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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO · Aspectos Legais e Orientações da SEED. contempla como o próprio ... III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas,

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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

Titulo: O CONSELHO DE CLASSE COMO ESPAÇO DE

REORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

Autora Adelia Tormena Dubiela

Disciplina/Área Pedagogia

Escola de implementação e sua localização

Colégio Estadual Paraíso do Norte – EFMP Rua Barão do Rio Branco, nº 575

Município da Escola Paraíso do Norte - PR

NRE Paranavaí

Professora Orientadora Porfª. Ms. Isabel Cristina Ferreira

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Paraná: UNESPAR / FAFIPA

Resumo

Essa Unidade Didática refere-se à Produção Didático-Pedagógica pertinente ao objeto de estudo devidamente sistematizado com o título O Conselho de Classe como espaço de reorganização do trabalho pedagógico. Justifica-se, pela contínua necessidade de ação sobre os resultados alcançados e o que fazer com esses resultados, visto que o Conselho de Classe enquanto processo auxiliar de aprendizagem tem por finalidade refletir e nortear a ação pedagógica e não apenas se ater a notas ou aspectos subjetivos. Tem como objetivo dar subsídio aos professores e pedagogos bem como aos participantes do GTR, que terão a possibilidade de discutir sobre a relevância do Conselho de Classe tendo como ponto de partida a prática cotidiana na escola. Considerando o exposto, a presente Unidade Didática, elaborada a partir de pesquisas realizadas em textos normativos e em escassa bibliografia específica, destaca a pesquisa de DALBEN e Carlos CRUZ, os quais apontam o conselho como um espaço prioritário da discussão do trabalho escolar. Assim, nas quatro unidades de estudo destacamos sua relevância pelo princípio da gestão democrática, evidenciando ainda as origens históricas do Conselho de Classe, as orientações quanto à legalidade e normatização e por fim uma reflexão sobre sua operacionalização.

Palavra chave Conselho de Classe, Aprovação, Gestão Democrática

Formato do material didático Unidade Didática

Público Alvo Direção, Pedagogos e Professores do Ensino Fundamental e Médio

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O presente trabalho refere-se à Produção Didático-Pedagógica pertinente ao

objeto de estudo devidamente sistematizado e apresentado no Projeto de

Intervenção com o título O Conselho de Classe como espaço de reorganização

do trabalho pedagógico.

O Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, instituído pela

Secretaria de Estado da Educação para os professores da rede estadual, ao longo

desse segundo semestre de atividades proporcionou a elaboração de um Material

Didático e este material deverá ser utilizado em situações específicas, planejadas

como subsídio aos educadores em sua atuação pedagógica, buscando um novo

olhar sobre a dinâmica do Conselho de Classe

.

Tem como objetivo fornecer material didático aos professores e pedagogos

bem como aos participantes do Grupo de Trabalho em Rede – GTR, que terão a

possibilidade de discutir sobre a relevância do Conselho de Classe tendo como

ponto de partida a prática cotidiana na escola, visto que a discussão e reflexão

possibilitam a apropriação de novos elementos permitindo assim um novo olhar

sobre a dinâmica do trabalho pedagógico.

Justifica-se, portanto pela contínua necessidade de ação sobre os resultados

alcançados ao término de cada conselho e o que fazer com esses resultados, pois

se não está nas possibilidades da escola mudar as características de vida dos

alunos ou de suas famílias, ela (a escola) pode e deve mudar as formas e condições

do serviço prestado, visto que o Conselho de Classe enquanto processo auxiliar de

aprendizagem tem por finalidade refletir e nortear a ação pedagógica e não apenas

se ater a notas ou aspectos subjetivos.

Considerando o exposto, a presente Unidade Didática, elaborada como síntese

dos estudos realizados sobre o Conselho de Classe, a partir de pesquisas realizadas

em textos normativos advindos da Secretaria Estadual de Educação e em

bibliografia específica, destaca a pesquisa de Ângela I. L. Dalben (1995 e 2004) e

APRESENTAÇÃO

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Carlos H. C. Cruz, os quais apontam o conselho como um espaço prioritário da

discussão do trabalho escolar, onde de forma planejada, requer a participação

efetiva de toda a comunidade educativa e que ao adotar novas práticas ampliam a

perspectiva da gestão democrática na definição de ações coletivas na escola.

Está organizada em quatro unidades de estudo e ao final das unidades

apontamos leituras complementares, vídeos e referencial bibliográfico específico,

destacando sua relevância pelo princípio da gestão democrática, o que pressupõe a

participação coletiva e posicionamento crítico no processo de tomada de decisões,

evidenciando ainda as origens históricas do Conselho de Classe, as orientações

quanto a legalidade e normatização e por fim uma reflexão sobre sua

operacionalização nas reuniões de Conselho de Classe.

A Unidade I, Gestão Democrática e o Conselho de Classe, discute a

legalidade como um dos princípios básicos para a gestão democrática do ensino

público e as implicações na gestão escolar destacando a participação das

comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. A Unidade II,

Origens Históricas do Conselho de Classe faz o resgate de suas origens e

apresenta como foi o processo de implantação no sistema educacional brasileiro. A

Unidade III, Aspectos Legais e Orientações da SEED contempla como o próprio

nome diz, orientações e a legislação pertinente, ressaltando as necessidades, limites

e avanços na escola. A Unidade IV Operacionalizando o Conselho de Classe: um

novo olhar, elencamos algumas sugestões para otimizar as possibilidades de

organização do conselho como espaço prioritário da discussão do processo de

ensino aprendizagem.

Esta Unidade Didática, elaborada como síntese dos estudos sobre o Conselho

de Classe, disponibiliza aos professores e pedagogos do Colégio Estadual Paraíso

do Norte – EFMP, subsídio teórico fundado em conceitos científicos, sem a

pretensão de ser um modelo para a solução dos problemas apresentados nem da

realização de uma abordagem definitiva sobre o objeto de estudo, visto que a

Educação é um processo em transformação.

ADELIA TORMENA DUBIELA

Profª PDE 2012

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Gestão Democrática e órgãos colegiados

o aspecto legal, a Constituição Federal de 1988, no capítulo III, artigo 206,

inciso VI que trata sobre a educação, estabeleceu que um dos princípios

básicos fosse, dentre outros, - “a gestão democrática, do ensino público, na forma

da lei”. (BRASIL, 1988).

E neste sentido, a LDB nº 9394/96 no artigo 14 determina aos sistemas de

ensino a responsabilidade de estabelecer “as normas” dessa gestão: Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996)

Desse modo, a LDB 9394/96, ao encaminhar para os sistemas de ensino as

normas para a gestão com base em princípios democráticos, indica dois

instrumentos fundamentais: a elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola,

contando com a participação dos profissionais da educação e a participação das

comunidades escolar e local em Conselhos Escolares ou equivalentes, ou seja, a

N

1 – GESTÃO DEMOCRÁTICA E O CONSELHO DE CLASSE

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade.

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necessidade de que a gestão da escola se efetive por meio de processos coletivos

envolvendo a participação da comunidade local e escolar.

É importante ressaltar que em decorrência desse novo modelo de gestão, os

membros da comunidade passam a atuar diretamente nas instâncias colegiadas,

como o Conselho Escolar, APMF, Grêmio Estudantil e Conselho de Classe, essa,

essencialmente de cunho pedagógico, criadas com a finalidade de efetivar a

proposta de gestão democrática, pois podem oportunizar debates e discussões

acerca das dificuldades existentes no ambiente escolar, descentralizando a tomada

de decisões sobre questões administrativas, financeiras e pedagógicas. A efetivação

da gestão democrática pressupõe dos gestores da escola a disposição para ouvir,

relacionar idéias, questionar e intervir nos conflitos, coordenando com eficácia a

função social e política da escola.

Embora seja freqüente nos espaços de formação continuada essa discussão

sobre gestão democrática, observa-se que na prática a proposta ainda está distante

de ser concretizada e é nesse sentido que foram criadas as Instâncias Colegiadas,

portanto a escola que já conta com esses instrumentos necessita criar mecanismos

para que eles se tornem parceiros na concretização de uma verdadeira gestão

colegiada.

A atuação efetiva dos órgãos colegiados em especial, o Conselho Escolar que

é o órgão representativo da Comunidade Escolar, de natureza deliberativa,

consultiva, avaliativa e fiscalizadora, contribuirá para dividir responsabilidades e

articular os interesses populares na escola. Quando a reivindicação parte de um

grupo estruturado ganha poder e poderá lutar, defendendo os direitos das camadas

trabalhadoras em termos educacionais junto aos órgãos representativos.

Nesse sentido, ressaltamos que o Conselho de Classe conforme DALBEN,

2004, constitui-se num desafio, visto que ele pressupõe que as divergências sejam

refletidas pelo grupo, que as diferenças sejam valorizadas e que se estabeleçam

pontos em comum. [...] Acredita-se que o compartilhar em convergência e sintonia

permitirá a compreensão do processo de produção do conhecimento sobre a relação

pedagógica e, conseqüentemente, ações educativas mais efetivas [...].

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Na revisão de literatura sobre gestão democrática no artigo Gestão da

educação escolar, DOURADO, define gestão da escola pública como [...] uma

maneira de organizar o funcionamento da escola pública quanto aos aspectos

políticos, administrativos, financeiros, tecnológicos, culturais, artísticos e

pedagógicos, com a finalidade de dar transparência às suas ações e atos e

possibilitar à comunidade escolar e local a aquisição de conhecimentos, saberes,

idéias e sonhos, num processo de aprender, inventar, criar, dialogar, construir,

transformar e ensinar. (Brasil, 2006)

A gestão democrática implica um processo de participação coletiva. Sua

efetivação na escola pressupõe instâncias colegiadas de caráter deliberativo, bem

como a implementação do processo de escolha de dirigentes escolares, além da

participação de todos os segmentos da comunidade escolar na construção do

Projeto Político-Pedagógico e na definição da aplicação dos recursos recebidos pela

escola. Nesse sentido, para a efetivação da gestão democrática na escola,

DOURADO (Mód. 6, Unid. 5, p. 81), aponta os seguintes pontos básicos:

Autonomia da escola,

Financiamento das escolas,

Definição e fiscalização de verbas,

Escolha dos dirigentes escolares,

Criação de órgãos colegiados,

Divulgação e transparência na prestação de contas,

Participação da comunidade,

Construção do PPP;

Alunos, professores, dirigentes

Para que haja a participação efetiva dos membros da comunidade escolar, é

necessário que o gestor crie um ambiente propício que estimule trabalhos conjuntos,

que considere igualmente todos os setores, coordenando os esforços de

funcionários, professores, pessoal técnico-pedagógico, alunos e pais envolvidos no

processo educacional.

Qual é o modelo de gestão do seu estabelecimento de ensino?

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A gestão da escola configura-se em ato político e requer sempre uma tomada

de posição. Ela não é neutra, pois todas as ações desenvolvidas na escola

envolvem direta ou indiretamente os sujeitos que a compõem. Nesse sentido, ações

simples como a limpeza e a conservação do prédio escolar, até ações mais

complexas, como as definições pedagógicas, o trato com situações de violência,

entre outras, indicam uma determinada lógica e horizonte de gestão, pois são ações

que expressam os interesses, princípios e compromissos que permeiam as escolhas

e os rumos tomados pela escola.

Nesse processo de gestão democrática, o Conselho de Classe é essencial,

pois conforme Dalben, 2004, p.16, [...] guarda em si a possibilidade de articular os

diversos segmentos da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino que

é o eixo central em torno do qual se desenvolve o processo de trabalho escolar.

Também podemos compreender com base em Ilma Veiga, 1995, p.17, que a

gestão democrática para além de “princípio consagrado pela Constituição vigente,

abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira” exigindo dessa

forma um redimensionamento político e pedagógico para o enfrentamento das

questões de acesso, permanência e sucesso do aluno, obrigando uma profunda

compreensão das diversas situações que afligem o fazer pedagógico. Ela visa

romper com a separação entre concepção e execução, entre pensar e fazer, entre

teoria e prática.

A escola, no desempenho dessa função, precisa ter clareza de que o

processo de formação para uma vida cidadã e, portanto, de gestão democrática

passa pela construção de mecanismos de participação da comunidade escolar,

como: Conselho Escolar, Associação de Pais e Mestres, Grêmio Estudantil,

Conselhos de Classes. O conselho de classe é mais um dos mecanismos de

participação da comunidade na gestão e no processo de ensino-aprendizagem

desenvolvido na unidade escolar. Constitui-se numa das instâncias de vital

importância, pois "guarda em si a possibilidade de articular os diversos segmentos

da escola e tem por objeto de estudo o processo de ensino, que é o eixo central em

torno do qual se desenvolve o processo de trabalho escolar" (DALBEN, 1995, p. 16).

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No entanto, é importante ressaltar que a atual organização escolar ainda

não traz em sua essência a participação dos alunos, dos pais e dos professores

no processo de gestão. Participação entendida não como “obter o consenso”

(FREITAS, 1995, apud MULLER, 20081) dos alunos, dos pais e dos professores ou

sua “adesão” nas propostas existentes e sim, uma participação crítica na

elaboração do PPP da escola, nos órgãos colegiados e na sua gestão.

Dourado 2006, no caderno do Profuncionário, mód.6 pg.58 ressalta que:

A gestão democrática, no sentido lato2, pode ser entendida como espaço de

participação, de descentralização do poder e de exercício de cidadania.

Nesse sentido, confirma-se a necessidade de instituir processos de efetiva

participação política; da gratuidade do ensino; da universalização da

educação básica e superior; do planejamento e da coordenação

descentralizados dos processos de decisão e de execução; do fortalecimento

das unidades escolares por meio da efetivação da autonomia das unidades

escolares; da articulação entre os diferentes níveis de ensino; da definição

coletiva de diretrizes gerais para a educação nacional; da exigência de planos

de carreira para o magistério público; da vinculação de verbas para a

educação; da democratização das formas de acesso, permanência e gestão.

Ainda segundo o autor supracitado, todos esses itens vinculam-se ao

princípio de gestão democrática, à medida que conferem à educação nacional o

papel de um dos instrumentos de promoção do exercício de cidadania a ser

assegurada por meio de mecanismos de participação ativa dos segmentos da

sociedade civil nas instâncias consultivas, deliberativas e de controle social da

educação.

Essa participação efetiva ou ativa da comunidade nos assuntos escolares é

embasada na partilha do poder, isto é, o poder desloca-se do diretor para as

decisões tomadas no conjunto da escola com seus profissionais e com os pais. A

condição necessária para dividir o poder é sua socialização e a tomada de decisões

no coletivo. Em decorrência das práticas de partilha de poder, o compromisso com a

1 In: PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. O professor PDE

e os desafios da escola pública paranaense: produção didático-pedagógica, 2008. Curitiba: SEED/PR. V.2. (Cadernos PDE).

2 É uma expressão em latim que significa, literalmente, "em sentido amplo".

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O processo de gestão às vezes imprime uma idéia de trabalho burocrático

A gestão democrática da escola tem sido entendida, por muitos, como uma

questão de cunho simplesmente administrativo, e a visão do político existente

no conteúdo pedagógico é geralmente relegada a um segundo plano. Fala-se

muito em política educacional, mas não se tem consciência de que se faz

política a todo instante em nosso próprio ambiente de trabalho. Os

profissionais não percebem que podem reproduzir uma política de dominação

e autoritarismo no momento da escolha de um conteúdo, de uma forma de

avaliação ou na definição de seus objetivos. Não percebem que essa escolha

define relações pedagógicas que se encaminharão para um projeto político

educacional transformador ou não das relações sociais hegemônicas.

(DALBEN, 2004, p. 34)

escola é assumido por todos e não simplesmente por uma pessoa, no caso, o diretor

e em conseqüência, tanto pais como profissionais, se motivam a assumir sua

responsabilidade no processo educativo, pois percebem que os aspectos discutidos

e as direções anunciadas vão ao encontro de suas necessidades.

Para tanto, ao se estabelecer os critérios de seleção, a matrícula, a

organização das turmas, a distribuição dos professores por turma e turno, a

distribuição do número de aulas para os professores, a seleção de conteúdos, os

horários de aulas, o atendimento aos pais e a relação da escola com a família, entre

outras é que se estabelece o caráter democrático da educação.

Para Libâneo, (2004) o conceito de participação se fundamenta no de

autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre

determinação de si próprios, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia

opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, é a participação que define a

sua realização concreta nas instituições.

Conforme SANTOS, (p.11), a autonomia pode ser entendida como a

capacidade das pessoas de decidir sobre seu próprio destino, ou seja, autogovernar-

se e complementa, citando Libâneo, 2001, “numa instituição, a autonomia significa

ter poder de decisão sobre seus objetivos e suas formas de organização, manter-se

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relativamente independente do poder central, administrar livremente os recursos

financeiros”. Na escola isso vai significar a possibilidade de traçar seu próprio

caminho, envolvendo professores, alunos, funcionários, pais e comunidade, unidos

no sentimento de co-responsabilidade pelo êxito da instituição. É certo que essa

possibilidade se limita ao espaço da autonomia relativa possível a uma instituição

que integra um sistema de ensino e que depende das políticas públicas e que não

gera recursos próprios.

A partir dessa reflexão podemos dizer que a participação é o principal meio de

assegurar a gestão democrática da escola, e dessa forma, a possibilidade de

participação promove uma rede de relações entre os diversos profissionais

permitindo a interação entre conteúdos, entre turnos e entre turmas, pois mesmo

considerando que a autonomia da escola é relativa, compreende-se a importância

do PPP e das instâncias colegiadas por serem ambientes deliberativos e

organizacionais que, dentro da escola, abrem espaços para a definição de ações

voltadas para o tipo de educação que se deseja empreender no espaço escolar.

Nesse sentido, entendemos que o conselho de classe não deve ser uma

instância que tem como função reunir-se ao final de todos os bi/trimestre ou do ano

letivo para definir a aprovação ou reprovação de alunos, mas deve atuar em espaço

de avaliação permanente, que tenha como objetivo avaliar o trabalho pedagógico e

as atividades da escola. Nessa ótica, é fundamental rever a atual estrutura dessa

instância, rediscutindo sua função, sua natureza e seu papel na unidade escolar

Portanto, conforme GRACINDO, 2007 p.39, a democratização da educação

se faz não somente com a garantia de acesso e permanência dos estudantes na

escola, mas também, com a delimitação de espaços para o exercício democrático e

requer a escolha consciente dos seus representantes, nas mais diversas instâncias

de poder (democracia representativa) e, de outro, a participação direta e ativa do

cidadão em muitas arenas de decisão política (democracia participativa).

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Na gestão democrática, todos são chamados a pensar, avaliar e agir

coletivamente, diante das necessidades apontadas pelas relações

educativas, percorrendo um caminho que se estrutura com base no

diagnóstico das dificuldades e necessidades e do conhecimento

das possibilidades do contexto. Nesse trajeto, a equipe de

profissionais vai traçando os objetivos que nortearão a construção

das ações cotidianas, encontrando sua forma original de trabalho.

Essa travessia permite a cada escola a construção coletiva de sua

identidade.

Finalizando, Dalben, 2004 p.56, chama a atenção para a organização de

espaços coletivos de reflexão e análise das práticas pedagógicas, sociais e

escolares e apresenta a relevante consideração de que:

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS DA UNIDADE DE ESTUDO 1

As atividades constantes dessa unidade constituem-se em alternativas de

estudo, com vistas à organização do trabalho pedagógico subsidiando a atuação dos

educadores. A discussão sobre a gestão democrática terá suporte na leitura de

documentos oficiais: CF/1988; LDB 9394/96, Deliberações e vídeos na forma de

materiais impressos e recursos audiovisuais como powerpoint, TV multimídia e

outros.

Serão realizadas atividades individuais e em grupo, constituindo-se em

momentos de estudo, análise e reflexão sobre o tema.

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Atividades Propostas

1 - Dinâmica de Acolhimento 2 - Apresentação em Slides do conteúdo desta unidade – unidade 1 3 - A partir da discussão sobre a gestão democrática, fazer uma reflexão e anotações sobre:

A - O que é gestão escolar democrática?

B - Em sua escola há a preocupação de se discutir as questões do ensino: metodologia, conteúdos, relação professor x aluno, o significado e conseqüências para a aprendizagem e a pertinência dessas dimensões com os objetivos da escola?

C - O art. 14 da LDB prevê que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com: [...] participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

a) Que tipo de participação a escola exige dos profissionais da educação? b) A escola promove a participação da família nas decisões? c) Que tipo decisões?A quem é dada a “culpa” pelo fracasso escolar?

D - Em poucas linhas, faça uma reflexão da citação abaixo, considerando que a atual organização escolar ainda não traz em sua essência a participação dos alunos, dos pais e dos professores no processo de gestão: Participação entendida não como “obter o consenso” dos alunos, dos pais e dos professores ou sua “adesão” nas propostas existentes. (FREITAS, 1995) 5- Vídeo sugerido:

Título: “LDB; Gestão Democrática e Autonomia” (parte 1 e 2) Duração: Parte 1 – 07 minutos - Parte 2 - 07minutos Sinopse: Programa produzido pela Univesp que na primeira parte discute

como a LDB alterou a gestão das escolas brasileiras. O vídeo enfatiza como a participação dos pais na escola foi suprimida no decorrer dos anos e discute as mudanças necessárias tendo em vista a gestão democrática. Jamil Cury comenta alguns aspectos constantes na LDB. Na segunda parte apresenta como ocorre a avaliação institucional e a preparação para as avaliações pelas escolas. Apresenta também as idéias de Lourdes Marcelino Machado e do professor Carlos Roberto Jamil Cury sobre o tema. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/php?id=16571 LEITURA COMPLEMENTAR: DALBEN, Ângela I. L. de Freitas. Gestão Escolar Democrática e o lugar dos Conselhos de Classe In: Conselhos de classe e avaliação: perspectivas na gestão pedagógica da escola. Campinas, SP: Papirus, 2004, p. 55-64.

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Origens históricas e funções do Conselho de Classe

Conselho de Classe, como instância na organização do trabalho pedagógico

da escola, tem uma razão de ser que deve ser analisada à luz de suas

origens. Diante da escassa literatura, apoiamo-nos em Dalben, 1995/2004 para

entender a sua gênese. Tem se como pressuposto que houve um processo histórico

do qual resultou o tipo de relação atual, a partir dos elementos dessa organização

têm-se articulado, permitindo assim, redimensionar os equívocos do passado e

construir novas práticas.

Segundo estudos históricos, os Conselhos de Classe surgiram na França, em

meados de 1945, pela necessidade de um trabalho interdisciplinar com classes

experimentais. Posteriormente, por ocasião da reforma de ensino francesa de 1959

foram instituídos três tipos de conselhos; o Conselho de classe, no âmbito da turma;

o Conselho de Orientação, no âmbito do estabelecimento; e o Conselho

Departamental de Orientação, em esfera mais ampla. Essa reforma almejava

declaradamente “organizar um sistema escolar fundado na observação sistemática e

contínua dos alunos, com vista a oferecer, a cada um, o ensino que corresponda a

seus gostos e aptidões”.

Neste período os Conselhos de Classe franceses tinham por objetivo a

seleção e distribuição dos alunos no sistema de escola dualista, pois ofertava

formação propedêutica e profissionalizante, da época, ou seja, os pareceres tinham

como objetivo orientar o acesso às modalidades de ensino clássico ou técnico de

acordo com os “interesses” e “aptidões” demonstrados pelos alunos, pois os

conselhos eram fundamentados em uma avaliação classificatória, a qual decidiria se

o aluno seria encaminhado para as “ciências” ou para a “força de trabalho” dentro

daquele sistema de ensino.

O

2 - ORIGENS HISTÓRICAS DO CONSELHO DE CLASSE

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Podemos afirmar, com base na pesquisa de Dalben, 1995, que alguns

educadores brasileiros estagiários em Sèvres, na França, dentre eles Laís Esteves

Lafrield e Myrtes de Luca Wenzel, vivenciaram e trouxeram a idéia ao Brasil, sendo

o Rio de Janeiro o primeiro estado a implantar aquela experiência francesa, a qual

se deu no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CAP).

Pressupõe-se que a importação de idéias trazidas pelo Conselho de Classe

francês só ocorreu porque já teria havido um processo de desenvolvimento de um

ideário pedagógico que estaria impregnando o meio educacional com a percepção

de suas potencialidades embasada pela tendência da Escola Nova que defendia o

atendimento individualizado, o estudo em grupo e a reunião de profissionais para a

discussão e a busca por novos métodos de ensino.

Segundo Dalben (2004, p.23) em o Manifesto dos Pioneiros da Educação

Nova de 1932, afirma-se:

E no Brasil, como surgiram os Conselhos de

Classe?

[...] A educação nova que, certamente pragmática, se propõe ao

fim de se servir (...) aos interesses do indivíduo, e que se funda

sobre o princípio da vinculação da escola com o meio social

actual, (...) de solidariedade, (...) de cooperação (p42).

A escola (...) passará a ser um organismo vivo, com uma estrutura

social organizada à maneira de uma comunidade palpitante pelas

soluções de seus problemas (p.55).

(...) a aproximação dos homens, a sua organização em uma

coletividade unânime, a difusão de tais ou quais idéias sociais de

maneira “imaginada”, e, portanto, eficaz, a extensão do raio visual

do homem e o valor moral educativo conferem à arte uma enorme

importância social (p.59).

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Observa-se através desses excertos do Manifesto dos Pioneiros da Educação

Nova o início da valorização das idéias a respeito da necessidade de levantamento

dos problemas de cada aluno através de reunião dos profissionais na busca de

estratégias para melhor atender esses alunos supostamente em seus avanços e

dificuldades.

Esse Manifesto, redigido por Fernando de Azevedo, em 1932, continha uma

nova concepção de escola onde enfatizava a educação pública, a escola única, co-

educação, laica, gratuita e obrigatória do ensino elementar, descentralização do

sistema escolar e ensino ativo. O movimento pregava uma educação universal,

gratuita e democrática sem jamais questionar a estrutura social do aluno. A difusão

das idéias da pedagogia escolanovista já contribuía para a idéia de criação de um

local de discussão coletiva na escola.

Com base nos estudos de Dalben (2004) é interessante apontar, em linhas

gerais alguns aspectos que permearam a conjuntura político-educacional do Brasil,

naquele contexto histórico. A década de 1960 firmou-se no panorama educacional

com a substituição da predominância do ideário pedagógico europeu pela

interferência americana do acordo entre o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e

a United States Agency for Internationa Development – USAID.

Esse acordo, conforme DALBEN trazia visões múltiplas pelo fato de que ele

próprio continha uma filosofia dissimuladora das suas reais intenções e a partir deles

o Brasil passou a receber treinamentos para adaptar-se à concepção teylorista que

norteava os objetivos empresariais da época substituindo, portanto as idéias

pedagógicas européias (formação jesuítica e outras escolas confessionais) pelas

idéias pedagógicas americanas (escolas técnicas)

Antes da lei 5.692/71, o Conselho de Classe não se apresentava como

instância formalmente instituída na escola, mas o Programa de Expansão e Melhoria

do Ensino Médio – PREMEN - regulamentado pelo decreto nº 63914, de 27/12/1968,

foi resultado dessa política.

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O PREMEN foi implantado, a partir de 1970, em vários estados brasileiros e

seus objetivos, não muito claros, provocaram muitas dúvidas à nova filosofia

educacional. Utilizando-se da mística da escola única, contrariamente desenvolvia-

se a prática de uma educação diferenciada, nos moldes de uma “escola de classe”,

adequando o sistema educacional ao modelo social de capitalismo dependente

(DALBEN, 1995, p.30), os quais realizaram convênios com as prefeituras dos

diversos municípios atingidos pelo programa, para assim executá-lo em larga escala.

Grupos de professores eram treinados nesse programa para, posteriormente,

implantar em seus municípios as chamadas escolas polivalentes3, já dentro dos

modelos observados nos EUA.

A promulgação da lei nº 5692/71 ocorreu após a implantação desse programa

e veio para dirigir o sistema escolar por meio de um processo político pautado pelo

autoritarismo, sem a participação de setores representativos do meio educacional.

Ela vem definir uma nova estrutura para o sistema de ensino, reunindo os diversos

ramos existentes (secundário, comercial, industrial, agrícola e normal) num só, além

de propor a profissionalização do educando (DALBEN, 2004).

Embora na lei 5692/71, não contenha em seus capítulos nenhum artigo ou

parágrafo específico que crie ou regule o Conselho de Classe, essa lei proporcionou

o embasamento que permitiria a introdução e a posterior institucionalização dos

Conselhos de Classe nas escolas. Portanto, foi de forma indireta, a influência que a

referida lei exerceu sobre a criação dos Conselhos de Classe. Os Conselhos de

Classe só foram oficialmente instituídos no Brasil a partir da Lei nº 5692/71.

Partindo dessa regulamentação, os Conselhos Estaduais de Educação

criaram pareceres e resoluções para operacionalizar uma avaliação coletiva do tipo

Conselho de Classe, contudo os regimentos escolares produzidos pelos

estabelecimentos de ensino é que direcionaram seu funcionamento de fato. É

importante ressaltar que essa lei possuía cunho autoritário e tecnicista, tendo sido

3 Através da Lei nº 5692/71, oferecia formação especial para sondagem de Aptidões e Iniciação para

o Trabalho. Os alunos recebiam orientações de professores especializados em Oficinas: Técnico comercial, escritório-modelo, noções de culinária, indústria caseira, trabalhos manuais, horticultura e jardinagem, técnica agrícola e técnica industrial. Na região noroeste os Cursos de Aperfeiçoamento do Pessoal Técnico-Administrativo e Docente eram realizados na cidade de Londrina, Secretaria de Educação/PREMEN.

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instituída no período da Ditadura Militar no Brasil que naquele momento histórico

passava por grandes mudanças políticas e sociais, conforme afirma Aranha (2006)

[...] durante vinte anos (1964 a 1884) os brasileiros viveram o medo gerado pelo governo do arbítrio e pela ausência do estado de direito. Esses anos de chumbo, além dos torturados e “desaparecidos”, foram desastrosos para a cultura e a educação. Também provocaram prejuízos econômicos e políticos ao país.

Como processo auxiliar de aprendizagem, o Conselho de classe deve

interagir com seus pares sobre as decisões a respeito da dinâmica do processo

ensino-aprendizagem e refletir a ação pedagógica e não apenas focar as notas ou

problemas comportamentais de determinados alunos, considerando ser esse um

espaço privilegiado para a realização de uma avaliação diagnóstica da ação

pedagógica, onde professores, alunos e equipe pedagógica participem ativamente.

A partir de 1985, com o retorno da democracia, sem as imposições e

limitações autoritárias, as Conferências Brasileiras de Educação debatem os

encaminhamentos pedagógicos, visto que após a ditadura é emergente

redimensionar o sentido da escola pública. Nesse processo de redemocratização,

elaborou-se a Constituição de 1988, havendo muitas pressões para a melhoria do

ensino no país que levaram à aprovação de novas leis para a educação ficando,

portanto como proposta educacional contra-hegemônica4 a relevante necessidade

de o aluno ter acesso aos conteúdos historicamente acumulados, como forma de

sua emancipação.

4 Hegemonia do grego hegemon = líder. Em primeira instância, hegemonia significa simplesmente

liderança, derivada diretamente de seu sentido etimológico. O termo ganhou um segundo significado, mais preciso, desenvolvido por Gramsci para designar um tipo particular de dominação. Nessa acepção hegemonia é dominação consentida, especialmente de uma classe social ou nação sobre seus pares. Gramsci, Antonio (1926-37) Cadernos da prisão Stillo, Monica (1998).

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Mas afinal, o que é o “Conselho” de Classe?

Conforme o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa a palavra “conselho” tem

significados como: Parecer que se emite para que outrem o observe. Ensinamento.

Lição. Critério, juízo. Corpo deliberativo superior. Corpo consultivo junto a uma

repartição de administração pública. Reunião dos lentes da universidade ou de

escola superior. Sendo assim, é correto afirmar que quem aconselha deve ser uma

pessoa prudente, ter bom senso, discernimento, domínio próprio, autoridade e

notório saber na questão consultada.

Com o propósito de analisar e entender essa instância com definições à cerca

de suas características e possibilidades práticas, DALBEN, 2004 p.31, conceitua o

Conselho de Classe como [...] um órgão colegiado, presente na organização escolar,

em que vários professores das diversas disciplinas, juntamente com os

coordenadores pedagógicos, ou mesmo os supervisores e orientadores

educacionais, reúnem-se para refletir e avaliar o desempenho pedagógico dos

alunos das diversas turmas, séries ou ciclos.

Trata-se de um dos únicos espaços existentes na escola, que permite a

discussão e a análise coletiva do processo ensino-aprendizagem. Conforme a autora

é possível entender que a escola talvez seja o espaço que mais reúna, num mesmo

grupo, diferentes personalidades vindas das mais variadas classes sociais para

adquirir conhecimentos transmitidos por diferentes profissionais do ramo, e o

Conselho de Classe ganha importância porque reúne informações que muitas vezes

passam despercebidas por alguns e que são fundamentais para o entendimento da

situação escolar do educando.

Carlos Henrique Carrilho Cruz faz também observações importantes:

aproxima o conceito de Conselho ao conceito de Avaliação. Assim, o Conselho de

Classe é o momento e o espaço de avaliação diagnóstica da ação pedagógico-

educativa feita pelos professores e alunos (em momentos distintos, às vezes) à luz

do Marco Operativo da Escola, hoje, PPP da escola. (CRUZ, 2011, p.9).

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Esse conceito apresentado por Cruz traduz dois momentos distintos: o

Conselho de Classe é um momento de analisar o trabalho coletivo a partir de um

referencial e em determinado tempo e ainda deve subsidiar as ações e o Projeto

Político Pedagógico, onde estão descritos os objetivos que se pretende alcançar,

portanto é uma reflexão conjunta da ação pedagógica na vida da escola.

Vasconcellos (2005, p.92) afirma que “o Conselho pode ser importante

estratégia na busca de alternativas para a superação dos problemas pedagógicos,

comunitários e administrativos da escola. São organizados através de reuniões

durante o ano onde devem participar professores, pedagogos, direção, alunos ou

seus representantes, auxiliares de disciplina e pais, a fim de ter uma visão de

conjunto e o seu enfoque deve ser sempre o processo educativo. Nessa reunião são

apontadas as necessidades de mudança em todos os aspectos da escola, devem

ser tomadas providências, registrá-las e avaliá-las no Conselho seguinte”.

Jose Carlos Libâneo (2004) também define Conselho de Classe como “um

órgão colegiado composto pelos professores da classe, por representantes dos

alunos e em alguns casos, dos pais. É a instância que permite acompanhamento

dos alunos, visando a um conhecimento mais minucioso da turma e de cada um e

análise do desempenho do professor com base nos resultados alcançados. Tem a

responsabilidade de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e

ampliar as relações mútuas entre os professores, pais e alunos, e incentivar projetos

de investigação”.

A partir dos conceitos e definições de autores renomados, já citados, pode-se

dizer que o Conselho de Classe é uma instância colegiada com foro5 privilegiado no

espaço escolar. Compõe-se por professores da turma, equipe pedagógica e direção

permitindo a discussão do ensino e da aprendizagem de forma integrada. Vale

lembrar que a participação como membro nesse colegiado não depende de

processo eletivo, basta apenas ser professor da turma.

5 [Do lat. Foru.]s. m. Local para debates, ou reuniões para o mesmo fim.

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Muitas escolas da rede estadual ainda não prevêem a participação do aluno

no Conselho de Classe. No entanto, ele sempre será a figura central das discussões

fazendo-se presente por meio de seus resultados, de seus sucessos e fracassos, de

suas resistências, de suas necessidades e dificuldades, apresentados durante os

debates nas questões da prática de ensino e de aprendizagem.

O texto a seguir é um recorte do livro de Dalben, 2004,p.36, que ao discutir as

origens dessa instância, propicia meios para redimensionar os equívocos do

passado e construir novas práticas.

Uma pesquisa desenvolvida sobre o Conselho de Classe constatou que, em vez de as práticas dos Conselhos de Classe se desenvolverem como momentos efetivos de análise, o que se verificou na construção de sua história foram reuniões caracterizadas como momentos em que os profissionais apenas construíam uma fotografia da turma. "Passavam em revista" todos os alunos, verbalizando notas, resultados ou pontos de vista desconexos, como se estivessem "trocando figurinhas". Cada professor trazia o resultado numérico registrado nos "diários de classe" e os especialistas: orientador ou supervisor pedagógico - que se incumbiam da coordenação dos trabalhos traziam para a reunião gráficos e tabelas organizados previamente segundo esses resultados já fornecidos. O processo transcorria numa interação frágil, com diálogos frios e vazios de conteúdos pedagógicos, impedindo que as possibilidades de estruturação e mobilização de ações educativas concretas em âmbito mais amplo pudessem ocorrer. O professor participava dos trabalhos apresentando seus resultados e fechava-se no seu ponto de vista, não se predispondo a estabelecer uma discussão sobre eles ou sobre os critérios utilizados na definição das notas, dos conteúdos selecionados, das metodologias, das atividades ou dos procedimentos de ensino utilizados. A avaliação escolar apresentava-se presa a medidas de rendimento, e a discussão centrava-se na figura do aluno como portador de problemas que recaíam sobre a "falta de estudo", a "falta de disciplina" e a "falta de interesse" diante das atividades escolares. [...] Assim, aqueles alunos que não conseguiam se enquadrar eram considerados incapazes, desinteressados ou “sem base” e “fracos”. As diferenças sócio-culturais não eram levadas em consideração – na verdade eram mesmo ignoradas. [...] eram justificadas pela ideologia do dom e do mérito. [...] se o aluno era identificado como “problemático”, “incapaz”, “sem base” ou “indisciplinado”, este deveria ser encaminhado a “especialistas”.

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Nesse sentido, a autora alerta que “da mesma forma que o Conselho de

Classe pode se aproveitar de suas características constitutivas e ser capaz de

direcionar um projeto democrático de atuação pedagógica, pode também reificar6

relações autoritárias, discriminatórias e excludentes”. (Dalben, 2004, p.38).

Cumpre, portanto, conforme texto da CGE/2010, a todos os profissionais da

educação realizar enfrentamentos no sentido de superar a estrutura de conselho de

classe autoritária, burocrática e excludente, que serve mais para legitimar o fracasso

escolar do que para reorganizar o trabalho pedagógico e, mais especificamente, o

trabalho didático educativo que se concretiza na relação professor-aluno.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS DA UNIDADE DE ESTUDO 2

As atividades constantes dessa unidade constituem-se em alternativas de

estudo a ser realizado com os professores e pedagogos na escola, para que façam

uma análise e promovam discussão, apresentem sugestões teóricas e

metodológicas, levando em conta a pertinência e a viabilidade do tema no cotidiano

escolar. Ao final dessa unidade de estudos estão incluídas algumas questões para

debates, bem como sugestões de filmes e de leituras. Dessa forma espera-se

propiciar momentos de estudo e reflexão acerca da importância de compreender a

gênese do Conselho de Classe e sua relevância na organização do trabalho

pedagógico.

6 Desnaturalização daquilo que se tem como conceito e contextualizá-lo como algo isolado. É

transformar algo em coisa, seja ele, a religião, o homem ou mesmo a indústria. In: www.dicionarioinformal.com.br/reificar

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Atividades da unidade de estudo 2

1 - Leitura e reflexão do texto “Conselho de Classe: polêmico, mas necessário” de Vasco Pedro Moretto. 2 - Questões para reflexão: A – Com o apoio do texto, escolha no campo de palavras abaixo, pelo menos cinco delas, produza uma síntese (10 a 15 linhas) sobre conselho de classe. B – No dia a dia da escola é comum ouvir dos professores relatos como: alunos com falta vontade, sem responsabilidades, sem compromissos, desanimados física e mentalmente; não querem pensar, não fazem tarefas, alguns chegam a dormir na sala durante as aulas, são apáticos ou agitados, não se envolvem com o estudo e outras descrições parecidas. O que fazer com essa realidade. Como os professores podem colocar o aluno a favor do ensino e da aprendizagem? No Conselho de Classe, quais encaminhamentos podem orientar ações para a superação destes problemas? C - Como você vê a participação dos professores hoje nos Conselhos de Classe? Aponte aspectos positivos e ou negativos. Dê sugestão de mudança. 3 - Vídeos sugeridos: Trechos do filme “Entre os muros da escola” (2 partes) Ficha Técnica: (Entre les Murs), Drama, França, 128min, 2007. Direção Laurent Cantet.

*Título: Entre os muros da escola – conselho de classe Duração: 05:17 minutos Sinopse: O trecho escolhido apresenta o conselho de classe dos professores

com a participação das alunas representantes da turma. Os professores discutem nota e comportamento de cada aluno e as atitudes que tomam para manter a disciplina. Em determinado momento, uma das representantes de turma chama a atenção dos professores apresentando um crescimento das notas do aluno que está sendo discutido, porém os professores em vez de discutir os avanços dos alunos, persistem na discussão do comportamento destes. O trecho permite refletir a respeito das práticas no conselho de classe, bem como as atitudes tomadas pelos professores no combate à indisciplina e à recuperação dos alunos.

Prova Autoridade Avaliação Equidade

Aluno Professor Mérito Brasil

Conselho de Classe Função Ética

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*Título: Entre os muros da escola – relação professor-aluno Duração: 03:49 minutos Sinopse: Neste trecho, a pedagoga da escola aborda o professor, comentando

que algumas alunas reclamaram por ele as xingar. O professor tenta desconversar, mas confessa o que ocorreu. Em seguida, procura as alunas a fim de tirar satisfação. O trecho permite refletir sobre as palavras que os professores utilizam na sala e as diferentes interpretações que os alunos podem dar a elas, o que, muitas vezes, culmina em situações de extrema falta de respeito entre professores e alunos. Também é possível perceber o discurso autoritário do professor, fato que é percebido e questionado pelos alunos. Após inúmeras trocas de xingamentos, o professor deixa a discussão.

Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules LEITURA COMPLEMENTAR

DALBEN, Ângela I. L. de Freitas. Gestão Escolar Democrática e o lugar dos Conselhos de Classe In: Conselhos de classe e avaliação: perspectivas na gestão pedagógica da escola. Campinas, SP: Papirus, 2004, p. 21-39.

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“Seguimos esgotando as possibilidades e buscando a excelência na educação, tornando realidade uma antiga reivindicação: elaborar,

criar e recriar as metas educacionais, cada qual dentro de suas realidades”.

Meroujy Giacomassi Cavet Superintendente da Educação/Seed-PR

atual legislação educacional, por si só garante que a organização do

Conselho de Classe aconteça de forma a legitimar os espaços de participação

na escola, mas quais os conhecimentos necessários à nossa prática, além da

fundamentação legal?

Na primeira unidade de estudo desse trabalho já mencionamos alguns

documentos oficiais que regem a educação bem como constituem o histórico da

educação nacional. Nesta unidade vamos discutir a legalidade e normatização do

Conselho de Classe e suas implicações na escola pública paranaense.

Bases legais do Conselho de Classe: (PARANÁ, CEE-PR, 1999)

LDBEN/9394/96 – Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional

o Art.3º - incisos VIII e X

o Art. 12 – incisos I, IV, V e VI

o Art.13 - incisos I, II, III e IV

o Art. 24 – incisos V

Deliberação 007/99 – CEE/Pr. - Avaliação Escolar

o Artigo 7º

Deliberação 16/99 – Regimento escolar

Indicação 001/99

A

3 – ASPECTOS LEGAIS DO CONSELHO DE CLASSE E

ORIENTAÇÕES DA SEED

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A partir do estudo dos principais documentos que subsidiam a implantação do

Conselho de Classe como instância colegiada da escola, como a LDBEN, n. 9394/96

e documentos orientadores e normativos produzidos pelo Estado do Paraná acima

indicados, entende-se o Conselho de Classe como espaço de avaliação e

organização do trabalho pedagógico, ou seja, o Conselho de Classe é um espaço de

reflexão pedagógica no qual todos os envolvidos com o ato educativo podem situar-

se conscientemente no processo, de modo a reorientar a ação pedagógica por meio

de metas traçadas e soluções apontadas no Projeto Político-Pedagógico bem como

a própria operacionalização do conselho atento ao que reza no Regimento Escolar.

No Paraná, a deliberação 16/99 normatiza o Conselho de Classe e para

tanto indica a organização do regimento escolar. Como garantia da sua

importância como instância colegiada, o Caderno de Apoio para a elaboração do

Regimento Escolar/2010, enviado às escolas pela Secretaria do Estado do Paraná,

na seção IV, assim estabelece:

Art...O Conselho de Classe é órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos, fundamentado no Projeto Político Pedagógico da escola e no Regimento Escolar, com a responsabilidade de analisar as ações educacionais, indicando alternativas que busquem garantir a efetivação do processo ensino e aprendizagem. Art... A finalidade da reunião do Conselho de Classe, após analisar as informações e dados apresentados, é a de intervir em tempo hábil no processo de ensino e aprendizagem, oportunizando ao aluno formas diferenciadas de apropriar-se dos conteúdos curriculares estabelecidos. Parágrafo Único – É da responsabilidade da equipe pedagógica organizar as informações e dados coletados a serem analisados no Conselho de Classe. Art... Ao Conselho de Classe cabe verificar se os objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos, avaliativos e relações estabelecidas na ação pedagógico-educativa, estão sendo cumpridos de maneira coerente com o Projeto Político Pedagógico do estabelecimento de ensino. Art... O Conselho de Classe constitui-se em um espaço de reflexão pedagógica, onde todos os sujeitos do processo educativo, de forma coletiva, discutem alternativas e propõem ações educativas eficazes que possam vir a sanar necessidades/dificuldades apontadas no processo ensino e aprendizagem. (PARANÁ, 2010, p. 24).

Portanto os regimentos escolares regulamentam a formulação, funções e

funcionamento desse órgão colegiado e ressaltam, entre outros, que se deve

observar se os objetivos, conteúdos e metodologias estão de acordo com o PPP da

escola, caracterizando-se em uma avaliação da proposta pedagógica.

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A partir das normas para organização, entende-se o Conselho de Classe,

segundo Zilah Veiga, p.117, “como uma instância colegiada contraditória. De um

lado, ele se reduz em grande parte a um mecanismo de reforço das tensões e dos

conflitos, com vistas á manutenção da estrutura vigente, tornando-se peça chave

para o fortalecimento da fragmentação e da burocratização do processo de trabalho

pedagógico. Por outro lado [...] se preocupa com processos avaliativos capazes de

reconfigurar o conhecimento, de rever as relações pedagógicas alternativas e alterar

a própria organização do trabalho pedagógico”.

Conselho de Classe

O conselho de classe é um dos mais importantes espaços escolares, pois, tendo em vista

seus objetivos, segundo Dalben (2004), "é capaz de dinamizar o coletivo escolar pela via da

gestão do processo de ensino, foco central do processo de escolarização. É o espaço

prioritário da discussão pedagógica.”

De fato, segundo a autora, é mais do que uma reunião pedagógica; é parte integrante do

processo de avaliação desenvolvido pela escola. É o momento privilegiado para redefinir

práticas pedagógicas com o objetivo de superar a fragmentação do trabalho escolar e

oportunizar formas diferenciadas de ensino que realmente garantam a todos os alunos a

aprendizagem.

Cumpre, portanto, a todos os profissionais da educação realizar enfrentamentos no sentido

de superar a estrutura de conselho de classe autoritária, burocrática e excludente, que serve

mais para legitimar o fracasso escolar do que para reorganizar o trabalho pedagógico e,

especificamente, o trabalho educativo didático que se concretiza na relação aluno-professor.

Enfrentar estes limites significa ir para além da concepção do conselho de classe como uma

forma de concessão de “chances” para os alunos ou de resolução de conflitos entre

professor e aluno. Ou seja, o coletivo docente não pode se reunir apenas para dividir os

problemas e para que obtenham a aprovação tácita do grupo sobre um processo avaliativo

que prioriza a nota e não as reais possibilidades de evolução do aluno.

De acordo com MATTOS (2005), “não é o espaço de comparação de alunos, em que se

valida a construção de imagens dos alunos, feitas pelos docentes, ao longo do ano letivo.”

In: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/cont=15 Acesso 18.10.12

Cruz, ao definir o Conselho como espaço de Avaliação Diagnóstica da ação

pedagógico-educativa da escola, feito pelos professores e pelos alunos, à luz do

Marco Operativo da Escola, (já citado anteriormente) remete-nos a outro ponto

importante que circunda as práticas escolares: a realização do trabalho pedagógico

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pautado no Projeto Político- Pedagógico da escola, uma vez que é o direcionador de

todas as ações educativas a serem realizadas.

A secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, ao longo das

jornadas pedagógicas (formação continuada), vem disponibilizando materiais para

estudo nas diversas esferas que compreendem a organização do trabalho

pedagógico. Na Jornada Pedagógica de fevereiro de 2010, sob o enfoque AS

NECESSIDADES DA ESCOLA A PARTIR DE SEUS LIMITES E AVANÇOS,

pesquisas e estudos de vários autores foram colocados a disposição das escolas

para estudos e considerações. Naquele momento (2010), a Superintendente da

Educação destacou [...] a necessidade de uma retomada de todas as discussões

que já desenvolvemos nestes sete anos de trabalho. Para isso, a CGE preparou um

roteiro que transita pelos diferentes materiais disponibilizados pelas Diretorias,

Departamentos, Coordenações e Núcleos Regionais da Educação ao longo das

semanas pedagógicas. Reafirma, portanto que o compromisso da Secretaria é com

a instrumentalização dos profissionais da educação para se apropriarem e

produzirem os conhecimentos que fundamentam as práticas pedagógicas [...] Trata-

se do retorno aos estudos da Semana Pedagógica de julho de 2009 no que se refere

à concepção de ensino-aprendizagem que sustenta as políticas da SEED, tendo em

vista as necessidades históricas da escola pública, de forma que a escola possa

repensar como tal processo tem se dado na sua realidade [...].

Destacamos ainda alguns materiais que fundamentam a prática dos

Conselhos de Classe, enviados às escolas para estudo e discussão:

Artigos: O conselho de classe e a construção do fracasso escolar, de Carmen Lúcia

Guimarães de Mattos; Conselho de Classe Participativo de: Rosilãne de Lourenço

Lorenzoni, Terezinha Leiza Rempel, Elisane Scapin Cargnin e Joze Medianira dos S.

A. Toniolo; Conselho de Classe Participativo: resistências e rupturas de: Rociney

Aparecida de L. P. Godinho e Eliane Cleide da Silva Czernisz; entre outros.

Orientações: O papel do Pedagogo na mediação do Conselho de Classe: texto

elaborado pela Coordenação de Gestão Escolar, organizado por Elisane Fank e

Nádia Artigas; Orientação para relatório de Revisão de Resultado Final, organizado

por Elisane Fank, Coordenadora de gestão escolar da SEED, entre outros.

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O Conselho de Classe é apresentado por CRUZ, 2011, como um dos espaços

mais ricos da prática pedagógica, mas de um modo geral, talvez um dos mais mal

aproveitados, por apresentar-se como uma instância de julgamento de alunos e um

espaço de críticas improdutivas sobre a prática pedagógica.

“Pensar no desafio de tornar a escola um ambiente cada vez mais acolhedor e

integrado com a comunidade é um compromisso que precisa ser assumido por

todos nós”.

Flávio Arns, Secretário de Estado da Educação, semana pedagógica 2012.

Faço uso da afirmativa do Secretário da Educação, Flávio Arns para ressaltar

que de fato o compromisso com a educação é uma ação coletiva e precisa ser

assumido por todos nós.

ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS DA UNIDADE DE ESTUDO 3

As atividades constantes dessa unidade constituem-se em alternativas de

estudo a ser realizado com os professores e pedagogos na escola, para que façam

uma análise e promovam discussão, apresentem sugestões teóricas e

metodológicas, levando em conta a pertinência e a viabilidade do tema no cotidiano

escolar. Ao final dessa unidade de estudos estão incluídas algumas questões para

debates, bem como sugestões de filmes e de leituras. Dessa forma espera-se

propiciar momentos de estudo e reflexão sobre os documentos que regem a

organização do trabalho pedagógico e sua importância na estruturação do Conselho

de Classe.

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Atividades da unidade de estudo 3

1 - Apresentação do conteúdo da Unidade de estudo em Pawerpoint.

2 - Vídeos sugeridos:

A - *Título: “Mestrado da Vida” Duração: 11 minutos

Sinopse: Apresenta a realidade de muitos brasileiros, aos quais lhes é negado o direito ao acesso ao “conhecimento sistematizado”. Negação esta, muitas vezes “justificada” por teorias, que tentam mascarar, camuflar, as falhas existentes no nosso Sistema de Educação. O tipo de organização escolar reforça e contribui com um sistema que exclui e aumenta as desigualdades sociais; os índices de evasão, repetência e baixo aproveitamento são provas cruciais da ineficiência da maioria das escolas de nosso país.

Disponível em: www.youtube.com/watch?v=VHdzJvIuMZo. Acesso em 10 de out. 2012.

Sugestões para análise e discussão: a) Sociedade atual. b) Realidades escolares. c) Relação da escola com a família e sociedade. d) Adolescência/ juventude e suas expectativas com relação à escola.

B- *Título: Entre os muros da escola – reunião pedagógica e indisciplina Duração: 03:21 Minutos Sinopse: O trecho apresenta uma reunião pedagógica, na qual há participação

de uma mãe. Nesta reunião inicia-se uma discussão sobre a idéia de alguns professores para conter a indisciplina dos alunos. Todos opinam e apresentam outras sugestões, mas antes que se decida algo, o diretor corta a discussão e inicia outro assunto: a máquina de café da sala dos professores. O trecho permite refletir sobre a prática de reuniões pedagógicas nas escolas, bem como as ações tomadas por professores para conter a indisciplina.

Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules

3 - A seguir, apresentamos dois textos disponibilizados pela SEED, sabre a temática Conselho de Classe. Sugerimos a divisão do grupo em duas equipes. Cada equipe recebe um texto complementar, TEXTO 1 ou TEXTO 2 desta unidade. Fazer a leitura (poderá ler em casa) e fazer uma reflexão sobre os aspectos que mais se destacam, apresentando suas idéias ao grande grupo, tendo como foco:

Nas reuniões de Conselho de Classe é possível observar e seguir todas as recomendações ali apresentadas? Ou, quais orientações precisam ser redimensionadas na escola?

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TEXTO 1

SOBRE CONSELHO DE CLASSE, CRITÉRIOS E ACOMPANHAMENTO DA AVALIAÇÃO ESCOLAR: O papel da SEED, dos estabelecimentos de ensino e orientações legais7

[...] A avaliação, tomada em sua maior expressão, tem asseguradamente um caráter qualitativo e não quantitativo. As notas dos alunos devem partir da discussão em torno dos critérios de avaliação e expressar o que foi aprendido no processo pedagógico. Ela não está descolada da aprendizagem e não pode ser tomada de forma pontual e pragmática. Quem define estes critérios, os quais, segundo a legislação vigente, devem constar no regimento escolar, é o próprio estabelecimento de ensino através dos profissionais que nele atuam. Vale pontuar que, na perspectiva da concepção de educação voltada para a escola pública, estes critérios devem ser, não somente respaldados na legislação, como definidos coletivamente num processo democrático. Há também a necessidade de salientar que o processo de tomada de decisões do coletivo que ocorre na escola, especialmente no que se refere ao resultado final que avalia o desempenho processual do aluno, é definido no Conselho de Classe. Sua legitimidade está vinculada às decisões tomadas em reunião própria com a direção, equipe pedagógica e os professores. As decisões tomadas por este coletivo, uma vez registrado em ata e validado por todos os envolvidos não podem, de forma alguma, ser modificadas no gabinete do diretor isoladamente com o professor da disciplina. Casos de revisão de resultados pressupõem um novo conselho considerando a reavaliação de todo o processo pedagógico. Assim sendo, a SEED esclarece que decisões posteriores, acertos, ou outros encaminhamentos decididos pela direção escolar, conforme afirmam algumas denúncias, não têm qualquer valor legal. Deste modo, uma vez assegurada a autonomia dos estabelecimentos de ensino, no que se refere à construção dos seus projetos pedagógicos, os quais fundamentam as decisões sobre sistema e critérios de avaliação, não procedem a pressões por parte dos diretores ou mesmo Núcleos Regionais de Educação quanto à aprovação automática dos alunos. Esta mesma não está prevista, nas séries finais do ensino fundamental, médio e profissional, nem pelas políticas desta Secretaria tampouco, pela legislação vigente. Art.17 - A promoção deverá ser o resultado da avaliação do

aproveitamento escolar do aluno expresso conforme critério e forma determinada pelo Estabelecimento em seu Regimento Escolar.

Art. 19 - Encerrado o processo de avaliação, o estabelecimento registrará, no histórico escolar do aluno, sua condição de aprovado

ou reprovado. (grifo SEED) (Del. CEE nº 14/99) No entanto, cabe aos estabelecimentos de ensino discutir os fundamentos legais, conceituais e históricos acerca do acompanhamento do ensino e da aprendizagem. Este processo pressupõe, primeiramente, que o acompanhamento do ensino-aprendizagem seja realizado a partir da definição dos critérios de cada disciplina, os quais expressam a intencionalidade do trabalho do professor. Portanto, os critérios da disciplina estão voltados para o conteúdo. A nota deveria, em tese, expressar estes critérios, pelos quais a avaliação é processual e não pontual, ou seja, avaliações processuais têm, antes de tudo, o objetivo de diagnosticar o que se

7 Recorte do texto “Papel do pedagogo na mediação do Conselho de Classe'” produzido pela CGE

para os pedagogos em 2008.

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aprendeu ou não para, enfim, proceder a retomada dos conteúdos, a recuperação de estudos e, conseqüentemente, a reavaliação. As notas não são o fim último, o fim é a aprendizagem. Compor nota, portanto, é uma responsabilidade do professor, sobre a qual está toda uma compreensão da concepção de avaliação, de ensino aprendizagem, bem como da própria educação. Os critérios das disciplinas são, contudo, definidos a partir dos critérios de avaliação dos estabelecimentos de ensino propostos no Conselho de Classe, que, por sua vez, são referendados pelo Conselho Escolar e expressos no Regimento Escolar. Cabe destacar, de antemão, que os Conselhos de Classe não são uma política de governo. Eles são uma conquista histórica da própria categoria dos profissionais da educação, amparados legalmente na perspectiva da gestão democrática. Isto posto, vale situar que os Conselhos de Classe foram incluídos na organização da escola brasileira nas décadas de 60 e 70 pelos próprios professores. Haja vista, o contexto da Ditadura da época e a perspectiva funcionalista da divisão do trabalho na escola, os professores sentiram necessidade de um espaço coletivo de avaliação, que contemplasse as diferentes percepções e encaminhamentos do processo pedagógico. Contudo, a própria concepção de avaliação quantitativa e meritocrática, ainda não vencida na época, reduziu os Conselhos a reuniões em que cada professor trazia o resultado numérico de seus alunos. Os registros das notas, em seus diários de classe, por sua vez, serviram meramente para subsidiar especialistas na construção de tabelas e gráficos. Além de centrar o foco na nota, estes conselhos, por conta da concepção de ensino-aprendizagem da época (behaviorista), pautaram suas discussões apenas em aspectos comportamentalistas. Em contraposição a esta concepção, a Secretaria da Educação, desde o início de sua gestão (2004), através das jornadas pedagógicas e da formação dos professores, trouxe a discussão sobre os Conselhos de Classe como um espaço asseguradamente coletivo, que não pode se reduzir a uma discussão meritocrática, comportamentalista e quantitativa. Deve ser concebido como um momento de discussão coletiva e de articulação de ações e encaminhamentos visando reavaliar, não somente a aprendizagem do aluno, como também toda a organização do trabalho pedagógico. Destaca-se aqui que o Conselho Final não pode ser descolado do processo de acompanhamento, consubstanciado pelas reuniões periódicas. Portanto, cabe discutir em Conselho de Classe não a aprovação ou reprovação do aluno como se fosse resultado de um processo educativo fragmentado. O Conselho, assim, não se resume a voto, pura e simplesmente, para decidir a sorte dos alunos que apresentaram problemas no decorrer do ano, redundando na decisão final, a qual já estava definida desde o início do período letivo. Cabe lembrar que esta instância é deliberativa e consultiva e que votar não tem o mesmo significado de deliberar. O voto resume-se a uma escolha que expressa uma opinião própria, já a deliberação implica em decisão precedida pela discussão, reflexão, ponderação, consideração de diferentes aspectos do problema, exame das possibilidades, para então tomar uma decisão conjunta de modo a encaminhar uma providência ou determinação. (SEED/CGE 2008) Neste sentido, cabe aqui destacar que a Secretaria de Estado da Educação do Paraná, desde 2007, conta com a Coordenação de Gestão Escolar (CGE). A CGE tem encaminhado às equipes pedagógicas e diretivas das escolas, pela via da formação continuada e da produção de materiais, orientações acerca do papel dos

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estabelecimentos de ensino e de toda a comunidade escolar no que se refere à organização do trabalho pedagógico. Estes materiais estão disponibilizados a toda a população por meio do Portal dia-a-dia-educação. Logo, destaca-se que estas orientações, aqui sistematizadas, já são do conhecimento das equipes pedagógicas, as quais têm por função precípua, acompanhar o processo de ensino-aprendizagem. Ressalta-se que, por meio de suas coordenações e departamentos, a SEED sistematizou os principais fundamentos legais e conceituais que amparam o sistema de avaliação dos estabelecimentos de ensino num documento que subsidia a construção do regimento das escolas. Esse documento expressa a legalidade das orientações da SEED: Art....A avaliação é uma prática pedagógica intrínseca ao processo ensino e aprendizagem, com a função de diagnosticar o nível de apropriação do conhecimento pelo aluno. Art....A avaliação é contínua, cumulativa e processual, devendo refletir o desenvolvimento global do aluno e considerar as características individuais deste no conjunto dos componentes curriculares cursados, com preponderância dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos. Art....Os resultados das avaliações dos alunos serão registrados em documentos próprios, a fim de que sejam asseguradas a regularidade e autenticidade de sua vida escolar.

Parágrafo único – Os resultados da recuperação serão incorporados às avaliações efetuadas durante o período letivo, constituindo-se em mais um componente do aproveitamento escolar, sendo obrigatória sua anotação no Livro Registro de Classe. (PARANÁ, SEED, 2007) Neste sentido cabe, destacar que a SEED sempre fez estas orientações respaldadas com base legal, histórica e conceitual, no que se refere à concepção de avaliação e de gestão. Estas orientações esclarecem por que não é a mantenedora que define os critérios de avaliação, nem tampouco exerce qualquer pressão que vá ao sentido da aprovação automática. Cabe, contudo, reforçar aos Núcleos Regionais, a todos os profissionais da educação e à comunidade em geral, que o acompanhamento dos índices nacionais, tais como IDEB e Prova Brasil, têm unicamente o objetivo de diagnosticar escolas que apresentam maiores necessidades, sejam estruturais ou pedagógicas, e envidar esforços para supri-las. Este objetivo se exemplifica através do PDE-Escola, programa nacional que toma o Índice de Desenvolvimento Educacional com o objetivo de dispor maiores recursos financeiros às escolas que apresentam baixo rendimento. Logo, não se justificam aqui hipóteses meritocráticas que encontrem ressonância na história da educação: a de que maiores rendimentos acarretam bônus de reconhecimento. Esta política não existe no Estado do Paraná. Pelo contrário, se a escola não mascara seus dados, eles expressam a necessidade de maior suporte por parte da Secretaria de Estado. Com base nestas considerações legais, históricas e conceituais, a SEED esclarece aos educadores e, em especial, aos Núcleos Regionais que não pode existir qualquer tipo de pressão por parte da direção escolar ou mesmo pelos próprios Núcleos Regionais que se caracterize em aprovação automática ou índices máximos de reprovação. Contudo, destaca-se que todo processo pedagógico deve estar fundamentado legalmente e registrado em documentos próprios a fim de torná-los públicos, uma

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vez que se trata de uma escola pública voltada às necessidades históricas daqueles que dela dependem. Vale ainda registrar que toda esta fundamentação sempre esteve disponível no Portal “diaadiaeducacao.pr.gov.br”. Indica-se que os professores e comunidade em geral lancem mão destas informações, a fim de que possam compreender os elementos que respaldam o trabalho pedagógico. Por conta destes e outros esclarecimentos que posteriormente se fizerem necessários, a SEED coloca-se sempre à disposição. REFERÊNCIAS SEED/CGE Papel do pedagogo na mediação do Conselho de Classe, produzido pela CGE para os pedagogos em 2008, disponível em www.diaadia.pr.gov.br/cge/:conteúdo

TEXTO 2 ESTRUTURA E DIMENSÕES DO CONSELHO DE CLASSE8

O Conselho de Classe se estrutura a partir de três dimensões: O Pré-conselho de Classe: este procedimento se configura como oportunidade de levantamento de dados, os quais, uma vez submetidos à análise do colegiado, permitem a retomada e redirecionamento do processo de ensino, com vistas à superação dos problemas levantados e que não são privativos deste ou daquele aluno ou desta ou daquela disciplina. É um espaço de diagnóstico do processo de ensino e aprendizagem, mediado pela equipe pedagógica, junto com os alunos e professores, ainda que em momentos diferentes, conforme os avanços e limites da cultura escolar. Não se constituem em ações privativas, implicam em decisões tomadas pelo grupo/coletivo escolar O Conselho de Classe: quando os professores se reúnem em Conselho (grande grupo), são discutidos os diagnósticos e proposições levantados no pré-conselho, estabelecendo-se a comparação entre resultados anteriores e atuais, entre níveis de aprendizagem diferentes nas turmas e não entre alunos. A tomada de decisão envolve a compreensão de quais metodologias devem ser revistas e que ações devem ser empreendidas para estabelecer um novo olhar sobre a forma de avaliar, a partir de estratégias que levem em conta as necessidades dos alunos. A forma como as reuniões são previstas no calendário levam em conta este modelo de Conselho do qual falamos e não aquele que simplesmente legitima o fracasso a partir da sua constatação. A escola tem autonomia para se organizar e realizar reuniões pedagógicas ao longo do ano, desde que, previstas em calendário. O Pós-conselho de classe: traduz-se nos encaminhamentos e ações previstas no Conselho de classe propriamente dito, que podem implicar em: retorno aos alunos sobre sua situação escolar e as questões que a fundamentaram (combinados necessários); retomada do plano de trabalho docente no que se refere

8 Orientações para o encerramento do ano letivo: O papel do pedagogo na mediação do Conselho de Classe, e,

Estrutura e dimensões do Conselho de Classe, por Elisane Fank e Nádia Artigas (SEED/CGE)

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à organização curricular, encaminhamentos metodológicos, instrumentos e critérios de avaliação; retorno aos pais/responsáveis sobre o aproveitamento escolar e o acompanhamento necessário, entre outras ações. Todos estes encaminhamentos devem ser registrados em ata. Uma vez que se organize o Conselho de Classe de acordo com as dimensões apresentadas é necessário considerar a definição de critérios para o conselho, os quais devem ser qualitativos e não quantitativos, ou seja:

Não há nota mínima estabelecida, o processo de desenvolvimento escolar de todos os alunos que não atingiram média para aprovação, deve ser submetido à análise e decisões do Conselho;

Não há número de disciplinas para aprovar ou reprovar. Mesmo que o aluno tenha sido reprovado em todas as disciplinas o que está em análise é sua possibilidade de acompanhar a série seguinte;

Questões disciplinares não são indicativos para reprovação. A avaliação deve priorizar o nível de conhecimento que o aluno demonstra ter e não suas atitudes ou seu comportamento;

Ter sido aprovado em conselho de classe no ano anterior não quer dizer que não possa ser novamente aprovado no ano seguinte. Isto pode ser um sintoma de que o acompanhamento pedagógico deste aluno não foi efetivo de modo a mudar os encaminhamentos para que o aluno tivesse oportunidade de outras formas de entendimento dos conteúdos;

É importante ressaltar que as discussões no Conselho de Classe final, as quais são mediadas pela equipe pedagógica, bem como respaldadas e presididas pela direção escolar devem, por sua vez, se sustentar sobre alguns parâmetros (critérios qualitativos):

• Avanços obtidos na aprendizagem; • Trabalho realizado para que o aluno melhore a aprendizagem; • Desempenho do aluno em todas as disciplinas; • Acompanhamento do aluno no ano seguinte; • Situações de inclusão; • Questões estruturais que prejudicam os alunos (ex. Falta de professores sem

reposição); A discussão do Conselho de Classe Final, a partir dos critérios indicados deve se sustentar sobre algumas reflexões: 1 - O aluno apresenta dificuldades conceituais muito significativas que o impossibilite de acompanhar a série seguinte?

• Que diagnósticos foram feitos? • Estão registrados? • Que encaminhamentos foram realizados? • Houve retomada no plano de trabalho docente? • Houve retorno para os pais/responsáveis e para os alunos? • Que avanços foram obtidos ou não?

2- O aluno apresenta dificuldades cognitivas significativas que o impossibilite de acompanhar a série seguinte (dificuldades, distúrbios, transtornos, necessidades educacionais especiais...)

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• Que diagnósticos foram feitos (pedagógicos, psicológicos, psicopedagógicos, neurológicos...)?

• Os casos foram discutidos no conselho de classe anual? Que orientações foram dadas?

• Há registros? Que ações foram realizadas? Houve adaptações curriculares? Que avanços foram obtidos?

3 – O aluno em questão não obteve nota para aprovação, pois não entregou avaliações nem realizou atividades.

• Houve registros individuais na pasta do aluno? • E a partir dos conselhos anteriores, que encaminhamentos foram feitos? • Que critérios de avaliação foram usados? • Que instrumentos foram realizados? • Os pais foram comunicados? • Que medidas foram tomadas? • Que avanços foram ou não obtidos? • Em que sentido isto interferiu na não aprendizagem e, neste sentido,

impossibilita ou não no acompanhamento da série seguinte? Cumpre ainda, destacar que: Todos os critérios devem ter como único foco a aprendizagem. A participação,

atitude e comportamento não são critérios e sim possíveis determinantes sobre ela.

Todos os registros que foram feitos em ata nos pré-conselhos, conselhos propriamente e nos pós conselhos devem ser retomados no conselho final para fundamentar a decisão de promoção ou retenção. A ata final deve expressar isto.

O conselho de classe final também deve expressar, em ata, a relação entre os parâmetros, as discussões e encaminhamentos realizados durante o ano no processo de conselho.

Os parâmetros devem servir de referenciais para que a equipe pedagógica da escola, juntamente com o corpo docente, defina critérios (qualitativos e não de corte) para discutir a situação de todos os alunos que não obtiveram nota para promoção.

Portanto, o parâmetro para promoção não está no outro aluno, mas nos critérios definidos em conjunto e que NÃO SÃO quantitativos e restritivos. Não existe peso no voto do professor da disciplina. O caso do aluno que será

discutido no conselho final passa pelo olhar pedagógico de todos os professores, portanto a discussão não se sustenta em critérios subjetivos.

A ata final não deve se constituir na lista dos alunos aprovados ou não, e sim na expressão das discussões das reflexões acima indicadas.

Enfim, cabe à equipe pedagógica a organização, articulação e acompanhamento de todo o processo de conselho de classe, bem como a mediação das discussões no conselho de classe final, devidamente fundamentadas e registradas, lembrando que: “Mesmo que o aluno não se faça presente ao conselho de classe ele será sempre a figura central das discussões e avaliações, estando presente por meio de seus resultados, de seus sucessos, de seu desenvolvimento, de suas resistências, de seus fracassos, de suas necessidades e dificuldades.”(Dalben, 2004) REFERÊNCIA: SEED/NRE - CURITIBA, CGE/NRE. Material de apoio conceitual, 2007.

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“Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado. Mas nada se modifica até que seja enfrentado”.

(James Baldwin)

A NOVA INQUISIÇÃO9 (adaptado)

Oito horas..., na fábrica. Hora de bater o ponto. Bom dia Miguel! Nasceu o menino. José, como eu. Uma beleza! Fico imaginando o Zezinho crescendo, jogando bola, brincando no rio, indo à escola, - um dia doutor ou até mais. O trabalho começa. José sonha feliz. Nem o barulho infernal das máquinas ouve. É o seu menino que está presente, que lhe dá mais vida, mais forças. Zezinho cresce. Sete anos. José, o pai, acompanha-o à escola. Faz economias, sacrifícios. Na escola tudo vai bem. Zezinho sempre aprovado. Agora já está na 5ªsérie ou 6ºano. Alegrias... Esperanças... Decepções... Matérias estranhas e tantas: Português, Matemática, Geografia, História, Ciências, Inglês, Artes, Ensino Religioso, Educ. Física. Educação Física é tri-legal! Lá tem bola, corrida, colegas, professor amigo. As outras? Professor entra, professor sai, professor fala, professor escreve, professor dita, aplica prova, professor, professor... Estranhos para mim e, eu estranho para eles. O tempo voa embrulhado. É fim do primeiro bimestre. PRIMEIRO CONSELHO A mesa do Santo ofício, instalada em ampla sala, é presidida pela Diretora e supervisoras e tudo será registrado em ata pela secretária da Escola. Professores acomodam-se. São testemunhas. A sessão começa. RÉUS AUSENTES Para facilitar, seguiremos a ordem de chamada. Sejam breves. Iniciemos: Antonio... Batista... Éder... Felipe... Igor... João... José: Português: O José? Aquele que senta na segunda fila, quarta carteira? Ele é fraco, não gosta de redação, lê mal, troca os cadernos, é inquieto. Veio fraco da quarta série. Tirou 46,9. Matemática: Não sabe tabuada, tem raciocínio lento, dorme durante a aula, e ainda diz que quer ser economista. Tirou 49,7. Geografia: José? O moreninho? Ah! Fala muito na aula; só gosta de falar sobre o rio onde brinca e pesca. Tirou 40. Educação Física: Eu estranhei as notas do Zezinho e a vossa avaliação. Ele é ótimo aluno, alegre, disponível, questionador. Participa muito. Tirou 100. - Aquele aí é o nosso professor regente, pai. ------------------ ------------------

9 O „texto‟ adaptado para esse tema é do acervo pessoal de Irmã Selita Bruschi - F.C.

Depoimento da autora: “escrevi este texto como um trabalho de pós graduação sem intenções editoriais, somente para nota, mas como gosto de escrever e na época, assisti o filme “Giordano Bruno” que me inspirou dentro do tema que estávamos refletindo. Saiu esse texto que já ajudou muitos educadores”.

4 - OPERACIONALIZANDO O CONSELHO DE CLASSE:

UM NOVO OLHAR

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[...] se Zezinho não melhorar, precisa “prendê-lo” para que faça suas tarefas, estude mais, senão reprovará. - Promete que vai mudar meu menino? - Prometo, sim, papai! Volta à sala. É o segundo bimestre. Tudo igual: horário, livros, cópias, operações matemáticas, questionários, leituras, provas, professores. Só o Zezinho mudou. Primeira carteira, calado, triste, preocupado, encaramujado. Os dias são meses, ... Termina o longo bimestre. SEGUNDO CONSELHO Instala-se o Santo Ofício. RÉUS AUSENTES Zezinho é o centro das denúncias. Continua o mesmo: lê mal, não gosta de redação, troca os cadernos, vive sonhando. Tirou 45,5. [...] não sabe tabuada, tornou-se agressivo, desrespeitador. Tirou 41,9. Zezinho, diz o professor de Educação Física, decaiu. Joga menos, está triste, não questiona mais e às vezes é muito agressivo. Nota? O que vale a nota? ------------------ ------------------ - Pode entrar seu José. Zezinho também. -Sou a Orientadora Educacional. Seu filho não está bem. Anda agressivo, desrespeitador. Deve ter algum problema em casa. Vigie-o. Faça-o estudar, senão reprovará. - Promete mudar? - Prometo sim pai! Espera no corredor o final da primeira aula. Entra atrasado. Tenta melhorar. Concentra-se. Tudo, porém, é mais difícil agora. Fica distante, pensativo..., inventa aviãozinho..., experimenta sua velocidade... E, a cinco por hora cai na mesa do professor. Foi o Zezinho! Foi o Zezinho! Já no corredor, fora da sala de aula, acocora-se e chora. No recreio, defende-se dos motejos e pontapés. TERCEIRO CONSELHO É o Santo Ofício da última esperança. DENUNCIADOS AUSENTES [...] e o Zezinho, como está? As denúncias multiplicam em quantidade e gravidade. Seu advogado, o professor de Educação Física, cala-se. [...] Seu José, eu, como Orientadora Educacional, não sei mais como lidar com o menino. Precisa de um bom psicólogo. Já marquei horário. Amanhã será a primeira sessão. Leve o menino e sua mãe também. Ele deve ter problemas sérios. Se não resolvê-los, será reprovado. Cabisbaixo, retira-se pensando: Meu menino com problemas sérios... Em casa é tão esperto, inteligente... Começa o quarto bimestre. Zezinho é outro. Pensativo, reflete: Escola para quê? É uma prisão! ...Perdi meus amigos... Eles são inteligentes, ricos... Papai, em casa, pouco fala comigo, agora. Vive caladão! Foram dois meses infindáveis. Muitos estudos, provas, recomendações. Um terror! Brigas, gabinetes, faltas, zeros, suspensões... Exames finais. O GRANDE CONSELHO Orações, reflexões, preleções... O Santo Ofício inicia o julgamento final.

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RÉUS NOVAMENTE AUSENTES Denunciantes claros, precisos, firmes, convictos. O menino Zezinho é reprovado. A sentença final será dada pela Diretora ------------------ ------------------ Pode entrar, a Diretora os espera. Cabisbaixos, pai, mãe e filho entram e ouvem a sentença. Está aqui este documento, já por mim assinado e pelo Conselho de Classe, aprovado por unanimidade. Zezinho está reprovado e não tem mais direito a matricular-se nesta Escola. ------------------ ------------------ Fogueira? Guilhotina? Forca? Prisão Perpétua? Século XXI? Pós-Modernidade? Educação Evangélico-libertadora? Educação Democrática, Pedagogia Histórico-Crítica,...? ------------------ ------------------ Bom dia, diz Miguel. Zezinho passou? José, em silêncio, bate novamente o ponto. Inicia mais um dia de trabalho e, ouvindo o horrível barulho das máquinas, pensa e compara: - O meu menino crescido, não joga mais bola, não brinca no rio, não vai mais à escola, não será mais um doutor ou mais... Economias, sacrifícios, sonhos, tudo acabou, tudo morreu... Irmã Selita Bruschi - F.C

REFLETINDO:

Qual a sua conclusão sobre esse „texto‟? Na sua visão, os conselhos de classe hoje ainda têm a ver com essa forma “medieval” descrita anteriormente? Ou, evoluíram para a pedagogia do “jeitinho” para a concessão de “chances” para os alunos, ou, tem se valido do aprofundamento teórico que conduz para um trabalho de valorização do aluno na aquisição do conhecimento?

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ara dar mais sentido e coerência ao processo educativo desenvolvido pela

escola e ajustar a prática metodológica, CRUZ, 2011, descreve uma proposta

de realização de Conselho de Classe que, ao ser sintetizada nessa unidade, não

tem a pretensão de que a mesma seja tomada como modelo a ser seguido, e sim,

com o intuito de oferecer práticas diferenciadas para comparação, análise e, se

possível, a organização de instrumentos que orientem a atuação de pedagogos e

professores na realização do Conselho.

Até aqui discutimos as fragilidades do Conselho de Classe enquanto espaço

de avaliação da prática pedagógica. A partir dos conceitos e relatos já apresentados

nesta unidade didática, fica o pressuposto de que repensar o sentido do Conselho

de Classe no processo escolar implica repensar sua prática de funcionamento, uma

vez que a avaliação envolve tanto a aprendizagem significativa do aluno quanto a

avaliação da própria ação do professor.

A partir dessa reflexão, podemos dizer que o Conselho de Classe tem como

finalidade diagnosticar problemas e apontar soluções tanto em relação aos alunos e

turmas quanto aos docentes, portanto, é possível estabelecer uma relação a partir

de sua (re) organização. Por se tratar de um trabalho coletivo, o Conselho de Classe

torna-se inviável se os diversos segmentos da escola e mesmo os diversos

profissionais agirem segundo projetos individuais, sabendo que o professor deve

acompanhar o processo de aprendizagem do aluno confrontando as ações e o

desempenho do mesmo num trabalho participativo, de construção conjunta.

ETAPAS DO CONSELHO DE CLASSE

Cruz (2011) apresenta algumas etapas que poderão contribuir para uma nova

dinâmica do Conselho de Classe, as quais devem, segundo ele, ser introduzidas na

medida em que se vai tendo maior clareza e segurança nos passos: Auto-avaliação

dos profissionais da escola; Análise diagnóstica da turma; Proposta de ação

individual e coletiva e Análise dos casos relevantes. Sabe-se que isso constitui

uma grande dificuldade, porém necessária para nortear um processo de mudança.

P

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Auto-avaliação dos profissionais da escola

O Conselho começa com a auto avaliação, onde os profissionais da escola

avaliam seu próprio trabalho (metodologia, conteúdos, organização, formas de

avaliar, planejamento, avanços e recuos no desenvolvimento das aulas). O

Conselho seguinte deve começar com a auto-avaliação do professor e da equipe

pedagógica e administrativa sobre a efetivação das ações concretas e/ou linhas de

ação propostas no conselho anterior.

Desse modo, segundo Cruz, 2011, p 16-17, é importante insistir na auto-

avaliação, porque ela ajuda:

Na tomada de consciência da própria ação e de suas limitações e acertos. Este aspecto nem sempre ocorre facilmente, uma vez que nossa cultura escolar não tem privilegiado esta postura, havendo resistências por parte de muitos professores. O importante é que, ao elencar os avanços e dificuldades, esta avaliação seja tomada como uma etapa de crescimento individual e do grupo, e de aperfeiçoamento do processo educativo;

Na quebra do poder discricionário, herdado culturalmente pelos professores.

A criar a consciência da força da ação coletiva pela revelação da fragilidade da ação individual.

A tornar o professor aberto às mudanças possibilitando uma interação mais sincera, franca e amorosa com os alunos, uma vez que, por meio da compreensão de suas próprias limitações, compreendem-se melhor as limitações dos alunos e se relativiza o rigor do julgamento.

A relativizar o erro, vendo-o como uma etapa de crescimento e não como fracasso ou culpa, e isso é fundamental em um processo de construção conjunta do saber.

A auto-avaliação no Conselho mostra ainda:

Como o professor colocou em prática as linhas de ação comuns propostas no bimestre anterior;

Em que aspectos está avançando;

Que dificuldades têm enfrentado e como as tem enfrentado;

Que inovações na metodologia ou no processo de avaliação conseguiu pôr em prática;

Em que aspectos da metodologia e da avaliação ainda não está conseguindo avançar e por quê;

A que causas, relativas à sua ação pessoal, atribui o sucesso ou falha nas tentativas que fez.

Dentro do processo de auto-avaliação insere-se também o auto avaliar-se da

equipe pedagógica que, ao fazer uma análise da sua atuação e sobre as reais

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condições de trabalho que a escola oferece, busca ajudar os professores a superar

as dificuldades apresentadas, reorganizando o trabalho pedagógico;

O cuidado a se tomar nessas etapas é evitar que se caracterizem como uma

afronta aos professores e ao seu trabalho, pois o real objetivo é que haja troca de

experiências e discussões para superar os problemas que enfrentam. Em outra

perspectiva, seria o momento privilegiado de debater os objetivos da escola em

relação ao processo de ensino-aprendizagem, de discussão e estudos para orientar

os procedimentos metodológicos mais adequados para garantir a aprendizagem dos

alunos.

Análise diagnóstica da turma

Ao analisar a turma, é preciso rever a metodologia, as avaliações feitas, os

conteúdos e as relações interpessoais. “A análise da turma deve apontar causas, ou

ao menos, sugerir hipóteses dos problemas que o grupo apresenta, para que se

possam propor ações concretas ou atitudes que podem produzir as modificações

desejadas” (CRUZ, 2011, p.23).

Após a auto-avaliação dos profissionais, há de se pensar na análise

diagnóstica da turma em questão e para tanto Cruz, 2005 p.23, sugere “indicadores”,

os quais devem ser elaborados pelo coletivo dos professores. Esses indicadores

para análise da turma são formas de ser e agir (práticas e atitudes) diretamente

observáveis que indicam a presença de determinados princípios e valores propostos

no Marco Operacional da escola e da disciplina que não são observáveis

diretamente (Gandin,1995 apud Cruz), e a partir deles, apontar onde estão as

necessidades dos alunos.

Para essa elaboração, um dos critérios é que sejam valores e princípios cuja

colocação em prática efetivamente faça a diferença no processo educacional da

escola. No princípio da participação, fazer perguntas como:

Que ações nos mostram que o aluno está participando das aulas?

Como eu sei que ele participa?

O que o aluno deve fazer para participar das aulas?

Como eu posso saber ou identificar se o aluno está participando?

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Conforme apontado por CRUZ, as respostas deverão ser sempre com

palavras que indiquem ações e atitudes diretamente observáveis. Esses indicadores

devem ser elaborados pelos professores com base em questionamentos como:

Como e por que os alunos não estão aprendendo? Onde se situam as dificuldades?

Que causas individuais ou coletivas provocam as dificuldades de aprendizagem?

Essas dificuldades podem ser conseqüência do tipo de conteúdo, da metodologia,

dos processos de avaliação ou da relação professor-aluno? As respostas a essas

perguntas podem propor ações concretas ou atitudes que possam produzir as

modificações desejadas.

As respostas afirmativas elencadas são as ações concretas que apontam

agora uma lista de indicadores de participação:

Questionam assuntos, temas tratados em sala;

Responde a questões formuladas;

Expõe suas dúvidas;

Traz material solicitado;

Emite opinião própria sobre os assuntos;

Responde as solicitações do professor ou do grupo;

Sugere encaminhamentos de solução para problemas do dia-a-dia;

Colabora com as iniciativas propostas pelo professor e pelos colegas;

Discute em conjunto as finalidades e as formas de agir do grupo;

Age em conjunto com o grupo para a realização das propostas feitas;

Coopera com os trabalhos em sala.

Enfim, a análise diagnóstica da turma não pode ser superficial, restringindo-se

a características como indisciplina e desinteresse. É necessário levar em conta os

vários fatores que influenciam positiva ou negativamente a aprendizagem dos

alunos, como o seu contexto de vida, a metodologia utilizada pelo professor, os

instrumentos de avaliação, as relações que se estabeleceram em sala de aula. A

partir dessa análise é que se podem sugerir ações coletivas concretas que levem às

mudanças necessárias

Proposta de prática

Na terceira etapa do conselho apresentam-se propostas de práticas que se

destinam a sanar as necessidades apontadas no diagnóstico tornando a ação

pedagógica conjunta e transformadora do processo ensino e aprendizagem.

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O levantamento de estratégias coletivas para realização da intervenção

pedagógica deve considerar que essas propostas, de cunho pedagógico podem ter

diferentes abrangências: ação concreta, atitudes e práticas ou atividades pontuais.

Para facilitar a visualização apresentamos as possíveis propostas, em tabela:

Ação concreta

Ações que devem ser colocadas em prática para sanar problemas apontados na análise diagnóstica: Registrar por escrito os problemas disciplinares; Colocar por escrito, os objetivos da atividade, do bimestre, etc Desenvolver ao menos um trabalho em equipe, precedido do

individual; Cobrar dos alunos a apresentação de um roteiro, por escrito, das

etapas que devem ser cumpridas em trabalhos e pesquisas; Reorganizar grupos de trabalho para aumentar a interação e criação

de novas amizades. Estabelecer em conjunto, normas de convivência e regras de

disciplina; Direcionar regras para apresentação de trabalhos. Organizar passeios de confraternização;

Atitude

Atitudes que servem para dar sentido e direção à ação pedagógica: Refletir sistematicamente com os alunos sobre atitudes que têm

prejudicado a turma. Dialogar sempre. Incentivar e valorizar o progresso que os alunos apresentam, mais

do que as falhas, durante o trabalho letivo. Fazer valer as decisões tomadas em conjunto com a turma (normas

de convivência, prazos estabelecidos para trabalhos e pesquisas, horários.

Refletir sobre os limites que devem ter em sala de aula.

Atividades permanentes ou pontuais

Ações que se repetem periodicamente dentro de um tempo estabelecido pelo Conselho: Cada professor deve fazer, todo final do mês, uma avaliação com a

turma sobre o processo de trabalho desenvolvido em sala de aula para reorientar a prática de alunos e professores.

A coordenação fará uma reunião com os representantes das turmas uma vez por mês.

Essas propostas são sugeridas pelos e com os professores e não para os

professores. Representam uma construção coletiva, conjunta, de grupo e, conforme

destaca o autor, para que o conselho não se torne um ato isolado, mas um processo

em que a ação educativa da escola esteja concatenada de forma científica e

metódica, o conselho do período seguinte deve começar com a auto-avaliação do

professor sobre a colocação em prática das ações concretas e ou linhas de ação

propostas no conselho anterior – de modo que se torne um processo e não atos

isolados durante o ano.

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Análise dos casos relevantes.

Na quarta etapa, proceder à análise dos casos relevantes da turma. É o

momento de ter uma visão geral do aluno, conhecê-lo como pessoa e como

estudante, para realizar uma avaliação diagnóstica. Com essa dinâmica de

funcionamento, o autor propõe esse momento como ponto de partida para uma

mudança de perspectiva no processo de ensino-aprendizagem. “É o momento e o

espaço de uma Avaliação diagnóstica da ação pedagógico-educativa da escola, feito

pelos professores e pelos alunos (em momentos distintos, às vezes), à luz do Marco

Operativo da Escola” (CRUZ, 2011).

Dalben, 2004, ressalta que a grande maioria das nossas escolas ainda não

prevê a participação do aluno no Conselho de Classe. No entanto, ele sempre será

a figura central das discussões. E o professor, ao trazer os resultados dos alunos

estará também refletindo sobre sua própria ação docente, da mesma forma que a

equipe pedagógica da escola estará avaliando em que medida a organização do

trabalho pedagógico é coerente ou não, com o referencial teórico no qual o trabalho

fundamenta-se, descrito no marco conceitual do Projeto Pedagógico da escola.

CONSELHO DE CLASSE COM A PARTICIPAÇÂO DO ALUNO - Outra

proposta, defendida por CRUZ e que pode ser agregada à estrutura de conselho de

classe propõe a participação do aluno nas reuniões. Um ou mais alunos

representantes da turma levam suas reivindicações para o conselho, assessorados

pela equipe pedagógica. Mesmo assim, o aluno tem pouca representatividade neste

tipo de conselho, uma vez que o coletivo dos professores tem uma

representatividade muito mais significativa.

Conselho com a participação de todos os alunos da turma e seus

professores, em sala de aula

A primeira etapa já foi descrita anteriormente em suas quatro fases, só com a

participação dos professores, da equipe pedagógica, do diretor e eventualmente de

aluno representante. Essa etapa mantém o espaço reservado no calendário escolar,

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como tem sido feito. A segunda etapa acontece com a participação de todos os

alunos da turma e seus professores. Esse conselho acontece nos dias de aula, sem

atingir o calendário. Podem-se fazer ajustes no horário para possibilitar maior

número de professores participantes.

Em relação à realização do Conselho de Classe com a participação dos

alunos Cruz (2011) destaca que é importante que a escola propicie mecanismos

sistemáticos de participação do aluno no processo avaliativo. Esses momentos têm

a finalidade de debater os processos metodológicos, as relações entre os alunos e

professores. Não se discutem notas, conceitos, relatórios, mas o trabalho

pedagógico que se desenvolve em sala de aula. Essa desvinculação de notas e

conceitos é produtiva e reforça a proposta de que o mais importante é o processo

educativo que se dá na relação ensino aprendizagem. CRUZ (2011, p. 47)

Como organizá-lo: A - Nos primeiros Conselhos Participativos, os alunos podem registrar suas

observações por escrito sem assinar os papéis em que fazem o registro. Isso diminui

o medo de possíveis “perseguições” por parte dos professores, prática condenável

sob todos os aspectos, mas infelizmente, ainda presentes em algumas escolas.

Refletindo sobre os problemas ocorridos nos conselhos participativos, CRUZ,

considera imprescindível que os alunos falem primeiro. Quando os professores

falam antes é comum que os alunos se amedrontem. Mesmo que não tenham razão

naquilo que dizem, é natural que a argumentação dos professores seja muito mais

bem articulada que a dos alunos, e ainda afirma: “O Conselho participativo estimula

o diálogo e fortalece o sentido crítico10, pois ajuda os alunos e professores a verem a

realidade em que estão inseridos, a partir do olhar do outro”. CRUZ, 2011.

B - Após a fala dos alunos, abre-se a palavra aos professores para esclarecer

possíveis dúvidas em relação ao seu trabalho e que podem ser objeto de crítica dos

alunos. Ouvir, refletir e ponderar com os alunos os pontos que merecem reflexão

tem dado bons resultados. Mas nem sempre é fácil conseguir isso dos professores.

10

Não confundir “senso crítico ou consciência crítica” com espírito de crítica. Há os que criticam o outro e, por conseguinte, procede a igual ao que ele mesmo criticou. Essa postura não é de senso crítico, mas de “espírito de crítica”. (CRUZ, 2011)

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Alguns se irritam com as críticas e as devolvem com certo grau de agressividade.

“Participação que dá certo, gera conflito”, mas é um conflito, como ensina Pedro

Demo, positivo para o crescimento de alunos e professores.

O Conselho participativo é uma experiência sujeita a críticas e

aperfeiçoamentos, mas que tem se mostrado positiva como instrumento de

realização dos referenciais pedagógicos que defendemos, pois:

Aumenta o espaço de participação como construção conjunta;

Provoca mudanças na cultura docente da escola;

Gera tensões e conflitos;

Ensina a administrá-las como processos necessários ao crescimento do grupo como equipe de trabalho.

O risco é o preço da ousadia da mudança, pois conforme Pedro Demo, citado

por Cruz (2011, p.54), a polarização conflitiva entre dois sujeitos que se promovem e

se confrontam, que se constroem e se destroem, que se atraem e se repelem, este é

o espaço educativo, político no âmago. Por isso, educação autêntica só pode ser

educação política.

O ato de refletir por escrito (traçar metas/ações e uso de fichas) possibilita a

criação de um espaço para que a reflexão sobre a prática ultrapasse a simples

constatação. É possível voltar à prática desenvolvida para compreendê-la melhor e

ter parâmetros para analisar o que se faz, pois:

Para o professor, o Conselho de Classe deverá apontar elementos para uma reflexão contínua sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada de aspectos que devem ser revistos ajustados ou reconhecidos como adequados para o processo da aprendizagem individual ou da classe.

Para o aluno, será um instrumento de consciência, conquistas, dificuldades e possibilidades para a reorganização do investimento na tarefa de aprender.

Para a escola possibilitará definir prioridades e localizar quais aspectos das ações educacionais demandam maior apoio.

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Confirmando as reflexões acima, DALBEN relata que:

[...] Sendo o Conselho de Classe uma instância integradora, pensar seu papel diante de uma nova lógica, em que esteja presente o desvelamento das atuais formas de organização social e ainda das atuais condições de trabalho da escola, leva ao repensar de uma nova relação que deve ser estabelecida entre os profissionais e seu conteúdo de trabalho. Isso só se faz numa ação participativa, fundamentada pelo diálogo com o outro – seja ele aluno, professor, comunidade escolar ou sociedade-, pois exige que as diversas perspectivas sejam consideradas em suas próprias diferenças e valorizadas pelo que significam. (DALBEN, 2004, p. 78).

Cruz, 2011 p.53, acentua que ainda não é freqüente entre os professores a

cultura da auto-avaliarão, também é raro abrir espaço para serem avaliados pelos

alunos e complementa “fomos educados para avaliar os outros.” Acerca desse

mesmo aspecto político-pedagógico da avaliação, destaca ainda as seguintes

problemáticas referindo-se ao processo democrático. REFLETIR SOBRE:

Espera-se que esta reflexão teórico-prática possa contribuir para a efetivação

dos Conselhos de Classe com práticas isentas de burocracia e exclusão. Espera

também que se tenha cumprido o propósito anunciado no início desta Unidade

Didática que é a de, através das reflexões aqui propostas, fortalecer o Conselho de

Classe para que de fato se torne o espaço de reorganização da prática

pedagógica. Esta Produção Didática não representa nenhuma inovação na

literatura da área, mas é atual, visto que a fragilidade do Conselho de Classe ainda

tem sido visível em muitas escolas da rede estadual.

Como educar para a participação,

entendida como construção conjunta,

sem um espaço sistemático para o

debate franco e aberto sobre a ação dos envolvidos no

processo educativo?

Como educar para a liberdade

contentando-se apenas com

espaços eventuais e controlados por

quem detém o poder na escola?

Como falar de sociedade

democrática, sem participação e

sem mecanismos organizados que criem a cultura da

participação?

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS DA UNIDADE DE ESTUDO 4

A pretensão dessa unidade de estudo, que vai encerrar a discussão, deverá

estimular o surgimento de outras questões que contribuam para ampliar a

compreensão das mudanças no Conselho de Classe formuladas a partir de

necessidades apontadas, pois entre os profissionais que atuam na escola, essas

propostas criam um clima de ansiedade, principalmente quando se percebe as

contradições nas próprias políticas educacionais, que muitas vezes apresentam um

discurso que não confere com a prática, ou, porque toda mudança exige atualização

de conhecimentos.

A discussão proporcionada ao longo dessa Unidade Didática não se encerra

em si mesma, portanto cumprindo um dos objetivos que é o de desfazer o mito do

Conselho de Classe como espaço de aprovação/reprovação, propõe-se com base

na contribuição de CRUZ, a elaboração de fichas de cunho reflexivo, que servirão de

roteiros para as reuniões, considerando a necessidade de reorganizar o Conselho

de Classe em momentos de preparação e de execução, com ações distintas para

pedagogos, professores, alunos e pais.

Atividades para reflexão da unidade de estudo 4

1. De acordo com a proposição de Carlos Cruz há possibilidade de desenvolver o Conselho de Classe nessa argumentação?

2. Em que aspectos a utilização dessa nova dinâmica contribuiria para superar o problema do conselho de Classe como espaço de aprovação/reprovação?

3. Finalizando, a partir reflexão acima, e com base na proposta de Carlos Cruz, convido os participantes para, em grupo, elaborarmos planilhas/fichas que servirão para orientar a condução do Conselho de Classe.

Ficha para o Pré Conselho

Ficha para o Conselho propriamente dito; e

Planilhas

LEITURA COMPLEMENTAR: CRUZ, C. H. Conselho de Classe: espaço de diagnóstico da prática educativa escolar São Paulo, 2 ed. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2011

PIZOLI, Rita de Cássia. A função do conselho de classe na organização do trabalho pedagógico escolar. IX EDUCERE-PUC.PR, Curitiba, 2009. Artigo.

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CRUZ, C. H. Conselho de Classe: espaço de diagnóstico da prática educativa escolar São Paulo, 2 ed. São Paulo, SP: Edições Loyola, 2011

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