50
1 José Paulino 12º Ano Nª9 2014/2015 Português Professora: Ana Lúcia

Felizmente Há Luar

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Análise da Obra

Citation preview

Page 1: Felizmente Há Luar

1

José Paulino

12º Ano Nª9

2014/2015

Português

Professora: Ana Lúcia

Page 2: Felizmente Há Luar

2

Índice

Introdução

Resumo

Ação

Personagens

Espaço

Tempo

Registos de Língua

Modos de Apresentação de Discurso

Contextualização histórica e social

Conclusão

Webliografia

Page 3: Felizmente Há Luar

3

Introdução:

O presente trabalho é sobre a peça Felizmente Há Luar, esta obra foi publicada em

1961 e fez com que o autor, Sttau Monteiro ganhasse o Grande Prémio de Teatro da

Associação Portuguesa de Escritores. Esta obra foi proibida e censurada pela PIDE que

atua sobre ordens de Salazar.

Felizmente Há Luar! é um drama , dentro dos princípios do texto dramático, e descreve

o movimento oitocentista, em Portugal e ainda pretende informar sobre as condições

da sociedade portuguesa do início do século XIX e a revolta dos mais desfavorecidos,

que se realiza muitas vezes em segredo.

Este trabalho tem como objectivo transmitir ao leitor e ao autor do trabalho,

conhecimentos sobre a obra, Felizmente Há Luar, através de uma análise extensiva

sobre a obra. O leitor ao começar o processo de ler este trabalho, irá encontrar todo o

tipo de informações sobre a obra, este irá encontrar informações sobre o autor da

obra, a sua vida, irá encontrar um resumo sobre a obra onde irá encontrar as

informações fundamentais e essências sobre a história. Após o resumo, a análise

aprofundada da obra começa, encontrando conhecimentos sobre a acção, as

personagens, o tempo, o espaço, a linguagem e estilo e também sobre a

contextualização histórica social.

Page 4: Felizmente Há Luar

4

Biografia

Luís de Sttau Monteiro, filho de

Armindo Rodrigues de Sttau

Monteiro, um jurista e diplomata

(embaixador português em

Inglaterra) e filho de Lúcia Rebelo

Cancela Infante de Larcerda,

nasceu a 3 de Abril de 1926.

Luís de Sttau Monteiro com

apenas 10 anos mudou-se para

Londres com o seu pai que era

embaixador em Inglaterra. No

entanto, em 1943, o seu pai é

demitido por Salazar o que iria

significar que o jovem Luís de

Sttau Monteiro com 17 anos na

altura, teria de voltar para

Portugal. Durante o tempo em que Luís de Sttau Monteiro esteve em Inglaterra, este

teve contato com a literatura anglo-saxónica influenciando as suas obras no futuro.

Quando Luís de Sttau Monteiro volta para Portugal, entrou na Faculdade de Direito em

Lisboa, mas este não exerceu a profissão durante muito tempo, apenas dois anos,

dedicando-se ao jornalismo. Mais tarde, Luís de Sttau Monteiro volta para Inglaterra,

tornando-se piloto de Fórmula 2, mas teve de desistir devido ao desassossego da sua

família que não concordava, foi também que em Inglaterra que conheceu a uma

mulher chamada de June Goodyear.

Page 5: Felizmente Há Luar

5

Mais tarde, Luís de Sttau Monteiro volta para Portugal, casando em Sintra com June

Goodyear resultando no nascimento de quatro filhos: Carolina, Ana Lúcia, Diogo e

Tomás.

Com o retorno de Luís de Sttau Monteiro, colaborou em várias publicações com a

revista Almanaque, jornais Se7e, O Jornal e Expresso , trabalhou em publicidade,

escreveu crónicas e criticas sobre o pseudónimo de Manuel Pedrosa, produziu várias

obras e ainda trabalhou como tradutor de obras. Uma das suas obras, Felizmente há

Luar recebeu o Grande Prémio de Teatro em 1962, ano em que foi publicada, mas a

sua representação foi proibida pela censura, também devido há censura, Luís de Sttau

Monteiro, foi preso após a publicação da peça de teatro A Guerra. Só em 1978, após o

25 de Abril de 1974 é que a sua peça foi representada no Teatro Nacional.

Luís de Sttau Monteiro, infelizmente faleceu aos 67 anos no Hospital de S. Francisco

Xavier, em Lisboa, a 23 de Julho de 1993, sendo que mais tarde, a Câmara Municipal

de Lisboa prestou homenagem a Luís de Sttau Monteiro dando o seu nome a uma rua

da freguesia de Marvilha.

Luís de Sttau Monteiro, era conhecido como um homem religioso, que não gostava de

ser conhecido e que considerava Portugal como um país que não lhe servia, “Nunca

encontrei nada em Portugal que não encontrasse melhor lá fora”, sendo que preferia

Inglaterra. Luís de Sttau Monteiro era também conhecido por gostar das corridas de

automóveis daí o facto de este se ter tornado piloto, gostava também de pesca,

gastronomia e de literatura, frequentando o Colégio de Santo Tirso (Lisboa), de onde

foi expulso, o Liceu Pedro Nunes e a Universidade de Lisboa.

Luís de Sttau Monteiro foi considerado por muitos o maior dramaturgo português da

segunda metade do século XX.

Page 6: Felizmente Há Luar

6

Resumo

Ato I :

No inicio deste ato, o som dos tambores chama a atenção, resultando numa conversa

sobre Gomes Freire. Nesta conversa, Gomes Freire é idolatrado e considerado como

um “homem do povo” ou perfeito pelos populares, sendo que Vicente ao tentar

denegrir a imagem de Gomes Freire dá a imagem que Vicente não gosta dele.

No entanto, o aparecimento de dois policias faz com que os participantes da

conversa sobre Gomes Freire se vão embora no entanto Vicente fica. O facto de o

povo ter ido embora com a presença causou uma estranheza para os dois polícias

sendo que estes pediram a Vicente que recolhesse informações e em troca, Vicente

receberia poder e dinheiro. Durante o diálogo entre os dois policias e Vicente,

Vicente admite que não tem muito carinho pelo povo, ou seja, não é fã do povo e do

ambiente que o rodeia, sendo assim, os polícias usam a negatividade que Vicente

tem pelo povo para transmitir informações secretas e essenciais ao governador do

reino, D. Miguel Pereira Forjaz.

Mais tarde os homens que transmitiam informações para D. Miguel, Andrade Corvo,

Morais Sarmento e Vicente voltam com informações sobre quem seria o inimigo do

reino, o nome que todos transmitiram foi, o general Gomes Freire.

Ato II

Este acto começa com Manuel e os populares onde este indica, impotência e falta

de poder para com a prisão do general Gomes Freire. O desespero e frustração de

Manuel também é reconhecida pelos populares, esta pequena reunião era ser

outra vez interrompida pelos policias como aconteceu no primeiro ato. Mais tarde,

Page 7: Felizmente Há Luar

7

Rita mostra sua sensibilidade com Matilde tentando ajudá-la, Matilde regista a sua

ajuda e começa um monólogo onde recorda o seu passado, como os momentos que

passou com Gomes Freire.

Sousa Falcão surge diante de Matilde, confessando o seu desânimo e desencanto

face ao país em que vive. Este despede-se de Matilde e parte em busca de notícias

do amigo (Gomes Freire) deixando-a dolorosamente triste, mas com vontade de

enfrentar as classes mais poderosas. Matilde dirige-se a Beresford e esta tenta de

tudo para a libertação do seu amado, até tentou suplicar, o que mostra sinais de

desespero .

Matilde, tenta apelar os populares mas este ignoram-na, já Vicente devido aos

serviços prestados a D. Miguel, a recolha de informações, fica com o cargo de chefe

da policia.

Mais tarde , Matilde reúne-se com Sousa Falcão e estes informa Matilde que

ninguém pode ver o general que se encontra numa masmorra em S. Julião da Barra.

Sousa Falcão informa ainda Matilde que Gomes Freire não terá direito a uma

julgamento, esta ultima noticia deixa Matilde bastante revoltada e esta vai tentar

salvar mais uma vez, desta vez, vai exigir um julgamento para Gomes Freire, e

agora com menos tempo, pois Sousa Falcão anuncia que a morte do general está

bastante próxima, Matilde, apressa-se e vai falar com D. Miguel, mas este apenas

diz-lhe que a execução será à noite na noite de luar.

Matilde que já tentou de tudo para salvar o general, já não consegue evitar o

inevitável, Gomes Freire irá morrer e sendo assim Matilde vestida com uma saia

verde em honra ao general que lhe comprou a mesma irá iniciar um discurso de

despedida com a presença de Sousa Falcão. No final, Gomes Freire é queimado e o

segundo acaba com a fala de Matilde, “Felizmente – felizmente há luar!”.

Page 8: Felizmente Há Luar

8

Acção

Estrutura Externa:

A obra Felizmente Há Luar está dividida em dois actos (Acto I e Acto II). Quanto às

cenas, não existem quaisquer registos de divisão em cenas sendo que as entradas e

saídas de personagens são destacadas pela intensidade da luz.

Estrutura Interna

Esta obra não respeita a forma clássica, mas apresenta uma ordem e apresentação

de acontecimentos linear. A acção centra-se na personagem Gomes Freire de

Andrade e na sua execução.

Ato I:

No primeiro ato da obra, ocorre a apresentação das personagens e da

situação(introdução), neste caso as personagens são o povo, aqueles contra o poder (

os populares, Matilde, general, Manuel, o Antigo Soldado e Rita) e aqueles que estão

a favor do poder (D. Miguel, Beresford, Principal Sousa, Vicente, Andrade Corvo e

Morais Sarmento). Neste ato é descrita o ambiente de pobreza e miséria do povo

bem como o que o poder pode fazer às pessoas, neste caso, o poder faz com que

Vicente dê informações a D. Miguel sobre quem estaria a fazer uma movimento de

revolução, fazendo com que Vicente seja recompensado e fazendo com que Gomes

Freire seja condenado.

Ato II:

É no segundo ato que ocorre o desenvolvimento, e a conclusão da obra. Este ato

começa com o desespero e com a preocupação do povo com a condenção de Gomes

Freire. Todas as acções que ocorrem no segundo ato que tem haver com a tentativa

de resgatar correspondem ao desenvolvimento, incluindo as suplicações e o

Page 9: Felizmente Há Luar

9

desespero de Matilde ao senhores de maior poder não resultando em nada. Na

conclusão, Matilde aceita o destino, a morte de Gomes Freire.

Page 10: Felizmente Há Luar

10

Personagens

Na obra Felizmente Há Luar é possível dividir as personagens em dois grupos, aquelas

que estão ligadas ou a favo do poder e aqueles que se opõem ao poder, estes que se

opõem ao poder tem como líder ou como inspiração o General Gomes Freire.

Personagens a favor do poder: D Miguel, Principal Sousa, Beresford, Vicente, Morais

Sarmento e Andrade Corvo.

Personagens contra o poder: Manuel, Rita, Gomes Freire, Sousa Falcão, Matilde, Frei

Diogo de Melo, Antigo Soldado e Povo.

A personagem Sousa Falcão é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta

personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem

modelada pois, para além de ter uma densidade psicológica este também evolui ao

longo da acção, esta evolução ocorre quando descobre que foi um cobarde por não ter

lutado ao lado do general contra o poder.

Esta personagem é caracterizada por:

- Representar a impotência e falta de poder perante um governo governado por uma

entidade com poder absoluto;

-Também representa a amizade e a fidelidade, já que é o único amigo de Gomes Freire

e que também participa e tem conhecido dos planos de contrapoder do general;

Page 11: Felizmente Há Luar

11

- Ser um amigo importante de longa data do casal (Matilde e do General), já que

assistiu à morte do filho de Matilde (“assistiu à morte do nosso filho”) e é “amigo das

coisas importantes e das pequenas coisas”;

-É um “ inseparável amigo”;

-É “franco, aberto e leal”;

-É cobarde e arrependido por não ter estado ao lado deo general na luta contra o

poder(“Faltou-me a coragem para estar na primeira linha”);

-Tem consciência e percepção de como a sociedade daí o facto de este não ter

participado na luta contra o poder, pois podia ser morto;

-Revoltado, pois críticas as acções que D. Miguel teve com o general. ( Cão ! Covarde !

Assasino !”);

-Estar triste com a morte do general. (“A tristeza de Sousa Falcão sente-se em todas as

suas palavras e em todos os seus gestos.”);

A personagem Vicente é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta

personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem

modelada pois, revela uma evolução, passa do povo para os traidores, como chefe de

polícia.

A personagem Vicente é caracteriza por:

- Ser um traidor do povo, pois denuncia o general do seu movimento contra o poder;

Page 12: Felizmente Há Luar

12

-Representa a hipocrisia, a corrupção, e oportunismo , pois aproveita-se da denúncia

do general para evoluir na vida. (se eu souber fazer render o peixe, sou capaz de

acabar com uma capela... ou chefe de polícia, quem sabe?);

- Desprezar a classe social a que pertencia, o povo. (“igualmente verdade que os

odeio”);

- Responsável pela denuncia que resulta na norte do general;

- É movido pela recompensa materialista, considerando- o uma personagem

materialista. ( “Só acredito em duas coisas: no dinheiro e na força”);

- Ser do povo mas ao mesmo tempo tem vergonha do seu nascimento e da sua antiga

condição social (“ vejo a mim próprio: sujo, esfomeado, condenado à miséria por

acidente de nascimento”;

- Astuto e manipulador contando sempre “metade das verdades”;

A personagem Principal Sousa é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta

personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem

modelada pois, revela uma evolução, no inicio sente-se desconfortável em condenar

alguém inocente mas depois acostuma-se usando as condenações a seu favor.

A personagem Principal Sousa é caracterizada por:

- Representar o poder da igreja;

-Não representar a mensagem da igreja e de cristo;

Page 13: Felizmente Há Luar

13

- Desonesto e corrompido pelo poder da igreja, pois usa a igreja a seu favor. (“o

senhor, condena a mentira em nome de Cristo mente em nome do Estado,”);

- Odeia os franceses pois “transformaram esta terra de gente pobre mas feliz num

antro de revoltados!”;

- Preocupado com a numero de frequentes que vão à igreja. (“essas aldeias fora é cada

vez menor o número dos que frequentam as igrejas e cada vez maior o número dos

que só pensam em aprender a ler...”);

- Injusto pois tenta condenar Gomes Freire sem provas;

- Usar razões pessoais para justificar atos, para ter a sua “consiência livre”;

- Detestar Beresford;

- Falso, por Matilde. (“o senhor, condena a mentira em nome de Cristo mente em

nome do Estado”);

A personagem Frei Diogo é uma personagem secundária plana, ou seja, esta

personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana

pois, não revela uma evolução ao longo da acção.

Frei Diogo é caracterizado por ser:

- O Confessor de Gomes Freire. (“Venho de confessar o general, em S. Julião da

Barra.”);

Page 14: Felizmente Há Luar

14

- Julgador, julgando a insensibilidade do Principal Sousa, por condenadar general sem

existir um julgamento, sem justiça. (“Não faça a Deus o que os homens fizeram ao

general Gomes Freire: não O julgue sem O ouvir. Deus carece cada vez mais desse

direito.");

- Representa todos os clérigos que seguem a verdadeira mensagem da igreja e de

cristo;

As personagens “os populares” e o povo são uma personagem colectiva, que

representam a classe oprimida pelo poder e a miséria e pobreza, (“Alguém aqui tem

relógio? (...) Esqueceram-se dos relógios em casa...”.), (“Julgas que matas a fome com

as balas? Idiotas! Nenhum de vocês tem um tecto que o abrigue no Inverno, nenhum

de vocês tem onde cair morto”). Estas personagens são contra o poder mas não

podem fazer nada por medo e pela falta de meios.

A personagem “ANTIGO SOLDADO” é uma personagem secundária plana, ou seja, esta

personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana

pois, não revela uma evolução ao longo da acção. Esta personagem é uma identidade

anónima sendo que representa o desprezo que o poder tem por aqueles que foram

para a guerra bem como o desprezo que têm pelas classes mais pobres, (E tu, que não

comes desde ontem - estás com pressa de ir para a guerra? Julgas que matas a fome

com as balas? Idiotas! Nenhum de vocês tem um tecto que o abrigue no Inverno,

nenhum de vocês tem onde cair morto, mas, mal passa um tambor, não há um só que

não queira ir atrás dos soldados.”). Esta personagem tem o papel de indicar a

disposição da população após a morte do general, (“ prenderam o general…Para nós, a

noite ainda ficou mais escura…”) e também tem como papel, reconstruir o passado de

Page 15: Felizmente Há Luar

15

Gomes Freire, esta personagem indica-nos que o Gomes Freire teve um passado

militar, (“Onde aparecia o regimento de Gomes Freire”).

Os dois policiais, são personagens secundárias planas, ou seja, estas personagem

intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a personagem

principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana pois, não

revelam uma evolução ao longo da acção. Estas personagens representam a

autoridade do governo e consistentes desse poder ameaçam constantemente o povo.

e são caracterizadas pela ingeniosidade que tem por Vicente pois estes acreditam que

não seriam esquecidos após a promoção de Vicente, no fim, Vicente acaba por

esquecê-los, (“Nunca te havias de esquecer de que tínhamos sido nós os portadores da

boa nova…”)

A personagem Matilde Melo é uma personagem secundária modelada, ou seja, esta

personagem intervém na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem

modelada pois, revela uma evolução e complexidade psicológica, evoluindo de

rapariga de uma aldeia para a companheira do General, tendo sofrido grandes

alterações de valores que se manifestam nas suas atitudes.

Caracterização de Matilde de Melo:

- É a “companheira de todas as horas” de Gomes Freire;

- Já foi mãe. (“Assistiu à morte do nosso filho”);

- É uma mulher de carácter forte e é corajosa.

- Odeia hipocrisia e Materialismo;

Page 16: Felizmente Há Luar

16

- É persistente. (“Enquanto houver vida... força... voz para gritar... Baterei a todas as

portas, clamarei, por toda a parte, mendigarei, se for preciso, a vida daquele a quem

devo a minha!”)

- Encontra-se Revoltada . (“Ensina-se-lhes que sejam valentes para um dia virem a ser

julgados por covardes!”)

- Está Triste e em sofrimento com a prisão de Gomes Freire (“vestida de negro e

desgrenhada”);

- É sonhadora, do ponto de vista que revê o seu passado. (“Relembrávamos o nosso

hotel de Paris…”)

- Sozinha. (“agora, estou sozinha”)

- Desesperada. (“O desespero da Matilde perante a atitude dos populares tem de ser

evidente.”)

- Aldeã de uma terra pobre. (““Sou Matilde de Meio, natural de Seia, uma terra tão

pobre e tão pequena que o senhor, decerto nunca ouviu falar dela.

orgulho. Fui criada entre árvores e penhascos, naquela pobreza que os ricos designam

por santa e que os pobres amaldiçoam.”)

- Religiosa. (“Ensinaram-me, de pequena, a amar a Deus sobre todas as coisas.”)

- É “uma mulher de meia-idade”;

Page 17: Felizmente Há Luar

17

- É a representação de todos os sacrifícios que as mulheres fazem para manter a

família unida. (“ As mulheres, Sr. Marechal, estão sempre dispostas a colaborar com a

tirania para conservarem os maridos em casa.”)

- Tem uma grande amizade com Sousa Falcão;

- Alucinada, quando fala sozinha para o espírito de António. (“ Não chore, António.

Veja como ele ri!”)

- Caridosa. (“Essas calças que traz vestidas, reconheço-as, fui eu que lhas dei”);

A personagem Matilde, é uma personagem bastante caracterizada e que vai ganhando

cada vez mais importância ao longo da obra. Esta começa como uma mulher de um

prisioneiro, mas vai evoluindo começa a utilizar os ideais do seu marido, ou seja,

revolta-se e crítica com tudo aquilo que ela não acha correto para com a sociedade e

com as classes mais pobres. Matilde começa a revoltar-se e vai começando a dirigir-se

ao poder, protestando, conseguindo a mesmo chegar à consciência de alguns

membros fazendo com que estes reconheçam “as justiças” que fizeram, como por

exemplo Beresford e Principal Sousa. Ao mesmo tempo, Matilde mostra a hipocrisia e

mostra os problemas que existem no país, enfrentando aqueles que se encontram no

poder. Esta enfrenta vários membros do poder como Beresford e D. Miguel, não

consegue o que quer, a libertação ou um julgamento justo para Gomes Freire mas

Matilda não tem sucesso, mesmo assim Matilde, determinada, ainda tenta convencer

Principal Sousa, no seu diálogo com Principal Sousa, Matilde “desmascara-o”,

acusando Principal Sousa de traidor. Esta personagem ao longo da obra, através do seu

sofrimento foi ganhando consciência sobre o estado do país e a partir daí foi

batalhando a suas lutas para defender os seus ideais.

Page 18: Felizmente Há Luar

18

As personagens Manuel e Rita são personagens secundárias planas, ou seja, estas

personagens intervêm na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, são também personagens plana

pois, não revelam uma evolução ao longo da acção.

Manuel, “o mais consciente dos populares”, e Rita representam o povo oprimido que

têm a consciência da injustiça que acontece no governo mas que se sentem

incapacitados por não conseguem fazer nada, (“Vê-se a gente livre dos Franceses e

zás!, cai nas mãos dos Ingleses! E agora? Se acabarmos com os Ingleses, ficamos na

mão dos reis do Rossio... Entre os três o diabo que escolha ... “). Após a prisão de

Gomes Freire tanto Manuel, Rita e o povo, sentem-se desesperados e desiludidos pois

a esperança que depositaram em Gomes Freire pois despedaçada quando este foi

preso. Rita foi a personagem a ver o general a ser preso, (“Estava lá na rua quando

prenderam o general. Vi-o sair de casa…”) e é ainda uma amiga preocupada de Matilde

pois esta tenta ajudar Matilde.

A personagem D. Miguel, é uma personagem secundária plana, ou seja, esta

personagem intervém na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana

pois, não revela uma evolução ao longo da acção.

D. Miguel é caracterizado como:

- Primo de Gomes Freire;

- Um símbolo de um país decadente, do poder absolutista e da nobreza;

Page 19: Felizmente Há Luar

19

- Assustado com as transformações que podem acontecer e que este não gosta ou não

consegue controlar, tem medo das revoluções, daí matar o Gomes Freire;

- O responsável pela morte de Gomes Freire;

- Desactualizado. (“Não lhes negues, Excelências, que não sou um homem do meu

tempo”);

- Segundo Sousa falcão: “frio, desumano, calculista” . (“odeia Gomes Freire,

Nem nos receberá! Conheço-o há muitos anos. É frio, desumano e calculista.”)

- Uma das personagens que odeia Gomes Freire. (“odeia Gomes Freire”);

A personagem Beresford, é uma personagem secundária plana, ou seja, esta

personagem intervém na acção mas não intervêm com tanta importância como a

personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma personagem plana

pois, não revela uma evolução ao longo da acção.

Beresford é caracterizado como:

- A principal figura na perseguição a Gomes Freire;

- É o símbolo da presença inglesa (“Tão bem que, ao voltar à minha terra”) e do poder

militar;

Page 20: Felizmente Há Luar

20

- Não gostar de Portugal. ( “Neste país de intrigas e de traições, só se entendem uns

com os outros para destruir um inimigo comum e eu posso transformar-me nesse

inimigo comum, se não tiver cuidado.”) e (“ como a vida num país pequeno acaba por

atrofiar as almas!”);

- Materialista, preocupando-se apenas com a sua carreira e com dinheiro. (“ Troco os

meus serviços por dinheiro -“senhores, afirmo-vos em nome dos meus 16000§00

anuais, que farei tudo o que for necessário para os continuar receber.”);

-Medroso pois tem medo que Gomes Freire fique com o seu cargo. (“Dizem que eu sou

um grande sargento e um mau oficial, que sei organizar um exército, mas que não o

sei comandar em campanha. Basta que surja um oficial com um passado brilhante para

me destronar... );

- Um grande sargento e um mau oficial (“Dizem que eu sou um grande sargente um

mau oficial”);

- “Um mercenário” por D. Miguel.

As personagens Andrade Corvo e Morais Sarmento são personagens secundárias

panas, ou seja, esta personagem intervêm na acção mas não intervêm com tanta

importância como a personagem principal, tendo um papel secundário, é também uma

personagem plana, pois não apresenta qualquer evolução ao longo da acção.

Page 21: Felizmente Há Luar

21

Andrade Corvo e Morais Sarmento caracterizados por:

- Seres traidores do povo, denunciadores e oportunistas pois, espiaram e

revelaram o movimento de revolta do general;

- Medrosos e vítimas de chantagem. “Tanto o Sr. Capitão Corvo como o Sr. Capitão

Morais Sarmento pertencem à Maçonaria e ambos estão, portanto, numa situação

delicada.”

- Por Pertencerem à maçonaria;

Andrade Corvo é ainda considerado por Beresford como um “mau oficial, ignorante´”

e um “pedreiro-livre”.

Já Morais Sarmento limita-se a ser uma testemunha (“ trago comigo um patriota que

pode um compatriota para testemunhar”).

O general Gomes Freire de Andrade é a personagem central desta obra, sendo que

esta nunca aparece na obra fisicamente, sendo que este torna-se presente ao longo da

acção através das falas das personagens.

A principal caracterização é feita pelo Antigo Soldado afirmando que é “uma amigo do

povo! Um homem às direitas!” e um homem único, “quem fez aquele não fez outro

igual”, já Vicente com um tom irónico indica o valor e a força que Gomes Freire tem

sobre o povo, “para esta cambada o Gomes Freire é Deus”, sendo assim Gomes Freire

representa para as classes mais baixas, a liberdade, a revolução e uma nova

Page 22: Felizmente Há Luar

22

oportunidade para um governo melhor, pois Gomes Freire luta contra o poder,

“Excelência: Se pusermos de parte a pessoa d’el-rei e a vossa, a ninguém tem o povo

mais amor do que ao primo de V. Excelência. Soldado distinto, súbdito fiel… Em

ninguém põe o povo mais esperança do que no general…”. Esta admiração do povo

sobre Gomes Freire em vez de ser sobre D. Miguel, causa um desagrado em D. Miguel

fazendo com que este tente matar Gomes Freire, (“Senhores Governadores: aí tendes

o chefe da revolta. Notai que lhe não falta nada: é lúcido, é inteligente, é idolatrado

pelo povo, é um soldado brilhante, é grão-mestre da Maçonaria e é, senhores, um

estrangeirado…” ) assim consegue evitar uma revolta e talvez possa ganhar o respeito

pelo povo. No fim do primeiro ato, Gomes Freire é então preso.

No segundo ato, é através de Matilde que ocorrem mais caracterizações sobre o

general, dizendo que este é uma homem apaixonado e dedicado, é também através do

segundo ato que é possível ver a grandeza e a influência que Gomes Freire tem no

povo, Gomes Freire era reconhecido pela sua justiça, honra e coragem. Agora,

Beresford no segundo ato, caracteriza Gomes Freire como uma pessoa muito poderosa

e temida, um “incómodo” para aqueles que são a favor do poder, “simples existência

de certos homens é já um crime”. Matilde, outra vez, continua a caracterizar o general

como uma pessoa humilde, “(“O meu homem nunca quis saber quantos soldados tinha

atrás de si”. “Franco, aberto, leal”, é assim que Sousa Falcão caracteriza o seu amigo e

mais tarde Frei Diogo considera o general como um santo, “Se há santos, Gomes Freire

é um deles…”.

A morte do General Gomes Freire, não teve o efeito esperado por D. Miguel, a morte

do general deveria acabar com espirito de revolta, mas aconteceu o contrário, a sua

morte fez com que a descontentamento e o sentimento de fazer algo sobre as

injustiças crescesse.

Mais caracterizações do General Gomes Freire:

- É um traidor. (“Morte ao traidor Gomes Freire de Andrade!”

Page 23: Felizmente Há Luar

23

- É marido de Matilde;

- É pai;

- É primo de D. Miguel;

- “Estrangeirado”

- É inocente e um bode expiatório. “Não faça a Deus o que os homens fizeram ao

general Gomes Freire: não O julgue sem O ouvir”;

Page 24: Felizmente Há Luar

24

Espaço

Espaço cénico

O espaço cénico é o local ocupado pelos atores durante a representação diante de um

público, este espaço com o passar do tempo pode modificar-se. O espaço cénico dá

uma ideia ao espetador sobre o local onde a ação ocorre, os sons, as luzes, os

elementos decorativos e a posição das personagens são bastante importantes.

Na obra, Felizmente Há Luar, as referências ao espaço cénico são poucas sendo que

estas são maioritariamente ligadas há intensidade e aos efeitos de luz e do som.

Exemplos: “Ilumina-se subitamente…”; “Ilumina-se o

palco … em três cadeiras…”

Outro Exemplo: Sempre que se pretende destacar

uma personagem que caracteriza o povo, Manuel,

este situa-se na escuridão e é depois imediatamente

iluminado com um foco de luz, “ Ao abrir o pano, a

cena está às escuras, encontrando-se uma única

personagem intensamente ilumina da, ao centro”,

dando a ideia de um povo oprimido e é uma crítica à

opressão que o povo sofre.

Na obra ,Felizmente Há Luar, não existem muitas referências diretas ao espaço cénico,

o que significa que Luís de Stauu Monteiro criou esta obra com poucos espaço cénicos

de modo a que seja possível representar a acção em qualquer lugar.

Page 25: Felizmente Há Luar

25

Espaço Físico

O espaço físico é o espaço onde decorre a acção. A obra Felizmente Há Luar apresenta

vários espaços físicos no Ato I e no Ato II. A ação surge em Lisboa como um macro

espaço e esta divide-se em vários espaços de menor dimensão.

Espaços Físicos no Ato 1

- As ruas e Lisboa onde os populares se encontram;

- O local onde D. Miguel recebe Vicente: “Vais falar com um governador do Reino: O Sr.

D. Miguel Pereira Forjaz”.

- O palácio dos governadores do Reino, situado no Rossio;

- A casa de Gomes Freire e Matilde, em Rato: “Matilde- Tenho o corpo no Rato”

-Os espaços frequentados pelos conspiradores;

- Café no Cais do Sodré,”No Cais do Sodré há um café”

-O botequim do Marrare “Morais Sarmento entrou no botequim do Marrare”

-Uma loja maçónica, situada na rua de S. Bento. “Sr. Capitão exerceu grande

actividade numa loja maçónica”

-Gabinete de Beresford;

Espaços Físicos no Ato II

- Ruas de Lisboa,

- A casa de Matilde de Melo;

- O local onde Beresford recebe Matilde;

Page 26: Felizmente Há Luar

26

-O local onde Matilde dialoga com Principal Sousa;

-O alto da Serra de Santo António, onde Matilde e Sousa Falcão observam as fogueiras

que queimam os revolucionários;

-A masmorra de S. Julião da Barra, local onde se encontra o general; “ Sabem que está

em S. Julião da Barra”

-Entrada da Casa de D. Miguel.

-O Campo de Santana, para onde são transportados os presos;” Os presos já vão a

caminho do Campo de Sant'Ana, Matilde”

-Sé – local onde Manuel costuma pedir esmola

Espaço Social

O espaço social, consiste nas relações sociais, económicas, políticas e culturais entre as

personagens.

Na obra, Felizmente há luar, o espaço social retrata a sociedade de 1817, onde a

opressão, a injustiça estava presente e existia uma grande distinção entre os pobres e

ricos.

Exemplos: Pobres: “Ilumina-se subitamente…”; Ricos: “O principal Sousa surge no

palco, imponentemente vestido”

Devido à grande distinção entre pobres e ricos, existe uma grande distinção nas classes

socias povo e nas classes mais poderosas. O povo que tinha bastante medo do poder

Page 27: Felizmente Há Luar

27

era caracterizado pela pobreza, a miséria, os vestuários esfarrapadas e as faltas de

condições, já as classes sociais mais poderosas têm grandes riquezas, com guarda-

roupas cuidados e “tronos”(cadeiras).

Através do espaço social podemos ainda concluir mais problemas como:

Conflitos políticos e socias: Devido à partida da corte para o Brasil, o reino

encontra-se numa crise política, o que faz com que as classes mais poderosas

“tomem controlo” do reino. Estas classes sociais mais poderosas instauram

uma politica de repressão e de perseguição a quem se opõe aos atuais

controladores do reino (as classes sociais mais poderosas). Estas atitudes para

além de aumentarem o descontentamento do povo, instauram medo, bem

como um sentimento de revolta, onde Gomes Freire tem o papel de homem do

povo, uma vez que é uma esperança para uma possível retaliação contra a

opressão.

A impotência do povo : Devido às novas politicas instauradas referidas no

ponto sobre os conflitos socias e políticos, o povo vê-se rebaixado pelos mais

poderosas e sem qualquer poder ou influencia.

Exemplo: Manuel : “Que posso eu fazer?”

Estagnação Cultural: Principal de Sousa quer continuar com os ideais de um

regime absolutistas, rejeitando a educação e a cultura aos mais pobre de modo

a evitar uma revolta, ou seja, quanto menos o povo souber ou perceber

melhor.

Page 28: Felizmente Há Luar

28

Exemplo: “...a sabedoria é tão perigosa como a

ignorância! (...) Sei bem como a palavra “liberdade”

(… )se torna aliciante ...”

A falta de paixão: Neste problema, Beresford apenas está interessado nos seus

interesses pessoais e não nos interesses no reino. Em vez de este trabalhar de

modo a que consiga “renascer o reino das cinzas”, dando o seu máximo e

dando importância ao povo , este apenas faz aquilo para que é pago, dando o

seu mínimo, tendo uma atitude de ganancioso.

Exemplo: “Pretendo uma única coisa de vós: que me

pagueis – e bem!”

A traição e a corrupção: A ganância de Vicente e a rapidez com que este

aceitou o trabalho de espiar o sujeito que está por traz da revolta (Gomes

Freire), indica as condições do povo, um povo pobre e que tenta fazer o que

pode para sobreviver, que se encontra na miséria.

Exemplo: Se eu souber render o peixe, sou capaz de

acabar com uma capela... ou chefe de polícia, quem

sabe?»” “Meu amigo: você desconhece o que se

compra de respeitabilidade com uma pensão anual

de 800$00”

Page 29: Felizmente Há Luar

29

Espaço Psicológico:

O espaço psicológico caracteriza-se, pela relação que algumas personagens mantêm

com determinados espaços na sua memória.

Na obra , Felizmente Há Luar, existem várias marcas de espaços psicológicos como:

Matilde – “Relembrávamos o nosso hotel de Paris…os passeios que dávamos

ao longo do Sena…os dias felizes que passámos juntos… o tempo em que

sonhávamos voltar a esta malfadada terra…” – Nesta marca de tempo, Matilde

relembra os bons tempos que passou com Gomes Freire em Paris;

1º Popular – “Onde aprendeu vossemecê isso?/ Antigo Soldado – Em Campo

d’Ourique – já lá vão mais de dez anos”; - Nestas marcas de tempo, o Antigo

Soldado relembra-se dos tempos em estava em Campos de Ourique com

Gomes de Freire;

Matilde- “ Sou Matilde de Melo, natural de Seia (..) fui criada entre árvores e

penhascos”- Nestas marcas de tempo, Matilde relembra a sua aldeia.

Page 30: Felizmente Há Luar

30

Tempo

Tempo Da Ação:

O tempo da acção é o tempo em que a acção ocorre, sendo sugerida por todas as

informações contidas numa obra, neste caso, a obra a analisar é Felizmente há luar.

Quanto ao tempo da ação, a obra tem como cenário o ambiente político do início do

século XIX. O tempo retratado na peça é 1817, é um momento de regime absolutista

em que Portugal se tinha aliado a Inglaterra. Foi também em 1817, que a conspiração

chefiada por Gomes Freire foi descoberta e reprimida com muita severidade, os

conspiradores, foram acusados de traição à pátria e foram queimados publicamente .

O primeiro ato tem a duração de dois dias, parece processar-se muito rapidamente, o

que precipita a investigação de investigar e determinar o nome do homem que

interessava a D. Miguel, o homem que pretendia causar uma revolução.

”Há dois dias que quase não durmo”.

O segundo ato pressupõe a duração de cento e cinquenta dias, parece decorrer mais

lentamente, intensifica o drama vivido pelas diferentes personagens.

“ou 150 dias metido numa masmorra”.

Tempos na Ação:

O presente

O presente está intimamente ligado à definição de espaços psicológicos. Destaca-

se o recurso ao monólogo interior (anunciado pela incidência da luz).

Por exemplo, Beresford apresenta assim os seus receios, nomeadamente o de ser

substituído pelo general Gomes Freire de Andrade “É, também, meu inimigo quem me

Page 31: Felizmente Há Luar

31

possa substituir na organização do exército... ou lá se vão os meus 16 000$00. Dizem

que eu sou um

grande sargento e um mau oficial, que sei organizar um exército, mas que não o sei

comandar em campanha. Basta que surja um oficial com um passado brilhante para

me destronar... Não devo esquecer-me de que estou rodeado de

inimigos”

O passado

Através de recuos no tempo, analepses, destaca-se o passado do general,

contado pelo Antigo Soldado (“Em Campo d'Ourique - já lá vão m ais de dez anos - ,

quando eu era soldado no regimento de Gomes Freire... “) e por Matilde (

“Ele dava-me a mão, eu dava-lhe a minha, e ficávamos, para aqui, a conversar...

Falávamos das batalhas em que ele andou... Relembravam os o nosso hotel de Paris”)

a infância de Vicente (“Nasci a dois passos daqui”), bem como o passado de Matilde(

“Sou Matilde de Meio, natural de Seia (…)Fui criada entre árvores e penhascos”).

As referências ao passado também mostram como este condiciona o futuro. é o

que sucede quando D. Miguel usa o facto de Andrade Corvo e Morais Sarmento terem

pertencido à maçonaria para fazer «chantagem» (“o Sr. Capitão exerceu grande

actividade numa loja maçónica”).

O futuro

- Desejos Para o Futuro

Para compreender as personagens e os seus comportamentos, é importante

conhecer os seus desejos e os seus objectivos. Vicente recorre à denúncia para obter

o cargo de polícia que realizará o seu sonho de bem-estar (“Cheira-me a coisa graúda…

se eu souber fazer render o peixe, sou capaz de acabar com uma capela... ou chefe de

Page 32: Felizmente Há Luar

32

polícia, quem sabe?”), já Beresford revela que é o seu sonho de poder viver em

Inglaterra como um gentleman que motiva o seu comportamento (“desde que lhe

paguem, ao fim do ano, a quantia que um dia lhe permitirá, na sua terra viver como

gentleman!”), enquanto D. Miguel afirma que a sua acção visa a construção de "um

Portugal próspero e feliz com um povo simples, bom e confiante, que viva lavrando e

defendendo a terra, com os olhos postos no Senhor, um país em que a nobreza dirija

sem qualquer limitação.”

- Esperança

O final da peça demonstra que o passado e o presente determinam os

acontecimentos seguintes, já que, devido à morte de Gomes Freire, o futuro, , tornar-

se-à, na perspectiva de Matilde, um tempo de esperança e de luta eficaz pela liberdade

(“Felizmente – felizmente há luar”).

- O Futuro Alternativo

É a partir do tempo imaginado do que poderia ter sido mas não foi realizado.

Como a tranquilidade familiar sonhado por Matilde (“Se o meu filho estivesse vivo…”).

Marcas do tempo da acção:

"Ainda há pouco saiu daqui um homem que confirmou tudo o que V. Ex.ª

diz..." (D. Miguel, acto I)

"Excelências: trago comigo um patriota que pode testemunhar o

que ontem contei ao Sr. Marechal".(Corvo, acto I)

Page 33: Felizmente Há Luar

33

"Senhor: há dois dias o meu amigo Morais Sarmento entrou no botequim

Marrare e encontrou um tal Calheiros, que lhe mostrou uma proclamação

contra o rei, o Sr. Marechal e os empregados públicos..." (Corvo, acto I)

"... a execução seguir-se-á imediatamente à sentença." (D. Miguel, acto I)

"Esta madrugada prenderam Gomes Freire..." (Manuel, acto II)

"Na esteira do meu homem percorri, sozinha, metade das estradas da

Europa, e nunca me senti tão só como hoje..." (Matilde para Sousa Falcão,

acto II)

"(...) Vivi com ele os anos mais felizes da minha vida. Olhando para trás,

parece-me que nunca conheci outro viver." (Matilde para Sousa Falcão, acto

II)

"O Vicente, lembram-se do Vicente? Foi feito chefe de polícia. Vi-o,hoje,

fardado, seguido por dois esbirros!" (1.º Popular, acto II)

"A senhora, hoje, veio ter connosco porque não sabia para onde se havia de

voltar..." (Manuel para Matilde, acto II)

"Ah! Senhora, se o general estivesse esta noite aqui, levava-nos com ele até

ao fim do mundo!" (Manuel para Matilde, acto II)

Page 34: Felizmente Há Luar

34

"Amanhã, quando começarem a agradecer a Deus a prisão do general,

estaremos à porta das igrejas pedindo esmola..."; "Depois de amanhã,

senhora, estaremos arrefecendo as almas ao calor das fogueiras..." (Manuel

para Matilde, acto II)

"Ao chegar a S. Julião da Barra, meteram-no logo numa masmorra e aí

ficou todo o dia; às escuras, até que, ao cair da noite, uns oficiais lhe

mandaram um enxerga e duas mantas por piedade... Só ao fim de seis

dias lhe abonaram dinheiro para comer." (Sousa Falcão, acto II)

"Alguma vez ouviu praguejar um homem, Reverência? Um homem a sério,

capaz de palmilhar as estradas da Galileia? Capaz de passar 40 dias no

deserto, ou 150 dias metido numa masmorra?" (...) "Esta praga lhe rogo eu,

Matilde de Melo, mulher de Gomes Freire d'Andrade, hoje 18 de Outubro

de 1817." (Matilde para o Principal Sousa)

"Há quatro dias que não me deito e que não sinto, na minha, qualquer mão

amiga..." (Matilde para o Principal Sousa)

"Lisboa há-de cheirar toda a noite a carne assada, Excelência, e o cheiro há-

de-lhes ficar na memória durante muitos anos..."; "É verdade que a

execução se prolongará pela noite, mas felizmente há luar... (D. Miguel, acto

II)

Page 35: Felizmente Há Luar

35

"Não estou de luto por ele, Matilde, mas a noite passada não pude dormir.

Passei a noite a pensar e, de madrugada, percebi que não sou quem

julgava..." (Sousa Falcão para Matilde, acto II)

"Olhem bem! Limpem os olhos no clarão daquela fogueira e abram as almas

ao que ela nos ensina! Até a noite foi feita para que vísseis até ao fim...

Felizmente - felizmente há luar!" (Matilde para o Povo, acto II)

Tempo da Escrita:

O tempo da escrita corresponde a um momento específico da época em que Sttau

Monteiro viveu e escreveu, ou seja, os anos 50 e 60 do século XX (período do domínio

salazarista). Sttau Monteiro consegue descrever e criticar o poder, o povo, a miséria e

a corrupção, dos anos 50 e 60.

Um dos braços do regime era a PIDE , uma polícia política, apoiada com informantes,

que recebiam uma recompensa para denunciar qualquer pessoa ou actividade que

parecesse suspeita. A pressão da PIDE, por outro lado, fazia sentir-se de diversas

maneiras: tortura, despedimentos, perseguições, prisões e exílios.

A censura, que existia em Portugal, tornou-se um trunfo bastante importante na

época do salazarismo, exercendo-se nos diversos sectores da vida e impedindo a

revolta e tudo o que era contra ou ameaçava o estado, era uma altura de quase

censura total. Sttau Monteiro, foi até preso e as suas obras foram censuradas

Os anos 50 e 60 eram caracterizados pela grande desigualdade social, pelo povo

reprimido e cheio de medo que não podia fazer nada devido à PIDE, pela miséria e

Page 36: Felizmente Há Luar

36

pela enorme taxa de analfabetismo. Estas características, influenciaram e inspiraram

Sttau Monteiro para a criação da obra, Felizmente Há Luar, onde cria uma história com

as características dos anos 50 e 60 mas que se passa noutra altura com outras

personagens de modo a evitar a censura e a PIDE.

Tempo Psicológico

O tempo psicológico, é o modo como as personagens vivem a passagem do tempo. A

Obra Felizmente há luar após a sua análise, não foram encontradas marcas de tempo

psicológico.

Page 37: Felizmente Há Luar

37

LINGUAGEM E ESTILO

Felizmente Há Luar é uma obra de linguagem simples, sendo assim, o leitor ou o

espectador conseguem identificar com alguma facilidade os diálogos, os monólogos,

as marcas de discurso oral e os diferentes registos de língua. Os diferentes registos de

línguas e as marcas de discurso são distintos em várias personagens o que resulta na

diferenciação dela, sendo assim através da linguagem e estilo é possível identificar o

seu estatuto social e grau de instrução.

Na obra Felizmente Há Luar, existem os seguintes registos de língua com os seus

respectivos exemplos para justificar os mesmos:

- Registo de Língua Familiar: É um registo utilizada em situações de comunicação

informais, como conversas entre amigos ou familiares onde existe pouca preocupação

para a correcção linguística.

Exemplo: “Vai, amor da minha vida...”

- Registo de Língua Popular: É um registo associado a uma baixa escolarização,

consequentemente simples. Este registo é também caracterizado pelo uso de

expressões regionais.

Exemplo: “Eles vão para casa encher a pança!”

- Registo de Língua Corrente: É um registo usado com o fim de ser acessível a todos os

falantes de uma língua e que seja entendido pela grande maioria.

Page 38: Felizmente Há Luar

38

Exemplo: “É evidente que só um depoimento de

qualidade anula todos os restantes...”

- Registo de Língua Cuidado: É um registo utilizado em situações formais. Caracteriza-

se pela atenção ao conteúdo e distingue-se pela riqueza do léxico, pelo rigor e pela

complexidade da construção frásica.

Exemplo: “Diz o Eclesiastes que, tendo Deus dividido

o género humano em várias nações, a cada uma

delas deu um príncipe que a governasse... “

- Calão: Registo caracterizado pelo uso intencional de palavras ou expressões rudes e é

também caracterizado por ser utilizado em situações muito pouco informais.

Exemplo: “Vocês ainda não estão fartos de generais?

Cornetas, tambores, tiros e mais tiros... Bestas! (…)

não há um só que não queira ir atrás dos soldados.

Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum! -

Idiotas!”

O registo mais utilizado é o registo de língua corrente contudo algumas personagens

individualizam-se pelo uso cuidado em certas situações como Matilde, Principal Sousa,

Sousa Falcão e Beresford.

Características da linguagem utilizada:

- É natural, viva e espontânea:

Exemplo: Vicente: “ Mas”? Não há “mas” nem meio

“mas”.

- É constituída por frases incompletas por hesitação ou interrupção:

Page 39: Felizmente Há Luar

39

Exemplo: “É um santo, o teu general…”

- Ironia:

Exemplo: “Eram quase cinco horas pelo meu relógio

de ouro.”

- Uso do latim : Funciona como crítica para a sociedade salazarista devido ao seu valor

caducado:

Exemplo : “Ordem dos principais da Patriarcal

de Lisboa para acções de graças pela descoberta da

conjuração Nos Primarii Presbiteri, Et Diaconi Sanctae

Lisbonensis Ecc/esiae Principales Sede Patriarchali

Vacante.”

Marcas do discurso oral:

- Adjectivação irónica: “Soldado distinto, súbdito fiel...”

- Frases curtas: “A Rita dorme.”

- Frases exclamativas: “Vê-se a gente livre dos Franceses, e zás!, cai na mão dos

Ingleses!”

- Frases interrogativas: “Em que guerra é que vossemecê andou?”

- Interjeições: “Bestas!” “ Idiotas!”

- Onomatopeias: “Catrapum! Catrapum! Catrapum, pum, pum!”

- Repetições: “Que posso eu fazer? Sim: que posso eu fazer?”

Page 40: Felizmente Há Luar

40

- Suspensões frásicas: “O que lhes digo é que se ele não fosse estrangeirado era... era

como os outros... era mais um senhor do Rossio...”

Recursos Estilísticos:

- Aliteração: “Calça o sapato e levanta-se.”

- Apóstrofe: “E, agora, meus senhores, ao trabalho!”

- Comparação: “Como ela chorava, santo Deus! Parecia um animal ferido a ganir à

beira duma estrada...”

- Dupla adjectivação: “Sonho com um Portugal próspero e feliz (...).”

-Enumeração: “Alguns pegam nos seus objectos pessoais – cestos, mantas

esfarrapadas, uma abóbora, etc. (...).”

- Hipérbole: “De cada árvore farão uma forca, de cada cave uma prisão...”

- Metáfora: “Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada...”

- Repetição: “Vicente- Senhores! Senhores!”

Nível lexical

Léxico de Domínio:

Político “Governadores”; “povo”; “soldado”; “Patriarcal de Lisboa”;

Religioso: “Deus”; “Nossa Senhora”; “paróquias deste Patriarcado e Igrejas dos

Conventos Regulares”;

Page 41: Felizmente Há Luar

41

Linguagem das Personagens

Como existe a participação de personagens de classes sociais diferentes, é possível

existirem diferenças entre o tipo de linguagem que usam, sendo assim:

Manuel – Pertence ao povo, usando uma linguagem corrente e também popular e

descuidada com expressões populares:

Exemplo: “Vê-se a gente livre dos Franceses e zás!”;

“Quem sai aos seus, degenera!»; «Deus escreve torto

por linhas direitas.”

Rita - Mulher de Manuel, pertence ao povo, identificam-se também pelo registo

linguístico popular e corrente.

Vicente – Identifica-se pelo registo linguístico popular e corrente, mas este também

usa o registo cuidado, com um melhor vocabulário.

Exemplo de um registo popular: “Mas?, Não há

"mas" nem meio "mas".”

Exemplo do registo cuidado: “Honesto e dedicado a

el-rei como eu, haverá poucos fidalgos neste Reino.”

Os polícias – Também identificam-se pelo uso do registo popular e corrente.

Principal Sousa - Personagem que pertence ao Clero, utilizando um registo de língua

corrente.

Beresford - Personagem militar que utiliza o registo linguístico popular.

Page 42: Felizmente Há Luar

42

D. Miguel – Usa um vocabulário político e um registo popular e cuidado.

Exemplo: ”Reverência: as provas judiciais pertencem

ao domínio da razão e, se não pudermos condenar

nesse domínio”

Matilde - Personagem de uma mulher culta que utliza uma mais linguagem com um

vocabolario mais rico e com uma complexidade frásica mais complexa.

Exemplo: “Despertamos a meio da noite, damos

com o nosso homem, acordado, com os olhos postos

sabe-se lá em quê, queremos dar-lhe a mão, ver o

que ele vê, e não sabemos por onde começar…”

Sousa Falcão - Personagem de um homem culto, que usa uma linguagem mais

cuidada.

Exemplo: “D. Miguel é um cristão de Domingo,

Matilde”

Frei Diogo - Caracterizado pelo uso de um registo de língua popular.

Page 43: Felizmente Há Luar

43

Modos de Apresentação Do Discurso

Os Modos de Apresentação do discurso estão divididos em:

Narração;

Descrição;

Diálogo e Monólogo;

A narração, conta acontecimentos ou experiências conhecidas ou imaginadas, ou seja, é

um momento dinâmico do texto.

Exemplo: “ De repente olha para os polícias e

compreende que está a dizer coisas que não deveria

ter dito. Fecha as mãos.”

A descrição, apresenta algo de forma relativamente pormenorizada, desde

personagens, a objectos, o tempo ou o espaço.

Exemplo: “Alguns pegam nos seus objectos pessoais

– cestos, mantas esfarrapadas, uma abóbora, etc.

(...).”

O diálogo, reproduz uma fala entre duas ou mais personagens, utilizando o

discurso direto.

Exemplo: 2º Popular – “Era Mesmo dele?” 1º Popular

- “Era dele, digo-lhes eu.”

O monólogo, reproduz apenas uma fala de uma personagem que fala

consigo próprio, o monólogo pode tanto ocorrer tanto na presença de

outras personagens ou se a personagem se encontrar sozinha.

Exemplo: Matilde- “Na esteira do meu homem

percorri, sozinha, metade das estradas da Europa, e

nunca me senti tão só como hoje... Quero defender

tudo o que tenho e não sei por onde hei-de

começar...”

Page 44: Felizmente Há Luar

44

Didascálias

As didascálias, são todas as informações dadas pelo dramaturgo, são uma espécie de

instruções dadas pelo dramaturgo, estas não devem ser ditas pelas personagens

através da fala mas muitas vezes pelos gestos como acontece na obra Felizmente Há

Luar, "Ao dizer isto, a personagem está quase de costas para os espectadores.". As

didascálias, diferenciam-se do resto do texto, por estarem escritas entre parêntesis ou

por estarem em itálico ou negrito.

Na obra, Felizmente Há Luar, existem dois tipos de didascálias. Existem didascálias que

acompanham as falas das personagens entre parêntesis ou em itálico , onde surgem

informações como, os gestos , a movimentação, o guarda-roupa, tom de voz e ps

sentimentos e emoções. O outro tipo de didascálias surge ao lado do texto com as

falas das personagens e ajuda a caracterização e revela a forma e intenção como

dramaturgo quer que a fala seja interpretada pelo leitor

Exemplo do primeiro tipo de didascálias: “(Caminha

em direcção a Matilde.)”.

Exemplo das didascálias laterais: “Vê-se que Gomes

Freire é o seu herói.”.

Num pequeno resumo, as didascálias funcionam numa peça para:

indicação do nome da personagem antes de cada fala;

indicação da entrada ou saída de personagens;

explicações do autor: ("O público tem de entender, logo de entrada..." )

referências aos adereços que compõem o espaço cénico;

Page 45: Felizmente Há Luar

45

referência à posição das personagens em cena: ("Ao dizer isto, a personagem

está quase de costas para os espectadores." );

indicação das pausas: ("pausa)";

caracterização do tom de voz das personagens: ("Muda de tom de voz.")

Informações que caracterização as personagens: ("Fala com entusiasmo. Vê-se

que Gomes Freire é o seu herói.");

indicações sonoras ou ausência de som: ("Começa a ouvir-se, ao longe, o ruído

de tambores.");

movimentação cénica das personagens:("Ao falar da cara, levanta-se,

assumindo a posição dum senador romano.");

sugestão do aspecto exterior das personagens: ("Beresford vem fardado. A

farda, ainda que regulamentar, não é espaventosa e está um pouco usada.");

expressão do estado de espírito das personagens e a sua evolução ao longo da

cena: Exemplo: tristeza, esperança, medo, desânimo

Page 46: Felizmente Há Luar

46

Contextualidade Histórica e Social

A obra, Felizmente Há Luar, foi escrita por Sttau Monteiro nos anos 50 e 60 no século

XX, num período onde Portugal era governado por Salazar. Esta época é caracterizada

por um regime absolutista, redigido sobre regras bastante rígidas, onde quem

quebrasse ou era suspeito de quebrar essas regras era rapidamente castigado por

uma policia politica chamada de PIDE. Esta polícia adquiria informações através de

informantes que eram recompensados, as informações eram depois transformadas em

acções, todos aqueles que se queixavam ou que se revoltavam contra o regime eram

castigados de várias maneiras como tortura, despedimentos, perseguições, prisões,

deportações e exílios. Sttau Monteiro foi até perseguido pela PIDE devido às suas

obras. A PIDE teve uma grande papel neste regime, uma vez que implantou medo e a

impotência no povo, evitando assim, quaisquer incómodos para o governo.

Os anos 50 e 60 eram caracterizados pela desigualdade, pela miséria e pela pobreza. O

povo estava reprimido e sobre explorado, trabalhava demasiadas horas e recebia

bastante pouco, já aqueles que concordavam e apoiavam o regime estavam protegidos

e tinham uma vida mais fácil.

A obra, Felizmente Há Luar! tem como cenário o ambiente político dos inícios do

século XIX: em 1817, bastante semelhante ao cenário onde Sttau Monteiro vivia. O

cenário da obra é caracterizado pelas desigualdades socias, pela censura e falta de

poder das classes mais baixas bem com também existe a presença de uma polícia e de

informantes que davam informações sobre quem estava contra o regime, sendo que

todos esses que se revoltavam eram castigados tal como acontece nos anos 50 e 60.

A esta altura já é possível ver as semelhanças, os anos 50 e 60 no século XX e o tempo

da obra tem bastante semelhanças no regime desses tempos. Essa semelhança é uma

criação de Sttau Monteiro, não é uma coincidência. Sttau teve a intenção de criar uma

obra que denunciava a opressão vivida no regime salazarista , descrevendo essa tal

Page 47: Felizmente Há Luar

47

opressão com personagens diferentes em tempos diferentes, mas a acção e regime

permanecem o mesmo. Na obra, Sttau Monteiro destaca as injustiças e o abuso de

poder do regime salazarista, processo denomina-se de distanciamento histórico ou

paralelismo histórico, onde uma época neste caso os anos 50 e 60 do século XX são

recriados numa obra.

O século XIX, tempo onde se passa a acção da obra, é uma metáfora do século XX, ou

seja, a intenção de Sttau Monteiro na criação da obra Felizmente Há Luar, era destacar

todas os pontos negativos do regime salazarista e apontar a necessidade de uma

revolução, percebe-se assim que a obra serve de pretexto para uma reflexão sobre o

regime salazarista.

Século XIX – 1817 Século XX – anos 60

Agitação social que levou à revolta de 1820 Agitação social: conspirações internas; principal erupção da guerra colonial

Regime absolutista e tirano Regime ditatorial salazarista

Classes hierarquizadas, dominantes, com medo de perder privilégios

Classes exploradas; desigualdade entre abastados e pobres

Povo oprimido e resignado Povo reprimido e explorado

Miséria, medo, ignorância, obscurantismo mas “felizmente há luar”

Miséria, medo, analfabetismo, obscurantismo mas crença nas mudanças

Luta contra a opressão do regime Luta contra o regime totalitário e ditatorial

Perseguições dos agentes de Beresford Perseguições da PIDE

Denuncias de Vicente, Andrade Corvo e Morais Sarmento

Denuncias dos “bufos”

Censura à imprensa Censura total

Repressão dos conspiradores; execução sumaria e pena de morte

Prisão; duras medidas de repressão e tortura; condenação sem provas

Page 48: Felizmente Há Luar

48

Neste trabalho abordei todos os parâmetros e características a analisar na obra

Felizmente Há Luar. Este trabalho foi bastante importante, uma vez, que fez com que

percebe-se a obra de uma forma extensa em todos os parâmetros ( personagens,

tempo, espaço, registos de língua, acção e a contextualização histórica) e também

penso que melhorou as minhas capacidades e técnicas de análise de texto

Este trabalho será bastante importante uma vez que será mais uma ferramenta de

estudo para o próximo exame nacional de português.

Espero que com este trabalho o leitor consiga ter os dados necessários para conseguir

concretizar qualquer teste ou exame sem qualquer dificuldade.

Page 49: Felizmente Há Luar

49

Webliografia

http://www.infopedia.pt/$luis-de-sttau-monteiro

http://cvc.instituto-camoes.pt/pessoas/luis-de-sttau-

monteiro.html#.VWKvsU9t3IU

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_de_Sttau_Monteiro

http://propor.esccb.pt/propor2/index.php?option=com_content&view=articl

e&id=36&Itemid=42

Page 50: Felizmente Há Luar

50