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O Festival Juventude na Favela aconteceu na Cidade de Deus no dia 29 de junho de 2013. Várias comunidades se encontraram para debater questões ligadas aos jovens.
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No dia 29/06 aconteceu na Cidade de Deus o Festival Juventude na Favela onde se discutiu questões ligadas a mobilização social, saúde, sexualidade, políticas públicas, mercado de trabalho etc. Porém os assuntos mais polêmicos foram as questões ligadas a educação e as políticas sociais.
O Festival foi organizado por entidades locais, órgãos públicos e empresas da iniciativa privada.
Diversos grupos e jovens de outras comunidades marcaram presença no Festival. Muita música e muita dança fizeram a alegria dos participantes.
As rodas de conversa foram muito importantes não só para os jovens mas para todos que estavam no evento e puderam mostrar a sua opinião e buscar juntos caminhos para resolver as questões.
Tivemos também a exposição de roupas criadas por jovens e ainda houve espaço para mostra de artesanatos da senhoras.
Uma linda homenagem foi feita aos artistas locais Cidinho e Doca, criadores do famoso Rap da Felicidade. Infelizmente os artistas não puderam estar presente mas a homenagem foi enviada a eles.
Foi um dia marcante que terminou com a promessa de que seja repetido.
O que você achou do even-to ? Cada evento que a gente faz é dife-rente e hoje foi um evento especial, é um momento que nós estamos vivendo. Nós achamos que vamos resolver tudo, mas nós temos que mobilizar, temos que estar juntos. Hoje eu fiquei meia temerosa, pen-sando que iria acontecer um monte de coisas, e não aconteceu nada de mais, só aconteceu coisas boas, as pessoas aproveitaram, não tive-ram reclamações. Eu fiquei muito feliz de estar com o pessoal. Imagi-ne só! 11 comunidades juntas em um só lugar, a Cidade de Deus. Que sempre te-ve um movimento social muito forte. Mas precisamos de fôlego para ver que tam-bém existem outras pessoas fazendo a
mesma coisa que a gente es-ta fazendo em outros lugares.
Foi difícil organizar es-se evento? Foi difícil porque esse evento foi pen-sado desde setem-bro do ano passa-do. Foi um evento participativo onde a gente pensou os objetivos, a apre-sentação do evento, pensamos tudo jun-
tos, toda segunda-feira aconteciam as reuniões. A gente levou seis meses para construir o que foi uma coisa bem elabo-rada, com todo mundo dando a sua opi-nião. Não houve envolvimento de dinhei-
ro, cada pessoa deu o que pode contribuir. Nós conseguimos trazer pessoas do governo, o que é uma coisa muito difícil, e elas acreditaram no pro-cesso. Eu acho que a comunidade jovem tem que ver isso, não precisa ter muita coisa para fazer um evento, não é só uma empresa grande como a Rede Globo que consegue fazer um e-vento grande em uma comunidade. A favela tam-bém consegue fazer sua política e discutir seus movimentos.
Em sua opinião, você acha que quan-do o jovem sair desse evento, ele ira sofrer algum impacto no seu pensa-mento e compor-tamento? Eu acho que é mudan-ça de cultura é uma coisa mais profunda. A gente consegue deixar um pouco de esperan-ça.
A Cidade de Deus é
uma comunidade muito
antiga em movimento
social. A gente tem um pulso muito forte, mas eu
acho que a minha verdade não e a sua verdade,
nós construímos varias verdades. Então quando
nós sairmos daqui, nós iremos construir outra
verdade diferente para cada um. Algumas pesso-
as que vieram aqui gostaram só do lanche, as
outras gostaram da dança, outras não gostaram
tanto das discussões. Mas cada uma que vai a
qualquer lugar não saí da mesma forma que en-
“A minha
verdade não e a
sua verdade,
nós construímos
varias verdades.
Então quando
nos sairmos
daqui, nos
iremos construir
outra verdade
diferente para
cada um. “
Página 1
Iara Oliveira é uma das organizado-ras do Festival e coordenadora do Alfazendo da Cidade de Deus
trou.
Você acha que deveria ter mais alguma
coisa para melhorar, ou se faltou alguma
coisa?
Sempre achamos que nós temos que ser melhores,
se achar que está tudo bom, a gente erra, porque
deixamos de avaliar o que foi ruim. Eu sempre digo
para os jovens com os quais eu trabalho que temos
que comemorar, tanto o que deu errado, quanto que
deu certo. As coisas que deram errado você apren-
dem com elas, porque da próxima vez, você não as
repete. Eu não consigo olhar assim, se deu certo ou
errado. Acho que teve uma construção coletiva, e
cada vez que você faz, você erra em umas coisas e
fica melhor em outras.
Você tem planos para outro evento co-
mo esse? Toda vez que termina um evento, eu sempre falo
“Eu não vou fazer isso que é muito cansativo...”,
mas ao mesmo tempo em que eu digo isso, eu acho
que a gente precisa continuar. Eu acho que estou
ficando velha. Eu acho que a gente tem que ter outros
jovens na comunidade que substitua os velhos que
estão agora, então se pararmos, nós não vamos
construir um novo saber.
ENTREVISTA
Música, Passinho,
Forró, Rap, Arte
Circense, Dança etc.
Muitos Talentos
exibidos durante o
Festival:
-Allen Jerônimo e
Banda Rave de Raiz
-AIACOM
-Passinho da Periferia
-Mc Langa
-Mc Índio
Página 3
APRESENTAÇÕES CULTURAIS
“Hoje muitas pessoas acham que jovem
não presta, que jovem não quer estudar,
não querem nada com nada, e aqui é ao
contrário, o jovem tem voz, o jovem
quer falar e é agora. É a voz dos jovens
ai, demonstrando que a gente existe.
Isso vai trazer um grande impacto.”
Daiane Nascimento - Favela da Maré
(CEASM)
A GALERA DISSE:
“Eu acho que o evento está sendo mui-
to bom para os jovens. Os jovens es-
tão inseridos, discutindo os assuntos e
dando a opinião deles para se desen-
volver melhor, para ajuda nas constru-
ções políticas.”
Cristiano - Cidade de Deus ( Estilo Favela)
“Está faltando mais a voz do jovem aqui, apesar de ter falado, eles estão ali debatendo um assunto muito importante, que realmente está faltando na nossa sociedade, mas também o jovem se abrir mais. Pelo menos o adolescente é bem retraído, é bem tímido. Além do jovem, eu acho que deveria vir um político, alguém representante mesmo do estado, não algum funcionário que eles trazem para ouvir. Com um político, o jovem sairia uma conversa abundante,
vários temas que seriam discutidos.“
Juliana Machado CEASM
“A hora, o tempo passa e eu estou dentro dela,
chama a comunidade,
chama de favela,
onde muitas mães tem que enfrentar a dor para
conseguir formar seu filho em doutor
Todos queremos andar no caminho do bem.”
MC Langa
Página 4
“Saúde, educação, tá tudo no lixão...
é muita covardia e a polícia em cima
que tira o meu direito de protestar.”
MC Índio
``O evento precisa ter mais a participação dos
jovens, agora na parte da manhã, tiveram muitos
adultos falando, e eu acho que no evento chamado:
Festival Juventude na Favela, o jovem precisa falar,
o jovem precisa participar, porque se não vai ser
mais uma roda como outras que já aconteceram
aqui na Cidade de Deus e em varias favelas, e
acaba sendo chato para os jovens.´´
Ricardo Fernandes - Cidade de Deus ( Papo Reto)
Esse foi o
cenário dos
debates. Muitos
pontos de
vistas foram
colocados e os
jovens tiveram
espaço para
dizer , expor
suas ideias e
pensamentos.
Página 5 O FESTIVAL
Em sua opinião, qual é a importância de participar de um even-
to como esse?
A principal importância é que a gente está or-ganizando um evento pros jovens, então não estamos fazendo um evento só para que eles assistam, mas que eles possam participar como protagonistas, que eles possam dar a sua voz, dizer o que acham so-
bre diversas coisas. O que a gente vê hoje em dia é muita gente dizen-do pro jovem o que é melhor pra ele, então a ideia desse evento que eles participem, quem eles deem a voz, e que eles possam colocar a opinião deles sobre o que vem acontecendo, como por exemplo, co-mo está a política ju-ventude hoje.
Qual a maior necessi-dade do jovem nos
dias de hoje?
Então, além das políti-cas básicas, de educa-ção, de saúde, tem uma grande questão que é a valorização do jovem, a importância dele na família, a importância dele participar das ativi-dades, de ser protago-nista.
blicas, em cultura, tudo que diz respeito as ne-cessidades e desejos. Como melhorar a situa-ção dos jovens na fave-la.
Qual é a maior necessi-dade dos jovens nos
dias atuais?
Trabalho. Se tem muito pouco, pra não dizer na-da, sendo feito para que o jovem encontre o pri-meiro emprego; não só o
Qual é a importância de participar de um
evento como esse?
Eu acho muito importan-te ter na favela ativida-des que juntam jovens de diferentes comunida-des que possam estar conversando e debaten-do com outras pessoas que têm outro tipo de conhecimento. Trocar ideias e informações so-bre o que está aconte-cendo nas políticas pú-
primeiro emprego, mas também o segundo, o terceiro pois está muito difícil o mercado de tra-balho.
Também há a questão da acessibilidade em uma cidade integrada não pode existir dificul-dade em se movimentar.
Considerando que parte
considerável da população
é de jovens, discutir questão
de juventude é fundamental.
Discutir a inserção no mer-
cado de trabalho, discutir o
universo de vocês, discutir
como vocês pensam. Na
verdade quando eu digo
“vocês”, eu me incluo, por-
que apesar dos meus 38
anos, me considero jovem.
Então assim como a gente
pensa, como a gente vê o
mundo, como o mundo vê a
gente. Eu acho que esse
evento fundamental e im-
portante porque se discute
muito pouco sobre o que é
ser jovem no mundo. É mui-
to mais fácil transformar
isso num problema, dizer
que são “aborrecentes”, do
que tentar decifrar como
esse universo insólito que
cerca esse jovem. Como
esse individuo olha e pensa
esse mundo, porque é um
olhar diferenciado; diferente
de quem está com 30 ou 40
anos que já passou por es-
se processo, a impressão
que dá é que à medida que
a gente vai amadurecendo
esquecemos que também
passamos por esse momen-
to onde tudo era mais dúvi-
da do que certeza. Esse e
o grande barato da juventu-
de, porque quando você
perde os “por quês” tudo
perde o sentido. Os jovens
têm muitos “por quês” isso
que é importantíssimo.
O que você está achando
do evento?
Estou achando o evento muito bom. O debate pe-la manhã foi bastante rico, bastante interes-santes. Na verdade seria, mas interessante ter uma participação maior da juventude do território e de outros territórios tam-bém, mas eu acho que e um evento válido, inclusi-ve seria interessante se tivessem outras edições desse evento, não só aqui na CDD, mas em outras comunidades tam-bém. Qual é a relevância desse
evento pra você?
Página 6
Lívia De Tommasi - UFF
Bianca - CRAS Elis Regina
Armando Gamboa - Batan
ENTREVISTAS
Página 7 MAKING OFF
Grupo Alfazendo, CEACC, ASVI, Casa de Cultura da Cidade de Deus, Agência Cidade de
Deus de Desenvolvimento Local, CRAS Elis Regina. Papo Reto, CEASM, CIEP João
Baptista dos Santos, UPP Social - Prefeitura, Territórios da Paz - Superintendência de Políticas para Juventude RJ, SEASDH,
LAMSA, Instituto Invepar, Farmanguinhos, Instituto João Ferraz de Campos e parceiros
da sociedade civil.
FESTIVAL JUVENTUDE NA FAVELA
Este Informativo teve o apoio do Instituto Rio e a realização da ASVI - CDD