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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios

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Quem é ele?Mineiros, paulistas, cariocas, chilenos, argentinos superlotam as praias da Região dos Lagos.

O BICHO PEGOU EM MACAÉ

SABORES DE BÚZIOS

As delícias dos principais Chefs do balneário

De Quem é a Culpa?

Sistema de esgoto

provoca mortandade

de peixes na Lagoa de

Araruama

ALOHA!

Capa: Praia do Lido - Cabo Frio/RJ - Foto de PapiPress

Fevereiro, 2009 Número 34

www.revistacidade.com.br

18CAPA

12

16

28

42

Panorama ..............................9

Ângela Barroso ................... 15

10 perguntasDeputado André do PV responde ............................... 36

Campos dos GoytacazesDescascando o abacaxi ...37

Disputa quente para a Acia .............................39

OpiniãoOs Patrimônios Naturais da Região .................................. 45

Nutrição na terceira idade ........................................45

Ponto de VistaEnsaio em pessimismo ........ 46

Livros .......................................47

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ENTREVISTA L u i s F i r m i n o M a r t i n s P e r e i r a

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Tomás Baggio

Nós não seremos cartórios burocráticos de só fi car recebendo e expedindo licença, nós somos parte da gestão e queremos ser protagonistas, estando no centro da discussão, propondo, ajudando, discutindo, monitorando

Mar

iana

Ric

ci

LUIS FIRMINOPresidente do Inea

uis Firmino Martins Pereira é arquiteto, ambientalista, fez carreira na Região dos Lagos e, hoje, é o segundo homem da gestão am-biental no estado do Rio

de Janerio. No mês passado, ele assumiu a presidência do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que unifi cou os trabalhos da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e Instituto Es-tadual de Florestas (IEF). Firmino ganhou notoriedade ao liderar, como secretário-executivo do Consórcio Ambiental Lagos-São João (CLSJ), os trabalhos de recuperação da Lagoa de Araruama. No ano passado, foi convidado a assumir a vice-pre-sidência da Serla, cuja presidente era Marilene Ramos. Com a as-cenção do secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, a ministro do Meio Ambiente, Marilene passou ao controle da Secretaria Estadual, e Firmino à presidência da Serla, função que cumpriu até dezembro.Nesta entrevista, Firmino defen-de que o Inea representa “uma nova cultura, uma revolução”, e garante que, com a unifi cação, haverá agilidade na concessão de licenciamentos sem perder o foco na fi scalização.

L

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L u i s F i r m i n o M a r t i n s P e r e i r aENTREVISTA

O que é e para que serve o Instituto Estadual do Ambiente (Inea)?

A decisão de criar o Inea já havia sido tomada logo no inicio deste governo. O Carlos Minc (atual ministro do Meio Ambiente) era o secretário estadual do Ambiente e foi proposta uma lei ao gover-nador. Essa lei foi encaminhada à Alerj e aprovada. Por força de lei, o Inea já estava criado desde 2007, faltando um decreto que regulamentasse como se daria o pro-cesso de fusão. E qual o objetivo de juntar as três instituições? É ter mais efi ciência, melhor capacidade de resposta aliada ao rigor técnico. A gente tinha basicamente três órgãos: o IEF (Instituto Estadual de Florestas) cuidando de agenda verde, a Serla (Superintendência Estadual de Rios e Lagoas) cuidando da agenda azul, das águas, e a Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) cuidando da agenda marrom, que é a poluição em geral. Mas, por incrível que pareça, por mais que esses três órgãos estivessem sob a mesma Secretaria, eles acabavam tendo difi culdade de conversa. Aí você tinha decisões, por exemplo, de um en-quadramento de um corpo hídrico, da agenda azul, mas com uma ocupação de solo (agenda marrom) totalmente incon-dizente com o permitido. Essa junção vai trazer muito benefício porque ela, de uma vez por todas, põe um fi m nessas difi culdades de lidar com as interfaces dessas agendas.

Como fi cou a estrutura do novo instituto?O Inea tem uma presidência, uma vice e

seis diretorias. Não se fez uma reprodução da Serla, da Feema e do IEF nessas direto-rias, muito pelo contrário, mesclou-se uma série de coisas. Existe uma diretoria que cuida só de licenciamento e de autoriza-ções, seja ela ligada à vegetação, ao uso de água, seja ligada a licença de um empreen-dimento, isso tudo está nessa diretoria. Tem uma diretoria só de informação e monito-ramento que é fundamental para a tomada de decisões. Nessa diretoria, vamos instalar uma central de controle operacional para ter on line dados paramétricos, qualidade da água do estado inteiro, qualidade do ar, etc. Hoje a gente já tem sistema de alerta para inundação. A Serla vinha instalando isso e já tem na Baixada, em Friburgo e agora em Petrópolis, o que faz com que a gente, hoje em dia, saiba com antecedência se vai haver e onde vai haver inundação, disparando alerta por celular para a defesa

civil. Essa é uma linha que vai ser muito forte dentro do Inea, a informação on line não só na central, mas também na internet para que as pessoas possam ter acesso. No futuro será possível ter alerta para incêndio, unidades de conservação, qualidade do ar e muitas outras coisas.

Mas a grande novidade está na diretoria chamada Gestão das Águas e do Territó-rio. Ela vai trabalhar essa questão que a gente falou e que eu costumo brincar que

De lá pra cá nunca mais houve concurso, ou seja, são os mesmos funcionários até hoje. Com a criação da lei do Inea foi realizado o primeiro concurso, que passa a valer agora. Os 215 aprovados já foram até chamados. O instituto vai ter, neste primeiro momento, mais ou menos 1.150 funcionários no estado inteiro.

Como é a divisão de tarefas entre a Secretaria Estadual do Ambiente e o Instituto Estadual do Ambiente?

A Secretaria tem a função de trabalhar a proposta da política do estado para a área ambiental, ela segue as diretrizes políticas dadas pelo governo. Por exemplo, a criação do Inea é ima diretriz do governo e uma política que o estado defi niu. O estado agora defi niu uma política chamada Pacto pelo Saneamento através da Secretaria, que formula essa política. E ela quer que em dez anos 80% do esgoto esteja tratado no estado do Rio, e hoje só tem 25 % no estado inteiro. E cabe ao Inea executar essa política. Obviamente que tratar do esgoto não é a função principal do Inea, mas nada impede que ele o faça como hoje já está fazendo em várias regiões. Nós criamos essa diretoria de Recuperação Ambiental justamente por causa disso. Está precisando dar um destino adequado para o lixo? Está difícil? Os municípios não estão conseguindo se consorciar? Então vamos correr atrás disso, visitar o aterro, conversar com a iniciativa privada, ver com os municípios a fórmula de como gerenciar isso, ou seja, vamos tentar resolver.

Como fi ca a estrutura do Inea no interior do estado?

A divisão do estado será por bacias hidrográfi cas, aqui (Baixada Litorânea) será a região Lagos São João. E a estru-tura passa a se chamar Superintendência Regional. Nós já estamos com recursos da ordem de R$ 8 milhões para reformar sedes e construir onde não tem. Elas vão se cha-mar Casa do Ambiente, e serão estruturas equipadas com conceito ecológico, com princípios de circulação de ar, efi ciência térmica, economia de água, reaproveita-mento energético, etc. Nós vamos tentar, no prazo de um ano, estar com as nove estru-turas das nove bacias hidrográfi cas prontas. Além disso, pela primeira vez nós estamos criando a fi gura do chefe da unidade de conservação, que não tinha. Agora vai ter o chefe da APA do Pau Brasil, Sapeatiba e APA de Massambaba. A APA da Massam-baba já possui sede e já está funcionando.

Se o meio ambiente não dá a diretriz então o empresário, por ser capitalista, vai aonde é mais fácil. Esse é o maior desafi o que a gente tem hoje

O Inea não é uma mera fusão. É uma nova cultura, um novo instituto. É uma revolução

é colocar o meio ambiente seco e o meio ambiente molhado para conversar (risos). Essa diretoria vai cuidar do trabalho junto com os comitês de bacias e junto com os municípios. Vai fazer a ponte da questão da ocupação do solo e do uso da água, vai cuidar da gestão das lagoas. Tem também a diretoria de Recuperação Ambiental, que é a antiga diretoria de Obras da Serla, que fez o desassoreamento da Lagoa de Ara-ruama e que hoje está construindo estação de tratamento em Angra, Mauá, Maromba, etc. Ou seja, é tudo novo. O Inea não é uma

mera fusão. É uma nova cultura, um novo instituto. É uma revolução.

Todo o quadro de funcionários do IEF, Serla e Feema foi transferido para o Inea?

Houve um enxugamento de pessoal. A gente tinha quase 35 anos de Feema, Serla e logo depois IEF e nunca teve concurso para esses órgãos, então as pessoas que são fun-cionárias de carreira ali foram contratadas até 82, cinco anos antes da Constituição, e ganharam estabilidade, as quais eu me incluo porque entrei na Feema em 1982.

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A APA do Pau Brasil vai funcionar com todo o suporte do escritório regional em Araruama. Existem algumas conversas junto com o projeto Reserva Peró de fazer uma sede lá. Há compensações envolvidas, pois todo empreendimento de grande porte é obrigado a aplicar parte dos recursos em unidades de conservação.

Como passa a funcionar a concessão de licenças ambientais?

Essa é uma grande novidade que faz parte do processo de desburocratização e descentralização do trabalho. Antes, o parecer de licença era preparado no in-terior, depois ia para o Rio e levava mais de um ano até que um dia virasse licença. Agora as licenças serão expedidas aqui no interior, até certo porte, claro. O que nós vamos fazer é sentar com cada município para ajudar a estruturá-los. Se o município estiver seguro e estruturado para licenciar, então ele licencia, senão ele usará a estrutu-ra da Superintendência Regional. A nossa ideia é que as licenças não passem de três meses para serem expedidas. É um absurdo um empresário pedir uma licença para um posto de gasolina, por exemplo, e se estiver tudo certo demorar dois anos para sair. Isso estimula a corrupção e o desânimo do setor empresarial. Seremos rápidos na licença, porém rigorosos na fi scalização e aí entra mais uma mudança: a Regional passa a po-der multar. Uma multa que levava um ano e pouco para sair, porque ia para a Comissão Estadual de Controle Ambiental, agora sairá imediatamente, porque o técnico que está na rua constata e o superintendente regional tem a capacidade de, até R$ 100 mil, poder multar direto. A partir disso é o Rio de Janeiro que vai arbitrar o valor. Muita gente acha que essa coisa de multa gerará corrupção também, eu discordo porque o Inea terá uma corregedoria, com ampla capacidade para investigar qualquer suspeita encima de qualquer funcionário, até do presidente. Teremos também uma ouvidoria para receber as queixas da po-pulação.

Há quem diga que a fusão deixa muito poder em uma só instituição...

A concentração de poder é exatamente o inverso do que estamos fazendo. Antes uma licença só saia com a assinatura do presidente, agora ela vai sair pela própria estrutura regional, debatida, discutida com a sociedade no local, na maior transparên-cia. Eu não vejo como correr esse risco de concentração de poder, dada a maneira

como se está implantando o Inea. Nós não seremos cartórios burocráticos de só fi car recebendo e expedindo licença, nós somos parte da gestão e queremos ser protagonistas, estando no centro da dis-cussão, propondo, ajudando, discutindo, monitorando.

Outra polêmica diz respeito à proposta de criação do Parque Estadual da Costa do Sol. Alguns ambientalistas dizem que a gestão dos parques deve ser sempre municipal.

Se as pessoas forem ler a proposta do parque, ela é de gestão municipal. O esta-do só entra para formar um parque forte, como cogestor, porque o parque envolve sete municípios ao redor da Lagoa de Araruama. São 32 áreas identifi cadas que foram amplamente estudadas e que vale a pena a gente transformá-las em parque

Sol pegaria desde Saquarema até a APA do Pau Brasil, integrando várias áreas verdes, ou seja, está de cara para toda a bacia de produção de petróleo. E qual é o conceito que a gente quer? O parque é estadual, então o município capta os recursos, o es-tado cuida das desapropriações e as sedes e planos de manejos implantados quem vai gerenciar é o município em cogestão. E toda vez que tivermos uma plataforma de petróleo nova nós apresentaremos pro-jetos lembrando a eles que eles afetam o parque. Aqui nós teremos um parque de 5.500 hectares que, quando for para Bra-sília pedir uma compensação, todos vão saber da importância do parque. Assim a gente vai conseguir preservar até o ultimo brejo ali em São Pedro da Aldeia que pega carona nesse processo todo. O Inea coloca isso (a criação do parque) como prioridade, nós vamos concluir essa análise e vamos levar para discussão com a sociedade ainda este ano.

Durante mais de uma década, a APA da Massambaba, em Arraial do Cabo, fi cou à mercê de invasores de terra. Agora a Prefeitura começou a combater as invasões, mas o processo de favelização está em um estágio bem avançado. A criação do Parque da Costa do Sol, que também pegaria aquela área, poderia reverter esse quadro?

Massambaba tem um processo crômico de expansão, e eu acho que ainda permane-ce mal enfrentada essa questão. Eu quero dizer que todos os nossos municípios têm problemas de crescimento urbano. Se você atravessa de Cabo Frio para o lado do Jardim Esperança, percebe uma expansão desenfreada. Dentro de São Pedro também. Araruama, igual. Em Massambaba foram feitas várias operações, estancou-se um pouco aquele processo, mas ele ainda care-ce de uma estruturação urbana. Existe pro-cesso correndo no Ministério Público (MP) e há pouco tempo nós fi zemos um levan-tamento de 180 casas que estão dentro da faixa marginal em Figueira e que precisam ser derrubadas. Nós dissemos ao MP que o Inea entra com máquinas e equipamentos para tirar, mas antes é preciso que a Prefei-tura faça a remoção física das famílias. E aí a Prefeitura de Arraial vai procurar uma área para reassentar as famílias. Agora eu pergunto: onde em Arraial você encontra uma área que ambientalmente possa ser usada para reassentar famílias?

O município de Arraial tem 35 mil

O sistema de tempo seco é aquele que no momento melhor atende a região porque não há dinheiro, nem nas concessões, nem no próprio estado, para a implantação do separador absoluto na região toda

para preservá-las. Essas 32 áreas ganharam a dimensão de pacto estadual por ser mais fácil da gente criar um só decreto, do que fazer com que cada um dos sete municípios faça um decreto individual em cada uma dessas áreas. Se cada município fosse criar um decreto sozinho, teria que arcar com a desapropriação, criar um chefe para essa área, criar um conselho gestor e outras coi-sas mais, e isso é inviável para o município. Se o município for fazer isso sozinho ele fi -cará com um parque muito pequeno, o que a gente brinca e chama de “parque-praça”, e com isso não teria condições de competir com parques estaduais e nacionais muito maiores em relação aos recursos. A polí-tica do parque tem um potencial enorme para captar recursos. O setor de petróleo que está aqui na nossa cara é obrigado a investir 0,5 % dos seus recursos, por cada plataforma nova implantada, em unidades de conservação de proteção integral, que é o caso dos parques. O parque da Costa do

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habitantes. Por acaso vai parar de nascer gente? Então como é que vai ser? Vai verticalizar? Em Arraial hoje, se você for olhar bem, quase tudo é de preservação ambiental, sobram ai as áreas de salinas remanescentes da Álcalis, que já estão por si só desfl orestadas e que poderiam ser ocupadas. Eu acho que tanto Monte Alto quanto Figueira precisam ser enfrentados do ponto de vista urbanístico.

Qual a sua opinião sobre a construção de empreendimentos imobiliários em Áreas de Proteção Ambiental (APA)?

Eu sou plenamente favorável. Eu acho que ele vem para essa região pela beleza natural e eu entendo esses empreendimen-tos como um dos maiores aliados que a gente pode ter. Primeiro, é um emprego verde, não gera fumaça. O nosso esgoto está tratado, a nossa fonte de água vem de Juturnaiba, ou seja, é boa. Tudo depende de como está a nossa região. Se ela está violenta, como é o caso do Rio de Janeiro, esse hotel não vai trazer ninguém. Quando eu digo que ele é aliado, quero dizer que se a região não der certo esse empreendi-mento também não dará. A discussão de que fazer somente o hotel não dá retorno tem que entrar na pauta ambiental, porque tudo tem que ser pesado. Se esse discurso se sustenta ele tem que ser transparente e provado. Eu posso até dizer que faz sen-tido porque quando eu digo que o retorno de um empreendimento desse porte é de 10, 15 anos, então será que tem capital privado disposto a esperar tudo isso para ter retorno? Ou ele precisará ter algum loteamento agregado para poder dar uma resposta mais rápida? Agora a forma de implantar esse loteamento, tem milhares, a região está cheia de loteamentos por aí, a região continua se expandindo. Quem já teve a oportunidade de visitar outros polos turísticos fora do país pode perceber que é possível aliar o turismo com a preservação ambiental o ano inteiro. O reserva Peró vai pagar o preço deste processo e a gente tem que aproveitá-lo como refl exão para futuros projetos.

Como está o processo de licenciamento do Projeto Reserva Peró?

Eu não sei exatamente o momento atual do licenciamento. Eu sei que ali tem uma grande discussão que precisa ser fi nalizada que é o corredor das dunas. E esse fl uxo é um desafi o muito grande. Nós temos que usar o Reserva Peró para aprender a lidar com isso, porque há um deslocamento

de areia do mar em direção à estrada do Guriri. Ali existe uma lagoa belíssima que está sendo totalmente soterrada pelo deslocamento natural das dunas. Elas estão se aproximando do morro da Piaçava e vão subindo até um determinado ponto. Daqui a algum tempo vai acabar de soterrar a lagoa e tomar a estrada. Então qual é o momento de intervir nesse processo? Ou o hotel plan-ta vegetação fi xadora para segurar a duna ou ele faz esse manejo, levando a areia de volta para o mar.

que sim. Agora se a gente não cria regras com antecedência isso não funciona. O meio ambiente precisa ser o precursor disso e não o impeditivo, como é hoje, para que não vire a festa que está hoje na esfera estadual e nacional de que nada pode ser construído ou feito porque o meio ambiente não deixa nada. Mas se o meio ambiente não dá a diretriz então o empresário, por ser capitalista, ele vai onde é mais fácil. Esse é o maior desafi o que a gente tem hoje.

O sistema de captação de esgoto em tempo seco, implantado na Região dos Lagos, está sendo criticado porque, a cada período de chuvas, as comportas da Prolagos são abertas e o esgoto é desviado para a Lagoa de Araruama. Este é o sistema mais adequado? Quando a Lagoa fi cará totalmente livre do esgoto in natura?

Conceitualmente o sistema de tem-po seco não é o mais adequado, o mais apropriado é a gente ter um separador absoluto. O sistema de tempo seco é aquele que no momento melhor atende a região porque não há dinheiro nem nas concessões nem no próprio estado para a implantação do separador absoluto na região toda. Eu fi z um cálculo, há um tempo, para ter uma ideia, e colocar rede separativa na região toda seria algo acima de R$ 3 bilhões. A arrecadação da Prola-gos e da Águas de Jurtunaiba juntas gira em torno de R$ 6 milhões por mês, ou R$ 70 milhões por ano. Então não é viável. É importante que as pessoas entendam que a Lagoa ainda não terminou seu processo de revitalização. Ainda falta tratar 33% do esgoto, fazer algumas dragagens, bom-bear o efl uente tratado para a área rural. Existe uma coisa chamada capacidade de resiliência, que é a capacidade de um ecossistema em resistir às pancadas que lhe são impostas. A Lagoa de Araruama perdeu toda essa capacidade de resiliência e por isso ela mudou de estado de produ-ção de alga verde para alga marrom. Ela começou a melhorar no fi nal de 2007, quando começou a clarear suas águas. É possível que, ainda que com o sistema de tempo seco, mesmo quando vier a pan-cada e se abrirem as compotas, a Lagoa consiga absorver isso e não se alterar em absolutamente nada. Nós temos condições de conviver com o tempo seco por muito mais tempo. Agora, a partir de 2010, o investimento da concessionária passa a ser só em rede separativa.

Colocar rede separativa na região toda seria algo acima de R$ 3 bilhões

O Inea coloca isso (a criação do Parque da Costa do Sol) como prioridade. Vamos levar para discussão com a sociedade ainda este ano

Bom, acredito que, se a Região dos Lagos é turística, nós temos mesmo que instigar o debate do setor hoteleiro. O Pro-jeto Peró tem uma controvérsia enorme, pois é o primeiro grande investimento, tirando Búzios que é outra realidade, voltado para outro tipo de turismo que não é o veranista, o que também é im-portante. Agora imagina o empresário que quer construir um hotel na APA da

Masambaba ou na APA do Pau Brasil? Ele já se apavora de inicio. As regras não estão defi nidas, o que pode e o que não pode fazer em nível de hotel, e o que nós temos que fazer é nos antecipar a essas questões. Se o zoneamento econômico diz que essa região é turística, é preciso saber para que. É turística para segunda moradia? Então os hotéis não poderão entrar aqui porque não terão local para se implantar. Mas se é viável para a constru-ção hoteleira, então serão disponibilizadas áreas para isso. Será que nós podemos ter um hotel aqui que gere 600 empregos e que injete dinheiro na economia? Eu acho

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Teatro Mágico

P a n o r a m a

E S P E T Á C U L O

Considerado pela Folha de S. Paulo como o melhor show brasileiro da atualida-de, o espetáculo da trupe O Teatro Mágico chega a Cabo Frio este mês. No dia 15, será a vez do Tamoyo Esporte Clube receber o grupo que encanta platéias com uma mistura de música, teatro, dança e circo.

Esta será a segunda apre-sentação do Teatro Mágico em Cabo Frio. A primeira foi no ano passado e deixou o Teatro Municipal da ci-dade absolutamente lotado. De acordo com o produtor do evento, Pablo Alvarez, foi necessário encontrar um

uma vez à região por uma motivação pessoal.

“Quando os trouxe pela primeira vez, eu já sabia que o espetáculo era muito bom. Mas quando assisti foi outra coisa, fi quei completamente apaixonado. Faz tempo que estou produzindo este show e, dessa vez, vai ser ainda melhor”, garante o produtor cultural.

Com um espetáculo co-lorido e envolvente, O Teatro Mágico traz, além de belas composições, palhaços, mala-baristas e até um boneco gigan-te. A trupe, criada pelo músico Fernando Anitelli, já vendeu mais de 90 mil cópias dos dois CD’s (Entrada para Raros e O Segundo Ato), em quatro anos de estrada. Tomás Baggio

espaço maior para a próxima apresentação.

“Na primeira vez que eles vieram o público não conhecia tanto e, mesmo assim, não ca-bia mais gente no Teatro. Agora a realidade é outra, o trabalho

deles está bem divulgado e, por isso, o Tamoyo é o lugar ideal. Tem mais espaço e toda a estrutura necessária para o show”, afi rmou ele.

Pablo afi rma que se esfor-çou para trazer o grupo mais

Mariana Ricci

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Dinheiro VivoC U L T U R A

A prefeitura de Cabo Frio anunciou, no mês passado, a criação do edital Cabo Frio Cultura Viva, que irá patrocinar projetos artísticos das mais diferentes expressões culturais. O governo irá distribuir R$ 100 mil para 40 projetos (R$ 2,5 mil por projeto).

De acordo com o coordenador de Cultura, Guilherme Guaral, o edital de convocação para a entrega dos documentos será no mês que vem. A previsão é que eles comecem a ser produzidos em junho.

“Queremos com essa atitude premiar os artistas de Cabo Frio. Também queremos ampliar o cadastro que temos de artistas e conhecer as suas diferentes formas de manifestações culturais”, explicou.

A realização do Cabo Frio Cultura Viva tem, ainda, a previsão de alimentar outro projeto plane-jado para acontecer no segundo semestre deste ano em todo o município, o Arte na Praça. De acordo com Guilherme Guaral, trata-se de um caminhão-palco que vai apresentar diferentes expressões artísticas nos bairros de Cabo Frio.

Quarenta e dois jovens de Arraial do Cabo fi zeram um multirão, no fi m de janeiro, e doaram sangue ao Hemolagos (banco de sangue da Região dos Lagos). O ato foi organizado pela Superinten-dência de Juventude da prefeitura cabista e, de acordo com os jovens, a mobilização irá se repetir periodicamente.

“No ano passado, antes mesmo de entrar para o governo, viemos três vezes ao Hemolagos pois o estoque de sangue estava muito baixo. Sabemos que no verão a situação piora e não podíamos deixar de comparecer novamente”, frisou o superintendente de Juventude de Arraial, Ayron Freixo, que assumiu o cargo no começo do mês passado.

Juventude SolidáriaO último fim de semana

de janeiro, em Cabo Frio, foi reservado para o segundo Seminário de Cavaquinho da cidade. Organizado pelo maestro Ângelo Budega, da orquestra Apanhei-te Cava-quinho, o evento contou com palestras sobre a vida dos músi-cos Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim. E de apresentações musicais no Convento Nossa Senhora dos Anjos.

O coordenador de Co-municação de Cabo Frio, jornalista José Correia, está disposto a reunir a classe em seminários e reuniões ao longo deste ano. O plano é realizar parcerias com as uni-versidades com sede no muni-cípio e trazer palestrantes para encontros periódicos na sede do governo municipal.

Tudo a OporA extensão do cais do

Porto Veleiro, em Búzios, o bra que recebeu um “Nada a Opor” da administração Toninho Branco, pode vir a enfrentar problemas. A atual administração considera a área território dos pescadores e já encaminhou o processo, que tem seis volumes, para análise dos procuradores.

A T I V I S M O

J O R N A L I S M O

Palestras

M Ú S I C A

T U R I S M O

Cavaquinho

Mar

iana

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ci

Papi

Pres

s

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P a n o r a m a

O começo do Campeonato Carioca de futebol em 2009 não poderia ter sido melhor para o time da Cabo-friense. Depois de dois anos sem jogar contra equipes grandes no estádio Correão, em Cabo Frio, nem o mais otimista torcedor imaginava estrear com vitória sobre um dos favoritos ao título, o Fluminense. Mas os objetivos do clube não se resumem só a atrapalhar os grandes. A intenção é repetir o desempenho de 2005, 2006 e 2007, quando chegou a quatro semifi nais e uma fi nal de turno.

Para conseguir novamente chegar longe, a equipe tem consciência que os jogos entre as equipes menores é que vão defi nir sua situação no campeonato.

“Sabemos que o nosso campeonato é contra os times pequenos. Temos que manter os pés no chão, mas saben-do que temos totais condições de vencer os times que vamos enfrentar. Nosso foco está na classifi cação para as semifi nais e temos chances”, analisou o zagueiro João Paulo.

A diretoria investiu bastante na formação do elenco. O clube tem um orçamento mensal de R$ 250 mil para o Campeonato Carioca. Entre outros jogadores, trouxe o zagueiro João Paulo, que já teve passagens pelo tricolor praiano e estava no Gama-DF, o volante Da Silva, ex-Fla-mengo, o meia Ernane, ex-Vasco e o atacante Fabinho, que é cria das divisões de base do clube, mas que per-tence ao Cruzeiro. E é neste grupo que o técnico Ademir Fonseca aposta suas fi chas.

“Fizemos uma pré-temporada muito proveitosa. Deu para trabalhar muito a parte técnica, tática e física, e com isso conseguimos entrosar a equipe. Temos um time bas-tante jovem e acredito muito no potencial deles. Temos que fazer de cada rodada uma decisão, para que possa-mos alcançar uma semifi nal”, crê o treinador. Leo Borges

A médica infectologista Lucy Pires assumiu, em janeiro, a Coordenadoria de Vigilância de Saúde de Cabo Frio. O setor passa a unifi car a administração das vigilâncias Sanitária, Epidemiológica e Ambiental, cuidando do controle de doenças infecto-contagiosas e da proliferação de vetores.Um das primeiras ações foi distribuir telas para cobertura de caixas d’água no bairro Jacaré.

“Percebemos que há muitas caixas d’água abertas, o que acaba servindo de criadouro para o mosquito da dengue”, explicou Lucy.De acordo com ela, a prioridade é combater o mosquito Aedes aegypti, uma vez que a previsão é que os casos de dengue aumentem depois do Carnaval.

Lucy Pires na Vigilância

Brasileiro de Laser em BúziosFl

ávio

Bor

dalo

O Campeonato Brasileiro da Classe Laser de Vela aconteceu em Arma-ção dos Búzios, no Búzios Vela Clube, de 24 a 31 de janeiro. A praia de Manguinhos, uma das melhores raias para a prática do esporte do mundo, recebeu 145 competidores em seis dias de prova, com duas regatas acon-tecendo em cada dia.

Foram quatro categorias: Standart, subdividida em Senior, Master e Gran Máster, Radial Feminino, Radial Masculino e 4.7, subdividida em sub 15 e sub 17. As categorias Radial Femnino e 4.7 são classes olímpicas.

Atletas de diversas idades e nacionalidades se fi zeram presentes, entre eles Wilson Teixeira, de 80 anos. O favorito da competição era o Argentino Julio Alsogaray

Considerada uma das mais tradicionais, a Classe Laser é a mais numerosa no Brasil. Nos últimos dez anos, contou com a forte divulgação de personalidades do esporte, entre eles os campeões Lars Grael e Robert Sheid. Rebeca Bruno

Cabofriense começa bem

O prefeito de Búzios, Mirinho Braga resolveu dar prioridade a composição do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Pela Lei 708 de 2009, o Poder Público contará com apenas quatro representantes no Conselho, e a sociedade civil com oito, sendo seis deles escolhidos por meio de eleições, nas quais as entidades civis formarão o ‘colégio eleitoral’.Como representantes do governo foram designados: Ruy Borba Filho, tendo como suplente, Roberto Campolina; Adilson da Costa Azevedo, suplente Ricardo Brandão Marques; Amarildo de Sá Silva, suplente Ivanildo Nascimento. A secretária de Meio Ambiente, responderá pela Secretaria Executiva do Conselho e seu suplente será Marcelo Obraczka.

S A Ú D E

Búzios forma ConselhoM E I O S A M B I E N T E

V E L A

F U T E B O L

Papi

Pres

s

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M a c a é

O BICHO PEGOU!

Rosa

na C

ozi

esde o dia 19 de janeiro, as ruas de Macaé fi cam quase desertas assim que anoitece. Uma espécie de toque de recolher se impôs assim que os traficantes se rebelaram contra a

ação de homens do 32º Batalhão de Polícia Militar, que em dois dias mataram quatro bandidos nos bairros Malvinas e Nova Ho-landa. Em represália, o exército do tráfi co incendiou cinco ônibus e apedrejou outros três, impondo um clima de terror na cidade, que aparece com frequência na lista das mais violentas do país. Na linguagem do crime, o bicho pegou na Capital Nacional do Petróleo.

Não é novidade para ninguém que as favelas macaenses há muito são domina-das pelas mesmas facções criminosas que controlam o tráfi co nos morros cariocas. O líder maior deste submundo é Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, 36 anos, manda-chuva do tráfi co de drogas e armas nas favelas do Complexo de São Carlos,

no Rio. Investigações o apontam como o autor do assassinato dos três jovens entre-gues por soldados do Exército a bandidos do Morro da Providência em junho do ano passado.

Mesmo à distância, Roupinol continua dando as cartas nas comunidades mais po-bres e violentas de Macaé, onde a PM vem atuando mais ostensivamente nos últimos meses. Por volta das 20h30 do dia 18 de janeiro, um domingo, policiais do Grupo de Ações Táticas (GAT) faziam uma operação de rotina no bairro Nova Holanda, quando foram recebidos a tiros por dez trafi cantes. No tiroteio, três rapazes acabaram baleados e morreram a caminho do Hospital Público Municipal. Um deles, identifi cado como Barcelona, seria o braço direito de Roupi-nol e gerente do tráfi co na comunidade. Na noite de segunda-feira, dia 19, menos de 24 horas depois deste confronto, durante uma incursão pelo bairro Malvinas, novamente os PMs foram recebidos a bala e, na troca de tiros, mataram mais um bandido.

A resposta do tráfi co veio na forma de uma onda de violência sem precedentes

em Macaé, que afrontou o Estado de di-reito - a liberdade que a população tem, teoricamente, de ir e vir. Três ônibus da empresa Macaense foram apedrejados na entrada da Nova Holanda. Não satisfeitos, os trafi cantes abordaram outro coletivo e, armados com metralhadoras e armas de grosso calibre, mandaram os passagei-ros desembarcar, derramaram gasolina e atearam fogo. A mesma ação foi repetida em mais um ônibus naquela mesma noite. Assustados, motoristas e moradores que precisavam passar pela Rodovia Amaral Peixoto tiveram de desviar por outro ponto da cidade. Rapidamente, todos os ônibus da Macaense foram recolhidos à garagem, deixando milhares de macaenses perplexos e sem condução.

Na manhã de terça-feira, o pânico era generalizado. As autoridades não conta-vam, no entanto, que novas ações desse tipo viessem a ocorrer. Mas foi exatamente o que aconteceu. À tarde, no calçadão da Avenida Rui Barbosa, artéria central do comércio macaense, a ameaça de um arrastão fez as lojas fecharem as portas

Gustavo Araújo

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Macaé chama o Capitão Nascimento

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mais cedo. “Moro em Macaé há 12 anos e nunca vi uma coisa dessas”, dizia assustado o vendedor de uma loja, que preferiu não se identifi car. Horas depois, os trafi cantes incendiaram mais três ônibus da Macaense, na Barra de Macaé, Aroeira e Morro de Sant’Anna. A essa altura, ninguém mais tinha certeza do que poderia acontecer. Apenas uma dúvida: os trafi cantes têm o domínio da cidade, assim como as milícias controlam comunidades cariocas e a guer-rilha iraquiana impõe suas leis nas ruas de Bagdá na base das bombas?

Como resposta, a Secretaria Estadual de Segurança enviou para Macaé homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) — a “Tropa de Elite” do Capitão Nascimento, osso duro de roer. Os homens de preto, como são conhecidos, desembar-caram quinta-feira, dia 22, nas comunida-des Malvinas e Nova Holanda, ocupando os principais acessos e revistando quem entrava e saía. Segundo o comandante do 32º BPM, tenente-coronel Alexandre Fon-tenelle, a ocupação vai durar o tempo que for necessário, até “quando o local estiver

voltado à normalidade”. Na avaliação de Fontenelle, a ação da polícia contra o trá-fi co precisa continuar, pois, além da morte de trafi cantes, tem gerado a apreensão de várias armas - o que estaria enfraquecendo o poder de fogo da bandidagem. “A cidade não pode fi car refém desses trafi cantes. Há transtornos para a população sim, mas a polícia está cumprindo seu papel e fazendo o trabalho dentro do bom senso”.

Dando a medida exata da dimensão do confl ito, a prefeitura autorizou a mudança no itinerário de quatro linhas de ônibus, ligando o Centro ao Morro de Sant’Anna, Malvinas, Morro de São Jorge e Nova Holanda. Além disso, a partir das 16h, as linhas com destino à Cehab e ao Lagomar - dois dos bairros mais populosos da cida-de - passaram a circular pela Linha Azul, aumentando o trajeto em mais de quatro quilômetros. Nos bares e restaurantes, o movimento caiu consideravelmente após o pôr-do-sol. Fruto de um trauma que, se vai ser superado ou não, deve depender do sucesso dos homens do Capitão Nas-cimento.

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GOSTEI DA REPORTAGEM SOBRE A construção da casa da praia. Sou arquiteta e trabalho muito na Região dos Lagos. Gosta-ria de participar das proximas edições, pois tenho algumas casas na orla da Lagoa de Araruama que podem ser mostradas como exemplo desse tipo de construção. Parabéns ao paisagista Márcio Rubio pelas dicas para o jardim, que na minha opinião é tão importante quanto a construção da casa em si. Parabéns pela iniciativa.Marcia Cristina Almada (Rio de Janeiro/RJ)

TENHO UMA CASA EM ARARUAMA, mas deixei de frequentar o lugar porque a Lagoa estava muito suja, com esgoto e lama. Agora vi a matéria de vocês sobre a Lagoa e fi quei muito contente de saber que a água está azul de novo. Essa Lagoa era um paraíso, com a água transparente que a gente podia ver a areia branca do fundo e ver até os peixinhos, camarão, carangueijos. Vi nas fotografi as, simplesmente maravilhosas, que a agua está azul de novo e fi quei muito satisfeita com isso.Desejo que o trabalho continue a ser feito pelos governos e parabenizo a revista pela reportagem e pelas fotografi as que me fi ze-ram voltar no tempo.Abraços aos diretores, jornalistas e fotó-grafos. Rosane Thereza Borges (Araruama/RJ)

MEUS PARABÉNS PELA CORAJOSA abordagem feita pelo repórter Tomás Baggio na edição de Dezembro sobre a violência na região. A sua matéria “um novo cenário” é muito importante, mas eu queria dizer que existe muito mais coisas acontecendo na nos-sa cidade, que deveria ser notícia também.Bairros próximos ao centro de Cabo Frio, como o Jacaré, já estão nas mãos do crime organizado, e não adianta a polícia dizer que tem o controle da situação, porque sabemos que não é assim.Espero continuar acompanhando essas ma-térias mostrando a realidade da violência na região nas páginas da Revista Cidade. Respeitosamente.Agmar Ribeiro Simas (Cabo Frio/RJ)

LI NA REVISITA DE VOCÊS A MATÉRIA sobre o aumento da criminalidade aqui em Cabo Frio. Muito boa e queria sugerir que essa revista, que já mostrou muitas matérias interessantes, também mostrasse a situação dos bairros mais pobres e as condições de vida dessas famílias que acabam vendo seus fi lhos irem para o crime por falta de escola, de oportunidade para seguir uma profi ssão decente. Fico muito agradecido e desejo mais su-cesso ainda para a Revista Cidade e que continuem assim.Um abraço fraterno, do leitor e amigoWalter da Conceição Martins

MUITO LEGAIS AS NOTÍCIAS AÍ DE Cabo Frio e Búzios. Estou acompanhando a revista na internet e adoro ver as fotos. Acho que para fi car melhor, vocês podiam colocar a programação dos shows e eventos daí da região para a gente poder se programar. É uma dica.Mariana Coimbra de Souza

SOU PROFESSORA APOSENTADA, moro em Juiz de Fora e comprei a revista Cidade em Cabo Frio, onde sempre vamos com a família nos feriados prolongados. Sem dúvida a melhor revista que já vi aí na região. Parabéns pela qualidade das matérias e pelo trabalho dos fotógrafos. Torço para que apareça uma revista assim aqui em Juiz de Fora. Parabéns!Salete Cardoso (Juiz de Fora/MG)

QUEREMOS AGRADECER PELA BELA matéria que a revista fez sobre a Lagoa de Araruama. É muito importante mostrar que as coisas começaram a melhorar, mas deve-mos lembrar que ainda está longe a solução defi nitiva para o problema. Só depois que todo o esgoto for retirado da Lagoa, pode-remos comemorar de verdade.Ernesto Salgado Vieira (Araruama/RJ)

Esta publicação se encontra em fase de adap-tação às novas regras gramaticais.

C a r t a swww.revistacidade.com.brFevereiro, 2009

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

Chefe de ReportagemTomás [email protected]

ReportagensLoisa MavignierLuis do ValleGustavo AraújoRebeca Bruno BordaloRenato SilveiraRosa SchoolTomás Baggio

Fotografi asFlávio BordaloFlávio PettinichiMarcos HomemMariana RicciPapiPressSérgio Quissak

ColunistasAngela BarrosoErnesto LindgrenDanuza LimaOctavio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Campos, Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

GOSTARIA E DEIXAR O NOSSO MUITO obrigado a todos da revista Cidade pela linda matéria sobre nosso trabalho. Com a coleta seletiva de lixo buscamos visibilidade social através do trabalho com os resíduos ou lixo. Deixamos um forte abraço a todos pelo apoio e visão de futuro com o meio ambiente. Nosso muito obrigado.Rodrigo Macedo (Cabo Frio/RJ)

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Milton Nascimento com o chef de cuisine Pablo Oazen no espaço do Bora Bora em Manguinhos. (foto Sylvana Graça)

O carioca Christopher Cabicieri oferece uma proposta gastronômica descontraída e singular no seu res-taurante Zuza no Porto da Barra em Manguinhos.

O ator global André Marques após tocar no Privilege foi se di-

vertir no Bora Bora com Gee Moore. (foto Sylvana Graça)

Bem na foto o empresário mineiro Octávio Fagundes entre os tops

DJs Mauro Piccoto e Gui Boratto no Privilége. (foto Sylvana Graça)

Amanda Chang e o Top DJ Car-los Dall’anesse em noite de

embalo no Privilége em Búzios. (foto Sylvana Graça) Arte de Rua: A Estátua que encanta

a adultos e crianças, na Rua das Pedras. (foto Marcelo Dutra)

Suzana Vieira de bem com a vida, dançando muito e fazendo

pose na Boate Privilége na Orla Bardot. (foto Sylvana Graça) Tina e a DJ Léa na animada festa

“Aberto para Balanço” no Escritó-rio, em Manguinhos.

Bora BoraO mais novo local em Búzios, onde se pode curtir um happy-hour ao som do DJ Gee Moore, que trouxe para o Brasil o conceito do Beach Club mais famoso do mundo.

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DE QUEM É A CULPA?

Morte de peixes gera crise sem precedentes em relação a coleta de esgoto em “tempo seco” da Prolagos

chuva desandou sobre a Região dos Lagos e levou com ela a euforia sobre a recuperação da Lagoa de Araruama. O volume atípico de águas bastou para expor

a fragilidade do sistema de coleta de esgoto “em tempo seco” implantado pela conces-sionária Prolagos, com aval do Comitê de Bacias Lagos São João e do Consórcio Intermunicipal do mesmo nome (CILSJ), e com Termo de Ajuste de Conduta (TAC), fi rmado no Ministério Público Estadual (MPE). O sistema, que até então era con-siderado a salvação da lagoa, prevê a aber-tura das comportas quando chove muito e, nesse período, o esgoto volta para a lagoa in natura. Desta vez, mais de 40 toneladas de pescado morreram sufocadas por uma overdose de esgoto (fósforo e nitrogênio)

e por algas no dia 24 de janeiro mas a mortandade não parou por ai. Agora, os pescadores profi ssionais de São Pedro da Aldeia, Iguaba e Araruama querem indeni-zação e punição dos culpados. O Ministério Público Estadual instaurou dois inquéritos civis para apurar responsabilidades, avaliar a proporção dos danos ambiental e social, e encontrar uma saída para o sustento dos pescadores profi ssionais, seja com exten-são do período de defeso (época em que a pesca fi ca proibida para reprodução dos peixes) ou pagamento de um benefício, já que a pesca na lagoa foi “pro ralo”.

A maior mortandade de peixes registra-da nos últimos anos desencadeou uma crise sem precedentes em relação ao sistema de coleta e tratamento de esgoto adotado na região. Numa reação imediata, os pes-cadores da Colônia de Pesca Z6, de São Pedro da Aldeia, encheram um caminhão de peixes podres e jogaram na porta da Pro-

lagos na RJ-106. O protesto não fi cou só nisso. Uma audiência Pública foi marcada pelo MPE e a comunidade pesqueira, que enfrentou dois meses de defeso de outubro a dezembro, saiu em passeata pedindo justiça. Um forte esquema policial foi montado na Câmara Municipal aldeense para a audiência, onde valeu tudo – enterro simbólico da lagoa, faixas, vaias, apitaço, pedidos de “cadeia neles”, saídas triunfais de cena, vídeo interminável com música de fundo sobre a morte dos peixes, choro, acusações e defesas.

Os pescadores da Colônia Z-6 querem indenização da Prolagos pelo prejuízo ambiental que inviabilizou o sustento de cerca de três mil famílias só no município; e que na Região dos Lagos está próximo de 20 mil famílias. Na tentativa de acalmar os ânimos, o promotor de Justiça, Leandro Navega, abriu a audiência pública na Câ-mara de Vereadores de São Pedro da Aldeia

Loisa Mavignier

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Com faixas e apitaço pescadores e até crianças protestaram contra a Prolagos

O diretor da Prolagos Felipe Ferraz (centro) ladeado por Luis Firmino(direita) e Mário Flávio (esquerda) durante a audiência pública

M E I O A M B I E N T E

(27/01) falando sobre os inquéritos civis e as providências do Ministério Público em relação ao desastre ecológico. O grito de ordem dos manifestantes no plenário era: “ESGOTO”. “Além disso, vamos investi-gar se a abertura das comportas está sendo feita adequadamente, ou se está havendo exagero”, disse Navega. No dia 30/01, ele se reuniu com a Coordenadoria do Meio Ambiente do Ministério Público Estadual e a Promotoria do Meio Ambiente de Ara-ruama, para tratar dos inquéritos.

O diretor-executivo da Prolagos, Felipe Ferraz, tentou expor o histórico sobre os investimentos em coleta e tratamento de esgoto, mas o clima foi ruim. “Estamos investindo de 25 a 30 milhões de reais do faturamento da empresa por ano na região”, ressaltou o diretor, em meio aos protestos na galeria. A concessionária passou a integrar em 2008 a holding a CIBEPar Participações e Empreendimentos S/A. Um conglomerado de controle e administração de empresas concessionárias de serviços públicos nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Nor-deste. Na área de responsabilidade social, a CIBEPar defende em seu site: “geren-

ciamento de negócios tendo como metas o sucesso e estabilidade fi nanceira, bem como, colaborar para o desenvolvimento social e econômico das comunidades onde atua e para a preservação ambiental”.

Até o presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Luis Firmino Pereira, idealizador do CILSJ e ex-presidente da Serla, que sempre encabeçou a luta pela recuperação da Lagoa de Araruama, foi duramente criticado pelos manifestantes ao defender o sistema da concessionária. “Não estamos dizendo que o tempo seco é o ideal, mas é o que deu para fazer com o recurso de R$ 100 milhões. A recuperação da lagoa é inequívoca, estamos avançando e vamos continuar brigando por mais verba. Se fossemos colocar rede de esgoto (rede separativa) na porta de cada um, teríamos que ter um bilhão. Ou seja, 90% do esgoto hoje ainda estariam indo in natura para a lagoa”, rebateu Luis Firmino.

O presidente do Inea argumentou ainda que, historicamente na Região dos Lagos, chamada de Costa do Sol, chove 700 mi-límetros/ano. Um índice comparado com a caatinga do Nordeste. Segundo ele, nos últimos dois ou três meses choveu 780 mi-

límetros na região. “Vamos ter que chamar de Costa da Chuva”, disse. Luis Firmino afirmou que mais R$15 milhões estão aprovados pelo Fundo Estadual de Con-servação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam) para a dragagem do Canal do Itajuru, da ponte Wilson Mendes até a boca do Forte São Mateus, em Cabo Frio. Isso permitirá maior troca de água com o mar e aumentará a salinidade na lagoa, hoje desequilibrada pela grande descarga de água doce que recebe nos municípios.

Para o presidente da Colônia de Pesca Z-6, Haroldo Pinheiro Rosa, a pesca não pode fi car a mercê da chuva, já que não é a primeira vez que ocorre mortandade de peixes. “Queremos os danos repara-dos antes, durante e depois. Hoje, somos os “Sem-Peixe”, iguais aos Sem-Teto”, enfatizou.

Seguindo a orientação dos deputados federais Bernardo Ariston(PMDB-RJ) e Paulo César (PR-RJ) durante a audiência pública, o prefeito de São Pedro da Al-deia, Carlindo Filho, decretou estado de emergência no município no dia seguinte (28/01), e já fala na morte de 100 toneladas de peixes. A medida foi ratifi cada tam-bém pelos prefeitos de Araruama, André Mônica, Iguaba, Oscar Magalhães, e de Arraial do Cabo, Wanderson Cardoso de Brito. Com isso, os deputados esperam conseguir recursos do governo federal para a comunidade pesqueira que fi cou sem meios de sobrevivência. A porta de acesso ao governo será o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

O sistema de coleta de esgoto em tem-po seco já gerou outras crises depois que entrou em operação. De 2005 para cá a lagoa passou por períodos críticos de pro-liferação de algas. À época, esse fato gerou muita polêmica e descrédito em relação às ações de saneamento adotadas. De 2006 para cá, no entanto, a lagoa começou a dar sinais de recuperação, os peixes e camarões voltaram e a redenção da oposição veio em 2008. Até novembro do ano passado as águas da lagoa estavam cristalinas, a pesca foi farta, e todo mundo fi cou feliz. A surpresa desagradável, entretanto, veio justamente na alta temporada turística. A água fi cou escura e o cheiro ruim, para perplexidade do turista que aportou por aqui, e para a decepção dos nativos que tanto amam a lagoa.

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QUEM É ELE?

O turista que frequenta a Região dos Lagos é cada vez mais diversifi cado. Rio, Minas e São Paulo continuam sendo os maiores emissores, mas a rota dos transatlânticos e o Aeroporto Internacional de Cabo Frio já trazem visitantes de outras partes do Brasil e do mundo.

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PRAIA DO FORTE/ CABO FRIOSuperlotação no verão

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Mistura de verão

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alta temporada vai chegando ao fi m e, com ela, o fl uxo de milhares de turistas que lotaram as cidades da Região dos Lagos durante as férias escolares. Agora, resta a semana

do carnaval e depois, tudo volta à rotina. Mas qual é o perfi l do nosso visitante de verão? De onde vem e quais são os desejos daqueles que são aguardados pelos hotelei-ros e comerciantes durante todo o ano para movimentar uma economia sabidamente sazonal? A resposta é múltipla e varia de acordo com o destino. Cada cidade costuma abrigar um tipo específi co e suas variáveis, mas a questão é ampla como o sem número de pessoas que lota as praias da região.

As Secretarias de Turismo, pelo menos em seus discursos, travam uma constante luta pela melhora na qualidade do perfi l desse visitante. Nenhuma delas diz gostar do chamado turista “pão com mortadela” ou “miojo com salsicha”, como é chamada com ironia a turma de baixa renda. Por isso, todos dizem apostar numa política de mudanças, tentando atrair gente que se hospede em hotéis, coma nos restaurantes e gaste dinheiro no comércio.

Capital da regiãoDe acordo com o secretário de Turismo

e Cultura de Cabo Frio, Gustavo Beranger, a cidade, considerada a capital da região, possui um tipo de turista bastante diversi-fi cado. A maioria vem da própria região Sudeste, mas a região também recebe visitantes de locais mais distantes, como a Região Centro Oeste, e até mesmo outros países, como Chile e Argentina, após a inauguração do Aeroporto Internacional.

“Hoje a cidade recebe, em sua maioria, turistas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Também recebemos muitas pessoas da região Centro-Oeste do Bra-sil. Esses são aqueles identifi cados em pesquisas realizadas pela Secretaria de Turismo em cada mês do ano. Mas, aos poucos, observamos que vamos recebendo pessoas de fora do país, como argentinos e chilenos, em função do Aeroporto Inter-nacional estar recebendo, desde o fi nal do ano passado, voos vindos desses locais. Outro importante tipo de turismo que divulga a cidade para brasileiros de todos os Estados e também estrangeiros, é o de cruzeiros marítimos. Estamos na quarta

temporada de transatlânticos e, a cada ano, aumentamos mais o número de visitantes. Nesta temporada 2008-2009, são quase trinta mil pessoas trazidas pelos navios de turismo a Cabo Frio. Sendo que um dos maiores navios da temporada brasileira, o Splendour of the Sea, trouxe pessoas de diversas nacionalidades como Inglaterra, Estados Unidos, África do Sul, Itália, Bo-lívia e grande quantidade de argentinos”, explicou.

Na busca pela tal qualidade do visitan-te, Beranger acredita que muitos passos foram dados pela atual administração, mas, segundo ele, a luta está apenas no começo.

“Acredito que, como toda cidade tu-rística, Cabo Frio precisa de pessoas que venham se hospedar aqui, que aproveitem as nossas praias, que consumam em nossos restaurantes e comprem em nosso comér-cio. O perfi l que queremos é esse. Turista de qualidade é isso. As pessoas que nos visitam encontram a cidade com infra-estrutura adequada, limpa e organizada. Isso, tenho certeza, nós temos a oferecer. O processo é lento, mas começa a gerar frutos”, acredita.

Minieros em Cabo FrioMas na alta temporada, o negócio, co-

mo diria a ex-ministra do Turismo, Marta Suplicy, é “relaxar e gozar”. Embora haja visitantes em situações muito mais des-confortáveis, uma turma de 31 pessoas que veio da pequena cidade mineira de Parai-sópolis, de apenas cinco mil habitantes, se hospedou numa casa de dois andares, passando uma semana de janeiro (a do Cabofolia) na cidade.

A rotina dos minieros seguia uma or-dem. Como se tratava de cinco famílias diferentes, cada dia um era responsável pela comida, desde as compras até o preparo. Cedinho, com sol ou chuva, os mais jovens iam para a Praia do Forte, retornando por volta de 13h para o almo-ço. À tarde, descanso, nova ida à praia e, à noite, a programação variava de acordo com os interesses. Quase todos foram ao Cabofolia, optando pelo abadá, uma es-pécie de camiseta colorida que identifi ca quem pode entrar na corda mais próxima ao trio elétrico.

“Paraisópolis tem a economia baseada na colheita de cana-de-açúcar e tem fábrica de fogos de artifício. Quase todos aqui são

Mineiros preferem Cabo Frio para as férias de verão

Renato SilveiraFotos Flávio Pettinichi

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10 PRESTAÇÕES DE R$ 35,00

Foi o preço que o grupo Beija Flor formado por cinquenta e três pessoas da terceira idade, oriundos da cidade de Ponte Nova/MG, pagaram para passar cinco dias em Cabo Frio com todas as despesas incluídas. Dona Dica, participante do grupo, explica que as associadas são humildes “por isso fi zemos o pacote de 10 pagamentos de R$ 35,00 com tudo incluído, até comida. Menos os passeios”, ressalta. Dona Dica diz que gostou de tudo, menos da chuva. “Foram cinco dias de chuva!”, lamentou a mineira, enquanto esperava o ônibus que levaria o gupo de volta para Minas Gerais.

fazendeiros e no meio da turma está o ir-mão do prefeito reeleito e até um vereador. Gastamos por dia, entre cerveja e comida, cerca de R$ 300 (R$ 100 para a loura gelada, frisou), mas a despesa pessoal de cada um varia bastante”, contou Ramon Borges, um dos inúmeros integrantes da trupe mineira, bastante comum na cidade no mês de janeiro.

PerópolisOutro tipo bastante comum que pode

ser encontrado na alta temporada em Cabo Frio é o veranista. Dono de casa na cidade, esse se dá ao luxo de visitá-la várias ve-zes ao ano, mas é no verão que chega em profusão. O Peró, bairro que abriga duas das principais praias da cidade, é o point favorito dos petropolitanos, o que já deu ao local o simpático apelido de “Perópo-lis”. O comerciante Jorge Sant’anna é um que não abre mão de vir para cá sempre que pode.

“Tenho meu apartamento e sempre que posso trago minha família para cá. Pode ser verão ou inverno. Quando não dá para vir, alugo para amigos. No verão, é difícil não ter gente por aqui”, contou, frisando que passa o dia na praia, almoça por lá mesmo e termina à noite do Peró Shopping, um dos pontos mais badalados do bairro.

PRAIA DO PERÓTerritório de petropolitanos

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Aeroporto, ponte para BúziosAo contrário do que sonha o secretário

de Turismo cabo-friense, a maior parte dos visitantes que chega à cidade via Aeropor-to Internacional, passa batido por ela em direção ao badalado balneário de Armação dos Búzios. No dia 21 de janeiro, quan-do aterrisou um voo charter oriundo de Santiago do Chile, no estacionamento em frente ao terminal, lá estavam dois ônibus aguardando a chegada dos turistas, prontos para levá-los ao seu destino: Búzios

O jornalista Christian Herren e sua esposa Carola Garrido já chegaram com pacote fechado de oito dias em uma pou-sada em Búzios.

“Vamos até visitar outras cidades, mas o destino é mesmo Búzios. Já estive no Brasil outras vezes, minha esposa vem pela primei-ra vez e gosto muito daqui. O pacote custou US$ 1 mil e acredito que vamos gastar cerca de R$ 300 por dia”, contou Christian.

No mesmo voo, o taxista Pedro Cesper, acompanhado da esposa Raquel Contrera, também rumava para Búzios. Para ambos, é a primeira visita ao Brasil.

“O pacote custou US$ 1 mil, mas não temos idéia de quanto vamos gastar. Não sabemos o preço das coisas, como é o valor da moeda aqui, o que ela pode comprar. Não faço ideia de quanto gastaremos por dia”, afi rmou Pedro.

O veranista também é o principal público visitante de São Pedro da Aldeia, cidade que tem como atrativo apenas a Lagoa de Araruama, não contando com faixa de mar em seu território. Com apenas 500 leitos na rede hoteleira, as casas de praia fi cam sempre cheias nessa época do ano. Para o secretário de Turismo, Fernando Moraes, no momento, o que pode ser feito é investir para manter esse turista na cidade.

“Temos de trazê-lo de volta, porque a maioria esteve afastada devido à po-luição da Lagoa. Aqui, sempre houve uma integração com os moradores da cidade, pois quem vem geralmente são famílias com pessoas acima de 50 anos. Estamos investindo nesse público”, disse o secretário.

Com o retorno da poluição na lagoa e a recente mortandade de peixes, o visitante de São Pedro da Aldeia, sem maiores opções, pega seu veículo em direção às praias das cidades vizinhas. À noite, elegeu seu lazer: a nova praça construída na entrada da cidade, que aos fi ns de semana agrega música ao vivo, um mini-shopping para compras e bares. É o caso do casal de apo-sentados Paulo Demóstenes e Maria Francisca, de Niterói, que depois de um dia de praia em Arraial do Cabo (eles adoram as águas tranquilas da Prainha), passeavam na nova praça.

“Gostamos muito da lagoa, pois criamos nossos fi lhos tomando banho ali. Mas agora está impossível, com peixe morto e tudo mais. A gente fi ca em casa pela manhã, vai à praia em Ar-raial após o almoço e de noite passeia aqui, sempre com nossos netos, de 10 e 12 anos. Adoramos São Pedro, mas sem a lagoa, a cidade fi ca sem opção”, queixou-se.

Turistas chilenos desembarcam em Cabo Frio e seguem direto para Búzios

Christian Herren e sua esposa Carola Garrido Acredito que vamos gastar cerca de R$ 300 por dia

Pedro Cesper, taxista O pacote custou US$ 1 mil

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Poucos leitos em São Pedro

SÃO PEDRO DA ALDEIATurismo depende da lagoa

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visitante de Arraial do Cabo é mesmo fl utuante. A cidade que abriga as mais belas praias da região e tem fama de

“capital do mergulho”, atrae diariamente centenas de pessoas, só que a hospedagem, refeição e lazer noturno são em outro local. O atual secretário de Turismo e Cultura, Marcos Simas, luta pela modifi cação desse perfi l.

“Hoje, posso dizer que o turismo em Arraial é muito fraco e já estamos traba-lhando para tentar mudar essa realidade. Mas esse é um trabalho que vai durar anos, não é de uma hora para outra que vamos conseguir esse objetivo. Agora, por exem-plo, estamos demonstrando que dá para fazer eventos diferenciados, atraindo um público mais selecionado com os shows do Fest Verão (que teve atrações como Geral-do Azevedo, Paulinho Moska, Beto Gue-des, Luis Melodia e Chico César). Arraial é muito mais que a capital do mergulho, somos uma das primeiras cidades a serem ocupadas pelos colonos portugueses, temos história, temos cultura e vamos investir nisso”, aposta.

Enquanto isso não acontece, a cidade

continua sendo procurada por gente que vem atrás da inigualável cor azul de suas águas para fazer o primeiro mergulho, chamado de batismo, e também por mer-gulhadores experientes, que não dispensam um passeio pela rica fauna e fl ora marinha da cidade. O mineiro de Governador Vala-dares, Juliano de Paula, esteve passeando em janeiro por Arraial para conhecer o fundo do mar cabista.

“Estamos numa pousada aqui em Ar-raial mesmo e amanhã vai ser meu batismo no mergulho. E foi bom ter escolhido aqui para fi car, parece ser bem mais tranquilo. Mas também rodamos por Cabo Frio e Búzios. O bom é conhecer tudo, não é?”, comentou.

Os passeios marítimos diários dos barcos ancorados na Praia dos Anjos tam-bém atraem muita gente para conhecer as belezas do Cabo, como Ilha do Farol, Prainhas do Pontal e outras. A grande maioria, no entanto, está hospedada em outras cidades, como Cabo Frio e Búzios, caso dos curitibanos Marcos e Odiléa Faria, que com a fi lha Ana Júlia, vieram à cidade especialmente para o passeio.

“É a primeira vez que visitamos a Região dos Lagos e estamos adorando. A gente está acampado em Cabo Frio, mas já conhecemos quase tudo. Hoje foi o dia de vir a Arraial e aqui é realmente muito lindo”, festejou Odiléa.

A proprietária de pousada, Keila Michel, conta que o público de Arraial é realmente muito diversifi cado, espe-cialmente em seu estabelecimento, à margem da Praia dos Anjos, de onde saem os passeios marítimos. Para ela, a cidade está numa encruzilhada e terá de se decidir se vai basear sua economia na atividade off-shore de exploração de petróleo ou turismo.

“Temos aqui 32 camarotes e recebemos desde gente que vem só para descansar, como os que saem de manhã para a praia, voltam à noite, quando saem novamente para badalar. Mas estamos bem próximos do Porto do Forno, que caminha para uma indústria que pode antagonizar com o tu-rismo, até pela questão estética. Talvez as duas coisas até possam andar juntas, mas terá que se ter um trabalho em cima disso”, preocupa-se.

VISÃOdo Paraíso

ARRAIAL DO CABO tem natureza deslumbrante, mas a falta de estrutura para o turismo faz com que a pequena jóia da Região dos Lagos tenha um público fl utuante e de qualidade contestada pelo poder público.

PRAIA GRANDEArraial do Cabo

Marcos e Odiléa Faria com a fi lha Ana Júlia A gente está acampado em Cabo Frio. Hoje foi o dia de vir a Arraial

Juliano de Paula Estamos numa pousada aqui em Arraial mesmo e amanhã vai ser meu batismo no mergulho

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Na trilha de Brigitte

turista de Armação dos Búzios é um caso a parte na Região dos Lagos. Ele frequenta bons restaurantes, compra

em boutiques requintadas e se diverte em boates cuja fama transcende o estado do Rio de Janeiro. Em suma, não tem medo de gastar. Por isso mesmo, sua presença acaba sendo sentida em toda a região.

Quem se hospeda em Búzios (princi-palmente se tiver comprado um pacote de viagem) muitas vezes passa por Cabo Frio – Boulevard Canal e Shopping dos Biquí-nis – e não dispensa um passeio de barco pelas belas praias de Arraial do Cabo.

O mundo voltou os olhos para o balne-ário pela primeira vez em 1964, quando a atriz francesa Brigitte Bardot, no auge da carreira, passou pelo local que, hoje, é co-nhecido como Orla Bardot (uma continua-ção da Rua das Pedras). Por ter se hospeda-do na casa do argentino Ramon Avellaneda, o acontecimento tomou grandes proporções na América do Sul e fez de Búzios o destino preferido do público latino.

Muitos deles, ainda nas décadas de 70 e 80, decidiram fi ncar raízes na então colônia de pescadores investindo, princi-palmente, na abertura dos primeiros hotéis e restaurantes. Daí a facilidade de encontrar alguém falando espanhol em qualquer esquina buziana.

“Apesar da fama já conquistada (desde 1964), até a década de 90 Búzios ainda era um roteiro opcional para o turista que che-gava no Rio de Janeiro. Isso mudou com o aumento da criminalidade na capital, o que fez muitos turistas optarem por se hospedar em cidades próximas ao Rio. Foi então que Búzios se tornou um destino internacio-nal”, conta o presidente da Associação de Hotéis de Búzios e proprietário da pousada Byblos, Thomas Sastre.

O casal Jorge Pedreira e Vivi Abufhele é um bom exemplo do tipo de turista mais assíduo de Búzios. O argentino e a chilena moram em Santiago do Chile, de onde compraram um pacote de viagem para passar uma semana no balneário. Pelo transporte aéreo, traslado e hospedagem na pousada Byblos com café-da-manhã

(diárias de R$ 430 a R$ 620), eles pagaram três mil dólares, o equivalente a R$ 6.500. Sem contar com os gastos com almoço, jantar, passeios pela cidade e compras em geral.

“Acordamos cedo e vamos logo para alguma praia, geralmente Geribá ou Fer-radura. Ficamos até tarde, depois almoça-mos, voltamos para a pousada e, à noite, andamos pela Rua das Pedras. Achei a cidade linda. Por mim voltamos no ano que vem”, contou a chilena.

“Fomos ao Rio em um dia e, em outro, fomos a Cabo Frio e Arraial do Cabo. Gos-tei muito da região, as praias são lindas. Tenho vontade de visitar outros lugares também, mas certamente não vamos demo-rar muito a voltar”, completou o argentino, que trabalha em Santiago como executivo de uma multinacional norte-americana.

Destino InternacionalCom o turista latino já consolidado,

o maior desafi o é aumentar a frequência de visitantes de outras partes do mundo. É para eles que pousadas extremamente

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A atriz Brigitte Bardot lançou Búzios como destino turistico internacional nos anos 60, e ganhou estátua e rua com o seu nome

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Tomás Baggio

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ORLA BARDOTBúzios

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luxuosas abrem as portas todos os anos no balneário. Uma das mais novas, a pousada Insólito (diárias de R$ 800 a R$ 1.400) já conseguiu entrar para o respeitado guia britânico Condé Nast-Johansens, que in-dica as melhores hospedarias ao redor do mundo. É lá que estavam o casal canadense Geoff Baker, colunista do jornal Seatle Ti-mes, e Amy Grazer, vice-presidente sênior de uma companhia de plano de saúde dos Estados Unidos.

Geoff está no Brasil pela segunda vez, mas a viagem, inicialmente, seria apenas para o Rio de Janeiro. Ele conta que, na capital, foi indicado a passar uns dias em

Geoff Baker e Amy Grazer: alto luxo no Insólito Como economizamos muito, a viagem fi cou em torno de dez mil dólares

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Jorge Pedreira e Vivi Abufhele: público latino prefere Búzios Fomos ao Rio em um dia, e em outro fomos a Cabo Frio e Arraial do Cabo

Búzios, cidade que conheceu através da internet.

“Vamos fi car duas semanas no Brasil e viemos a Búzios para passar três noites. Mas gostamos muito e decidimos fi car mais uma”, explicou.

Ele conta que a viagem teve custos bem mais modestos do que o esperado, uma vez que, para pegar o avião rumo ao Brasil, eles utilizaram milhas aéreas já acumuladas e, no Rio, não pagaram pela hospedagem no Merriot Hotel.

“Como economizamos muito, a viagem fi cou em torno de dez mil dólares (cerca de R$ 25 mil)”, contou.

Fláv

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DESCARTÁVEIS

CONFEITARIA & SORVETE

FESTAS

PAPELARIA

SUPRIMENTOS DE INFORMÁTICA

XEROX

RUA SILVA JARDIM, 88

CENTRO - CABO FRIO

LSopeDIS

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Fique Tranquilo !!! Nós entregamos para você ...

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S A B O R E SS A B O R E Sde Búzios

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Rio de Janeiro é o segundo polo gastronômico do país, apontam especialistas no ramo. O carioca gosta de comer bem e procura ser criterioso em suas escolhas. O importante não é necessariamente luxo, mas um conjunto de fatores que transformam

uma simples refeição num programa especial. Ambiente, localização, cardápio, custo e, principalmente, sabor e paladar, fazem a diferença. Armação dos Búzios, vilarejo de pescadores da Região dos Lagos, se transformou em destino turístico especializado em gastronomia. O balneário reúne chef’s de cozinha de altíssima qualidade. Alguns deles são referências nacionais.Com a chegada do verão, o movimento no balneário se multiplica e parte dos hábitos se altera. Ficam suspensas as folgas e os restaurantes trabalham direto, de 20 de dezembro até o fi nal da estação. CIDADE deu um giro no balneário e conversou com alguns desses mestres da culinária.No Sushi Solei, vivenciamos a experiência de misturar duas culturas famosas por sua gastronomia. Cozinha francesa e japonesa, na Orla Bardot, de frente para o mar. No Sawasdee, Marcos Sodré desmistifi ca a cultura tailandesa e produz um cardápio especial, adaptado ao sabor brasileiro. A mais tradicional comida francesa da Rua das Pedras não poderia fi car de fora e, por isso, Sonia Persiani, do Restaurante Cigalon, dá charme à nossa matéria. Zuza, por sua vez, é o chef que destaca o novo espaço gastronômico criado na cidade. Já o Baroque, espaço que mistura cozinha europeia e antiquário no Shopping Aldeia da Praia, em Manguinhos, virou point de quem procura um ‘quê’ a mais. E quem frequenta o Quintal sabe a exclusividade que o lugar impõe, uma vez que o gourmet Nelsinho, o mais requisitado do balneário, só atende em casa, com reservas antecipadas em mais de um mês. Em uma cidade com mais de 20 praias, não se pode falar em gastronomia sem lembrar dos pratos típicos feitos por Katherine Cansanção. À frente do Camarão Preto, na Praia Brava, ela está dando o que falar neste verão.

Chef’s requisitados fazem de Búzios um point da culinária sofi sticada

Rebeca Bruno BordaloFotos: Flávio Bordalo / Agência Contato

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Dois prazeres no restaurante Suchi Solei: a culinária sofi sticada e a paisagem

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Já imaginou um restaurante que não é aberto ao público? Assim é o Quintal. Comer por lá só com reserva, e antecipada. A concorrência por uma mesa é tão grande que reservas para o período de verão requer um mês de antecedência. O lugar é exclusivérrimo. Na verdade, não é um restaurante e sim a casa de um artista plástico, apaixonado pela cozinha, chamado Nelson Ramos, que encontrou na culinária a plenitude da arte.Conhecido por seus clientes

Exclusividade

carinhosamente como Nelsinho, a proposta deste cozinheiro é: “você vem na minha casa e eu cozinho pra você”. A produção da comida é toda feita por Nelsinho em uma cozinha americana, onde trabalha de frente para as mesas. Todos os pratos são criações próprias, ganham nomes originais e sofrem infl uência da cultura familiar no que diz respeito à cozinha, com avós italianos e portugueses. As ervas e temperos são cultivadas e colhidas por Nelsinho literalmente no ‘Quintal’ da casa. As massas servidas no restaurante são artesanalmente preparadas pelo cozinheiro. Tudo tem um toque pessoal. Em Búzios desde 1997, Nelsinho trouxe essa proposta do seu restaurante de Brasília, que tinha o mesmo nome e funcionava no mesmo sistema. Não há propaganda do lugar a não ser o boca a boca dos clientes. Nelsinho, sequer divulga os contatos do Quintal para reserva. “Sou da teoria que quem procura, acha. Esse não é um lugar para curiosos. Quem vem a minha casa comer sabe o tipo de serviço que ofereço, quanto custa e tudo mais. Meu negócio não está listado nem no roteiro dos restaurantes da cidade”, ressaltou Nelsinho.O restaurante conta com poucas mesas: seis na sala, uma na varanda - que só funciona quando não chove - e mais uma sala privê que acomoda até 10 pessoas. A criatividade se faz presente em todos os espaços. As mesas são, na verdade, tonéis de latão com um tampo por cima, tudo estilizado pelo próprio artista plástico. Na cozinha, panelas de cobre e artefatos oriundos dos mais diversos países do mundo. “Não tenho escola de cozinha. Minha experiência é totalmente experimental e intuitiva. Só faço aquilo que gosto de comer. Acho que a culinária, a gastronomia, é uma síntese de todas as artes. Pois além de criar e utilizar todos os seus sentidos para isso, é a única obra em que o autor comunga da criação. E isso é essencial para nossa sobrevivência. Sem alimento não há sobrevida e por isso transcende as outras artes”, fi losofa Nelsinho.Para ele, a plenitude em termos de expressão está no poder de dar prazer às pessoas através do paladar. Isso ele faz com gosto.

Nelson Ramos

Só faço aquilo que gosto de comer

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Quintal

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Geralmente os restaurantes nascem nos grandes centros e abrem suas fi liais em destinos turísticos, shoppings e tudo mais. Com o Sawasdee e o chef Marcos Sodré a história foi inversa. Nascido em Búzios, o restaurante virou referência no que diga respeito à culinária tailandesa, e depois de 10 anos exclusivamente no balneário, abriu duas novas frentes para atender às solicitações cariocas: Leblon e Fashion Mall, a segunda resultado do sucesso da primeira.Para dar conta dos empreendimentos,

Sawasdee

Culinária Tailandesa de Búzios para o Rio

Criamos aqui a família SawasdeeMarcos Sodré

toda a família foi envolvida na paixão pela cozinha. O Sawasdee do Leblon é tocado pelo fi lho de Marcos e também chef de cozinha Thiago Sodré. Este ano, Marcos deixa a cozinha de Búzios nas mãos de sua equipe, que trabalha junta há mais de dez anos. O comando do restaurante fi cará com a esposa e chefe de salão, Sandra Sodré. Partindo para mais uma empreitada da família, ele vai comandar o recém inaugurado Sawasdee Fashion Mall. O segredo do sucesso está na capacitação dos profi ssionais, no direcionamento das funções e, é claro, no trabalho de equipe. “Criamos aqui a família Sawasdee. Tem funcionários que trabalham conosco desde a inauguração do restaurante. Poucas vezes um bom profi ssional fez parte da equipe e foi embora. Cada um tem sua função e responsabilidade no resultado fi nal do serviço prestado”, explicou Marcos Sodré.O Sawasdee é o único restaurante de Armação dos Búzios que faz parte da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança, e tem destaque extra por isso.

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Começou com um café em um espaço de antiguidades. Aos poucos os clientesforam pedindo algo mais e, de repente, virou um restaurante. Quem passa por lá fi ca encantado com a mistura de gastronomia com antiguidade. O clima é

à meia luz e o paladar, dos deuses.Longe da concorrência dos restaurantes da Rua das Pedras, o Baroque oferece um clima especial para quem quer provar algumas iguarias sem se surpreender com a conta depois. É de fácil acesso e tem estacionamento para clientes. Especializado na cozinha europeia, o restaurante funciona dentro de um antiquário. Os clientes podem muitas vezes não saber, mas sentam em mesas e cadeiras de séculos passados, comem com talheres de prata, bebem vinho em taças de cristal legítimo e o que é melhor, tudo está à venda, inclusive o mobiliário. Gostou da mesa, da cadeira, do relógio na parede, do quadro, cristaleira ou qualquer outro objeto exposto na loja, basta perguntar o preço e saber como vai levar. Trata-se de um negócio de família. O restaurante é comandado por Ivana Broz e o antiquário por seu marido, Mike. O espaço leva o mesmo nome do restaurante original, localizado na capital Tcheca e comandado pela avó e pela mãe de Ivana. As receitas são muitas e as iguarias, mais variadas ainda. Há petiscos, beliscos, sopas, pratos principais e, claro, sobremesas. A sopa de espinafre é uma perdição até para quem não gosta da verdura. Outra delícia é o prato Gustavo: a verdadeira salsicha alemã grelhada, acompanhada com gran gratin de bacon e tchamalada. Ao todo são 42 pratos e 12 sopas.

Cozinha europeia e antiquário em um só lugar

Ivana Broz

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Baroque

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Mistura de sabores

A gastronomia de qualidade não está mais restrita apenas ao centro da cidade em Búzios. O Porto da Barra, em Manguinhos, pretende ser um novo point gastronômico. Reúne diversos restaurantes em um ambiente para lá de agradável. Representando toda a pompa do novo espaço está o Restaurante Zuza.Comandado pelo chef Chistopher Cabicieri, o Zuza, o restaurante tem uma proposta descontraída e singular. Uma fusão de sabores brasileiros, com infl uência de sabores do mundo, sem o

compromisso de seguir tendências. As ervas usadas como temperos são cultivadas em volta do próprio estabelecimento. O restaurante conta com duas cozinhas. Uma, na parte superior, onde é feito o preparo da parte bruta da cozinha e outra, em baixo, à vista dos clientes, onde os pratos são fi nalizados. “Propomos aqui no restaurante uma experiência com a cozinha, com o paladar”, diz Zuza. Fusões inusitadas como os rolinhos primavera de carne-seca com abóbora ou de rabada com agrião e o magret de pato ao molho de jabuticaba, provocam água na boca dos clientes. Outra marca da casa são os defumados, já que o restaurante conta com um defumador próprio, além da famosa pedra de frutos do mar.

Zuza Um novo “point”

Sushi Solei é uma inovação da gastronomia fazendo história em Búzios. Duas excelentes cozinhas, a francesa e a japonesa se unem para oferecer num mesmo espaço as duas opções para o cliente. Mas como é que é isso? Pode-se escolher: comida japonesa, culinária francesa ou ainda provar um misto dos dois ou um pouquinho de cada. A inovação está em funcionamento desde outubro de 2008 e é uma parceria do sushiman Bruno Rodrigues, mais conhecido como Bruninho, e Mikael Voltaire, chef do Bistrô Voltaire, na Orla Bardot. No deck anexo ao restaurante, os dois profi ssionais da gastronomia resolveram inovar e experimentar. Bruninho tem mais de 20 anos como sushiman e esbanja criatividade na elaboração dos pratos. “Os pratos tradicionais das duas cozinhas são os mais solicitados, mas não podemos deixar de fazer a gastronomia com arte. A inovação fi ca a cargo da troca de ingredientes, de acordo com a vontade do cliente”, explicou Bruninho. “Comida boa e fresca, ambiente limpo e atraente, que agrade o cliente e surpreenda na qualidade, essa é a proposta do Sushi

Solei”, conta Voltaire. Para isso, há treinamento de equipes, com direito a degustação dos pratos e tudo. Os bastidores do restaurante funcionam como uma escola para os funcionários. Isso, dizem os chef’s, se refl ete diretamente no atendimento ao cliente, a partir do momento em que o garçon sabe o que está vendendo.

Chistopher Cabicieri Zuza

Bruno Rodrigues e Mikael Voltaire

Sushi Solei

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Emoldurado em um dos mais belos cartões postais de Búzios, o restaurante Cigalon está há 14 anos na cidade e, assim como a sua proprietária e chef, Sonia Persiani, se consolidou. É sucesso de público e crítica na Rua das Pedras, um dos principais endereços e pontos turísticos do balneário. Debruçado sobre as areias da Praia do Canto, o prédio que abriga o restaurante e também a Pousada do Sol, primeira pousada do balneário, abrigou também Brigitte Bardot quando de sua estada no balneário. No restaurante é possível conferir fotos da atriz durante sua estada em Búzios. Como em todo verão, Sonia Persiani, incrementa novidades no cardápio. Entre elas estão: nos pratos principais, cabrito ao molho de menta com legumes orientais; linguado com alho poró e pimentão vermelho, sem pele e sem semente; e polvo a provensal. Para entrada, a novidade são as vieiras com espuma de capim limão. Na parte de sobremesas, Sônia bateu todos os recordes e preparou doces ainda mais saborosos. Chocólatra confessa, as sobremesas esbanjam sabor e cacau. Há declinações de chocolate; cake de chocolate com cremoso de chocolate e sorvete; profi teroles de nutela; chocolate bariloche, com biscuit de chocolate, creme de chocolate e creme parisié. Para quem não é tão fã assim de chocolate, há outras novidades, como tacinhas de creme de laranja e crumble de amêndoas e pêra caramelada.“Nosso controle de qualidade é extremo. O foco principal está no sabor. Como muitos dos clientes são cativos, sempre oferecemos coisas novas”, frisou a chef. Quem já é fã do Cigalon e da chef Sônia Persiani, agora tem mais uma novidade. Em dezembro ela inaugurou um café, o Madame Toffi , também na Rua das Pedras. No cardápio, uma gastronomia mais descontraída, com toda a técnica da cozinha francesa. Isso inclui sanduíches, tacas, terrines, patês de campo, baguetes, petiscos, beliscos, cafés e sobremesas.

Não dá pra falar em gastronomia em uma cidade de praias sem destacar o que há de melhor em sabor no clima mais descontraído possível. Praia, sol, areia, mar, gente desfi lando de biquíni e sunga, tudo muito normal para um vilarejo de praias. Mas se você está pensando que, só por isso, vai comer uma comidinha qualquer, um belisquinho de peixe ou frutos do mar preparado sem nenhum requinte e frito em óleo velho, está muito enganado. Em Búzios é possível curtir praia e gastronomia ao mesmo tempo, surpreendendo os mais exigentes paladares.Katherinhe Cansanção seria médica se não tivesse abandonado a faculdade ao descobrir sua

Mais buziano impossível

Kaká é a Chef da Praia

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satisfação na cozinha. Foram muitos anos dedicados à sua formação. É gastrônoma conceituada, com especialidade em consultoria e treinamento profi ssional e também enóloga. Hoje, mais do que nunca, ela está realizada e faz o que gosta. Kaká, como é carinhosamente chamada por amigos e clientes, está à frente do Restaurante Camarão Preto, localizado na Praia Brava, ao lado do marido Tiano, pescador e barman do local. O restaurante, que nasceu de um quiosque na praia, oferece gastronomia refi nada, sempre fresquíssima, e com custo acessível. A cozinha servida pode ser classifi cada como

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Camarão Preto Katherinhe Cansanção

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Cigalon

internacional, com uma grande oferta de frutos do mar. Entre as especialidades servidas na Praia Brava estão ceviche’s, três formas diferentes de servir lula, o famoso polvo preparado por Kaká e suas sobremesas de tirar qualquer um da dieta, entre tortas, mouses e sorvetes. “Gosto muito de criar. Esse negócio de fi car seguindo receita não é comigo não. Tomei gosto pela antropologia da nutrição. Gosto de saber a origem de cada comida, como foi criado cada prato e tenho oportunidade de trocar isso com os meus clientes, em passar-lhes um pouquinho do meu conhecimento. Receita é fácil seguir”, diz a chef Kaká.

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Sempre oferecemos

coisas novas

Sônia Persiani

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O que motivou a vistoria feita pela Comissão de Meio Ambiente?

Recebemos uma série de denúncias de cidadãos que mo-ram ou que visitam a região.

Que locais foram visitados?Vistoriamos as estações de

tratamento de esgoto, a obra da Serla no canal Itajuru e vimos a situação da Lagoa de Araruama, onde identifi camos a existência de algumas bocas de saída de esgoto. Fomos no lixão de Arraial: aquilo é uma vergonha para a cidade, para o estado do Rio e para o mundo. Em uma área tão bonita de preservação como a de Massambaba, é um absurdo ter um lixão daqueles, isso em nenhum lugar do mundo seria permitido.

O senhor apontou irregu-laridades na construção do Club Breezers, em Búzios, e disse que o empreedimento pode ser multado em até R$ 5 milhões. O que está errado?

Eles tinham que ter um vi-veiro e não têm nenhuma muda no local. Eles dizem que estão fazendo educação ambiental, mas a gente passa e vê lixo de toda ordem largado no meio da vegetação. Eu acho que o Breezers está pecando muito. Tudo isso pode efetivamente gerar multa. Dependendo da penalidade pode gerar até cassação da licença. O fator execrável deles para mim é não terem a licença de instalação no local da obra. Fora que a obra, na minha visão, do ponto de vista arquitetônico é horrível.

O deputado estadual André do PV, além de líder da bancada do Partido Verde, é presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). No fi m do mês passado, ele esteve na Região dos Lagos a fi m de vistoriar obras de construção de resorts em Áreas de Preservação Ambiental de Cabo Frio e Búzios. Também acompanhou os trabalhos no lixão de Arraial do Cabo e viu o drama do derramamento de esgoto in natura na Lagoa de Araruama.

Tomás Baggio

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Mas eu não posso multar e nem derrubar nada. Eu sou o agente político que vai cobrar do Inea essa questão

Qual a sua opinião sobre a construção de empreendi-mentos imobiliários em Áreas de Proteção Ambiental?

Eu seria a favor com um pouco mais de restrições que as atuais, eu daria uma área de construção um pouco menor e daria uma compensação maior. Quem quer construir um resort não pode estar sem dinheiro.

A maior discussão em torno do projeto Reserva Peró é a construção de campos de golfe e loteamentos na APA do Pau Brasil. O senhor autorizaria esse tipo de construção?

Eu acho isso tudo complica-díssimo. Se eu fosse secretário, por exemplo, não autorizaria. Eu sou contra campo de golfe, além de ser uma área grande que se utiliza tem que ter pes-ticida para manter o campo verde. Ali tem uma reserva de água que precisa ser medida e

eles vão aterrar uma parte. Os loteamentos, provavelmente eu não concordaria. Um resort você consegue integrar ao am-biente, o loteamento não.

O senhor conhece o sistema de captação de esgoto em tempo seco utilizado na Região dos Lagos? Qual a sua opinião sobre ele?

Eu acho que esse sistema tem que mudar para o de rede seletiva. Por isso que eu visitei as ETEs e a nossa orientação vai ser para mudar isso para fazer a captação em rede separativa.

O presidente do Inea, Luis Firmino, diz que seriam necessários R$ 3 bilhões para fazer a rede separativa em toda a região, e afi rma que isso seria inviável.

Não tem problema nenhum com relação ao dinheiro, o Fir-mino é um cara competente e eu tenho certeza que ele conse-gue. Junta o Estado e Governo Federal e consegue. O governo Federal está reclamando que ninguém tem projeto. Tem

dinheiro do PAC sobrando. O Firmino é bom em projeto, eu acredito na competência dele.

Além da polêmica construção do Breezers, Armação dos Búzios sofre com as construções irregulares em topos de morro e com o derramamento de esgoto no canto esquerdo da Praia de Geribá. Em que a Comissão de Meio Ambiente pode ajudar a cidade?

Búzios viveu uma situação de um caos administrativo muito grande. O prefeito Toni-nho Branco foi um verdadeiro arraso para Búzios. Eu tenho certeza que este prefeito vai pagar um dia. O Tribunal de Contas vai ver isso. A adminis-tração do Toninho Branco foi a do “libera geral”.

Que providências serão tomadas com base nas irregularidades encontradas?

Vou preparar um relató-rio e encaminhar um parecer solicitando investigações por parte dos órgãos competentes. A forma com que eu ajo é a mesma forma que o cidadão comum age, só que a gente tem um mandato de administração pública para cobrar.

A visita se estenderá a outras regiões do estado?

Sim, essa é a primeira expe-riência da Comissão indo para fora. Antes a Comissão fi cava muito restrita ao Rio, mas isso precisou ser ampliado porque hoje nós estamos sofrendo com a degradação do solo em todo o estado.

10 PERGUNTASDeputado André do PV

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Descascando o abacaxiC a m p o s d o s G o y t a c a z e s

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ROSINHA GAROTINHOPrefeita de Campos

Acho que em seis meses é possível pôr ordem na casa e mostrar os primeiros resultados à população

ssim que tomou posse como prefeita de Campos, no dia 1º de janeiro, Rosinha Garotinho trocou o vestido de gala por uma calça jeans e um

colete da Defesa Civil, seguindo para a localidade de Três Vendas, onde centenas de moradores fi caram desabrigados pela cheia do Rio Muriaé. O gesto simbolizou a atenção com a população mais humilde do município, que, desde o início da estação das chuvas, não tinha recebido a visita de Alexandre Mocaiber, antecessor de Ro-sinha. Numa leitura mais ampla, o colete

Gustavo Araújo amarelo da nova prefeita cairia mesmo muito bem numa administração herdada em estado de calamidade.

Só de dívidas com o governo federal, Rosinha afi rma estar recebendo R$ 237 milhões de herança, o que impossibilita a administração de receber recursos de Bra-sília. Uma tremenda pedra no sapato — de salto alto ou não — para quem prometeu construir dez mil casas populares em quatro anos e necessita ter um bom relacionamento com as altas esferas do poder. Pode não ser tão fácil, uma vez que é notória a desavença dos Garotinho com o governo Lula.

Os abacaxis encontrados por Rosinha

são bem mais numerosos, espinhosos e muito, muito azedos. No apagar das luzes, assessores do ex-prefeito também apagaram a memória de vários computa-dores — não se sabe bem a causa. Foram deletadas informações como os benefi -ciados pelos programas Bolsa Família e Vale-alimentação, as pré-matrículas na rede municipal de educação e o número de bolsistas que recebem bolsa universitária. Na área de saúde, faltam remédios, sobram medicamentos com validade vencida e, das 131 ambulâncias da frota da Secretaria de Saúde, 97 estavam paradas por falta de manutenção.

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38 CIDADE, Fevereiro de 2009

ROSINHA visita Três Vendas onde moradores fi caram desabrigados pela cheia do Rio Muriaé

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“Estou tendo que começar do zero, ten-do que trocar o combustível com o avião no ar porque as escolas não param, os postos de saúde têm que atender a população. Eu só preciso de um tempo e tenho certeza que a população vai me dar esse tempo”, desabafou a prefeita, resumindo o quadro que encontrou no primeiro dia do ano: “A estrutura está tão esburacada quanto a cidade”.

Os primeiros dias de governo também trouxeram à tona uma avalanche de irre-gularidades cometidas pela administração Mocaiber, cuja prisão foi pedida pelo Ministério Público Federal no dia 16 de janeiro por suspeita de desvio de verbas federais do Programa Saúde da Família (PSF). Uma das aberrações, ocorrida na Fundação Zumbi dos Palmares, é o paga-mento de cheques de até R$ 80 mil sem empenho, além da contratação de shows que foram pagos e não realizados. Segun-do o novo presidente da fundação, Jorge Luiz dos Santos, as irregularidades che-gam a R$ 7 milhões e serão devidamente encaminhadas ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Na Guarda Civil Municipal, apenas no mês de dezembro de 2008 foram pagos mais de R$ 1,5 milhão em serviços de consultoria que nunca aconteceram, para a implantação de uma academia preparatória, uma correge-doria e implantação da ouvidoria.

Uma situação particularmente incômo-da diz respeito à permanência, na admi-nistração municipal, de aproximadamente

9 mil de servidores terceirizados, cuja de-missão deveria ter acontecido no governo passado. Num encontro com o promotor de Justiça Êvanes Soares no dia 27 passado, Rosinha selou um acordo que garante a recontratação por 90 dias de até 60% dos contratados que permanecem trabalhando. Os outros serão demitidos. Após este pe-ríodo, a prefeita tentará um novo acordo com o Ministério Público Estadual para que os prestadores de serviço continuem na administração pública por meio de licitação. Tudo isso, diga-se de passagem, acontece num mês em que os municípios produtores de petróleo da Bacia de Campos viram o repasse dos royalties despencar 30%. No caso de Campos, o cinto teve de ser apertado em R$ 11,8 milhões.

“A situação é muito difícil, são muitas dívidas, estou começando do zero. Sabia que seria assim, mas as pedras que estou encontrando no caminho não farão com que eu me desvie”, comenta Rosinha, que costuma citar trechos da Bíblia em seus discursos. Otimista, no entanto, ela chega a falar em prazo para respirar mais alivia-da. “Acho que em seis meses é possível pôr ordem na casa e mostrar os primeiros resultados à população. Chego muito cedo e saio muito tarde da prefeitura, procuro me desdobrar”, diz a prefeita que, por causa das infi ltrações que encontrou em seu gabinete logo no primeiro dia de trabalho, está despachando provisoriamente na Se-cretaria de Planejamento. Pelo menos ali, sem precisar do colete amarelo.

C a m p o s d o s G o y t a c a z e s

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39CIDADE, Fevereiro de 2009

Tomás Baggio

té agora, seis pré-candidatos estão na disputa e tentam compor a chapa que, pelo estatuto da entidade, deve ter 40 nomes de empresários cadastrados

e em dia com suas contribuições. O prazo fi nal para a inscrição das chapas termina no dia 27 de fevereiro, e só então serão conheci-dos os candidatos à presidência da entidade, cuja votação será no dia 19 de março.

A disputa começou com clima quente. Por enquanto, a guerra está nos bastidores e, mesmo que a campanha não tenha co-meçado ofi cialmente, já existe a tentativa de impugnação de um dos pré-candidatos. Com maior ou menor intensidade, todos os presidenciáveis que foram ouvidos por CIDADE criticam a gestão do atual presidente da entidade, Adelício José dos Santos. Ele, por sua vez, defende os oito anos de trabalho à frente da Acia.

Um dos candidatos é o atual vice-pre-sidente da entidade, o empresário Eduardo Rosa (Madeireira Ita). Na opinião dele,

a imagem da Acia está desgastada junto à opinião pública devido ao afastamento do presidente durante o período eleitoral (Adelício saiu por três meses para coorde-nar a campanha do prefeito reeleito Marcos Mendes). Ele diz que pretende conduzir a Acia “de uma forma mais independente”, e afi rma que, se for eleito, vai lutar pela concessão de benefícios fi scais para os empresários.

“Hoje a Acia passa por um descrédito devido à falta de ações mais objetivas para o fortalecimento dos empresários. Temos que discutir a chegada das grandes lojas em Cabo Frio e lutar por incentivos fi scais para que as nossas empresas não sejam massacradas pelas que vêm de fora”, afi rmou ele.

O destaque entre as propostas de Edu-ardo Rosa é a realização de feiras setoriais. De acordo com ele, a Feira Forte não con-templa diversos segmentos da economia cabo-friense.

“Pretendo fazer feiras segmentadas e, também, levar esses eventos a bairros cujo comércio está se fortalecendo, como São

Cristóvão, Jardim Esperança e Segundo Distrito”, propõe.

Outro membro da atual diretoria que também sai candidato é o tesoureiro Carlos Alberto Cardoso (Praia do Forte Imóveis). Ele aposta na experiência como gestor dos recursos da entidade para fortalecer ainda mais a Feira Forte, e diz que, se for eleito, tentará implantar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) empresarial, com taxas especiais, e questionará a cobrança do alvará anual por parte da prefeitura, o que, segundo ele, é ilegal.

“A Acia foi deixada de lado nos últimos anos. Vamos nos aproximar do empresário através do projeto Acia itinerante, além de implementar uma ouvidoria on line. Também precisamos de uma ampla revisão na carga tributária, pois em Cabo Frio o ISS (Im posto Sobre Serviços) é de 5% sobre o faturamento, enquanto nas cidades ao re dor chega a, no máximo, 2%”, justifi cou Cardoso.

Ele diz, no entanto, que a principal proposta de sua campanha é desenvolver o Banco de Oportunidades da Acia.

“Vamos fazer um cadastro de uni-

Disputa quente para a AciaDEPOIS de oito anos sob a mesma administração, a Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio (Acia) passa pelo processo eleitoral mais disputado em uma década.

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EDUARDO ROSAIndependência

RICARDO GUADAGNINDe empresário para empresário

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versitários e colocá-los à disposição dos empresários. Será um cadastro de pessoas qualifi cadas, prontas para entrar no merca-do de trabalho”, disse ele.

Reconhecendo avanços na administra-ção Adelício, Ricardo Guadagnin (D&C Cozinhas) é outro membro da atual dire-toria na disputa. Ele afi rma, no entanto, que a Acia “está sob amarras políticas”, e propõe o fortalecimento interno dos funcionários.

“Vamos fazer uma administração de em-presário para empresário. Temos que estar livres para trilhar nosso próprio caminho. Um dos pontos principais será o fortaleci-mento dos funcionários, que são técnicos que trabalham independentemente de quem está comandando a Acia no momento. Vamos estabelecer um quadro de ética e de conduta e um plano de cargos e salários, entre outras coisas”, declarou Ricardo.

Para os associados, ele pretende dar continuidade a projetos como o Café-com-Idéias, com a ressalva de implementar uma dinâmica de grupo nas reuniões, para que os empresários possam discutir e encontrar soluções.

“Temos que discutir questões como a vinda de um shopping center para Cabo Frio, o que não vai demorar muito para acontecer. Vamos ajudar e preparar o em-presário para fazer um plano de negócios adequado para o shopping, se realmente

o negócio é para um shopping. Devemos trazer essa claridade, sair do lado subjetivo, da emoção, e ver a razão, frisou.

Já para o empresário Adilson Moraes (Alta Fusão), um dos primeiros a se colocar na disputa, uma discussão importante está justamente na quantidade de membros necessária para se compor uma chapa. Se eleito, ele pretende mudar o estatuto pois, de acordo com ele, a regra “ajuda o grupo que já está no poder”.

“A Acia, hoje, tem em torno de 550 a 600 membros aptos a votar. Se cada um dos seis candidatos compor a chapa com 40 nomes, mais de um terço do total de asso-ciados já estará comprometido. Quem está no poder leva vantagem com isso, porque tem o controle da situação”, alegou.

Morais aposta na experiência de 40 anos no ramo comercial, e diz que a Acia precisa de um “choque de gestão”.

“A Acia hoje tem uma administração obsoleta, desgastada. A entidade hoje só funciona da ponte para cá (centro). Se eu for eleito, vou levar a Associação Comer-cial até o Segundo Distrito, para que os empresários também recebam informações e serviços”.

Acesso às informações, por sinal, é uma outra reclamação de Moraes. Segundo ele, a lista que lhe foi disponibilizada dos fi liados não está correta.“O presidente está difi cultando o processo”, acusou.

Adelício rebate críticasEm oito anos como presidente e dois

como vice, Adelício José dos Santos garante que a disposição para conduzir a Acia não diminuiu. Segundo ele, o pique é o mesmo de quando entrou, só que, agora, com mais experiência na atividade.

“Se eu estivesse cansado a minha em-presa (Engeluz) já teria falido. Estou há 28 anos à frente da minha empresa e dez anos na Acia e, nos dois casos, elas estão se expandindo. Isso quer dizer que o meu fôlego é o mesmo, só que agora com mais experiência”, declarou.

Adelício afirma que ter participado da coordenação de campanha do prefeito Marcos Mendes não infl uenciou na gestão da Acia, e diz que se afastou “por uma questão de ética”.

“A gente não vive longe da política, não podemos fi car longe do poder. Participar da campanha do Marquinho foi uma escolha minha, mas em nada infl uenciou na Acia. Em nenhum momento levei o prefeito lá para fazer campanha. E nada no estatuto diz que eu precisava me afastar, mas o fi z por uma questão de ética”, completou ele.

Confusão nos bastidoresNem começou ofi cialmente e a campa-

nha rumo ao comando da Acia já tem a ten-tativa de inviabilizar a pré-candidatura de José Martins (Restaurante do Zé). No fi m

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JOSÉ MARTINSCandidatura contestada

WALMIR PORTOOutra visão

ADILSON MORAESChoque de gestão

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do mês passado, a assessoria do pré-candi-dato Walmir Porto (construtora Leal Porto) enviou um comunicado à reportagem de CIDADE alegando que “as empresas do Zé Martins (Restaurante do Zé e Sorveteria do Zé) não estão no nome dele, mas de duas fi lhas do empresário. Desta forma, ele não é associado da Acia, mas as fi lhas, sim. Assim sendo, ele não pode ser candidato, só as fi lhas dele”, afi rma.

Walmir Porto, que foi vice-presidente da Acia entre 2005 e 2007, também critica a atual administração da entidade.

“No tempo em que estive como vice-presidente da Acia, percebi que algumas ações impostas pelo presidente acabaram enfraquecendo a entidade, e fazendo não apenas com que o número de associados ativos sofresse uma redução como, tam-bém, afastaram outros possíveis novos associados. Por não concordar com essas ações, me afastei da vice-presidência, e agora estou lançando minha candidatura”, disse ele.

O empresário José Martins, por sua vez, rechaça de forma veemente as acusações de que estaria em situação irregular junto aos cadastros da Acia.

“O artigo 12 do estatuto da Acia diz que todo aquele que é associado pode votar e ser votado. Logo, não posso interpretar de outra forma que não sejam boatos ou medo dos concorrentes, que se prestam a

tais atitudes ao invés de trabalhar para me-lhorar nossa cidade. O estatuto é igual para todos. Ainda não sou candidato porque a campanha ainda não começou, mas semana que vem (começo de fevereiro) estarei com minha chapa registrada e contando com os votos de todos os comerciantes que dese-jam uma Acia melhor”, defendeu-se.

José Martins também faz uma extensa lista de projetos a serem implementados se for eleito.

“Vamos dinamizar o serviço do SPC, possibilitando uma pré-inclusão direta pelos comerciantes; aproximar o comer-ciante do consumidor, através de cursos qualifi cando o atendente, com parcerias que ajudem os comerciantes e preços módicos; fazer campanhas publicitárias fortalecendo o comércio local, com pro-moções e sorteios de brindes que cativem ao consumidor comprar em nossa cidade; ampliar os convênios existentes e criar no-vos que facilitem a exportação de produtos pelos comerciantes locais; fechar parcerias bancárias visando facilitar a linha de crédi-to para os comerciantes, com juros baixo e sem taxas contratuais; fazer convênios e parcerias com o Estado e Município, benefi ciando os associados, entretanto, sem misturar gestão da administração com política; facilitar o acesso as dependências da sede e, começar planejar uma nova sede para um futuro próximo”.

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ADELÍCIO DOS SANTOSAtual presidente

CARLOS ALBERTOAtual tesoureiro

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Aloha!

A NOVA ONDA nas águas da Região dos Lagos é a canoagem havaiana. O esporte vem atraindo cada vez mais adeptos desde que foi fundado o Hui Wa‘a (Hui signifi ca clube e Wa‘a canoa), uma escolinha de canoagem onde se aprende o esporte e, também, um pouco da cultura do Havaí.

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litoral da Região dos Lagos tem excelentes condições para a prática, e Cabo Frio já fez até um campeão bra-sileiro no esporte desde que a canoagem havaiana foi trazida para a cidade, há cerca de três anos.

Apesar de parecer exótica aos olhos da maioria dos moradores locais, a canoa havaiana já faz parte do cenário cabo-friense. Quem pratica o esporte diz que Cabo Frio é tão bom quanto o Hawaí para a modalidade.

“Temos água limpa, boas ondas e águas abrigadas se qui-sermos”, diz o professor de educação física Alexandre Batista, fundador do clube.

A grande vantagem de Cabo Frio é contar com o canal do Itajuru, que leva o esportista ao mar aberto ou à Lagoa de Araruama. Nos treinos da escolinha, os alunos costumam ir até a Ilha do Papagaio ou à Ilha do Pontal, em Arraial do Cabo. A região é tão boa que sedia a quarta etapa do Circuito Brasileiro. A primeira e mais longa etapa, 75 quilômetros, acontece no litoral de São Paulo, a segunda no Rio de Janeiro e a terceira na raia da USP. A etapa de Cabo Frio também abre o circuito OC-1(Outrigger Canoe, modalidade com canoa para apenas um remador) e OC-2 (para dois remadores).

Christian Borgo, de 25 anos, morador de Cabo Frio, foi campeão brasileiro na categoria OC-1 em 2007. No mesmo ano, Christian e o professor da escolinha Henrique Vogel, de 28 anos, fi caram em terceiro no ranking nacional.

“Aqui todo dia os treinos são emocionantes. A escolinha conta com cerca de 80 alunos. Muitos já participam de compe-tições. Quem gosta de aventura, pode aproveitar as ondas o que obriga o atleta a ter ótimas condições técnicas. Quem é bom aqui é bom em qualquer lugar”, vibra Alexandre.

A escola, quarta no estado do Rio de Janeiro e única na Região dos Lagos, conta com duas canoas do tipo OC-6 (para seis remadores), além de outras menores (para um e dois re-madores). Durante as aulas, os instrutores costumam passar também um pouco da cultura havaiana, o que torna o esporte ainda mais atraente. Segundo Alexandre, esse tipo de canoa existe no Hawaí há mais de três mil anos. Elas eram usadas para resolver disputas políticas.

“Muitas vezes o time que perdia tinha que ir embora com os familiares para outras terras. Eles tinham um espírito guerreiro, mas era uma disputa de paz. Isto porque eles deixavam de fazer a guerra com a competição de canoagem”, fi losofa.

Quem entra em uma típica canoa havaiana tem que co-nhecer o ritual que Alexandre faz questão de passar para os alunos. Segundo ele aprendeu com um amigo havaiano, não se pode entrar calçado na embarcação, nem fazer xingamentos e ofensas dentro dela. Não é permitido ainda pular por cima de uma canoa havaiana, nem se apoiar ou encostar o corpo nela. Além disso, as canoas havaianas devem ser sempre paradas de frente para o mar. Mas uma das tradições mais difíceis de ser mantida, pelo menos para os não havaianos, é a de não fi car em pé dentro do barco.

Os nomes das canoas que fazem parte do clube também têm história. Preservando as tradições, elas foram batizadas em dialeto havaiano. Uma se chama Wa‘alele, que signifi ca

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Rosa School

ALEXANDRE BATISTA Temos água limpa, boas ondas e águas abrigadas se quisermos

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Aloha - palavra usada no Hawaí para bom dia, boa noite, oi, tchauA-Akahai – ser gentilL-Lokahi – uniãoO-Olu olu – concórdiaH-Ha‘aha – paciênciaA-Ahonui - humildade

“canoa voadora”. A outra se chama O‘Kole Mõmona, que seria “popa redonda”, mas é também uma gíria havaiana.

Alexandre Batista gosta também de en-sinar os remadores os nomes das peças das embarcações em havaiano. E estes nomes são carregados de signifi cados. A típica canoa havaiana e as polinésias se caracte-rizam, segundo ele, pela existência do Ama, um casco menor que geralmente fi ca do lado esquerdo da canoa para dar equilíbrio na água. Alexandre explica que, de acordo com os havaianos, esta parte da embarcação possui uma energia predominantemente feminina e esta energia é chamada de Mana Hina. Já o corpo principal da canoa seria, segundo os nativos do Hawaí, de energia masculina, chamada Mana Kane. O pro-fessor diz que para ser um bom remador é preciso saber unir estes dois Manas. A união das energias femininas e masculinas também de quem navega, assim como a união das partes da canoa, daria o equilíbrio que é chamado de Pono.

“Pono é a palavra mais importante para eles e para a canoagem. É a união da

força do remador ou remadora, que seria a energia masculina, mais a elasticidade e a suavidade do movimento de remar, que seria a energia feminina.”

“A cultura havaiana não bate de frente em nada com a nossa cultura. Prega o equilíbrio. Acredita numa força espiritual. Se mantivermos a ligação espiritual e o compromisso com a verdade nossa decisões serão equilibradas”, diz.

Portanto, Aloha!

ETAPAS do Campeonato

Brasileiro disputadas na Praia do Forte/Cabo Frio

PRATICANTES do esporte reunidos na Praia das Palmeiras

SÉRGIO NOGUEIRA comemora as primeiras medalhas de Cabo Frio

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O que signifi ca?

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E s n e s t o G a l i o t t oO P I N I Ã O

evido ao crescimento populacional na Região dos Lagos, principalmente na alta temporada, estamos com um

alto custo em se tratando da nossa tese ambiental, e a laguna de Araruama é a primeira a pagar o pato. Ela absorve o que resta do esgoto e de toda a poluição em geral, inclusive garrafas plásticas e etc. É necessário, mais ou menos, dois ou três meses para normalizar o impacto da degradação, incluindo o excesso de chuvas e com isso toda a água fl uvial escorre para dentro da laguna. Temos que admitir que pagamos um preço para um desenvolvimento urbano, pois no lugar de paralelepípedos que absorveria uma grande parte das chuvas, optam pelo asfalto e esse foi um erro de cálculo. É evidente que a lâmina do asfalto dá menos trabalho para a manutenção mas, certamente se a cidade estivesse sido calçadas com paralelos, evitaríamos mais de 50%, não só da poluição mas também afetando a salobridade. Esse é um dos assuntos que pesa na balança para a recuperação desse patrimônio.

Outra etapa difícil, mas não impos-sível é preservar os nosso verdes. Basta investir e com tão pouco, podemos resol-ver um problema que no futuro poderá ser grave e irreversível. As imagens de Cabo Frio vista de cima, mostram o

quanto seria importante demarcar todas as nossas áreas verdes para que no fu-turo sirva para um turismo inteligente, ecologicamente falando. Aliás, o mundo está buscando isso e o povo também está buscando lazer, natureza e ar puro e nós temos que nos preocupar com isso, já que pensamos e queremos um turismo de alto nível para Cabo Frio. Volto a frisar a importância que teria em fazer uma trilha para caminhada ecológica de pedestres, ligando o canal do Itajuru à praia das conchas.

A nova secretária de ambiente criada no dia 12 de janeiro de 2009, certamente vai ter grandes trabalhos para serem cumpridos na Região dos Lagos, como: o isolamento do esgoto in atura dentro da laguna, a defi nição do rio Garguá e do rio Una e criar defi nitivamente o que já foi noticiado, os corredores verdes da nossa região. Transformá-los em par-ques ou Apas seria a melhor forma de evitar o desmatamento e as ocupações desordenadas.

Nosso trabalho sempre foi em prol de salvar o que ainda nos resta, seja por terra, mar ou ar e de olho no futuro dando idéias, sugestões, criticando e denuncian-do quando for preciso. Não só trabalhan-do pelo presente mas também pelo futuro, inclusive das nossas gerações.

Os Patrimônios Naturais da Região

Cidade de Cabo Frio cresceu entre a lagoa e o mar

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N U T R I Ç Ã O

DANUZA LIMA é [email protected]

Nutrição na terceira idade

ientificamente, a terceira idade começa aos 65 anos de idade, mas muitos fatores infl uenciam

o processo de envelhecimento, como o meio ambiente, estilo de vida, fumo, alimentação, atividade física, depres-são, stress entre ouros. A alimentação nessa fase da vida deve se adequar as condições orgânicas e funcionais de cada pessoa.

É comum o aparecimento de pro-blemas como gases, má absorção de nutrientes, prisão de ventre, obesidade, doenças reumáticas, cardíacas, artrite, osteoporose, Alzheimer, Parkinson, etc. Além de alterações do paladar e do olfato, com redução na percepção dos sabores salgado, doce e ácido, redução da salivação, menor capacidade de mas-tigação, diminuição da sensação de sede e de diversos distúrbios da deglutição.

Vários estudos mostram que deter-minados legumes e frutas atenuam o processo de multiplicação de células tumorais, como o brócolis, tomate, soja, alho, cebola, pimenta e frutas cítricas (laranja, limão, kiwi, acerola).

A hidratação também é muito im-portante, pois evita o aumento da con-centração de medicamentos no sangue e mantém o bom funcionamento do intestino. Coma mais verduras e frutas e substitua o açúcar branco por mel. Evite alimentos refi nados (farinhas brancas, pães, biscoitos), substituindo-os por integrais. Inclua alimentos ricos em cál-cio (leite e derivados), faça atividades físicas de forma constante e orientada, tome banhos de sol diariamente e evite o excesso de café. Isso evita o processo de osteoporose.

A utilização de diuréticos pode levar a depleção de potássio gerando cãibras e até depressão. É aconselhável beber sempre um copo de suco de laranja ou comer uma banana para atenuar o pro-blema. Na terceira idade é aconselhada a utilização rotineira de alimentos ricos em vitaminas, principalmente A e C, porém uma suplementação preventiva deve ser discutida com o profi ssional que acompanha o idoso.

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Ensaio em pessimismo

Ernesto Lindgren

P o n t o d e V i s t a

ERNESTO LINDGREN é sociólogo

De volta ao azul” foi destaque na edição de dezembro/2008 desta revista, com fotos de

praticantes de windsurf, declaração de dono de bar e restaurante. E teste-munhos: “Dá pra ver o fundo”. Mas há, também, a observação de quem conhece a lagoa, o presidente da Colônia de Pescadores da Praia do Siqueira, Jordilei Ramalho, o Ginho: “... a lama que insiste em não sair dali deve-se a um erro de projeto... Como aqui é uma ponta, não há renovação necessária”. Refere-se à água que sai do Canal Palmer. Mas não se trata de erro de projeto. Como diz o presiden-te da Serla, “nada é por acaso” e não será por acaso, engenho ou arte que os princípios da hidrodinâmica serão alterados para que se torne realidade o que funciona no papel, que aceita tudo. O movimento da água na lagu-na em Cabo Frio continua o mesmo: entra pelo Canal Itajurú e se divide. Uma corrente segue pela parte sub-mersa do Canal Palmer, outra vai na direção do Porto do Carro e outra na da Praia das Palmeiras. A segunda faz o contorno e esbarra na ilhota ligada à Ilha da Conceição por uma lâmina de água com não mais do que 50 centímetros. Até 1998 tudo ia como sempre e lá se vão 509 anos pelas nossas contas, mais de 20 mil pelas costas daqueles que cujos ossos são motivo de preocupação com a proposta construção dos Clubes Med e Breezes. A canalização do valão aberto por Paulo Burle para escoar a água plu-vial do seu coqueiral mudou tudo. Tinha cinco metros de largura, um quilômetro e tanto, funcionando como uma fossa que absorvia até 80% do esgoto que vinha da cidade e das casas construí-das nos lotes do Jardim Excelsior. O esgoto continua vindo, provavelmente em dobro. A corrente que segue para a Praia das Palmeiras pega o esgoto quando a comporta é aberta no fi nal da Ave. Excelsior, uma burrice sem dono, ou é bombeado para uma ETE na Praia do Siqueira, um liquidifi cador de fezes.

Com traços de produtos químicos tudo é despejado na lagoa. No lado do Porto do Carro o esgoto se acumula até uns cem metros da beira da lagoa, a superfície amarelada. Não há erro de projeto. Co-meçou pelo fi m para satisfazer a ambição pelo poder do seu responsável, causando um dos mais graves desastres ecológicos na Região dos Lagos. Quem participou não tem outra alternativa senão a de conviver com esse pesadelo. E com a responsabilidade. O que se vê nas Praias das Palmeiras e do Siqueira não é lama. Tem outro nome. As coisas serão como dantes quando os botes dos pescadores de camarões reaparecerem amarrados nos postes fi ncados ao longo das praias. Onde estão eles e as redes que secavam ao longo da Praia do Siqueira? Os pes-cadores não se arriscam: “Macaco velho não mete a mão em cumbuca”.

“Peixes mortos retirados da lagoa de Araruma no dia 25 de janeiro

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Livros

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Octavio Perelló

LEIA MAIS LIVROS LEIA MAIS LIVROS

Ser espirituoso é metade de ser diplomata.

(Eça de Queiroz em Quan-do Tínhamos Verbos, Record, 2000, 177 páginas).

PÉROLAS DAS ESTANTESCinzas luminosasO brasileiro não lê muito, mas o Brasil não se inibe: produz grandes escritores que produzem ótimos livros. Cinzas do Norte (Companhia das Letras, 2005, 311 pá-ginas), é uma obra de confi rmação deste fato. Seu ator, Milton Hatoum, nos dá uma escrita luminosa, onde a ação da história tem dimensão humana, ética, prenhe do gosto apurado pela literatura, que só faz o Brasil crescer.

Uma obra mística de grande impactoAteus materialistas e religiosos fundamentalistas fi carão por fora ou terão de manter suas mentes abertas para enfrentar este livro bastante original. Trata-se de A vida mística de Jesus (Ordem Rosacruz, 2008, 199 páginas). Como indica a própria apresentação, apesar da quantidade de livros publicados sobre Jesus, sua vida permanece sob o manto do mistério. Lançado pela primeira vez em 1929 por Harvey Spencer Lewis, esta obra, baseada nos arquivos da Ordem Rosacruz, é uma das primeiras a lançar luzes sobre períodos da vida de Jesus por muito tempo mantidos em segredo, notadamente a sua infância e juventude. Os vínculos de José, Maria e do próprio Jesus com a Fraternidade Essênia é um dos muitos pontos em que o livro é revelador. Farto de outras informações acerca das circunstâncias do nascimento, crucifi cação e ressurreição, o livro vai mais longe do que qualquer outra obra e contribui para o entendimento do estilo parabólico das santas escrituras.

Para crianças e adolescentes que gostam de lerFala sério, mãe! (Rocco, 2004, 172 páginas), de Talita Rebouças, é um livro interessante para as meninas adolescentes que entram naquela fase de desenten-dimento com as mães. A adolescente quer colocar um visual moderno, que para mãe é o começo de uma discussão. As meninas vão se identifi car, principalmente com a frase que é o título do livro. Filtro Solar (Sextante, 2004, 85 páginas), de Mary Schmich, é um livro que possui um assunto importante: a proteção com o sol. Ele informa que usar fi ltro solar é proteger a saúde, a aparência, a juventude. Porque o sol possuí raios ultravioleta que causam doenças em nossa pele, que se não cuidar leva até morte. A tradução é de Pedro Bial, que inclusive musicou o texto do livro e gravou um CD.

Com a colaboração de Hannah Anomal Perelló.

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48 CIDADE, Fevereiro de 2009

R E S U M O

Da Barra para o PeróA folia tem um sabor especial para um grupo de amigos moradores da Barra da Tijuca que passam o Carnaval na Região dos Lagos. A brincadeira pré-carnavalesca na Praia da Reserva, que começou há 16 anos com 30 pessoas, hoje une mais de cem no bloco Só te Pegando (STP). O esquenta começa com os ensaios semanais feitos na Barra, mas o samba pega mesmo é na Praia do Peró. A brincadeira dos amigos sambistas virou bloco em 1994, em Arraial do Cabo. Hoje eles são bem organizados, confeccionam camisas, têm uma página bem visitada na internet. E a animação só aumentou. Depois de Arraial, o grupo passou a tocar em Rio das Ostras e há quatro carnavais se fi xaram no Peró. Lá o STP ganhou até um afi lhado, o Bloco Perocão, que ensaia no subúrbio carioca de Guadalupe e desfi la em Cabo Frio nos quatro dias de Carnaval. Autor do samba-enredo deste ano do STP, Marquinhos Telles conta o segredo da longevidade e da alegria do bloco: “ Os integrantes do STP têm algumas coisas em comum. Todos curtem alegria, praia, família e segurança. A nossa vida é feita de momentos. No Carnaval, buscamos momentos de pura felicidade e alegria”, explica.

Shopping em disputaDivergências sobre a propriedade do terreno na esquina da Avenida Teixeira e Souza, em frente à garagem da Viação 1001, em Cabo Frio, podem adiar a construção do primeiro shopping da cidade. A Construtora Leal Porto, virtual proprietária da área, já aguardava a liberação da licença para a construção do empreendimento, quando foi surpreendida por ordem judicial dando a reintegração de posse do terreno para o antigo proprietário , o Empresário Josemo Correia de Melo, diretor da Cereais Bramil e Construtora Mil, da cidade de Três Rios/RJ.O motivo da reintegração seria o não cumprimento de cláusulas contratuais.

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Monitoramento EletrônicoDesde o dia 29 de janeiro, agências bancárias e prédios comerciais de Rio das Ostras são obrigadas ater instalado um sistema de monitoramento e gravação eletrônicas nas áreas internas e externas de seus estabelecimentos. A medida está prevista na lei 1319, sancionada pelo Poder Executivo. No caso dos estabelecimentos comerciais, enquadram-se na lei aqueles destinados à venda a varejo de produtos de consumo diversos com espaço de atendimento ao público de no mínimo 300 metros quadrados e que não sejam microempresas. O não cumprimento da lei

Comércio no centro de Rio das Ostras

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implicará em sanções como advertência e multas. Os estabelecimentos têm 120 dias para se adequar à nova lei, a partir de 19 de dezembro de 2008.

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49CIDADE, Fevereiro de 2009

HabitaçãoA Secretaria Estadual de Habitação vai investir os R$ 7 milhões liberados no início de janeiro pelo Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) na continuidade de projetos de construção de casas populares em Rio das Ostras e Japeri. Na cidade da Baixada Fluminense, onde já foram erguidas mais de 100 unidades, serão construídas outras 40 casas. Já Rio das Ostras vai ganhar 160 unidades habitacionais. As casas, de cerca de 50 m², serão entregues à pessoas já cadastradas pelas prefeituras locais.

Regata adiadaA abertura da Lagoa de Imboassica para o mar, ocorrida na manhã de 22/01/2009, inviabilizou a realização da Regata Lagoa Viva, que estava programada para o sábado, 24 de Janeiro. Originalmente marcado para novembro de 2008, é a terceira vez que o evento é adiado por tempo indeterminado, pelo mesmo motivo. Desta vez, depois de mais uma noite de fortes chuvas na cidade de Macaé, os moradores dos bairros do entorno da lagoa, atingidos por alagamentos, mais uma vez abriram a barra da Lagoa de Imboassica, provocando seu esvaziamento. A coordenação da regata lamentou profundamente o ocorrido e convocou os esportistas e cidadãos ligados às questões ambientais a meditar a respeito e questionar o poder público. “Não podemos fi car omissos enquanto a Lagoa de Imboassica é arduamente assassinada! Não podemos desistir! O que está em jogo é a sobrevivência da nossa lagoa!”, dizem os organizadores. A III Regata Lagoa Viva é uma iniciativa da Flotilha MacVela de Macaé.

Lagoa de Imboassica

Rôm

ulo

Cam

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Tomás Baggio assume jornalismo de CIDADEO jornalista Tomás Baggio deixa a chefi a de reportagem do conhecido jornal diário “Folha dos Lagos” e passa a resposnder pelo jornalismo da revista CIDADE, ocupando a mesma função.

Arte na RuaDemonstrando, mais uma vez, a força do teatro de rua em Cabo Frio, a Trupe Andarilhos Companhia de Teatro realizou, em janeiro, a primeira edição do projeto Teatro na Praça de Graça. Durante um dia inteiro de atividades, quem passou pela praça Porto 6885 Rocha, no centro da cidade, pôde acompanhar a apresentação de mimicas, teatro de bonecos e uma peça infantil.A mímica fi cou por conta do artista Jiddu Saldanha. Logo depois, a bonequeira Tânia Arrabal entrou em cena com o espetáculo Circo Catatempo. Fechando a tarde, a Trupe Andarilhos apresentou a divertida peça “Não Fui Eu”.“Vamos levar o evento para outras cidades da região”, disse, empolgado, o ator Fábio de Freitas, da Trupe Andarilhos.

Mar

iana

Ric

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OAB tem Código de Ética Magistrados de todo o País estão recebendo, desde de janeiro, a versão impressa do Código de Ética da categoria, que está sendo distribuído pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de fi scalização e coordenação do Poder Judiciário brasileiro. Aprovado em agosto de 2008 pelo CNJ, o conjunto de regras contém 12 capítulos e 43 artigos.

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Galeria

Fotos de Flávio Pettinichi

CHICO DIAS Nascido em Cabo Frio, mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro, onde completou os seus estudos especializando-se em paisagismo, urbanismo e arquitetura. O trabalho artístico teve início nos anos 70, em Bico de Pena e Serigrafi as, sendo, na época, considerado pela crítica um artista de grande sensibilidade e valor. No início dos anos 90, passa a fazer também pinturas sobre telas. Participa de exposições no Brasil e no exterior e mantém exposição permanente em Cabo Frio e na Califórnia (EUA)

Canoas em paisagem futurista - 95 x 75 cm - Acrilico sobre tela - 2006

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