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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 3, Edição número 20, de Outubro, 2014/Março, 2015 - p 1 FALAR E ESCREVER EM QUADRINHOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NO 6º ANO DA ESCOLA BILLY GANCHO EM NOVA XAVANTINA-MT COSTA, Juliana Veronice Conde 1 SGARBI, Nara Maria Fiel de Quevedo 2 RESUMO: Este artigo constitui uma reflexão sobre a utilização das histórias em quadrinhos - HQs como recurso didático para incentivar a leitura e produção de textos dos alunos do 6º ano do Núcleo Comunitário Dom Bosco Escola Billy Gancho na cidade de Nova Xavantina-MT. Nesse contexto, parte- se da hipótese de que, por se tratarem de textos mais acessíveis e lúdicos as HQs podem desencadear conhecimentos necessários para a leitura de outros gêneros textuais. Numa pesquisa bibliográfica buscou-se investigar sobre a influência dos quadrinhos no desenvolvimento da leitura e escrita. A pesquisa fundamentou-se nas teorias de Marcuschi(2002), Cirne(1972), Cagnin (1975)e Bagno(2007), além das que embasam os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa para o Ensino fundamental(1997)que sinalizam ser o domínio da linguagem oral e escrita é indispensável para a inserção social do indivíduo. O estudo possibilitou identificar os quadrinhos como elementos que viabilizam a prática interdisciplinar, pois além das adaptações literárias resultam em um processo artístico bem como na difusão dos conhecimentos científicos tanto na educação formal como na educação informal. PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade, Leitura e escrita, Histórias em Quadrinhos. ABSTRACT: This article is a reflection on the use of comics - comics as a teaching resource to encourage reading and writing papers of students of the 6th year of the Don Bosco Community Center Billy Hook School in the city of New Xavantina-MT. In this context, one starts from the assumption that, because they are more accessible and playful texts comics can trigger the knowledge necessary to read other genres. A literature search we sought to investigate the influence of comics on the development of reading and writing. The research was based on the theories of Marcuschi (2002), Cirne (1972), Cagnin (1975) and Bagno (2007), in addition to grounding the National Curriculum Parameters of Portuguese Language for Elementary Education (1997) that signal be field of oral and written language is essential for the social integration of the individual. The study identified the comics as elements that enable interdisciplinary practice, because besides the literary adaptations result in an artistic process as well as the diffusion of scientific knowledge both in formal education and informal education. KEYWORDS: Playfulness, Reading and Writing, Comics 1 Aluna do curso de graduação em Letras da UNIGRANET - Dourados- MS 2 Professora Doutora em Linguística e Língua Portuguesa da UNIGRAN- Centro Universitário da Grande Dourados, orientadora da pesquisa.

FALAR E ESCREVER EM QUADRINHOS: UM ESTUDO … · de aula do 6º ano do Núcleo Comunitário Dom Bosco Escola Billy Gancho, em Nova Xavantina-MT. Durante esse período foi possível

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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 3, Edição número 20, de Outubro, 2014/Março, 2015 - p

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FALAR E ESCREVER EM QUADRINHOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO

NO 6º ANO DA ESCOLA BILLY GANCHO EM NOVA XAVANTINA-MT

COSTA, Juliana Veronice Conde1

SGARBI, Nara Maria Fiel de Quevedo2

RESUMO: Este artigo constitui uma reflexão sobre a utilização das histórias em quadrinhos - HQs como

recurso didático para incentivar a leitura e produção de textos dos alunos do 6º ano do Núcleo

Comunitário Dom Bosco Escola Billy Gancho na cidade de Nova Xavantina-MT. Nesse contexto, parte-

se da hipótese de que, por se tratarem de textos mais acessíveis e lúdicos as HQs podem desencadear

conhecimentos necessários para a leitura de outros gêneros textuais. Numa pesquisa bibliográfica

buscou-se investigar sobre a influência dos quadrinhos no desenvolvimento da leitura e escrita. A

pesquisa fundamentou-se nas teorias de Marcuschi(2002), Cirne(1972), Cagnin (1975)e Bagno(2007),

além das que embasam os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa para o Ensino

fundamental(1997)que sinalizam ser o domínio da linguagem oral e escrita é indispensável para a

inserção social do indivíduo. O estudo possibilitou identificar os quadrinhos como elementos que

viabilizam a prática interdisciplinar, pois além das adaptações literárias resultam em um processo

artístico bem como na difusão dos conhecimentos científicos tanto na educação formal como na

educação informal.

PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade, Leitura e escrita, Histórias em Quadrinhos.

ABSTRACT: This article is a reflection on the use of comics - comics as a teaching resource to encourage

reading and writing papers of students of the 6th year of the Don Bosco Community Center Billy Hook

School in the city of New Xavantina-MT. In this context, one starts from the assumption that, because they

are more accessible and playful texts comics can trigger the knowledge necessary to read other genres. A

literature search we sought to investigate the influence of comics on the development of reading and

writing. The research was based on the theories of Marcuschi (2002), Cirne (1972), Cagnin (1975) and

Bagno (2007), in addition to grounding the National Curriculum Parameters of Portuguese Language for

Elementary Education (1997) that signal be field of oral and written language is essential for the social

integration of the individual. The study identified the comics as elements that enable interdisciplinary

practice, because besides the literary adaptations result in an artistic process as well as the diffusion of

scientific knowledge both in formal education and informal education.

KEYWORDS: Playfulness, Reading and Writing, Comics

1 Aluna do curso de graduação em Letras da UNIGRANET - Dourados- MS

2 Professora Doutora em Linguística e Língua Portuguesa da UNIGRAN- Centro Universitário da Grande

Dourados, orientadora da pesquisa.

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INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a sociedade brasileira de um modo geral tem experimentado

inúmeras transformações econômicas e políticas que resultaram em mudanças de

paradigmas e valores sociais, especialmente no que se refere à prática de leitura e

escrita. Com isso, atualmente a informação surge como peça fundamental na

organização social. O que se percebe é que o impacto tecnológico marcou de vez a

humanidade.

Nessa perspectiva, surge evidentemente a necessidade da aquisição da prática de leitura

como forma de superar as barreiras do analfabetismo e criar espaços culturais onde os

livros possam ter significado para o desenvolvimento integral de cada indivíduo. No

entanto, o que se observa é que a ausência de leitura entre os brasileiros é assustadora,

fato que tem causado impacto, com proporções maiores nos aspectos culturais

historicamente construídos. Diante do exposto, fica evidente que a formação de leitores

eficazes e eficientes tem sido preocupação dos educadores ao buscar caminhos para a

aquisição do gosto pela leitura por parte dos estudantes.

A escola enquanto instituição formadora deve buscar continuamente procedimentos

didáticos que garantam a competência leitora e escritora. É necessário, ainda, enfatizar a

importância do fortalecimento de políticas públicas voltadas para a prática social da

leitura, tanto no âmbito federal quanto no estadual e municipal.Desse modo, o interesse

pela pesquisa surgiu durante o período de realização do estágio Supervisionado II no

curso de Letras da UNIGRAN- Centro Universitário da Grande Dourados,em uma sala

de aula do 6º ano do Núcleo Comunitário Dom Bosco Escola Billy Gancho, em Nova

Xavantina-MT. Durante esse período foi possível perceber a dificuldade dos alunos no

que se refere à linguagem oral e escrita, especialmente no aspecto da interpretação

textual.

Para a realização desta pesquisa, procedeu-se a uma revisão bibliográfica com o

objetivo de coletar e selecionar as questões mais evidentes acerca da temática proposta.

Para um melhor embasamento teórico, foi imprescindível a leitura das teorias, dentre

outras, de Cirne (1972) e Cagnin (1975). Trata-se de dois pesquisadores que estudaram

a estrutura das histórias em quadrinhos e, portanto, estão fundamentados para orientar a

compreensão e a aplicabilidade desse gênero textual.

A pesquisa de campo possibilitou a constatação da hipótese inicial do trabalho, ou seja,

por se tratarem de textos mais acessíveis e lúdicos as Histórias em Quadrinho podem

desencadear conhecimentos necessários para a leitura de outros gêneros textuais,

considerando que as atividades propostas priorizaram o estímulo à criatividade e o

imaginário dos alunos, viabilizando condições prazerosas para a criação de suas

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próprias histórias utilizando-se de diferentes gêneros textuais, de modo especial os

quadrinhos.

1) UMA BREVE CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA CAMPO DE PESQUISA

O Núcleo Comunitário Dom Bosco Escola Billy Gancho está situado em um bairro

central da cidade de Nova Xavantina, Estado de Mato Grosso e atende

aproximadamente trezentos alunos, distribuídos entre a Educação Infantil e o Ensino

Médio. De acordo com o PPP- Projeto Político Pedagógico da Instituição são estes os

seus objetivos:

Proporcionar a aquisição de conteúdos básicos que assegure a cada um a

possibilidade de se construir como ser pensante e autônomo; desenvolver

uma atitude ética frente à vida; compreender os processos naturais e o

respeito ao ambiente como valor vital, afetivo e estético; atuar no mundo do

trabalho, dentro de princípios de respeito a si mesmo, pelos outros e pelos

recursos da comunidade; melhorar o desempenho, eficiência e eficácia da

instituição (2014, p. 22).

Esse mesmo documento explicita a missão Educacional do Núcleo Comunitário Dom

Bosco – Escola 'Billy Gancho que é promover a pessoa humana, uma vez que o

crescimento do homem é o valor que fundamenta a educação. Em relação a si mesmo -

consciência de si - é o ponto de partida para o crescimento global da pessoa,

aprimorando os níveis: físico, emocional e intelectual. Na perspectiva de uma Educação

Libertadora Cristã, prevalece a opção por uma ética de respeito ao outro, com base no

diálogo e na fraternidade. É no relacionamento com o outro que o ser humano se ajuda a

crescer; desenvolve formas efetivas de comunicação e percebe ideias e valores

diferentes.

No que se refere às questões inerentes à leitura a Instituição se propõe a criar as

melhores condições para que o processo ensino aprendizagem se desenvolva de maneira

eficiente e eficaz, esperando que o educando revele eficiência e eficácia demonstrando

domínio da norma culta a Língua Portuguesa, ou seja, lendo, interpretando textos orais e

escritos nas diferentes áreas de conhecimento. Bagno (2007) contribui com essa

discussão, sinalizando que:

Deveríamos propor então um ensino de língua que tenha o objetivo de levar o

aluno a adquirir um grau de letramento cada vez mais elevado, isto é,

desenvolver nele um conjunto de habilidades e comportamentos de leitura e

escrita que lhe permitam fazer o maior e mais eficiente uso possível das

capacidades técnicas de ler e escrever (p.57).

A Escola Billy Gancho adota a Pedagogia Franciscana e a Pedagogia Libertadora de

Paulo Freire, além de outros teóricos progressistas para a sustentação de sua concepção

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pedagógica. Numa, o ato de ensinar é um ato de amor; noutra, ensinar não pode ser um

simples processo de transferência de conhecimento do educador ao educando, pois

educação é a práxis, reflexão e ação do homem sobre o mundo para transformá-lo. E

afirmar que educação é um ato de amor, de coragem é uma prática de liberdade dirigida

para a realidade àquele que não teme, ao contrário, enfrenta.

Rodrigues (2005) faz referência a Paulo Freire sinalizando uma

de suas ideias:

Só aprendemos a compreender o que lemos do que alguém deixou por escrito

quando aprendemos também a partilhar com outras pessoas as suas idéias.

Quando as acolhemos em nossos silêncios e as ouvimos de maneira atenta. E

esse é o caminho por onde viaja quem, ao mesmo tempo em que aprende a ler

e escrever palavras e idéias, aprende a “ler” e a compreender a realidade da

vida que vive e do mundo onde vive. Aprende não apenas a conhecer com

inteligência como a sociedade é, mas aprende também a compreender com a

consciência por que ela é assim, como ela foi sendo feita assim e o que é

necessário fazer para que ela seja transformada (p. 58).

Nessa perspectiva é possível considerar que a Escola Billy Gancho prioriza a formação

de indivíduos conscientes e capazes de respeitar o próximo utilizando-se da leitura

como uma ferramenta para abrir os caminhos do convívio social, sem perder de vista a

sua filosofia que consiste na promoção da pessoa humana na sua integridade,

transpondo o mero compromisso da transmissão de informação.

2) A LEITURA COMO PRÁTICA SOCIAL

Em qualquer atividade da vida humana a leitura constitui-se em um ato fundamental

dada a sua importância na promoção da realização pessoal e no agir sobre a realidade.

Por meio da leitura, o indivíduo é capaz de perceber o que se passa à sua volta tornando-

se apto a participar significativamente da sociedade. Essa afirmação se confirma nos

Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa:

O domínio da língua tem estreita relação com a possibilidade de plena

participação social, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem

acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói

visões de mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo

comprometido com a democratização social e cultural atribui à escola a

função e a responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos

saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania, direito

inalienável de todos (BRASIL, 1997, p. 21).

A escola enquanto instituição formadora deve agregar em suas práticas a disseminação

do sistema de escrita como meta que vai além da formação de leitores, considerando

que a leitura é um instrumento que viabiliza a autonomia, a tomada de decisões e a

consciência crítica.Todavia, a formação teórica dos educadores deve ser pensada em

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consonância com a postura pedagógica e mediadora do professor entre o aluno e a

aprendizagem. Tal afirmação denota compreender que os docentes devem estar

continuamente envolvidos com o processo de aquisição da leitura e a construção de

práticas de leitura pelos estudantes.

Sobre o assunto, Alves e Camargo (2010), sinalizam que entendida como atividade de

aculturação ou de prazer do homem alfabetizado, a leitura, desde a época dos faraós,

não sofreu desmoronamentos, mas apenas transformações, podendo-se afirmar, que a

leitura, ou melhor, os modos de ler, continuarão a mudar, a se transformarem,

acompanhando os desenvolvimentos tecnológicos.É evidente que durante muito tempo

o livro representou um elemento de acesso para poucos. Somente a partir do século

XIX, os manuais escolares ganham seu espaço, especialmente com o impulso da

Revolução Industrial. A compreensão de um texto, do ponto de vista atual não depende

somente do ato de ler e sim, de compreender o sentido das ideias e construir um novo

sentido para elas.

Isto posto, todo e qualquer ser humano possui capacidades para atribuir significados às

coisas e aos diferentes códigos sejam eles verbais e não verbais. No entanto, para que

esse potencial se desenvolva faz-se necessário que os indivíduos estabeleçam contato

com grupos sociais, uma vez que esse potencial é desenvolvido a partir da convivência

entre os diferentes.

3) AS CONTRIBUIÇÕES DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS PARA O

DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E DA ESCRITA DOS ALUNOS

Ao final da década de 90, após anos de rejeição pelos próprios professores as HQ

passaram a compor as práticas pedagógicas dos professores no interior das salas de aula

brasileiras. No entanto, são avanços tímidos que certamente devem passar por um

processo de adequação tendo em vista as reais necessidades de aprendizagem dos

estudantes neste século XXI, especialmente no que se refere à leitura e produção

textual. A LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9.394/96

representou um importante marco nesse processo de aceitação das Histórias em

Quadrinhos como uma ferramenta didática uma vez que preconizava uma articulação

entre esse produto cultural midiático e a educação formal.

Sobre esse assunto Vergueiro e Santos (2012) utilizam-se do seguinte argumento: De fato, a relação entre quadrinhos e educação nem sempre foi amigável,

passando por momentos de grande hostilidade e outros de tímida

cumplicidade, quando alguns professores mais ousados se atreveram a

utilizá-los em sala de aula. Tratava-se de aplicações esporádicas, marcadas

muito mais pela ousadia e entusiasmo de seus propositores do que propria-

mente por correção metodológica (p. 82).

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As HQ destinam-se a diferentes públicos e, portanto, devem ser utilizadas de forma

adequada pelos professores, mesmo aquelas construídas apenas para o lazer e

entretenimento das pessoas. A leitura da linguagem dos quadrinhos seja ela verbal ou

não verbal é condição indispensável para que o docente possa aplicá-lo em sala de aula.

Os quadrinhos constituem-se elementos que possibilitam a prática interdisciplinar, pois

além das adaptações literárias resultam em um processo artístico, difusão dos

conhecimentos científicos tanto na educação formal como na educação informal.

As Histórias em Quadrinhos são expressivamente ricas em recursos metalinguísticos3. É

um recurso de ensino que deve ser utilizado pelos docentes, de modo especial da Língua

Portuguesa principalmente com os alunos do Ensino Fundamental, como é o caso do 6º

ano. Amélia Fernandes Cândido, Apud Gazeta e Sobrinho (2009) assevera que a tríplice

convergência entre as linguagens verbal, visual e simbólica pode auxiliar o leitor a

desenvolver a capacidade de leitura e de interpretação. Pode levá-lo a aplicar esse novo

conhecimento na produção de seus textos.

Diante do exposto, surgem alguns questionamentos: Como as histórias em quadrinhos

podem auxiliar a criar a habilidade da leitura e da escrita? A produção textual tem

levado professores a trabalhar didáticas que possam causar impactos benéficos no

processo Ensino-aprendizagem? Utilizar métodos antigos como o trabalho com os gibis,

pode ser o início de um progresso real para muitos Educadores nas aulas de produção de

textos?

A imaginação dos alunos, aliada ao trabalho com diversos gêneros no 6º ano do Ensino

Fundamental contribui para o desenvolvimento da escrita desses estudantes. Nessa etapa

a habilidade de ler HQs deve ser incentivada. De acordo com Guimarães (1997, p. 6) a

HQ4 “é uma forma de expressão artística em que há o predomínio estímulo visual, ou

seja, engloba formas de expressão em que o espectador para apreciá-las utiliza

principalmente o sentido da visão”. Desse modo, ao incentivar a leitura e a criação de

histórias em quadrinhos, por meio de trabalhos lúdicos o professor contribui para o

desenvolvimento da criatividade. Para estimular a criatividade e a imaginação, faz-se

necessária, a diversificação de materiais lúdicos, compreendendo o universo dos alunos

estabelecendo vínculo entre os Quadrinhos e o incentivo, para que cada um possa criar

suas próprias histórias.

3Quando a preocupação do emissor está voltada para o próprio código, ou seja, para a própria

linguagem, temos então o que chamamos de função metalinguística. 4 História em Quadrinhos, Quadrinhos, Gibis e outras várias formas de nomenclatura. Servem para

descrever o modo de contar ou narrar uma história em forma sequencial com imagens e textos interagindo

entre si dispostos em quadros esquematizados em uma ou várias páginas nos mais diversos estilos e

gêneros.

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O domínio da língua escrita, é fundamental para que o aluno tenha condições de

interagir na sociedade em que vive, por isso, quando o professor trabalha didáticas

diferenciadas, utilizando a ludicidade, propicia aos estudantes, a possibilidade de

trabalhar gêneros textuais, como os Quadrinhos. Vygotsky afirma que:“na brincadeira

“a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu

comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na

realidade” (1987, p.117). Dessa forma é possível perceber que a ludicidade auxilia no

desenvolvimento do aluno, uma vez que com o ensino tradicional nem sempre há

possibilidades do aluno desenvolver-se com criatividade.

Abordar a história em quadrinhos no processo de incentivo à escrita e, ao mesmo

tempo, mostrar um gênero lúdico, que transmita ao leitor prazer em aprender, fornece

subsídios ao desenvolvimento da capacidade imaginária, à interpretação das histórias

lidas e ao incentivo ao hábito à leitura. Cagnin, (1975, p. 119) afirma que “a HQ, ainda

que identificada pela imagem, invariavelmente vem acompanhada do texto, dos

elementos lingüísticos, que se fundem com a imagem e forma o código narrativo

quadrinizado”. Desse modo fica evidente que as histórias em quadrinhos tornam o

ensino mais criativo e animado; e ajudando a construir uma aula mais descontraída,

incentivando os alunos a ler e escrever com maior frequência. As histórias em

quadrinhos, por meio das figuras mostradas, permitem que os alunos

independentemente da idade, criem autoconfiança ao escrever, todavia sendo esse o

motivo de muitos não gostarem de escrever seus próprios textos.

O gênero Quadrinhos gera criatividade, proporcionando novas imaginações lúdicas e

transmitindo habilidade de ler. Além disso, a ludicidade deve ser vista como parte

integrante no processo do ensino-aprendizagem em sala de aula com os professores de

Língua Portuguesa, pois os trabalhos lúdicos auxiliam o aluno a compreender os textos,

a criar suas próprias histórias e a atribuir estímulo e incentivo à leitura e escrita de

textos.

3.1) COMO SURGIRAM AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS?

As Histórias em Quadrinhos, mais conhecidas como HQs, são narrativas feitas em

quadrinhos, com falas e diálogos entre personagens, geralmente em forma de balões,

com intenção humorística e de descontração, que se tornou um popular meio de

comunicação e publicidade. Nos jornais, são mais conhecidas como tirinhas, que trazem

informações satirizadas, todavia existem desde 1900 ou um pouco antes, nem a

televisão e o cinema tiveram tão grande repercussão como as HQs.

Guimarães (2001) afirma que a linguagem das Histórias em Quadrinhos tem sido usada

para o registro de informações desde as pinturas rupestres de 40 mil anos atrás. De

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acordo com Solera (2000), os Quadrinhos surgiram nos Estados Unidos, entre 1895-

1900, em forma de jornais dominicais e o primeiro a fazer sucesso foi o Yellow Kid de

Richard Outcault, mais tarde Rudolph Dirks produziu Katzenjammer Kids. A primeira

criação em tirinhas, nas quais se iniciaram as falas em balões e divididas em quadros,

assim como permanece até hoje.

O mesmo pesquisador citado acima contribui com essa informação histórica sinalizando

que o sucesso com as Histórias em Quadrinhos ganhou uma dimensão tamanha, que o

Japão e Europa aderiram à novidade. Naquela época (início do século) os quadrinhos

começavam a se tornar um elemento indispensável nos jornais diários. Foi quando

George Hermano lançou KrazyKat, a história de um mundo poético, ao mesmo tempo

surreal e cômico, no qual, com extrema simplicidade gráfica, eram expostas as relações

entre os membros de um pequeno elenco de personagens. Essa foi a primeira tirinha

para o público adulto e inaugurou as histórias com animais, com o aparecimento do

famoso Gato Félix, de Pat Sullivan, e do Mickey Mouse, de Walt Disney.

Também surgiram outros quadrinhos, como Betty Boop, de Max Fleischer e Tarzan, de

Harold Foster. Com o interesse pelos quadrinhos crescendo, foram criadas as revistas

destinadas exclusivamente aos leitores de quadrinhos. As primeiras foram as revistas

japonesas (na década de 20). A partir daí, foram surgindo novas revistas em quadrinhos,

como a FunniesonParade, depois Action Comics(em que Jerry Siegel e Joe Shuster

criaram o Super-Homem) e Detective Comics (em que Bob Kane, em 1939, criou

o Batman) e não parou mais até os dias atuais.

A Segunda Guerra Mundial inspirou muitos personagens das histórias em quadrinhos a

participarem das tramas de guerra e violência. Nessa época, surgiram alguns

personagens, como Capitão Marvel, Tocha Humana, Namor - O Príncipe Submarino,

dentre outros justiceiros em busca de paz e democracia. A Marvel Comics criou, por

Stan Lee e Jack Kirby, o Capitão América, um personagem com um uniforme inspirado

na bandeira dos Estados Unidos como uma retaliação contra o nazismo. Desde então,

ficou claro que os Quadrinhos tinham como objetivo a disseminação de informações em

forma de descontração, trazendo sempre um algo a mais para os jovens.

As QHs vieram para revolucionar o ciclo da liberdade de expressão e da sátira como

meio de crítica social. Desse modo, Bakhtin (2000, p. 279) chama a atenção, sinalizando

que “cada esfera de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de

enunciados”, ou seja, em cada tipo de situação de interação, deparamo-nos com gêneros

textuais diferentes e distintos modos de usá-los. Ao utilizarmos os Quadrinhos em

turmas do 6º ano, desde o início, ocorrerá a interação dos alunos com diferentes

gêneros, possibilitando a habilidade da leitura e da escrita, a fim de torná-los produtores

de textos. Um primeiro aspecto que podemos apontar é que o brincar não apenas requer

muitas aprendizagens, mas constitui um espaço de aprendizagem. Nessa perspectiva

faz-se necessário que a escola promova atividades que envolvam diversidade textual e

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leve os estudantes a construírem conhecimentos sobre os gêneros textuais e seu uso na

sociedade.

4) MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em agosto de 2013 por meio de uma pesquisa bibliográfica,

bem como por intermédio da pesquisa de campo, com alunos do 6º ano do Ensino

Fundamental, com o objetivo de desenvolver o trabalho com Gêneros em HQs, além de

estimular a habilidade de leitura e incentivar a criação dos seus próprios textos. As

atividades apresentadas foram práticas de leituras, produções e interpretações de gibis,

revistas ou jornais que buscavam instigar a imaginação e a criatividade dos alunos. A

partir da seleção dessas quatro modalidades foi possível a organização do tempo

pedagógico em sala com atividades de leitura e exploração de imagens, participação da

turma em comentários das leituras realizadas, criações de histórias imaginárias

individuais e atividades de sistematização. No que se refere à pesquisa bibliográfica Gil

(2002) define:

“[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já

elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. A

principal vantagem da pesquisa bibliográfica está no fato de permitir ao

investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do

que aquela que poderia pesquisar diretamente. Sua finalidade é colocar o

pesquisador em contato com o que já se produziu e se registrou a respeito do

tema de pesquisa. Tais vantagens revelam o compromisso da qualidade da

pesquisa (p. 45).

A pesquisa de campo foi pensada de maneira a adaptar-se aos diversos desafios e

dificuldades apresentadas pelos alunos da referida série. Após autorização da Direção da

Escola, deu-se início à pesquisa de campo. Inicialmente foi apresentada aos alunos a

proposta das atividades a serem realizadas no decorrer do período proposto, ou seja, oito

aulas de Língua Portuguesa. A partir das fragilidades de leitura identificadas

anteriormente durante o Estágio Supervisionado da pesquisadora procedeu-se à

realização da primeira aula, a qual se iniciou com uma conversa informal com os

alunos, visando a identificar as dificuldades mais evidentes além das habilidades

individuais. O principal objetivo desse momento foi conquistar um espaço de confiança

entre os alunos. Ao final desse encontro foi proposta uma atividade prática, na qual os

alunos já começaram a desenhar e a entrar em contato com as possibilidades de

produção de HQs.

No segundo e terceiro encontro os alunos foram dispostos em grupo para a produção

coletiva de uma História em Quadrinhos incluindo os seus múltiplos formatos, do

roteiro escrito à arte finalizada. Durante esse período foi abordado sobre o conjunto de

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elementos que constroem a linguagem das Histórias em Quadrinhos, o significado dos

balões de texto, a forma como são produzidas as revistas em quadrinhos. Também

foram utilizados recursos audiovisuais para motivar a discussão e promover atividades

práticas.

Os dois encontros seguintes destinaram-se à criação dos personagens com a utilização

de questionamentos: Como os personagens são fisicamente? Qual é a história deles?

Quais são os objetivos de vida desses personagens? Quais são os seus gostos? Desse

modo alguns exemplos foram apresentados e a partir desse diálogo os alunos,

individualmente fizeram as criações, e posteriormente compararam com os personagens

criados pelos colegas: peso, perfil facial, beleza, força, raça e etnia, idade, estilo de

roupas.

Na quinta e sexta aula, os estudantes foram orientados sobre como se constrói um

roteiro de HQ bem como pensar a criação de seus cenários. Essa atividade foi realizada

na área externa da Escola para que os alunos pudessem observar o mundo ao seu redor e

criar a sequência panorâmica de suas imaginações.

Nos dois últimos encontros foram apresentadas várias sequências de HQs para que

individualmente, os alunos pudessem construir uma narrativa em linguagem verbal.

Para tanto, cada um escolheu a história que pretendia contar. Essa narrativa poderia ser:

como um narrador neutro que não participa do texto, que se limita a contar os fatos, sem

expressar sua opinião, como se fosse uma das personagens (narrador personagem),

como se fosse um narrador observador, mas que, ao longo da narrativa, emite a sua

opinião, expressa o que sente em relação aos fatos.

Ao final das atividades utilizou-se como forma de avaliação da aprendizagem a prática

de didáticas lúdicas como eixo da reflexão e o acompanhamento do processo dos

estudantes e incentivo à leitura e produção textual, com ênfase tanto no engajamento de

cada aluno, quanto em suas aprendizagens conceituais mais específicas. Como se trata

de uma linguagem não formal de textos lúdicos é uma boa maneira de trabalhar com os

estudantes a diferenciação entre a linguagem utilizada nesse veículo comunicativo e a

que eles utilizam no dia a dia, tendo sido propostos textos para que os alunos

escrevessem individualmente suas criações lúdicas. O que importa é reservar momentos

de leituras com os alunos, formar grupos para trabalhar a interação, troca de ideias e

criatividades, colagem e observações de figuras diversas.

5) ANÁLISE DOS DADOS

Considerando as contribuições apresentadas pelas Histórias em Quadrinhos para o

desenvolvimento da linguagem oral e escrita, fica visível que o referido gênero textual

pode ser uma ferramenta eficaz no desenvolvimento das mais diferentes competências

no campo da leitura. Os gêneros textuais merecem uma atenção especial dos editores

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didáticos, bem como dos professores que estão em contato direto com os alunos, no

caso específico dessa pesquisa, do Ensino Fundamental.

Durante a realização da pesquisa de campo, foi possível observar a quantidade

expressiva de erros ortográficos nos textos produzidos pelos alunos, o que demanda

compreender que esse é o reflexo da ausência da leitura e da escrita reflexivas como

uma prática cotidiana entre esses estudantes. De fato, há entre os alunos um déficit

significativo de leitura. Durante as atividades muitos até relataram que a leitura é um ato

a que se vêem obrigados pela escola. Inicialmente, em alguns casos, os alunos não se

interessaram pela História em Quadrinhos, que normalmente é considerado um gênero

atrativo e dinâmico.

No primeiro encontro, constatou-se que os alunos possuíam pouca capacidade para a

compreensão de textos e pouca familiaridade com os gêneros textuais. Percebeu-se

também que a imagem e as figuras facilitaram a interpretação das mensagens contidas

nos textos e, por possuir uma linguagem rápida e clara, os textos dos quadrinhos

constituíram-se em elementos motivadores para os alunos, que após alguns encontros

demonstraram maior compreensão e interesse ao interpretar e ao identificar as

metáforas, as onomatopéias, os personagens.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista os conceitos e contribuições identificados quanto à utilização de gêneros

textuais no processo ensino/aprendizagem dos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental,

fica evidente que esse gênero textual, HQs, constitui-se em ferramenta pedagógica

eficaz no contexto da sala de aula. No decorrer da pesquisa de campo foi possível

perceber o entusiasmo dos alunos e o envolvimento individual nas atividades propostas,

certamente porque o gênero textual HQ possui um formato compatível com o nível

cognitivo dos alunos investigados.

Por meio da pesquisa observou-se a eficácia desse instrumento para o desenvolvimento

da leitura e da escrita. Os gêneros textuais merecem uma valorização, especialmente

pelos editores e escritores, bem como pelos professores que estão diariamente com os

alunos. O trabalho possibilitou a constatação de que no Núcleo Comunitário Dom

Bosco Escola Billy Gancho há um déficit expressivo de leitura. Assim, acredita-se na

necessidade de se propor maior incentivo para a leitura, seja por meio de práticas

pedagógicas inovadoras ou por meio de projetos interdisciplinares que envolvam a

prática da leitura e da escrita. As Histórias em Quadrinhos são exemplo de ferramentas

para esse incentivo na escola.

Durante o período de realização deste artigo, percebeu-se a riqueza de trabalhos

acadêmicos publicados recentemente sobre o assunto. As leituras foram providenciais

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para ampliar o campo de conhecimento da pesquisadora, bem como para perceber a

riqueza dos quadrinhos no que se refere à prática da leitura.

A ludicidade é outro fator que merece destaque nestas considerações finais, uma vez que

ampliou expressivamente a segurança e o nível de imaginação dos alunos. Por isso, o

envolvimento prazeroso deve ser um grande aliado no processo do ensino-

aprendizagem, especialmente nas aulas de Língua Portuguesa. Acresce o fato de as

observações sinalizarem para a constatação de que não importa a idade ou o nível de

escolaridade, os estudantes gostam de ler Histórias em Quadrinhos, ora por diversão,

ora por passatempo. Portanto, essa prática deve ser experimentada constantemente pelos

docentes, para que os alunos alcancem um maior desempenho na escrita e leitura.

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ANEXOS:

IMAGENS UTILIZADAS PARA A REALIZAÇÃO DA NARRATIVA EM

LINGUAGEM VERBAL.

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