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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios

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CarnavalUma casa para o samba

CapaO que elas têm em comum?

Elas são quatro lindas cidades e têm algo em comum: muito dinheiro proveniente dos royalties do petróleo.

10 PerguntasFelipe Marcondes Ferraz responde Diretor Executivo da Prolagos

Fevereiro, 2008 Número 22www.revistacidade.com.br 28

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TransporteDe centavo

em centavoO segundo aumento na passagem de ônibus em pouco mais de um mês pegou de surpresa os moradores de Cabo Frio

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Capa: Vista aérea de Rio das Ostras - Foto de Jorge Ronald

Educação10 Hi Kids!Yázigi Cabo Frio inova no atendimento ao público infantil

Cabo Frio11 RELAXA... Você está em Cabo FrioCom o dobro de carros circulando pela cidade, sair motorizado em Cabo Frio durante o verão dá mais trabalho do que andar à pé.

Nutrição15 Flatulência

Política16 O que você faria com R$ 1 milhão?

Armação dos Búzios20 Basta!Presidente da Associação Comercial de Búzios propõe boicote ao pagamento do IPTU

Cabo Frio22 Boulevard CanalPoint de todas as torcidas, o Boulevard é muito mais que um simples centro gastronômico.

Especial40 Sem caladoDragagem no canal da Marina Porto Búzios é interrompida por falta de licenciamento.

Opinião45 Cabofolia 10 anosPara comemorar ou lamentar?

Ponto de Vista46 Faltou o canhão

Livros47 Informática com criatividade

Artigo48 A viagem com Alair

Se o samba é mesmo “natural do Rio de Janeiro”, como dizem os versos da música de Zé Ketti, em Cabo Frio ele parece ter encontrado a sua segunda casa.

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ENTREVISTA

Niete Martinez

O que fi cou evidente é que tínhamos que buscar uma opção econômica que desse sustentabilidade numa era pós-royalties

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ascido num dos patrimônios culturais do município, a Fazenda São Miguel, no ano de 1959, o prefeito Armando Cunha Carneiro da Silva (PSC/RJ) é um

genuíno quissamaense. Estudou na cidade até o ginásio indo depois para Niterói com seus oito irmãos e irmãs para concluir os estudos. Formado em Agronomia, voltou à terra natal para trabalhar em Campos. Com a morte do pai, foi administrar a fazenda da família até 91, quando ingressou na política. Profundo conhecedor dos problemas do município, Armando não descansa sobre a gorda mesada recebida todos os meses. Ao contrário, preocupado com o destino do município, investe os royalties recebidos em qualifi cação de mão de obra, restauração do patrimônio histórico e cultural, infra-estrutura, educação e na busca constante de encontrar e trazer para Quissamã empresas que possam servir como alternativa de sustentabilidade para quando as reservas de petróleo esgotarem.

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ARMANDO CUNHA CARNEIRO DA SILVA (PSC)Prefeito de Quissamã/RJ e Presidente da OMPETRO

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Prefeito, aqui em Quissamã não aconteceu o mesmo que em Macaé e Cabo Frio, onde os ex-prefeitos acabaram rompendo com seus sucessores?

Graças a Deus o ex-prefeito é meu primo e meu amigo, antes da política. Era o melhor amigo do meu pai e isso trans-feriu para mim. Nós temos um acordo. Ele não está querendo mais voltar para a política, mas se houver risco do nosso grupo político perder a eleição e fosse necessário o nome dele, aí então, ele vol-taria a colocar o seu nome à disposição. Mas, as pesquisas indicam que isso não será necessário.

Como é a oposição no município?A oposição hoje tem dois partidos, o

PMDB, mas não é o PMDB do Cabral, é o “PMDB do G”. O Cabral me apóia, ele já afi rmou isso em várias ocasiões. Eu sou do PSC e meus adversários estão no PMDB e no DEM, por causa do acordo entre esses partidos. O PSC hoje é independente, o presidente no estado é o Ronald Azaro, mas já foi muito ligado ao PMDB, apoiou o Garotinho e a Rosinha. Hoje o partido está no governo Sérgio Cabral, através do Sabino (Alcebíades Sabino, ex-prefeito de Rio das Ostras) que é secretário de Trabalho, assim como o Hugo Leal, que é deputado federal e vai tentar ser candidato em Petrópolis. Nesta eleição o partido terá 15 ou 16 candidatos no Estado.

Como o senhor está vendo o crescimento da cidade?

Quissamã sempre foi um município tradicional de cana-de-açúcar, quer dizer, um município voltado para a agricultura e agropecuária. Só tinha a usina, que foi desativada em 2002. Fechou num momento em que se fala em Etanol no Brasil intei-ro! Aquela usina foi o primeiro engenho central da América do Sul. Foi feita em 1877. Na época, cada fazenda tinha o seu engenho e produzia o seu açúcar, que era de qualidade péssima e nas Antilhas os fran-ceses começaram a fazer esses engenhos movidos à vapor, com uma produtividade muito maior e o açúcar de qualidade muito melhor e o primeiro a ser instalado foi em Quissamã, e com isso o distrito cresceu muito. Na época era o quarto distrito de Macaé. Mas, os atuais proprietários foram só tirando dividendos, sem reinvestir na indústria até que, em 2002, uma caldeira explodiu e a usina não voltou mais a fun-cionar. Coincidiu o declínio da usina com a emancipação do município e com a che-

gada da receita dos royalties do petróleo. Na verdade teve uma feliz coincidência aí. Foi uma sorte muito grande, porque com o declínio da usina e da atividade canavieira, a arrecadação de royalties pode sustentar a cidade. De 90 até 2007, quando o IBGE fez essa última contagem, aumentou 70% a população. Foi o sexto maior crescimento populacional no Estado. Quando assumi, em 2005, fi zemos um Plano Diretor, apesar de não termos 20 mil habitantes, para planejar qual Quissamã a gente realmente quer no futuro. O que fi cou evidente é que tínhamos que buscar uma opção econômica que desse sustentabilidade numa era pós-royalties.

E qual o caminho escolhido para isso?Partimos para buscar atrair empresas,

o que não é muito fácil. Não queremos fi car só na atividade canavieira. Criamos uma Zona Especial de Negócios (ZEN) e oferecemos incentivos fi scais, como o ISS que a gente coloca na taxa mínima

permitida por lei. E quando há interesse do município, que envolva geração de empregos e retorno de ICMS, nós damos outras vantagens como a área, construímos até galpões e cedemos técnicos. Na ZEN já tem três empresas instaladas, uma me-talúrgica que já está funcionando com 39 empregados, temos o Lacticínio de Macu-co, que nós construímos o prédio para eles e estamos fi nanciando os equipamentos. O Macuco é o melhor laticínio do Estado, o mais bem administrado, é o que melhor paga o produtor de leite, é uma atividade que tem a ver com o município. E temos uma empresa que também passou por todos os crivos, tem mais de trinta anos no mercado, exporta para a Europa, que é a Pró Vida, que produz açúcar mascavo, hoje está instalada em Juiz de Fora e que está vindo para Quissamã, por causa da matéria prima. Então essas três empresas já estão instaladas e agora tem também uma empresa de geléia, que emprega de 20 a 30 pessoas, que só nos pediu um gal-pão, que é a Italianinha, que hoje está em Itaboraí. Além da indústria do coco, que tem um grupo novo assumindo a Coope-

rativa, que foi fi nanciada pelo município. É a melhor água de coco do Brasil, por que a metodologia que fi zemos foi com a Embrapa que ao invés de colocar conser-vante, fez a opção de tirar água do coco e logo envasar e congelar. E tem também uma parceria com um pólo de confecção de Friburgo.

Tantas empresas para uma população tão pequena...

São 17 mil pessoas e nós estamos im-buídos de colocar na cabeça das pessoas que precisamos nos tornar um município produtivo, que temos que ter sustenta-bilidade independente do petróleo. Por exemplo, a Barra do Furado é um grande projeto nosso. Nada que falamos até agora se compara à ele. Que teve todos os estudos realizados até agora bancados pelas prefeituras de Quissamã e Campos. Lá foram construídos uns molhes de pedra para ser um terminal pesqueiro na década de 80, só que não se estudaram as correntes marítimas direito e quando esses molhes foram instalados descobriu-se que existia um transporte de areia no sentido Quissamã – Campos, violento, que acabou entupindo o canal, tirando a areia do lado de Campos e jogando do lado de Quissamã. Hoje temos que corrigir esse problema, porque desde Macaé até o Espírito Santo é tudo mar aberto. Não tem nenhuma pedra ou enseada que possa servir de proteção para atracação, então tem que fazer um porto artifi cialmente. A atividade econômica aqui é muito forte, porque estamos de frente para a Bacia de Campos. A pesca é fantástica, tanto que no Farol de São Tomé, os barcos, mais de 500, são puxados por trator para a praia. O que nós queremos fazer é tornar aquele porto seguro com uma solução técnica já testada e em funcionamento na Austrália. Porém descobrimos que o projeto é mais caro que pensávamos. Nós teríamos que investir 100, 110 milhões. Poderíamos até pensar em nos juntar, Quissamã e Campos, e fazer a obra em dois orçamentos, mas não é apenas isso. Depois da obra, os municípios vão ter que investir na infra-estrutura para receber as empresas que movimentarão o complexo. Só o estaleiro que virá se instalar, serão 1.200 empregos. Então, o que nós estamos pleiteando é uma parceria com os gover-nos estadual e federal.

Existe falta de emprego em Quissamã?Tem sim. Hoje quando se faz pesquisa,

Todo mundo que passa no vestibular (em Quissamã) tem direito à bolsa integral

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a gente pergunta o que o município pre-cisa mais, a resposta é emprego. Até tem emprego, só que precisa de qualifi cação. A Petrobras, por exemplo, está exigindo muito mais. Agora, com a questão de se-gurança e Meio Ambiente a qualifi cação é fundamental. Tanto que estamos construin-do um CEFET. Nós estamos construindo a parte física e vamos passar o operacional para eles.

O município de Quissamã tem 65% do Parque Nacional de Jurubatiba em seu território. O parque é uma atração turística?

Quando o parque foi criado, em 28 de abril de 1998, a primeira posição da po-pulação foi ser contra. Por quê? O Ibama não consegue tomar conta dos parques que ele já tem, vai criar outro pra quê? O que nós pensamos no início era fazer um parque estadual ou intermunicipal com a gerência dos municípios, mas depois fi ca-mos convencidos, que uma unidade federal teria muito mais força. 10 anos depois, o parque já está trazendo muitos visitantes, pesquisadores, não só das universidades brasileiras, mas também de fora do país, que estão vindo para estudar a restinga. É o único parque de restinga do Brasil, mas sua exploração depende do Plano de Ma-nejo. E isso o Ibama levou 10 anos para fazer, e quem pagou fomos nós, Quissamã, Macaé e Carapebus.

É possível conciliar crescimento com preservação ambiental?

É plenamente possível conciliar cresci-mento com preservação. O que aconteceu em Barra do Furado é um exemplo disso. Lá ocorreu um desastre ambiental, onde mexeram na estrutura da praia colocando em risco a linha da costa até o Farol de São Tomé. Então, a obra que estamos fazendo hoje é para corrigir o problema ambiental criado em 80. O fato de termos a indústria do petróleo e uma atividade econômica for-te lá vai nos propiciar estarmos corrigindo o erro cometido no passado.

O Turismo representa uma fonte de renda para o município?

O Turismo ainda não é o carro-chefe da economia do município, mas pode vir a se tornar. A rede hoteleira é nosso gargalo. Hoje temos a atividade galgada no turismo regional. A pessoa vem, passa o dia e volta para a sua cidade. Nossa estrutura hote-leira é precária e de restaurantes também. Mas acreditamos que com os investimentos

que estamos fazendo o Turismo vai vir, e o empresário do ramo vai vir junto.

O senhor é também o presidente da Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro). Como funciona a entidade?

A entidade surgiu em 2001, pela neces-sidade dos municípios, que têm os royalties como a principal fonte de arrecadação, de es-tabelecerem um discurso comum. Cada um tem as suas inseguranças sobre as perspecti-

vas dessa arrecadação. Se vai mudar a lei, se vai aumentar, se o repasse está certo ou não, enfi m, a Ompetro é uma forma dos iguais se unirem para tratar do mesmo assunto. Com isso o grupo ganhou representatividade e um poder de fogo maior junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), por exemplo. A entidade tem hoje um corpo técnico, um departamento jurídico, e os consultores, que são os interlocutores quando necessário nessa outras instâncias de poder.

Quem tem direito aos royalties?A Lei diz o seguinte: os municípios que

são confrontantes com a bacia, ou seja, que na continuação de seu território tenham algum campo de petróleo em produção, esses fazem parte da zona de produção principal. Ou que tenham três ou mais ati-vidades, como um porto, um aeroporto, ou empresas instaladas, ligadas à área de ex-tração de petróleo. Ai é que está a brecha, que está sendo mal utilizada. A Ompetro hoje já está com uma representação junto à ANP contestando os critérios que foram

usados na concessão para Angra e Duque de Caxias. Nada contra, mas nós quere-mos fazer valer os direitos da Lei, pois se a moda pega, daqui a pouco qualquer município pode fazer jus aos repasses, hoje se pode prestar serviço virtualmente para qualquer lugar do mundo. Então eles estão fazendo uma interpretação da lei, que nós achamos equivocada e estamos contestando.

Quanto se perde quando entra um novo membro?

Como o bolo continua o mesmo, quan-do entra mais um, se redivide o total por mais membros. Angra e Duque de Caxias já estão recebendo. A entrada de cada um deles diminuiu R$ 300 mil por mês, só para Quissamã. São R$ 7 milhões e duzentos por ano! Tirou uns R$ 100 milhões de reais da região toda.

Uma nova distribuição dos royalties foi tema da Marcha dos Prefeitos este ano?

Seria, mas não foi. Porque nós fi zemos um escarcéu lá. A Ompetro, com o apoio da Associação de Prefeitos dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro (Apremerj). Porque a marcha que existe desde 99 e nunca foi para discutir assuntos isolados. O que moveu a marcha foi o pacto federativo. Desde 88 os municípios recebiam 23% do total dos impostos, mas o governo federal foi arrecadando mais e foi diminuindo os repasses. Hoje recebem apenas 13%. O governo federal foi criando taxas e im-postos que não eram compartilhados com os outros entes confederados. A marcha iniciou por causa disso. Então quando entrou a distribuição de royalties na pauta da marcha, nós brigamos. Tudo o que o governo federal quer é que briguemos entre nós. Quem quiser brigar pelos royalties, o palco é no Congresso Nacional. Tem uns 32 projetos em estudo.

E como está a Educação no município?Temos 4.500 alunos na rede municipal

com todas as escolas informatizadas. Esta-mos passando três escolas para turno único, a de Machadinha, de Barra do Furado e da Penha. Temos uma escola estadual e uma escola Cenecista. Todo mundo que passa no vestibular tem direito à bolsa integral. Isso é um grande modifi cador. Quando eu retornei a Quissamã, em 83, só tinha três pessoas com curso superior, agora tem mais de cem por ano. Hoje você vê fi lho de cortador de cana se formando em Direito, em Fisioterapia.

A entrada de Angra e Duque de Caxias (na distribuição dos royalties) tirou uns R$ 100 milhões de reais da região toda

Quando há interesse do município, nós damos outras vantagens como a área, construímos até galpões e cedemos técnicos

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Avança o Projeto Reserva PeróEm reunião do Conselho Munici-

pal do Meio Ambiente de Cabo Frio, realizada no último mês de janeiro, na secretaria de Ciência e Tecnologia, no bairro Braga, o empreendimento hote-leiro do grupo Club Mediterraneé, teve mais uma vitória no seu processo de li-cenciamento e, com isso, avançou mais alguns passos para a sua implantação na Praia do Peró, em Cabo Frio.

Na ocasião o Conselho aprovou, com sete votos – dos dez membros, três se abstiveram do direito de votar –, três processos de análise ambiental sobre o conjunto hoteleiro. O biólogo da Secretaria de Meio Ambiente e Pesca de Cabo Frio, Renato Gomes de Oli-veira, fez a apresentação das análises da Reserva, levando em consideração os seguintes temas: o desmembramento da área maior do empreendimento; a parte viária do projeto; o Centro de Desenvolvimento Sustentável.

Além dos representantes de órgãos governamentais, como a secretária de Planejamento Rosane Vargas, o secretário de Meio Ambiente, Alcebíades Terra, membros do Conselho e da Associação do Meio Ambiente (AMA) de Cabo Frio, a reunião teve também a participação da sociedade civil, o que trouxe à discussão questionamentos já freqüentes quanto ao projeto, que divide aqueles que defendem a preservação integral do meio ambiente e aqueles que visam o desenvolvimento do município.

Por Thiago Freitas

Mirinho faz primeira reunião política

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O ex-prefeito Delmires (Mirinho) Braga convocou a primeira reunião multipartidária para falar de política e colocar seu nome à disposição do seu partido, o PDT, para concorrer mais uma vez à prefeitura de Búzios.

Primeiro prefeito do município, Mi-rinho governou a cidade por oito anos. Agora, volta a pleitear a sua indicação para o cargo, ancorado em sondagens que apontam a preferência de mais de 55% dos eleitores pelo seu nome.

Mirinho Braga e Alexandre Martins (PSDB)

Processo seletivo para cargos de nível médio

A Petrobras lançou edital de pro-cesso seletivo público para dois cargos de nível médio: Técnico de Operação Júnior (936 vagas) e Técnico de Inspeção de Equipamentos e Instalações Júnior (53 vagas). As 989 vagas abrangem 13 estados e são para admissão imediata. O edital está disponível no site da Petrobras (www.petrobras.com.br).

No Rio de Janeiro serão oferecidas 296 vagas. O salário é de R$ 2.019,01 mais benefícios. As inscrições foram abertas no dia 29 de janeiro e vão até 15 de fevereiro, podendo ser efetuadas no site www.cespe.unb.br. O valor da taxa de inscrição é R$ 27,00. As provas objetivas serão realizadas no dia 9 de março.

Para exercer o cargo de Técnico de Operação Júnior o candidato deve ter uma formação técnica em Eletrônica, ou Eletrotécnica, ou Eletricidade, ou Processos Industriais ou em áreas li-gadas ao setor de petróleo e gás, entre outras.

Para exercer o cargo de Técnico de Inspeção de Equipamentos e Instalações Júnior o candidato deve ter uma forma-ção técnica em Eletrônica ou Eletrotéc-nica ou Eletricidade ou Mecânica ou Metalurgia, ou em áreas ligadas ao setor de petróleo e gás, entre outras.

BenefíciosEntre os benefícios, a Petrobras ofe-

rece previdência complementar, plano de saúde (médico, odontológico, psicote-rápico e benefício farmácia), benefícios educacionais para dependentes (da cre-che ao ensino médio), entre outros.

P a n o r a m a

P E T R Ó L E O

P O L Í T I C A

M E I O A M B I E N T E

A reunião, realizada no início de janeiro no Esporte Clube Manguinhos, mostrou o tamanho da motivação de seu grupo de apoio. Foram produzidas e distribuídas 1.200 camisas e faltou espaço para aco-modar tanta gente.

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Yázigi Internexus de Cabo Frio está com novidades para o público in-fantil. Além de professores especialmente treinados e gabaritados para o ensino do inglês a uma faixa etária que demanda cuidados diferenciados, os pequeninos agora contam com um espaço especialmente reformado

e decorado para eles. Na ampla sala, que compreende o dobro do espaço das demais salas da escola, as aulas ganharam um brilho a mais, com a presença de bonecos, mesas e cadeiras coloridas e murais com vários tipos de desenhos.

As novas instalações, contudo, não serão novidade na volta às aulas (mar cada para o dia 25 de fevereiro). O novo espaço destinado à criançada já co meçou a ser utilizado no último semestre e, segundo Maria Emília, diretora do Yázigi Cabo Frio, a reação dos alunos não poderia ser mais positiva: “As crianças adoraram, pois sentiram que há um espaço preparado especialmente para elas”, destacou ela.

Um dos motivos principais que impulsionaram a instalação de um espaço totalmente decorado com motivos infantis é que a demanda deste público vem crescendo, conforme atesta Maria Emília. Atualmente, num universo de 650 alu-nos do Yázigi Cabo Frio, 180 são crianças. Para a diretora, além da globalização e as exigências do mercado de trabalho quanto à fl uência de vários idiomas, os pais já perceberam que, quanto mais cedo se inicia o aprendizado do inglês, mais fácil se torna a aquisição da língua.

“Há alguns anos, muitos pais preferiam investir em escolinhas de vôlei ou ballet, deixando o curso de inglês para mais tarde, quando o fi lho atingia a ado-lescência. Hoje, contudo, os pais têm outra visão e já perceberam que a criança tem muito mais facilidade para aprender um idioma do que um adulto. Vários estudos científi cos já comprovaram que o domínio de um idioma se dá muito fácil quando o aprendizado começa na infância”, afi rmou ela.

Única fi lial da região, o Yázigi Cabo Frio está completando 32 anos de funcionamento na Rua Silva Jardim, centro da cidade e desde o início, um dos focos da escola sempre foi o público infantil, com a abertura de turmas para alunos a partir dos 9 anos de idade. Há um ano e meio, entretanto, a fi lial foi pioneira na implantação de dois programas, o Kids e o Little Kids, que o sistema de franquias começa, agora, a ampliar para todo o país. Os programas são voltados para crianças na faixa etária dos 3 aos 8 anos de idade – em Cabo Frio, a idade mínima é de cinco anos de idade - e a metodologia busca conjugar o aprendizado do inglês e o desenvolvimento integral da criança. Para atingir este objetivo, as aulas, tanto para os alunos do Little Kids quanto para os do Kids, focam a comunicação por meio de jogos, música, encenações teatrais e desenhos.

“As aulas no Yázigi, especialmente para o público infantil, têm o objetivo de ensinar o aluno a se comunicar, mas de forma diferente, não com palavras soltas, frases prontas. Os livros didáticos trabalham com fatos atuais, em destaque na mídia, fazem o aluno pensar sobre tudo o que está acontecendo no mundo, ao mesmo tempo em que aprendem inglês”, explicou Maria Emília.

Outro diferencial da rede de idiomas é o uso da internet. A fi m de acompa-nhar o desenvolvimento tecnológico, o Yázigi vem utilizando como ferramenta pedagógica o aprendizado on line, através do seu portal www.houseofenglish.com, onde o aluno encontra exercícios e informações sobre o curso. A utilização da internet nas aulas já começa entre os alunos a partir dos 9 anos de idade. Em Cabo Frio, pode ser acessada de casa ou no Resource Center (Centro de Recursos), uma ampla sala logo na entrada da escola, onde há computadores disponíveis e professores que atuam como monitores dos alunos.

Yázigi Cabo Frio inova no atendimento ao público infantil

MARIA EMÍLIADiretora do Yázigi Cabo Frio A criança tem muito mais facilidade para aprender um idioma do que um adulto

HI KIDS!Vanessa Campos / Fotos Tatiana Grynberg

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Com o dobro de carros circulando pela cidade, sair motorizado em Cabo Frio, durante o verão, dá mais trabalho do que andar à pé.

Você está em Cabo FrioR E L A X A . . .

Tomás BaggioFotos Tatiana Grynberg

e mesmo na baixa temporada, quando a cidade vê passar 40 mil carros dia-riamente, o trânsito já fi ca complicado

nos horários de pico, no verão, a situação fi ca intolerável, quando esse número sobe para 80 mil veículos. O centro comer-cial, que concentra a maioria das lojas e serviços, estressa os motoristas com ruas pequenas e poucas vagas de estacionamen-to. Caminhos feitos em poucos minutos demoram horas para serem percorridos, e os atrasos, às vezes, são inevitáveis.

Por conta de um engarrafamento in-terminável, a vendedora Maria Carolina Fixel,que mora no Portinho, chegou 45 minutos atrasada na loja onde trabalha, na Rua das Pedras, em Armação dos

Búzios. Quando ela embarcou no ônibus, no ponto da rodoviária Alexis Novellino, em Cabo Frio, não esperava que fosse demorar mais de uma hora para chegar até a ponte Feliciano Sodré. O caminho, normalmente, seria feito em cerca de dez minutos.

“Cheguei a levar uma chamada da minha chefe por causa disso. Mas ela en-tendeu o motivo e pediu para eu pegar o ônibus duas horas antes de entrar na loja”, conta Maria Carolina.

Quem depende do carro para trabalhar passa um verdadeiro sufoco durante o verão cabo-friense. O taxista Lucas Jacó Davi chegou a se atrasar algumas vezes nas corridas agendadas, para a insatisfação dos clientes. Segundo ele, a alta temporada traz mais pessoas que utilizam os serviços dos taxistas, mas, por outro lado, cada corrida demora muito mais tempo para ser feita.

“O trânsito fica muito complicado nessa época. Quando algum cliente diz que quer ir para o centro eu já sei que vamos demorar. Já me atrasei na hora de buscar alguns clientes também, por fi car preso no trânsito. Eles não gostam, é claro, mas a maioria entende porque todos podem ver as ruas lotadas”, declarou o taxista.

O estresse do trânsito é menor para os turistas que, curtindo férias, chegam na cidade preparados para encontrar trânsito e fi las para todos os lados. Para os visitantes, a receita é ter paciência.

“Não me incomodo muito. Sei que, assim como eu, muitas pessoas estão visitando essa região e todos os espaços estão cheios. Procuro ter paciência, que é o principal para não perder a felicidade de estar aqui”, disse o comerciante mineiro João Carlos da Silva, que veio com a fa-mília de Belo Horizonte.

Final da Rua Silva JardimCentro de Cabo Frio/RJ

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ProjetosIdéias para fazer fl uir o trânsito

de Cabo Frio não faltam, e algumas devem ser colocadas em prática esse ano. Um dos principais pro-blemas do centro, a falta de vagas para estacionamento foi motivo de estudos na elaboração do projeto de reforma da praça Porto Rocha, a principal da cidade. Na avenida Assunção, para que vai do cinema em direção à prefeitura, as vagas sairão do lado esquerdo e passa-rão para o lado direito. Segundo a arquiteta Anne Kellen Apicelo, da secretaria de Planejamento, a medida vai ajudar o trânsito a andar com mais velocidade.

“A quantidade de vagas vai aumentar um pouco. Mas o trânsito vai fi car menos lento porque a faixa da esquerda é a via de aceleração. Hoje, os motoristas precisam parar nela para esperar quem entra ou sai das vagas e isso vai mudar”, diz Anne Kellen.

“Além disso, a obra vai benefi -ciar também os pedestres, pois as calçadas fi carão maiores. Na frente do Charitas, por exemplo, não há espaço para duas pessoas passarem ao mesmo tempo, e cadeirantes também não conseguem passar. Pensamos nisso tudo ao elaborar o projeto”, completa a arquiteta.

Segundo a secretária de Pla-nejamento da prefeitura, Rosane Vargas, a situação não vai melhorar “da noite para o dia”. Ela diz que ações como a construção de ciclo-vias e a abertura da continuação da avenida Litorânea, na Praia do Forte, devem ajudar o fl uxo durante o ano. Mas, no verão, ela diz, “não há planejamento que dê conta”.

“Temos uma sazonalidade muito grande e durante o verão a situação é essa mesmo. São muitos carros para pouco espaço. Uma de nossas ações é a construção de ciclovias, e já recebemos elogio do governo do Estado por conta disso. Além de ser um meio de transporte limpo, a bicicleta pode ser usada por quem vai se locomo-ver em pequenas distâncias ou até mesmo em estradas. Não foi à toa que construímos uma ciclovia na

ROSANE VARGASSecretária de Planejamento Durante o verão a situação é essa mesmo. São muitos carros para pouco espaço

Av AssunçãoCabo Frio/RJ

Estrada da Integração”, afi rma a secretária.

Para ela, a falta de vagas para estacionamento pode ser solu-cionada com investimentos da iniciativa privada. Ela defende a construção de edifícios-garagem no centro, e anunciou que um projeto desse tipo já foi aprova-do, e outro está tramitando na prefeitura.

Outro problema para os moto-ristas, as ruas estreitas do centro da cidade vão, aos poucos, se tornando ruas de pedestres. Foi assim com a Érico Coelho e a próxima será a Bento José Ribei-ro, a partir da reforma da praça Porto Rocha, por solicitação dos comerciantes. Para compensar a perda de ruas, a secretaria de Planejamento estuda uma re-forma geral na avenida Teixeira e Souza, a principal artéria da cidade.

“As novas construções na Teixeira e Souza estão sendo feitas com um recuo de 11 me-tros em relação às construções antigas. O ideal é que a avenida tivesse uma pista a mais, e esse recuo nas novas construções está sendo feito para que a prefeitura tenha que retirar o mínimo de imóveis que for possível quando decidir mexer naquele lugar”, explicou Rosane Vargas.

Para realizar o controle do tráfego, a Guarda Municipal de Cabo Frio recebeu reforço de 200 agentes nesse verão. Segundo o diretor de Trânsito cabo-friense, Isaías Brandão, os agentes têm a missão de monitorar os principais cruzamentos e semáforos, além de mudar a rotina viárias de al-guns pontos da cidade.

“Patrulhamos regularmente toda a orla e os pontos de maior concentração. Durante o dia tra-balhamos principalmente no cen-tro, fazendo o tráfego fl uir, com atenção especial nos semáforos, e também registrando todas as ocorrências. À noite, fechamos a entrada para carros no Boule-vard Canal por conta do grande número de pessoas transitando no local”, diz Brandão.

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São tantas as pessoas que merecem o Prêmio Nobel do reconhecimento, que é impossível não errar na esco-lha. Então, dedicamos este Perfume de Gente ao “Esquadrão do Bem” que são ofi cialmente as dignas repre-sentantes de todas as que trabalham unidas nestas nossas Obras Irmãs.Que neste “bissexto 2008, esse “Perfume de Gente” espalhe no ar o intenso a ro ma, que as caracteriza em sua incansável caminhada de Amor.

em gente que tem cheiro de lua passeando na amplidão do céu em meio àquela multidão de estrelas

- só pra lembrar que Deus ilumina de amor a terra inteira...

Ao lado delas, a gente descobre que esse mesmo Deus – em pessoa – cami-nha, canta, ri e dança de rosto colado

ao nosso ros-to humano, transforman-do em Divi-na a eterna criança artei-ra que habita cada um de nós...

Ao lado delas, a vida tem cheiro de vida, som de acalanto; tem calor de abra-ço de mãe e

segurança de mão forte de pai, tem o êxtase do primeiro sonho de amor e o gosto de fruta madura do amor de outono...

Ao lado delas, a paz verdadeira é tão plena, que faz de cada momento ao seu lado, uma certeza da existência de Deus...

... Nessa Alegoria, sua “Luz de lua passeadeira”, deixa um rastro inconfun-dível da Obra de Deus... na pia batismal onde seu nome é: Nilza Maria Miche-lotti de Carvalho...

4

Marina Massari

Perfume de Gente

T

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14 CIDADE, Fevereiro de 2008

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

C a r t a s

www.revistacidade.com.brFevereiro, 2008 EU TINHA UM BARCO QUE COSTU-

mava deixar na Marina Porto Búzios, mas chegou a um ponto que não deu mais. Quan-do eu queria sair para passear, nunca dava para tirar o barco, até que desisti e vendi. Phelipe A de Carvalho (Rio de Janeiro/RJ)

GOSTARIA DE SABER POR QUE A PRE-feitura de Cabo Frio mandou recolher todos os barcos que fi cavam guardados na Praia das Palmeiras. A cidade não tem nenhum lugar para deixar os barcos, como a reporta-gem da revista mostrou. Quando tiraram os barcos, prometeram que seria providenciado um outro lugar, mas até agora nada foi feito. Assim é tratado o Turismo Náutico em Cabo Frio e em toda a Região dos Lagos. Arnon Cavalcanti (Palmeiras - Cabo Frio/RJ)

TOMEI CONHECIMENTO DESSA re vista em Búzios, porque a revista foi entregue na pousada onde estava e eu pude ver . Gostei demais e já fi quei fâ. Como venho sempre para Búzios, até hoje não tinha visto nenhuma revista ou jornal com essa qualidade de impressão e também de informação. Era isso que a cidade precisa-va. Quero dar os parabéns, e desejar que continuem assim.Ricardo de Alencar Teixeira ( Rio de Janeiro/RJ)

QUERO DAR OS PARABÉNS PELA EN-trevista da deputada Cidinha Campos na revista City Cidade. Só mesmo ela para le-vantar o astral de Búzios e dizer as verdades que todo mundo tem medo de falar. Tomara que ela cumpra mesmo a promessa de se mudar para Búzios. Os politicoZINHOS da cidade que se cuidem!!Jurema de Azevedo Oliveira (Rasa - Búzios/RJ)

QUE ALEGRIA VER A NOSSA LINDA Serra de Sapiatiba com todo aquele verde na revista Cidade. Parabéns pela reporta-gem e espero que façam outra matérias para mostrar a enorme diversidade de plantas que existe lá, muitas delas endêmicas e que ainda são inexploradas.Antônio Pollegui (Iguaba Grande/RJ)

QUERO SUGERIR PARA VOCÊS QUE a revista da Cidade faça uma reportagem sobre a demora no atendimento dos ban-cos. Dizem que tem Lei. Que não se pode esperar mais de trinta minutos na fi la do banco. Mas quem é que cuida disso? E alguém cumpre a Lei? É só ir na Caixa e no Banco do Brasil, principalmente, para ver a realidade.Adalberto Massa (Cabo Frio/RJ)

PARABÉNS AO FÁBIO ORSOLON, A Cabo Frio e a Revista Cidade pela ótima reportagem. Gente nossa fazendo sucesso tem que ser mostrada.Maria da Conceição Cruz (Cabo Frio/RJ)

UM HORROR O CABO FOLIA. ESSE show está fi cando cada vez mais decadente e sem graça. Uma imagem muito ruim para Cabo Frio. Este ano teve tudo de ruim dos outros anos, roubos, violência, e muita chuva e desorganização. Sem contar com a programação mixuruca. Não veio nenhum artista de peso, só o segundo time. Uma enrolação. Até o camarote Ofi cial fi cou na chuva, por que não tinha toldo. Até quando Cabo Frio vai aguentar isso?Roberta Constantino da Silveira (Arraial do Cabo/RJ)

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensCésar PinhoGraciele SoaresJuliana VieiraJuliana LatozinskiMartinho SantaféRenato SilveiraRoberta VitorinoThiago FreitasTomás BaggioVanessa Campos

Fotografi asCesar ValentePapiPressTatiana Grynberg

ColunistasÂngela BarrosoDanuza LimaOctávio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Carapebus, Campos, Macaé, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

Administrator
Note
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15CIDADE, Fevereiro de 2008

Danuza Lima é [email protected]

N U T R I Ç Ã O

Flatulência

DANUZA LIMA é [email protected]

fl atulência ou excesso de gases intestinais pode ser incômoda, podendo provocar até constran-

gimento social.A maior parte dos gases é produ-

zida no intestino por carboidratos que não são digeridos. Como o intestino não produz enzimas necessárias para digeri-los, eles são fermentados por bactérias que normalmente ali residem. Esse processo é responsável pela maior produção e liberação de gases.

Em alguns casos, por fatores ge-néticos, a adoção de uma dieta com pouca gordura, rica em fi bras e em carboidratos, pode produzir gases.

A fl atulência pode ser sintoma de vários problemas, que incluem: intole-rância à lactose, crescimento excessivo da quantidade de bactérias no intestino (muitas vezes causado por certos anti-bióticos) ou contrações anormais dos músculos do intestino.

Dieta é a palavra-chave para redu-zir a produção de gases, uma vez que é impossível eliminá-la totalmente.

Alguns alimentos como ervilha, feijão, soja, leite e derivados (para a lér gicos a lactose), maçã, damasco, lentilha, cereais, pipoca, pepino, as-pargo, rabanete, batata, nabo, ameixa, ba nana, uva passa, alimentos fritos, carne gorda, alimentos ricos em creme, farelo, grão de bico, chiclete, bebidas gaseifi cadas, alimentos ricos em fi bras e os alimentos que não são digeríveis provocam maior formação de gases.

Algumas pessoas notam aumento na produção de gases quando ingerem comida ou sucos adoçados com açúcar de frutas (frutose) ou adoçante artifi cial à base de Sorbitol. Nesse caso, esses produtos devem ser evitados.

Uma boa dica é caminhar, pois esti-mula os movimentos intestinais.

É importante ressaltar que os alimentos citados como causadores de fl atos são fontes de nutrientes e não devem ser eliminados da sua ali-mentação sem necessidade. Elimine apenas aqueles que provocam gases em você.

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16 CIDADE, Fevereiro de 2008

Fabí

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CIDINHA CAMPOS - R$ 700.000,00 para enrocamento da saída do canal da Marina Porto Búzios.

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tro DR. WILSON CABRAL - R$ 20.000,00 para criação de laboratório de informática em Quissamã.- R$ 160.000,00 para aquisição de equipamentos médico-hospitalares para Santa Casa de Misericórdia de Campos.- R$ 200.000,00 para apoio à Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro.

Rafa

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ALAIR CORRÊA - R$ 200.000,00 para apoio a obras aos municípios fl uminenses.- R$ 50.000,00 para fomento ao turismo do Estado.- R$ 400.000,00 para desenvolvimento de projetos culturais.

P o l í t i c a

Juliana Vieira

ano de 2008 pode ser mais generoso para as cidades das Regiões dos Lagos e do Norte Fluminense. Um total de

7.283 emendas foi apresentado pelos depu-tados estaduais para integrar o orçamento do Governo do Estado do ano que vem. Todas elas foram avaliadas e votadas na Alerj — Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.

Ao contrário dos anos anteriores, em 2007 os parlamentares tiveram um valor pré-defi nido para encaminhar suas emen-das orçamentárias. Ficou estabelecido, jun-to ao governador Sérgio Cabral (PMDB), que cada um dos 70 deputados teria direito a emendar até R$ 1 milhão.

Das emendas apresentadas em 2007 na Alerj, sete foram assinadas pelo deputado estadual Alair Corrêa (PMDB), 87 pelo Dr. Wilson Cabral (PSB), 21 por Glauco Lopes (PSDB), 28 por João Peixoto (PSDC) e 102 por Paulo Melo (PMDB). Até a deputada Cidinha Campos (PDT), que não tem na região sua base eleitoral, apresentou uma emenda para Armação dos Búzios. O ano de 2007 foi um dos que registrou o menor número de emendas, a novidade tem um por quê: o acordo fechado entre o Gover-no do Estado e a Alerj sobre o valor a ser emendado.

No dia 19 de dezembro os deputado se reuniram no Plenário Barbosa Lima Sobrinho para votar sobre as emendas encaminhadas, das mais de 7.000 apre-sentadas apenas 6.293 foram aprovadas

pela Comissão de Orçamento da Alerj. Os parlamentares também tiveram a possibi-lidade de participar do Plano Plurianual (PPA 2008-2011) do Governo Estadu-al, porém sem sucesso, já que das 244 emendas encaminhadas ao PPA apenas três foram aprovadas pela Comissão de Orçamento: duas de autoria do deputado Luiz Paulo (PSDB) e outra do deputado Wagner Montes (PDT).

A votação, ao contrário dos outros anos, foi tranqüila e não houve surpresas. “Esse processo de consolidação de tudo que foi acordado durante a tramitação do orça-mento na Alerj fi ndou com uma votação tranqüila. O que mais ajudou o Governo foi um encaminhamento que defi niu metas de um plano estratégico muito bem elaborado. Houve consenso e isso nos permitiu che-

O

O que você faria com

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17CIDADE, Fevereiro de 2008

JOÃO PEIXOTO

- R$ 200.000,00 para aquisição de gerador para a Santa Casa de Misericórdia de Campos dos Goytacazes.

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base GLAUCO LOPES

- R$ 20.000,00 para apoio social aos alcoólicos anônimos.- R$ 30.000,00 para inclusão social para familiares e pequenos produtores do Sindicato Rural de Macaé.- R$ 20.000,00 para apoio aos programas Saúde da Mulher, Atenção ao Adolescente e Saúde da Família em Quissamã.

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ce PAULO MELO

- R$ 30.000,00 para construção de creche em Cem Braças (Armação de Búzios).- R$ 5.000.000,00 para despesa com pessoal e encargos sociais da Secretaria de Estado de Segurança.

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R$ 1 milhão? Estado ..................................... 112Macaé ....................................... 14Iguaba Grande ............................ 9Campos dos Goytacazes .............. 9Quissamã .................................... 6Saquarema .................................. 4Cabo Frio .................................... 3Armação dos Búzios ..................... 2Araruama .................................... 1Arraial do Cabo ........................... 1

Estado ..................................... 112Metropolitana .......................... 349Serrana ..................................... 45Médio Paraíba ........................... 42Norte Fluminense ....................... 41Noroeste Fluminense .................. 40Centro Sul ................................. 36Baixadas Litorâneas (Lagos) ......... 32Costa Verde ................................. 9

Quantidade de Emendas por Cidade

Quantidade de Emendas por Região

gar ao Plenário com os acordos já feitos”, assegurou o presidente da Comissão de Orçamento, deputado Edson Albertassi (PMDB).

O acordo foi bem aceito sim, mas isso não inibiu alguns deputados de apre-sentarem emendas milionárias como os R$ 5.000.000,00 apresentados por Paulo Melo para despesa com pessoal e encargos sociais da Secretaria de Estado de Seguran-ça ou os R$ 5.000.000,00 do Dr. Wilson Cabral para programa de implantação de fi ltros em usinas de açúcar e álcool.

Nem todos apresentaram emendas

Parece inacreditável, mas nem todos os deputados estaduais apresentaram

emendas ao orçamento do Estado de 2008. O deputado Marcos Abrahão (PSL) foi o único parlamentar a não apresentar uma emenda sequer.

O deputado Glauco Lopes, que nos três últimos anos foi o parlamen-tar que mais apresentou emendas ao orçamento estadual, contou como fez para atender as instituições necessita-das com um valor pré-definido para as emendas.

“Como já sabia do valor estipulado pelo Governo do Estado não poderia correr o risco de desperdiçar e por isso busquei atender às instituições que conheço e sei das suas necessidades. Contei também com a ajuda de uma equipe técnica, todas as atenções foram voltadas para as emendas”, contou Lopes.

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Estamos trabalhando para que não haja mais sistema de manobra. Bairros que antes recebiam água a cada 15 dias, com as obras que realizamos passaram a receber água a cada dois dias.

10 PERGUNTAS

Felipe Marcondes

Ferraz

Niete Martinez

1 - Desde agosto de 2007 o Grupo CIBE está atuando na Prolagos em gestão compartilhada. Qual a avaliação o senhor faz da situação da empresa e quais as mudanças o novo Grupo fará na gestão da mesma?

Quando começamos a gestão compar-tilhada na Prolagos, notamos que alguns equipamentos estavam ultrapassados, como a Central de 0800, por exemplo. Também constatamos a necessidade de an-tecipar algumas obras, que possibilitassem uma melhora imediata no abastecimento da região. Por conta disso, desde agosto

A Prolagos - concessionária de abastecimento de água e tratamento de esgoto em Cabo Frio, São Pedro da Aldeia, Arraial do Cabo, Búzios e Iguaba Grande – acaba de mudar de mãos. Desde janeiro ela é ofi cialmente administrada pelo CIBE, Consórcio Infra-estru-tura Bertin Equipav, e tem como Diretor Executivo o Engenheiro Mecânico Felipe Marcondes Ferraz, paulista da cidade de São Paulo com mestrado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA pela Universidade da Carolina do Norte (EUA). O novo grupo assume prometendo melhoria e ampliação do abastecimento de água e tratamento de esgoto, além do con-tato mais próximo com a população através da modernização da Central de Atendimento (0800-7020195) e ampliação do horário de funcionamento das lojas.

estamos investindo na concessionária. Adquirimos uma nova Central de Aten-dimentos, instalada no fi nal de janeiro; compramos quatro grupos de geradores, que já começaram a ser instalados na Estação de Tratamento de Água (ETA) de Juturnaíba, para que não tenhamos mais problemas de abastecimento por causa de energia elétrica; e estamos planejando uma série de outras mudanças, que serão implantadas a partir de agora.

2 - A inadimplência e os “gatos” ainda são problemas para a Prolagos? Quais os níveis

atuais e que medidas serão implementadas para diminuir o problema?

Com certeza. Fechamos dezembro de 2007 com 16% de taxa de inadimplência e cerca de 25% de taxa de roubo d’água. Para enfrentar esses problemas, o CIBE já possui um plano montado, que foi executa-do com sucesso em outras concessionárias do grupo, como Águas Guariroba (MS). O plano consiste em uma campanha intensiva junto aos clientes, oferecendo benefícios às pessoas que acertarem sua situação junto à empresa, e também em um pro-grama educativo junto à população para que possamos conscientizar às pessoas da importância sobre o uso racional da água, que é um bem fi nito. Com relação ao rou-bo, vamos intensifi car as operações com a DDSD (Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados), que é uma delegacia especiali-zada do Rio de Janeiro, e lançar, em março, uma campanha para que as pessoas se le-galizem e evitem problemas judiciais, uma vez que roubo d’água é crime e a pessoa pega em fl agrante vai presa.

3 - Qual é a realidade do abastecimento de água nas cidades da Região dos Lagos? Ainda são feitas “manobras” para atender a demanda, principalmente em bairros distantes como José Gonçalves e Tucuns em Búzios?

Desde agosto, quando começamos a investir na Prolagos, realizamos uma série de obras para melhorar o abasteci-mento a partir do verão. Construímos uma nova adutora em Iguaba que duplicou a capacidade de abastecimento na cidade. Reformamos e ampliamos e adutora do Jardim Esperança, que aumentou em 70% o abastecimento do local, bairros vizinhos e, principalmente, Armação dos Búzios. Revitalizamos a adutora Bacaxá, que gerou 30% a mais de água para todas as cidades da área de concessão (Cabo Frio, Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia e Iguaba). Hoje, atendemos perto de 92% da área urbana dessas cidades, mas sabemos que existe muito a ser feito. Estamos traba-lhando para que não haja mais sistema de manobra. Bairros que antes recebiam água a cada 15 dias, com as obras que realizamos passaram a receber água a cada dois dias.

4 - Quais as áreas mais críticas na questão do abastecimento e quando o problema será sanado?

Os bairros em fi m de rede e aqueles onde ela ainda não foi implantada são os que mais sofrem. O primeiro, por conta do roubo d’água, que tira grande parte

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19CIDADE, Fevereiro de 2008

da pressão da rede, impedindo que a água chegue em partes mais altas ou mais distantes. Com relação aos bairros ainda sem rede, existe a previsão de investimentos de mais de R$ 21 milhões em água nos próximos três anos (mais 64 km de rede). Vamos investir constantemente nisso para que cada vez mais pessoas tenham acesso à água. Nossa proposta é ir além do estabelecido pelo contrato de concessão (90% da área urbana até 2023), levando água para o maior numero possível de pessoas. Hoje atendemos perto de 92% e, até 2010, queremos chegar a 95%.

5 - O senhor considera a água da Prolagos totalmente apropriada para consumo?

A água fornecida pela Prola-gos está 100% apropriada para consumo. Todo o tratamento feito na ETA obedece às normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Constantemente são feitas análises em laboratório e o resultado mostra que a água sempre se manteve dentro dos padrões de potabilidade, exi-gidos pela Portaria 518/04 do Ministério da Saúde.

6 - Qual a situação das Estações de tratamento de esgoto (ETEs) de Cabo Frio, Búzios, São Pedro e Iguaba? Quando em pleno funcionamento terão capacidade para tratar todo o esgoto dessas cidades?

Todas as quatro ETEs estão em pleno funcionamento. A última delas, a ETE de Iguaba, começou a operar em 2006. A ca-pacidade de tratamento de cada uma delas é superior à quantidade de esgoto captado atualmente. Como passaremos a captar mais esgoto nos próximos três anos (hoje tratamos cerca de 46% e a meta é tratar 96% a partir de 2009), temos planos para ampliar e construir uma nova ETE até 2010. A ETE de São Pedro da Aldeia será ampliada de 100 l/s para 200 l/s. No Jardim Esperança em Cabo Frio, vamos construir uma ETE para atender 100l/s. Desta forma, Cabo Frio passará a ter condições de tratar 500l/s no total.

7 - Qual o sistema de tratamento utilizados nessas ETEs? São eliminados os resíduos

químicos como fósforo e nitrogênio, ou apenas a parte sólida dos dejetos?

Em Cabo Frio, o tratamento é o pri-mário assistido mais desinfecção, que é muito eficiente para remoção da carga orgânica e reduz o fósforo. Em Búzios são dois tipos: secundário, que atende à população residente, e primário quimica-mente assistido para atender à população de temporada. O efl uente fi nal, produzido após o tratamento, atende perfeitamen-te aos parâmetros da legislação para o lançamento de esgoto no corpo receptor. São Pedro e Iguaba possuem tratamentos terciário, que é uma tecnologia de primeiro mundo, de lodo ativado com total remoção biológica de fósforo e nitrogênio e desin-fecção por UV.

8 - Qual o destino dos efl uentes dessas ETEs? Essa água pode ser devolvida à

lagoa sem prejuízo para o Meio Ambiente?

Cabo Frio, São Pedro e Iguaba jogam seus efl uentes tratados na Lagoa de Araruama, conforme foi aprovado na licença de Operação, emitida pela Feema. O efl uente tratado de Búzios, também de acordo com aprovação da Feema, vai para uma outra lagoa, que, quando atinge nível alto, extra-vasa para o canal da Marina, que também foi aprovado na licença de operação emitida pela Feema. Os efl uentes tratados pela Prola-gos obedecem à legislação am-biental vigente e, portanto, podem ser lançados na lagoa sem causar nenhum dano ambiental.

9 - As Estações recebem também o despejo dos caminhões limpa-fossa?

Atualmente apenas as ETEs da Cabo Frio e de Búzios recebem esgoto provenientes de limpa-fossas.

10 - Como é feita a captação do esgoto na região? Por que a Praia das Palmeiras, em dias de chuva, continua apresentando acúmulo de resíduos de esgoto?

Quando a Prolagos começou a instalar o sistema de esgoto, fi cou defi nido pelo poder público que o material seria coletado em rede separativa (independente da rede pluvial) e levado para um emissário. Em 2001, para acelerar o acesso da população ao sanea-

mento e reduzir o ônus nas tarifas de água, o Poder Concedente e o CILSJ (Consórcio Intermunicipal Lagos São João) acordaram com a Prolagos e o Ministério Público a substituição pelo sistema de tomada a tempo seco. Apesar disso, existe rede sepa-rativa implantada pela Prolagos em alguns locais: 6 km no Braga, em Cabo Frio; 10 km no Centro de Búzios e nas praias do Canto, Ossos e João Fernandes e 6 km na área central de Iguaba Grande. A situação do bairro Palmeiras acontece, exatamente, em função deste tipo de captação. O siste-ma a tempo seco, como diz o próprio nome, capta todo esgoto em períodos sem chuvas intensas, ou seja, em aproximadamente 95% do ano todo o esgoto que antes era lançado na lagoa é captado e enviado às Estações de Tratamento. Quando acontece chuva intensa, o esgoto fi ca diluído e o excedente vai para a lagoa.

FELIPE MARCONDES FERRAZ, Diretor Executivo da Prolagos

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20 CIDADE, Fevereiro de 2008

A r m a ç ã o d o s B ú z i o s

Basta!epois de dar apoio integral a todas as ações do Executivo durante três anos,

Wilson se diz decepcionado com a admi-nistração do município. “Sempre tivemos a maior compreensão com o governo. Mas, a cidade vive hoje um clima de insatisfação urbana muito grande. Chegamos à conclu-são que esse governo que está aí é um gover-no extremamente populista, que não tem a menor responsabilidade com a Lei Orgânica Municipal e com o Código Postura”.

Segundo Wilson os vereadores da ban-cada governista interferem diretamente nas secretarias impedindo que as leis, criadas por eles mesmos, sejam cumpridas. “Por

exemplo, a guarda municipal multa os carros, recolhe para o depósito. Eles mandam sol-tar”. Para o presi-dente, essa é causa

Presidente da Associação Comercial de Búzios propõe boicote ao pagamento do IPTU

da desordem urbana reinante na cidade e da invasão de ambulantes nas praias. “Hoje o prefeito é refém dos vereadores do PMDB. Ou é refém, ou é conivente”, diz. IPTU Como primeira atitude frente ao que José Wilson chamou de “mau uso do dinheiro publico”, a Associação está propondo o boicote ao pagamento do IPTU do ano de 2008. “A cidade está abandonada, está esburacada, está se favelizando. Nós entendemos que o dinheiro da arrecadação municipal, está sendo mal utilizado”, justifi ca.

Outra medida, desta vez para fortalecer a entidade e retomar a unidade social foi a decisão de anistiar os associados em dé-bito para estimular seu retorno à entidade. Com isso o presidente acredita que pelo menos 150 nomes possam se reincorporar à Associação.

A entidade tem mais de 400 associados, mas apenas 100 pagantes regulares.

JOSÉ WILSON A cidade vive hoje um clima de insatisfação urbana muito grande

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21CIDADE, Fevereiro de 2008

O empresário Paul Lindermann entregando o diploma da “Confraria dos Amigos de Búzios e Saint Tropez” ao Reinaldo Paes Barreto, diretor do Jornal do Brasil.

A presença de Ricardo Amaral, abrilhanta qualquer evento. Na foto ao lado de Janyck Dau-det, Diretor Presidente da América Latina, do ClubMed.

As atrizes globais, Christiane Torloni e Alexia Dechamps, arrancando elogios pela elegância e charme na festa patrocinada pela Embratel. Na foto, o cinéfolo Mario Paz, Inácio Coqueiro, marido da Christiane, a radilalista Bete Prata e o Secretário de Turismo de Búzios, Armando Ehrenfreund.

O Secretário de Turismo, Armando Ehren-freund e a Presidente Nacional do PMDB-Mulher, a mineira Maria Elvira Sales Ferreira.

Gisela Amaral, buziana de alma, em conversa com o amigo Dr. Heitor Simões, grandes divulgadores das belezas de Búzios.

A velejadora multimídia Cristiane Oliveira rodeada pelos amigos e velejadores franco- brasileiros, Nicolas Lindermann e Pierre Joullie, diretor de Velas do ICAB.

Casal prá lá de descolado e bonito Milena e Rogério Oliveira. Comerciantes de sucesso em breve trazendo boas surpresas para Cabo Frio e Búzios.

Juliana e Thomás Naves, diretor comercial e marketing da TV Record Rio de Janeiro, sempre que podem, correm para o azul maravilha do Pla-neta: a nossa Búzios, certamente.

Os campistas Silvana e Chrysanto Neves a-do-ram o por-do-sol no Bar dos Pescadores, em Man-guinhos.

Renata Dechamps, poderosa,chic, simples e sempre interessada no bem da cidade. Beleza pura.

Edgard Octávio, responsável pela produção visual das maiores grifes, entre elas, Daslu, Arcte-fato, Grandenne e da lindíssima Loja Bee, na Orla Bardot, descansando em Búzios, naturalmente.

Antonio Valente, como bom capricor niano, cantou parabéns junto aos amigos e familiares, no Bistrô Escondido, em Manguinhos.

Hector Sirera, recebeu amigos para assoprar velinhas. Lily e Carlos Povoli se deliciaram com o churrasco servido e as sobremesas maravilhosas feitas com todo carinho pela mulher Sonia Persiane.

[email protected]

Festa que se preza tem que ter gente bonita, de bom astral, gente que é gente. E foi assim que o Iate Clube de Búzios brindou a todos os convi-dados na festa da chegada do Veleiro ‘Helisara’ de Saint Tropez, no último dia 19/01. Depois de 21 dias no mar lançando o intercâmbio turístico entre Saint Tropez e Búzios - a nova ‘Rota do Turismo e da Cultura’.

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C a b o F r i o

ara quem visita, hoje, o município de Cabo Frio, tornou-se impossível não parar para apreciar o Boulevard Canal. Seja pela manhã ou de madrugada, o local virou um dos points preferidos para moradores e turistas que procuram um bela paisagem, um clima ameno, conforto e, por que não, luxo.

Recheado de bons restaurantes, bares, lojas, escunas para passeio e até feirinha de artesanato, o Canal já deixou para trás um passa-do que o associava a arruaça e sujeira. Hoje, para a maioria dos visitantes, o local consegue se igualar a outros pontos turísticos da cidade, como a Praia do Forte ou o Morro da Guia.

Do francês, “boulevard” signifi ca “avenida larga e arborizada”. O nome faz jus ao que se vê, na opinião de quem passeia ou de quem trabalha na rua. Há mais de oito anos, antes da revitalização do local, o que se via eram calçadas quebradas, má iluminação e brigas constantes. Com a reforma, contudo, o Boulevard, além de fonte de elogios, passou a ser sinal de mais faturamento para os comerciantes.

“Hoje, o comerciante percebe que Cabo Frio atrai mais famílias e casais, principalmente, porque acabaram os shows gratuitos e seu público arruaceiro, que transformava a noite de Cabo Frio numa verdadeira bagunça”, garante Milton Roberto, proprietário do Tia Maluca, uma das opções de restaurante a la carte disponíveis no Boulevard, que funcionam, em sua maioria, de meio-dia às 2h da manhã. No restaurante, que completa dez anos de funcionamento no local, o cliente encontra uma cozinha 100% nacional, com especialidades em frutos do mar, como a caldeirada e a moqueca de lula. Outra referência do restaurante que está sempre lotado é o chope da casa, que é considerado o melhor da Região dos Lagos.

Próximo ao Tia Maluca, outro estabelecimento chama a atenção pela popularidade. É o Restaurante do Zé, que já conquistou mo-radores e turistas pela famosa picanha. “A picanha mais barata de Cabo Frio é a do Zé, ao custo de R$ 32,90 a porção para duas pes-soas”, destaca o proprietário, José Martins. Há 20 anos funcionando no Canal, o restaurante tem extensa clientela não só pelos pratos saborosos, como também pelos preços diferenciados. Neste verão, o turista encontra uma promoção e tanto: camarão à milanesa (para dois) a apenas R$ 29,90. Para o dono, o Canal se diferencia pela grande quantidade de restaurantes em um curto espaço. “Temos excelentes restaurantes espalhados pela cidade, mas o cliente sabe que, nesta rua, ele encontra uma diversidade enorme”.

Cliente mudou: famílias e casais são maioria no Boulevard

Na outra extremidade do Canal, quem faz coro com o comer-ciante é o proprietário de outro belíssimo restaurante a la carte,

Vanessa Campos

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BoulevardCANAL

POINT de todas as torcidas, o Boulevard é muito mais que um simples centro gastronômico. Nesse lugar de sonho, pode-se passear de barco, ir a uma boate, almoçar num excelente restaurante, beber um drinque num bom bar, visitar uma galeria de arte. Ou, simplesmente sentar e fi car apreciando a paisagem.

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também especializado em frutos do mar, o Labadee, que atrai grande clientela, principalmente, pela adega de vinhos, com mais de 600 garrafas. “São mais de 100 rótulos de vinho e 40 tipos de uva”, afi rmou Marco Cordeiro, cujo restaurante já tem cinco anos de funcionamento no Boulevard. Para Marco, o Canal virou o “centro gastronômico de Cabo Frio”, de uns anos para cá. “Só em olhar as pessoas que passeiam pelo Boulevard Canal, percebemos que, hoje, Cabo Frio atrai um outro tipo de visitante. Acho que o turista que recebemos hoje se deve, principalmente, ao aumento de eventos de qualidade, mais culturais”, explica ele, afi rmando que não há turista que resista a uma boa limpeza e modernidade: “O Canal antes da reforma era um lixo, depois virou um luxo”.

Com o Canal completamente lotado, em uma tarde de fi nal de janeiro, CIDADE ouviu a opinião de inúmeros de turistas sobre as impressões do local. A constatação é de que quem vem uma vez sempre pede para voltar, como é o exemplo do casal César Ferraz Barreiros e Andréa Abranches, de Volta Redonda (RJ), que já visitam Cabo Frio, há mais de 20 anos. Para o administrador de empresas, de 42 anos, o local atrai pelo re-quinte do comércio e o público selecionado. “O que não faltam são atrativos no Canal, mas eu destaco os bons restaurantes e o clima agradável”. Já Andrea, reivindica mais comércio no ponto turístico. Freqüentadora também da Rua das Pedras, em Búzios, a visitante compara e diz que o Canal só teria a ganhar se oferecesse mais opções de lojas ao turista. “Em Búzios, você tem essa opção de agrupar bons restaurantes e um comércio diversifi cado no mesmo local”, destaca.

De muito mais longe, o casal de namorados, Camargo Oli-veira, 23 anos, e Thaiane Verbeno, de 18 anos, já visita a cidade pela quarta vez. Naturais de Tocantins (TO), ambos são só elogios para a paisagem que compõe o Canal do Itajuru. “Cabo Frio é ma-ravilhoso e este local é perfeito para passear à tarde e esticar em um barzinho conforme cai a noite. Quando chegamos à cidade, nosso roteiro já é certo: Praia do Forte, pela manhã, e Boulevard Canal, à tarde”, destaca o farmacêutico recém-formado.

Nem só de gastronomia vive o Boulevard Com excelentes bares e restaurantes em toda sua extensão,

o Boulevard Canal não vive, contudo, só de gastronomia. Além das lojas, que costumam fi car abertas até de madrugada, a orla do Canal também tem outras opções de lazer, como o Terminal de Barcos e a boate Eleven, uma das mais badaladas da cidade.

Quase cinco anos após a tragédia com o Tona Galea (no dia 19 de abril de 2003, resultando em 15 mortes), a demanda pelos passeios de barco demonstra que o setor, após longa reformulação – incluindo a criação da Guarda Marítima e Ambiental (GMA) de Cabo Frio – deixou o episódio para trás e reconquistou a confi ança do turista. Recente pesquisa da GMA constatou que, a partir de 2005, a procura pelos passeios de barco aumentou em 280% e, no verão, o número de visitantes diários no Terminal já chega a 1.500, um número cinco vezes maior que na baixa temporada. Para se ter idéia da demanda na alta temporada (que, para o setor, só termina na Semana Santa), enquanto na baixa temporada dois barcos por semana são sufi cientes para atender à clientela, no verão, o Terminal contabiliza 18 passeios por dia, distribuídos pelas seis escunas licenciadas pela Capitania dos Portos. Segundo a responsável pelo Terminal de Barcos, Jurema Fagundes, antes da tragédia, nove barcos navegavam

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com o mínimo de segurança e sem a obrigatoriedade do colete salva-vidas, entre outras irregularidades. Hoje, cinco anos depois da tragédia, o que o turista encontra são operadoras investindo alto nas embarcações. “Quem sobreviveu à crise e se adequou às novas regras, hoje colhe os frutos”, destacou ela, acrescentando que todos os barcos comportam um número de coletes salva-vidas 10% superior à capacidade de passageiros.

O Terminal, que funciona das 8h às 18, de domingo a domingo, possui recepcionistas bilíngües e duas opções de passeio: uma com 2h de duração (ao custo de R$ 20 por pessoa) e outra com 1h de duração (R$ 10). O trajeto inclui diversas ilhas de Cabo Frio. Um dos clientes em potencial dos passeios de barco são as famílias, que costumam optar pelo passeio à tarde, para fugir do sol forte. É o caso da família da estudante Andressa Mattos, de Duque de Caxias. Em companhia do noivo, o estudante Rafael

Neves, e de mais 12 parentes, a jovem acabava de voltar de um passeio de escuna quando parou para conversar com a reportagem de CIDADE. Na sua opinião, o Canal se renovou nos últimos anos. “Já vim a Cabo Frio outras vezes e recomendo a qualquer pessoa. Nos barcos, o roteiro, além de lindo, é seguro e os instrutores são bastante simpáticos”, declarou ela.

Mas se as escunas são a atração do Boulevard, de dia, à noite, quem reina soberana é a boate Eleven, única casa noturna do local. Funcionando há seis anos no Canal, a boate atinge uma faixa etária dos 18 aos 50 anos de idade, com uma programação variada, de quinta a domingo, na baixa temporada, que inclui pagode de mesa, funk e forró. Já na alta temporada, a casa abre de terça a domingo, um ritmo que se mantém até a semana de Carnaval. Segundo o gerente da boate, Tadeu Aguiar, durante o verão, a Eleven costuma registrar uma média de 500 clientes por noite. Recebendo clientes de toda a região da Costa do Sol, a boate consegue, mesmo na baixa temporada, manter a casa cheia. “Ouvimos muito dos comerciantes do Canal que a Eleven acaba puxando o cliente da noite do Boulevard, que se junta em frente à boate e, mesmo não entrando, acaba fi cando no canal e consumindo”, destacou o gerente.

JUREMA FAGUNDES Quem sobreviveu à crise (Tona Galea) e se adequou às novas regras, hoje colhe os frutos

DENISE LINHARES (Picolino) Vamos reformar mas não mexeremos na arquitetura tradicional

PICOLINOReferência gastronônica e arquitetônica

MILTON ROBERTO (Tia Maluca) Hoje Cabo Frio atrai mais famílias e casais, porque acabaram os shows gratuitos e seu público arruaceiro

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LABADEELABADEE São mais de 100 São mais de 100 rótulos de vinho e rótulos de vinho e 40 tipos de uva40 tipos de uva(Marco Cordeiro)(Marco Cordeiro)

RESTAURANTE DO ZÉRESTAURANTE DO ZÉ Temos excelentes Temos excelentes restaurantes espalhados restaurantes espalhados pela cidade, mas o pela cidade, mas o cliente sabe que, nesta cliente sabe que, nesta rua, ele encontra uma rua, ele encontra uma diversidade enorme diversidade enorme (José Martins)(José Martins)

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Picolino: o restaurante mais antigo do Canal gera polêmica

Um dos restaurantes mais antigos do Canal, o Picolino já é considerado patrimônio da cidade de Cabo Frio. Funcionando há 33 anos, o restaurante a la carte tem uma cozinha que preza pelo bom gosto, oferecendo ao cliente especialidades em frutos do mar e culinária portuguesa. Colocado à venda há 4 anos, o restaurante ganhou novos proprietários há cerca de seis meses. Dentre os novos proprietários, estão a culinarista e empresária, Denise Linhares, e o marido, o somellier Benedicto Luís. Desde que assumiram, os novos proprietários já começaram a pensar em mudanças, tanto no cardápio da casa (com a inclusão de carnes de avestruz, pato e cordeiro), quanto na estrutura do restaurante, situação que vem gerando polêmica entre os comerciantes locais.

De acordo com Denise, logo após o carnaval, o restaurante passará por 4 meses de reformas. No projeto descrito por ela, a idéia prin-cipal é reformar a cozinha, que hoje encontra-se fora dos padrões exigidos pela Vigilância Sanitária, e ampliar a casa, construindo um terraço e uma adega climatizada. “A parte colonial fi cará irretocável. Vamos reformar mas não mexeremos na arquitetura tradicional. Antigo é uma coisa, velho é outra. Velho é sinônimo de prejuízo”, explicou a proprietária.

Contudo, para empresários como Milton Roberto, a conversa é outra: “O papo que a gente ouve é de demolição do Picolino e construção de um shopping no local. Demolir parte do Picolino ou o prédio todo é cometer o assassinato com parte da memória da nossa cidade”, afi rmou ele, que colocou uma foto sutil do Picolino no folder do restaurante, com a frase: “Belezas que não podem mudar!”.

Segundo a Prefeitura da cidade (responsável pelo licenciamen-to da obra, com a anuência do IPHAN, já que o prédio, do século passado, não é tombado pelo governo federal, mas fi ca na área de entorno da lagoa), o projeto apresentado não afetará a arquitetura original do prédio, mantendo as características originais. O projeto compreende, além das reformas destacadas pelos novos proprie-tários, a construção de quatro lojas, agregadas ao restaurante. “O projeto foi apresentado há uns oito meses e mantém a arquitetura original do prédio. A reforma foi aprovada tendo como um dos critérios a preservação do patrimônio local”, explicou a secretária municipal de Planejamento, Rosane Vargas.

CAMARGO OLIVEIRA e THAIANE VERBENO Cabo Frio é maravilhoso e este local é perfeito para passear à tarde e esticar em um barzinho conforme cai a noite

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Capital do Petróleo paga caro por isso

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Cidade de Macaé/RJ

m clássico mau exemplo de crescimento não sustentável, Macaé começou a década de 1980 recebendo todos os impactos da atividade petrolífera na Bacia de Campos sem estar minimamente preparada para isso.

Pior, sem receber qualquer tipo de indenização por suas ruas destruídas pelas pesadas carretas que transportavam materiais e equipamentos para as obras do píer de Imbetiba, do terminal de Cabiúnas e do Parque de Tubos, todas da Petrobras. A praia de Imbetiba já estava completamente desfi gurada pelos molhes de pedras e os aluguéis disparavam, expulsando antigos moradores para a periferia.

Insufl ados pela falsa imagem de “paraíso do emprego” em plena década que os economistas tacharam de “perdida”, trabalhadores de todas as regiões do País começaram a chegar – a maioria não qualifi cada, absorvida pela construção civil e, logo em seguida, abandonada à própria sorte. Surgiram as primeiras favelas: Nova Holanda, Nova Esperança e outras denominações incapazes de es-conder a verdadeira face do apregoado “desenvolvimento”. Talvez a favela Malvinas – cujos futuros moradores aterraram vasta área de manguezal do Rio Macaé, dizimando fl ora e fauna sob o olhar complacente da prefeitura – tenha recebido um nome mais próximo da realidade macaense naquele momento: uma silenciosa “guerra” urbana de conseqüências irremediáveis.

Os royalties só chegaram em 1989, mas era tarde demais: “Os royalties começaram a ser pagos muitos anos após o início dos trabalhos da Petrobras na Bacia de Campos. Problemas crônicos se instalaram e persistem até hoje. Imagine uma pessoa com uma doença e que só começa a tomar os remédios ou as vitaminas 10 anos depois”, observa o ex-secretário municipal de Meio Ambien-te, Fernando Marcelo Tavares, atual assessor especial da mesma secretaria.

A partir da queda do monopólio estatal do petróleo no governo FHC, os royalties e as participações especiais sobre os campos gigantes cresceram substancialmente para os nove municípios da região produtora da Bacia de Campos, colocando-os na lista dos maiores orçamentos do País. Macaé, a única a sofrer todos os impactos negativos da indústria do petróleo na região, recebe proporcionalmente a quarta maior fatia dos royalties.

Tanto dinheiro tem aguçado a cobiça dos políticos em Brasília, que já elaboraram mais de uma dezena de projetos na tentativa de dividir o bolo e agradar seus eleitores. A ameaça é real e cada vez mais próxima, à medida que o bolo vai aumentando com os pre-ços do barril de petróleo na estratosfera, e a maneira como esses recursos vêm sendo gerenciados.

Mau começoPara Fernando Marcelo, um dos ambientalistas mais respeitados

da região, a produção offshore de petróleo na Bacia de Campos começou quando não havia a mesma consciência ambiental que existe hoje, fato agravado pela vigência da ditadura. “A Petrobras era mais autoritária, não ligando muito para as comunidades e havia uma espécie de diretriz militar na empresa que considerava as baixas inevitáveis e irrelevantes diante da segurança nacional. Tudo começou em condições muito precárias, deixando um débito muito pesado na conta da empresa, com lesionados, mortos e uma legião de trabalhadores confi nada na periferia da cidade e alheia ao desenvolvimento econômico”, lamenta.

Martinho Santafé

Em Macaé, impactos urbanísticos superam benefícios dos royalties

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ROBERTO MORAES PESSANHA Diretor do Observatório Sócio-econômico do Norte Fluminense Acredito que a maneira como essas receitas estão sendo repassadas para os municípios produtores vai mudar

A produção de petróleo no litoral norte fl uminense passou a encher os cofres do governo do Estado, mas este ignorou (e continua ignorando) as imensas deman-das nos setores sob sua responsabilidade, principalmente, segurança e abastecimento de água. A criminalidade cresceu a ponto de incluir Macaé no vergonhoso ranking da violência brasileira: é a quinta cidade em mortes de jovens entre 16 e 24 anos e a décima mais violenta do País.

Hoje, apesar dos discursos que tentam provar o contrário, a polícia continua inefi -ciente, sem as mínimas condições materiais e humanas para enfrentar a bandidagem que assalta cidadãos e ônibus urbanos em plena luz do dia. E o que é mais grave: não há gerenciamento efi caz, o que inclui metas mensais e anuais, para reduzir gra-dativamente a criminalidade. Quanto ao abastecimento, a Cedae parece estar mais preocupada em manter os privilégios de seus funcionários do que em levar água para a população da periferia e dos bairros da Zona Sul macaense, ocupados em sua maioria pela classe média alta.

Para completar o cenário, a administra-ção municipal naqueles anos iniciais não teve a devida competência para conter o crescimento urbano desordenado, deixan-do brechas para a ocorrência de invasões de áreas públicas e o conseqüente surgimento de novas favelas. Atualmente, em termos proporcionais, Macaé é a cidade que tem maior número de favelas no Estado e a pressão demográfi ca no entorno da cidade não pára, apesar dos esforços da prefeitura para conter as invasões.

Riverton: “Macaé paga um preço alto”

De acordo com o prefeito de Macaé, Riverton Mussi (PMDB), os royalties e as participações especiais pagos pela exploração de petróleo representam hoje quase metade do orçamento do município. “Mas estes recursos, que não são poucos, infelizmente não têm sido suficientes para minimizar os impactos causados pelo crescimento de Macaé. Isso porque a nossa cidade sofreu muito por conta do crescimento desordenado. No início da ex-ploração de petróleo na Bacia de Campos, há 30 anos, nossa cidade não foi preparada para a realidade de hoje. Macaé sofre com problemas de infra-estrutura que não exis-tiriam se na época os governantes tivessem planejado o crescimento da cidade”.

O prefeito aponta problemas de urba-nização, moradia, e até de abastecimento de água, “que, graças à parceria feita com o governador Sérgio Cabral, vamos conse-guir resolver este ano”. E complementa: “É bom lembrar que a Lei dos Royalties como existe hoje só começou a vigorar no início da década de 90. Macaé hoje tem a fama de Capital Nacional do Petróleo e paga um preço muito alto por isso. O orçamento da cidade é alto, é verdade, mas as demandas de uma cidade atípica como Macaé são bem diferentes de qualquer outro municí-pio de mesmo porte. A população de Macaé tem uma média de crescimento acima da média nacional”.

De fato, no período entre 2000 a 2007, a população da cidade cresceu pelo menos

18% pelos dados do IBGE. Isso porque todo dia chegam à cidade pessoas de toda parte do país com a esperança de encontrar aqui um futuro melhor, o que na maioria das vezes não acontece. Riverton lamenta que durante os últimos anos, foi “vendida” uma imagem de Macaé para todo o país que não corresponde exatamente à realidade. “Macaé não é o Eldorado do emprego e nem do dinheiro fácil, como muito se propagou nos governos anteriores. Sem a qualifi cação profi ssional indispensável pela exigente indústria offshore, essas pessoas incham cada vez mais as áreas de periferia. Isso sem contar no aumento da violência. Só para se ter uma idéia, todo ano as nossas escolas recebem em média três mil novos alunos, o que significa investimentos na construção de novas

ALFREDO RENAULTSuperintendente da Onip e do IBP

O superintendente da Organização Nacional da Indústria de Petróleo e Gás Natural (Onip) e do Instituto Brasileiro de Pe-tróleo e Gás (IBP), Alfredo Renault, reconhece que o caso de Macaé é bastante diferenciado, tendo em vista os imensos problemas urbanos que enfrenta. “A cidade recebe os bônus da indústria do petróleo, como os demais municípios da região, mas é o único que sofre todos os ônus por sediar as bases de apoio

da Petrobras na Bacia de Campos. Os royalties e participações especiais contribuem para ações de investimentos, mas não po-demos dizer que todos os problemas neste epicentro de produção podem e estão sendo resolvidos com esses recursos”.

Renault admite que a divisão do bolo dos royal-ties como é feita hoje pode ser ameaçada por projetos de lei que ora tramitam no Congresso Nacional. Mas continua otimista:

“A divisão é bem defi nida por lei e não pode ser alterada por decreto, e com certeza qualquer mu-dança prejudicaria mais o Rio de Janeiro. Por isso, as bancadas do Rio, da Bahia e do Rio Grande do Norte – estados mais benefi ciados – deveriam estar atentas. A Ompetro, entidade que congrega os municípios produtores, deve acompanhar a tra-mitação desses projetos de lei no Congresso de forma a estar permanentemente

Uma cidade diferenciada

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RIVERTON MUSSI Prefeito de Macaé Mas estes recursos, que não são poucos, infelizmente não têm sido sufi cientes para minimizar os impactos causados pelo crescimento de Macaé

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escolas e salas de aula. Na área da Saúde, a demanda também é enorme. O Hospital Público Municipal, por exemplo, tem o custo de manutenção anual de R$ 48 mi-lhões, mesmo valor que a prefeitura gastou para construí-lo e equipá-lo”.

Queda preocupaE quais seriam as conseqüências se

essas indenizações forem reduzidas, como, aliás, já estão sendo ? O prefeito de Macaé responde: “Se os recursos que recebemos hoje já não acompanham as demandas do município, imagine então com esta redu-ção. Em 2007, mesmo com o aumento da produção de petróleo, o valor oriundo da arrecadação de royalties sobre a produção de petróleo e gás natural no país caiu 2,85 %.

Desde o início da cobrança sob a nova Lei do Petróleo, em 1999, esta é a primeira vez que a arrecadação cai em relação ao ano anterior. A principal causa da queda foi a desvalorização do câmbio ao longo do ano, apesar da alta do barril do petróleo no mercado internacional”.

Por conta da queda geral da arreca-dação dos royalties no ano passado, o orçamento de Macaé deste ano fi cou mais ou menos no mesmo patamar de 2007, o que signifi ca que mesmo com maiores demandas, a prefeitura terá que trabalhar com os mesmos recursos. “Já enviamos à ANP a solicitação para que o coefi ciente individual de participação dos royalties do petróleo repassados para Macaé aumente de 1,95 para 2. Motivo: o IBGE divulgou uma prévia do censo 2007 que aponta Macaé com 157.649 habitantes e na ANP, consta que Macaé possui apenas 133.461 habitantes”, explica Riverton.

Aliás, todos os prefeitos da Organiza-ção dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro) também estão preocupados com a queda no repasse das participações especiais em 2007. No primeiro trimestre, por exemplo, houve diminuição no repasse das participações especiais em função da queda de produção do campo de Marlim, que afetou diretamente Macaé. “Quando cai a produção, cai a alíquota da participa-ção especial, que não é fi xa, como são os royalties. Não é justo que uma cidade como Macaé, que sofre todo o impacto da explo-ração de toda a Bacia de Campos, perca recursos. Vamos fazer de tudo para que isso não aconteça”, fi nalizou o prefeito.

informada sobre cada um deles. Mas avalio que hoje não há condições políticas para que essa lei seja alte-rada”, concluiu.

Já o diretor do Obser-vatório Sócio-econômico do Norte Fluminense, Ro-berto Moraes Pessanha, diz que não há como negar que uma quantidade de receita injetada nos municípios tem produzido algum tipo de resultado. “No entanto, muito embora as análises sejam diferentes em cada município contemplado, as comunidades têm questio-nado o fato de que os resul-

tados têm sido menores do que deveriam ser”.

Pessanha reconhece que alguns municípios vêm aplicando os royalties com melhor qualidade, como é o caso de Quissamã, e lamenta que a maioria dos prefeitos não se deu conta de que esses recursos são fi nitos – apesar da recente descoberta do campo de Tupy - e devem ser mui-to bem utilizados para permitir que o desenvol-vimento seja sustentável. “Acredito que a maneira como essas receitas estão sendo repassadas para os

municípios produtores vai mudar, inclusive porque a lei dos royalties foi feita quando o barril do petróleo estava na faixa de 30 dó-lares, e hoje já atingiu 100 dólares. É possível que as receitas sejam pulveriza-das, inclusive isso já vem acontecendo. A ANP já de-cidiu que o Rio de Janeiro, Niterói, Angra dos Reis e Paraty devem ser contem-plados como produtores, o que causa estranhamento. A tendência, infelizmen-te, é dividir ainda mais o bolo”, conclui o diretor do Observatório.

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ELAS SÃO QUATRO LINDAS CIDADES, localizadas nas Baixadas Litorâneas e no Norte do Estado e têm algo em comum: muito dinheiro proveniente dos royalties do petróleo, a fonte de renda mais importante para essas cidades, a partir de 1999, o que tem permitido aos municípios planejar o desenvolvimento auto-sustentável. Muitas surgiram por intermédio de movimentos emancipacionistas no mesmo período do repasse dos royalties e cresceram a partir daí, por isso são chamadas as “fi lhas” do petróleo.

petróleo não pára de jorrar na Bacia de Campos e as descobertas de novos campos avançam rumo ao sul para a Bacia de Santos, o que naturalmente vai criar mais

riqueza no sul do estado do Rio e em São Paulo, permitindo a emergência de outros novos ricos. O otimismo da administração pública cresce ao se observar a cotação do barril de petróleo, que já alcançou 100 dólares no mercado internacional. Esse preço beneficia diretamente as cidades produtoras: quanto mais caro for, mais royalties nos cofres das prefeituras.

Essa receita tem proporcionado cresci-mento signifi cativo para algumas cidades. Entre as fi lhas do petróleo, destacam-se as administrações de Rio das Ostras e Quissamã. Nos três últimos anos, a pri-meira recebeu de royalties e participações especiais per capita em valores correntes, R$ 814.862.571,96 (fonte boletim Info Royalties da UcamCidades/Cefet Cam-pos) e a outra, R$ 280.217.124,94 (fonte boletim Info Royalties da UcamCidades/Cefet Campos). Nos dois municípios, a aplicação dos royalties no desenvolvi-mento e crescimento tem sido planejada meticulosamente, seja na reestruturação da cidade e na qualidade de vida, como é o caso de Rio das Ostras, ou na preservação

O que elas têm em comum?

pesado do centro; construiu sistema de tratamento de água e hoje, mais de 80% da população desfruta de água tratada. Cons-truiu 14 estações de tratamento de esgoto e também um emissário submarino, um aterro sanitário com moderno sistema de armazenamento de lixo, além de urbanizar toda a orla.

As obras foram mais que sufi cientes para valorizar os imóveis e a cidade investe na cultura e em novos negócios para per-mitir que o município tenha uma estrutura pronta para enfrentar a era pós-royalties. Para isso, criou uma Zona Especial de Negócios (ZEN), com vistas a atrair 80 em-presas de grande porte da área de petróleo e gerar quatro mil empregos.

César PinhoColaboração Roberta Vitorino

do patrimônio e no incentivo social, como se pode observar o que realiza a prefeitura em Quissamã.

Carapebus e Casimiro de Abreu, também benefi ciadas pelos royalties, não desfrutam da mesma imagem, porque a olhos vistos, não apresentam uma trans-formação social e de infra-estrutura como as outras duas. Carapebus recebeu repasse de R$ 89.725.248,40 (fonte boletim Info Royalties da UcamCidades/Cefet Campos) nos últimos três anos enquanto Casimiro de Abreu somou R$ 203.382.984,79 (fonte boletim Info Royalties da UcamCidades/Cefet Campos) no mesmo período.

A maioria dos municípios que recebem royalties de petróleo vive uma realidade distinta. Estudo da Universidade Cândido Mendes mostra que das 12 cidades do país com mais de 40% das receitas provenientes dos royalties, utilizam menos da metade do dinheiro em investimentos. A maior parte dos recursos é usada pelas prefeituras para custear a máquina pública e pagamento de funcionários, o que, por lei, é proibido.

Rio das Ostras com 45.755 habitantes (Censo IBGE 2004) e Quissamã com população de 15.319 habitantes (Censo IBGE 2004) são reconhecidas em toda a Região Norte e Lagos/Costa do Sol como as cidades que melhor aplicaram o dinhei-ro dos royalties. Rio das Ostras duplicou uma rodovia estadual; construiu uma outra contornando a cidade para retirar o trânsito

OQUISSAMÃ Crescimento com preservação

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“Nesses três anos de governo utiliza-mos os royalties do petróleo em prol do nosso desenvolvimento sustentável. São investimentos com responsabilidade em saneamento e infra-estrutura com água encanada, tratamento de esgoto e respeito ao meio ambiente. Também aplicamos os recursos dos royalties em saúde e educação com mais escolas e valorização dos profi s-sionais e nas oportunidades para qualifi ca-ção profi ssional e criação de empregos para nossos cidadãos”, afi rma o prefeito de Rio das Ostras, Carlos Augusto Balthazar.

História preservadaQuissamã investe forte na sua preser-

vação histórica, que, na verdade, é parte

da própria História do Brasil. Afi nal de contas, foi em Quissamã que surgiu o primeiro engenho de açúcar no país. A cidade que pode se orgulhar de ter visto o Imperador D. Pedro II dançar no salão do casarão transformado pela prefeitura em Museu Casa de Quissamã; das senzalas preservadas em Machadinha e também do impressionante empreendedorismo dos primeiros senhores locais, que na época imperial mandaram construir um canal entre o Rio Paraíba do Sul, em Campos e a cidade, o canal Campos-Macaé. Com 90 quilômetros de extensão, foi constru-ído com força braçal dos escravos para dar a opção de transporte fl uvial para o escoamento da produção do engenho e das

outras atividades econômicas da cidade, bem como conforto no acesso da família real e dos senhores às suas fazendas. Hoje, esse canal encontra-se abandonado e não tem condições de navegação na maioria de sua extensão.

O milagre dos royaltiesOs royalties têm permitido coisas mais

notáveis ainda na cidade. Desde 2006, por exemplo, Quissamã tornou-se um dos pou-cos municípios com cobertura total de PSF (Programa Saúde da Família), que é uma referência internacional dos níveis de saú-de no Brasil. Com o PSF em ação, pode-se dizer que toda a população está cadastrada, o que reduz consideravelmente a procura

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de atendimento. Com isso, segundo esti-mativa do Ministério da Saúde, 85% dos problemas assistenciais são resolvidos.

Hoje, a cidade forma, em média, 150 universitários por ano. Isso é possível com a destinação de parte dos royalties para o Programa de Bolsas de Estudo da Prefeitura. Em 2007, havia nada menos que 644 estudantes cursando a faculdade com a bolsa integral oferecida pela Secretaria Municipal de Educação. Este número cresce a cada ano: em 1993, eram apenas 56 bolsistas. “O programa cobre 100% do valor da bolsa, que é pago na maioria dos casos diretamente à instituição de ensino. O aluno só pode ser reprovado em três disciplinas, e em cada reprovação perde 10% do valor da bolsa. Com a reprovação

CARAPEBUSEngenho abandonado mostra a decadência da cultura da cana-de-açúcar

Jorge Ronald

em quatro disciplinas, o estudante perde a bolsa”, explica a secretária de Educação Isabel Pessanha. A questão social é ca-racterística da administração do prefeito Armando Carneiro, um biólogo que tem orgulho em dizer que quando retornou formado a Quissamã, na década de 80, existiam apenas três pessoas com curso superior na cidade. Ele e mais dois.

A enfermeira Débora Paes de Souza, que é funcionária da Secretaria de Saúde, diz que concluir a graduação foi à realiza-ção de um sonho. “Fazer a faculdade de enfermagem foi uma oportunidade única para meu crescimento profi ssional. Hoje, tento usar o aprendizado prestando um bom trabalho para o próprio município”, afi rma. Antes, ela trabalhava como auxiliar

de enfermagem. Após a conclusão da faculdade, já fez dois cursos de pós-graduação: um em Enfermagem do Trabalho e o outro em PSF (Programa de Saúde da Família), sendo que nos dois casos não precisou mais recorrer ao Programa de Bolsas.

Internet Banda Larga para todos os moradores

Quissamã é o único município do Brasil a oferecer Internet banda larga gratuita para 100% da área territorial, inclusive com a possibilidade de acesso domiciliar, em lojas e empre-sas totalmente providas através do programa Internet Cidadão. São mais de 1.200 cadastrados no programa, representando algo em torno de cinco mil pessoas com acesso a rede mun-dial de computadores, levando-se em conta a média de quatro pessoas por família.

“Com a obtenção dos recursos dos royalties, Quissamã deu um salto de qua lidade. Foi possível programar ações pioneiras como 100% saneamento básico, melhorias na infra-estrutura urbana, além de projetos modelo nas áreas de educação e saúde, que são prioridades da atual ad-ministração”, disse o prefeito Armando Carneiro.

Investimentos em estruturaA Prefeitura de Carapebus, cidade com

9.951 habitantes (Censo IBGE 2004) e PIB Per Capita de R$ 167.391, também usa o dinheiro dos royalties na estruturação do município, que tem 11 anos de adminis-tração própria, desde que se emancipou de Macaé. Antes da emancipação, Carapebus tinha uma infra-estrutura extremamente precária. Nos primeiros anos a prefeitura usou os royalties na construção de 14 escolas, calçamento de ruas, urbanização da área central e construção do Hospital Municipal Carlito Gonçalves. A cidade tem hoje 100% da área urbana com saneamento básico, esgoto tratado e galerias pluviais.

Atualmente a prefeitura investe na qualifi cação de mão-de-obra e atração de empresas e tem como meta para este ano, consolidar a Zona Especial de Negócios e atrair 60 empresas para a cidade e gerar empregos. Há também uma grande ex-pectativa para a área do turismo porque o

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Rio das Ostras/RJ

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Ibama pode liberar o Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubati-ba. Este documento é fundamental para a administração pública planejar o uso do parque, que tem sua maior parte preser-vada em Carapebus. A prefeitura pretende desenvolver o ecoturismo em Jurubatiba, qualifi cando os moradores da região para trabalhar neste setor e consolidar o traba-lho como atividade que não depende do petróleo.

Casimiro de Abreu, segundo o bole-tim Info Royalties, recebeu nos últimos três anos R$ 203.392.984,79 de royalties mais participações especiais per capita em valores correntes. A cidade tem população de 25.502 habitantes (Censo IBGE 2004) e um PIB Per Capita de R$ 81.570,13. Casimiro tem 21.843 eleitores e o prefeito Paulo Dames foi o escolhido nas últimas eleições com 9.036 votos para administrar a cidade.

ISABEL PESSANHASecretária de Educação de Quissamã O programa cobre 100% do valor da bolsa, que é pago na maioria dos casos, diretamente à instituição de ensino

CARLOS AUGUSTO BALTHAZARPrefeito de Rio das Ostras Utilizamos os royalties do petróleo em prol do nosso desenvolvimento sustentável

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egundo os cálculos do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), viviam em Cabo Frio no iní-

cio deste milênio, data do penúltimo censo realizado, 126.928 pessoas. Em 2007, nova contagem (realizada em todas as cidades com menos de 200 mil habitantes) e esse número saltou, na divulgação preliminar do órgão estatal, para 152.117, mostrando um crescimento populacional bastante signifi -cativo, bem acima da média nacional.

O desenvolvimento da cidade, ace-lerado após o advento dos royalties do petróleo, transformando a cidade, após anos de decadência, novamente na capital

da Região dos Lagos, foi a senha para a chegada de milhares de pessoas, atrás do novo Eldorado das oportunidades. Mas a realidade não era, e ainda não é, bem essa.

De acordo com a secretária de Plane-jamento, Rosane Vargas, a informalidade reina entre boa parte dos novos habitantes da cidade, principalmente nos bairros da periferia, onde a ocupação do solo foi rea-lizada basicamente através de invasões.

“Trata-se de um problema muito sério. Boa parte dos novos moradores da cidade, que começaram a chegar aos montes a partir do fi nal da última década, não possui título de propriedade, e não está legaliza-da junto ao poder público. Muitos foram enganados por estelionatários, e outros, vieram e se apossaram da terra mesmo”, explicou a secretária.

Segundo ela, houve um período em que praticamente instalou-se em Cabo Frio uma indústria da invasão, obrigando a prefeitura a, pelo menos uma vez, agir com energia e pedir ajuda da Polícia Militar.

“Eles chegavam de van ou até ônibus,

com um kit invasão, e começavam a cons-truir”, recordou Rosane

O crescimento excessivo e informal de parte da cidade traz uma série de problemas para a municipalidade. Embora a secretaria de Planejamento cabo-friense não se ocupe das fi nanças municipais, sendo a responsá-vel apenas pelo ordenamento urbano, sabe-se que as despesas do município aumentam consideravelmente.

“São famílias que chegam com deman-da de serviços, principalmente de Saúde e Educação. Isso onera o município, até porque também muita gente não consegue colocação no mercado formal, gerando ainda mais informalidade”, lamentou.

Mas nem só de informalidade vive o crescimento populacional da cidade. Segundo Rosane, hoje, com o aumento da violência nos grandes centros, muita gente, principalmente pequenos empresários e aposentados, resolveu mudar-se para Cabo Frio, atrás de mais qualidade de vida.

“Boa parte desta gente está instalada no Braga, um dos bairros que mais se desenvol-veu nos últimos anos”, afi rmou Rosane.

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BAIRRO DO PERÓCrescimento sem controle

CABO FRIO crescimento e informalidade

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Renato Silveira

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e no fi m de novembro as passagens nas linhas intermunicipais, na cidade de Cabo Frio, subiram de R$ 2,70

para R$ 2,85, com autorização do Depar-tamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro), no começo de janeiro, foi a vez das linhas municipais receberem reajuste de 5%: passaram de R$ 2 para R$ 2,10, com permissão da prefeitura cabo-friense.

O motivo do novo aumento seria a infl ação dos insumos do transporte, como equipamentos e combustível, que, pelos cálculos do governo municipal, teria che-gado a 5% em 2007. A prefeitura promete rever o valor da tarifa novamente no meio do ano.

Quem aderiu ao programa Transpor-te Cidadão continua com passagens a R$ 1, porque o município, que com a implantação do sistema, custeava a an tiga diferença de R$ 1, agora paga R$ 1,10 por cada passagem registrada

O segundo aumento na passagem de ônibus em pouco mais de um mês pegou de surpresa os moradores de Cabo Frio

com o Cartão Cidadão nas roletas da Auto Viação Salineira.

Para os usuários do sistema de trans-portes de Cabo Frio, os seguidos aumentos provocam perdas no orçamento doméstico. Eles destacam que, na maioria das vezes, os coletivos trafegam em distâncias pequenas, e alguns também reclamam dos serviços prestados pela Salineira. As reclamações são de que os ônibus demoram para passar e que, durante a noite, os motoristas não completam o trajeto das linhas, deixando os usuários no meio do caminho.

Esse foi o relato da comerciante A mélia Souza, que mora na Passagem. Segundo ela, a partir das 22h os ônibus da Salineira levam os passageiros apenas até o Largo Santo Antônio, no ponto em frente ao Con-vento Nossa Senhora dos Anjos, deixando os passageiros antes do fi m da linha, que vai até a prefeitura de Cabo Frio, na Ave-nida do Contorno.

“Muitas vezes já tive que descer no Convento e ir andando até a minha casa, na Passagem, simplesmente porque os motoristas dizem que não podem passar

dali. Tenho que andar mais de dois quilô-metros para chegar em casa, às vezes de madrugada”, revoltou-se Amélia.

A doméstica Ana Carolina Vitorino, que mora no Jardim Caiçara, além de di-zer que o valor da tarifa municipal é alto, reclama de outro problema no transporte de Cabo Frio: a demora dos ônibus.

“Os ônibus que eu preciso demoram tanto que acabo pegando o primeiro que passa. Muitas vezes tenho que pegar os ônibus que vão para outras cidades e pago R$ 2,85. Pago mais caro e vou toda aper-tada, porque os ônibus são pequenos e os motoristas ainda fazem papel de trocador”, acusa ela.

Salineira diz que tinha necessidade do aumento

A Auto Viação Salineira, que detém o monopólio da concessão no transporte de Cabo Frio, alegou que o aumento foi baseado na planinha de custos. Segundo a empresa, a nova tarifa vai “equilibrar as fi nanças”.

De centavoem centavo

Tomás Baggio

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“O aumento foi necessário para manter a saúde fi nanceira da Salineira, para que a empresa continue prestando um serviço de qualidade”, disse o diretor fi nanceiro, Ricardo Sanchez.

Em relação à acusação de que os ônibus não realizam o trajeto normal durante a noite, a Salineira disse apenas que “sempre foi assim”.

“As linhas municipais têm o horário encerrado entre 23h e meia-noite. Esses ônibus, na última viagem, devem ir normal-mente até a Avenida do Contorno. Os ônibus que param no Convento são os das linhas intermunicipais que rodam durante toda a madrugada. Sempre fi zemos assim e nunca tivemos reclamações” - assegurou o diretor de operações, Oldemar de Oliveira.

Promessa de rever a tarifa em julhoO secretário municipal de Transportes,

Mauro Branco, declarou que concedeu o reajuste por conta da infl ação do ano passa-do, que, segundo ele, teria provocado per-das fi nanceiras à empresa de transportes.

Mauro Branco diz que o programa

MAURO BRANCOSecretário de Transportes Os custos do transporte aumentaram e a empresa precisa ser remunerada pelo ano passado

Transporte Cidadão é a grande aposta para melhorar a tarifa, cujo valor ele promete rever, novamente, daqui a seis meses.

“Os custos do transporte aumentaram e a empresa precisa ser remunerada pelo ano passado, por isso concedemos o aumento. Mas, com o sucesso do Cartão Cidadão, novos usuários estão entrando no sistema gerando mais receita para a empresa. E espero que possamos rever esse valor em julho”, afi rmou.

O secretário explicou que a prefeitura está cobrindo a diferença na passagem para quem usa o Cartão Cidadão mesmo com o novo valor. Ou seja, o usuário continua pagando R$ 1, e a prefeitura passa a pagar R$ 1,10. Isso representa um aumento de 5% nos R$ 520 mil que a prefeitura pla-nejava gastar mensalmente com os custos do programa.

“Estamos passando por um processo de transição no sistema de transportes, e ainda precisamos olhar para o passado na hora de fi xar o valor da tarifa. Mas a partir do meio do ano poderemos olhar para o presente e para o futuro, e planejar melhor o valor das passagens”, declarou o secretário.

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G e n t e PapiPress

O fi lho de salineiro Elízio Revelles, o Russo, começou a trabalhar aos oito anos pu-xando sal, em Arraial do Cabo. Cansado do trabalho pesado, resolveu correr mundo e foi ser motorista de caminhão, até que a paixão falou mais alto ao reencontrar seu antigo amor, a Loura, que conheceu quando tinha 12 anos, e por quem abandonou a profi ssão de caminhoneiro para estacionar um trailer na Praia das Palmeiras e começar a vida de quiosqueiro.“Há 28 anos atrás isto aqui era só lama e areia. Nem água tinha.Eu fi z um trailer com duas rodas e trouxe para cá, e estou aqui até hoje”, conta.Do pequeno trailer para hoje muita coisa mudou. Exceto a paisagem espetacular e o rol de amigos que continuam voltando ao Quiosque do Russo, onde têm garantido além do visual, boa música e deliciosas iguarias, preparadas com carinho pela sim-pática Loura. Referência na Praia das Palmeiras, o proprietário dá os pré-requisitos para ser bem atendido em seu quiosque: “Ter olhos para apreciar a paisagem e ouvidos para boa música”, diz Russo, que não permite música alta e só admite o som ambiente do próprio quiosque, sempre sintonizado nas melhores rádios do Rio. Sua fama de rabujento corre solta e garante uma frequência seleta para o local, que é point de empresários e autoridades em busca de sossego.

RUSSOReferência na Praia das Palmeiras

De voltaO peso-pesado Isaac Tillinger volta a ocupar espaço no ringue da política de Búzios, com a desenvoltura de sempre. Ex-secretário de Turismo da cidade, e homem de idéias da antiga administração Mirinho Braga, Isaac volta à cena junto com o clamor popular pelo retorno do ex-chefe.

Quando participou das gra-vações externas da minissérie “Amazônia: de Galvez a Chico Mendes”, a atriz global, Chris-tiane Torloni fi cou impressionada com a situação de desmatamen-to da região e resolveu, junto com outros artistas, como Victor Farsano e Juca de Oliveira, criar um movimento para recolher um milhão de assinaturas em defesa da Mata Atlântica e apresentar ao Congresso Nacional, para que a lei seja cumprida. O mo-vimento “Amazônia para Sem-pre” é reconhecido pela Rede Povos da Floresta e também por entidades que lutam pela defesa do Planeta. Participe, entrando no site: www.amazoniaparasempre.com.br. Faça sua parte!

Amazônia para Sempre

Colaboração: Angela Barroso

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nquanto a prefeitura, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea/

RJ), os empreendedores e os políticos não se entendem, a dragagem emergencial que estava sendo realizada na entrada do canal principal da Marina Porto Búzios, foi pa-ralisada bem no meio do verão, justamente quando existe maior demanda.

Iniciada sem as licenças exigidas pela Lei para a realização desse tipo de proce-dimento, a obra foi alvo da fi scalização do Crea/Rj, que atendeu a uma denúncia de irregularidade.

Jussara Lemos, coordenadora do órgão negou, entretanto, que a paralisação seja devido à atuação do Crea.

“A dragagem parou? Não sei por quê. Não está embargado pelo Crea”, afi rmou , explicando que órgão não tem poder para realizar embargos. “O Crea só fi scaliza o exercício profi ssional, não embarga obra. Portanto não embargou obra nenhuma. A função do Conselho é exigir que toda obra seja acompanhada por um profi ssional téc-nico. Quando encontramos irregularidades nós punimos, mas de forma nenhuma, chega ao embargo. Nenhuma obra foi

Niete Martinez / Fotos PapiPress

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A r m a ç ã o d o s B ú z i o s

Sem caladoDragagem no canal da Marina Porto Búzios é interro m

parada porque o Crea esteve lá”, enfatiza Jussara.

Quanto às notifi cações entregues nas duas marinas, Maria Porto Búzios e Ma-riana Azul, Jussara explicou que se trata de rotina, em casos como esse. “É uma solicitação normal. Quando solicitamos a licença, é para saber quem é responsável técnico. Nós temos atribuição para fi sca-lizar qualquer empresa ou profi ssional que exerça atividade dentro da engenharia”, diz, adiantando que as notificações só aconteceram por que não foram apresen-tadas as licenças.

“Solicitamos a licença, não existia. Solicitamos o profi ssional, não tinha. Soli-citamos a RP (Responsabilidade Técnica), não estava. Eles foram notifi cados para apresentação de um profi ssional técnico, de uma RP e colocação de placa”, declara a coordenadora, ressaltando que as mari-nas só receberam as notifi cações por que foram identifi cadas como executoras da obra de dragagem, e não têm registro no Crea/RJ.

Manifestação no canalSegundo a deputada Cidinha Campos,

que liderou uma manifestação no dia 26 de janeiro, pela recuperação do canal,

uma nova dragagem deverá ter início logo depois do carnaval.

“Logo depois do carnaval começa o desassoreamento. Já está em processo de carta-convite. Já esteve aqui o engenheiro da Serla e fez todos os levantamentos. A verba é pequena, mas vai dar para desas-sorear o canal principal,” diz.

A deputada explicou, também, que tentou conversar com o prefeito de Búzios, mas não teve sucesso em seus pleitos.

“Ficou claro o descaso do prefeito com a cidade. Fui falar com ele e ele falou que isso não era problema dele. Então, falei com se-cretário Minc (Secretário Estadual do Am-biente), que se comunicou com a Marilena da Serla que mandou para cá o engenheiro Muller para fazer o levantamento.”

O proprietário da Marina Porto Búzios, Wlademir Fumagalli disse que espera que o movimento que levou lanchas com faixas de protesto para a entrada do canal, e mo-bilizou os moradores do bairro, sirva para chamar a atenção para o problema.

“Espero duas coisas desse movimento: que todos vejam como o canal está, não apenas esta pequena comunidade, e que alguma providência seja tomada. Quanto a mim, eu tenho certeza que vou ser retaliado por estar participando disto”, afi rma.

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o mpida por falta de licenciamento

WLADEMIR FUMAGALLIMarina Azul Tenho certeza que vou ser retaliado por estar participando disto

JUSSARA LEMOSCoordenadora regional Crea/RJ O Crea só fi scaliza o exercício profi ssional, não embarga obra

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se depender do incentivo do governo municipal, não é só no Carnaval que o ritmo vai embalar o cotidiano da

cidade, mas sim, durante o ano inteiro.O tamanho desse “incentivo” pode ser

medido em números. Foram R$ 7 milhões em investimento no Carnaval 2008, uma parte, R$ 3 milhões, diz respeito a subven-ções que a prefeitura destina às 18 escolas de samba e aos 19 blocos de arrastão benefi ciados. Já o restante, R$ 4 milhões, foram transformados num grande complexo cultural que abriga 14 barracões, praça e palco para eventos e quiosques. Batizado de “Morada do Samba”, o espaço, localizado na Praia do Siqueira, é considerado um marco na história do Carnaval de Cabo Frio e sinônimo de dignidade e valorização para a comunidade do samba do município.

C a r n a v a l

UMA CASAPARA O SAMBA

Se o samba é mesmo “natural do Rio de Janeiro”, como dizem os versos da música de Zé Ketti*, em Cabo Frio ele parece ter encontrado a sua segunda casa.

Juliana Latozinski “A Morada do Samba é um sonho antigo dos sambistas de Cabo Frio. Além de oferecer um espaço seguro e digno para as agremiações trabalharem durante o ano inteiro, confeccionando carros alegóricos e fantasias, queremos que o local também se torne um grande centro cultural, com eventos que movimentem e mobilizem a comunidade e a população cabo-friense”, ressalta Carlos Ernesto, o Carlão, adminis-trador do Carnaval de Cabo Frio.

A Morada do Samba fi cou pronta em novembro de 2007 e foi setorizada em duas alas: a primeira concentra os barracões das escolas do grupo especial; e a segunda os barracões da Secretaria de Cultura/Liga e das escolas do grupo de acesso. Os barra-cões possuem 500m², sendo 20 de largura e 25 de comprimento. As estruturas são sustentadas por vigas metálicas que deixam o vão livre com sete metros de altura, ideal

para um melhor trabalho junto aos carros alegóricos.

Cada barracão recebeu o nome de uma personalidade do carnaval da cidade que tenha uma relação com escola. O ex-pre-sidente da Liga, Renato Preto, foi a única personalidade homenageada em vida. Além dos barracões, o espaço recebeu tam-bém novas instalações, rede de drenagem de águas pluviais e iluminação com postes normais e super-postes, além de uma praça para eventos com um palco, com banheiros e dois quiosques.

Segundo os administradores da Morada do Samba, a idéia também é fazer com que as escolas de samba promovam eventos durante o ano inteiro no local e, com isso, passem a arrecadar recursos para custear os preparativos do Carnaval.

“Não vamos acabar com as subven-ções, mas queremos fazer com que as

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FOTO CABO FRIO TROFEUS

Barracões possibilitaram implantação de ofi cinas

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MORADA DO SAMBA14 barracões para abrigar as Escolas

agremiações aprendam a “caminhar com as próprias pernas” e consigam gerar os próprios recursos para custear os gastos com o Carnaval”, lembrou Carlão.

Investimento na cidadaniaAlém do espetáculo, a maior festa

popular brasileira também é uma fonte geradora de renda e emprego. No entanto, um dos maiores obstáculos para Cabo Frio tirar proveito da “indústria” do Carnaval é a falta de capacitação da mão-de-obra.

De costureiras a ritmistas e até por-ta-bandeiras, as escolas de samba cabo-frienses têm de recorrer a contratações nas agremiações do Rio de Janeiro para fazer bonito na passarela do samba.

“Isso é uma realidade que queremos modifi car e vamos fornecer os subsídios para a qualifi cação da comunidade e com isso, elevar o nível dos desfi les, além de

fazer com que os próprios moradores se envolvam ainda mais com os trabalhos e consigam obter uma fonte de renda”, explicou Carlos Ernesto.

No início de janeiro, a prefeitura em parceria com o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), com apoio da Associação de Mulheres Empre-endedoras do Brasil (Amebras), ofereceu ofi cinas de Chapelaria, Adereços, Mestre-Sala e Porta Bandeira e Percussão. Antes da realização do Workshop de Carnaval, os presidentes das escolas de samba de Cabo Frio visitaram a Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio de Janeiro para conhecerem o funcionamento do maior centro de produção de carros alegóricos e fantasias do mundo.

Os sambistas tiveram a oportunidade de assistir a palestras com o carnavalesco Mil-ton Cunha, pela coordenadora da Amebras

Célia Domingues, responsável pelas ofi ci-nas do projeto social “G.R.E.S. Unidos pela Cidadania”. Já estão sendo programadas para logo após o termino do Carnaval um ciclo de palestras sobre Gestão Administra-tiva do Carnaval e novas ofi cinas.

A frente de uma bateria composta por cerca de 80 ritmistas, Ivanir dos Santos Martins, o “Mestre Nini” da Banda da Cidade, aplaudiu a iniciativa da prefeitura em promover as ofi cinas. Para ele, cada ano que passa o Carnaval cabo friense vem se fortalecendo e considera a inauguração da Morada do Samba um “divisor de águas” na história do município.

“Esse espaço nos deu mais dignidade, é o reconhecimento e a valorização que nós sambistas desejávamos há muito tempo. Tenho certeza que a identidade do carna-val cabo-friense só vai se fortalecer nos próximos anos”, declarou ele.

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C a r n a v a l

FRANCISCO LOPES DE MORAES Este ano tivemos um tratamento nota 10 na produção do CD

CARLOS ERNESTOAdministrador do Carnaval A Morada do Samba é um sonho antigo dos sambistas de Cabo Frio

Mesmo atuando há 20 anos como mes-tre-de-bateria, Mestre Nini voltou a ser alu no e participou da ofi cina de percussão. “Achei ótimo, longe de mim pensar que já sei tudo sobre bateria. Foi uma grande oportunidade para trocar experiências e me aprimorar”, destacou ele.

Já o intérprete da Antiga Abissínia, Francisco Lopes de Moraes, mais conhe-cido como Moraes, atua há cinco anos no Carnaval de Cabo Frio e nesse período também chegou a defender as escolas Paz e Harmonia e Point 44. Autor de um dos mais famosos gritos de guerra entre as agremiações: “que lindo, que lindo, que lindo”, ele ressalta a profi ssionalização que o Carnaval vem conquistando com o passar dos anos no município.

“Este ano tivemos um tratamento nota 10 na produção do CD com os sambas-en-redo do carnaval 2008, fi cou um trabalho muito bonito. Meu sonho é ver cada escola desfi lando com seus próprios componentes e a Morada do Samba funcionando o ano inteiro, com eventos e atrações para toda a população. Ganhamos a casa, agora é nosso dever zelar para que o espetáculo do Carnaval em Cabo Frio cresça”, con-cluiu ele.

Mestre Nini comanda 80 ritimistas Tenho certeza que a identidade do carnaval cabo-friense só vai se fortalecer nos próximos anos

* A Voz do Morro – composição: Zé Ketti

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Tatiana Grynberg Papipress

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R e n a t a C r i s t i a n eO P I N I Ã O

Cabofolia 10 anos

Cabofolia comemorou 10 anos no mês de janeiro.

Com programação abaixo das expectativas dos micareteiros, a cidade inteira respirou o evento. Todos os olhos voltados para aquele que pretende ser o mais importante acontecimento do verão.

Diante de tantas certezas: geração de empregos, movimentação turística, cobertura da imprensa; enfi m, a dúvida da qualidade e da relação custo benefício ainda é algo que assombra a cabeça da população local, da imprensa e dos for-madores de opinião.

O desprestígio que a imprensa local é algo vexatório e complicador. Embora boa parte dos membros da produção desvalorizarem o trabalho que os jor-nalistas da região, nos tratando como profi ssionais menores, ou insignifi cantes, o que se viu foi à presença de uns poucos companheiros locais (dentre eles eu!) tentando “a duras penas” executar o seu trabalho sem o respeito que cabe àqueles que dão visibilidade ao evento.

Fazer o cadastramento foi um suplí-cio, mostrando, mais uma vez, descaso àqueles que trabalham com equipamen-tos sofi sticados de mais de R$ 6 mil, que tiveram que atravessar uma “manada” de gente se espremendo para entrar na área de acesso. Fato que resultou no furto da máquina de uma fotógrafa.

O acesso aos camarotes era vedado.Nós que realizamos um trabalho de informar durante o ano todo o cidadão morador da Região dos Lagos sabemos que o público quer ver o que acontece nos glamorosos e “caríssimos” camarotes VIP’s do evento. Para poder mostrar ao cidadão que não dispõe de R$ 150,00 a R$ 450,00 para tal luxo, os programas de TV local podem ser a chance de apreciar e quem sabe, investir na diversão no ano seguinte.

Mas eis que não se pode entrar! Não somos a Rede Globo - que, aliás, fez a co-bertura do Festival de Verão de Salvador - portanto, não podemos entrar!

De repente, não somos mais úteis. Durante a cobertura da imprensa o

que se viu foi grosseria e despreparo por parte da equipe de apoio - especialmente os seguranças.

Sábado foi o maior público do even-to. Durante o show do Babado Novo e Netinho, a chuva resolveu punir ainda mais a falta de organização. O camarote Ofi cial estava sem cobertura. As pessoas que pagaram em média R$ 150,00 pela entrada fi caram ao relento. Foram cente-nas de foliões encharcados e indignados reclamando.

Fomos fazer a matéria, mas um dos produtores não gostou. Imediatamente fomos repreendidos pelo referido produ-tor, depois de impedir o cinegrafi sta de capturar imagens alusivas ao fato. Quan-do questionado sobre o conhecimento da Lei de Imprensa, ele arrancou brutal-mente a minha credencial do pescoço e ameaçou me expulsar do local.

Essa, sem dúvidas, foi a maior gafe da história desse evento. Imagens da Cabo Frio TV mostram a agonia e decadência do evento.

E se para os realizadores do Cabo-folia e os proprietários dos camarotes VIP’s nós somos imprensa menor que não merece livre acesso, aí vai a minha resposta.

Para mim, que não aprecio micaretas nem axé music, a ida a esse evento deve-se ao fato inegável de maior repercussão na cidade. Se apenas a Cabo Frio TV e outras do mesmo porte cobrem é porque a Rede Globo está cobrindo um evento de grandes proporções (repito: Festival de Verão de Salvador) que, aliás, não há espaço para produtores amadores.

E os produtores e empresários de Cabo Frio que nos acham imprensa menor, nós também os consideramos produtores menores, afi nal, se somente a Globo dá credibilidade ao jornalista profi ssional, na minha opinião, só a rea-lização de micaretas e grandes festas em capitais como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador são vitrines para Grandes Pro-dutores. Já os produtores menores fazem como jornalistas menores - trabalham no interior, juntinho conosco.

OPara comemorar ou lamentar?

Renata Cristiane é jornalista

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Camarote Ofi cial

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P o n t o d e V i s t a

Faltou o canhão

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

A corrupção ativa e a concussão uniram-se, o Empresário 333 associan-do-se ao Funcionário Público 316 para construir na Praia da Ferradura, Búzios, um forte. Mas faltou o canhão para repelir invasores. A História se repetiu. Usem-se os exemplos do que foi feito na Praia da Tartaruga (Búzios) e na Praia do Canto (Cabo Frio): cassa a matrícula, corta água e luz, lacra e deixa apodrecer. É hora de começar a montar os nossos próprios sambaquis.

Big Bang, criacionismo, evolucio-nismo, mundos simétricos com matéria e antimatéria, universos paralelos. São coisas interessantes para discutir em casa, nas escolas, nas igrejas. De uma delas surgiram todas as coisas e fazemos o exercício de imaginar como eram elas. O que teriam visto os tripulantes da nau em que estava Américo Vespúcio?

Os turistas se foram, o vento nor-deste abrandou, a água do mar está mais morna, já há espaço para a criançada correr na praia aproveitando os últimos dias das férias escolares. O sentimento é de calma. Mas ele se vai quando a nossa frente aparece uma longa mancha amarelada, de esgoto. A sensação seria a que experimentaram os nativos quando botas passaram a comprimir a areia que até então só recebia a pressão de pés descalços.

Recebe-se o carnê do IPTU-2008 e enquanto o examinamos o noticiário anuncia: “A prefeitura de Búzios tenta resolver a situação criada pelas casas construídas sobre as pedras à beira-mar”.

“Em Cabo Frio um empresário comprou um lote, tinha licença para construir duas casas, mas construiu quatro”. É outra maneira de agir do Empresário 333. Apossam-se da terra, menosprezam os descendentes dos verdadeiros pioneiros que trabalharam na indústria do sal, orga-nizaram-se nas colônias de pescadores. Dominados pelo poder econômico en-grossam a horrenda taxa de mais de 70% dos que atuam na economia informal.

Com os carnês dos anos anteriores quitados refl etimos “Estão me fazendo de palhaço”. Mas quem? Os políticos? A prefeitura? A justiça? Não. Quem nos faz de palhaço, em Cabo Frio, em Búzios, em outros lugares, são os novos descobridores que tentam impor uma nova ordem, julgando-se merecedores de privilégios não extensíveis ao cidadão comum.

Se as casas fossem de gente humilde já teriam sido arrasadas por tratores, alternativa custosa para os casos anun-ciados, que resultam da ganância, da ar-rogância e da soberba dos responsáveis, não lhes fazendo sentido a nostalgia sadia.

A impressão é a de que o país está de cabeça para baixo, valores morais e éticos se tornando capítulo de livro para ser lido, mas não exercitado. A solução deve ser radical e exemplar. Lacrem-se as indecências e cassem-se os registros no CREA dos que envergonham suas profi ssões envolvendo-se nesses tipos de falcatruas. Não são dignos dos diplomas que receberam.

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47CIDADE, Fevereiro de 2008

L i v r o sOctávio Perelló

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Informática com criatividade

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A volta às aulas da criançada pode acontecer com criatividade. Bons livros sempre ajudam! E a conjugação perfeita é que tem uma geração que desponta com vontade de ler, redimindo os hoje adultos preguiçosos que há décadas culpam a ditadura militar pela inapetência com que reagem aos livros. O ato de ler requer o exer-cício da disciplina, antes mesmo que se abram horizontes aprazíveis. É bom começar cedo, e para ajudar vai uma boa dica: O livro de informática do Menino Maluquinho (Melhoramentos, 2005, 95 páginas). Escrito por Ziraldo, com o auxílio precioso de Gustavo Lins, e ilustrado por Miguel Mendes, o Mig, trata-se de uma poderosa e divertida ferramenta para quem está ingressando no universo da informática. O trio da pesada escolhe percorrer um caminho bacana, antes de abordar o mundo da informática, que é situar o Homem na pré-história, até desenvolver a linguagem, atravessando a escrita, a impressão do primeiro livro, o telégrafo, o cinema, o telefone, a televisão, até chegar à era da comunicação digital, o mundo dos computadores e da Internet. Livro genial para crianças, mas também imperdível para os adultos.

Para a saúde de todosEm tempos de surtos epidêmicos e ou-tros adventos indesejáveis, você deve procurar o seu médico, se puder, ou os hospitais e postos de saúde para cumprir as devidas providências em relação à sua saúde e de sua família. E pode se informar de outras maneiras, por exemplo, recorrendo aos livros, esta eterna fonte de conhecimento. Uma recomendação de peso é Almana-que de Bichos que dão em Gente (CorreCotia, 2002, 255 páginas). Sônia Hirsch mais uma vez brinda os leitores com uma obra que trabalha pela saúde de todos, ao compilar informações sobre vermes, vírus, bactérias, fungos e outros bichos, e ensinar como reconhecer, evitar e tratar. Indicado por médicos e especialistas de renome, este livro é mais uma obra-prima desta ex-jornalista que, como escritora e pesquisadora, se voltou totalmente para a saúde de todos.

Nunca é demais recomendar

Assessoria de imprensa – Como se relacionar com a mídia (Con-texto, 2004, 127 páginas), é um livro sempre oportuno para profi ssionais que trabalham com a notícia e a apuração da informação, como os jornalistas de redação e os assesso-res de imprensa, mas também para todos aqueles que se relacionam com os veículos de comunicação. Entre muitas dicas e informações preciosas aos profi ssionais e ao mercado, o livro traz o mérito de jogar luzes defi nitivas na velha discussão de que o fazer jor-nalístico é mais legítimo nas redações do que nas assessorias de empresas ou órgãos governamentais. A autora, Maristela Mafei, atuou no Globo e na Folha de São Paulo e é sócio-funda-dora do grupo Máquina, agência de comunicação.

Mergulho e vôo sobre estranhas grandezas

Mal compreendido pela má vontade de alguns e brilhan-temente escrito por nomes de proporções universais como o belga-argentino Julio Cor-tázar, o realismo fantástico na literatura latino-americana é sempre bem-vindo. Histó-rias de cronópios e de famas (Civilização Brasileira, 1984, 138 páginas), partindo das invenções absurdas do escritor, que escolhe a arma do humor e do caminho do fantástico, é poderoso na denúncia de um mundo onde o sentido humano se perdeu. Cronópios, famas e esperan-ças são personagens com dimensões inesquecíveis.

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quela seria a primeira grande viagem quando, até então, o máximo tinha sido às margens

da Baia da Guanabara. Para além da distância que obrigava a ultrapassar os limites fl uminenses, o evento acabaria ganhando em importância por duas razões: dirigia-me para um colégio interno e teria a companhia de uma liderança política local.

Naqueles idos – meados dos anos 70 do século passado – minhas experiências infato-juvenis se viam marcadas pela vivência familiar de forte rasgo religioso e político, indeléveis na formação pessoal. O primeiro em razão dos pais e, em es-pecial, da madrinha, mãe do coração. Já o segundo, pela militância paterna pautada pela coerência com seus princípios humanitários e que, em função da realidade política nacional, identificavam-se com os ideais da resistência à ditadura.

A opção pelo seminário católico em muito se dera por conta do irmão mais velho. Mas, sobremaneira, em função do exemplo de um sacerdócio vivo. A dedicação, o despojamento, a abnegação com que Frei Conrado e (minha) Dindinha se entregavam à pastoral, transcendiam os desafi os que estariam por vir. E tudo isto en-riquecido pelas imagens paradisíacas de uma Búzios pescadora; pela sim-plicidade de transitar pelas estradas rurais num fusquinha; pela felicidade em experimentar a alegria que ambos dividiam com as pessoas simples de Saco de Fora, Araçá, Botafogo. Estes, sim, os verdadeiros ingredientes de minha escolha.

Para quem raramente andava de carro, ter como motorista o então Presidente da Câmara Municipal passara a ser uma distinção. Em prin-cípio, distinto pelo que representava a mítica do cargo, a representação do imaginário. Distintamente, entretanto, pelo que se revelaria a pessoa.

A viagem com Alair

A r t i g o

*Cabofriense, admira sua terra desde o Planalto Central ([email protected])

AFrancisco Póvoas*

O percurso até o interior paulista transcorreria num misto de descober-tas individuais e coletivas. A mudança nas paisagens e o frescor da memória seriam as fi éis testemunhas. O assom-bro com as novidades que corriam pelas janelas eram compartilhadas com sorrisos espontâneos, com uma jovialidade típica das mentes menos preconceituosas: minha, do meu ir-mão, do meu pai e do Alair.

Para todos nós, em comum o tempo. Implacável para os mortais, para nós dois transcorreu cada vez mais célere e distanciado. Outras pessoas vieram e se foram, entre eles os fi lhos; outros tantos acontecimentos se sucederam, como a virada do milênio; conquistas de naturezas diversas, dentre as quais as políticas; muitas outras viagens, tal como ao encantador Jalapão, no Tocantins. E com o tempo, as vitórias acompanhadas de suas co-irmãs as derrotas e, com ambas, os sabores e os dissabores da existência humana.

Ao desafi o que é imposto pelas escolhas, por certo cada um descobriu – e assim continua – que os preços cobrados, que a paga por elas é pro-porcional à (in)consciência. E a vida transcorreria(rá) também em constata-ções: a de que quase a totalidade das amizades, na verdade, não passam de meras alianças de ocasião; que os amigos, estes sim, falam através do apoio crítico e incondicional; que a desmedida ambição soa com maldi-ção; que o isolamento acomete quando mais se acredita acompanhado; que as transfi gurações não podem se restrin-gir ao físico; que os valores internos (espirituais) independem da situação e/ou do interlocutor....

Como gostei daquela viagem! E tal como o desgaste dos pneus naquele longo trajeto, aquela fi gura jovial, tan-to como a minha, foi se modifi cando com o avançar das trajetórias. Mas como nada está parado no Universo, a viagem continua, com suas escolhas e conseqüências.

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Sushiman no SalinasO restaurante Salinas Grill encarou o verão com novidades também no cardápio. O maravilhoso bufet que tem garantido casa cheia durante todo o ano, foi incrementado com a contratação do sushiman Wellington da Hora Cosme, profi sional que atua no Rio de Janeiro. Descoberto pela proprietária do Salinas, Suely Pereira, aceitou o convite para vir fazer a mesa de shushi do restaurante, que já oferecia a iguaria, mas com poucas variedades. A novidade agradou em cheio aos clientes e deixou a o bufet mais charmoso, com uma enorme variedade de sushis para todos os paladares.

RuídosA prefeitura de Búzios contratou a Fundação José Pelúcio Ferreira, pelo custo de R$ 32.000,00, mais despesas de custeio e fornecimento de estrutura para a realização do trabalho, para resolver o problema de poluição sonora no município. A Fundação deverá realizar estudo técnico e treinar fi scais que passarão a monitorar os níveis de ruído na cidade. A responsabilidade técnica do trabalho é do Prof. Luiz Francisco Pires Guimarães Maia, do Laboratório de Estudos em Poluição do Ar do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Justiça criminal e segurança pública Até 22 de fevereiro, a Universidade Federal Fluminense estará aceitando inscrições para a turma de 2008 do curso de especialização em Políticas Públicas de Justiça Criminal e Segurança Pública. O curso é gratuito, fi nanciado pela Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública da Senasp do Ministério da Justiça. Inscrições custam R$ 50 e podem ser feitas no Campus do Gragoatá, em Niterói, das 8h30 às 14h.

Caó ao vivoReinaldo Caó apresentou para Cabo Frio, em recente exposição realizada no Charitas, as telas de seus muitos alunos. Além disso, o talentoso artista apresentou também a si mesmo, estando presente na mostra com seu cavalete e realizando seu trabalho ao vivo, para o deleite dos visitantes. Junto, foram também expostos os trabalhos das crianças participantes do projeto social Domingo com Arte, desenvolvido pelo artista.

II Rio InterturCabo Frio vai sediar nos dias 14 e 15 de março a segunda edição, da Rio Intertur, feira de turismo que tem como objetivo promover os municípios do interior do Estado. A previsão da organização é reunir, nos dois dias, cerca de 800 agentes de viagem de todo o País e um total de dois mil visitantes. A feira, que será realizada no Espaço de Eventos da Prefeitura, contará com 87 estandes, num espaço de 2.100m². Além dessa área, outra tenda, com 112m², abrigará o Encontro de Negócios. Durante a Feira haverá o lançamento ofi cial do projeto “Viaja Mais – Melhor Idade”, do Ministério do Turismo, e reuniões do Fórum de Secretários de Turismo do Estado do Rio de Janeiro e da Federação Brasileira de Conventions & Visitors Bureaux.

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Acima do pesoO empresário e ambientalista Ernesto Galiotto apresentou denúncia ao Ministério Público de Tutela Coletiva de Cabo Frio, pedindo “medidas acauteladoras e imediatas” com respeito à utilização da ponte sobre o Rio São João, na divisa entre os municípios de Cabo Frio e Casimiro de Abreu.Apesar da placa indicar o peso máximo de 45 toneladas, isso não é respeitado pelos caminhões que trafegam carregando areia. Segundo denúncia ao MP, apenas no dia 14 de dezembro entre 08:00 e 09:30 horas, 29 caminhões acima da tonelagem permitida passaram pela ponte. O ambientalista alega em sua denuncia que a ponte, que já foi objeto de recentes obras de restauração na sua estrutura, não está preparada para essa carga e voltará a apresentar problemas colocando em risco a segurança dos passantes.

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Galeria

F. GÓESMaria de Fátima da Silva Góes nasceu em Portugal, mas se considera cabista de coração. Dedica-se à pintura desde 1998 por infl uência do amigo Virgílio Castro, que deu as primeiras dicas sobre tintas e pincéis. Iniciou seus estudos de pintura com a artista Marieta, e há alguns anos estuda com Reinaldo Caó.

“Flores Vermelhas” - Óleo sobre tela - 50cm x 70cm

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