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FÉ E POLÍTICA Fé e Política são como o ar e a água, as duas contém o mesmo “oxigênio”: o Espírito de Deus que tudo anima na direção do Reino. E assim como as duas visam libertar, também podem servir para dominar, como a fé dos fariseus ou a política dos opressores. Fé e política não são a mesma coisa. A fé é o oxigênio que o Senhor nos dá (por ela captamos a presença de Deus no qual somos, existimos e nos movemos). Assim como o ar nos dá vida, a fé nos faz participantes da vida de Deus. Por ela somos integrados à comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A política é uma ferramenta de construção do Reino diferente da fé. Ela tem algo que não é próprio da fé: o “hidrogênio” das análises da realidade e das estratégias de luta. O mandamento : A fé e a política destinam-se ao mesmo objetivo de realizar o projeto de Deus na história. Mas não são a mesma coisa, são diferentes Para reflexão em Grupo: 1 – Qual o projeto de Deus na história? 2 – Como a fé e a política podem ajudar para esse projeto? Não há água sem oxigênio: não há fé sem política. A fé é um dom encarnado. Toda vivência de fé é vivência de uma comunidade politicamente situada. Quando a comunidade cristã afirma que só faz religião e que não se mistura fé com política é porque ela não sabe o que diz, ou está mentindo para encobrir com a fé os seus reais interesses políticos. Toda comunidade cristã aparentemente a-política só favorece a política dominante. Passa cheque em branco aos políticos que se encontram no poder. Jesus, em razão da sua fé, morreu assassinado como prisioneiro político. Como Jesus, o cristão deve viver sua fé no compromisso libertador com os oprimidos. Seja qual for o modo de o cristão viver este compromisso evangélico, ele sempre terá consequências políticas. O mandamento: A vivência da fé é necessariamente política. A Fe pode sacralizar a opressão ou iluminar a libertação. Para reflexão em Grupo: Você conhece algum fato que sirva de exemplo para as duas realidades? O ar que respiramos não custa nada. É de graça. Assim é a fé:- é dom de Deus. A água não é de graça. Custa dinheiro, exigem-se técnicos e ciência para obtê-la. Assim é a política, não é dom de Deus, é um aprendizado. O Mandamento: A fé é um dom que nos vem de Deus através da Igreja, da comunidade dos que creem. A Política é uma ferramenta que exige aprendizado. Para reflexão em Grupo: Como aprender política?

Fé e Política

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Page 1: Fé e Política

FÉ E POLÍTICAFé e Política são como o ar e a água, as duas contém o mesmo “oxigênio”: o Espírito de Deus que tudo anima na direção do Reino. E assim como as duas visam libertar, também podem servir para dominar, como a fé dos fariseus ou a política dos opressores. Fé e política não são a mesma coisa. A fé é o oxigênio que o Senhor nos dá (por ela captamos a presença de Deus no qual somos, existimos e nos movemos). Assim como o ar nos dá vida, a fé nos faz participantes da vida de Deus. Por ela somos integrados à comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A política é uma ferramenta de construção do Reino diferente da fé. Ela tem algo que não é próprio da fé: o “hidrogênio” das análises da realidade e das estratégias de luta.O 1º mandamento : A fé e a política destinam-se ao mesmo objetivo de realizar o projeto de Deus na história. Mas não são a mesma coisa, são diferentesPara reflexão em Grupo: 1 – Qual o projeto de Deus na história? 2 – Como a fé e a política podem ajudar para esse projeto?

Não há água sem oxigênio: não há fé sem política. A fé é um dom encarnado. Toda vivência de fé é vivência de uma comunidade politicamente situada. Quando a comunidade cristã afirma que só faz religião e que não se mistura fé com política é porque ela não sabe o que diz, ou está mentindo para encobrir com a fé os seus reais interesses políticos. Toda comunidade cristã aparentemente a-política só favorece a política dominante. Passa cheque em branco aos políticos que se encontram no poder. Jesus, em razão da sua fé, morreu assassinado como prisioneiro político. Como Jesus, o cristão deve viver sua fé no compromisso libertador com os oprimidos. Seja qual for o modo de o cristão viver este compromisso evangélico, ele sempre terá consequências políticas.O 2º mandamento: A vivência da fé é necessariamente política. A Fe pode sacralizar a opressão ou iluminar a libertação.Para reflexão em Grupo: Você conhece algum fato que sirva de exemplo para as duas realidades?

O ar que respiramos não custa nada. É de graça. Assim é a fé:- é dom de Deus. A água não é de graça. Custa dinheiro, exigem-se técnicos e ciência para obtê-la. Assim é a política, não é dom de Deus, é um aprendizado.O 3º Mandamento: A fé é um dom que nos vem de Deus através da Igreja, da comunidade dos que creem. A Política é uma ferramenta que exige aprendizado.Para reflexão em Grupo: Como aprender política?

O ar que respiramos e a água que bebemos podem ficar poluídos. Assim acontece com a fé e a política. Uma

política voltada contra o povo e uma fé desencarnada, legalista, contraria aos direitos dos necessitados.

O 4º mandamento: Uma política contrária aos direitos do povo faz da fé expressão de uma religião “ópio do povo”. Esta religião só ajuda aos interesses dos opressores.Para reflexão em Grupo: 1 – Como a Religião tem ajudado os opressores? 2 – Como tem ajudado os oprimidos e excluídos?

A água não pode existir sem união do oxigênio com o hidrogênio. Mas, o ar que respiramos não necessita e

não contém quase nenhum hidrogênio. O que seria da nossa vida se não houvesse o sol? A política pode ser

bem feita por quem não tem fé. E nem sempre os que têm fé fazem política bem feita. Não significa que deve

haver “política cristã”. Deve haver uma política justa, democrática, voltada para a maioria. Uma política assim, inevitavelmente deverá se encontrar com as verdades da fé.O 5º mandamento: A Política é autônoma, não depende da fé.

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Mas, uma política popular caminha necessariamente na direção do horizonte apontado pela fé.Para reflexão em Grupo: 1 – Você participa de algum movimento que não seja da Igreja? Qual? 2 – Como a fé o (a) ajuda nesta participação?

O ar enche os pulmões e envia oxigênio para alimentar o nosso organismo. Mas, o ar não serve para lavar as

mãos. A água limpa o corpo, mas não serve para respirar. A fé não tem receitas para resolver

administrativamente problemas como a dívida externa, a reforma agrária, a moradia ou a saúde pública. Isto é tarefa da política. A fé mostra o sentido da política: dar vida a todos.O 6º mandamento: Fé e política são coisas diferentes que se completam na prática da vida.Para reflexão em Grupo: podemos contar alguns factos que ilustrem esse mandamento?

Para ser puros e saudáveis, o ar e a água precisam ser tratados. Do mesmo jeito a fé exige participação na comunidade para ser evangélica. E a política exige participação nas lutas populares e o estudo dos problemas sociais para ser consequente.O 7º mandamento: A fé é “tratada” na Igreja, onde é celebrada, anunciada e refletida. A política é melhor “tratada” nos movimentos populares, sindicais e nos partidos que assumem os direitos dos oprimidos e excluídos.Para reflexão em Grupo: 1 – Qual a importância da participação na Igreja e na política? 2 – Porque há conflitos quando uma pessoa quer participar de ambos?

Todo mundo respira o ar, mas nem todos tomam banho diariamente e do mesmo jeito. Assim, na Igreja os cristãos têm na fé o ar comum que todos respiram. Mas, na hora de levar para a prática os valores da fé, nem

todos agem do mesmo jeito e na mesma direção. A água é sempre a mesma, o jeito de usá-la é que varia.

Assim, é preciso não exigir na política, o mesmo consenso que há na Igreja em torno da fé. Quando o cristão ingressa na esfera da política, não deve esperar que todos estejam mais ou menos de acordo. A política tem

ideologias, tendências, grupos de pressão e ambições pessoais ou de grupos. Na política, cada uma de suas

esferas – a dos movimentos populares, a sindical ou a partidária – têm seu jeito próprio, sua especificidade, seus critérios, sua linguagem própria.O 8º Mandamento: Não devemos confundir a esfera da explicitação religiosa da fé, a Igreja, com as esferas políticas. Mas, embora diferentes, são complementares.Para reflexão em Grupo: Como, na sua participação, fé e política se complementam?

Se o rio fica sujo, poluído, o oxigênio da água diminui e os peixes morrem asfixiados. A água do rio necessita da pureza do oxigênio para preservar a vida. Assim acontece com a política: ela precisa dos valores evangélicos

para não ficar poluída. Valores como direitos dos necessitados, vida para todos, partilha de bens, poder como

serviço e outros. Não significa que a política deva ser feita em nome da fé. Ela deve ser feita em nome do amor, da verdade e da justiça aos oprimidos e excluídos.O 9º mandamento: A fé cristã contém valores que criticam e norteiam a atividade política.Para reflexão em Grupo: 1 – Quais são esses valores? 2 – Eles conseguem, de fato, atingir e nortear a atividade política?

Para ser pura, a água exige cuidados ou tratamento. Assim, para ser popular a política exige mediações (meios): vinculação com a luta popular, reflexão e análise dos problemas, teoria política, conhecimento da

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história das forças políticas, etc. O ar é a vontade. Mas se a pessoa não faz exercícios o pulmão começa a

diminuir e fica atrofiado. A pessoa fica sem resistência. O mesmo acontece com a vida de fé: se não participamos da comunidade, dos sacramentos, da leitura da Bíblia, das celebrações e orações, a nossa fé vai ficando fraca, atrofiada.O 10º mandamento: A política é tanto mais popular quanto mais a gente se encontra ligado à luta do povo. A fé é tanto mais evangélica quanto mais a gente se liga ao Deus da vida através da comunidade cristã.Para reflexão em Grupo: - Vamos participar no grupo e dizer como cada um se sente ligado à luta do povo e à construção do projeto do Deus da vida.