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40 ANOS 1973 - 2013 Revista especial em homenagem aos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria Ilustração: Elias | Cores: Jô

Feira do Livro 40 anos

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Revista especial em homenagem aos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria (1973-2013).

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40ANOS1973 - 2013

Revista especial em homenagem aos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria

Ilustração: Elias | Cores: Jô

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2 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Escrever sobre a Feira do Livro de Santa Maria é lembrar da nossa própria história, da história da ci-dade, dos santa-marienses, dos agregados, que quem faz desse lugar o seu lar. Produzir esta revista foi uma tarefa de reencontro com essa his-tória e de tentar, na medida do pos-sível, colocar na revista alguns dos fatos e pessoas mais importantes, embora saibamos que nem todos couberam nas páginas que chegam até você, caro leitor. Considerando que é um produto experimental, feito por acadêmicos de Jornalis-mo do 4º semestre da Unifra, podemos afirmar que a apuração foi o mais cuidadosa possível, a produção do texto foi pensada e repensada, e a revisão do material foi feita até o limite do que poderíamos fazer. Então, está sendo entregue a você, uma parte da história da

Feira do Livro de Santa Maria, que não traduz tudo o que aconteceu nestes 40 anos, porque, afinal, seria muita ousadia pretendermos isso. Mas aqui está um relato fiel e honesto, em textos que se pretendem bons

de ler e que tem informação para acrescentar a todos que se interes-sarem pelo tema. É com alegria que entregamos esta revista a você. É com esperança de estar contribuin-do para que possamos fazer parte dessa história da Feira e que, daqui a algum tempo, este material que você tem em mãos seja fonte de consul-

ta confiável sobre os 40 anos dessa Feira menina, que ainda vai crescer muito. Uma boa leitura e uma ótima Feira para você!

Glaíse Bohrer PalmaProfessora orientadora / Editora

Editorial

Trouxemos uma parte da história da Feira do Livro

ExpedienteRevista produzida pelos alunos do 4º semestre 2013/01 do curso de Jornalismo do Centro Universitário Franciscano (Unifra)

Reitora: Iraní Rupolo Pró-reitora de Graduação: Vanilde BisogninCoordenadora do curso: Sione GomesProfessora orientadora / Editora: Glaíse Bohrer Palma (disciplina de Redação Jornalística IV)Projeto gráfico e diagramação: prof. Iuri LammelFotografias: Laboratório de Fotografia e Memória - Coordenação da professora Laura FabrícioProfessor colaborador: Carlos Alberto BadkeEquipe de reportagem: Aline de Almeida Lopes, Ca-rina de Carvalho Rosa, Carolina Santana de Oliveira, Gilson Leandro Medeiros Stefenon, Jenifer Lasch, Karine Kinzel Gomes, Maiara Cristine Strassburguer, Mariana Pedrozo da Silva, Silvana Righi Leal, Tamires Rosa da Silva, Tiéle Almeida de Abreu.

Impressão: Gráfica Editora PallottiTiragem: 800 unidades

Entidades organizadoras da Feira do Livro 2013

Prefeitura de Santa Maria: Secretaria da Cultura e Secretaria da Educação

Universidade Federal de Santa Maria: Faculdade de Comunicação SocialGabinete do ReitorEditora da UFSM

Centro Universitário Franciscano – UNIFRA:Curso de JornalismoCurso de Publicidade e Propaganda

8ª Coordenadoria Regional de Educação

Serviço Social do Comércio – SESC/RS

Serviço Social da Indústria – SESI/RS

Câmara do Livro de Santa Maria

Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria – CESMA

Revista especial em homenagem aos 40 anos da Feira do Livro de Santa Maria

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3Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Transgressões compartilhadas

Escrever sobre feiras de livros é sempre gratificante. Só não é mais gratificante do que estar numa feira e participar dela, na frente ou atrás do balcão, como leitor ou como es-critor. Desde que me mudei para Porto Alegre, em 1982, frequento a Feira local sem faltar um ano sequer. Escrevi “frequento” porque é isso mesmo. Frequentar é diferente de visitar, de dar uma passadinha para aproveitar os descontos ou ir a uma sessão de autógrafos só para não desapontar um amigo. Frequentar é estar lá todos os dias, é viver o cli-ma, é olhar e descobrir aquele livro que a gente nem sabia da existência, mas que, por uma razão qualquer, comprá-lo ou não passa a ser uma questão de vida ou morte.

Meu primeiro contato com uma feira foi em Santa Maria, quando o evento era responsabilidade da Fa-culdade de Comunicação Social da UFSM, cabendo sempre aos segun-dos anos a tarefa de organizá-la. Foi a Feira de Santa Maria, portanto, aquela que despertou em mim o fas-cínio pelo convívio com os livros e me fez criar o hábito de frequentá-la e não apenas me comportar como um mero visitante.

Com o tempo, e por natureza, esses nossos objetos de fascínio vão mudando de lugar, vão se tornando do tamanho do oceano, uns ganhan-do pernas outros criando asas, uns tangíveis outros para sempre perdi-dos. Mas o certo é que dos primei-ros a gente nunca esquece. E é com essa sensação, de escrever sobre algo eterno, que me lembro das primeiras

Por Tailor Diniz*

Frequentar é estar lá todos os dias, é viver o clima, é olhar e descobrir aquele livro

feiras de Santa Maria, das suas pou-cas barracas no entorno do coreto da Praça Saldanha Marinho, das con-versas paralelas entre uma venda e outra, da leitura “Dos vinte” de Neru-da [“Me gustas cuando callas...”], das transgressões compartilhadas que ti-nham como indiscretas testemunhas os livros e a paixão sugerida por eles.

Parabéns pelos 40!

* Tailor Diniz é autor, entre outros, dos livros A superfície da sombra, a ser adap-tado para o cinema em 2014, e Crime na Feira do Livro, que está sendo traduzido para o alemão e será lançado na Feira do Livro de Frankfurt, em outubro próximo.

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4 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

A Feira além dos livrosConsagrada como evento de literatura na região, a Feira do Livro também oferece espaço para outras manifestações culturais

A história dos 40 anos da Feira do Livro de Santa Ma-ria poderia ser escrita em inúmeros capítulos, com dife-rentes formas narrativas, e seus personagens seriam di-versos. Essa história poderia também resumir-se em um só livro, e seu exemplar faria parte das diferentes bancas e estandes que ficam expostos durante os 16 dias de Fei-ra. Afinal, que leitor não gosta de passear pela Praça e sentir o cheiro de livro novo? Aquele aroma que o aguça e desperta a tirá-lo da prateleira e colocar cada linha da história em sua memória.

Durante quatro décadas, as edições da Feira do Livro

de Santa Maria agregaram diferentes espaços culturais para públicos diversificados: adulto, jovem e infantil. A programação cultural da Feira é pensada com bastante tempo de antecedência. Hoje, são quatro entidades res-ponsáveis pela programação cultural: SESI, SESC, Opss Comunicação e Chili Produções. Cada uma corresponde a uma área de cultura e lazer, oferecendo ao público op-ções de literatura infantil, peças teatrais, bate-papo com escritores, shows musicais e “contação” de histórias.

Por Tiéle Abreu

Crianças tem espaço cativo

A criançada tem horário diário marcado na praça, às 15 horas, du-rante todo o evento. Para ela, são reservados os espetáculos teatrais. Rose Carneiro, produtora cultu-ral da Chili Produções, conta que essa é sua segunda edição de Feira. Ela revela que adora trabalhar com crianças, são elas que formam a pla-teia, tornando-se então leitores. “É

preciso puxar a criança, não dizen-do para ela que é bom ler, é preciso ir por outros caminhos, a criança é muito crítica, é preciso trabalhar a arte para chamar a atenção para outras coisas, é assim que funcio-na”, diz Rose, avaliando a literatura na peça teatral. Os grupos que rea-lizam as apresentações teatrais são, em sua maioria, santa-marienses.

Livro Livre traz convidados especiais

Nas noites de Livro Livre, parte integrante da pro-gramação noturna da Feira, que este ano acontece de 27 de abril a 12 de maio, são realizados bate-papos com convidados da literatura local, regional e nacio-nal, que relatam suas vidas e obras já publicadas em diversos campos, como: jornalístico, educacional, musical ou literário. A conversa é mediada por algu-ma pessoa da cidade que domine o tema abordado, o estilo da conversa é dinâmico, bem-humorado e tam-bém são abertos espaços para perguntas da plateia.

Logo após o bate-papo, o autor realiza a sessão de autógrafos. A produtora cultural da Opss Comunica-ção, Júlia Muraneto, responsável pelo projeto Livro Livre, conclui que o objetivo principal da progra-mação é a diversificação dos tipos de apresentações culturais, onde são incluídas a literatura, a dança, a

música e o teatro. O evento deve ser apreciado sem moderação, e a programação é aberta a toda cidade, com entrada franca.

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FERNANDO CUSTÓDIO / UNIFRA

A cantora santa-mariense Graziela Wirtti e o violonista argentino Matias Arriazu em duo na Praça

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5Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

SESI e a Educação Infantil

Há 18 anos o Serviço Social da Indústria (SESI) faz parte da Feira do Livro de Santa Maria. O geren-te de Operações da Região X – Santa Cruz e Santa Maria, Saulo Oliveira, destaca que o objetivo da ins-tituição é levar saúde, educação, lazer e responsa-bilidade social para os trabalhadores e seus depen-dentes, sendo que na área de educação o trabalho é voltado para a educação infantil.

Ele destaca que a leitura é trabalhada com as crianças nas dependências do SESI desde o berço. O principal trabalho desenvolvido na Praça é a insta-lação do espaço Centro Cultural, que são duas car-retas, com a estrutura interna equipada com mesas, sofás, TVs e acessibilidade para cadeirantes. Este ano o espaço ganhou um layout novo e a parte in-terna é bastante atraente para as crianças; todos que passarem pela Saldanha Marinho poderão conhecer a estrutura.

O Centro Cultural nada mais é do que uma bi-blioteca móvel que possui um acervo cultural de 4 mil livros e 10 notebooks com acesso à internet. No espaço são realizados trabalhos lúdicos para que a criança se interesse pela cultura, interaja com os li-

vros e com os meios e, futuramente, por meio da leitura e da cultura, se transforme em um adulto e cidadão capaz de replicar isso.

A entidade tem grande expectativa para os 40 anos de Feira, já que ela é um marco da cidade. Se-gundo Oliveira, trazer o público jovem à praça fará com que eles retomem as suas rotinas e encontros sociais. Ele acredita que a Praça, daqui há alguns anos, não comportará a Feira do Livro, e talvez seja preciso um lugar de maior porte, com capacidade para mais estandes, pessoas e parceiros.

Tenda SESC e a “contação” de histórias

Quarenta anos de Feira do Livro mostra que San-ta Maria, além de possuir um vasto cenário literário, ainda é rica no quesito artístico e cultural. A produ-tora cultural do Serviço Social do Comércio (SESC), Vanessa Giovanella, destaca que a programação dos 40 anos será leve, depois do que a cidade vivenciou no início do ano, e que a Feira será emotiva, mas não triste. Ela aponta que o diferencial deste ano é a diversidade na progra-mação cultural. O evento inova com projetos que reúnem várias linguagens.

Em 2012 o SESC fe-chou uma parceria com o projeto Livro Livre onde inclui duas noites com sho-ws musicais. Em relação a isso, a produtora comenta a sua lembrança da adolescência, “as pessoas sempre esperavam por shows de bandas na Feira, o que foi se perdendo com o tempo. Então, decidimos voltar à proposta de manter shows relacionados à literatura

com cunho cultural e apresentados por bandas au-torais”.

A atração da entidade é a Tenda SESC que, este ano, tem como propósito aumentar o espaço para que os alunos visitantes prestigiem as “contações” de histó-rias. Os espetáculos serão apresentados pelo grupo do Teatro Por Que Não? e as “contações” serão feitas pelo

grupo Andarilho. Have-rá também o lançamento do livro “O Príncipe que Nasceu Azule”, em que a “contação” da história será feita pelo ator santa-ma-riense Marcelo Aquino.

Este ano, o espaço físi-co da Feira está maior. A Praça Saldanha Marinho continua a mesma, mas você já pensou se todas

as histórias fossem contadas no Parque Itaimbé? Pois é, Vanessa palpita que realizar a Feira futuramente no parque, será a melhor opção. Quem sabe “a gente” se encontra e conta os próximos quarenta anos de história em outro lugar? O que talvez possa mudar é o espaço, mas “A Feira é para sempre”, como define a produtora.

MARK BRAUNSTEIN - LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA

LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA UNIFRA ANA GRÜTZMANN, LAB. FOT. MEM.

No espaço SESI crianças podem ler e acessar a internet

À esquerda: show da banda Rinoceronte. À direita: contação de histórias realizada no espaço da Tenda SESC

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6 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Os narradores do cotidianoProfissionais da literatura e do jornalismo são destaques nos 40 anos de Feira do Livro

A Feira do Livro de Santa Maria é um dos grandes projetos culturais da cidade. Durante duas semanas a população santa-mariense tem a oportunidade de invadir o mundo da cultura, literatura e teatro.

Na programação, vários nomes da literatura e do jornalismo já pas-saram pela Praça Saldanha Marinho. Acompanhe a seguir o que alguns deles contaram à equipe da revista sobre suas experiências na Feira.

Troca de ideias com Juremir Machado

Escritor, professor, jornalista e colunista do jornal Correio do Povo, Juremir leciona no curso de Jornalismo na PUC-RS e coordena o Programa de Pós-graduação em Comunicação na mesma univer-sidade. Já publicou 25 obras, entre eles “Getúlio”, livro que conta um

romance histórico sobre Getúlio Vargas. É através dessa publicação que o escritor veio a Santa Maria, participar do projeto Livro Livre. Para ele a Feira é um sucesso. “Uma linda feira. Com referências, bons autores, interesse dos leitores e es-paço para troca entre os que amam livros”, relata. Para o autor, é fun-damental encontrar leitores, trocar, ouvir ideias e poder falar sobre suas obras e projetos. Em relação ao pú-blico santa-mariense, o jornalista conta que foi muito bem recebido.

Debate com Márcia Tiburi

Filósofa e escritora, Márcia pu-blicou diversos livros de filosofia. Acostumada a participar de di-versos eventos literários, esteve na Feira em 2010 no projeto Li-vro Livre, onde conversou com o

público sobre os livros “O Corpo Torturado e Mulheres” e “Filoso-fia ou Coisas do Gênero”, além das intenções de novos lançamentos. Para a escritora, o debate e a sessão

Marcia Tiburi esteve na Feira em 2010 e conversou com o público sobre seus livros

Juremir Machado (à direita) no bate-papo do Livro Livre na Feira do Livro de 2012, com o jornalista Claudemir Pereira

LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA

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de autógrafos foram muito bons. “Havia um grande número de pes-soas, o debate foi muito generoso. Foi adorável participar desse pro-jeto”, comenta a autora.

Gabito Nunes e a literatura na web

Natural de Porto Alegre, aos 16 anos começou a se interessar pelo mundo da poesia. Como base de suas produções está a internet e o blog, aliando a tecnologia a litera-tura. O cronista da web ganhou o prêmio de Top Blog Brasil 2010, com seu extinto blog Caras Como Eu. Veio a Santa Maria em 2012 contar um pouco de suas experi-ências como escritor da rede e diz que o Livro Livre foi sua primei-ra participação na Feira do Livro como convidado. “Considero uma pequena vitória não apenas pesso-al, mas da literatura em si. Que co-meça a quebrar com preconceitos e paradigmas aceitando escritores que tem a internet e o blog como base”, salienta. “É interessante sair da zona de conforto, estar de frente com a curiosidade do leitor a res-peito do seu trabalho, como você construiu aquele personagem, o que te inspira, como é o processo de criação”, comenta o autor, que não esquece a interação com o público santa-mariense. Para ele, Santa Maria é a primeira cidade, além da capital, onde possui tantos apreciadores do seu trabalho.

Jornalismo e Literatura com Marcelo Canellas

Jornalista formado pela Uni-versidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1987, há anos Canellas trabalha como repórter da TV Glo-bo. Já participou da Feira do Li-vro de Santa Maria três vezes: uma como entrevistador do também jor-nalista David Coimbra, outra como convidado e a última para um bate--papo no projeto Livro Livre, sobre a aproximação entre jornalismo e li-teratura. Para ele, o Livro Livre mos-tra vitalidade. “Há convivência e

partilha de conhecimento, com de-bates e discussões que o aproximam da comunidade”, destaca. As expe-riências com os leitores santa-ma-rienses também são mencionadas pelo repórter. É através das crônicas que publica em jornal que Marcelo

tem a resposta imediata do público com o seu trabalho. “Esse diálogo com quem lê é, para o cronista, uma enorme satisfação”, conta.

Por Mariana Pedrozo e Maiara Strassburger

Escritor Gabito Nunes, com a professora de Jornalismo da Unifra Luciana Carvalho

O repórter da TV Globo Marcelo Canellas em uma de suas participações

É fundamental encontrar leitores, trocar, ouvir ideias e poder falar sobre as obras e projetos.

Juremir Machado

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8 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

A literatura festeja40 anos de FeiraA Feira está de aniversário, os livros parabenizam, os escritores aplaudem e o público ganha o presente

Era maio de 1973 e os alunos de Comunicação Social da Universida-de Federal de Santa Maria tinham uma responsabilidade em mãos: re-tomar a Feira do Livro. O propósito dos estudantes era fixar o evento, que já ocorrera em outros anos, no calen-dário anual da cidade. A missão foi cumprida e a Feira consolidou-se.

O local escolhido para essa traje-tória foi a Praça Saldanha Marinho. O contato com a cultura estava na Praça, ao alcance de quem passava por ali. Charmoso e aconchegante, o cenário que integra a Feira do Livro

sempre foi ponto de encontro dos santa-marienses, no centro da cida-de e de fácil acesso.

Diferente do que conhecemos hoje, as primeiras edições eram vol-tadas para o público universitário. Naquela época, havia pouco mais de dez bancas destinadas a vender livros a preços acessíveis. Durante esse percurso a “aniversariante” ga-nhou uma identidade, cresceu e se tornou referência no estado. Teve a honra de receber ilustres autores, tais como Luis Fernando Veríssimo e Moacyr Scliar. Foi berço de lança-

mentos memoráveis e convidados importantes.

Ao longo dos anos, a Feira am-pliou-se, muitas tradições man-tiveram-se e outras surgiram. As histórias e as ilustrações dedicadas às crianças ganharam um ambien-te paralelo, a Feira do Livro Infan-til. Foi criado o “Livro-Livre”, um bate-papo com intuito de aproximar escritores e público. Desde então, o mesmo espaço também serve de palco para apresentações culturais, tais como espetáculos de dança, tea-tro e música.

Comemorar 40 anos só foi possível com empenho, dedicação e parceria das livrarias, editoras, escritores e ins-tituições organizadoras do evento.

Por Carina Carvalho, Karine Kinzel e Silvana Righi

A “aniversariante” ganhou uma identidade, cresceu e se tornou referência

KARINE KINZEL, LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA

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9Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

A história da festa dos livrosEm 26 de maio de 1973 foi inaugurada a 1º Feira do Livro. Nas três primeiras edições ela era chamada Feira Univer-sitária do Livro. O nome faz referência à ideia dos alunos da Faculdade de Comunicação Social (FACOS) da UFSM, de criar um espaço para vender livros com preços acessíveis.

Em 1975, a IIIª Feira do Livro contabilizou um total de 1500 exemplares vendidos. Organizar o evento passou a ser uma tradição para o curso de Comunicação Social.

No ano de 1984, é criada a primeira Feira do Livro Infantil, com programação especial voltada para os leitores mirins.

Em 1985, os santa-marienses puderam conhecer o renomado escritor Caio Fernando Abreu e conferir o lançamento do primeiro vídeo inde-pendente produzido na cidade. Nesta edição, em menos de três dias, foi contabilizado um total de vendas de R$ 6.545,00, na época, o equivalente a 18 milhões de cruzeiros. (conforme conversão feita pela equipe da revista)

A Feira promovida pelos alunos do curso de Comunicação Social da UFSM encerrou suas atividades no ano de 1989. A falta de apoio de instituições públicas e privadas foi a maior difi-culdade encontrada pela comissão organizadora.

Em 1978 já era possível encontrar livros infantis.

“Quem não lê, mal ouve, mal fala e mal vê”. Esse foi o slogan da IVª Feira, em 1976.

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A Feira em seus primeiros anos, na década de 1970

Nos anos 80 começa a Feira do Livro Infantil

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Nos anos 80, além das tradicionais bancas, havia um ambiente destinado a exposições e palestras. A XIª Feira do Livro contou com a presen-ça de Moacyr Scliar, que palestrou so-bre literatura brasileira.

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10 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

1991

A novidade da Feira do Livro de 2001 foi a opção da troca de livros, conhecida como a Feira do Troca--troca. Nesse ano também ficou ins-tituído que a Feira aconteceria no primeiro semestre do ano, nos meses de abril e maio.

Em 2002, a prin-cipal inovação da 29ª edição da Feira foi o Cyber Café, localizado na Casa de Cultura, que possibilitava o acesso livre e gra-tuito à internet.

Em 2003, os organizadores da 30ª Feira do Livro retomam a Feira do Livro Infantil, esquecida desde 1989.

Em parceria com o po-der público, a direção e o diretório acadêmico da FACOS assumiram riscos e responsabilidades, decidindo retomar a Feira. No ano de 1995 os livros voltam para a praça Saldanha Marinho. A atração principal da 23ª edição foi o escritor gaúcho Luis Fernando Veríssimo.

A partir desse ano a Feira co-meçou a ter um patrono que, na oportunidade, foi José Mariano da Rocha Filho. Na retomada, em 1995, além dos livros, as atividades cultu-rais se mantiveram. Atrações de música, teatro e dança fi-zeram parte da programação. Vender livros com descontos já era característica da Feira.

Em 1996, Moacyr Scliar retorna a Santa Maria para participar da Feira, 18 anos após sua primei-ra visita.

O segundo patrono foi Luis Guillherme do Prado Vep-po, primeiro escritor local

a lançar sua obra na Feira, o livro de poe-mas “O Girassol Azul”.

A partir dos anos 2000 a Feira se consagra como o maior evento literário da região centro do estado.

Nos anos 90 a Feira se amplia

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Para suprir a falta da Feira, que não aconteceu em 1990, a Secretaria de Cultura promove a I Feira Municipal do Livro em 1991. A iniciativa não deu certo e, nos anos seguintes, a Cidade Cultura ficou sem Feira.

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11Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Uma trupe de cronis-tas santa-marienses reuniram-se na Feira do Livro de 2004 para lançar o livro “Trem dos Onze”. A obra foi escrita por: Tânia Lo-pes, Marcelo Canellas, Humberto G. Zanatta, Antônio Cândido Ri-beiro, Orlando Fonse-ca, Pedro Brum Santos, Diomar Knrad, José Bicca Larré, Ludwig Larré, Vitor Biasoli e Máximo Trevisan. 

Em 2010, Caco Bar-cellos e Moacyr Scliar estiveram presente no bate-papo proposto pelo Livro Livre.

Em 2012, a Feira bateu o recorde de venda com mais de 51 mil exemplares comercializados. Essa edição ficou marcada pela morte da homenageada Maria Luiza Ritzel Remédios durante a Feira. O já tradicional bate-papo proposto pelo Livro Livre trouxe à praça Saldanha Mari-nho nomes como Rodrigo Lopes, Marcelo Canellas, Gabito Nunes e Paula Taitelbaum. O evento também contou com a pre-sença do escritor Luis Fernando Veríssimo.

No ano de 2011, o que chamou a atenção na Feira do Livro foi a campanha “A leitura combate a ignorância”.

Personalidades como Mario Prata, Fabrício Carpinejar, MV Bill e Marcelo Canellas foram os convidados desse ano.

“Suas histórias contam nossos 40 anos” Com esse slogan, a Feira do Livro de Santa Maria traz a persona-gem Clarissa, que teve conta-to com a primeira Feira aos cinco anos de idade. Em 2013, além de visitar a Feira, ela lançará seu livro. E com essa ideia a cidade comemora a data especial.

Em 2008 a Feira ganha uma identidade visual definitiva, com o desenho de três pás-saros, formando um livro. A intenção é mostrar que a praça não é o limite e que os visitantes alcem voos pelo mundo da literatura.Com a campanha 150 Anos de Histórias na Ponta da Língua da Boca do Monte, a 35ª edição da Feira do Livro homenageou os 150 anos de Santa Maria, em 2008. Pro-jetos paralelos como o Circuito Elétrico e o Livro Livre surgiram nessa edição.O Circuito Elétrico é um projeto extensão da Feira com objetivo de levar lite-ratura aos frequentadores de bares e casas noturnas de Santa MariaO Livro Livre proporciona bate-papo entre escritores e público. Na primeira edição do projeto, destaque para Gabriel O Pensador.

2013O jornalista Marcelo Canellas participa do Livro Livre

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12 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Patrono e homenageados: os nomes do anoAs personalidades que constroem a identidade da Feira

Entre momentos marcantes e mu-danças que fizeram a Feira evoluir, não podemos esquecer as persona-lidades homenageadas que fizeram parte das edições. A comissão organi-zadora redefiniu, em 2001, quais cri-térios seriam utilizados para decidir quem receberia os títulos de patrono e homenageados. Eles são conferidos a personalidades de destaque no âm-bito literário de Santa Maria.

O primeiro patronoA Feira do Livro de Santa Maria,

em 1995, teve como primeiro pa-trono o reitor-fundador da Univer-sidade de Santa Maria (UFSM) José Mariano da Rocha Filho. Mariano da Rocha nasceu em 1915 e é o oi-tavo filho de José Mariano da Rocha e Maria Clara Marques Mariano da Rocha. Ingressou na faculdade de Medicina de Porto Alegre em 1932. Dois anos mais tarde fundou e pre-sidiu a Federação dos Estudantes

Universitários de Porto Alegre. Gra-duou-se em Medicina em 1937 e, na ocasião recebeu o prêmio Carlos Chagas, destinado ao melhor aluno da turma. No ano seguinte passou a dar aulas na Faculdade de Farmácia de Santa Maria.

Em 1956 consegue a autori-zação para o funcionamento do curso de Medicina. Em 1960 o presidente Juscelino Kubitschek conduz a cerimônia de criação das instituições. Em 18 de março de 1961, presidiu a cerimônia de instalação da UFSM no município, no Cine-teatro Glória. Foram então criadas a Faculdade de Agrono-mia, Veterinária, Filosofia e de Belas Artes. Em 1962 pu-blicou o livro “USN, a Nova Universidade”, no qual expõe as bases da Nova Universidade. José Mariano da Rocha Fi-lho morreu em 1998.

Você sabe quais são os critérios utilizados pela comissão organizadora da Feira do Livro para escolher o patrono e homenageado? Conversamos com a professora Cristina Jobim Hollerbach, re-presentante do Centro Universitário Franciscano, Unifra, na Comissão Organizadora da Feira que esclareceu como funciona a escolha dos homena-geados. Segundo ela, a partir de 2001 os critérios foram melhor definidos. “Quando nos reunimos, estabelecemos critérios mais claros. Embora eles já existissem antes, não eram muito verbalizados”, destaca ela.

O patrono deve ser alguém com significativa ex-pressão literária, que não precisa ter nascido aqui,

mas têm que estar estabelecido na cidade. “Ele tem que escrever em Santa Maria ou sobre Santa Maria. Tem que ter essa conexão com a cultura local, com a literatura local”, afirma Cristina.

A homenagem póstuma, como diz o nome, é de-dicada a uma personalidade santa-mariense muito influente no mundo literário local que já morreu.

A categoria de homenageado é um título mais recente, instituído há dois anos. O critério utili-zado é que a pessoa atue na área da educação. “Normalmente tem relação com a literatura, mas não necessariamente tenha publicações. Então são pessoas que trabalham através da educação com a literatura”, comenta Cristina.

Critérios para a escolha

ARTE IURI LAMMEL

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13Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

E para retratar uma pequena parte desses 40 anos de Feira do Livro de Santa Maria, buscamos figuras ilustres do mundo literário que ocuparam o título de patrono para falar suas experiências, fatos marcantes, curiosida-des e a importância deste que é um dos grandes eventos literários da região central.

Terreno fértil para o desenvolvimento de literatura

Mestre em Literatura Brasileira e Doutor em Linguís-tica e Letras, ele é figura ilustre na história da Feira do Livro. O professor Orlando Fonseca acredita que o es-paço seja uma excelente oportunidade para divulgação dos trabalhos produzidos por autores locais. Ele mesmo, que já foi patrono da Feira, em 2005, e tem publicações premiadas na área da literatura, com poesias, crônicas, novelas, romances, ensaios, peças de teatro e revistas de humor, considera a Feira uma iniciativa que incentiva o seu trabalho e de tantos outros autores locais que, como ele, encontram na Feira um lugar fértil para o desenvol-vimento das artes literárias.

Como ex-secretário de Cultura do município aposta que todas as formas de arte, não só a escrita, são essen-ciais para o desenvolvimento de Santa Maria. Exemplo disso, é o seu envolvimento com o musical Imembuí que compôs juntamente com Otavio Segalla. A arte, para Orlando Fonseca, se desmembra em inúmeras vertentes e essa característica do autor, de diversas obras literárias, o faz um verdadeiro artista.

O incentivo à leituraQuem também convive nesse mundo literário é o ad-

vogado e jornalista Humberto Gabbi Zanatta. Ele acom-panha a Feira desde o seu nascimento, foi patrono em 2009, patrono da Feira do Livro Infantil em 2003 e guar-da na memória muitas lembranças. Entre as mais mar-cantes, está a de uma edição na década de 1960, quando Luiz Guilherme do Prado Veppo lançava seus primeiros livros de poesias. Mas o que realmente o marcou foi um

acontecimento em específico. “Um morador de rua, que conhecia por outras façanhas - bem distantes da leitura e da vida dita civilizada - declarou-se leitor e pediu que eu lhe comprasse dois livros. Um para ele e outro para uma filha, recém aprendendo a ler. E o que é bonito, até hoje sei que ambos, além de outros familiares, continuam lei-tores”, comenta Humberto.

Feira do Livro InfantilAs crianças conquistaram seu espaço na Feira do Li-

vro no ano de 1984. Seis anos depois a Feira do Livro deu uma pausa. Ela reiniciou definitivamente na década de 90, mas as homenagens na Feira do Livro Infantil de San-ta Maria só iniciaram de fato em 2003. Para a escolha de patrono e homenageados, a preferência foi para autores de livros infantis locais. De acordo com a coordenadora da Biblioteca Pública Henrique Bastide e representante

da instituição na Comissão da Feira, Rosangela Rechia, a partir de 2011 essas homenagens acabam, por não haver mais autores de livros infantis locais para homenagear. Para sanar a falta de escritores de literatura infantil em Santa Maria a Academia Santa-mariense de Letras rea-liza há dois anos um concurso para descobrir novos ta-lentos nessa área, para assim dar continuidade e publicar livros infantis. O primeiro escritor local a receber essa honraria foi Humberto Gabbi Zannata, em 2003.

Fonseca participa ativamente da cena literária da cidade

Zanatta já foi patrono da Feira do Livro Infantil

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14 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Descoberta e identificação com o mundo dos livros

Desde muito novo, Jorge Ubiratã da Silva Lopes, o Byrata, se interessou pelo hábito de ler. Reflexo do incen-tivo familiar pela leitura, que foi importante para a desco-berta e a identificação com o mundo dos livros. A oportu-nidade de ser patrono da Feira do Livro Infantil, em 2009, proporcionou ao cartunista receber o reconhecimento da população santa-mariense. Na ocasião ele pode expor o seu melhor trabalho e também suas ideias. Na sua opi-nião, desde que foi patrono a Feira do Livro evoluiu em relação a público e participações. Os quarenta anos da Feira significam, em sua opinião, “a permanência de um espaço dinâmico de valorização da literatura e demais ati-vidades culturais em Santa Maria”.

O olhar de uma “escrevinhadora”

Tânia Terezinha Lopes começou a participar desse grande evento literário que é a Feira do Livro na década de 1980, quando participou informalmente com seu pri-meiro livro “Limites”. E, desde então, participa tanto como leitora quanto como escrito-ra. “Tomei gosto e tenho par-ticipado tanto como leitora, apreciadora e consumidora

de livros, como ‘escrevinhado-ra’ ”, comenta Tânia. Para ela

esses quarenta anos significam a consolidação de uma vocação cultural de Santa Maria. O que mais marcou nesse tempo em que participa da Feira foi ser escolhida como patrona da Feira do Livro Infantil e Adulto. Na oportunidade, pode relançar uma de suas obras infantis, Sacolino, e também ir em diversas escolas para reforçar a importância da leitura.

O que as palavras não dizem, desenhos traduzem

A Feira do Livro tem um grande significado na vida do chargista, graduado em Desenho e Plástica pela UFSM, Elias Ramires Monteiro. Ele se sente orgulhoso por ter vivido apenas 9 anos sem sua existência e con-fessa que sua relação com a Feira vai além das palavras. Seu primeiro contato mais significativo com o evento foi na edição de 1985, quando fez a ilustração do cartaz do mesmo ano e participou ativamente de todo o pro-cesso de produção do material gráfico de divulgação, da criação à impressão. Em 2007 foi escolhido para ser patrono da Feira do Livro Infantil, onde lançou seu se-gundo livro dirigido às crianças, “A Lenda do Menino Invisível”. “Nele, pretendi colocar em evidência o traba-lho do ilustrador, de forma a legitimar a escolha do meu nome para patrono e, também, com a explícita intenção de passar uma mensagem para os novos leitores: a de que o desenho não tem, necessariamente, a vocação para coadjuvante em relação ao texto. Com ele, quis dar um passo além da ideia de formar leitores: eu queria tam-bém formar autores”, explica.

Na Feira, o chargista conviveu com a estudante de jornalismo que mais tarde viria a ser a mãe dos seus filhos e teve o prazer e o orgulho de ver o desenho dos filhos ilustrando seus livros. “Nela vi meu filho de 7 anos ilustrando e autografando; nela autografei junto com minha filha; tive a sorte de trabalhar em dupla com profissionais excelentes na criação de cartazes; lá lancei meu primeiro livro infantil; lá fui homenageado e vi homenagens merecidíssimas a autores consagrados - e também a iniciantes - e a amigos. E os abracei e os aplaudi. A mesma Feira em que vi meus desenhos ilus-trando textos de vários e queridos escritores me deu tudo isso. E sinto que meus planos para ela ainda não acabaram”, comenta Elias.

Por Aline Lopes, Carolina Santana e Tamires Rosa

Santa Maria, Da Mãe Medianeira,Da bela Imembui...Teus braços e abraços De Quarentona Feira, Com carinhos E letras,Envolveram E amarraramPara sempre,Uma filha de Itaqui!

Tânia Terezinha Lopes

Tânia Lopes participa desde a década de 80 como leitora e escritora

Elias e sua relação com a Feira: “Para além das palavras”

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15Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Em um lugar calmo e rodeado de obras literárias, a patrona da Feira do Livro de 2013 nos recebeu para a en-trevista. Logo de início, descobrimos que ela adora fazer anotações nas bordas de todos os livros que lê. E ao longo de sua vida, desde quando aprendeu a ler aos quatro anos, Eugenia Maria Mariano da Rocha Barichello leu centenas de livros. Ela sempre encontrou um espaço só dela para ler. A menina, em meio a 11 irmãos, gostava de estudar.

Com 17 anos entrou no curso de Comunicação Social na Universidade Federal de Santa Maria. No ano seguinte ingressou no curso de Artes e logo após no de Veterinária. Mestre em Veterinária, Eugenia associava interesses entre as duas faculdades. Ela trabalhava o jornalismo científico para dar conta de fazer a intermediação entre os colegas do Jornalismo e os colegas pesquisadores da Veterinária. O talento para esquematizar as teorias biotecnológicas a fez tornar-se uma professora. Foi neste contexto que Eugenia começou a trabalhar com a docência na Comunicação.

Além de seu amor pela leitura, desde muito jovem ela nutria o hábito de ler filosofia. Quando escolhia um autor, devorava toda a sua produção, mas era advertida pelo pai quando exagerava nos filósofos. “Será que essa leitura não vai lhe prejudicar, minha filha?”, conta ela lembrando do pai. Em sua opinião toda obra é um pouco autobiográfica. “O autor se desnuda no momento da criação”, por isso ela gosta de ler tudo que um autor escreve, para conhecer não só a sua obra, mas também para descobrir um pouco sobre a sua personalidade.

É preciso ter âncora para navegarAo lembrar com entusiasmo de algumas leituras que

fez e que considera importantes, como a obra de Macha-do de Assis, um dos seus autores prediletos, Eugenia se afirma adoradora de lembranças e memórias, se diz uma memorialista antiquada que ao mesmo tempo trabalha com tecnologia na área da comunicação. Para explicar a ligação existente entre esses dois polos, ela sem perceber, faz poesia. “Eu acho que quando nos aventuramos em no-vos mares, nós precisamos ter uma âncora e essa âncora é a memória, quem tem lembrança, raiz, pode se aventurar pelo mundo, pelo novo, pelo desconhecido”, declara.

A patrona da Feira é autora de 5 livros, além de já ter co-laborado com 20 capítulos em outras obras, ser participan-

te frequente dos eventos e revistas acadêmicas com artigos científicos, ela ocupa a cadeira número 21 na Academia Santa-Mariense de Letras.

Eugenia respira Feira do LivroA filha do fundador da Universidade Federal de Santa

Maria fez parte da história da Feira do Livro desde o prin-cípio, quando viu o pai ser o primeiro patrono. José Ma-riano da Rocha Filho foi precursor da Feira em 1973 e, de lá pra cá, Eugenia também se tornou uma participante ativa do planejamento dela. Com espírito de solidariedade e compaixão pela cidade, em 1996 se uniu a um grupo de escritores e idealistas para reeditar a Feira que estava sem acontecer nos três anos antecedentes. Sem nenhum medo de novas empreitadas a professora se dedica ao trabalho e busca ajuda de amigos para fazer da Feira do Livro um evento de máxima importância para Santa Maria.

Grandeza de espíritoA patrona deste ano é uma pessoa modesta e calma,

mas também perseguidora de grandes projetos. Ela mesma conta que é em meio às leituras que se sente mais a vontade. “Passaria horas mergulhada no imaginário das literaturas e de diversos tipos de estudos, eu adoro”, afirma. Eugenia parece não esperar nenhum reconhecimento pelas coisas que faz, estuda ou produz. O modo singelo da escritora nos faz acreditar que pode ser através dos livros que se encontre o verdadeiro sentido da palavra grandeza.

Por Aline Lopes

A paixão pelos livrosAtravés da leitura pode-se encontrar o verdadeiro sentido da palavra grandeza

A professora e escritora relembra sua história junto à Feira do Livro de Santa Maria

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16 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

A professora homenageada da Feira do Livro deste ano destaca-se no cenário acadêmico da cidade pelo seu vasto conhecimento e também pela sua simpatia. Amanda Eloi-sa Scherer, 62 anos, filha de ferroviário, teve sua primeira experiência com a educação através dos livros Clássicos de Literatura trazidos da Biblioteca dos Ferroviários. Seu pai, que desempenhava função de escriturário, tinha o prazer de contar histórias para a pequena Amanda, que muito nova já ensaiava algumas primeiras leituras.

A primeira escolaA escola de infância foi o Colégio Sant’Anna. A escolha

foi a pedido da mãe que havia feito os estudos lá e tam-bém por Amanda ser a filha mais velha de cinco irmãos. Ali a professora de primeiro ano Maria Tereza foi uma das grandes responsáveis pelo encantamento de Amanda Scherer no universo das Letras. No ensino clássico, atu-al ensino médio, a professora de Literatura Lorissa Na-ble marcou Amanda. Lorissa indicou na época a leitura de Eça de Queiroz, O Crime do Padre Amaro. “Não foi a toa que a professora não durou muito tempo no colégio, (risos) porque a história do Crime do Padre Amaro não era boa para as meninas daquela época, né (risos)”, brinca Amanda. Muitas professoras foram, cada uma em uma fase diferente, responsáveis pela conscientização de que dar aula era mesmo o que Amanda queria.

Trajetória nas Letras Três anos depois de formada em Letras pela Uni-

versidade Federal de Santa Maria, em 1976, ela foi pela primeira vez para a França, através de uma política de formação de professores e voltou de lá, depois de dois anos, formada em Linguística Geral pela Université de Paris. Em Santa Maria prestou concurso em 1981 para ser professora da Universidade Federal e foi chamada em março de 82. Por 20 anos ela deu aula de Francês na UFSM. Depois foi a vez da Linguística, disciplina que le-ciona até hoje. O Mestrado e o Doutorado vieram entre 1988 e 1992 em Linguística, Semiótica e Comunicação pela Université de France-Comté, em Besançon, França. E no ano 2000 foi a vez do Pós-Doutorado na Université de Rennes 2, no mesmo país .

A preocupação dos seus estudos atuais é em relação

aos critérios de construção dos materiais que são usa-dos para a escolarização das Línguas. É nesse contexto que Amanda Scherer busca a história das Línguas, das culturas dos povos, dos imaginários sobre a sua forma de comunicação. Por isso ela viaja para vários lugares, a fim de entender mais sobre o processo de comunicação entre grupo de pessoas, ainda que não se fale a mesma língua. Lugares como Índia, China, Áustria, Alemanha, Espanha, Itália, Portugal, África, Rússia, França, País Checo, foram visitados por ela que estuda a subjetivida-de entre as relações humanas através da linguagem nas formas mais diversas que esta pode apresentar.

O convite Quando convidada para ser a professora homenageada

na Feira do Livro deste ano, Amanda ficou surpresa. Conta que, em termos de literatura, é uma voraz consumidora, adora Eça de Queiróz e outras literaturas internacionais. Vê a Feira do Livro como um espaço de apoio para os produ-tores e consumidores de literatura na cidade e se alegra em encontrar no universo da leitura o melhor lugar para viver.

Nesta realidade vive a professora Amanda Scherer, envolta de pelo menos duas enormes bibliotecas na sua casa e imersa em viagens, nas quais busca a compreen-são do mundo para que, na tentativa de conhecer a si própria, possa então conhecer melhor o outro.

Por Aline Lopes

Amanda Scherer e a trajetória profissionalAtualmente a professora estuda a subjetividade entre as relações humanas através da linguagem

Para Amanda, o universo da literatura é o melhor lugar para viver

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17Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

No ano em que a Feira do Livro de Santa Maria co-memora seus 40 anos é realizada uma linda homenagem póstuma a Antônio Isaia. Um homem talentoso que, através de sua arte, representou e eternizou a cidade na vida de todos os santa-marienses.

É inquestionável o capricho e o cuidado para manter o papel sempre limpinho, a mão leve para alcançar a perfei-ção nos traços finos e a riqueza nos detalhes de cada ima-gem, que pouco a pouco costura um pedaço da história de nossa cidade. São obras que prendem a atenção de quem as observa, encantam pela beleza e simplicidade e as fa-zem referências do acervo iconográfico santa-mariense.

Fazer parte da memória histórica e visual da cidade com obras que representaram cenários e personalidades que contribuíram para a formação cultural dos que aqui vivem é motivo de orgulho para a família do escritor. O genro de Isaia, Abdon Barreto Filho, aponta outras ques-tões importantes referentes à história do ilustrador. “Con-vém destacar que seus estudos sobre a Vila Belga, Theatro 13 de Maio, prédio da SUCV, entre outros prédios de San-ta Maria, são referências para a valorização do patrimô-nio arquitetônico e cultural da cidade”, comenta.

É muito satisfatório para a família do ilustrador sa-ber que as obras da coleção “Santa Maria Antiga”, circu-lam pelo Brasil e exterior confirmando a valorização da cidade.“Os trabalhos pioneiros de Antônio Isaia valori-zam os aspectos culturais e históricos da cidade, desen-volvendo a imagem positiva do ‘coração do Rio Grande do Sul’, reconhecida pela comunidade e pelos visitantes”, relata Barreto Filho.

Memória preservada nas redes sociaisSeja como pesquisador, escritor, historiador, pales-

trante ou desenhista, Isaia sempre demonstrou, através de suas atitudes, o interesse em preservar a memória da cidade. Seu grande feito faz com que os jovens de hoje co-nheçam o passado do local no qual vivem, através de seus desenhos ou livros. “O conhecimento da história valoriza o presente e apoia as ações na busca de um futuro melhor para todos. Os livros e os desenhos de Antônio Isaia con-tribuem para atingir os objetivos de construir uma cidade boa para viver e boa para visitar”, é o que explica o genro ao se referir ao grande legado deixado pelo historiador.

Ilustrador eternizou Santa Maria através da arteA beleza e a simplicidade foram rabiscadas em preto e branco na técnica bico de pena

Natural de Santa Ma-ria, Antônio Isaia nas-ceu em 11 de outubro de 1918. Descendente de família italiana era o oitavo filho do casal Giuseppe e Chiara Isaia. Foi casado com Julieta Ivone Tonin, pai de Marta, Lúcia, Raquel e Flávio e avô de Flávia, Ana, Bru-na e Davi. Estudou Farmácia em Porto Alegre e manteve durante 60 semanas no jornal Diário de Santa Maria a coluna Santa-marienses do Passado: retratos e relatos, com o objetivo de expandir e divulgar as passagens históricas conquistando mais aliados à preservação da história local.

A família estuda algumas possibilidades de realizar um projeto específico na internet, mais precisamente em redes sociais para dar mais visibilidade ao trabalho precioso, fonte digna de créditos e rica em detalhes so-bre a cidade. Assim, a técnica bico de pena poderá ser conhecida e observada por pessoas do mundo todo.

Homenagem póstuma emociona família

Essa homenagem póstuma mexeu com as emoções da família de Isaia, que se dispôs a colaborar para que esse trabalho saísse à altura do homenageado. Gentilmente, Julieta Ivone Tonin, viúva do ilustrador, abriu as por-tas de sua casa para a equipe da revista, buscando na memória acontecimentos e fatos marcantes, deixando--se levar pelas recordações e se emocionando em cada lembrança contada.

Antônio Isaia faleceu em 4 de julho de 2008. Apaixo-nado pela cidade onde nasceu e viveu, coube a ele tornar mais conhecidas as histórias, as personalidades ilustres e as clássicas paisagens de Santa Maria. O que faz os fami-liares se sentirem honrados pela homenagem, nesse que é considerado o maior evento cultural da região central e que se mantém há 40 anos levando conhecimento, for-mação e educação a todos visitantes e participantes.

Por Tamires Rosa

ARQUIVO PESSOAL

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18 Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Depoimentos de quem faz parte da história da Feira

UFSM

A Universidade em ação

Prefeitura Municipal de Santa Maria

A Feira como palco da promoção de idéiasA leitura é o caminho para a construção de uma so-

ciedade com autonomia de pensamento. Santa Maria tem seus mais importantes capítulos escritos por pessoas que, notadamente, buscaram na cultura a forma de manifestar suas idéias, influenciando, positivamente, a construção de uma sociedade crítica. Entre as diversas manifestações que fazem parte do nosso rico roteiro cultural, destaca-mos a Feira do Livro de Santa Maria, que nesse ano de 2013, chega aos seus 40 anos, homenageando aqueles que, ao longo dos tempos, se destacaram por promover o exer-cício do livre pensamento e da promoção da arte em suas diferentes manifestações: a patrona Eugênia Mariano da Rocha Barrichelo, a Professora Homenageada Amanda Eloisa Scherer, e o Homenageado Póstumo Antônio Isaia.

Saudamos a Comissão Organizadora da Feira do Livro de Santa Maria - 40 Anos, pela escolha destas ilustres fi-guras do nosso meio cultural. A cidade, através de um dos maiores e mais antigos eventos literários do Rio Grande do Sul, cada vez mais se consolida como um pólo da cul-tura, da arte e da literatura, incentivando novos escrito-res, valorizando a memória de importantes referências de nossa literatura. De 27 de abril a 12 de maio de 2013, a Praça Saldanha Marinho será mais uma vez palco da nossa tradicional Feira do Livro. Por isso, reforçamos o convite para continuarmos transformando a nossa socie-dade, pela crítica, pelo livre pensamento e pela promoção das idéias. Esse é o nosso desejo!

Cezar Augusto Schirmer, prefeito de Santa Maria

Na história cultural de Santa Maria, a Feira do Livro tem um espaço destacado na promoção da leitura e do desenvolvimento intelectual da nossa comunidade. Nes-te ano, em que se comemoram os 40 anos desse evento, a Universidade Federal de Santa Maria, em seus 52 anos de existência, tem orgulho em dizer de sua importância fundamental para a construção desta história. Ainda no ano de 1962, quando se produziu o embrião dessa ideia, a primeira Feira de Livro de que se tem notícia em nossa cidade carregava o apelido de “Universitária”, com certeza no ufanismo de se ver implantada aqui a primeira univer-sidade no interior do país. Naquele formato, a Feira não teve continuidade, por razões históricas, fáceis de detec-tar, pois ela foi interrompida em 1964, voltou em 1968 e não mais se realizou. Por iniciativa de inquietos estudan-tes do Curso de Comunicação Social da UFSM, em 1973, a Feira iniciou uma trajetória que chega até 2013, perfa-zendo quatro décadas de resistência.

No início da década de 70, o país atravessava um perío-do de exceção, com a censura e a repressão, em que, tanto a promoção de eventos de rua, como uma Feira cultural,

e a circulação de livros estavam sob vigilância estrita. Por isso é de salientar que aquela primeira edição da Feira do Livro foi um ato heroico. Tanto pelas restrições da con-juntura, quanto pelas dificuldades de atrair livreiros, edi-toras e autores para o interior do Estado. No entanto, para uma lição permanente às futuras gerações, aquele grupo foi à luta, dispondo-se a organizar, fazer os contatos com as distribuidoras, montar as bancas, vender os livros, e cuidar da programação. Esforço que não foi em vão, como podemos constatar hoje, quando, capitaneadas pela Câ-mara do Livro e pela Prefeitura Municipal, diversas outras entidades, entre as quais a UFSM, encarregam-se de er-guer o maior evento cultural de nossa Santa Maria.

Temos orgulho também de ver, dentre os homenagea-dos, nossos professores; dentre as bancas, a da Editora da UFSM; dentre os autores que autografam, diversos mem-bros da nossa comunidade acadêmica; dentre os visitan-tes, inúmeros alunos, técnicos e docentes. E isso é o que faz da Feira do Livro um evento carregado de afeto, em seu mais elevado grau de humanismo.

Felipe Martins Müller, reitor da UFSM

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19Feira do Livro de Santa Maria 2013 — 40 anos

Após a criação e consolidação do Curso de Comu-nicação Social do Centro Universitário Franciscano, há 10 anos, a instituição, através de seus docentes, ob-servou na Feira do Livro de Santa Maria um espaço multicultural de conexões, no qual ideias e iniciativas indicavam os caminhos do conhecimento os quais de-veriam ser registrados. Foi então que a partir de 2004, os acadêmicos dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda começaram a realizar a assessoria de co-municação do evento.

Uma vez por ano, durante 16 dias, a Praça Saldanha Marinho se torna um ambiente de estágios que transcen-de a ideia da aplicação prática dos conhecimentos obti-dos em sala de aula. Esses jovens, em contato com outros estudantes, com autores anônimos, reconhecidos, com amantes diversos dos livros, da arte, da cultura, música

e poesia reativam através de seus relatos noticiosos a im-portância de sonhar e desbravar novas possibilidades.

Eles, ao retornarem ao convívio acadêmico, compar-tilham experiências diversas ali vivenciadas garantindo a manutenção da filosofia institucional que projeta a criação de um ambiente sadio, amparado no respeito às diversidades e na liberdade de pensar e criar.

Neste quadragésimo ano de Feira do Livro, a Unifra tem o prazer de participar também com o lançamento de qua-tro títulos nas linhas de Empreendedorismo na Enferma-gem, Terapia Ocupacional, Economia Brasileira e Comuni-cação. Com o desejo de sucesso às manifestações literárias, estendemos nosso reconhecimento aos organizadores e o comprometimento institucional em garantir que educação, de fato, seja um direito de todos.

Iraní Rupolo, reitora da UNIFRA

Nossa ação solidária junto a Feira do Livro de Santa Ma-ria iniciou em 1982 com a disponibilização de um sistema de microfichas do catálogo brasileiro de publicações ser-vindo de pesquisa para trazer os títulos que eram sugeridos pelos estudantes e professores de comunicação. Tivemos no final dos anos 80 o papel mais contundente quando fomos avalistas pois, as editoras e distribuidores só enviariam os li-vros se alguma instituição assumisse o compromisso do pa-gamento e devolução dos livros não vendidos em condições de comercialização. A CESMA assumiu este compromisso por vários anos na absoluta confiança, endossando a causa da difusão do livro e da leitura contribuindo desta forma para a história e fortalecimento da Feira. Em alguns anos realizamos oficinas de gestão da Feira para os alunos da co-municação, com isso facilitava o nosso trabalho.

Historicamente um belo e especial momento na vida cultural de Santa Maria, cidade que entra para o cenário na-cional entre os pioneiros de feiras de livro em praça pública transforma há 40 anos um acontecimento democrático de acesso ao conhecimento e gera encantamento para crianças e adultos num encontro da fantasia com o real onde o escri-tor e o leitor compartilham momentos inesquecíveis.

A Praça Saldanha Marinho no período da Feira do Livro torna-se um generoso e simpático espaço de encontro entre os que escrevem, os que leem e os que namoram os livros mergulhando num imaginário mundo do desconhecido acompanhado com a exuberante presença da natureza nas suas mais diversas manifestações.

Luiz Geraldo Cervi

Em 1995 a Faculdade de Comunicação da Universi-dade Federal de Santa Maria, tendo a profª Eugênia Bar-richello à frente, além das entidades apoiadoras, convida livrarias da cidade para participarem de reuniões de re-tomada da Feira (que não teve edições de 92 a 94).

Em 1996, a exposição de livros passou a ser feita por livreiros com barracas próprias. Ali nascia informal-mente a Câmara do Livro de Santa Maria. Nos anos seguintes a Feira fora ampliada e expositores de fora da cidade, principalmente de Porto Alegre, também passaram a ser convidados. No ano de 2000 não hou-ve Feira, foi o momento da mudança de período para maio de 2001, repensada num novo patamar com co-bertura abrigando os expositores. Neste ano inicia uma gestão mais profissional com a coordenação da profª Cristina H. Jobim.

A Câmara do Livro nasceu e teve como principal atri-buto auxiliar na organização da Feira do Livro. Por ou-tro lado, passou a garantir um núcleo de livreiros locais no evento, não dependendo exclusivamente dos exposi-tores eventuais. O fomento à leitura, a tentativa de ofe-recer um leque abrangente de temáticas e novidades do setor editorial em feiras, oportunizar autores indepen-dentes em lançamentos de livros e o reconhecimento de projetos ou personalidades que contribuíram e contri-buem para o desenvolvimento cultural da cidade, tem sido alguns dos trabalhos realizados pela Câmara do Livro de Santa Maria.

Télcio Brezolin

UNIFRA

Compromisso educacional

Câmara do Livro

O fomento à leituraCESMA

A Cooperativa na Feira

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RODRIGO DE BEM, LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA

MARK BROUSTEIN, LAB. FOTOGRAFIA E MEMÓRIA / UNIFRA

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