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Análise da Obra
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José Paulino
12º Ano Nª9
2014/2015
Português
Professora: Ana Lúcia
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Índice
Introdução
Resumo
Ação
Personagens
Espaço
Tempo
Registos de Língua
Modos de Apresentação de Discurso
Contextualização histórica e social
Conclusão
Webliografia
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Introdução:
O presente trabalho é sobre a peça Felizmente Há Luar, esta obra foi publicada em
1961 e fez com que o autor, Sttau Monteiro ganhasse o Grande Prémio de Teatro da
Associação Portuguesa de Escritores. Esta obra foi proibida e censurada pela PIDE que
atua sobre ordens de Salazar.
Felizmente Há Luar! é um drama , dentro dos princípios do texto dramático, e descreve
o movimento oitocentista, em Portugal e ainda pretende informar sobre as condições
da sociedade portuguesa do início do século XIX e a revolta dos mais desfavorecidos,
que se realiza muitas vezes em segredo.
Este trabalho tem como objectivo transmitir ao leitor e ao autor do trabalho,
conhecimentos sobre a obra, Felizmente Há Luar, através de uma análise extensiva
sobre a obra. O leitor ao começar o processo de ler este trabalho, irá encontrar todo o
tipo de informações sobre a obra, este irá encontrar informações sobre o autor da
obra, a sua vida, irá encontrar um resumo sobre a obra onde irá encontrar as
informações fundamentais e essências sobre a história. Após o resumo, a análise
aprofundada da obra começa, encontrando conhecimentos sobre a acção, as
personagens, o tempo, o espaço, a linguagem e estilo e também sobre a
contextualização histórica social.
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Biografia
Luís de Sttau Monteiro, filho de
Armindo Rodrigues de Sttau
Monteiro, um jurista e diplomata
(embaixador português em
Inglaterra) e filho de Lúcia Rebelo
Cancela Infante de Larcerda,
nasceu a 3 de Abril de 1926.
Luís de Sttau Monteiro com
apenas 10 anos mudou-se para
Londres com o seu pai que era
embaixador em Inglaterra. No
entanto, em 1943, o seu pai é
demitido por Salazar o que iria
significar que o jovem Luís de
Sttau Monteiro com 17 anos na
altura, teria de voltar para
Portugal. Durante o tempo em que Luís de Sttau Monteiro esteve em Inglaterra, este
teve contato com a literatura anglo-saxónica influenciando as suas obras no futuro.
Quando Luís de Sttau Monteiro volta para Portugal, entrou na Faculdade de Direito em
Lisboa, mas este não exerceu a profissão durante muito tempo, apenas dois anos,
dedicando-se ao jornalismo. Mais tarde, Luís de Sttau Monteiro volta para Inglaterra,
tornando-se piloto de Fórmula 2, mas teve de desistir devido ao desassossego da sua
família que não concordava, foi também que em Inglaterra que conheceu a uma
mulher chamada de June Goodyear.
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Mais tarde, Luís de Sttau Monteiro volta para Portugal, casando em Sintra com June
Goodyear resultando no nascimento de quatro filhos: Carolina, Ana Lúcia, Diogo e
Tomás.
Com o retorno de Luís de Sttau Monteiro, colaborou em várias publicações com a
revista Almanaque, jornais Se7e, O Jornal e Expresso , trabalhou em publicidade,
escreveu crónicas e criticas sobre o pseudónimo de Manuel Pedrosa, produziu várias
obras e ainda trabalhou como tradutor de obras. Uma das suas obras, Felizmente há
Luar recebeu o Grande Prémio de Teatro em 1962, ano em que foi publicada, mas a
sua representação foi proibida pela censura, também devido há censura, Luís de Sttau
Monteiro, foi preso após a publicação da peça de teatro A Guerra. Só em 1978, após o
25 de Abril de 1974 é que a sua peça foi representada no Teatro Nacional.
Luís de Sttau Monteiro, infelizmente faleceu aos 67 anos no Hospital de S. Francisco
Xavier, em Lisboa, a 23 de Julho de 1993, sendo que mais tarde, a Câmara Municipal
de Lisboa prestou homenagem a Luís de Sttau Monteiro dando o seu nome a uma rua
da freguesia de Marvilha.
Luís de Sttau Monteiro, era conhecido como um homem religioso, que não gostava de
ser conhecido e que considerava Portugal como um país que não lhe servia, “Nunca
encontrei nada em Portugal que não encontrasse melhor lá fora”, sendo que preferia
Inglaterra. Luís de Sttau Monteiro era também conhecido por gostar das corridas de
automóveis daí o facto de este se ter tornado piloto, gostava também de pesca,
gastronomia e de literatura, frequentando o Colégio de Santo Tirso (Lisboa), de onde
foi expulso, o Liceu Pedro Nunes e a Universidade de Lisboa.
Luís de Sttau Monteiro foi considerado por muitos o maior dramaturgo português da
segunda metade do século XX.
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Resumo
Ato I :
No inicio deste ato, o som dos tambores chama a atenção, resultando numa conversa
sobre Gomes Freire. Nesta conversa, Gomes Freire é idolatrado e considerado como
um “homem do povo” ou perfeito pelos populares, sendo que Vicente ao tentar
denegrir a imagem de Gomes Freire dá a imagem que Vicente não gosta dele.
No entanto, o aparecimento de dois policias faz com que os participantes da
conversa sobre Gomes Freire se vão embora no entanto Vicente fica. O facto de o
povo ter ido embora com a presença causou uma estranheza para os dois polícias
sendo que estes pediram a Vicente que recolhesse informações e em troca, Vicente
receberia poder e dinheiro. Durante o diálogo entre os dois policias e Vicente,
Vicente admite que não tem muito carinho pelo povo, ou seja, não é fã do povo e do
ambiente que o rodeia, sendo assim, os polícias usam a negatividade que Vicente
tem pelo povo para transmitir informações secretas e essenciais ao governador do
reino, D. Miguel Pereira Forjaz.
Mais tarde os homens que transmitiam informações para D. Miguel, Andrade Corvo,
Morais Sarmento e Vicente voltam com informações sobre quem seria o inimigo do
reino, o nome que todos transmitiram foi, o general Gomes Freire.
Ato II
Este acto começa com Manuel e os populares onde este indica, impotência e falta
de poder para com a prisão do general Gomes Freire. O desespero e frustração de
Manuel também é reconhecida pelos populares, esta pequena reunião era ser
outra vez interrompida pelos policias como aconteceu no primeiro ato. Mais tarde,
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Rita mostra sua sensibilidade com Matilde tentando ajudá-la, Matilde regista a sua
ajuda e começa um monólogo onde recorda o seu passado, como os momentos que
passou com Gomes Freire.
Sousa Falcão surge diante de Matilde, confessando o seu desânimo e desencanto
face ao país em que vive. Este despede-se de Matilde e parte em busca de notícias
do amigo (Gomes Freire) deixando-a dolorosamente triste, mas com vontade de
enfrentar as classes mais poderosas. Matilde dirige-se a Beresford e esta tenta de
tudo para a libertação do seu amado, até tentou suplicar, o que mostra sinais de
desespero .
Matilde, tenta apelar os populares mas este ignoram-na, já Vicente devido aos
serviços prestados a D. Miguel, a recolha de informações, fica com o cargo de chefe
da policia.
Mais tarde , Matilde reúne-se com Sousa Falcão e estes informa Matilde que
ninguém pode ver o general que se encontra numa masmorra em S. Julião da Barra.
Sousa Falcão informa ainda Matilde que Gomes Freire não terá direito a uma
julgamento, esta ultima noticia deixa Matilde bastante revoltada e esta vai tentar
salvar mais uma vez, desta vez, vai exigir um julgamento para Gomes Freire, e
agora com menos tempo, pois Sousa Falcão anuncia que a morte do general está
bastante próxima, Matilde, apressa-se e vai falar com D. Miguel, mas este apenas
diz-lhe que a execução será à noite na noite de luar.
Matilde que já tentou de tudo para salvar o general, já não consegue evitar o
inevitável, Gomes Freire irá morrer e sendo assim Matilde vestida com uma saia
verde em honra ao general que lhe comprou a mesma irá iniciar um discurso de
despedida com a presença de Sousa Falcão. No final, Gomes Freire é queimado e o
segundo acaba com a fala de Matilde, “Felizmente – felizmente há luar!”.
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Acção
Estrutura Externa:
A obra Felizmente Há Luar está dividida em dois actos (Acto I e Acto II). Quanto às
cenas, não existem quaisquer registos de divisão em cenas sendo que as entradas e
saídas de personagens são destacadas pela intensidade da luz.
Estrutura Interna
Esta obra não respeita a forma clássica, mas apresenta uma ordem e apresentação
de acontecimentos linear. A acção centra-se na personagem Gomes Freire de
Andrade e na sua execução.
Ato I:
No primeiro ato da obra, ocorre a apresentação das personagens e da
situação(introdução), neste caso as personagens são o povo, aqueles contra o poder (
os populares, Matilde, general, Manuel, o Antigo Soldado e Rita) e aqueles que estão
a favor do poder (D. Miguel, Beresford, Principal Sousa, Vicente, Andrade Corvo e
Morais Sarmento). Neste ato é descrita o ambiente de pobreza e miséria do povo
bem como o que o poder pode fazer às pessoas, neste caso, o poder faz com que
Vicente dê informações a D. Miguel sobre quem estaria a fazer uma movimento de
revolução, fazendo com que Vicente seja recompensado e fazendo com que Gomes
Freire seja condenado.
Ato II:
É no segundo ato que ocorre o desenvolvimento, e a conclusão da obra. Este ato
começa com o desespero e com a preocupação do povo com a condenção de Gomes
Freire. Todas as acções que ocorrem no segundo ato que tem haver com a tentativa
de resgatar correspondem ao desenvolvimento, incluindo as suplicações e o
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desespero de Matilde ao senhores de maior poder não resultando em nada. Na
conclusão, Matilde aceita o destino, a morte de Gomes Freire.
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Personagens
Na obra Felizmente Há Luar é possível dividir as personagens em dois grupos, aquelas
que estão ligadas ou a favo do poder e aqueles que se opõem ao poder, estes que se
opõem ao poder tem como líder ou como inspiração o General Gomes Freire.
Personagens a favor do poder: D Miguel, Principal Sousa, Beresford, Vicente, Morais
Sarmento e Andrade Corvo.
Personagens contra o poder: Manuel, Rita, Gomes Freire, Sousa Falcão, Matilde, Frei
Diogo de Melo, Antigo Soldado e Povo.
A personagem Sousa Falcão é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta
personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem
modelada pois, para além de ter uma densidade psicológica este também evolui ao
longo da acção, esta evolução ocorre quando descobre que foi um cobarde por não ter
lutado ao lado do general contra o poder.
Esta personagem é caracterizada por:
- Representar a impotência e falta de poder perante um governo governado por uma
entidade com poder absoluto;
-Também representa a amizade e a fidelidade, já que é o único amigo de Gomes Freire
e que também participa e tem conhecido dos planos de contrapoder do general;
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- Ser um amigo importante de longa data do casal (Matilde e do General), já que
assistiu à morte do filho de Matilde (“assistiu à morte do nosso filho”) e é “amigo das
coisas importantes e das pequenas coisas”;
-É um “ inseparável amigo”;
-É “franco, aberto e leal”;
-É cobarde e arrependido por não ter estado ao lado deo general na luta contra o
poder(“Faltou-me a coragem para estar na primeira linha”);
-Tem consciência e percepção de como a sociedade daí o facto de este não ter
participado na luta contra o poder, pois podia ser morto;
-Revoltado, pois críticas as acções que D. Miguel teve com o general. ( Cão ! Covarde !
Assasino !”);
-Estar triste com a morte do general. (“A tristeza de Sousa Falcão sente-se em todas as
suas palavras e em todos os seus gestos.”);
A personagem Vicente é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta
personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem
modelada pois, revela uma evolução, passa do povo para os traidores, como chefe de
polícia.
A personagem Vicente é caracteriza por:
- Ser um traidor do povo, pois denuncia o general do seu movimento contra o poder;
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-Representa a hipocrisia, a corrupção, e oportunismo , pois aproveita-se da denúncia
do general para evoluir na vida. (se eu souber fazer render o peixe, sou capaz de
acabar com uma capela... ou chefe de polícia, quem sabe?);
- Desprezar a classe social a que pertencia, o povo. (“igualmente verdade que os
odeio”);
- Responsável pela denuncia que resulta na norte do general;
- É movido pela recompensa materialista, considerando- o uma personagem
materialista. ( “Só acredito em duas coisas: no dinheiro e na força”);
- Ser do povo mas ao mesmo tempo tem vergonha do seu nascimento e da sua antiga
condição social (“ vejo a mim próprio: sujo, esfomeado, condenado à miséria por
acidente de nascimento”;
- Astuto e manipulador contando sempre “metade das verdades”;
A personagem Principal Sousa é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta
personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem
modelada pois, revela uma evolução, no inicio sente-se desconfortável em condenar
alguém inocente mas depois acostuma-se usando as condenações a seu favor.
A personagem Principal Sousa é caracterizada por:
- Representar o poder da igreja;
-Não representar a mensagem da igreja e de cristo;
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- Desonesto e corrompido pelo poder da igreja, pois usa a igreja a seu favor. (“o
senhor, condena a mentira em nome de Cristo mente em nome do Estado,”);
- Odeia os franceses pois “transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num
antro de revoltados!”;
- Preocupado com a numero de frequentes que vão à igreja. (“essas aldeias fora é cada
vez menor o número dos que frequentam as igrejas e cada vez maior o número dos
que só pensam em aprender a ler...”);
- Injusto pois tenta condenar Gomes Freire sem provas;
- Usar razões pessoais para justificar atos, para ter a sua “consiência livre”;
- Detestar Beresford;
- Falso, por Matilde. (“o senhor, condena a mentira em nome de Cristo mente em
nome do Estado”);
A personagem Frei Diogo é uma personagem secundária plana, ou seja, esta
personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana
pois, não revela uma evolução ao longo da acção.
Frei Diogo é caracterizado por ser:
- O Confessor de Gomes Freire. (“Venho de confessar o general, em S. Julião da
Barra.”);
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- Julgador, julgando a insensibilidade do Principal Sousa, por condenadar general sem
existir um julgamento, sem justiça. (“Não faça a Deus o que os homens fizeram ao
general Gomes Freire: não O julgue sem O ouvir. Deus carece cada vez mais desse
direito.");
- Representa todos os clérigos que seguem a verdadeira mensagem da igreja e de
cristo;
As personagens “os populares” e o povo são uma personagem colectiva, que
representam a classe oprimida pelo poder e a miséria e pobreza, (“Alguém aqui tem
relógio? (...) Esqueceram-se dos relógios em casa...”.), (“Julgas que matas a fome com
as balas? Idiotas! Nenhum de vocês tem um tecto que o abrigue no Inverno, nenhum
de vocês tem onde cair morto”). Estas personagens são contra o poder mas não
podem fazer nada por medo e pela falta de meios.
A personagem “ANTIGO SOLDADO” é uma personagem secundária plana, ou seja, esta
personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana
pois, não revela uma evolução ao longo da acção. Esta personagem é uma identidade
anónima sendo que representa o desprezo que o poder tem por aqueles que foram
para a guerra bem como o desprezo que têm pelas classes mais pobres, (E tu, que não
comes desde ontem - estás com pressa de ir para a guerra? Julgas que matas a fome
com as balas? Idiotas! Nenhum de vocês tem um tecto que o abrigue no Inverno,
nenhum de vocês tem onde cair morto, mas, mal passa um tambor, não há um só que
não queira ir atrás dos soldados.”). Esta personagem tem o papel de indicar a
disposição da população após a morte do general, (“ prenderam o general…Para nós, a
noite ainda ficou mais escura…”) e também tem como papel, reconstruir o passado de
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Gomes Freire, esta personagem indica-nos que o Gomes Freire teve um passado
militar, (“Onde aparecia o regimento de Gomes Freire”).
Os dois policiais, são personagens secundárias planas, ou seja, estas personagem
intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a personagem
principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana pois, não
revelam uma evolução ao longo da acção. Estas personagens representam a
autoridade do governo e consistentes desse poder ameaçam constantemente o povo.
e são caracterizadas pela ingeniosidade que tem por Vicente pois estes acreditam que
não seriam esquecidos após a promoção de Vicente, no fim, Vicente acaba por
esquecê-los, (“Nunca te havias de esquecer de que tínhamos sido nós os portadores da
boa nova…”)
A personagem Matilde Melo é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta
personagem intervém na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem
modelada pois, revela uma evolução e complexidade psicológica, evoluindo de
rapariga de uma aldeia para a companheira do General, tendo sofrido grandes
alterações de valores que se manifestam nas suas atitudes.
Caracterização de Matilde de Melo:
- É a “companheira de todas as horas” de Gomes Freire;
- Já foi mãe. (“Assistiu à morte do nosso filho”);
- É uma mulher de carácter forte e é corajosa.
- Odeia hipocrisia e Materialismo;
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- É persistente. (“Enquanto houver vida... força... voz para gritar... Baterei a todas as
portas, clamarei, por toda a parte, mendigarei, se for preciso, a vida daquele a quem
devo a minha!”)
- Encontra-se Revoltada . (“Ensina-se-lhes que sejam valentes para um dia virem a ser
julgados por covardes!”)
- Está Triste e em sofrimento com a prisão de Gomes Freire (“vestida de negro e
desgrenhada”);
- É sonhadora, do ponto de vista que revê o seu passado. (“Relembrávamos o nosso
hotel de Paris…”)
- Sozinha. (“agora, estou sozinha”)
- Desesperada. (“O desespero da Matilde perante a atitude dos populares tem de ser
evidente.”)
- Aldeã de uma terra pobre. (““Sou Matilde de Meio, natural de Seia, uma terra tão
pobre e tão pequena que o senhor, decerto nunca ouviu falar dela.
orgulho. Fui criada entre árvores e penhascos, naquela pobreza que os ricos designam
por santa e que os pobres amaldiçoam.”)
- Religiosa. (“Ensinaram-me, de pequena, a amar a Deus sobre todas as coisas.”)
- É “uma mulher de meia-idade”;
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- É a representação de todos os sacrifícios que as mulheres fazem para manter a
família unida. (“ As mulheres, Sr. Marechal, estão sempre dispostas a colaborar com a
tirania para conservarem os maridos em casa.”)
- Tem uma grande amizade com Sousa Falcão;
- Alucinada, quando fala sozinha para o espírito de António. (“ Não chore, António.
Veja como ele ri!”)
- Caridosa. (“Essas calças que traz vestidas, reconheço-as, fui eu que lhas dei”);
A personagem Matilde, é uma personagem bastante caracterizada e que vai ganhando
cada vez mais importância ao longo da obra. Esta começa como uma mulher de um
prisioneiro, mas vai evoluindo começa a utilizar os ideais do seu marido, ou seja,
revolta-se e crítica com tudo aquilo que ela não acha correto para com a sociedade e
com as classes mais pobres. Matilde começa a revoltar-se e vai começando a dirigir-se
ao poder, protestando, conseguindo a mesmo chegar à consciência de alguns
membros fazendo com que estes reconheçam “as justiças” que fizeram, como por
exemplo Beresford e Principal Sousa. Ao mesmo tempo, Matilde mostra a hipocrisia e
mostra os problemas que existem no país, enfrentando aqueles que se encontram no
poder. Esta enfrenta vários membros do poder como Beresford e D. Miguel, não
consegue o que quer, a libertação ou um julgamento justo para Gomes Freire mas
Matilda não tem sucesso, mesmo assim Matilde, determinada, ainda tenta convencer
Principal Sousa, no seu diálogo com Principal Sousa, Matilde “desmascara-o”,
acusando Principal Sousa de traidor. Esta personagem ao longo da obra, através do seu
sofrimento foi ganhando consciência sobre o estado do país e a partir daí foi
batalhando a suas lutas para defender os seus ideais.
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As personagens Manuel e Rita são personagens secundárias planas, ou seja, estas
personagens intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, são também personagens plana
pois, não revelam uma evolução ao longo da acção.
Manuel, “o mais consciente dos populares”, e Rita representam o povo oprimido que
têm a consciência da injustiça que acontece no governo mas que se sentem
incapacitados por não conseguem fazer nada, (“Vê-se a gente livre dos Franceses e
zás!, cai nas mãos dos Ingleses! E agora? Se acabarmos com os Ingleses, ficamos na
mão dos reis do Rossio... Entre os três o diabo que escolha ... “). Após a prisão de
Gomes Freire tanto Manuel, Rita e o povo, sentem-se desesperados e desiludidos pois
a esperança que depositaram em Gomes Freire pois despedaçada quando este foi
preso. Rita foi a personagem a ver o general a ser preso, (“Estava lá na rua quando
prenderam o general. Vi-o sair de casa…”) e é ainda uma amiga preocupada de Matilde
pois esta tenta ajudar Matilde.
A personagem D. Miguel, é uma personagem secundária plana, ou seja, esta
personagem intervém na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana
pois, não revela uma evolução ao longo da acção.
D. Miguel é caracterizado como:
- Primo de Gomes Freire;
- Um símbolo de um país decadente, do poder absolutista e da nobreza;
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- Assustado com as transformações que podem acontecer e que este não gosta ou não
consegue controlar, tem medo das revoluções, daí matar o Gomes Freire;
- O responsável pela morte de Gomes Freire;
- Desactualizado. (“Não lhes negues, Excelências, que não sou um homem do meu
tempo”);
- Segundo Sousa falcão: “frio, desumano, calculista” . (“odeia Gomes Freire,
Nem nos receberá! Conheço-o há muitos anos. É frio, desumano e calculista.”)
- Uma das personagens que odeia Gomes Freire. (“odeia Gomes Freire”);
A personagem Beresford, é uma personagem secundária plana, ou seja, esta
personagem intervém na acção mas não intervêm com tanta importância como a
personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana
pois, não revela uma evolução ao longo da acção.
Beresford é caracterizado como:
- A principal figura na perseguição a Gomes Freire;
- É o símbolo da presença inglesa (“Tão bem que, ao voltar à minha terra”) e do poder
militar;
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- Não gostar de Portugal. ( “Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns
com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse
inimigo comum, se não tiver cuidado.”) e (“ como a vida num país pequeno acaba por
atrofiar as almas!”);
- Materialista, preocupando-se apenas com a sua carreira e com dinheiro. (“ Troco os
meus serviços por dinheiro -“senhores, afirmo-vos em nome dos meus 16000§00
anuais, que farei tudo o que for necessário para os continuar receber.”);
-Medroso pois tem medo que Gomes Freire fique com o seu cargo. (“Dizem que eu sou
um grande sargento e um mau oficial, que sei organizar um exército, mas que não o
sei comandar em campanha. Basta que surja um oficial com um passado brilhante para
me destronar... );
- Um grande sargento e um mau oficial (“Dizem que eu sou um grande sargente um
mau oficial”);
- “Um mercenário” por D. Miguel.
As personagens Andrade Corvo e Morais Sarmento são personagens secundárias
panas, ou seja, esta personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta
importância como a personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma
personagem plana, pois não apresenta qualquer evolução ao longo da acção.
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Andrade Corvo e Morais Sarmento caracterizados por:
- Seres traidores do povo, denunciadores e oportunistas pois, espiaram e
revelaram o movimento de revolta do general;
- Medrosos e vítimas de chantagem. “Tanto o Sr. Capitão Corvo como o Sr. Capitão
Morais Sarmento pertencem à Maçonaria e ambos estão, portanto, numa situação
delicada.”
- Por Pertencerem à maçonaria;
Andrade Corvo é ainda considerado por Beresford como um “mau oficial, ignorante´”
e um “pedreiro-livre”.
Já Morais Sarmento limita-se a ser uma testemunha (“ trago comigo um patriota que
pode um compatriota para testemunhar”).
O general Gomes Freire de Andrade é a personagem central desta obra, sendo que
esta nunca aparece na obra fisicamente, sendo que este torna-se presente ao longo da
acção através das falas das personagens.
A principal caracterização é feita pelo Antigo Soldado afirmando que é “uma amigo do
povo! Um homem às direitas!” e um homem único, “quem fez aquele não fez outro
igual”, já Vicente com um tom irónico indica o valor e a força que Gomes Freire tem
sobre o povo, “para esta cambada o Gomes Freire é Deus”, sendo assim Gomes Freire
representa para as classes mais baixas, a liberdade, a revolução e uma nova
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oportunidade para um governo melhor, pois Gomes Freire luta contra o poder,
“Excelência: Se pusermos de parte a pessoa d’el-rei e a vossa, a ninguém tem o povo
mais amor do que ao primo de V. Excelência. Soldado distinto, súbdito fiel… Em
ninguém põe o povo mais esperança do que no general…”. Esta admiração do povo
sobre Gomes Freire em vez de ser sobre D. Miguel, causa um desagrado em D. Miguel
fazendo com que este tente matar Gomes Freire, (“Senhores Governadores: aí tendes
o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado
pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um
estrangeirado…” ) assim consegue evitar uma revolta e talvez possa ganhar o respeito
pelo povo. No fim do primeiro ato, Gomes Freire é então preso.
No segundo ato, é através de Matilde que ocorrem mais caracterizações sobre o
general, dizendo que este é uma homem apaixonado e dedicado, é também através do
segundo ato que é possível ver a grandeza e a influência que Gomes Freire tem no
povo, Gomes Freire era reconhecido pela sua justiça, honra e coragem. Agora,
Beresford no segundo ato, caracteriza Gomes Freire como uma pessoa muito poderosa
e temida, um “incómodo” para aqueles que são a favor do poder, “simples existência
de certos homens é já um crime”. Matilde, outra vez, continua a caracterizar o general
como uma pessoa humilde, “(“O meu homem nunca quis saber quantos soldados tinha
atrás de si”. “Franco, aberto, leal”, é assim que Sousa Falcão caracteriza o seu amigo e
mais tarde Frei Diogo considera o general como um santo, “Se há santos, Gomes Freire
é um deles…”.
A morte do General Gomes Freire, não teve o efeito esperado por D. Miguel, a morte
do general deveria acabar com espirito de revolta, mas aconteceu o contrário, a sua
morte fez com que a descontentamento e o sentimento de fazer algo sobre as
injustiças crescesse.
Mais caracterizações do General Gomes Freire:
- É um traidor. (“Morte ao traidor Gomes Freire de Andrade!”
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- É marido de Matilde;
- É pai;
- É primo de D. Miguel;
- “Estrangeirado”
- É inocente e um bode expiatório. “Não faça a Deus o que os homens fizeram ao
general Gomes Freire: não O julgue sem O ouvir”;
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Espaço
Espaço cénico
O espaço cénico é o local ocupado pelos atores durante a representação diante de um
público, este espaço com o passar do tempo pode modificar-se. O espaço cénico dá
uma ideia ao espetador sobre o local onde a ação ocorre, os sons, as luzes, os
elementos decorativos e a posição das personagens são bastante importantes.
Na obra, Felizmente Há Luar, as referências ao espaço cénico são poucas sendo que
estas são maioritariamente ligadas há intensidade e aos efeitos de luz e do som.
Exemplos: “Ilumina-se subitamente…”; “Ilumina-se o
palco … em três cadeiras…”
Outro Exemplo: Sempre que se pretende destacar
uma personagem que caracteriza o povo, Manuel,
este situa-se na escuridão e é depois imediatamente
iluminado com um foco de luz, “ Ao abrir o pano, a
cena está às escuras, encontrando-se uma única
personagem intensamente ilumina da, ao centro”,
dando a ideia de um povo oprimido e é uma crítica à
opressão que o povo sofre.
Na obra ,Felizmente Há Luar, não existem muitas referências diretas ao espaço cénico,
o que significa que Luís de Stauu Monteiro criou esta obra com poucos espaço cénicos
de modo a que seja possível representar a acção em qualquer lugar.
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Espaço Físico
O espaço físico é o espaço onde decorre a acção. A obra Felizmente Há Luar apresenta
vários espaços físicos no Ato I e no Ato II. A ação surge em Lisboa como um macro
espaço e esta divide-se em vários espaços de menor dimensão.
Espaços Físicos no Ato 1
- As ruas e Lisboa onde os populares se encontram;
- O local onde D. Miguel recebe Vicente: “Vais falar com um governador do Reino: O Sr.
D. Miguel Pereira Forjaz”.
- O palácio dos governadores do Reino, situado no Rossio;
- A casa de Gomes Freire e Matilde, em Rato: “Matilde- Tenho o corpo no Rato”
-Os espaços frequentados pelos conspiradores;
- Café no Cais do Sodré,”No Cais do Sodré há um café”
-O botequim do Marrare “Morais Sarmento entrou no botequim do Marrare”
-Uma loja maçónica, situada na rua de S. Bento. “Sr. Capitão exerceu grande
actividade numa loja maçónica”
-Gabinete de Beresford;
Espaços Físicos no Ato II
- Ruas de Lisboa,
- A casa de Matilde de Melo;
- O local onde Beresford recebe Matilde;
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-O local onde Matilde dialoga com Principal Sousa;
-O alto da Serra de Santo António, onde Matilde e Sousa Falcão observam as fogueiras
que queimam os revolucionários;
-A masmorra de S. Julião da Barra, local onde se encontra o general; “ Sabem que está
em S. Julião da Barra”
-Entrada da Casa de D. Miguel.
-O Campo de Santana, para onde são transportados os presos;” Os presos já vão a
caminho do Campo de Sant'Ana, Matilde”
-Sé – local onde Manuel costuma pedir esmola
Espaço Social
O espaço social, consiste nas relações sociais, económicas, políticas e culturais entre as
personagens.
Na obra, Felizmente há luar, o espaço social retrata a sociedade de 1817, onde a
opressão, a injustiça estava presente e existia uma grande distinção entre os pobres e
ricos.
Exemplos: Pobres: “Ilumina-se subitamente…”; Ricos: “O principal Sousa surge no
palco, imponentemente vestido”
Devido à grande distinção entre pobres e ricos, existe uma grande distinção nas classes
socias povo e nas classes mais poderosas. O povo que tinha bastante medo do poder
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era caracterizado pela pobreza, a miséria, os vestuários esfarrapadas e as faltas de
condições, já as classes sociais mais poderosas têm grandes riquezas, com guarda-
roupas cuidados e “tronos”(cadeiras).
Através do espaço social podemos ainda concluir mais problemas como:
Conflitos políticos e socias: Devido à partida da corte para o Brasil, o reino
encontra-se numa crise política, o que faz com que as classes mais poderosas
“tomem controlo” do reino. Estas classes sociais mais poderosas instauram
uma politica de repressão e de perseguição a quem se opõe aos atuais
controladores do reino (as classes sociais mais poderosas). Estas atitudes para
além de aumentarem o descontentamento do povo, instauram medo, bem
como um sentimento de revolta, onde Gomes Freire tem o papel de homem do
povo, uma vez que é uma esperança para uma possível retaliação contra a
opressão.
A impotência do povo : Devido às novas politicas instauradas referidas no
ponto sobre os conflitos socias e políticos, o povo vê-se rebaixado pelos mais
poderosas e sem qualquer poder ou influencia.
Exemplo: Manuel : “Que posso eu fazer?”
Estagnação Cultural: Principal de Sousa quer continuar com os ideais de um
regime absolutistas, rejeitando a educação e a cultura aos mais pobre de modo
a evitar uma revolta, ou seja, quanto menos o povo souber ou perceber
melhor.
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Exemplo: “...a sabedoria é tão perigosa como a
ignorância! (...) Sei bem como a palavra “liberdade”
(… )se torna aliciante ...”
A falta de paixão: Neste problema, Beresford apenas está interessado nos seus
interesses pessoais e não nos interesses no reino. Em vez de este trabalhar de
modo a que consiga “renascer o reino das cinzas”, dando o seu máximo e
dando importância ao povo , este apenas faz aquilo para que é pago, dando o
seu mínimo, tendo uma atitude de ganancioso.
Exemplo: “Pretendo uma única coisa de vós: que me
pagueis – e bem!”
A traição e a corrupção: A ganância de Vicente e a rapidez com que este
aceitou o trabalho de espiar o sujeito que está por traz da revolta (Gomes
Freire), indica as condições do povo, um povo pobre e que tenta fazer o que
pode para sobreviver, que se encontra na miséria.
Exemplo: Se eu souber render o peixe, sou capaz de
acabar com uma capela... ou chefe de polícia, quem
sabe?»” “Meu amigo: você desconhece o que se
compra de respeitabilidade com uma pensão anual
de 800$00”
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Espaço Psicológico:
O espaço psicológico caracteriza-se, pela relação que algumas personagens mantêm
com determinados espaços na sua memória.
Na obra , Felizmente Há Luar, existem várias marcas de espaços psicológicos como:
Matilde – “Relembrávamos o nosso hotel de Paris…os passeios que dávamos
ao longo do Sena…os dias felizes que passámos juntos… o tempo em que
sonhávamos voltar a esta malfadada terra…” – Nesta marca de tempo, Matilde
relembra os bons tempos que passou com Gomes Freire em Paris;
1º Popular – “Onde aprendeu vossemecê isso?/ Antigo Soldado – Em Campo
d’Ourique – já lá vão mais de dez anos”; - Nestas marcas de tempo, o Antigo
Soldado relembra-se dos tempos em estava em Campos de Ourique com
Gomes de Freire;
Matilde- “ Sou Matilde de Melo, natural de Seia (..) fui criada entre árvores e
penhascos”- Nestas marcas de tempo, Matilde relembra a sua aldeia.
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Tempo
Tempo Da Ação:
O tempo da acção é o tempo em que a acção ocorre, sendo sugerida por todas as
informações contidas numa obra, neste caso, a obra a analisar é Felizmente há luar.
Quanto ao tempo da ação, a obra tem como cenário o ambiente político do início do
século XIX. O tempo retratado na peça é 1817, é um momento de regime absolutista
em que Portugal se tinha aliado a Inglaterra. Foi também em 1817, que a conspiração
chefiada por Gomes Freire foi descoberta e reprimida com muita severidade, os
conspiradores, foram acusados de traição à pátria e foram queimados publicamente .
O primeiro ato tem a duração de dois dias, parece processar-se muito rapidamente, o
que precipita a investigação de investigar e determinar o nome do homem que
interessava a D. Miguel, o homem que pretendia causar uma revolução.
”Há dois dias que quase não durmo”.
O segundo ato pressupõe a duração de cento e cinquenta dias, parece decorrer mais
lentamente, intensifica o drama vivido pelas diferentes personagens.
“ou 150 dias metido numa masmorra”.
Tempos na Ação:
O presente
O presente está intimamente ligado à definição de espaços psicológicos. Destaca-
se o recurso ao monólogo interior (anunciado pela incidência da luz).
Por exemplo, Beresford apresenta assim os seus receios, nomeadamente o de ser
substituído pelo general Gomes Freire de Andrade “É, também, meu inimigo quem me
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possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16 000$00. Dizem
que eu sou um
grande sargento e um mau oficial, que sei organizar um exército, mas que não o sei
comandar em campanha. Basta que surja um oficial com um passado brilhante para
me destronar... Não devo esquecer-me de que estou rodeado de
inimigos”
O passado
Através de recuos no tempo, analepses, destaca-se o passado do general,
contado pelo Antigo Soldado (“Em Campo d'Ourique - já lá vão m ais de dez anos - ,
quando eu era soldado no regimento de Gomes Freire... “) e por Matilde (
“Ele dava-me a mão, eu dava-lhe a minha, e ficávamos, para aqui, a conversar...
Falávamos das batalhas em que ele andou... Relembravam os o nosso hotel de Paris”)
a infância de Vicente (“Nasci a dois passos daqui”), bem como o passado de Matilde(
“Sou Matilde de Meio, natural de Seia (…)Fui criada entre árvores e penhascos”).
As referências ao passado também mostram como este condiciona o futuro. é o
que sucede quando D. Miguel usa o facto de Andrade Corvo e Morais Sarmento terem
pertencido à maçonaria para fazer «chantagem» (“o Sr. Capitão exerceu grande
actividade numa loja maçónica”).
O futuro
- Desejos Para o Futuro
Para compreender as personagens e os seus comportamentos, é importante
conhecer os seus desejos e os seus objectivos. Vicente recorre à denúncia para obter
o cargo de polícia que realizará o seu sonho de bem-estar (“Cheira-me a coisa graúda…
se eu souber fazer render o peixe, sou capaz de acabar com uma capela... ou chefe de
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polícia, quem sabe?”), já Beresford revela que é o seu sonho de poder viver em
Inglaterra como um gentleman que motiva o seu comportamento (“desde que lhe
paguem, ao fim do ano, a quantia que um dia lhe permitirá, na sua terra viver como
gentleman!”), enquanto D. Miguel afirma que a sua acção visa a construção de "um
Portugal próspero e feliz com um povo simples, bom e confiante, que viva lavrando e
defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor, um país em que a nobreza dirija
sem qualquer limitação.”
- Esperança
O final da peça demonstra que o passado e o presente determinam os
acontecimentos seguintes, já que, devido à morte de Gomes Freire, o futuro, , tornar-
se-à, na perspectiva de Matilde, um tempo de esperança e de luta eficaz pela liberdade
(“Felizmente – felizmente há luar”).
- O Futuro Alternativo
É a partir do tempo imaginado do que poderia ter sido mas não foi realizado.
Como a tranquilidade familiar sonhado por Matilde (“Se o meu filho estivesse vivo…”).
Marcas do tempo da acção:
"Ainda há pouco saiu daqui um homem que confirmou tudo o que V. Ex.ª
diz..." (D. Miguel, acto I)
"Excelências: trago comigo um patriota que pode testemunhar o
que ontem contei ao Sr. Marechal".(Corvo, acto I)
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"Senhor: há dois dias o meu amigo Morais Sarmento entrou no botequim
Marrare e encontrou um tal Calheiros, que lhe mostrou uma proclamação
contra o rei, o Sr. Marechal e os empregados públicos..." (Corvo, acto I)
"... a execução seguir-se-á imediatamente à sentença." (D. Miguel, acto I)
"Esta madrugada prenderam Gomes Freire..." (Manuel, acto II)
"Na esteira do meu homem percorri, sozinha, metade das estradas da
Europa, e nunca me senti tão só como hoje..." (Matilde para Sousa Falcão,
acto II)
"(...) Vivi com ele os anos mais felizes da minha vida. Olhando para trás,
parece-me que nunca conheci outro viver." (Matilde para Sousa Falcão, acto
II)
"O Vicente, lembram-se do Vicente? Foi feito chefe de polícia. Vi-o,hoje,
fardado, seguido por dois esbirros!" (1.º Popular, acto II)
"A senhora, hoje, veio ter connosco porque não sabia para onde se havia de
voltar..." (Manuel para Matilde, acto II)
"Ah! Senhora, se o general estivesse esta noite aqui, levava-nos com ele até
ao fim do mundo!" (Manuel para Matilde, acto II)
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"Amanhã, quando começarem a agradecer a Deus a prisão do general,
estaremos à porta das igrejas pedindo esmola..."; "Depois de amanhã,
senhora, estaremos arrefecendo as almas ao calor das fogueiras..." (Manuel
para Matilde, acto II)
"Ao chegar a S. Julião da Barra, meteram-no logo numa masmorra e aí
ficou todo o dia; às escuras, até que, ao cair da noite, uns oficiais lhe
mandaram um enxerga e duas mantas por piedade... Só ao fim de seis
dias lhe abonaram dinheiro para comer." (Sousa Falcão, acto II)
"Alguma vez ouviu praguejar um homem, Reverência? Um homem a sério,
capaz de palmilhar as estradas da Galileia? Capaz de passar 40 dias no
deserto, ou 150 dias metido numa masmorra?" (...) "Esta praga lhe rogo eu,
Matilde de Melo, mulher de Gomes Freire d'Andrade, hoje 18 de Outubro
de 1817." (Matilde para o Principal Sousa)
"Há quatro dias que não me deito e que não sinto, na minha, qualquer mão
amiga..." (Matilde para o Principal Sousa)
"Lisboa há-de cheirar toda a noite a carne assada, Excelência, e o cheiro há-
de-lhes ficar na memória durante muitos anos..."; "É verdade que a
execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar... (D. Miguel, acto
II)
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"Não estou de luto por ele, Matilde, mas a noite passada não pude dormir.
Passei a noite a pensar e, de madrugada, percebi que não sou quem
julgava..." (Sousa Falcão para Matilde, acto II)
"Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas
ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que vísseis até ao fim...
Felizmente - felizmente há luar!" (Matilde para o Povo, acto II)
Tempo da Escrita:
O tempo da escrita corresponde a um momento específico da época em que Sttau
Monteiro viveu e escreveu, ou seja, os anos 50 e 60 do século XX (período do domínio
salazarista). Sttau Monteiro consegue descrever e criticar o poder, o povo, a miséria e
a corrupção, dos anos 50 e 60.
Um dos braços do regime era a PIDE , uma polícia política, apoiada com informantes,
que recebiam uma recompensa para denunciar qualquer pessoa ou actividade que
parecesse suspeita. A pressão da PIDE, por outro lado, fazia sentir-se de diversas
maneiras: tortura, despedimentos, perseguições, prisões e exílios.
A censura, que existia em Portugal, tornou-se um trunfo bastante importante na
época do salazarismo, exercendo-se nos diversos sectores da vida e impedindo a
revolta e tudo o que era contra ou ameaçava o estado, era uma altura de quase
censura total. Sttau Monteiro, foi até preso e as suas obras foram censuradas
Os anos 50 e 60 eram caracterizados pela grande desigualdade social, pelo povo
reprimido e cheio de medo que não podia fazer nada devido à PIDE, pela miséria e
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pela enorme taxa de analfabetismo. Estas características, influenciaram e inspiraram
Sttau Monteiro para a criação da obra, Felizmente Há Luar, onde cria uma história com
as características dos anos 50 e 60 mas que se passa noutra altura com outras
personagens de modo a evitar a censura e a PIDE.
Tempo Psicológico
O tempo psicológico, é o modo como as personagens vivem a passagem do tempo. A
Obra Felizmente há luar após a sua análise, não foram encontradas marcas de tempo
psicológico.
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LINGUAGEM E ESTILO
Felizmente Há Luar é uma obra de linguagem simples, sendo assim, o leitor ou o
espectador conseguem identificar com alguma facilidade os diálogos, os monólogos,
as marcas de discurso oral e os diferentes registos de língua. Os diferentes registos de
línguas e as marcas de discurso são distintos em várias personagens o que resulta na
diferenciação dela, sendo assim através da linguagem e estilo é possível identificar o
seu estatuto social e grau de instrução.
Na obra Felizmente Há Luar, existem os seguintes registos de língua com os seus
respectivos exemplos para justificar os mesmos:
- Registo de Língua Familiar: É um registo utilizada em situações de comunicação
informais, como conversas entre amigos ou familiares onde existe pouca preocupação
para a correcção linguística.
Exemplo: “Vai, amor da minha vida...”
- Registo de Língua Popular: É um registo associado a uma baixa escolarização,
consequentemente simples. Este registo é também caracterizado pelo uso de
expressões regionais.
Exemplo: “Eles vão para casa encher a pança!”
- Registo de Língua Corrente: É um registo usado com o fim de ser acessível a todos os
falantes de uma língua e que seja entendido pela grande maioria.
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Exemplo: “É evidente que só um depoimento de
qualidade anula todos os restantes...”
- Registo de Língua Cuidado: É um registo utilizado em situações formais. Caracteriza-
se pela atenção ao conteúdo e distingue-se pela riqueza do léxico, pelo rigor e pela
complexidade da construção frásica.
Exemplo: “Diz o Eclesiastes que, tendo Deus dividido
o género humano em várias nações, a cada uma
delas deu um príncipe que a governasse... “
- Calão: Registo caracterizado pelo uso intencional de palavras ou expressões rudes e é
também caracterizado por ser utilizado em situações muito pouco informais.
Exemplo: “Vocês ainda não estão fartos de generais?
Cornetas, tambores, tiros e mais tiros... Bestas! (…)
não há um só que não queira ir atrás dos soldados.
Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum! -
Idiotas!”
O registo mais utilizado é o registo de língua corrente contudo algumas personagens
individualizam-se pelo uso cuidado em certas situações como Matilde, Principal Sousa,
Sousa Falcão e Beresford.
Características da linguagem utilizada:
- É natural, viva e espontânea:
Exemplo: Vicente: “ Mas”? Não há “mas” nem meio
“mas”.
- É constituída por frases incompletas por hesitação ou interrupção:
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Exemplo: “É um santo, o teu general…”
- Ironia:
Exemplo: “Eram quase cinco horas pelo meu relógio
de ouro.”
- Uso do latim : Funciona como crítica para a sociedade salazarista devido ao seu valor
caducado:
Exemplo : “Ordem dos principais da Patriarcal
de Lisboa para acções de graças pela descoberta da
conjuração Nos Primarii Presbiteri, Et Diaconi Sanctae
Lisbonensis Ecc/esiae Principales Sede Patriarchali
Vacante.”
Marcas do discurso oral:
- Adjectivação irónica: “Soldado distinto, súbdito fiel...”
- Frases curtas: “A Rita dorme.”
- Frases exclamativas: “Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás!, cai na mão dos
Ingleses!”
- Frases interrogativas: “Em que guerra é que vossemecê andou?”
- Interjeições: “Bestas!” “ Idiotas!”
- Onomatopeias: “Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum!”
- Repetições: “Que posso eu fazer? Sim: que posso eu fazer?”
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- Suspensões frásicas: “O que lhes digo é que se ele não fosse estrangeirado era... era
como os outros... era mais um senhor do Rossio...”
Recursos Estilísticos:
- Aliteração: “Calça o sapato e levanta-se.”
- Apóstrofe: “E, agora, meus senhores, ao trabalho!”
- Comparação: “Como ela chorava, santo Deus! Parecia um animal ferido a ganir à
beira duma estrada...”
- Dupla adjectivação: “Sonho com um Portugal próspero e feliz (...).”
-Enumeração: “Alguns pegam nos seus objectos pessoais – cestos, mantas
esfarrapadas, uma abóbora, etc. (...).”
- Hipérbole: “De cada árvore farão uma forca, de cada cave uma prisão...”
- Metáfora: “Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada...”
- Repetição: “Vicente- Senhores! Senhores!”
Nível lexical
Léxico de Domínio:
Político “Governadores”; “povo”; “soldado”; “Patriarcal de Lisboa”;
Religioso: “Deus”; “Nossa Senhora”; “paróquias deste Patriarcado e Igrejas dos
Conventos Regulares”;
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Linguagem das Personagens
Como existe a participação de personagens de classes sociais diferentes, é possível
existirem diferenças entre o tipo de linguagem que usam, sendo assim:
Manuel – Pertence ao povo, usando uma linguagem corrente e também popular e
descuidada com expressões populares:
Exemplo: “Vê-se a gente livre dos Franceses e zás!”;
“Quem sai aos seus, degenera!»; «Deus escreve torto
por linhas direitas.”
Rita - Mulher de Manuel, pertence ao povo, identificam-se também pelo registo
linguístico popular e corrente.
Vicente – Identifica-se pelo registo linguístico popular e corrente, mas este também
usa o registo cuidado, com um melhor vocabulário.
Exemplo de um registo popular: “Mas?, Não há
"mas" nem meio "mas".”
Exemplo do registo cuidado: “Honesto e dedicado a
el-rei como eu, haverá poucos fidalgos neste Reino.”
Os polícias – Também identificam-se pelo uso do registo popular e corrente.
Principal Sousa - Personagem que pertence ao Clero, utilizando um registo de língua
corrente.
Beresford - Personagem militar que utiliza o registo linguístico popular.
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D. Miguel – Usa um vocabulário político e um registo popular e cuidado.
Exemplo: ”Reverência: as provas judiciais pertencem
ao domínio da razão e, se não pudermos condenar
nesse domínio”
Matilde - Personagem de uma mulher culta que utliza uma mais linguagem com um
vocabolario mais rico e com uma complexidade frásica mais complexa.
Exemplo: “Despertamos a meio da noite, damos
com o nosso homem, acordado, com os olhos postos
sabe-se lá em quê, queremos dar-lhe a mão, ver o
que ele vê, e não sabemos por onde começar…”
Sousa Falcão - Personagem de um homem culto, que usa uma linguagem mais
cuidada.
Exemplo: “D. Miguel é um cristão de Domingo,
Matilde”
Frei Diogo - Caracterizado pelo uso de um registo de língua popular.
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Modos de Apresentação Do Discurso
Os Modos de Apresentação do discurso estão divididos em:
Narração;
Descrição;
Diálogo e Monólogo;
A narração, conta acontecimentos ou experiências conhecidas ou imaginadas, ou seja, é
um momento dinâmico do texto.
Exemplo: “ De repente olha para os polícias e
compreende que está a dizer coisas que não deveria
ter dito. Fecha as mãos.”
A descrição, apresenta algo de forma relativamente pormenorizada, desde
personagens, a objectos, o tempo ou o espaço.
Exemplo: “Alguns pegam nos seus objectos pessoais
– cestos, mantas esfarrapadas, uma abóbora, etc.
(...).”
O diálogo, reproduz uma fala entre duas ou mais personagens, utilizando o
discurso direto.
Exemplo: 2º Popular – “Era Mesmo dele?” 1º Popular
- “Era dele, digo-lhes eu.”
O monólogo, reproduz apenas uma fala de uma personagem que fala
consigo próprio, o monólogo pode tanto ocorrer tanto na presença de
outras personagens ou se a personagem se encontrar sozinha.
Exemplo: Matilde- “Na esteira do meu homem
percorri, sozinha, metade das estradas da Europa, e
nunca me senti tão só como hoje... Quero defender
tudo o que tenho e não sei por onde hei-de
começar...”
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Didascálias
As didascálias, são todas as informações dadas pelo dramaturgo, são uma espécie de
instruções dadas pelo dramaturgo, estas não devem ser ditas pelas personagens
através da fala mas muitas vezes pelos gestos como acontece na obra Felizmente Há
Luar, "Ao dizer isto, a personagem está quase de costas para os espectadores.". As
didascálias, diferenciam-se do resto do texto, por estarem escritas entre parêntesis ou
por estarem em itálico ou negrito.
Na obra, Felizmente Há Luar, existem dois tipos de didascálias. Existem didascálias que
acompanham as falas das personagens entre parêntesis ou em itálico , onde surgem
informações como, os gestos , a movimentação, o guarda-roupa, tom de voz e ps
sentimentos e emoções. O outro tipo de didascálias surge ao lado do texto com as
falas das personagens e ajuda a caracterização e revela a forma e intenção como
dramaturgo quer que a fala seja interpretada pelo leitor
Exemplo do primeiro tipo de didascálias: “(Caminha
em direcção a Matilde.)”.
Exemplo das didascálias laterais: “Vê-se que Gomes
Freire é o seu herói.”.
Num pequeno resumo, as didascálias funcionam numa peça para:
indicação do nome da personagem antes de cada fala;
indicação da entrada ou saída de personagens;
explicações do autor: ("O público tem de entender, logo de entrada..." )
referências aos adereços que compõem o espaço cénico;
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referência à posição das personagens em cena: ("Ao dizer isto, a personagem
está quase de costas para os espectadores." );
indicação das pausas: ("pausa)";
caracterização do tom de voz das personagens: ("Muda de tom de voz.")
Informações que caracterização as personagens: ("Fala com entusiasmo. Vê-se
que Gomes Freire é o seu herói.");
indicações sonoras ou ausência de som: ("Começa a ouvir-se, ao longe, o ruído
de tambores.");
movimentação cénica das personagens:("Ao falar da cara, levanta-se,
assumindo a posição dum senador romano.");
sugestão do aspecto exterior das personagens: ("Beresford vem fardado. A
farda, ainda que regulamentar, não é espaventosa e está um pouco usada.");
expressão do estado de espírito das personagens e a sua evolução ao longo da
cena: Exemplo: tristeza, esperança, medo, desânimo
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Contextualidade Histórica e Social
A obra, Felizmente Há Luar, foi escrita por Sttau Monteiro nos anos 50 e 60 no século
XX, num período onde Portugal era governado por Salazar. Esta época é caracterizada
por um regime absolutista, redigido sobre regras bastante rígidas, onde quem
quebrasse ou era suspeito de quebrar essas regras era rapidamente castigado por
uma policia politica chamada de PIDE. Esta polícia adquiria informações através de
informantes que eram recompensados, as informações eram depois transformadas em
acções, todos aqueles que se queixavam ou que se revoltavam contra o regime eram
castigados de várias maneiras como tortura, despedimentos, perseguições, prisões,
deportações e exílios. Sttau Monteiro foi até perseguido pela PIDE devido às suas
obras. A PIDE teve uma grande papel neste regime, uma vez que implantou medo e a
impotência no povo, evitando assim, quaisquer incómodos para o governo.
Os anos 50 e 60 eram caracterizados pela desigualdade, pela miséria e pela pobreza. O
povo estava reprimido e sobre explorado, trabalhava demasiadas horas e recebia
bastante pouco, já aqueles que concordavam e apoiavam o regime estavam protegidos
e tinham uma vida mais fácil.
A obra, Felizmente Há Luar! tem como cenário o ambiente político dos inícios do
século XIX: em 1817, bastante semelhante ao cenário onde Sttau Monteiro vivia. O
cenário da obra é caracterizado pelas desigualdades socias, pela censura e falta de
poder das classes mais baixas bem com também existe a presença de uma polícia e de
informantes que davam informações sobre quem estava contra o regime, sendo que
todos esses que se revoltavam eram castigados tal como acontece nos anos 50 e 60.
A esta altura já é possível ver as semelhanças, os anos 50 e 60 no século XX e o tempo
da obra tem bastante semelhanças no regime desses tempos. Essa semelhança é uma
criação de Sttau Monteiro, não é uma coincidência. Sttau teve a intenção de criar uma
obra que denunciava a opressão vivida no regime salazarista , descrevendo essa tal
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opressão com personagens diferentes em tempos diferentes, mas a acção e regime
permanecem o mesmo. Na obra, Sttau Monteiro destaca as injustiças e o abuso de
poder do regime salazarista, processo denomina-se de distanciamento histórico ou
paralelismo histórico, onde uma época neste caso os anos 50 e 60 do século XX são
recriados numa obra.
O século XIX, tempo onde se passa a acção da obra, é uma metáfora do século XX, ou
seja, a intenção de Sttau Monteiro na criação da obra Felizmente Há Luar, era destacar
todas os pontos negativos do regime salazarista e apontar a necessidade de uma
revolução, percebe-se assim que a obra serve de pretexto para uma reflexão sobre o
regime salazarista.
Século XIX – 1817 Século XX – anos 60
Agitação social que levou à revolta de 1820 Agitação social: conspirações internas; principal erupção da guerra colonial
Regime absolutista e tirano Regime ditatorial salazarista
Classes hierarquizadas, dominantes, com medo de perder privilégios
Classes exploradas; desigualdade entre abastados e pobres
Povo oprimido e resignado Povo reprimido e explorado
Miséria, medo, ignorância, obscurantismo mas “felizmente há luar”
Miséria, medo, analfabetismo, obscurantismo mas crença nas mudanças
Luta contra a opressão do regime Luta contra o regime totalitário e ditatorial
Perseguições dos agentes de Beresford Perseguições da PIDE
Denuncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento
Denuncias dos “bufos”
Censura à imprensa Censura total
Repressão dos conspiradores; execução sumaria e pena de morte
Prisão; duras medidas de repressão e tortura; condenação sem provas
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Neste trabalho abordei todos os parâmetros e características a analisar na obra
Felizmente Há Luar. Este trabalho foi bastante importante, uma vez, que fez com que
percebe-se a obra de uma forma extensa em todos os parâmetros ( personagens,
tempo, espaço, registos de língua, acção e a contextualização histórica) e também
penso que melhorou as minhas capacidades e técnicas de análise de texto
Este trabalho será bastante importante uma vez que será mais uma ferramenta de
estudo para o próximo exame nacional de português.
Espero que com este trabalho o leitor consiga ter os dados necessários para conseguir
concretizar qualquer teste ou exame sem qualquer dificuldade.
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Webliografia
http://www.infopedia.pt/$luis-de-sttau-monteiro
http://cvc.instituto-camoes.pt/pessoas/luis-de-sttau-
monteiro.html#.VWKvsU9t3IU
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Sttau_Monteiro
http://propor.esccb.pt/propor2/index.php?option=com_content&view=articl
e&id=36&Itemid=42
50