que o prejuízo fiscal na aquisição somente pode ser reconhecido porque as
empresas continuaram a existir após operação, não sendo sucedidas pela Braskem em seus
direitos e obrigações. Do contrário, tal prejuízo não poderia ser aproveitado, exceto na
situação de constituição de uma sociedade veículo a fim de proceder a uma incorporação
reversa.
5.2.3 Impactos no Passivo e no Patrimônio Líquido
Um ativo ou conjunto de ativos pode ser adquirido via instrumentos patrimoniais, caixa,
assunção de dívida entre outros, segundo item 5 do Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1). A
compra da Quattor e, conseqüentemente, assunção de uma dívida bruta de R$ 7,4 bilhões
levaram a companhia a reforçar sua estrutura de capitais, de modo a manter a continuidade de
seu plano de investimentos. A Braskem promoveu um aumento de capital da ordem de R$ 3,5
bilhões em 2010, recebendo aporte de R$ 1 bilhão da Odebrecht e R$ 2,5 bilhões da
Petrobras, segundo relatório da administração 2010.
97
A Braskem, anteriormente à assunção dos ativos da Quattor, já havia financiado pagamentos
relevantes, da ordem de R$ 5 bilhões a Quattor para quitação de seu endividamento. Após o
pagamento deste valor pela Quattor, restavam aproximadamente R$ 2,4 bilhões no ativo
rubrica partes relacionadas da Braskem relativos a mútuos (empréstimos) concedidos à
Quattor.
Com relação às contingências, a companhia reconheceu em atendimento ao disposto no item
23 do Pronunciamento Técnico CPC 15 (R1), passivos contingentes incorridos na combinação
de negócios, mesmo na hipótese de não ser provável saída de recursos econômicos para
liquidar a obrigação. Estes ativos que não seriam reconhecidos numa operação normal devem
fazer parte de uma combinação de negócios por justamente afetarem o valor da transação.
Assim a adquirente (Braskem) reconheceu contingências de êxito possível da adquirida
Quattor. Estas contingências são de natureza tributária e foram avaliadas como possíveis,
segundo assessores externos utilizando-se os respectivos valores justos. Deste modo foram
reconhecidas contingências referentes a ações judiciais de ICMS, PIS, COFINS, IR e CSLL
no montante de R$ 224,6 milhões, dentre os quais R$ 172,4 milhões são provenientes de
tributos estaduais e R$ 52,2 milhões tributos federais. Para o fim de compensar os valores a
serem pagos a título de contingências, a companhia manteve em seu ativo não circulante
valores referentes a depósitos judiciais.
98
Tabela 7- Composição das Contingências-Braskem
ConsolidadoProvisão para bonificações 21.538Provisão para recup. De danos ambientais 36.282Provisões Judiciais Diversas 330.807Outras 6.240Total 394.867
Fonte: Autor (adaptado das Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras 2010- Braskem, arquivadas na CVM).
Parte do valor provisionado (R$ 172,4 milhões) decorre de contingências estaduais
provenientes de pagamento ICMS a menor pela controlada Quattor em virtude de
aproveitamento de créditos do imposto decorrente de operações de aquisição de mercadorias.
De acordo com nota explicativa, a companhia ainda provisionou os seguintes tributos
federais: IR/CSLL- R$ 27,5 milhões, PIS e Cofins- 24,7 milhões. Desse modo, do saldo de
R$ 330,0 milhões destacados no quadro acima, R$ 224,6 milhões são oriundos da combinação
de negócios efetuada. Em 1/1/2009 (data anterior à aquisição) o saldo da rubrica totalizava
R$ 75,2 milhões.
Na composição do patrimônio líquido, são verificados os seguintes efeitos, conforme
apresentado na tabela a seguir:
99
Tabela 8- Composição do Patrimônio Líquido- Braskem Combinação de Negócios Quattor (líquido de tributos) 841.459 841.459Realização da Combinação de Negócios Quattor -125.334 -90.420Ajuste de CPC´S e IFRS Quattor 7.622 1.997Reversão Resultado Abril/2010 Quattor 37.340 24.806Ajuste de Lucros Acumulados Combinação de Negócios Quattor -762 -1.887Combinação de Negócios Unipar Comercial 7.735 7.735Realização da Combinação de Negócios Unipar Comercial 13 4Combinação de Negócios PP Américas 126.089 126.089Realização da Combinação de Negócios PP Américas 8.731 8.731Total 902.893 918.514
Fonte: Autor (Adaptado das Demonstrações Financeiras Padronizadas 2010- Braskem, arquivadas na CVM).
A companhia efetuou a reconciliação do patrimônio líquido, anteriormente em BR GAAP,
com o objetivo de adequar-se à adoção do IFRS/CPC´S, por força de disposição dos CPC´S
37 (Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade) e IFRS 1 (First-time
Adoption of International Financial Reporting), assim como em atendimento à Deliberação
CVM 665, de 25 de janeiro de 2010 que concede às companhias abertas prazo adicional para
reapresentação de suas demonstrações em padrão IFRS .
Observa-se que, como valores mais relevantes, segundo tabela acima, têm-se os resultados
líquidos de imposto de renda da combinação de negócios das controladas Quattor, PP e
Sunoco que foram ajustados ao PL pelo valor líquido de tributos no total de R$ 975,2
milhões.
No patrimônio líquido evidenciou-se a compensação de R$ 168,5 milhões em virtude da
realização da mais valia dos ativos relacionados à combinação de negócios da Quattor e PP
Américas, valor este deduzido do lucro líquido do exercício.
100
Ao patrimônio líquido inicial em set/2010- R$ 9,178 bilhões e final de R$ 10,462 bilhões ao
fim de set/2010 tem-se que R$ 975,2 milhões referem-se aos efeitos da combinação de
negócios, basicamente efeitos da compra vantajosa efetuada na aquisição das controladas
Quattor, Unipar e PP Américas. Esses ajustes foram efetuados no patrimônio líquido de forma
a melhor se evidenciarem os ajustes da norma contábil.
Como contrapartida ao aumento de capital, verifica-se efeito no saldo dos investimentos da
companhia em controladas e coligadas. A aquisição de 60% do investimento na Quattor
proporcionou aumento de R$ 1,044 bilhão ao saldo de investimentos, enquanto que a Unipar
Comercial contribuiu com acréscimo de R$ 5,5 milhões à conta, somando-se o impacto da
combinação de negócios em R$ 1,050 bilhão contra um total de R$ 6,549 bilhões do saldo de
investimentos em controladas. A compra vantajosa (deságio), anteriormente ao CPC 15, era
reconhecida como conta retificadora da rubrica investimentos e sua contrapartida era a conta
resultado de exercícios futuros, dentro do passivo exigível de longo prazo (atual passivo não
circulante).
Com a exigência do CPC 15 acerca do reconhecimento do deságio diretamente no resultado, o
ativo aumentará, pois não haverá mais o deságio como conta retificadora do investimento.
Por consequência, o patrimônio líquido sofrerá incremento, tendo em vista o reconhecimento
no resultado deste ganho por compra vantajosa. Como não haverá mais o reconhecimento do
deságio em contrapartida a antiga conta resultado de exercícios futuros, o passivo diminuirá
de valor.
5.2.4 Impactos no Resultado e Fluxo de Caixa
101
Os ajustes verificados na demonstração de resultados do exercício estão relacionados ao
deságio (compra vantajosa). Ao aplicar o método de aquisição para o fim de contabilizar a
combinação de negócios, faz-se necessário identificar o ganho por compra vantajosa
(deságio), que antes da vigência do CPC 15 seria reconhecido ao resultado somente em caso
de alienação ou perecimento do investimento.
Os ajustes referentes à compra vantajosa geraram aumento ao resultado operacional de R$
975,2 milhões em 2010, por ocasião da compra da Sunoco (nova denominação da PP
Américas), Unipar e Quattor, evidenciados na tabela a seguir:
Tabela 9 - Demonstração de Resultados do Exercício-Braskem Receita Líquida de Vendas 25.494.817 16.136.070Custo dos Produtos Vendidos -21.411.775 -13.529.696Lucro Bruto 4.083.042 2.606.374Receita (despesas)Vendas -383.454 -298.847Distribuição -335.510 -300.735Gerais e Administrativas -969.929 -648.310Pesquisa e Desenvolvimento -78.778 -63.119Res. De Participações Societárias 20.302 3.188Res. Da Combinação de Negócios 975.283 102.051Outras Rec. (despesas) oper. Líquidas -95.995 3.705Total 3.214.961 1.404.307 Fonte: Autor (adaptado das Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras 2010- Braskem, arquivadas na
CVM).
Sem os efeitos da combinação de negócios, o lucro operacional de R$ 3,214 bilhões tornar-se-
ia R$ 2,239 bilhões em 2010. Nota-se que o acréscimo referente à combinação de negócios
equivale a um percentual de 30% do lucro operacional no ano de 2010 ante 7% em 2009 (ano
anterior à adoção das normas internacionais de contabilidade). Ressalte-se que em 2009 a
empresa ainda não tinha adotado o IFRS.
102
O lucro ajustado em 31/12/2010 totaliza R$ 1,661 bilhão. Pode-se concluir que o impacto do
ganho por compra vantajosa, (R$ 975,2 milhão líquido) reconhecido ao resultado segundo
disposição do CPC 15 (R1) contribui em aproximadamente 56% ao cálculo do lucro atribuível
para os dividendos. A empresa pretende propor R$ 665,6 milhões como dividendos no
exercício, correspondentes a 40% do lucro líquido. Em 2009 (antes da adoção) a companhia
auferiu R$ 917,2 milhões de lucro e a administração optou por não distribuir dividendos
visando compensar tal lucro com os prejuízos acumulados incorridos na Braskem.
Conforme relatório, a aquisição da Quattor proporcionou incremento de receitas da ordem de
R$ 4,412 bilhões ao resultado e a PP Américas contribuiu com R$ 1,891 bilhão, um total de
R$ 6,303 bilhões ou 25% da receita de R$ 25,2 bilhões reconhecida no exercício de 2010. Do
custo dos produtos vendidos, cujo saldo em 2010 totalizava R$ 21,4 milhões, atribuem-se R$
3,591 bilhões à controlada Quattor e R$ 1,558 bilhão à PP Américas, contribuindo em 24% à
composição da conta.
Segundo nota explicativa 5, as aquisições contribuíram com um aumento do lucro líquido de
R$ 58,4 milhões (Quattor) e R$ 172,7 milhões (PP Américas). Assim, esses ajustes
proporcionaram um aumento de R$ 231 milhões ou 12% ao lucro líquido do ano de 2010.
Dentre o impacto no fluxo de caixa da companhia, pode-se observar que a Braskem ajustou o
valor de R$ 975,2 milhões do lucro líquido (deságio) o qual afeta o resultado econômico, mas
não o financeiro (caixa) da Braskem.
Em complemento, verifica-se que houve diminuição do fluxo de caixa da Braskem por
ocasião da aquisição de investimentos nas adquiridas Quattor, PP Américas e Sunoco
(Polibutenos). Do valor líquido registrado na Demonstração de Fluxo de Caixa (R$ 939,4
103
milhões), R$ 245,6 milhões representam o caixa gasto na aquisição da Braskem Quattor, R$
620,8 milhões representam o valor despendido pela aquisição da PP Américas, R$ 25,2
milhões Unipar Comercial e, por fim, R$ 42,3 milhões da Polibutenos. Desse modo, do total
das aplicações em investimentos de R$ 2,387 bilhões, nota-se que R$ 933 milhões ou 40%
são representados pelos ajustes da norma contábil.
5.2.5 Divulgação de Informações
A análise do nível de divulgação da companhia permite inferir que, com a adoção das normas
internacionais de contabilidade, passa a haver maior nível de detalhamento das notas
explicativas, apresentando-se os efeitos das normas internacionais de contabilidade nas
rubricas contábeis.
Do contrário, pode-se observar que, em nota explicativa anterior, a empresa relatava de modo
sucinto, suas operações de aquisição/incorporação de empresas, divulgando apenas as contas
do balanço patrimonial e resultado impactadas pela operação. Os ativos eram avaliados a
valor contábil e não havia a figura do valor justo dos ativos. Toma-se como exemplo a
incorporação das ações da companhia Triunfo efetuada em 2009, ano anterior à adoção do
IFRS pela Braskem. Cita-se a operação apenas em um parágrafo. Adicionalmente não há
destaque se a transação redundou em ágio ou deságio.
A empresa divulga, em atendimento aos requisitos do item 64 do CPC 15 informações
referentes à combinação de negócios, descrevendo informações sobre as adquiridas, uma vez
que procedeu a três combinações de negócios em 2010, data de aquisição, capital adquirido e
descrição de como o controle foi adquirido. Como a companhia adquiriu 100% do capital
104
votante das companhias, não há descrição de atribuição de valor justo referente à participação
dos acionistas minoritários.
Com relação à compra vantajosa, a instituição descreve o valor do ganho reconhecido e sua
respectiva alocação, porém não foi possível visualizar claramente em seu relatório os motivos
que ocasionaram tal ganho, apenas divulgando-se que a negociação foi efetivada nos termos
do Acordo de Investimentos firmado entre Braskem, Petrobras, Odebrecht e Unipar
Petroquímica.
Observa-se ainda que, nas notas explicativas, cumprindo com o disposto no item 64 do CPC
alínea iv, a Braskem descreve o método adotado na determinação do valor justo dos
instrumentos patrimoniais emitidos no negócio, tendo por base a cotação de fechamento da
BMF Bovespa à época da transação.
A empresa divulgou ainda, em nota explicativa, movimentação da provisão para
contingências, informando o valor contábil no início e final do período, valor provisionado
inclusive por efeito da incorporação de adquirida na combinação de negócios. Pode-se
visualizar nos relatórios maior detalhamento das contingências (itens 84 e 85 do CPC 25),
descrevendo-se a natureza e origem dessas.
105
6. CONCLUSÃO
O objetivo do presente trabalho foi demonstrar o impacto do CPC 15 (combinações de
negócios) nas demonstrações financeiras de duas empresas que procederam a Combinação de
Negócios: Fibria e Braskem, empresas do setor de celulose e petroquímico, respectivamente.
Para isto, utilizaram-se dois estudos de casos, pois ilustram dois efeitos distintos: a figura do
ágio e deságio.
Os dados necessários à análise foram extraídos das demonstrações financeiras
disponibilizadas no site da CVM, notas explicativas, protocolos de justificação e dados de
avaliação das companhias envolvidas na transação, tendo-se por base os anos em que as
combinações de negócios ocorreram: 2009 no caso Fibria e 2010 Braskem.
Verificou-se que as duas empresas declararam explicitamente o uso das exceções permitidas
pela norma (não reapresentar combinações de negócios anteriores à data de transição_
1/1/2009), a fim de reduzir o esforço requerido para convergência de suas demonstrações
contábeis. A Fibria aplicou o CPC 15 a partir de 1/1/2009 e a Braskem adotou a norma pela
primeira vez no ano de 2010.
Antes não havia norma no Brasil que tratasse deste tipo de operação. Os ativos sofriam
avaliação com base no valor de custo, não havendo o conceito de valor justo. Todavia, a
106
norma oferece quase nenhuma orientação de qual a melhor metodologia para avaliação deste
valor, deixando a critério do avaliador dos ativos a metodologia a utilizar. Na Braskem foram
utilizadas metodologias tais como: fluxo de caixa descontado para o ágio, market approach
(abordagem de mercado) para os estoques e cost replacement (custo de reposição) para o
imobilizado. Na Fibria a metodologia de valorização do ágio foi o fluxo de caixa descontado.
Outra novidade trazida não somente pelo CPC 15, mas também por todos os outros CPC´S é a
ampliação do nível de disclousure, pois as empresas não poderão declarar que houve uma
associação quando, na verdade, o que ocorreu foi uma aquisição, tudo agora deve ser muito
bem explicitado. Anteriormente ao Pronunciamento Técnico CPC 15, a divulgação das
informações envolvendo uma combinação de negócios era restrita. Atualmente, segundo a
nova norma contábil, as companhias passam divulgar todos os pormenores das operações de
combinações de negócios, citando-se alguns exemplos: descrição da obtenção de controle,
valor justo da participação dos não controladores, informações sobre adquirida, data de
aquisição, entre outras informações. As duas companhias atenderam aos procedimentos
requeridos para divulgação das informações, exceto informações das sinergias (integração
entre os negócios) esperadas na combinação de negócios que possam gerar redução de custos,
aumento de receitas, entre outros. As informações a este respeito encontram-se descritas em
seus respectivos Protocolos de Justificação.
Normalmente o processo de combinar empresas surge, porque se vislumbra algum tipo de
sinergia no negócio, seja elevação de receitas, redução de custos, ganho de maior capacidade
de competição, benefícios tecnológicos, redução de custos, entre outros. Significa dizer que
um negócio é interessante realmente se a empresa adquirente tiver algum ganho de cunho
econômico, o que valerá somente se as empresas valerem mais juntas do que separadas,
segundo definição de Costa, Costa e Alvim (2011). Observa-se que nas duas companhias
107
analisadas o processo representou ganhos de mercado, nacional e estrangeiro, como foi o caso
da Braskem com uma de suas aquisições: a empresa Norte-Americana Sunoco, além da
otimização das operações como foi o caso da Fibria, pois a empresa e sua controlada Aracruz
eram duas empresas de porte considerável que funcionavam de forma independente.
Com a adoção do Pronunciamento Técnico CPC 15, pode-se visualizar impactos
significativos nas empresas. Na Fibria um dos maiores efeitos no balanço atribui-se ao
intangível, que teve aumento em aproximadamente R$ 5,0 bilhões, essencialmente por
ocasião do reconhecimento do ágio por expectativa de rentabilidade futura incorrido na
operação. Cumpre ressaltar que o ágio por expectativa de rentabilidade futura sempre foi
reconhecido, porém a alteração introduzida pela norma diz respeito ao seu cálculo. Destaque-
se que antes da vigência do Pronunciamento Técnico CPC 15, o ágio era calculado como a
diferença entre o montante pago e o valor contábil dos ativos adquiridos e, atualmente, é
calculado como a diferença entre a contraprestação efetuada, as participações existentes e o
valor justo dos ativos líquidos identificáveis, o que pode gerar um menor valor a ser alocado
como ágio por expectativa de rentabilidade futura.
O ágio de R$ 4,230 milhões se fosse amortizado num prazo de 10 anos, conforme permitido
anteriormente à Lei 11.638/2007, geraria uma despesa anual de R$ 423 milhões na
demonstração de resultados do exercício, refletindo diminuição da base de impostos (imposto
de renda/contribuição social). Caso o ágio por expectativa de rentabilidade futura venha a ter
reconhecida uma perda por impairment, haverá redução nos lucros da companhia dado o
reconhecimento da despesa. No caso da Fibria, não houve no exercício subseqüente (2010)
registro de tal perda.
108
Na demonstração de resultados do exercício, reconheceu-se um ganho de R$ 1,378 bilhão em
virtude da remensuração da participação inicialmente detida na controlada Aracruz, em
atendimento às exigências do Pronunciamento Técnico CPC 15.
Dessa forma, o ganho proporciona aumento na geração de caixa operacional da companhia,
medida pelo indicador EBITDA, que antes dos efeitos da operação de combinação de
negócios totalizava R$ 222,6 milhões e, após a operação, tem-se o montante de R$ 1,7 bilhão.
Infere-se que com aumento do lucro há maiores perspectivas de distribuição de dividendos
aos acionistas.
O impacto mais relevante na Braskem foi observado no imobilizado, em virtude do
reconhecimento da mais valia de R$ 1,5 bilhão dos ativos, valor originário essencialmente da
mais valia dos ativos da adquirida Quattor - R$ 1,492 bilhão. Ressalte-se que a realização
desta mais valia ocorrerá mediante depreciação/amortização dos bens correspondentes em
exercícios posteriores, proporcionando aumento dessas despesas.
O deságio nas operações de combinação de negócios da Empresa resultou em aumento de
30% do lucro operacional ante 7% no ano anterior à transação. Dessa forma, a contabilização
gerou um impacto positivo de R$ 975,2 milhões ao resultado, contribuindo em
aproximadamente 56% ao lucro atribuível como dividendos aos acionistas.
Nas operações da Braskem, supõem-se algumas motivações para a ocorrência da compra
vantajosa. No caso da Quattor, havia expressivo endividamento, gerando quebra de covenants
contratuais (EBITDA) e necessidade de negociar com os credores a dívida, evitando assim
declaração antecipada. Diante deste cenário, houve a necessidade de o acionista controlador
alienar os ativos. A Braskem era a única compradora disponível e isto foi um fator que
109
facilitou as negociações em favor da companhia. Por ter obtido ganho de compra vantajosa na
primeira avaliação, a empresa, atendendo o disposto no CPC 15, fez nova avaliação dos ativos
e passivos adquiridos com o intuito de confirmar os valores obtidos inicialmente.
Dessa forma, a Braskem necessitou reforçar sua estrutura de capitais, de modo a suportar a
assunção de uma dívida bruta de R$ 7,4 bilhões da Quattor. Para isto, a Braskem promoveu
aumento de capital de R$ 3,5 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão foram recebidos pela Odebrecht e
R$ 2,5 bilhões pela Petrobras, evitando assim expressivo aumento de sua estrutura de
endividamento.
Na Sunoco, empresa petrolífera Norte-Americana, a atividade de polipropileno era pouco
relevante em relação aos seus negócios. Adicionalmente, a crise financeira nos Estados
Unidos levou a necessidade da companhia em vender suas plantas. Novamente, a Braskem
surgia como única interessada, o que facilitou a negociação do preço de compra e,
consequentemente, resultou no deságio.
Verifica-se que o CPC 15 provocou impactos relevantes no resultado das duas companhias
por alterar a estrutura dos ativos, essencialmente ao promover aumento dos saldos das contas
do ativo não circulante (imobilizado na Braskem em decorrência da mais valia dos ativos e
intangível na Fibria devido ao reconhecimento do ágio por expectativa por rentabilidade
futura), promover elevação do passivo mediante assunção de dívidas da controlada Aracruz
(no caso da Fibria) e Quattor (na Braskem) ou ainda proporcionar aumento nas receitas e
lucros das empresas em virtude do reconhecimento do ganho na remensuração da participação
anterior (Fibria) e compra vantajosa (deságio), no caso da Braskem. As operações de
combinações de negócios da Braskem corresponderam 25% ao seu faturamento no ano de
110
2010 (ano da combinação de negócios) e, segundo exposto em relatório da companhia,
prospectam-se ganhos de sinergia com a Quattor da ordem de R$ 400 milhões até 2012.
111
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