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1 FBTS EM REVISTA Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

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1 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

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2 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

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3 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Sumário FBTS em ReviSTa Ano 2, Número 5 - novembro de 2010

ExpedienteFBTSRua Primeiro de Março,23 – 6o, 7º e 17º Andar – Centro Rio de Janeiro – RJCep 20010-000 Telefone: 2505-5353

CONSELHO DIRETOR Diretor PresidenteSolon Guimarães Filho

Diretor Vice-PresidenteLaerte Santos Galhardo

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOSolon Guimarães Filho (ABENDI) - Sérgio Damasceno Soares (Suplente ABENDI) - Laerte Santos Galhardo (PETROBRAS) - José Luiz Rodrigues da Cunha ( Suplente PETROBRAS) - Cesar Moreira (SIMME/RJ) - Douglas Robin-son Martins (Suplente SIMME/RJ) - Gilson Freitas Coelho (ABDIB) - Renato Teixeira de Freitas (ABEMI) - Valdir Lima Carreiro (Suplente ABEMI) - José Luiz do Lago (CIRJ) - Car-los Henrique Moreira Gomes (SINAVAL) - Antonio Mauro Miranda Saramago (Suplente SINAVAL) - Maria Lúcia Telles (SENAI/RJ) - Maurício Ogawa (Suplente SENAI/RJ)

CONSELHO CONSULTIVO- José Luiz Fernandes (CEFET/RJ) - Glauco Colepícolo Legatti (PETROBRAS) - Raymundo de Oliveira (UFRJ) - José Fantine (COPPE/UFRJ).

CONSELHO FISCALOscar Felizzola Souza (PETROBRAS) - José Eduardo Catelli Soares de Figueiredo (ABEMI) - Ronaldo Lowdes Correa Fracalacci (SIMME/RJ) - Laerson de França Santos (SINAVAL) - Rosana Lopes (ABENDI) CONSELHEIROS BENEMÉRITOS- Maurício Medeiros de Alvarenga - Maria Aparecida Stalli-vieri Neves - José Paulo Silveira - Orfila Lima dos Santos - Ubirajara Quaranta Cabral

SUPERINTENDENTES EXECUTIVOS

Departamento de Certificação da QualidadeJosé Alfredo Bello Barbosa, Telefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de CursosMarcelo Maciel PereiraTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de Gestão TecnológicaMarcelo Maciel PereiraTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento Administrativo e FinanceiroMaristela Medeiros da CunhaTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

Departamento de Desenvolvimento TecnológicoJosé Alfredo B. BarbosaTelefone: 2505-5353 / E-MAIL: [email protected]

REDAÇÃO, PRODUÇÃO E COMERCIALIzAÇÃOPlaneja e Informa Comunicação e MarketingRua Santa Luzia no 799, Grupo 1004, Centro -Rio de Janeiro/RJ - CEP.: 20.030-041

Contatos:E-mail: [email protected]@fbts.org.br(21) 2215-2245 / 2262-9401

Jornalista Responsável:Carlos Emmiliano Eleutério MTB-RJ 12.524Projeto gráfico e direção de arte:João Paulo Sampaio ([email protected])Fotografia:Alexandre Loureiro / Joberto Andrade / Agência BR / Agência Petrobrás / Agência O Globo

Departamento comercial:Vera Rocha - (21) 2262-9401

Indústria Naval

Copa 2014 e Olimpíadas 2016eSpecial

Juliana Guimarães

Editorial ......................04

Ponto a ponto .............. 05

Siderurgia ...................26

Opinião ........................32

Capacitação .................36

Artigo técnico ...............42

Depois de profundo mergulho em uma crise sem precedentes, setor renasce das cinzas

Com 13 anos de empresa, sem fazer planos Helena garante estar pronta para se adaptar a mudanças e novos desafios

Página

18

Óleo e Gás

ceRTiFicação e inSpeção enTRam em campo poR maiS qualidade na Soldagem. em jogo, o legado paRa a engenhaRia BRaSileiRa

ação da FBTS ajuda a indúSTRia BRaSileiRa aSupeRaR aTuaiS deSaFioS

Janaina Carvalho

Juliana Guimarães

Página

44

Página

34Página

52CAPAQualidade na SoldagemnovidadeS TecnológicaS chegam paRadaR maiS SeguRança e pReciSão

Página

06

Processo de certificação de equipamentos e consumíveis de soldagem executado pela FBTS dá mais qualidade e segurança aos usuários. Capacitaçãoprofissional completa o ciclo na busca da excelência

Nossa Gentehelena Kanazawa

E mAISThais Brito

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4 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

Editorial Solon guimaRãeS Filho Presidente da FBTS

etapas, seus custos e prazos de realização.

Os 11 projetos já conheci-dos dos participantes do tra-balho encontram-se em dife-rentes estágios de progresso em função de suas priorida-des, do maior interesse dos parceiros, sua composição e compromissos.

A FBTS deseja promover uma aceleração maior à sua efetiva implementação e an-damento de maneira a obter respostas em prazos compa-tíveis ao aproveitamento de tantas oportunidades.

Fale com a FBTS, informe-se, solicite uma reunião, acrescente sugestões cria-tivas e torne-se parceiro de um importante projeto inovador para as construções soldadas brasileiras.

”“Onze projetos

encontram-se em diferentes estágios de progresso em função de suas

prioridades

setor de soldagem tem um valor altamente re-presentativo na com-posição dos custos de

qualquer empreendimento industrial, principalmente no segmento óleo e gás, seja no processamento, no transporte por meios navais, dutoviário terrestre ou marítimo e nas insta-lações fixas ou flutuantes de exploração e produção. Assim, quando se busca a inovação e o aumento da produtividade, ele se mos-tra prioritário e bastante promissor ao desenvolvi-mento tecnológico.

O trabalho liderado pela FBTS envolvendo toda a rede de valor do setor soldagem do país conduziu à forma-tação de uma carteira de

InovaçãoDesenvolvimento da tecnologia da soldagem

Carteira de projetos para gerar

Oprojetos representativa das maiores prioridades, com vistas à inovação e o de-senvolvimento tecnológico, objetivando o aumento da produtividade, a redução dos custos e, afinal, a competiti-vidade internacional.

O trabalho focou, prin-cipalmente, o seguimento óleo e gás, face ao programa continuado dos investimen-tos anunciados para os pró-ximos cinco anos, beirando os US$250 bilhões.

Foram eleitos 11 projetos prioritários a serem desen-volvidos sob a modalidade participativa multiclientes, que vem sendo apresenta-dos aos prováveis parceiros e instituições de incentivo à pesquisa tecnológica, já definidas as diversas fases,

Foto Agência Petrobras Steferson Faria

Plataforma semi-submersível P-52 no estaleiro da BrasFels, apenas uma das obras previstas nos investimentos em óleo e gás

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5 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Ponto a Ponto

IV COBEF

Local: Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul - RS Período: 11 a 15/04/11 O Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação é um evento itinerante, que ocorre a cada dois anos, apoiado pela ABCM (Associação Brasileira de Engenharia e Ciências Mecânicas) e reúne especialistas da academia e da indústria para discussão e apresentação de trabalhos científicos sobre o tema de Engenharia de Fabricação.

FEBRAMECA Feira Brasileira de Mecânica e Automação Industrial – FEBRAMEC – acontece de 02 a 05 de agosto de 2011, no Centro de Evenos da Festa da Uva, em Caxias do Sul, RS. Em

AMERICAN wELDINg SOCIETy

Eventos internacionaisna área de soldagemAcesse a página da American Welding Society: http://www.aws.org

n Acesse o Site da FBTSem www.fbts.org.br e conhe-ça a programação para 2010.

Novos telefones do Departa-mento de Cursos:(21) 2505-5352, 2505-5366,

paralelo, acontecerá o Seminário Abraman de Manutenção.A Feira se destina a empresas que buscam novidades tecnológicas para atualização e aperfeiçoamento em seus negócios, dentro da visão de que atualização tecnológica é uma ferramenta indispensável para se ter a melhor condição de competitividade num mundo de negócios cada vez mais assediado por empresas do mundo inteiro. Os expositores da Febramec 2011 apresentarão inovações em: • Robótica; • Medição; • Instrumentação; • Controle da qualidade; • Ferramentas; • Corte; • Usinagem; • Soldagem; • Máquinas e equipamentos; • Motores e redutores; • Válvulas industriais e publicações técnicas.

FBTS em ReviSTa Cartas, e-mails, notas e agenda

11A CoTeQ

A 11ª Conferência sobre Tecnolo-gia de Equipamentos acontecerá de 10 a 13 de maio de 2011, em Recife/PE. O evento é promovi-do pela ABENDI, ABRACO e IBP.Consolidada como um dos eventos mais renomados para indústria nacio-nal, a COTEQ reúne, tradicionalmente, profissionais, diretores, engenheiros, consultores, especialistas, técnicos, pesquisadores e acadêmicos ligados aos Ensaios Não Destrutivos, Inspeção, Integridade de Equipamentos, Corro-são e Pintura, Análise Experimental de Tensões e Comportamento Mecânico de Materiais que estão envolvidos em diversos setores como: Petróleo/Petro-química, Químico, Geração de Energia, Siderurgia, Metal-Mecânica, Naval, Nu-clear, Aeronáutico, Automotivo, Papel e Celulose, Prestadores de Serviços de Montagem, Manutenção e Inspeção em Unidades de Processo, Universi-dades, Institutos e Centros de Pesquisa e Desenvolvimento, entre outros.Cerca de 190 estudos técnicos de autores nacionais e internacionais são apresentados a cada edição da COTEQ, entre eles trabalhos técnicos, pôster section, conferências, painéis de debate, mesas redondas, palestras e minicursos com os mais atualizados temas, apresentados por acadêmicos e profissionais que são ícones nas universidades e indústrias do setor, além de especialistas reconheci-dos nacional e internacionalmente.A Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos – COTEQ é o ce-nário ideal para as organizações exibirem sua tecnologia, produtos e serviços, alavancarem negócios e proporcionarem ampliação de relacionamentos aos profissionais. Informações adicionais podem ser obtidas com setor de Eventos e Feiras da ABENDI: Tel: (11) 5586-3197 / e-mail: [email protected] / www.abendi.org.br/11coteq

Nossa sugestão

FBTS Programação / cursos

Sócios Fundadores da FBTS

Eventos destaque

2505-5351 e 2505-5306.

Departamento deCertificação da Qualidade >Novos telefones:(21) 2505-5329, (21) 2505-5330 e (21) 2505-5320.

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6 P u b l i c a ç ã o O f i c i a l d a F u n d a ç ã o B r a s i l e i r a d e T e c n o l o g i a d a S o l d a g e m

o total, são 25 empresas, sendo 14 nacionais e 11 estrangeiras, de países como Estados Unidos,

China, Coréia do Sul e Japão, contabilizando 265 produtos.

Atualmente, todos os pro-dutos utilizados pelo Setor de Abastecimento e Refino da Petrobras, onde se deu toda a origem do processo de certifi-cação desenvolvido pela FBTS, são certificados pela Fundação. Isso já ocorre também com parte dos materiais utilizados nas áreas de E&P (Exploração e Produção) e de Engenharia da empresa. Segundo Arno

Giuseppe, que é Engenheiro de Equipamentos Sênior da área de Abastecimento e Refino da Petrobras (AB-RE/ES/TEE) e atua dando apoio técnico às Refinarias na área de solda-

gem, esse processo de certifi-cação começou internamente, depois que os técnicos das uni-dades começaram a perceber que os materiais não ofereciam as garantias necessárias para a execução dos serviços.

Giuseppe acrescenta, no entanto, que, para a Petro-bras, certificar os materiais, além de não ser o objetivo fim da empresa, era muito trabalhoso. Foi quando surgiu a oportunidade de fazer esta certificação através de um órgão externo – a FBTS, que inclusive tem entre seus fun-dadores, há cerca de 27 anos, a própria Petrobras. “Hoje pra-ticamente todo o consumível de soldagem comprado pela empresa e fabricado no Brasil tem que ser certificado pela FBTS”, explica o engenheiro, que também ministra aulas de soldagem na Universidade Petrobras/UP em cursos de especialização e formação. Segundo ele, essa decisão de

Para ter qualidade no processo de soldagem, é preciso garantir que os materiais de adição utilizados na junção dos materiais – os con-sumíveis – estejam de acordo com as especificações do mercado. Desde 1997, a FBTS é um dos órgãos acreditados pelo Inmetro para emitir a certificação desses consumíveis, sejam eles eletrodos, arames ou varetas. Atualmente, todos os grandes fabricantes de consumíveis no Brasil têm seus produtos certificados pela FBTS.

Produtos

N

”“

A certificação significa a

demonstração da capacidade da

empresa de fabricar e fornecer produtos

com qualidade

Fotos Agência Petrobrás

união de maTeRiaiS

Certificação de materiais ajuda a garantir qualidade no processo de soldagem

ConsumíveisPor ThAiS BriTo

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7 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Especial | Capa

Fotos Agência Petrobrás

Processos de alto risco: De micro-soldas de precisão (foto menor) a união de grandes estruturas (montagem final da P51), mais de 1 milhão de partes unidas por consumíveis ajudam a compor uma plataforma de petróleo.

Consumíveis

certificar os consumíveis atra-vés da FBTS tem dado mais qualidade aos serviços, não apenas à Petrobras, mas para toda a cadeia de usuário, de forma geral, agregando mais valor em termos de segurança.

Diferencial de mercadoDe importância indiscutível

para as empresas avaliadas, a certificação pode significar uma mudança considerável nos negócios de cada uma delas, como explica João Ne-greiros, representante da ELE-TRONUCLEAR e Presidente da Comissão de Qualificação e

Certificação de Consumíveis de Soldagem do Sistema de Certi-ficação de Produtos da FBTS.

- Para as empresas fabri-cantes de consumíveis, esta certificação significa a de-monstração da sua capacita-ção para fabricar e fornecer produtos com qualidade, compatível com os equipa-mentos de alta tecnologia e requisitos de segurança de setores como a indústria do petróleo e a produção de energia e naval. Muitas vezes, a certificação é pré-requisito para fornecer consumíveis para a soldagem de compo-

“ ”Hoje, todo consumível de soldagem comprado

pela Petrobras no Brasil é certificado pela FBTS

aRno giuSeppeengenheiro de equipamentos Senior da área de

Abastecimento e Refino da Petrobras

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nentes para estes setores.Negreiros destaca a abran-

gência internacional do proce-dimento realizado pela FBTS, mas lamenta que ainda haja poucas empresas brasileiras preocupadas com a qualidade de seus consumíveis:

- O procedimento tem abrangência nacional e inter-nacional contendo exigências similares aos de entidades internacionais ligadas à área de soldagem. É aplicável a qualquer empresa nacional ou internacional interessada em fornecer para empresas/empreendimentos que exi-gem esta certificação. Asse-gurar a qualidade dos consu-míveis é um item essencial para garantir a segurança e durabilidade de construções soldadas, reduzindo desta forma os riscos de perdas materiais, de vidas e danos ambientais decorrentes de falhas de equipamentos.

Comparado com países mais desenvolvidos, infelizmente no Brasil é menor o número de empresas conscientes da importância e vantagens de utilizar consumíveis certifica-dos na fabricação dos equi-pamentos que fornece.

– Nosso sistema de cer-

tificação atende às normas do Inmetro, que é o órgão acreditador. E este sistema é avaliado anualmente através de auditoria do próprio Inmetro – explica José Alfredo Barbosa, superintendente executivo do Departamento de Certificação da Qualidade da FBTS.

Critérios rígidosPara obter esta acreditação,

a FBTS precisou passar por uma série de fases. De acordo com Al-doney Costa, chefe da Divisão de Acreditação de Organismos de Certificação do Inmetro, além da avaliação anual realizada através de avaliações no escritório e testemunhas, a acreditação tem um prazo de validade de quatro anos, quando então é feito o processo de reacreditação.

- O processo de acreditação do Inmetro compreende algumas fases. A primeira é a análise da documentação, com a avaliação documental de aspectos legais e

Produtos união de maTeRiaiS

Técnicos fazem solda de reparo em barco de suporte a operações em plataforma de petróleo

“ ”A acreditação do Inmetro

tem prazo de validade de 4 anos, quando então é feito

um novo processoaldoney coSTa

Chefe da Divisão de Acreditação de organismosde Certificação do Inmetro

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técnicos. Depois, avaliamos o local que abrange as instala-ções da organização que soli-cita a acreditação. A equipe do Inmetro avalia a implementa-ção dos procedimentos técni-cos e administrativos do orga-nismo, na matriz ou nas filiais, e nos locais onde presta seus serviços. O organismo deverá ser avaliado em todas as ins-talações onde são conduzidas atividades como qualificação inicial, treinamento, monito-ramento e manutenção de registros de auditores e pesso-al de auditoria, análise crítica da solicitação, designação do pessoal para auditoria, revisão do relatório final e decisão da certificação – explica Costa.

O processo continua ainda com auditorias-testemunhas ou auditorias de empresas dos clientes do solicitante, para comprovar a compe-tência do organismo quando prestando serviço em ativi-

dades variadas. O caminho trilhado pelas

empresas que obtêm a cer-tificação da FBTS também é longo. Segundo o coordenador de certificação de consumíveis da Fundação, Wilton Sérvulo, o certificado de qualidade tem duração de três anos e

também é submetido a uma manutenção anual, cujo pro-cedimento depende da quanti-dade de produtos certificados que cada empresa possui.

- Quando as empresas en-tram em contato com a FBTS, o primeiro passo é apresentar a certificação ISO 9001, que garante a qualidade global da empresa. Com este selo, sabemos que a empresa tem uma estrutura voltada para a qualidade em todo o controle do seu processo. Uma vez que isto é enviado à FBTS, é feita uma análise dos produ-tos que ela fabrica e o escopo da certificação necessária. A partir daí damos início ao pro-cesso, preparando a proposta técnica e o plano de qualifica-ção – afirma Wilton.

Uma equipe da FBTS vai até a fábrica da empresa que deseja obter o certificado para elaborar análises de qualifica-ção do produto. Esse procedi-mento compreende a coleta de amostras e, em alguns casos, quando há necessidade, a sol-dagem de peças de teste, que é feita na própria fábrica. Ainda segundo Sérvulo, para deter-minados tipos de consumíveis, é feita apenas a análise quími-ca. Apesar de todo o cuidado tomado durante a avaliação para garantir que os produtos certificados atendam a uma especificação técnica, o pro-cesso não é tão demorado:

- Da aprovação da proposta técnica até a análise do resul-tado, todo o procedimento de-mora de 45 a 60 dias - explica.

Especial | Capa

“ ”Da aprovação da proposta até a análise do resultado,

todo o procedimento demora de 45 a 60 dias

wilTon SéRvuloCoordenador de certificação

de consumíveis da FBTS

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er mais controle sobre o processo é a grande vantagem destas má-quinas mais modernas,

segundo Marco Aurélio Fer-reira, gerente de produtos e equipamentos para solda-gem e corte da Esab, uma das líderes do mercado.

- As principais mudanças nos equipamentos podem ser verificadas em sua tec-nologia de construção. Atu-almente é crescente a busca por equipamentos com gran-de tecnologia embarcada que proporcionam maior controle sobre o processo

de soldagem. No passado as vendas eram compostas, ba-sicamente, por equipamen-tos de construção convencio-nal que permitiam ajuste por manivela ou chaves seletoras.

T

Além do controle, fa-tores como redução do consumo de energia, ergo-nomia e menor dimensão física foram grandes moti-vadores para a implanta-ção de uma tecnologia tão avançada nessas máquinas – explica Ferreira.

Fontes inversorasO aprendizado gerado

pela crise mundial recente também contribuiu para que as demandas dos usuários de equipamentos sejam cada vez mais sofisticadas. A opinião é de Eduardo Tambu-rus, diretor geral da Alumaq, empresa que atua como dis-tribuidora de máquinas de soldagem, fazendo a ponte entre construtores e clien-tes. Para ele, o mercado tem buscado mais valor do que preço e, mais ainda, tem reconhecido as soluções apresentadas que focam nos benefícios dos produtos.

SoldagemTecnologia a serviço do desenvolvimento da

Novidades chegam para dar mais segurança e precisão à atividadePrecisão, produtividade e economia são algumas das palavras que se fizeram cada vez mais presentes no dicionário do setor de soldagem nos últimos anos. Elas vêm a reboque de outra palavri-nha, “tecnologia”, responsável por uma evolução tão abrangente no maquinário usado pelas indústrias que provocou mudanças não apenas na construção dos equipamentos, mas também nas demandas das empresas que os utilizam.

Equipamentos evolução daS máquinaS de Solda

”“

O mercado tem buscado mais

valor do que preço, reconhecendo

soluções com foco nos benefícios dos

produtos

Por ThAiS BriTo

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11 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

- Vemos, por exemplo, o mercado optando pela uti-lização de fontes inversoras, que oferecem qualidade e integridade nas soldas, utili-zando menos energia – opina o diretor que, para explicar melhor o que são as fontes inversoras, faz uma compa-ração com a indústria au-tomobilística. – Seria como mostrar a diferença entre um carro mecânico e um automático. O carro com a fonte inversora é automático e ainda tem ar condicionado, air bag... – brinca.

Segundo ele, a tecnologia usada nas fontes inversoras deixa o equipamento mais

Jaqueta da Plataforma de mexilhão com operações de solda feitas a até 40 metros do solo

SoldagemEspecial | Capa

Fotos Agência Petrobrás - Steferson Faria

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eficaz na saída, diminuin-do seu peso e tamanho e tornando-o mais eficiente no uso. Mas a característica fundamental da tecnologia, segundo ele, é a precisão.

- Isso é o ponto chave prin-cipal. Ela proporciona uma condição de controle mais ampla e mais precisa. E, além dos recursos que afetam di-retamente a soldagem, uma fonte inversora de qualidade possui características cons-trutivas que proporcionam excelente eficiência elétrica e fator de potência, contribuin-do assim para a redução de custos com energia, atenden-do os requisitos da Eletrobrás e de maior sustentabilidade

ao meio ambiente. Para exemplificar, Tam-

burus cita um equipamento chamado Pipe Worx (foto), fabricado pela empresa Mil-ler e distribuído pela Alu-maq. Segundo ele, trata-se de fonte inversora projetada com recursos que pro-porcionam ganhos de produtividade pela disponibilização de diversas con-dições de arco de solda. Além disso, este equi-pamento possi-bilita a utilização da soldagem por processo de curto circuito controla-

Soldador opera último ponto de solda do Gasoduto Urucu-Manaus

Fotos Agência Petrobrás - Bruno Veiga

“ ”O grande desafio agora

será o desenvolvimento e aperfeiçoamento da mão

de obraeduaRdo TamBuRuSDiretor geral da Alumaq

Equipamentos evolução daS máquinaS de Solda Por ThAiS BriTo

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13 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

necimento de corrente de soldagem como o principal avanço. As vantagens mais características desta nova utilização, segundo ele, são a diminuição significati-

do, o RMD (regulated metal deposition, em inglês), usa-do, de acordo com ele, em pelo menos oito grandes projetos no Brasil atualmen-te e lhes conferindo altos níveis de produtividade e qualidade. Ainda segundo Tamburus, esta tecnologia tem substituído o processo TIG na solda de Raiz em muitas aplicações e em ou-tras elimina a operação de goivagem por grafite. Sua expectativa para os próximos anos é a maior qualificação da mão de obra.

- O grande desafio dos próximos anos será o de-senvolvimento e aperfei-çoamento da mão de obra

Equipamentos de solda remota são aliados da segurança, em grandes obras como na montagem de plataformas

utilizada nos processos de soldagem, trabalho este que deverá ser feito em con-junto com escolas técnicas, universidades e entidades como a própria FBTS e SE-NAI, entre outras, de ma-neira que todos reconheçam e utilizem estes processos de soldagem com todos os benefícios que apresentam e não somente pelos preços que são oferecidos.

Power wavePara o gerente técnico

da Lincoln Electric, Antônio Souza, as fontes de energia chegaram a uma nova era. Ele destaca os inversores de frequência para o for-

Especial | Capa

O VRTEX 360 é um simulador virtual de soldagem da Lincoln Eletric

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Segurança eprodutividade

Outra empresa que tem investido na evolução tecno-lógica de suas máquinas é a paulista Uniarc. Lançado no ano passado, o Oscimatic é uma das principais apostas da companhia, desenvolvido com experiência, tecnologia e recursos próprios. Trata-se de uma base tratora que se desloca em velocidade variá-vel sobre superfícies de me-tais ferrosos, fixada por força de atração magnéti-ca permanente em trajetórias lineares, dispensando o uso de trilhos. Segundo Adriano Domin-gues, sócio diretor

de produtos industriais da em-presa, o equipamento conduz um conjunto de mecanismos auxiliares que possuem mo-vimentos motorizados para ajuste de posicionamento da tocha no sentido horizontal / vertical e movimento de osci-lação da tocha com amplitude de 0 a 24 mm. Uma abraça-deira articulada em três eixos ortogonais distintos permite

Soldadores operando equipamento de solda remota Oscimatic da Uniarc

”“O uso de inversores

de frequência no fornecimento de corrente de

soldagem também foi um grande

avanço

Equipamentos evolução daS máquinaS de Solda

Oscimatic, equipamento de solda remota da Uniarc

Fotos Divulgação

va no tamanho e peso do transformador, associada a uma redução de controle de energia elétrica.

- Estes novos equipamen-tos já permitem o monito-ramento dos parâmetros da soldagem através da comunicação pela internet enviando correio eletrônico até para informar a necessi-dade de substituição do car-retel de soldagem. As fontes de energia que apresentam esta tecnologia, conhecidas como power wave, estão revolucionando a tecnologia de soldagem.

Segundo Souza, o apare-lho trasmite ao soldador as reações possíveis durante o processo de solda, só que em ambiente virtual.

- Após a conclusão da solda, o equipamento apre-senta o resultado final, onde é possível identificar a apa-rência da solda, os defeitos encontrados e o resultado, além de um gráfico que mostra os principais pontos a serem corrigidos.

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15 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Fotos Divulgação

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um posicionamento rápido e preciso em relação a todas as soldagens requeridas. Com seus comandos identificados em linguagem objetiva, com-preensível e expressos nume-ricamente em display digital, a máquina facilita soldagens em posições mais complicadas.

- O Oscimatic foi desenvol-vido para executar soldagens retilíneas longas com grandes intensidades de energia, posi-cionamento desconfortável e, geralmente, perigosas, pou-pando o soldador da exposição contínua aos fatores agressivos conhecidos. Além disso, ele executa soldagens nas diversas posições, tais como nos planos horizontal, vertical, ascenden-

te, descendente e horizontal em paredes metálicas, inclu-sive na posição sobre cabeça – afirma Domingues.

A precisão e o aumento da produtividade mais uma vez aparecem como vanta-gens adquiridas por meio do investimento na tecnologia.

A segurança também é uma preocupação: com o equipa-mento, a postura de trabalho do soldador torna-se mais confortável e, estando ele mais distante da zona de calor, irradiação e fumos nocivos, sua jornada de trabalho torna-se mais produtiva e menos estressante. Outro aspecto importante da fabricação do Oscimatic é que a máquina foi pensada especialmente para o modelo industrial brasileiro.

- Em uma comparação entre o Oscimatic e outros equipamentos similares, é importante observar que a maioria deles é importada e, portanto, fabricada em países com realidades muito diferen-”

“O equipamento

de soldagem fabricado pela

Uniarc foi pensado para o modelo

industrialbrasileiro

Técnico Soldador operando equipamento de solda remota Oscimatic da Uniarc

Equipamentos evolução daS máquinaS de Solda

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17 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

tes das encontradas no Brasil. O Oscimatic foi desenvolvido para atender de modo geral as necessidades das empresas brasileiras dentro da realidade sócio-econômica atual visando aspectos de custo/benefício. Além disso, o projeto cons-trutivo do equipamento teve por objetivo superar limites e pontos frágeis conhecidos das máquinas similares, assim como ter uma concepção mais confiante e soluções de manu-tenção e reparos imediatos e com baixo custo – esclarece o diretor da Uniarc.

Ponto para a tecnologiaAs fontes de soldagem

inversoras também foram

citadas pelo representante da Fronius no RJ e no ES, Mário Freitas. Para ele, as fontes inversoras, digitais e sinérgicas possibilitam a garantia de parâmetros, a soldabilidade de novos materiais e a economia de energia e consumíveis.

- As fontes de energia de sol-dagem atualmente são como computadores: já existem parâmetros pré-selecionados (curvas sinérgicas), tornando o trabalho dos soldadores e operadores mais fácil e sem possibilidade de erros na bus-ca por um parâmetro de solda ideal. Caso não exista na fonte um parâmetro ideal, temos a possibilidade de desenvolver novos em laboratório e pos-teriormente inserir na fonte. Estas inovações foram muito importantes para a seguran-ça, produtividade e visual dos cordões de solda.

O gerente executivo desta-ca entre o acervo da Fronius o lançamento do CMT (Cold Metal Transfer). O processo foi desenvolvido para a união de materiais dissimilares como aço galvanizado e alumínio. Mas, segundo ele, o mercado descobriu a possibilidade de micro soldas, e a fonte foi imediatamente adaptada para este segmento. Outro ponto para a tecnologia.

- O CMT é um processo que tem inúmeras vantagens além de todas as citadas anteriormente: impede os respingos de solda, tem baixo aporte térmico e uma dilui-ção adequada à soldagem. E ainda pode vir a ter muitas outras, já que o mercado sempre acaba trazendo novas demandas. Atualmente, esta-mos usando este equipamen-to para cladding e estudamos também fazer o passe de raiz.

”“

As fontes de energia de soldagem atualmente são como

computadores, com parâmetros pré

selecionados

Especial | Capa

Divulgação

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Tubos de metal utilizados na montagem da P52 no estaleiro da BrasFels

res da FBTS, nos últimos dez anos os empregos diretos gerados na área pularam de 1,9 mil em 2000 para 46,5 mil em 2009. Nos próximos

quatro anos, em 2014, ano da Copa do Mundo no Bra-sil, os postos de trabalho diretos deverão chegar a 60 mil, e os indiretos a 240 mil. Os dados são do relatório Cenário 2010 - 1º Trimestre, elaborado pelo Sinaval.

A continuidade deste cres-cimento deverá recolocar o Brasil entre os países líderes na construção naval mundial, graças à decisão do governo de privilegiar os investimentos em estaleiros nacionais. Com essa decisão, o Brasil deverá dispu-tar mercados com potências

egundo o Sindicato Na-cional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sina-

val), um dos órgãos fundado-

O renascer das cinzasSinaval afirma que contratações pela indústria naval brasileira chegarão a 60 mil empregos até 2014O Brasil já foi o terceiro maior construtor de navios na década de 1970. Desde então, viu o setor praticamente falir nas duas décadas seguintes, para, em seguida, praticamente renascer nos últimos três anos. Hoje, os estaleiros comemoram a retomada do crescimento. O sucesso se deve principalmente ao desempenho do setor petro-lífero, impulsionado pelas descobertas no pré-sal, e também pela decisão do governo de impulsionar o transporte marítimo e fluvial, que há muito estava esquecido, substituído pelo transporte rodoviário.

Retomada indúSTRia naval

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19 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Abaixo, montagem de superpetroleiro no estaleiro Atlântico Sul

O renascer das cinzas

Fotos Agência Petrobrás

Retomada

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asiáticas que hoje dominam a construção naval, tanto de navios quanto de platafor-mas. Para isso, precisa estar preparado para competir, em igualdade de produtividade, com tecnologia e mão de obra qualificada, com os gigantes da área naval que hoje dominam o mercado, como a Coreia do Sul, a China e o Japão, desenvolven-do competências para disputar.

Além das descobertas de petróleo na platafor-ma continental brasileira, a decisão de se investir em outra matriz de transporte, retomando a vocação na-tural do país para utilizar os mais de 8 mil quilômetros de costa e a extensa rede de rios também pesou bastante. O Brasil tem mais de 40 mil qui-lômetros de vias interiores navegáveis e precisa investir em cabotagem (navegação costeira). Atualmente, só 13% do transporte brasileiro são feitos por hidrovias, e a expectativa do governo fede-ral é mudar esse quadro, nos próximos 15 anos, para 29%, o que pode ajudar a reduzir o custo de transporte e os im-pactos no meio ambiente.

eventos confirmamotimismo

O otimismo que cercou o setor da indústria naval ficou evidente durante dois eventos realizados recente-mente no Rio de Janeiro – o Navalshore e o Rio Oil & Gás, reunindo centenas de empre-sas na busca e exposição das

Retomada indúSTRia naval

Estaleiro Rio Grande

novidades e de novas tecno-logias disponíveis no mercado hoje, nos dois setores.

Na visão do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, “este é o Século da Indústria Naval”, afirmou otimista na abertura do Navalshore 2010. A afirmação, feita na presen-ça de 4,5 mil profissionais do setor, demonstra a confiança do governo em relação ao futuro. A Feira reuniu 320 empresas de 14 países.

“O Brasil ganhou o respeito internacional porque temos a maior demanda da área naval do mundo”, disse o executivo da Transpetro. Ele celebrou o momento atual, informando que “em seis anos, o Brasil tornou-se a quarta maior car-teira de petroleiros do mundo, e o Estaleiro Atlântico Sul possui hoje a quarta carteira

POLO NAVALDO RIO gRANDE

n Área total do Polo Naval:430.000 m2

n Área das oficinas:20.000 m2

n Dimensões úteis do dique seco:130,0 X 350,0 X 17,1 m

n Área útil do Dique Seco:45,5 mil m2

n Comprimento do Cais Norte:42 m

n Comprimento do Cais Sul:350 m

n Capacidade do pórtico:600 t

n Capacidade da oficina de estruturas:1.000 t/mêsn Capacidade da oficina de tubulação:4.000 spools/mês (trechos de tubulações) e permite a construção de qualquer tipo de plataforma.

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21 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Galli, enfatizou a necessida-de de se investir na melhoria da mão de obra do setor para que haja mais compe-titividade. O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, também comemorou os re-sultados recentes do setor: “Provamos que a indústria naval brasileira é possível. O Promef 1 e Promef 2 já são realidade e, agora, esta-mos esperando o Promef 3, disse Rocha, acrescentando que para os próximos anos haverá aportes de cerca de

indúSTRia naval Retomada

Canteiro de obras do estaleiro Rio Grande

de embarcações do tipo Suez-max. A efervescência se dá por uma série de projetos de renovação de frota em vigor no País. Entre eles, destacam-se aqueles capitaneados pela Transpetro, Promef 1 e Promef 2, que preveem a construção de 49 navios, sendo que 46 embarcações já foram licita-das, somando valor equiva-lente a US$ 4,7 bilhões.

Já o vice-presidente do Sindicato Nacional das Em-presas de Navegação Marí-tima (Syndarma), Roberto

R$ 9 bilhões em projetos, financiados pelo Fundo de Marinha Mercante.

Pólo Naval do RSNa sua trajetória de reto-

mada, o setor naval ganhou um outro empreendimento importante para a indústria nacional: o Polo Naval do Rio Grande (RS), inaugurado em clima de festa pelo presidente da República e pelo presiden-te da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo. No pólo serão construídos cascos de

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plataformas em série, ope-ração inédita no mundo. O dique-seco, estrutura inte-grante do Polo, é considerado o maior do hemisfério sul.

O Polo consiste em uma infraestrutura de 430 mil m2 para construção e reparos de unidades marítimas (offsho-re) para a indústria do petró-leo, tais como plataformas flutuantes de perfuração, produção e de apoio. A nova estrutura permitirá o aumen-to da competitividade nas licitações com a entrada de novas empresas, possibilitan-do redução nos preços e nos prazos dos futuros projetos.

A construção do Polo Naval teve início em agosto de 2006 e sua obra gerou cerca de 1.400 empregos diretos (mé-dia mensal). A principal insta-lação do Polo é o dique seco, com 350m de comprimento, 130m de largura e 17,1m de altura e equipado com um pórtico capaz de erguer até 600 toneladas. Um dique dessas dimensões (entre os maiores do mundo) permite a construção simultânea de dois navios petroleiros ou duas plataformas. No dique também poderão ser docadas plataformas ou navios.

O Polo Naval inclui também ampla área para montagem de estruturas e de equipamentos, cabines climatizadas para pin-tura, equipamentos para mo-vimentação de carga, dois cais de atracação que permitem os serviços de acabamento,

oficinas para processamento de aço e tubulação e diversos sistemas, tais como: ar com-primido, gases industriais, elétrico, coleta e tratamento de efluentes etc. As instalações do Polo estão dimensionadas para comportar até 5 mil pes-soas trabalhando e permitirão também que se forme mão-de-obra especializada em constru-ção offshore.

Presente na inauguração, o ministro da Secretaria Es-pecial de Portos, Pedro Brito, lembrou que o desenvolvi-mento da área naval de Rio

Grande não consiste apenas na inauguração do dique seco. A obra de dragagem do Porto de Rio Grande, con-cluída em agosto passado, ampliou a profundidade do canal externo (fora dos mo-lhes da barra) de 14 metros para 18 metros. Já a pro-fundidade do canal interno (entre os molhes da barra e píer petroleiro) passou de 14 metros para 16 metros. “Com isso pudemos dobrar a capacidade do porto, para até 35 mil toneladas (anu-ais)”, afirmou Brito.

Vista aérea da área do estaleiro Rio Grande

Fotos Agência Petrobrás

Retomada indúSTRia naval

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23 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Os investimentos no local somaram aproximadamente R$ 800 milhões. Outro apor-te, de R$ 125 milhões, está previsto na segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), informou Brito. O montante será des-tinado à construção de um novo berço e de uma nova etapa de dragagem. “Antes o porto poderia receber navios com capacidade máxima de 70 mil toneladas, mas agora já podemos receber navios maiores, com capacidade de até 200 mil toneladas”, disse, explicando a importância da obra concluída em agosto.

Revitalização da IndústriaA construção do Polo Na-

val irá revitalizar a indústria de bens e serviços de Rio Grande e cidades vizinhas, gerando empregos diretos e indiretos. Uma vez que o país não possui instalações de porte similar, esse em-preendimento vai permitir que serviços antes feitos no exterior possam ser feitos no Brasil, ampliando o conteúdo nacional das obras.

“Será uma grande opor-tunidade para desenvolver a mão de obra regional, em profissões como soldador, montador e pessoal de plane-jamento. O desafio está lança-do”, avaliou o gerente setorial de Construção e Montagem do Deckbox da P-55, José Luís Rodrigues da Cunha.

Por sua vez, o gerente de

Implementação de Empre-endimentos de Plataformas para o Pré-sal, Márcio Fer-reira Alencar, ressaltou os benefícios do Polo Naval para todo o país: “Os cascos aqui do Rio Grande, além de todas as atividades de inte-gração dos módulos, prepa-ração, testes e o transporte dos navios para o pré-sal da Bacia de Campos e de Santos vão desenvolver a economia da costa brasileira e do inte-

rior, devido à necessidade de sub-fornecedores”.

O Polo também vai permi-tir que sejam construídos em série cascos para plataformas, o que trará vantagens como o aumento da produtividade, padronização de processos e redução de custos, além de evitar a dispersão de mão de obra ao fim dos projetos.

As instalações do Polo Naval já estão sendo utilizadas para a construção dos módulos da

Estágio Inicial da construção da P52

indúSTRia naval Retomada

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plataforma P-55. O deckbox da plataforma, cuja monta-gem está em andamento no local, receberá os módulos e equipamentos que compõem a unidade. A união (mating) do casco inferior, que está sendo construído em Pernambuco, com o topside e a integração final da P-55, será executada em Rio Grande.

A partir do primeiro semes-tre de 2011 também deve começar a construção de oito cascos para plataformas do tipo FPSO. A Petrobras tem o direito de uso exclusivo do Polo por 10 anos, através de contrato de locação.

Impacto na soldagemA FBTS, pela tradição e ex-

periência no desenvolvimento tecnológico e formação de mão de obra qualificada para o setor da construção naval, não podia ficar alheia ao “boom” por que passa o setor, e o im-pacto que certamente isso terá na demanda de profissionais capacitados. “A competitivi-dade do setor naval acarreta necessariamente investimen-tos em novas tecnologias de soldagem e de corte e de profissionais, visando a um aumento da produtividade”, avalia o superintendente exe-cutivo do Departamento de Certificação da Qualidade da FBTS, José Alfredo Barbosa.

Segundo ele, embora pro-cessos semi-automáticos já comecem a substituir os mais tradicionais, como ele-trodo revestido e TIG, os

processos mecanizados e até automatizados já vem sendo desenvolvidos e aplicados em situações especiais, com o objetivo não somente de aumentar a eficiência dos processos como diminuir, também, a dependência da habilidade do soldador.

Deve-se destacar que, além da implementação de novas tecnologias de soldagem existe também a necessida-de do desenvolvimento de mão-de-obra qualificada e de profissionais que possam avaliar e aplicar estas novas técnicas - adverte.

Neste sentido, a FBTS es-tabeleceu em sua carteira de projetos um estudo sobre a aplicação de processos de alta produtividade na construção soldada, através do emprego de mecanização, automação, robótica e processos com altas taxas de deposição. Da mesma maneira vem desenvolvendo parcerias na formação de pro-fissionais em Engenharia da ”

“A competitividade

do setornaval obriga a investimentos

em novas tecnologias de

soldagem

Estaleiro da BrasFels

Retomada indúSTRia naval

Fotos Agência Petrobrás

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25 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Soldagem. “Trata-se, portanto, de ações que visam a contri-buir com o setor naval para melhoria de desempenho, produtividade e redução de custos”, conclui.

Além disso, acrescenta o Superintendente Executivo do Departamento de Cursos da Fundação, Marcelo Maciel Pe-reira, a FBTS vem fortalecendo suas atividades de formação e qualificação de recursos huma-nos nos locais onde a demanda é forte por profissionais qualifi-cados. “Tanto em Pernambuco como no Rio Grande do Sul, estamos oferecendo os nossos cursos já de forma regular. A retomada da indústria naval traz oportunidades para todos. A tecnologia da soldagem está em constante evolução, e a

FBTS, atenta a este desafio, ela-borou uma carteira de projetos tecnológicos entre os quais estão os projetos que focam o aumento da produtividade e redução de custos”.

Para o executivo da FBTS, a produção na indústria naval favorece em muito a utilização de processos de soldagem

mecanizados e automatizados, com especial atenção para a fase de preparação, antes da soldagem. “Estamos também trabalhando na realização de eventos técnicos, a fim de fortalecer a divulgação das melhores práticas, como por exemplo, com a realização do 2º Workshop Internacional de Soldagem na Área Naval & Offshore que será coordenado em conjunto pela FBTS, pela ABS – Associação Brasileira de Soldagem e pelo CENPES/Petrobras. A realização deste evento já foi aprovada pelo Co-mitê Executivo da 11ª COTEQ – Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos, que será realizado em maio de 2011, em Pernambuco, pela ABENDI, o IBP e a ABRACO”, conclui.

”“

A FBTS está trabalhando também na

realização de eventos técnicos, a fim de divulgar as melhores práticas

indúSTRia naval Retomada

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a exploração da camada pré-sal, o petróleo será retirado de profundidades

que poderão chegar a oito mil metros. Um desafio inédito para a engenharia nacional, e que começa a ter seus primeiros fru-tos. O grupo Usiminas acaba de anunciar a criação de um novo aço, mais resistente, projetado exatamente para o desafio na exploração das recém-desco-bertas bacias petrolíferas.

pRé-Sal já pRovoca aumenTo naS encomendaS da peTRoBRaS

Além de mais resistente, o novo produto também apre-senta mais facilidades para a soldagem. Produzido com a tecnologia CLC (Continuous on Line Control) — conhe-cida como “Resfriamento acelerado de chapas gros-sas” —, adquirida da Nippon Steel, ele é feito a partir de composições químicas com menores teores de carbono e elementos de liga em re-lação aos aços produzidos de forma convencional. Por

isso dispensam, na maior parte dos casos, o emprego de pré-aquecimento para soldagem.

“Tais características tam-bém proporcionam maior tenacidade, tanto no mate-rial-base quanto na zona afe-tada pelo calor de soldagem, principalmente em regiões de grãos grosseiros”, explica o superintendente de Garan-tia da Qualidade da empresa, Helber Luiz Oliveira Ribeiro. “Nesse caso, é possível o em-

prego de técnicas e proces-sos de soldagem de alta taxa de deposição, o que resulta em redução de tempo e de custos de fabricação”.

A novidade anunciada pela Usiminas vem de encontro a uma nova realidade na siderur-gia nacional. Nossa capacidade na área vem crescendo a 3,4% ao ano, desde 2005, aponta um trabalho recém-lançado - o Estudo Setorial da Siderur-gia, Indicadores da Siderurgia Brasileira – Contextualização

Siderurgia

n

Usiminas cria novo aço e estudo revela o bom cenário da siderurgia verde-e-amarela

Fôlego para a in dústria nacional

Centro de Tecnologia da Usiminas na usina de Ipatinga

Foto Daniel Mansur - Divulgação Usiminas

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27 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Desenvolvimento tecnológicoPor JULiAnA GUiMArãeS

Fôlego para a in dústria nacional

FPSO Celso Furtado e ao fundo o casco da P51 montagem Estaleiro Atlântico SulFoto Agência Petrobrás

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“Internacional (Lucky Editora, 212 páginas), de José Carlos D’Abreu, professor da PUC. A pesquisa afirma que o Brasil deverá passar da nona para a quinta ou sexta posição no ranking atual dos produtores de aço, ultrapassando paises como Itália e Alemanha.

O quadro de otimismo se completa com os índices que a Petrobras anunciou em julho, e que revelam como sopram os bons ventos da indústria nacional. Em seis anos, as contratações da empresa no país aumentaram 400%. O que significa que as suas aquisições no mercado nacional passaram de US$ 5,2 bilhões, em 2003,

para US$ 25,9 bilhões, em 2009. Mais do que o resultado da estratégia da companhia de priorizar a indústria nacional, os números comprovam o amadurecimento dos fornece-dores, capazes de responder às demandas da petrolífera.

Renovação naindústria naval

Desde 2003, este índice sempre tem sido maior do que as metas estabelecidas pela Petrobras, que mantém o que chama Política Indus-trial Dirigida por Demanda, seu plano estratégico para ampliar a competitividade dos fornecedores nacionais. Na prática, um conjunto de medidas que inclui a qua-lificação de profissionais, a estruturação de mecanismos de financiamento, o estímulo às parcerias entre empresas nacionais e estrangeiras e até a viabilização de novas fábricas no país. As estra-

”As aquisições

da Petrobras no mercado nacional passaram de US$ 5,2 bilhões para US$ 25,9 bilhões de 2003 a 2009

Aço armazenado para montagem da plataforma P51 na doca seca do estaleiro Atlântico Sul

peTRoBRaS aumenTa encomendaS no paíSSiderurgia

Foto Agência Petrobrás

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29 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Desenvolvimento tecnológicoPor AMAnDA PierAnTi

tégias de incentivo variam de segmento a segmento: o primeiro passo do plano é identificar os fornecedores e, assim, criar políticas específi-cas para cada um deles.

Foi assim com a indústria naval. Hoje há dois programas para a renovação da frota da companhia (Promef I e II), que envolvem a construção de 26 e 23 navios, com 65% e 70% de conteúdo local, res-pectivamente — um quadro bem diferente do que víamos na década de 80, quando a área estava estagnada. Um estudo em desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a própria

Petrobras, mostra que, em 2000, havia cerca de dois mil trabalhadores nos estaleiros brasileiros. Em 2006, esse número saltou para 20 mil e, em 2009, foi para aproxima-damente 46,5 mil.

O mesmo estudo dá conta de que as empresas forne-cedoras da Petrobras apre-sentam melhores resultados como exportadoras e empre-gam pessoal mais qualificado do que suas concorrentes, além de empregarem mais pesquisadores e engenhei-ros — o que revela o incre-mento do desenvolvimento tecnológico.

Incremento este no qual se enquadra o novo aço da

Usiminas, que terá aplicação na indústria de petróleo, gás e naval, e estará disponível ao mercado já em 2011. “Ele também poderá ser usado em máquinas e equipamen-tos e na construção civil pe-sada”, destaca Ribeiro.

Aço com mais limpidezAo todo, a Usiminas está

investindo R$ 650 milhões na criação do produto, que poderá ser usado nos tubos para condução de óleo e gás, em plataformas offshore, em navios auxiliares e em vasos de pressão. Grande parte des-tes equipamentos utiliza aços de alta resistência mecânica, tenacidade elevada e outros requisitos especiais. “O aço adequado para esse tipo de aplicação deve ter uma composição química com menores teores de carbono e elementos de liga e melhor limpidez, com baixos teores de fósforo, enxofre, nitrogê-nio e hidrogênio”, descreve Ribeiro. “O resfriamento ace-lerado permite trabalhar com uma composição química mais leve e obter proprie-dades mecânicas mais altas, facilitando sua conformação, soldabilidade e, consequen-temente, melhorando sua aplicação final”.

Enquanto isso a Petrobras, com a implantação dos pro-jetos previstos no Plano de Negócios para o período 2010 – 2014, espera um nível de contratação anual no país de cerca de US$ 28,4 bilhões. Este

Bobinas Laminadas à Frio - Arquivo Usiminas

Foto Daniel Mansur - Divulgação Usiminas

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“ ”Vários investimentos estão

em andamento no País, seja para implantação de

novas grandes usinas, seja para expansão

pRoFeSSoR d’aBReuDepartamento de engenharia de Materiais do Centro

Técnico Científico da PUC-Rio

valor representa um aumento de 42% quando comparado com a previsão do plano ante-rior, que era de US$ 20 bilhões por ano em encomendas a fornecedores brasileiros. Até 2020, deverão ser contratadas as construções de 53 sondas de perfuração, 504 barcos especiais e de apoio à ativi-dade de offshore, cerca de 170 plataformas de produção de diversos tipos e 49 navios petroleiros - atividades que envolvem o novo cenário da siderurgia no Brasil.

O professor D’Abreu, que é do Departamento de Enge-nharia de Materiais do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, analisa esse cenário: “Vários investimentos estão em an-damento no País, seja para a

implantação de novas grandes usinas, seja para expansão. Isso deverá resultar em aumentos da capacidade instalada [side-rúrgica], numa primeira etapa, para cerca de 56 Mton/ano, em 2015, expandindo-se, em seguida, para algo em torno de 85 Mton/ano [a capacidade instalada oficial do Brasil, com-putada no final de 2009, foi de 42 Mton/ano]”.

exportaçãoEm seu estudo, D’Abreu

também descobriu uma nítida tendência de o Brasil se tornar, cada vez mais, um exportador de semi-acabados — placas, principalmente. “Isso signifi-ca maior agregação de valor no rate dos materiais ferro-sos atualmente exportados”, explica. “Um outro ponto relevante diz respeito à clara descentralização da produ-ção de aço nacional, hoje muito concentrada na região Sudeste, com os investimen-tos recentes para instalação de usinas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”. O trabalho foi resultado de dois anos e meio de pesquisa, e envolveu mais de cem espe-cialistas em metalurgia, desde dirigentes e técnicos indus-triais a acadêmicos, pesquisa-dores, consultores e empresas associadas como CSN, CST, Usiminas, Cosipa, V&M, Ger-dau Açominas, Samarco, Vale, entre outras. Dessa forma, investiga a situação metalúr-gica nacional por meio de um

processo de benchmarking (análise comparativa de cada etapa de produção).

Porém, nem tudo são flo-res no universo metalúrgico brasileiro. Para atender às demandas do novo cenário, o setor precisa criar estra-tégias de formação de pro-fissionais, caso não queira viver um apagão técnico. “A formação de RH para o setor metalúrgico, de uma maneira geral, já é considerada um problema”, destaca D’Abreu. “Iniciativas como a da criação de cursos de especialização, visando a habilitar engenhei-ros de outras especialidades, já são uma realidade no país há mais de seisc anos, con-duzida principalmente por associações técnicas. Além disso, a presença de técnicos e engenheiros estrangeiros já é também uma realidade em

peTRoBRaS aumenTa encomendaS no paíSSiderurgia

Foto Agência Petrobrás

Foto Divu

lgação

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31 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

FPSO Celso Furtado na doca seca do estaleiro atlântico sul

“ ”FBTS tem concentrado

esforços para a formação de profissionais que

conheçam profundamente os processos técnicos

joSé alFRedo Bello BaRBoSaDepartamentos Técnico e de Certificação de

Qualidade da FBTS

Desenvolvimento tecnológicoPor AMAnDA PierAnTi

nossas indústrias. A nosso ver caberia, portanto, uma forte ação de promoção da metalurgia em todos os níveis de escolaridade, tanto médio quanto superior, devidamente planejada, coordenada e com a indispensável participação dos setores de ensino indus-trial e governamental.”

Na área de soldagem, a FBTS tem concentrado esforços para a formação de profissionais que conheçam profundamen-te os processos técnicos, em todos os seus aspectos, etapas e possibilidades (veja matéria na pág. 36 desta edição). Além disso, desde o ano passado tem incrementado a gama de parcerias com centros de pesquisa, grandes empresas e consultorias, em prol da maior produtividade e da diminuição dos custos nos métodos usados atualmente. “Todo material

novo que surge no mercado requer evidentemente um desenvolvimento tecnológico na área de soldagem. Requer investimentos, análise de no-vos equipamentos e consumí-veis, avaliação das qualidades metalúrgicas e mecânicas das juntas de soldagem”, enumera José Alfredo Bello Barbosa, que lidera os departamentos Técnico e de Certificação de Qualidade da FBTS. Dessa forma, a Fundação contribui para a consolidação do Brasil como um polo fornecedor de bens e serviços de engenharia com padrões internacionais de competitividade.

Pelo que a pesquisa de D’Abreu constatou, esse caminho já vem sendo tri-lhado. “Concluímos que o país tem no seu portfólio de produtos de aço a garantia de atendimento a todos os

requisitos de soldabilidade”, comemora. “As tecnologias de soldagem aplicadas no Brasil certamente têm acom-panhado os avanços conquis-tados pelo setor metalúrgi-co. Certos desafios, como alguns aspectos ligados às soldagens submarinas, estão sendo enfrentados, como por exemplo os voltados para a melhoria de desem-penho dos revestimentos dos eletrodos. Além disso, as demandas por novos aços para aplicações em grandes profundidades, de extremas pressões, exigidas pelas in-dústrias de petróleo, tam-bém trazem o setor de sol-dagem a firmar importantes parcerias com as empresas siderúrgicas”, concluiu

Foto Divu

lgação

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complexa construção de uma plataforma pe-trolífera em águas pro-fundas, com capacidade

para produzir 180 mil barris de petróleo e comprimir dois milhões de metros cúbicos de gás por dia, demora três anos; as obras da Rodovia Transo-ceânica, fabulosa estrada de 2,6 mil quilômetros ao longo da Floresta Amazônica e dos Andes, que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico, devendo ser concluída em 2011, realizam-se em menos de cinco anos; e se gastam apenas três para a edificação de moderna arena esportiva e multiuso, para cerca de 50 mil pessoas e adequada aos mais exigentes padrões da Fifa.

Os três exemplos, perti-nentes a grandes projetos de engenharia a serem executa-dos no Brasil, considerando a exploração das reservas de petróleo da camada pré-sal, a solução da deficiência dos transportes e a demanda de estádios para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016, evidenciam que,

havendo recursos para inves-timentos, pode-se resgatar em curto prazo o gargalo nacional da infraestrutura. Contudo, exatamente agora que há financiamento dis-ponível e concretas oportu-nidades, o País esbarra num grave obstáculo: a falta de profissionais especializados.No tocante às construções, a maior carência é de enge-nheiros. Sua formação, en-tretanto, exige tempo muito maior do que o da realização das mais sofisticadas e de-safiadoras obras. Contando apenas o Ensino Fundamen-tal e o Médio, são 12 anos de educação básica e, depois, mais cinco na universidade, totalizando 17. Há que se considerar, ainda, o tempo necessário para que o for-mando adquira um mínimo de experiência profissional. Por conta desse descom-passo na escolaridade, um velho e gravíssimo problema do Brasil, estima-se que já faltem mais de 20 mil enge-nheiros para trabalhar em todo o País e se observa ex-

A

Apagão profiss ionalUm fantasma que ronda o desenvolvimento

Opinião meRcado de TRaBalho

juan quiRóS*

Profissionais trabalhando na jaqueta da plata

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33 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

mão de obra

não dependem somente da aptidão profissional e da escolha dos jovens, mas tam-bém da disponibilidade de vagas no Ensino Superior.

Depois do colapso de ener-gia em 2001 e da constante ameaça representada pela deficiência dos transportes, um verdadeiro “apagão” profissional apresenta-se como novo obstáculo ao desenvolvimento brasileiro. Solucioná-lo é crucial para vencermos a precariedade da infraestrutura, fator condi-cionante para a prosperidade socioeconômica. Portanto, estamos pagando um duro preço pela negligência com que o ensino sempre foi tra-tado no País!

*Juan Quirós é presidente do Grupo Advento e vice da FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e da ABDIB (Associação Brasileira da Infraes-trutura e Indústrias de Base).

cessiva valorização salarial. Engenheiros recém-forma-dos que quiserem atuar na área de petróleo e gás, por exemplo, podem conseguir salários iguais ou superiores a sete mil reais.

O Brasil forma cerca de 30 mil engenheiros por ano (para uma população de 190 milhões de pessoas), ante 80 mil na Coreia do Sul (com apenas 48,3 milhões de ha-bitantes). Na Rússia, são 190 mil bacharéis, na Índia, 250 mil e na China, 400 mil. Aqui, temos seis engenheiros para mil pessoas economicamente ativas. Nos Estados Unidos e no Japão, a proporção é de 25 profissionais para mil. De cem alunos que se formam em nossas universidades, apenas oito graduam-se em algum ramo de Engenharia. Na Co-reia do Sul, são 20 em cada 100 formandos e na França, a relação é de 15 para 100. Obviamente, tais proporções

forma de mexilhão. Ao lado trecho de estrada na Amazônia

Apagão profiss ionalUm fantasma que ronda o desenvolvimento

Fotos Agência Petrobrás

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Helena Braga Costa Kanazawa

que tem outros filhos de co-ração, dentre eles o curso que viu nascer e os alunos. “O curso de Dutos, eu vi nascer e ajudei a criar. Por isso aca-bou se tornando o meu xodó e filho mais especial”, diz. A primeira turma de Inspetores de Dutos Terrestres aconteceu em Quissamã, no interior do Estado do Rio, onde Helena praticamente morou durante um mês. O projeto era muito importante para a Fundação e, segundo ela, o sucesso aconte-ceu graças a muita dedicação. “Fiquei muito feliz, não porque era o meu nome que estava ali, mas porque era fruto de um trabalho bem feito e que deu bons resultados para a Fundação”, enfatiza a analista de treinamento.

Após esse período em Quis-samã, Helena ainda continuou

o trabalho de divulgação do curso de Dutos por mais dois anos em todo o Brasil. “Já te-mos o curso de Inspetores de Dutos em São Paulo, Recife, Sal-vador e no Rio. Agora, estamos viabilizando a chegada dele a Manaus”, comemora Helena, que não faz mais viagens, mas fica nos bastidores dando su-porte e cuidando da logística para que nada dê errado nas salas de aula em todas as re-giões do país, já que cursos da FBTS são ministrados em quase todas as regiões do país.

Em função do aumento das atividades de formação e treinamento a FBTS teve a ne-cessidade de centralizar todas as informações e rotinas admi-nistrativas, criando a Secretaria de Cursos, uma unidade dentro do departamento de Cursos. Com a experiência acumulada

pesar de ter entrado na empresa recém-formada e ser designada para uma área que não era a de sua

formação profissional, Helena não ficou de braços cruzados e se dedicou quase integral-mente ao crescimento de uma área que sempre foi de vital importância para a FBTS – o Departamento de Cursos. “Não queria ficar naquela situação de vender curso, mas queria agregar qualidade à formação daqueles alunos”, lembra a analista de treinamento, que começou a estudar a área de pedagogia, para criar um pla-nejamento para os cursos da Fundação. “Não foi um início fácil, foi bastante complicado, mas depois as coisas foram melhorando”, afirma Helena.

Mãe de um menino de 12 anos, Helena costuma dizer

Pratada CaSa

JAnAinA CArVALho

Peça-chave de um trabalho que alavancou a criação da secretaria de Cursos da Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS), a analista de treinamento, formada em comunicação social, Helena Bra-ga Costa Kanazawa, 37 anos, se orgulha pelo trabalho que tem feito ao longo de 13 anos na Fundação e garante que as coisas só acontecem quando há colaboração de todos os membros da equipe.

A

Nossa Gente eSpíRiTo de coopeRação Faz a diFeRença

helena BRaga coSTa Kanazawa | cooRdenadoRa da SecReTaRia de cuRSoS

Foto Alexandre Loureiro

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35 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

Suporte na formação

Soldador em treinamento na Cidade da Solda da Petrobras

ao longo de anos no departa-mento e como Helena conhe-cia o trabalho melhor do que ninguém, foi escolhida para ficar à frente da equipe que seria criada. “Não gosto de me intitular chefe, pois as coisas só acontecem por ser um traba-lho conjunto. A única formação que eu tenho é comunicação social, e o que posso dividir com eles é a experiência desses anos de Fundação. Na verdade, eles me ajudam muito”, diz a analista de treinamento.

E, apesar de terem sido criadas funções específicas, na Secretaria de Cursos todos fazem de tudo um pouco para atingir um padrão de qualida-de impecável. “Costumo dizer que sou Neston, pois bombril é multiuso, mas enferruja e não é gostoso. Na secretaria todo mundo coloca a mão na massa”, explica Helena, admi-tindo que só alivia no caso dos professores, já que eles pre-cisam estar tranquilos e bem para ficar à frente de uma sala de aula.

A versatilidade também é uma das características do se-tor, já que, ao longo do tempo, as turmas e os cursos foram se adequando às necessidades do mercado e dos alunos. “Hoje trabalhamos de diversas for-mas para atender ao cliente. Tanto é possível criar turmas mistas, como uma determinada empresa contratar a FBTS para dar aulas para os seus funcio-nários dentro das instalações dela. O aluno não tem descul-pa de não fazer o curso com a

de eu tenho idéia, mas não tenho certeza”, diz a jovem, lembrando que esse suposto aluno praticamente implorou para ingressar em uma turma que já estava fechada, mas em cima da hora surgiu uma vaga, e ele pode fazer o curso.

Quanto ao futuro, Helena prefere não fazer planos, mas garante que está pronta para mudanças e novos desafios. “Às vezes penso em até quan-do o petróleo vai sustentar a gente, e até quando as pessoas vão se interessar pelo curso de inspetor de soldagem, nosso carro-chefe, mas vejo a FBTS buscando novos desafios, no-vas formações profissionais, como inspetor de equipa-mentos, de fabricação, espe-cialização em soldagem para engenheiros, e muito atenta às mudanças de mercado. Pensar menor é não pensar no progresso do país. Eu prefiro deixar as coisas acontecerem, mostrarem o caminho que eu devo seguir”, conclui.

gente. Quando alguma pessoa questiona isso, do porquê deveria escolher a Fundação para fazer o curso, eu sempre respondo que eu escolheria uma instituição que tenha pelo menos 28 anos na área”, diz.

Nesses 13 anos de casa, a analista de treinamento diz que trata cada um dos alunos como filhos e ressalta que os que se esforçam para pagar os cursos normalmente têm bom rendimento. “O aluno autônomo, que é nosso maior cliente hoje (cerca de 80%), tem que ser muito bem trata-do. Na maioria dos casos, para essas pessoas isso representa o investimento da vida dela”, explica Helena.

Dos momentos mais mar-cantes, a analista de treina-mento ressalta que o carinho dos alunos pelo bom trabalho desempenhado é uma das maiores motivações. “Até hoje queria saber quem me deu uma caixa grande de bombom da kopenhagem. Na verda-

Foto Agência Petrobrás

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Soldador especializado realizando solda em estaleiro

de Soldagem (Nível 1 e 2) é o pioneiro e até hoje conti-nua sendo o carro-chefe do Departamento de Cursos da Fundação.

“Inspeção de soldagem é diretamente voltada para área de qualidade. Nossa

missão é garantir a repetibi-lidade da soldagem isenta de defeito. Por isso, o inspetor de soldagem acompanha a soldagem antes, durante e depois, garantindo que todo o equipamento soldado esteja dentro das conformi-dades das normas previstas para aquele equipamento”, explica o engenheiro Vítor André Ferreira Caldas, que atua na formação dos Inspe-tores de Soldagem da FBTS.

As atribuições dos ins-petores de soldagem são

través dos cursos da FBTS, tem sido possível atender ao setor produ-tivo, reduzindo o gargalo

tecnológico e a escassez de recursos humanos. Dos diversos cursos oferecidos pela Fundação, o de Inspetor

recursos huma nos Inspetor de soldagem ainda é o carro-chefeEm 27 anos de existência, a Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem (FBTS) participa de forma ativa do desenvolvimento industrial brasileiro. E para atender a demanda de mão de obra do setor de petróleo e gás, o departamentos de Cursos tem atuado de forma eficaz na formação, treinamento e capacitação de pessoal.

Cursos FoRmação, TReinamenTo e capaciTação de peSSoal

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37 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

O crescimento da indústria naval vai demandar muita mão

regulamentadas pela Norma Brasileira NBR 14842, que versa sobre os critérios para Qualificação e Certificação de Inspetores de soldagem. Nessa norma estão todas as atividades inerentes ao cargo e as atividades desen-volvidas pelos níveis 1 e 2, separadas por responsabili-dades. O mesmo inspetor de soldagem N1 pode atuar na construção de diversos equi-pamentos como a fabricação de uma caldeira, um tanque de armazenamento ou a construção de um oleoduto.

Já no caso do inspetor de soldagem nível 2, o critério é diferente, dado o maior grau de responsabilidade das suas atribuições. De acordo com a norma NBR 14842, os inspetores são separados por tipo de equipamento, ou seja, por normas ou códigos de projeto como, por exem-plo, ASME VIII para Caldeiras e Vasos de Pressão, ASME B31.3 para Tubulação Petro-química e outros.

Além do curso para forma-ção de inspetor de soldagem nível 1, cuja carga horária é

de 200 horas, a FBTS oferece um curso de complementa-ção para nível 2, com carga horária total de 40 horas, e capacita o profissional nas diversas modalidades. “No curso são abordados os principais assuntos que serão cobrados nas provas de qualificação. Além de executar todas as inspeções, o inspetor de soldagem nível 2 elabora toda a documen-tação que garante que a qualidade vai ser alcançada”, explica Vítor.

Para se candidatar ao car-go de inspetor de soldagem nível 1, não é obrigatório ter formação acadêmica es-pecífica, mas quanto maior é o grau de escolaridade, menor será o tempo de experiência mínima exigido para que aluno se submeta ao processo de qualificação e certificação. No caso de quem possui nível médio, por exemplo, o tempo de experiência mínima exigida após o término do curso é de dois anos na área.

Já para inspetor de solda-gem nível 2, o pré-requisito é ter concluído o curso de inspetor nível 1 e a comple-mentação para Nível 2, ter a qualificação e a certificação, além de ser essencial domi-nar a língua inglesa, já que o trabalho requer consulta às normas códigos de projeto, que estão todas nessa língua. “A importância desse pro-fissional pode ser traduzida

Inspetores de solda

Soldador especializado realizando reparo em plataforma

recursos huma nos

Fotos Agência Petrobrás

JAnAinA CArVALho

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como uma relação de custo benefício, onde a presença dele significa redução de cus-to com retrabalho, garantia da qualidade e a certeza de uma obra realizada total-mente dentro dos parâme-tros previstos nas normas”, ressalta o engenheiro.

Entre as responsabilidades do inspetor nível 2 estão a conferência dos corpos de prova de tração, dobra-mento, charpy e, conse-quentemente, a análise dos resultados obtidos após os ensaios confrontados com os critérios estabelecidos na norma, além de ser o respon-sável direto pela qualificação do soldador ou operador de soldagem e pela elabora-ção de toda documentação técnica utilizada em uma

dação, a procura aumentou ainda mais após a divulgação dos investimentos e empre-endimentos da Petrobras no setor de petróleo e gás. Em função disso, a FBTS forma hoje 10 vezes mais alunos que na época da criação do curso e chega a ter cinco turmas em formação, simul-taneamente. Justamente por essa demanda do setor e pelo grau de responsabilida-de do cargo, o salário de um inspetor de soldagem inicial varia, atualmente, entre R$ 4.500 e R$ 7 mil.

“É um excelente salário, se levarmos em conta que você levou três meses fa-zendo o curso e dois anos para se qualificar, o tem-po é muito pequeno para uma remuneração desse

Curso em desenvolvimento nas instalações da FBTS

obra, seja para construção e montagem ou obras de manutenção periódicas dos equipamentos.

“O conhecimento do ins-petor nível 2 é muito vasto, pois ele deve ser conhece-dor das propriedades dos materiais, dos gases, dos consumíveis de soldagem, das fontes de energia e ainda das condições de trabalho do equipamento”, diz Vítor Ferreira Caldas, ressaltando que o escopo das atribuições destinado ao inspetor de soldagem nível 2 tem como objetivo garantir a repetibili-dade da soldagem isenta de defeito.

Um salário sedutorApesar do curso sempre

ter sido o carro-chefe da Fun-

Cursos FoRmação, TReinamenTo e capaciTação de peSSoal

Fotos Alexandre Loureiro

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39 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

tipo. Muita gente chega aqui movida pelo anseio de melhorar a vida financeira. Mas a responsabilidade de um inspetor de soldagem é muito grande. Ele pode ser responsável pela construção de 70 quilômetros de dutos que levarão gás aos gasodu-tos de todo o país”, ressalta o engenheiro.

Como não é pré-requisito ter formação na área para fazer o curso de inspetor de soldagem, profissionais de diferentes áreas têm procu-rado a FBTS. “Se você não tem formação na área terá um pouco mais de dificulda-de em matérias como pro-cessos de soldagem, consu-míveis, metalurgia, que são matérias pesadas em termos de informação. Porém, se essas pessoas têm o hábito de estudar, elas resolvem ra-pidamente o problema”, diz Vítor, ressaltando que esse desconhecimento específico da área, em dado momento do curso acaba ficando em segundo plano em detrimen-to da facilidade do aluno em absorver informações e da sua dedicação aos estudos.

Ao término do curso, um aluno com nível médio, por exemplo, precisará de dois anos de experiência na área para continuar o seu pro-cesso. Nesse momento, ele pode procurar alguém da área que o coloque para atuar como auxiliar de ins-petor ou auxiliar de controle

de qualidade, e assim com-provar a experiência junto ao sistema. Somente após esses dois anos, ele poderá dar entrada no processo de qualificação e certificação.

Atualmente, já existe um outro mercado que utiliza a mão de obra egressa do cur-so sem exigir a qualificação e certificação. Empresas como a General Motors do Brasil, Ford do Brasil, Wolkswagen do Brasil, Troler, no Cea-rá, além das empresas de carroceria do Sul, utilizam apenas a mão de obra do inspetor de soldagem que possui o curso da Fundação. “Todas elas são empresas

Estação de conversão de pressão do gasoduto Urucu-Coari-Manaus

Foto Agência Petrobrás

Inspetores de soldaJULiAnA GUMArãeS

“ ”A presença do inspetor de

soldagem significa redução de custo e garantia

da qualidade da soldagemvíToR FeRReiRa caldaS

Docente do Curso de Inspetor de Soldagem

Foto Agência Petrobrás

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Alunos em treinamento em curso do SEQUI /PETROBRAS

que não prestam serviço para a Petrobras, mas reco-nhecem a qualidade da mão de obra egressa do curso e usam essa mão de obra para minimizar os problemas e otimizar a produção”, diz o engenheiro.

A missão da FBTSA Fundação está cum-

prindo o seu papel, que é disseminar o conhecimento na área de união de mate-riais e atender o anseio do setor produtivo. Os cursos de inspetor de soldagem da FBTS são ministrados em quase todas as regiões do Brasil. Existem turmas no Rio Grande do Sul, Santa Ca-tarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Pará.

“Nos últimos tempos, a cidade de Recife tem se tornado um grande foco das atenções do nosso setor de inspeção. Tem vários em-preendimentos na região e, seguramente, já colocamos uns 300 profissionais em condições de fazer as provas na cidade”, explica Vítor. Já no Rio de Janeiro, o Comple-xo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, é uma obra que está em andamento e que promete dar vulto a esse tipo de mão de obra no estado.

A mão-de-obra feminina também está ganhando es-paço no setor e é cada vez

mais comum empregadores darem preferência às inspe-toras de solda, já que o tra-balho requer muita habilida-de, dedicação e organização. Em processos de soldagem como o processo TIG, que requer máxima habilidade, as mulheres costumam levar

vantagem. “Falar e pensar em processo de soldagem como se fosse uma coisa só do sexo masculino já foi tem-po, não existe mais. Hoje, em turmas de 25 alunos você chega a encontrar oito mulheres. Tem empresas que dão preferência a elas, e não há problema de ser uma atividade penosa ou quente. É a mulher de macacão, ca-pacete e fazendo o mesmo trabalho que o homem”, garante.

A FBTS é o único órgão que possui todas as etapas para a formação desses profis-sionais. Além de ministrar o curso, a Fundação qualifica e certifica o profissional.

Foto Agência Petrobrás

Cursos FoRmação, TReinamenTo e capaciTação de peSSoal

“”

A FBTS é o único órgão que possui todas as etapas de formação,

além de qualificar e certificar o profissional.

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41 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

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odos destacaram o mo-mento especial em que Pernambuco está vi-vendo em relação aos

investimentos e aos desafios a enfrentar.

Em paralelo ao CONSOL-DA, aconteceram dois even-tos: o 1º Workshop Inter-nacional de Soldagem na Área Naval e Offshore, com representantes de empresas nacionais e instituições es-trangeiras. Dentre os parti-cipantes estrangeiros, pode-mos destacar o Eng. Richard Boekholt, Presidente do SC Shipbuilding do International Institute of Welding – IIW.

Além de outras questões abordadas, a importância da formação do engenheiro de soldagem foi amplamente destacada, não somente para a fabricação e montagem dos equipamentos, mas também quando do projeto do mes-mo. Mostrou-se que em mui-tos projetos a execução ficou comprometida em função de algumas juntas que foram especificadas e não possibili-taram acesso para a soldagem adequada e posterior limpeza. A necessidade da melhoria da formação do profissional de nível superior de soldagem já tinha sido apontada no es-

T

tudo prospectivo que a FBTS realizou, o que corrobora a direção que a FBTS está to-mando nos seus esforços de formação de pessoal.

Outro evento que aconte-ceu também no CONSOLDA foi o Painel sobre Soldagem para Torres Eólicas. Os palestrantes deste evento destacaram os desafios, as melhores práticas, a produtividade e a qualidade da construção das torres. Os processos de soldagem que foram abordados como usu-ais foram o GMAW, o FCAW e o SAW. Segundo um dos construtores de torres, alguns desafios apontados foram os novos materiais com melhores propriedades mecânicas, para a redução de peso e melhoria da dutilidade, novos proces-sos de soldagem, melhoria e otimização dos processos existentes. Alguns fornecedo-res de equipamentos apre-sentaram soluções que estão sendo utilizadas em alguns países, tais como: o uso do arame simples até o multia-rames (seis ou sete arames), com deposição de 90Kg/h.

ConsumíveisEm relação aos trabalhos

técnicos apresentados no CONSOLDA, os consumíveis merecem destaque. Um deles foi a apresentação do eletrodo

Aconteceu em Recife, no período de 12 a 15 de outubro, o XXXVI CONSOLDA - Congresso Nacional de Soldagem realizado pela ABS – Associação Brasileira de Soldagem. A abertura contou com a presença do Presidente da Refinaria Abreu e Lima, Marcelino Guedes, do Presidente do Estaleiro Atlântico Sul, Angelo Bellelis, e do Gerente de Construção da P55 da Petrobras, Eng. José Luis Rodrigues da Cunha.

IntercâmbioEvento discute experiências que mostram necessidade de melhorar a qualidade do profissional de nível superior de soldagem no Brasil

Opinião conSolda 2010 - TecnologiaS de Soldagem em deBaTe

maRcelo maciel peReiRa – SupeRinTendenTe doS depaRTamenToS de cuRSoS e de geSTão Tecnológica da FBTS

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revestido do tipo baixo hidro-gênio impermeável. O trabalho mostrou o desenvolvimento de eletrodos revestidos imperme-áveis, aglomerados com polí-meros do tipo baixo hidrogê-nio. Esses eletrodos possuem um custo de fabricação inferior e não necessitam cuidados em seu manuseio anterior ao uso como os eletrodos básicos tradicionais. Adotou-se como ponto de partida a formulação típica de um eletrodo reves-tido classe AWS 5.1 E 7018.

Outro trabalho que teve des-taque foi o desenvolvimento de consumíveis para soldagem subaquática molhada. O traba-

lho apresentou um eletrodo revestido oxi-rutílico, que mos-trou resultados surpreenden-tes, quando em comparação com os eletrodos oxidantes e com os rutílicos. Com base nos resultados apresentados e nas especificações dos fabricantes os consumíveis testados foram classificados em dois grupos: eletrodos rutílicos e eletrodos oxidantes, com características bem distintas.

Quanto ao teor de hidro-gênio difusível, os resultados obtidos mostraram que os eletrodos oxidantes foram ca-pazes de produzir soldas com baixo teor de hidrogênio difu-

sível e, portanto, com menor risco de ocorrência de trincas a frio. Quanto às proprieda-des mecânicas, os eletrodos do tipo rutílico apresenta-ram os maiores valores de dureza e resistência à tração enquanto que o eletrodo em desenvolvimento apresentou os melhores resultados de dutilidade e tenacidade. Os resultados mostraram que a união entre as características dos revestimentos dos dois tipos de eletrodos propicia-ram um novo eletrodo com propriedades superiores no que concerne a resistência mecânica e tenacidade.

CONSOLDA 2010

Amostras A, C e E pertencem a eletrodos comerciais.

A amostra EXP apresenta a amostra experimental. O gráfico revela que na soldagem executada com profundidade de 20 metros o eletrodo experimental apresentou um quantidade consideravelmente menor de poros em relação aos existentes.

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preparação para os dois megaeventos en-volve não apenas uma infinidade de núme-

ros, mas também o debate sobre os conceitos que devem norteá-la. Na área de soldagem, a presença

Infraestrutura

A

Qualidadena soldagem

Certificação e inspeção entram em campo para garantircopa 2014 e jogoS olímpicoS

Fotos Divulgação

Copa do mundo e Jogos Olímpicos põem em jogo o legado para a engenharia na área de soldagem

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45 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

de certificações rigorosas pode se tornar uma ferra-menta para uma mudança de mentalidade na constru-ção e em outras áreas.

Desde que o primeiro de-les foi anunciado, naquele outubro de 2007, tem sido difícil acompanhar o balé das cifras. Dia a dia, acrescen-tam-se novos algarismos à sopa de números envolvidos na organização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Um de-safio para os economistas e gestores, para o setor pú-

blico, para os empresários e para a sociedade em geral. E também, claro, para a en-genharia brasileira. Trata-se de uma das maiores injeções de investimentos na cons-trução civil já realizados no país. Que traz em seu bojo a necessidade de atrelar tec-nologia e sustentabilidade ao escopo de equipamentos e serviços. Não à toa, a disputa de 2014 tem sido chamada “Copa Verde”.

As 12 cidades-sede do mundial de futebol vão re-ceber investimentos de in-

fraestrutura da ordem de R$ 14,54 bilhões. Desse total, R$ 4,6 bilhões serão usados na construção e moderni-zação dos estádios, R$ 2,84 bilhões na reurbanização e embelezamento das cidades e R$ 3,2 bilhões na expansão e adequação de comple-xos hoteleiros. Já os Jogos Olímpicos de 2016 deverão receber mais de R$ 3,7 bi-lhões em recursos públicos. A origem: investimentos do governo federal, do estado e da prefeitura do Rio, vindos de parcerias com a iniciativa

InfraestruturaPor JULiAnA GUiMArãeS

Projeção em 3d do projeto do Estádio Cuiabá

Qualidadena soldagem

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”“

Até 2014, o país terá de modernizar

aeroportos, estradas, construir ou

reformar estádios e equipamentos

esportivos

privada ou financiamentos em projetos para modernizar a infraestrutura da cidade, em instalações esportivas e pagamento de salários e trei-namento de profissionais. Só a prefeitura prevê R$ 2,6 bilhões em programas como implantação de BRTs (corre-dores de ônibus articulados), expansão de ciclovias e ur-banização de comunidades, entre outros.

O estudo “Brasil Susten-tável - Impactos Socioeco-nômicos da Copa do Mundo de 2014” apresentado em junho pela Ernst & Young e FGV (Fundação Getúlio Vargas) — até agora, a mais completa pesquisa realizada sobre o tema — vai além. Ele aponta que a Copa do Mundo de 2014 vai injetar R$ 142,39 bilhões na econo-mia brasileira nos próximos quatro anos, sendo R$ 22,46 bilhões somente para a infra-estrutura e organização do evento. Os jogos mundiais vão gerar no período 2010-2014 um impacto direto sobre o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de R$ 64,5 bilhões, valor que correspon-de a 2% do valor estimado para o PIB neste ano, de R$ 2,9 trilhões. Entre os setores mais beneficiados, de acordo com a pesquisa, em primeiro lugar está a construção civil, que, sozinha, vai gerar um impacto direto e indireto so-bre o PIB de R$ 8,14 bilhões adicionais.

Números à parte, fato é

que, até 2014, o país terá de modernizar aeroportos e es-tradas, construir ou reformar estádios e demais equipa-mentos esportivos, reformu-lar soluções de infraestrutura e assumir de vez compromis-sos que há tempos já vinham se impondo — como, por exemplo, a inclusão definitiva da sustentabilidade em sua pauta de debates.

Arquitetos reunidosMas como, afinal, fazer

desses dois megaeventos a oportunidade de deixar um legado efetivo para a enge-nharia brasileira? Diferentes entidades têm se organizado para debater a questão. O Sindicato da Arquitetura e da Engenharia organizou o fórum Time de Arquitetos da Copa 2014, que reúne os “ca-beças” envolvidos nas obras dos principais equipamentos esportivos para o mundial. O grupo se encontra a cada três meses para o debate de uma extensa pauta de questões, que tem como foco, segundo eles, “o papel do arquiteto como mola-propulsora do desenvolvimento e da revi-talização urbana”.

“As primeiras reuniões

Detalhes em 3d do projeto do Estádio Cuiabá

Divulgação

Infraestrutura copa 2014 e jogoS olímpicoS

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47 FBTS em ReviSTa Ano 2 - Número 5 - Novembro de 2010

InfraestruturaPor iSABeLLA MoTTA

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foram marcadas por discus-sões sobre especificações de material, soluções de projeto, relação com con-tratantes. Em seguida, a discussão concentrou-se no compromisso com uma Copa Verde, ou seja: com a sus-tentabilidade dos projetos”, descreve o vice-presidente do Sinaenco e Coordenador do Time dos Arquitetos da Copa, Leon Myssior. “Nesta etapa, os debates focam a preocupação com a fideli-dade e o respeito das obras aos projetos, aos materiais escolhidos, à operação dos empreendimentos e, natu-ralmente, com a agenda poli-tica interferindo em serviços técnicos”.

Uma das grandes pre-ocupações do grupo é a dificuldade de articular a integração dos equipamen-tos com um conceito mais amplo de “entorno”. Em ou-tras palavras: garantir que os projetos sejam não apenas ambientalmente sustentá-veis, mas também social e economicamente.

“Os gestores públicos con-tinuam relutando em com-preender a importância de projetos executivos comple-tos, do planejamento de fato e do gerenciamento como ferramentas legítimas e fun-damentais para a execução de quaisquer obras”, protes-ta Myssior. “Essa é, porém, a única forma de assegurar que um orçamento seja real,

e garantir a qualidade da obra e sua performance ao longo de seu ciclo de vida”.

“Não se deve associar a sustentabilidade somente às certificações”, adverte o arquiteto Eduardo Guilger, do Grupo Stadia, escritório responsável pelo projeto da Arena Amazônia e coautor do projeto de Cuiabá, em sua parte esportiva. “A sus-tentabilidade hoje é uma ne-cessidade mundial. Por este motivo, todos os projetos e construções realizadas no pais já possuem normativas NBR 16001 e 14001, ISO 26000 e práticas construtivas que visam a esse fim, como o uso de madeiras certifica-das, a captação e o reuso de água da chuva e a geração de energia solar e eólica”.

Na prática, todas as Are-nas que servirão de palco para os jogos deverão ter a Certificação Ambiental co-nhecida como Leadership in Energy and Environmen-tal Design (Leed). Trata-se de um sistema internacio-nalmente reconhecido que atesta construções susten-táveis. Na prática, consis-te na verificação de que a construção ou a comunidade foi projetada e construída com estratégias focadas em aumentar a eficiência em questões como economia de energia e de consumo de água, redução nas emissões de CO2, aumento da qualida-de dos ambientes internos, administração dos recursos e sensitividade aos seus im-pactos. Desenvolvido pelo

Projeção em 3d do projeto do Estádio Parque antartica em São Paulo

Infraestrutura copa 2014 e jogoS olímpicoS

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U.S. Green Building Council (USGBC), o Leed proporciona aos donos e operadores das obras uma estrutura resu-mida, a fim de identificar e programar soluções práticas e mensuráveis para projetos, construções, operações e manutenções.

Na área de soldagem, a presença de certificações tão rigorosas pode se tornar uma ferramenta para uma mu-dança de mentalidades. Há a expectativa, por exemplo, de consolidar a consciência da importância dos inspetores de certificação durante as obras de diferentes tipos. “No setor de petróleo a presença de um inspetor de soldagem é uma exigência. Mas em outras áreas nem sempre persiste essa menta-lidade”, explica José Alfredo Bello Barbosa, que lidera os

departamentos Técnico e de Certificação de Qualidade da FBTS. A Fundação tem mos-trado, por meio de diferentes estudos, a importância deste profissional dentro dos can-teiros. “As análises de custo comprovam como a atuação de profissionais qualificados garante a redução da sucata, por exemplo. Além disso, re-forçam o quesito segurança”, prossegue Barbosa.

Saneamento longe do idealApontado como o calca-

nhar-de-aquiles deste pano-rama, o saneamento básico — e o projeto de sua univer-salização — é um exemplo de que ainda estamos longe de potencializar o legado social da Copa e dos Jogos Olímpicos. Segundo estudo da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de

Base (Abdib), a área de sane-amento básico recebeu R$ 6,8 bilhões em investimentos em 2009, o maior volume de recursos nos últimos anos. Desde 2003, os investimen-tos no setor atingiram, em média, R$ 4,7 bilhões por ano. No entanto, o setor re-quer R$ 13,5 bilhões por ano, por 20 anos seguidos, para garantir a universalização do saneamento básico, incluin-do tratamento de esgoto.

“Até 2014, um levantamen-to realizado pela Abdib nas cidades-sede da Copa aponta que serão investidos cerca de R$ 12 bilhões em projetos nas áreas de água, esgoto e tratamento de resíduos, dos quais, até junho deste ano R$ 7,2 bilhões estavam em andamento. O montante não é suficiente para solucionar os gargalos de anos de investi-mentos postergados, mas são investimentos importantes para melhorar a qualidade de vida da população e dos visitantes durante e após os eventos, levando desenvolvi-mento social às cidades-sede”, destaca o vice-presidente executivo da entidade, Ralph Lima Terra. E também são em-preendimentos que exigem muito da área de soldagem.

Fato é que os investimen-tos feitos ainda são abaixo do volume necessário, e nesse rit-mo a universalização só deve ocorrer em 40 anos, em vez dos 20 previstos. “A situação financeira de muitas empre-

Complexo poliesportivo do Maracanã

InfraestruturaFotos Divulgação

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sas estaduais, responsáveis por 77% dos atendimentos, é preocupante”, justifica Ter-ra. “Com saúde financeira prejudicada, elas não têm condições de conseguir novos empréstimos para expandir a rede e melhorar serviços. Muitos gestores públicos, principalmente nos municí-pios, não conseguem realizar um planejamento adequado para estipular e cumprir metas factíveis e realistas de inves-timentos e para identificar fontes de recursos”.

TecnologiaUma novidade e tanto foi

anunciada em outubro pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa vin-culada ao Ministério da Ciência e Tecnologia: ela vai financiar projetos de inovação tecnoló-

gica voltados para o esporte. O programa de investimento, batizado de 2014-Bis, tem o objetivo de identificar, plane-jar e promover esses projetos, utilizando os próximos grandes eventos esportivos do país.

“No momento em que es-tão previstos investimentos em infraestrutura e servi-ços para que o Brasil possa receber esses dois eventos

de grande porte, a meta do novo programa é exercer uma atuação mobilizadora e financiar projetos de ino-vação tecnológica voltados para a área esportiva, um de-les ligado à melhoria do de-sempenho de nossos atletas, o Laboratório Olímpico”, afir-mou o diretor de Inovação da Finep, Eduardo Costa, duran-te o workshop que marcou o lançamento do 2014-Bis.

Durante o mesmo even-to, o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, afirmou que o governo pre-tende subsidiar empresas de telefonia para a expansão de sua rede nas cidades-sede da Copa de 2014 com a tecnologia LTE, a 4G da te-lefonia móvel. Novos dados para a sopa de números da Copa e da Olimpíada, e para o necessário debate sobre como transformar os dois eventos em responsáveis por uma mudança de rumos positiva no cenário da enge-nharia nacional.

Infraestrutura copa 2014 e jogoS olímpicoS

Estádio Vivaldão Manaus

Estádio das Dunas em Natal - RN

Fotos Divulgação

Foto Arq

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Pré-sal deSaFioS a 2 mil meTRoS de pRoFundidade

FPSO Cidade de Angra dos Reis - Deque inferior interno

Plataforma P XVI no Rio de Janeiro reparo e atualização para exploração de Presal

Fotos Agência Petrobrás

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odas essas novidades tecnológicas — que, há alguns anos, pare-ceriam saídas de um

filme dos Jetsons — esti-veram presentes na edição 2010 da Rio Oil & Gás Expo and Conference, o principal evento de Petróleo e Gás da América Latina.

Entre 13 e 16 de setem-bro, os visitantes que pas-saram pelo Rio Centro pu-deram conferir, em cinco pavilhões, as novidades de empresas do Reino Unido, Noruega, França, Estados Unidos, Holanda, Dinamar-ca, China, Argentina, Bél-gica, Alemanha, Canadá e

Itália, entre outros. O braço mecânico de manipulação e intervenção pertencia ao estande da Orteng e do ECA Group, que também exibia um robô em forma de submarino, chamado Alistar 3000 AUV, para inspeção e monitoramento de poços e oleodutos. A embarcação,

não tripulada, mede 5 me-tros e pesa 2,3 toneladas. Integrada com sensores e câmeras, está habilitada a fazer qualquer tipo de po-sicionamento dinâmico a 3 mil metros de profundida-de. Já a tinta anti-incêndio é um produto da Tintas Corco-vado. O simulador, por sua vez, era uma das atrações do estande da Bosch Rexroth.

Mas, apesar da diversida-de de soluções tecnológicas apresentadas pelos 1,3 mil expositores, a grande estre-la da feira foram mesmo os desafios da produção do pré-sal. Materiais, equipamen-tos, parcerias e tecnologias inéditas destinadas a enfren-tar a exploração do petróleo nas profundezas do mar de-ram o tom do evento.

“A indústria brasileira está investindo para se atuali-zar tecnologicamente, seja

Um braço mecânico de movimentos tão precisos que consegue segurar uma garrafa de champanhe e servi-la numa taça de cristal. Uma tinta que suporta até duas horas de chamas, deixando intactas estruturas de ferro, cimento e piso durante incêndios. Um simulador capaz de reproduzir a ação das ondas em alto-mar.

T

“”A indústria brasileira está investindopara se atualizar, seja por tecnologia própria

ou estrangeirade ponta

Óleo & Gás

de olhono futuro

Novidades tecnológicas projetadas para o pré-sal marcaram a edição 2010 da Rio Oil & Gas.

FBTS ajuda a indústria a superar atuais desafios

Por JULiAnA GUiMArãeS

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Rio Oil & gas - Estande da PetrobrasFotos Agência Petrobrás ”

“Os grandes

investimentos que ocorrerão na área de óleo e gas dão maior conforto

às empresas para apostar nos setor

por desenvolvimento de tecnologia própria ou prin-cipalmente pela associação ou aquisição de tecnologia estrangeira de ponta”, des-taca a diretoria da Mills, empresa brasileira que atua em construção, montagem e manutenção industrial e de equipamentos. “Os grandes investimentos, que ocor-rerão em um prazo longo, levam as empresas a ter um maior conforto para fazer essas apostas”.

Mais segurançana soldagem

Na Rio Oil & Gás, a em-presa apresentou o Mills Habitat, um módulo de PVC pressurizado com instalação segura para os funcionários em trabalhos a quente de plantas industriais de óleo e gás. O produto aumenta a segurança na operação

de soldas, queimas e corte em plataformas e refinarias, ambientes com risco de explosão. Isso porque, dife-rentemente dos habitáculos convencionais, feitos de lona ou madeira, o módulo da Mills é composto por pai-néis anti-chama, flexíveis e modulares. Além disso, tem um controle de detecção de gás: todo o fluxo de ar que é enviado para a pressurização do ambiente passa por ele.

Fruto de parceria com a es-

cocesa SafeHouse, o módulo já foi utilizado no pré-sal por meio de dois contratos em offshore com a norueguesa BW Offshore e a japonesa MODEC, para aplicação em reparos em duas plataformas de petróleo do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading), nas bacias de Santos e de Campos.

Outra companhia pre-sente na feira, a Queiroz Galvão está atenta aos desafios do pré-sal e da renascida indústria naval. “As empresas brasileiras têm, como maior desafio, estarem capacitadas de for-ma a consolidar sua posição no mercado mundial como fornecedoras de navios e plataformas”, aponta André Gustavo de Farias Pereira, diretor de Mercado Indus-trial da construtora. “Para tanto, é necessário superar alguns gargalos principais, tais como a carência de mão-de-obra qualificada e as deficiências de infraes-trutura. Isso exige ações conjuntas de empresários e governo, para construir uma política eficiente de qualificação e de investi-mentos em infraestrutura – energia, estradas, portos - essenciais para o desen-volvimento do país”.

Resultado da busca per-manente por técnicas ino-vadoras, a Queiroz Galvão festeja o sucesso de soluções

Pré-sal deSaFioS a 2 mil meTRoS de pRoFundidade

Fotos Agência Petrobrás

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Presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli na abertura da Rio Oil & Gas

tecnológicas como as usadas na Unidade de Tratamento de Gás Monteiro Lobato, em Caraguatatuba, São Pau-lo. “O empreendimento é executado pelo Consórcio Caraguatatuba, do qual a Construtora Queiroz Gal-vão faz parte e é líder. No gasoduto, o uso pioneiro do aço X-80 e da solda auto-matizada foram os grandes diferenciais tecnológicos”, conta Pereira. “Fabricado pela primeira vez no Brasil, pela Confab, o material pro-porciona mais resistência utilizando menos aço e con-sequentemente menos tra-balho de solda, permitindo economizar matéria-prima e recursos naturais. A ado-ção da solda automatizada também acelerou o processo de conclusão do gasoduto, dispensando a presença do soldador no campo, sendo necessária apenas a atuação do operador da máquina”.

A vez do alumínioDe olho na indústria de

petróleo e naval, a Rohr, empresa de estruturas tubu-lares, apresentou durante a Rio Oil&Gas o seu conceito de Engenharia de Acesso. Trocando em miúdos: uma linha de equipamentos que prima pela leveza e pela pro-dutividade, como escadas, andaimes de acesso, pisos, alçapões, rodapés, acessó-rios e tubos de alumínio, para serviços em plataformas

”“

Além de materiais e equipamentos, os desafios do pré-sal também estiveram

no centro dos debates da Rio Oil

&Gás

off shore. A empresa, porém, acrescenta que a ideia vai muito além do fornecimen-to de equipamentos. “En-genharia de Acesso é uma tecnologia em manutenção de plantas industriais que contempla desde o projeto técnico para a análise das ne-cessidades de cada estrutura até o desenvolvimento de soluções específicas, além de equipe treinada para garan-tir a segurança do processo e a eficiência dos resultados”,

define Manuel Escaleira, di-retor de operação da Rohr. Ele acrescentou que a ma-deira que era anteriormente utilizada no processo, dentro deste novo conceito já pode ser substituída por alumínio, material renovável que deixa as operações mais práticas e com menor custo.

Além das novidades em materiais e equipamentos, os desafios do pré-sal tam-bém estiveram no centro dos debates da Rio Oil&Gás. Carlos Felipe Guimarães Lodi, gerente-geral de Pla-nejamento de Logística da Área de Abastecimento da Petrobras, apresentou em sua palestra as principais dificuldades que ainda te-rão de ser vencidas para o trabalho nas bacias: a gran-de distância da costa (350 quilômetros, em média) e a profundidade da explo-

Óleo & Gás

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”“

Os desafios do pré-sal tem levado

a Petrobras a convocar seus

parceiros a trazerem suas

instalações para o Brasil

ração (que chega a 2.200 metros). Ele explicou que condições como altura de ondas, ventos e correntes devem influenciar as solu-ções tecnológicas empre-gadas. E destacou que um dos problemas relevantes é o desenvolvimento de uma solução dutoviária, que sir-va de modal alternativo e complementar.

Dentro deste contexto, o Centro de Tecnologia em Dutos (CTDUT) anunciou durante a feira que está analisando a construção de novos laboratórios e a ade-quação de algumas de suas instalações para atender às demandas do pré-sal.

Arthur J. F. Braga, Gerente Executivo do CTDUT, aponta prováveis caminhos: “Exis-tem avanços no sentido de dutos construídos a partir de tubos inteligentes, dota-dos de chip eletrônico para monitoração, que poderão fazer grande diferença na forma como lidamos hoje com gerenciamento da inte-gridade. Outra área que tem grande importância, inclusi-ve pelo alcance ambiental, é a construção de dutos sem abertura de valas, através de furos direcionais”.

Fora as óbvias dificuldades de instalar dutos a profun-didades de 2 mil metros de lâmina d’água — o que de-manda revestimentos de alto isolamento térmico — outro grande obstáculo é a presen-

ça de fluidos agressivos, de dióxido de enxofre, de CO2, e de água de alta salinidade, cuja combinação com o óleo e com o gás provoca desgas-te e corrosão acentuados nos risers e nos dutos atualmen-te disponíveis no mercado. A esse respeito, o CTDUT tem participado de pesquisas relacionadas ao isolamento térmico de risers, em parce-ria com a PUC-Rio.

Além disso, o CTDUT inaugura, no primeiro se-

mestre de 2011, uma uni-dade piloto para Testes em Proteção Catódica, Pesquisa e Avaliação de Revestimentos Anticorro-sivos em Dutos no país. A Unidade Piloto está sendo construída em uma área de aproximadamente mil me-tros quadrados, e permitirá a realização de testes e simulações de situações encontradas no campo.

Os desafios gerados pelo pré-sal, porém, também tem levado a Petrobras a convocar os seus parceiros a trazer suas instalações para o Brasil. Na Rio Oil & Gas, o presidente da Schlum-berger na América Latina, Hatem Soliman, afirmou que, até o final deste ano, a empresa vai inaugurar o seu Centro Tecnológico na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o segun-do da empresa no país, que

Pré-sal deSaFioS a 2 mil meTRoS de pRoFundidade

Rio Oil & Gas Pavilhão 4 da feira

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”“

A FBTS tem tomado a frente de diversas iniciativas

para ajudar a indústria brasileira

a enfrentar seus atuais desafios

já tem um em operação no município de Macaé.

Atuação da FBTSA FBTS também tem to-

mado a frente de diversas iniciativas para ajudar a in-dústria brasileira a enfren-tar os seus atuais desafios. “Os investimentos no setor petróleo impulsionam a ge-ração de empregos em toda a cadeia de valor do setor, e nos coloca também desafios tecnológicos importantís-simos”, destaca Marcelo Maciel Pereira, Superintende Executivo de Gestão Tecnoló-gica da Fundação. “Somados a eles, e não podemos dei-xar de destacar, há a ques-tão do conteúdo local. Se não tivermos a capacidade adequada, a velocidade das entregas dos equipamentos de uma maneira geral pode-rá ser afetada”.

Marcelo ressalta que esse ambiente exige uma aborda-gem proativa das instituições — postura que a FBTS tem preservado e estimulado. Um exemplo é a criação do Centro de Excelência em Soldagem (CES), em 2008, que se utilizou do modelo de Centros e Redes de Excelên-cia da Coppe-UFRJ e da Ge-rência de Desenvolvimento de Sistemas de Práticas de Gestão da Petrobras. “CES é um conjunto de recur-sos físicos, humanos, finan-ceiros, de conhecimentos, tecnologias e metodologias

próprias e de parceiros es-tratégicos que, reunidos por iniciativa de suas lideranças, buscam alcançar e manter a supremacia em um cam-po escolhido, a valorização contínua e sustentada dos elos da rede formada e a transformação dos recursos em produtos, processos ou serviços inovativos”, resume o superintendente.

A motivação para a criação do CES foi alavancar a indús-tria brasileira de construção onshore e offshore, tendo

como instrumento básico a capacitação, a automação e a inovação tecnológica e de gestão de forma sustentável e competitiva. Já foram rea-lizados três projetos estrutu-rantes: capacitar a FBTS com instalações laboratoriais, credenciá-la junto aos ór-gãos específicos de financia-mentos de projetos de P&D e definir uma metodologia de identificação de carteira de projetos inovadores.

“Esses investimentos tam-bém trazem para o Brasil em-presas estrangeiras de todos os perfis”, festeja Marcelo. “A indústria brasileira deve buscar de forma consistente a melhoria da produtividade e redução dos seus custos de produção a fim de se posicio-nar à frente dos competido-res mundiais”.

Além disso, a FBTS elabo-rou em 2009 um trabalho de estruturação de uma es-

Rio Oil & gas - Estande da Ibp

Óleo & Gás

Fotos Divulgação - Agência Petrobrás

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Plataforma P XVI: Reparo e atualização para exploração no Pré-sal

Pré-sal deSaFioS a 2 mil meTRoS de pRoFundidade

”“A FBTS desenvolveu

uma estratégia tecnológica,

para definir uma carteira de projetos

inovadores em soldagem no setor

do petróleo

tratégia tecnológica focada no setor do petróleo, com o objetivo de definir uma carteira de projetos tecnoló-gicos inovadores em solda-gem. Esse trabalho envolveu uma pesquisa qualitativa, um estudo de roadmapping tecnológico e painéis temá-ticos com atores da rede de valor do setor petróleo e gás, tendo em visa a redu-ção de custos e o aumento da produtividade.

“Dentre os temas identi-ficados, podemos destacar a formação de profissionais em soldagem de nível supe-rior. A formação de recursos humanos é fundamental para o enfrentamento destes desafios, sem ele não pode-remos fazer nada”, ressalta Marcelo. “Como resultado direto desse trabalho pode-mos exemplificar os Cursos de Especialização em Solda-gem que estamos fazendo com a Universidade de São Paulo – USP, que já está na segunda turma”.

Outra iniciativa é a busca da FBTS por parcerias no exterior. A FBTS fez recen-temente uma visita ao The Welding Institute (TWI), em Cambridge (Inglaterra), com o objetivo de propor uma parceria para a formação de engenheiros de soldagem brasileiros. Marcelo acres-centa: “Estivemos também na Feira Internacional em Essen, Alemanha, com o ob-jetivo de conhecer e identifi-car novas tecnologias”.

Foto Agência Petrobrás

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