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FAMÍLIA E ESCOLA:
uma parceria indispensável para atingir o sucesso do processo educativo
Iliane Aparecida Machado1 Maria Rita Kaminski Ledesma2
RESUMO: A família e a escola são as duas instâncias responsáveis pela educação das crianças
que passaram e estão passando por profundas transformações, abalando a relação entre ambas. O contexto familiar distanciou-se do contexto escolar. Partindo deste pressuposto, o presente artigo apresenta e discute uma proposta de intervenção envolvendo os professores, funcionários, alunos e familiares do Colégio Estadual Duque de Caxias, no 1º semestre de 2013, como requisito para concluir a participação no Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná (PDE/Turma 2012). Sua finalidade é aproximar Pais/Responsáveis do cotidiano escolar, visando a melhoria da prática pedagógica e do processo ensino-aprendizagem, considerando que os alunos, cujos Pais/Responsáveis são participativos, tem maiores possibilidades de atingir resultados positivos, sem correrem o risco de abandono e, consequentemente, aumentarem as estatísticas do fracasso escolar. Mas, para que esta aproximação ocorra de forma efetiva, se faz necessário entender a renovação da estrutura organizacional da escola, dentro das novas exigências determinadas pela legislação que estabelece o princípio da gestão democrática. A participação e o envolvimento dos professores, funcionários, pais, alunos e comunidade nas instâncias colegiadas como o Conselho Escolar, Elaboração do Projeto Político Pedagógico, Eleição Direta para Diretores (Processo de Escolha), Associação de Pais, Mestres e Funcionários e o Grêmio Estudantil na tomada de decisões, colaborando, dando sugestões, faz com que a gestão democrática se concretize no âmbito educacional. Neste sentido, o diretor, como líder, tem um papel fundamental de mobilizar a comunidade, levando-a à co-participação intensa e à corresponsabilidade.
Palavras – chave: Família; Escola; Participação; Gestão Democrática
INTRODUÇÃO
O presente artigo aborda uma proposta de intervenção pedagógica, como
uma das ações referentes ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE do
Estado do Paraná, o qual se constitui como uma política pública de formação
continuada que tem o compromisso de auxiliar os profissionais da educação no
enfrentamento dos problemas de ensino e aprendizagem nas escolas de Ensino
Fundamental e Médio3.
Sabemos que ainda nos dias de hoje, a responsabilidade pela educação das
nossas crianças e jovens está delegada a duas instâncias, que no decorrer do
1 Orientanda. Professora Pedagoga PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional 2012/2013) –
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Campus de Irati/PR. 2Orientadora. Professora Doutora da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO/Campus
de Irati/PR. Mestre em Metodologia de Ensino pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. 3 Fonte: http://www.diaadia.pr.gov.br.
tempo, passaram por grandes e profundas transformações: a família e a escola.
Ambas tinham papéis definidos: uma educava; a outra instruía.
Contudo, a realidade com a qual nos deparamos, mostra que esta relação
está bastante abalada, cercada de muitos conflitos em razão das mudanças sofridas
pela sociedade em geral. As mudanças sociais influenciaram e, muito, as mudanças
na estrutura da família e da escola, criando muitas dificuldades e afastando o
contexto familiar e o contexto escolar.
Em minha prática docente, como pedagoga no Colégio Estadual Duque de
Caxias – Ensino Fundamental, Médio e Profissional, localizado no Município de
Irat/PR, verifico, diariamente, a dificuldade de se trazer e aproximar a família do dia
a dia na escola. Defrontei-me com alguns obstáculos no que diz respeito ao
entendimento e reconhecimento sobre a definição de papéis que a escola e a família
devem assumir.
De um lado, os Pais/Responsáveis se fazem presentes quando precisam
reclamar de algo ocorrido com seus filhos, devido a conflitos com colegas e/ou
professores. O que se percebe é que dificilmente estão preocupados com o
desempenho educacional destes, desconsiderando que a escola sozinha faz muito
pouco e precisa ter a colaboração dos familiares, ou ainda, não demonstrando
interesse em realizar uma parceria, pautada na gestão democrática que, certamente
trará inúmeras vantagens tanto para a família como para a escola.
E, de outro lado, os professores sempre reclamando que nunca veem os
Pais/Responsáveis que precisam ver; questionando quando podem solicitar a
participação dos pais/responsáveis dos alunos no acompanhamento do processo
ensino-aprendizagem e ainda, indagando se estes têm realmente condições de
colaborar? Qual será a reação dos Pais/Responsáveis ao solicitar deles maior
participação? Entre outras questões que surgem no dia a dia da escola que poderão
ser solucionadas quando ocorrer um envolvimento de todos os interessados na
educação.
Dessa forma, o que fazer para aproximar os Pais ou Responsáveis no
cotidiano escolar, visando o sucesso da prática pedagógica e do processo ensino-
aprendizagem?
Como promover uma parceria entre família e escola, garantindo as condições
para um melhor aprendizado e desenvolvimento da criança?
Qual o verdadeiro significado da palavra participação na visão dos
Pais/Responsáveis? E na visão dos Professores? E dos alunos?
Lousada (1998, citado por Caracóis, 2001) diz que “as duas instituições
preocupam-se com a formação integral dos alunos e, por isso é preciso unir esforços
a fim de facilitar a tarefa de ambas”.
COMPREENDENDO AS BASES LEGAIS E O DEVER DA FAMÍLIA
A partir da promulgação da Constituição Federal (CF) da República
Federativa do Brasil de 19884, a responsabilidade pela educação é repartida entre o
poder público e a família que em seu Artigo 205, ressalta:
Art. 205 – “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/965 em seu
artigo 2º determina:
Art. 2º - “A educação dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente6, em seu artigo 4º consagra:
4 A atual Constituição Federal do Brasil, chamada de "Constituição Cidadã", foi promulgada no dia 5
de outubro de 1988. A Constituição é a lei maior, a Carta Magna, que organiza o Estado brasileiro. Na Constituição Federal do Brasil, são definidos os direitos dos cidadãos, sejam eles individuais, coletivos, sociais ou políticos; e são estabelecidos limites para o poder dos governantes. 5 A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) - LDB - é a lei orgânica e geral da educação brasileira.
Como o próprio nome diz, dita as diretrizes e as bases da organização do sistema educacional. 6 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990 atribui
à criança e ao adolescente, prioridade absoluta no atendimento aos seus direitos como cidadãos brasileiros. A aprovação desta Lei representa um esforço coletivo dos mais diversos setores da sociedade organizada. Revela ainda um projeto de sociedade marcado pela igualdade de direitos e de condições que devem ser construídas, para assegurar acesso a esses direitos.
Art. 4º - “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, á saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e á convivência familiar e comunitária”.
E, ainda em seu artigo 55, o mesmo Estatuto da Criança e do Adolescente
define que é dever dos pais ou responsáveis matricular seus filhos e pupilos na
escola e acompanhar sua frequencia e aproveitamento.
O Projeto Político Pedagógico7 e o Regimento Escolar8 do Colégio Estadual
Duque de Caxias – Ensino Fundamental, Médio e Profissional fazem menção à
importância da participação dos familiares.
O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, do Plano de
Desenvolvimento da Educação (PDE), formalizado pelo Decreto nº 6.094, de
24/4/2007, destaca a importância da participação das famílias e da comunidade na
busca da melhoria da qualidade da educação básica.
A família é o primeiro espaço social da criança, no qual ela constrói
referências e valores e a comunidade é o espaço mais amplo, onde novas
referências e valores se desenvolvem.9
Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil10 (1998, p.
76),
A família é a primeira escola da criança, tem a obrigação de educar, orientar e onde tem o início da construção de conhecimentos prévios para uma vida
7 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO – deve ser elaborado pelas escolas paranaenses em
cumprimento à Lei de Diretrizes e Bases e em consonância com a Deliberação nº 014/99 do Conselho Estadual de Educação do Paraná. É um documento que organiza as atividades coletivamente. É o eixo central e deve articular os aspectos administrativos aos aspectos pedagógicos e ao objetivo da escola. (PARANÁ, 2010).
8 REGIMENTO ESCOLAR – A normatização do Regimento Escolar, pelo Sistema Estadual de
Educação do Paraná, está associado à exigência da Lei nº 5.692/71, que em seu Art. 2º, Parágrafo Único, especificava: “A organização administrativa, didática e disciplinar de cada estabelecimento de ensino será regulada no respectivo regimento, a ser aprovado pelo órgão próprio do sistema, com observância de normas fixadas pelo respectivo Conselho de Educação”. 9 Educação inclusiva: v. 1: a fundamentação filosófica / coordenação geral SEESP/MEC. Organização
Maria Salete Fábio Aranha. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2004. 10 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: il. Volume 1: Introdução; volume 2: Formação pessoal e social.
social, com cidadania, direitos e deveres: as crianças têm direito de ser criadas e educadas no seio de suas famílias.
Parolin (2003) complementa:
A família tem o dever de estruturar o sujeito em sua identificação, individuação e autonomia. Este processo ocorre no cotidiano da criança, no qual lhe são oferecidos carinho, atenção e dedicação para que possa suprir suas necessidades, por meio da arte da convivência. (PAROLIN, 2003, p.84).
É responsabilidade da família, conduzir a educação de seus filhos, para que
eles cresçam e se tornem pessoas seguras e felizes. Sem dúvida nenhuma, são
eles, os familiares, os primeiros e principais formadores e educadores dos filhos.
Gokhale (1980) defende que:
A família além de servir de base para a futura sociedade, desempenha também papel fundamental na vida social do aluno. A educação familiar bem fundamentada possui papel importante no desenvolvimento do comportamento. (GOKHALE, 1980, p. 23).
A família deve proporcionar as condições necessárias para a aquisição de
hábitos, valores e atitudes para o desenvolvimento físico, emocional, afetivo,
intelectual. Guzzo (1990, p. 134) partilha da mesma opinião de Romagnoli (1999, p.
13), quando este reforça que a família apresenta “um papel importante no
desenvolvimento do filho, pois é o primeiro grupo social do ser humano, responsável
por suas primeiras interações no mundo”.
A Organização das Nações Unidas (ONU) em 1984 refere-se à Família como
o elemento de base da sociedade e o meio natural para o crescimento e o bem-estar
de todos os seus membros. A família é, sem dúvida, considerada como o espaço
educativo por excelência e que Diogo (1998, p. 37) descreve da seguinte forma:
Ela é vulgarmente considerada o núcleo central do desenvolvimento moral, cognitivo e afectivo, no qual se “criam” e “educam” as crianças ao proporcionar os contextos indispensáveis para cimentar a tarefa de construção de uma existência própria. Lugar onde as pessoas se encontram e convivem, a família é também um espaço histórico e simbólico no qual e a partir do qual se desenvolve a divisão de trabalho, dos espaços das competências, dos valores, dos destinos pessoais de homens e mulheres. A família revela-se, portanto um espaço privilegiado de construção social da realidade em que, através das relações entre os seus membros, os factos do quotidiano individual recebem o seu significado. (DIOGO,1998, p. 37).
O mesmo autor afirma que, a família surge como o primeiro e o principal
habitat socializante transmitindo e emprestando à criança toda a grande variedade
de conteúdos, hábitos, normas e estruturas racionais.
De acordo com Kaloustian (1988) a família é:
[...] é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. (KALOUSTIAN, 1988, p. 22).
COMPREENDENDO A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA
Já foi afirmado pelo mais importante documento internacional de educação
deste século, a Declaração Mundial de Educação para Todos11 (Jomtien, 1990) que
as instituições de educação infantil vêm se tornando cada vez mais necessárias,
como complementares à ação da família.
11
Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada na cidade de Jomtien, na Tailândia, em 1990, também conhecida como Conferência de Jomtien. A Declaração tem por objetivo “satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos... e o esforço de longo prazo para a consecução deste objetivo pode ser sustentado de forma mais eficaz, uma vez estabelecidos objetivos intermediários e medidos os progressos realizados.” Dessa forma, os países participantes foram incentivados a elaborar Planos Decenais, em que as diretrizes e metas do Plano de Ação da Conferência fossem contempladas. No Brasil, o Ministério da Educação divulgou o Plano Decenal de Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003, elaborado em cumprimento às resoluções da Conferência.
A escola é “o local de estímulo e construção do saber, seja ele o saber
técnico, que capacita o individuo para o mercado de trabalho, seja o saber
relacional, vivencial que prepara o individuo a interagir com o meio em que vive.
A escola não se limita somente ao espaço físico, mas age e transforma em
conjunto com a família e as instituições sociais que colaboram na construção do
saber, integrando-os, da origem do próprio saber a sua elaboração.
É através dessa instituição que se envolve e estimula a educação
transformadora, através de seu dinamismo em renovar, inovar e experienciar o
saber, que não deve ser estático, pronto. Seu papel, como agente de transformação
é ampliar a liberdade e a compreensão do mundo de cada cidadão.
“Cabe à escola proporcionar o questionamento de seu papel conscientizador
e libertador de suas ações, das relações da tríade Escola - Sociedade - Família,
oferecendo condições para que haja a exploração do ambiente, inventando,
descobrindo e direcionando o ser humano as finalidades de caráter social e
renovador”.12
Sendo assim, a escola é a instituição que tem como função a socialização do
saber sistematizado, ou seja, do conhecimento elaborado e da cultura erudita.
De acordo com Saviani (2005),
A escola existe, pois, para propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciências, bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber. A atividade da escola básica deve organizar-se a partir dessa questão. Se chamarmos isso de currículo, poderemos então afirmar que a partir do saber sistematizado que se estrutura o currículo da escola elementar. (SAVIANI, 2005, p.15).
A contribuição da escola para o desenvolvimento do sujeito é específica à
aquisição do saber culturalmente organizado e às áreas distintas de conhecimento.
Negrine (1994) ressalta:
O ambiente familiar parece ser o primeiro e mais significativo local para a internalização de valores, criação de hábitos e de aprendizagem variadas.
12
Texto retirado do Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental, Médio e Profissional – 2012.
Quanto mais estimulador for este ambiente, mais ele influi na transformação dos processos elementares em superiores; em contrapartida, quanto mais conflitivo, mais carente de afetividade, maiores problemas trará a criança em formação. De qualquer forma as influências do ambiente familiar adicional aquelas extraídas do contexto sociocultural, permitem que ela vá construindo todo um saber e se constituem nos alicerces das primeiras aprendizagens. (NEGRINE, 1994, p. 28).
A escola é um dos principais espaços de convivência social do ser humano,
durante as primeiras fases de seu desenvolvimento. Ela tem papel primordial no
desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos, já que é na escola que a
criança e o adolescente começam a conviver num coletivo diversificado, fora do
contexto familiar13.
A escola surge, então, como uma das mais importantes instituições sociais
onde se priorizam as atividades educativas formais. Sua tarefa é dar continuidade
naquilo que nem sempre é possível aprender na família.
A função da escola é mediar a relação entre o indivíduo e a sociedade. Essa
função se caracteriza pela transmissão cultural de modelos sociais de
comportamento, valores morais, propiciando a humanização, socialização, enfim, a
educação. Ela ocupa grande parte das vidas dos alunos, ensinando técnicas,
valores, ideais.14
Para Luck (2009), a escola é:
Uma organização social constituída pela sociedade para cultivar e transmitir valores sociais elevados e contribuir para a formação de seus alunos, mediante experiências de aprendizagem e ambiente educacional condizentes com fundamentos, princípios e objetivos da educação. O seu ambiente é considerado de vital importância para o desenvolvimento de aprendizagens significativas que possibilitem aos alunos conhecerem o mundo e conhecerem-se no mundo, como condição para o desenvolvimento de sua capacidade de atuação cidadã. (LUCK, 2009, p. 20).
Segundo a autora, a educação que vem antes da escola, aquela herdada da
família é que vai definir a personalidade do indivíduo no contexto escolar.
13
Educação inclusiva : v. 1: a fundamentação filosófica / coordenação geral SEESP/MEC. 14
Texto trabalhado na Semana Pedagógica na escolas da Rede Pública Estadual – fev/2012.
ENVOLVIMENTO FAMILIAR = MELHOR DESEMPENHO
Os estudos e pesquisas realizadas ressaltam a importância de se trazer a
família para a escola, fortalecendo e estreitando os laços. A participação efetiva dos
familiares garante o sucesso do processo ensino-aprendizagem.
É indispensável que família e escola sejam parceiras, com os papéis bem definidos, onde não se pratica a exigência e sim a proposta, o acordo. A família pode sugerir encontros para a escola, não ficando presos somente às reuniões formais, pois além de ser um bom momento para consolidar a confiança, podem discutir juntos acerca dos seus papéis. A escola pode estimular a participação dos pais, procurando conhecer o que pensam e fazem e obtendo informações sobre a criança. (LOPES, 2009, p. 01).
A participação da família e da comunidade traz para a escola informações,
críticas, sugestões, solicitações, desvelando necessidades e sinalizando rumos.
Este processo, ressignifica os agentes e a prática educacional, aproximando a
escola da realidade social na qual seus alunos vivem.
O Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil (3º Caderno - 2009/2010)15,
enfatiza que a participação das famílias na vida escolar é uma estratégia importante
de apoio à aprendizagem e uma forma de transformar a realidade brasileira.
Ramiro Marques (1988, p.9) relata a importância e a necessidade dos pais
viverem de perto o dia a dia dos seus filhos, de forma a lhes favorecer um
crescimento saudável, prevenindo e evitando situações que venham a prejudicar seu
rendimento escolar.
Seguindo este mesmo paradigma Jussara Hoffman (2001, p. 34), refere-se à
participação das famílias, na escola, com o objetivo de se chegar a uma
aprendizagem com qualidade. Diz a autora: “(...) os pais devem participar da
escolaridade de seus filhos...”
15
O Caderno 3 do Relatório de Desenvolvimento Humano é dividida em quatro blocos. O primeiro bloco explica os fundamentos conceituais dessas Políticas de Valor defendidas aqui. O segundo procura destacar exemplos e boas práticas de políticas de valor
15 que foram encontradas na
preparação desse relatório que buscam com a promoção e transformação de valores uma educação de melhor qualidade e uma sociedade com menos violência. Por fim, esse caderno conclui com a introdução de um novo índice, construído a partir da lógica do desenvolvimento humano, denominado IVH (Índice de Valores Humanos). A originalidade desse índice consiste na introdução e sistematização de variáveis que ilustram como valores influenciam na evolução do desenvolvimento humano de uma sociedade.
Nóvoa (1992) relata que a participação dos pais ou responsáveis na vida
escolar é de suma importância e contribui com a escola, com os processos de
desenvolvimento e com a aprendizagem de seus próprios filhos.
A participação dos pais contribui para uma escola eficiente, entre outros fatores, como autonomia escolar, liderança organizacional, articulação curricular, reconhecimento público, apoio das autoridades, etc. Afinal, os pais possuem responsabilidade legítima em uma dimensão social e política no processo de formação dos estudantes. (NÓVOA, 1992, p. 15-41).
Nesta perspectiva, vale ressaltar que quanto mais a família participa, mais
eficaz torna-se o trabalho dos professores. A escola já reconhece que só terá
ganhos, quando estreitar os laços com a família. Pedagogicamente, o desempenho
do aluno vai melhorar, independentemente da situação econômica dos pais ou
responsáveis.
CONSTRUINDO A PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA
As atividades de Intervenção Pedagógica ocorreram ao longo do 1º Semestre
de 2013, tendo como público alvo os professores, os funcionários, os alunos (do 6º
ao 8º ano) e os familiares do Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino
Fundamental, Médio e Profissional.
A comunidade atendida pelo Colégio é16, basicamente formada por
trabalhadores assalariados, carentes financeira, emocional e afetivamente.
Constata-se muitas destas famílias são inscritas nos mais diversos programas
sociais do Governo.
Os alunos são oriundos de diversos bairros do Município e também do interior
do Município, sendo que alguns alunos também vem de municípios vizinhos. A
maioria destes, usufruem do transporte escolar.
16
Texto retirado do Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental, Médio e Profissional.
Grande parte dos alunos, especialmente do período diurno, apresenta
problemas na estrutura familiar, o que gera a falta da participação dos pais e,
consequentemente os conflitos existentes na escola.
Também temos a integração dos alunos com necessidades educacionais
especiais com os demais alunos, sendo nas áreas de Deficiência Auditiva,
Deficiência Intelectual, Deficiência Visual e Transtornos Globais Específicos.
Com base na estrutura e cronograma do Plano Integrado de formação
continuada – PDE, os professores participaram, no decorrer de 2012, em encontros
como: seminários de integração, eventos, cursos do IES - Instituição de Ensino
Superior (Gerais e específicos), grupos de estudos e encontros de orientação.
Com a contribuição deste processo de formação, foi elaborada uma Produção
Didático-Pedagógica que orientaram as atividades de implementação do Projeto de
Intervenção na Escola, como forma de validação pedagógica do mesmo. Este
material foi organizado em 02 (dois) capítulos, sendo que o primeiro constitui-se de
10 (dez) unidades de estudos e conta com a inserção de propostas que serviram de
reflexão aos professores, funcionários, alunos, pais/responsáveis e, comunidade em
geral, através da realização de um Curso Extencionista (Grupo de Estudos), onde
foram abordados os seguintes temas: Unidade I – Conhecendo a nossa escola;
Unidade II - Entendendo o significado do termo “participação”; Unidade III – A
Família – onde tudo começa - Mudanças Históricas; Unidade IV – A Escola e sua
Função - Entendendo o significado da palavra “escola” - Mudanças Históricas;
Unidade V – Bases Legais da Educação Brasileira; Unidade VI – Administração e
Gestão – Diferenças; Unidade VII – Organização do Trabalho Pedagógico; Unidade
VIII – Organização da Gestão Participativa; Unidade IX – Organização e Dimensões
da Gestão Escolar e Unidade X – Por quê a participação dos Pais/Responsáveis na
vida escolar é importante?
Ao final de cada unidade, sugerem-se leituras complementares, filmes,
entrevistas, indicações de referências bibliográficas e sites, onde o público alvo
poderá aprofundar seus conhecimentos.
A comunidade escolar foi informada da realização do Curso de Extensão
(Grupo de Estudos), através de convites, cartazes expostos, panfletos e via e-mail.
O participante interessado realizou sua inscrição, assinou um contrato de
participação e no ato, recebia uma pasta contendo o cronograma do curso, cujo
objetivo foi mostrar o desenvolvimento das atividades diárias dentro de uma
instituição que faz parte da rede pública estadual de ensino.
Esta atividade extencionista (Grupo de Estudos) foi organizada da seguinte
forma: 04 (quatro) horas – à distância – resolução de um questionário referente às
características do Colégio e 36 (trinta e seis) horas – presenciais, totalizando 40
(quarenta) horas.
No final do Curso de Extensão (Grupo de Estudos), os participantes
realizaram uma avaliação referente às atividades propostas e, ainda deram suas
contribuições, traçando estratégias para aproximar a família do cotidiano escolar.
Este Curso de Extensão (Grupo de Estudos) contou com a participação de 15
(quinze) profissionais. Através das atividades, os participantes tiveram a
possibilidade de conhecer as atividades diárias que se desenvolvem dentro de uma
instituição escolar, pois muitos deles só conheciam o segmento, no qual
desempenham a sua função.
E o segundo capítulo apresenta as 03 (três) unidades que contém as
atividades desenvolvidas nos encontros que aconteceram ao longo do 1° semestre
de 2013, com os professores, alunos e pais/responsáveis, em momentos separados,
através de dinâmicas, vídeos, apresentações, conversas informais, resolução de
questionários, entre outros, com o objetivo de integrar a família e a escola.
O Encontro com Professores e Funcionários foi realizado através de
dinâmicas, apresentação de vídeos e resolução de um questionário. Participaram 31
(trinta e um) profissionais que foram unânimes em afirmar que é fundamental o
envolvimento dos familiares na vida escolar e, este envolvimento acarreta a melhoria
no desempenho acadêmico. Porém observamos que os Professores ficam
“esperando” a iniciativa do Diretor para que a operacionalização que leva à
participação, aconteça de fato.
Os Encontros com Pais/Responsáveis, num total de 03 (três), foram
realizados através de mensagens, dinâmicas, apresentação de vídeos.
No primeiro encontro foi dada a possibilidade aos Pais/Responsáveis se
fazerem presentes em horários alternativos, no período da manhã, da tarde e da
noite. Verificou-se um número ínfimo de participantes (menos de 50%). Contudo,
pode-se confirmar, mais uma vez que os alunos, cujos Pais/Responsáveis
compareceram aos encontros, são aqueles que apresentam bom desempenho
acadêmico.
Nos outros 02 (dois) encontros, foram realizadas apresentações artísticas e
culturais, idealizadas pelos alunos sob a coordenação dos professores regentes de
classe. A maioria dos Pais/Responsáveis alegou que o horário de trabalho destes,
impedia a participação no evento, uma vez que ele realizou-se nos períodos da
manhã e tarde.
Os Pais/Responsáveis também responderam a um questionário (como tarefa)
contendo questões relativas à participação. Foram devolvidos 71 (setenta e um)
questionários, num total de 95 (noventa e cinco) distribuídos.
Pode-se verificar que os Pais/Responsáveis não têm claro o conceito da
participação. Acreditam que a participação na vida escolar dos filhos, resume-se a
olhar os cadernos, ajudar nas tarefas quando podem e, ainda comparecer à escola
se, acontecer algum problema. A questão das atividades profissionais exercidas por
eles é um dos fatores que dificultam a participação. Desconhecem o funcionamento
da instituição escolar e suas atividades rotineiras.
Os Encontros com os alunos, num total de 02 (dois) encontros, por sala,
através de dinâmicas, apresentação de vídeos, conversas informais, elaboração de
desenhos acerca da importância da família, sua estrutura e mudanças ocorridas ao
longo do tempo.
Os alunos responderam a um questionário. Foram distribuídos 95 (noventa e
cinco) questionários, sendo devolvidos 70 (setenta).
Após análise dos mesmos, conclui-se que os alunos não têm claro o
significado da palavra “participação”, mas gostariam que os Pais/Responsáveis
comparecessem à escola com maior freqüência para saber o que acontece com
eles. Relatam também que os Pais/Responsáveis apenas visitam a escola, devido
ao mau comportamento ou por causa das notas baixas.
O GTR – Grupo de Trabalho em Rede17 constitui uma das estratégias
utilizadas pelo programa para socializar, com os demais Professores da Rede, os
estudos que os Professores PDE realizam no Programa. Além disso, as produções
apresentadas e discutidas no GTR constituem mais uma possibilidade pedagógica
que os Professores poderão utilizar em suas práticas.
17
Texto retirado http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=273.
Inscreveram-se neste Curso 15 (quinze) profissionais que fazem parte da
Rede Pública Estadual de Ensino, sendo que 10 (dez) participantes concluíram o
mesmo.
A questão acerca da participação dos Pais/Responsáveis na vida escolar é
um problema comum nas escolas estaduais. Constatou-se, a partir dos comentários
postados, que as escolas realizam “verdadeiros malabarismos” para aproximar a
família da escola.
COMO APROXIMAR FAMÍLIA E ESCOLA
Parolin (2003) coloca a família e a escola como instituições parceiras, mas
independentes. Nunca isoladas, de atuação obrigatoriamente conjunta. Nessa
relação, nem sempre se poderá atribuir responsabilidades a uma que exima a outra
dessa mesma obrigação.
Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o mundo: no entanto a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa instituição. A escola tem sua metodologia, sua filosofia, no entanto ela necessita da família para concretizar seu projeto educativo. (PAROLIN, 2003, p. 99).
Para Delors (1998, p. 111), um diálogo verdadeiro entre pais e professor é [...]
indispensável, porque o desenvolvimento harmonioso das crianças implica uma
complementaridade entre a educação escolar e educação familiar.
Os professores, Funcionários, Pais/Responsáveis, Participantes do Curso de
Extensão (Grupo de Estudos) e Participantes do GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
deram suas contribuições, traçando estratégias para aproximar a família do cotidiano
escolar. Entre elas, podemos citar:
Encontros individuais com os Pais/Responsáveis, previamente agendados;
Encontros em grupos - por sala/ano com os Pais/Responsáveis, previamente
agendados;
Momentos de integração com os Pais/Responsáveis, realizando visitação às
dependências da escola;
Realização de eventos como; palestras temáticas, feiras, festivais culturais e
esportivos, contando com a participação dos Pais/Responsáveis, em horários
alternativos;
Tarefa de casa – textos com temas diversos direcionados aos
Pais/Responsáveis;
Bingos;
Hora do Lanche;
Mostras;
Homenagens;
Gincanas;
Noite Cultural;
Escola de Pais – uso do laboratório;
Teatro;
Apresentação de filmes;
Experiências dos Pais/Responsáveis – vida cotidiana
Reuniões em horários alternativos;
Trabalho pontual referente às atribuições dos Pais/Responsáveis18
Mobilização de alunos – com preparo, reforçando a importância da Participação,
para posteriormente, estes cobrarem dos Pais/Responsáveis o comparecimento
frequente e a colaboração nas atividades da escola;
Convites para o Pais/Responsáveis colaborarem na elaboração dos eventos
pontuais
Dia da família na Escola – com programação específica.
Através deste encontro entre escola e família é que se pode construir uma
parceria de sucesso, com a divisão de responsabilidades, relação de trocas, de
complementariedade que se possibilita aos educandos encontrar o seu lugar no
mundo, com exemplos de união e respeito da família e competência da escola.
Segundo Carvalho (2004, p. 41-58) tanto a escola como a família, são
instituições fundamentais, que atuam no desenvolvimento do indivíduo. A família é
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Atribuições dos Pais/Responsáveis – consta no Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental, Médio e Profissional.
um lugar de intimidade que transmite valores e crenças. A escola, por sua vez, é
encarregada do conhecimento cientifico e da produção de cultura letrada.
É preciso, contudo, destacar que as novas políticas educacionais do Estado
do Paraná, através da SEED, enfatizam a importância de se criar o vínculo entre a
família e a escola. A escola precisa da família e a família precisa da escola. Só
assim, obter-se-á com maior êxito, o sucesso do processo ensino-aprendizagem. As
instituições privadas ou públicas precisam dos pais ou responsáveis presentes na
vida dos alunos.
Também não podemos deixar de registrar a iniciativa do MEC – Ministério da
Educação e Cultura, que instituiu em 2001, o Dia Nacional da Família na Escola19.
Neste, todas as escolas deveriam convidar os familiares dos alunos para participar
de suas atividades educativas, pois conforme declaração do então Ministro Paulo
Renato Souza: “Quando os pais se envolvem na educação dos filhos, eles
aprendem mais". A finalidade desta campanha é conscientizar pais, educadores e
toda a sociedade sobre a importância da união entre escola e família na formação
dos alunos.
Orreda (2002, p. 3) enfatiza que “não haverá solução para o êxito do processo
educativo, sem a interação escola-família-comunidade”. Neste sentido, cabe aqui
reafirmar a necessidade de (re) construir a estrutura organizacional da escola dentro
das exigências da lei, que estabelece o princípio da gestão democrática.
A gestão está vinculada à descentralização política, pedagógica,
administrativa, financeira, com vistas à melhoria do funcionamento da escola. A
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Evento promovido pelo Ministério da Educação, realizado duas vezes ao ano e que tem como
objetivo sensibilizar a sociedade, pais, professores e diretores para a importância da integração e do
acompanhamento dos pais e familiares nas atividades pedagógicas e socioeducativas desenvolvidas
pela escola de seus filhos. A idéia é que os estabelecimentos, públicos e particulares, criem uma
série de atividades durante esse dia, quando os pais poderão também sugerir maneiras de integrar
melhor a escola e a comunidade. A data estabelecida como Dia Nacional da Família na Escola é
geralmente acertada entre o ministro e secretários estaduais de Educação e representantes da União
Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime). O primeiro Dia Nacional da Família na
Escola ocorreu em 24 de abril de 2001. A proposta surgiu após a divulgação dos resultados do
Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb), que mostraram melhorias nas notas e diminuição
da evasão escolar de alunos cujos pais acompanhavam seu desenvolvimento nas aulas. Para o
evento, cada escola define sua programação, de acordo com as possibilidades de diretores,
professores, pais e alunos, mas o MEC distribuiu cartilhas com sugestões de atividades. A campanha
do Dia Nacional da Família na Escola conta com o apoio das secretarias estaduais e municipais de
educação, clubes de mães, centros de voluntariado, além das associações de pais e mestres (APMs).
construção da gestão democrática no cotidiano escolar, só pode se concretizar
através da participação e envolvimento dos professores, funcionários, pais, alunos e
comunidade na tomada de decisões, colaborando, dando sugestões, desenvolvendo
um trabalho coletivo. Por isso, a cultura da participação precisa ser trabalhada com a
adoção de práticas que fortaleçam as instâncias colegiadas como o Conselho
Escolar, elaboração do Projeto Político Pedagógico, Eleição Direta para Diretores,
Associação de Pais, Mestres e Funcionários, Grêmio Estudantil, enfim, todas as
possibilidades de participação, com o propósito de estabelecer um vínculo mais
próximo entre a família e a escola. Diante disso, o diretor, como líder, tem um papel
fundamental de mobilizar a comunidade, levando-a à co-participação intensa e à
corresponsabilidade.
Assim, é possível verificar que, quando existe a aproximação da família com a
escola, os benefícios são inúmeros e positivos. Essa ideia é defendida por Guzzo
(1990, p.135) que acredita que: “o envolvimento de pais em programas educacionais
de suas crianças vem sendo considerado como uma variável relevante e facilitadora
do desenvolvimento infantil”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento desta temática, pode-se concluir que hoje, mais do
que nunca há a necessidade de se construir um elo entre família e escola, visando
se chegar a uma educação de qualidade, onde haja a definição dos papéis, cada
qual assumindo as suas respectivas responsabilidades para que o trabalho flua de
maneira mais fácil para ambas as partes.
Embora, a Lei seja clara e reforce que a obrigação dos familiares está em
primeiro lugar em promover a educação e que não basta matricular a criança na
escola, é preciso acompanhar a sua frequencia e o seu aproveitamento escolar,
constatamos que isto não acontece. Algumas famílias se eximem de suas
responsabilidades, transferindo-as para a escola. Os pais/responsáveis sempre têm
uma “desculpa” para justificar o não comparecimento à escola. Só participam
quando são obrigados, chamados através de convocação da Direção, com a
colaboração do Conselho Tutelar e da Patrulha Escolar.
A família parece ter esquecido as suas reais responsabilidades, relacionadas
à educação dos filhos, vendo a escola como mera adversária e a escola sente
grandes dificuldades em desempenhar sua tarefa, sem a participação, apoio e
reconhecimento dos pais.
Família e escola são duas instituições necessárias e presentes na formação
integral da pessoa. Esta parceria deve ser entendida como uma relação de
cooperação. E quando se fala em cooperação, o conceito de Piaget expresso pelas
palavras de Menin (1996, p. 52): “Cooperação para PIAGET, é operar com...
estabelecer trocas equilibradas com os outros...”
Para isso, a família, que não está acostumada a participar, precisa assumir o
compromisso da participação. O que não pode acontecer é que esta participação se
restrinja a um simples “olhar o caderno...” Mas sim, a participação de fato, como
trabalho conjunto, troca de ideias, colaboração, e o interesse pelo trabalho rotineiro
da escola, atuando de forma consciente, nas tomadas de decisões para se buscar a
melhoria do processo educativo.
Antes mesmo de fazer valer a Lei que, urge que a família, primeiramente
conheça as atividades rotineiras, ou seja, fique por dentro do funcionamento de uma
instituição escolar. E a escola precisa conhecer e respeitar a realidade de cada
aluno.
Assim, a escola poderá exigir a tão sonhada participação e a família
finalmente poderá reconhecer que esta parceria é indispensável para atingir o
sucesso do processo educativo.
O que realmente importa é o educando saber que seus Pais/Responsáveis se
interessam pela sua vida escolar, que acompanham o processo educativo. Não é
necessário que ocorram visitas frequentes à escola; o importante é que compareçam
à escola. Assim, os alunos sentir-se-ão estimulados e a qualidade da aprendizagem
vai melhorar.
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