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Fichamento do Capítulo 34 sobre Concurso de Pessoas do livro Curso de Direito Penal de Rogério Greco 1. INTRODUÇÃO a) "Considerando do concurso de pessoas, diz o art. 29, caput, do Código Penal, que quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, ma medida de sua culpabilidade." (p. 423) b) "Fala-se em concurso de pessoas, portanto, quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática de uma infração penal. Essa colaboração reciproca pode ocorrer tanto nos casos em que são vários os autores, bem como naqueles onde existam autores e partícipes." (p. 423) 2. REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS a) "A pluralidade de agentes (e de condutas) é requisito indispensável à caracterização do concurso de pessoas. O próprio nome induz sobre a necessidade de, no mínimo, duas pessoas que, envidando esforços conjuntos, almejam praticar determinada infração penal. (p. 424) b) "O segundo requisito diz respeito à relevância causal das condutas praticadas por aqueles que, de alguma forma, concorreram para o crime. Se a conduta levada a efeito por um dos agentes não possuir relevância suficiente para o cometimento da infração penal, devemos desconsiderá-la e concluir que o agente não concorreu para a sua prática." (p. 424) c) "O terceiro requisito, indispensável à caracterização do concurso de pessoas diz respeito ao chamado liame subjetivo, isto é, o vínculo psicológico que une os agentes para a prática da mesma infração penal. Se não se consegue vislumbrar o liame subjetivo entre os agentes, cada qual responderá, isoladamente, por sua conduta." (p.424) d) "O quarto e último requisito necessário à caracterização do concurso de pessoas é a identidade de infração penal. Isso quer dizer que os agentes, unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a mesma infração penal.

Fichamento Do Capítulo 34 Sobre Concurso de Pessoas1

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Fichamento do Capítulo 34 sobre Concurso de Pessoas do livro Curso de Direito Penal de Rogério Greco

1. INTRODUÇÃO

a) "Considerando do concurso de pessoas, diz o art. 29, caput, do Código Penal, que quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, ma medida de sua culpabilidade." (p. 423)

b) "Fala-se em concurso de pessoas, portanto, quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática de uma infração penal. Essa colaboração reciproca pode ocorrer tanto nos casos em que são vários os autores, bem como naqueles onde existam autores e partícipes." (p. 423)

2. REQUISITOS PARA O CONCURSO DE PESSOAS

a) "A pluralidade de agentes (e de condutas) é requisito indispensável à caracterização do concurso de pessoas. O próprio nome induz sobre a necessidade de, no mínimo, duas pessoas que, envidando esforços conjuntos, almejam praticar determinada infração penal. (p. 424)

b) "O segundo requisito diz respeito à relevância causal das condutas praticadas por aqueles que, de alguma forma, concorreram para o crime. Se a conduta levada a efeito por um dos agentes não possuir relevância suficiente para o cometimento da infração penal, devemos desconsiderá-la e concluir que o agente não concorreu para a sua prática." (p. 424)

c) "O terceiro requisito, indispensável à caracterização do concurso de pessoas diz respeito ao chamado liame subjetivo, isto é, o vínculo psicológico que une os agentes para a prática da mesma infração penal. Se não se consegue vislumbrar o liame subjetivo entre os agentes, cada qual responderá, isoladamente, por sua conduta." (p.424)

d) "O quarto e último requisito necessário à caracterização do concurso de pessoas é a identidade de infração penal. Isso quer dizer que os agentes, unidos pelo liame subjetivo, devem querer praticar a mesma infração penal. Seus esforços devem convergir ao cometimento de determinada e escolhida infração penal." (p.425)

3. TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOASa) "Para a teoria pluralista, haveria tantas infrações penais quantos fossem o número de

autores e partícipes. Na precisa lição de Cezar Bitencourt, 'a cada participante corresponde uma conduta própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. A pluralidade de agentes corresponde à pluralidade de crimes. Existem tantos crimes quantos forem os participantes do fato delituoso." (p. 425)

b) "Já a teoria dualista distingue o crime praticado pelos autores daquele cometido pelos partícipes (...) Manzini, defensor da mencionada teoria, argumentava que 'se a participação pode ser principal e acessória, primária e secundária, deverá haver um crime único para os autores e outro crime único para os chamados cúmplices stricto sensu. A consciência e vontade de concorrer num delito próprio confere unidade ao crime praticado pelos cúmplices." (p. 425-426)

c) "Para a teoria monista existe um crime único, atribuído a todos aqueles que para ele

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concorreram autores e partícipes." (p. 426)d) "Embora o Código Penal tenha adotado como regra a teoria monista ou unitária, na

verdade, como bem salientou Cezar Bitencourt 'os parágrafos do artigo 29 aproximam a teoria monística da teoria dualística ao determinar a punição diferenciada da participação, razão pela qual Luis Regis Prado aduz que o Código Penal adotou a teoria monista de forma 'matizada ou temperada'." (p. 426)

4. AUTORIA

4.1. Introduçãoa) "Partindo desse conceito, que acompanha nossa natureza, chegaremos às principais

teorias que chamaram para si a responsabilidade de, juridicamente, identificá-los. Foram criados conceitos restritivos e extensivos de autor como situações extremas para, posteriormente, surgir uma outra conceituação que podemos denominar de intermediária, trazida pela teoria do domínio do fato." (p. 427)

4.2. Conceito Restritivo de Autora) "Para os que adotam um conceito restritivo, autor seria somente aquele que

praticasse a conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os demais que, de alguma forma, o auxiliassem, mas que não viessem a realizar a conduta narrada pelo verbo penal seriam considerados partícipes." (p. 427)

b) "[..] o conceito restritivo se autor segue atrelado a uma teoria objetiva de participação. Essa teoria segue dias vertentes: uma formal e outra material." (p. 428)

c) "Para a teoria objetivo-formal, autor é aquele que pratica a condita descrita no núcleo do tipo; todos os demais que concorrem para essa infração penal, mas que não realizam a conduta expressa pelo verbo existente no topo serão considerados partícipes." (p. 428)

d) "[...] ou, como preleciona Damásio, a teoria objetivo-material 'distingue autor de partícipe pela maior contribuição do primeiro na causação do resultado." (p.428)

e) "A teoria objetiva, de acordo com o conceito restritivo de autor, encontrou-se em sérias dificuldades no que dizia respeito à chamada autoria mediata." (p. 428)

4.3. Conceito Extensivo de Autora) "Pelo fato de partir da teoria da equivalência das condições, os adeptos do conceito

extensivo não fazem distinção entre autores e partícipes. Todos aqueles que, de alguma forma, colaboram para a prática do fato são considerados autores." (p. 429)

b) "A teoria subjetiva procura traçar um critério de distinção entre autores e partícipes, valorando o elemento anímico dos agentes. Existe uma vontade de ser autor (animus auctoris), quando o agente quer o fato como próprio, e uma vontade de ser partícipe (animus socii), quando o a gente deseja o fato como alheio." (p. 429)

4.4. Teoria do Domínio do Fatoa) "A teoria do domínio do fato é considerada objetivo-subjetiva. Aquele que relaiza a

conduta descrita no núcleo do tipo penal tem o poder de decidir se irá até o fim com o plano criminoso, ou, em virtude de seu domínio sobre o fato, isto é, em razão de ser o senhor de sua conduta, pode deixas de lado a empreitada criminosa." (p. 430)

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b) "A teoria do domínio funcional do fato, adotada por grande número de doutrinados, resolve o problema com argumentos das teorias objetiva e subjetiva, acrescentando, ainda, um dado extremamente importante, qual seja, a chamada divisão de tarefas." (p. 430)

c) "O domínio será, portanto, sobre as funções que lhe foram confiadas e que têm uma importância fundamental no cometimento da infração penal." (p. 430)

d) "[...] o que possui o manejo dos fatos e o leva a sua realização é autor; o que simplesmente colabora, sem ter poderes decisórios a respeito da consumação do fato é partícipe." (p. 432)

e) "A teoria do domínio do fato tem aplicação nos delitos dolosos, não sendo cabível, contudo, quando a infração penal tiver natureza culposa [...]" (p. 432)

f) "Nos delitos imprudentes é autor todo aquele que contribui para a produção de resultado com uma conduta que corresponde ao cuidado objetivamente devido. Nos delitos dolosos é autor o que tem o domínio finalista dos fatos." (p. 432)

4.5. Coautoriaa) "Se autor é aquele que possui o domínio do fato, é o senhor de suas decisões,

coautores serão aqueles que têm o domínio funcional dos fatos, ou seja, dentro do conceito de divisão de tarefas, serão coautores todos os que tiverem uma participação importante e necessária ao cometimento da infração, não se exigindo que todos sejam executores, isto é, que todos pratiquem o conduta descrita no núcleo do tipo." (p. 432)

b) "Essa divisão de trabalho reforça a ideia de domínio funcional do fato. Isso porque cada agente terá o domínio no que diz respeito à função que lhe fora confiada pelo grupo. Com relação a essa função, que deverá ter importância na realização da infração penal, o agente é senhor de suas decisões, e a parte que lhe toca terá importância no todo." (p. 432-433)

4.6. Autoria Direta e Indiretaa) "Autor pode ser aquele que executa diretamente a conduta descrita pelo núcleo do

tipo penal, ocasião em que será reconhecido como autor direto ou autor executor; ou poderá ser, também, aquele que se vale de outra pessoa que lhe serve, na verdade, como instrumento para a prática da infração penal, sendo, portanto, chamado de autor indireto ou mediato." (p. 433)

b) "Nosso Código Penal prevê expressamente quatro casos de autoria mediata, a saber:i. Erro determinado por terceiro (art. 20, § 2°, do CP);ii. Coação moral irresistível (art. 22 primeira parte, do CP);iii. Obediência hierárquica (art. 22, segunda parte, do CP); eiv. Cado de instrumento impunível em virtude de condição e qualidade pessoal (art. 62, III, segunda parte do CP)." (p. 434)

c) "Além dessas hipóteses, pode ocorrer, ainda, a autoria mediata quando o autor se vale de interposta pessoa que não pratica qualquer comportamento - doloso ou culposo - em virtude da presença de uma causa de exclusão da ação, como ocorre nas situações de força irresistível do homem no estado de inconsciência." (p. 434)

d) "Se alguém, em virtude de uma coação a que não podia resistir ou em estrita obediência à ordem não manifestamente ilegal de superior hierárquico, vier a praticar

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uma infração penal, somente será punível o autor da coação ou da ordem." (p.434)e) "Existe a possibilidade, ainda, do agente se valer de inimputáveis (doentes mentais

ou menores) para o consentimento de infrações penais. Se, por exemplo, o agente, entregando uma arma a um doente mental, faz com que este atire em direção á vítima, causando-lhe a morte, será responsabilizado a título de autor mediato." (p.434)

4.7. Autoria Mediata e Crimes de Mão Própriaa) "Crime próprio é aquele que só pode ser praticado por um grupo determinado de

pessoas que gozem de condição especial exigida pelo tipo penal." (p. 435)b) "Contudo, há outros tipos penais que, embora também exigindo certas qualidades ou

condições especiais, vão mais adiante. Para a sua caracterização, é preciso que o sujeito ativo, expresso no tipo penal, pratique a conduta pessoalmente." (435)

c) "Entendemos ser perfeitamente possivel a autoria mediata em crimes próprios, desde que o autor mediato possua as qualidades ou condições especiais exigidas pelo tipo penal." (p. 436)

d) "[...] por serem crimes de atuação pessoal, autor será somente aquele que vier a praticar a conduta prevista no núcleo do tipo penal. Não se cogita de autoria mediata porque a execução dos crimes de mão própria não pode ser transferida a ninguém." (p. 436)

e) "No entanto, como toda regra, poderá sofrer exceções, como a do caso apontado, em que será possivel a autoria mediata em um crime de falso testemunho praticado mediante coação irresistível." (p. 437)

4.8. Coautoria e Crimes de Mão Própriaa) "Também não haverá óbice alguns no delitos próprios no que diz respeito à

possibilidade de existirem, dentro do critério de distribuição de funções, vários autores que, com unidade de desígnio, pratiquem a mesma infração penal, podendo-se falar, aqui, em coautoria." (p. 437)

b) "[...] por se tratar de infrações personalíssimas, não há a possibilidade de divisão de tarefas. O delito, portanto, só pode ser realizado pessoalmente pelo agente previsto no tipo penal." (p. 437)

c) "Os partícipes, mesmo não possuindo o domínio sobre o fato, podem, de alguma forma, concorrer para a infração penal, induzindo, instigando ou auxiliando materialmente o autor." (p. 437-438)

d) "Apesar do acerto técnico da decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o STJ decidiu 'que é possivel, em tese, atribuir a advogado a coautoria pelo crime de falso testemunho." (p. 438)

4.9. Autor Intelectuala) "O art. 62, I, do Código Penal diz que a pena será ainda agravada em relação ao

agente que promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes." (p. 439)

4.10. Autor de Determinaçãoa) "Para essas hipóteses em que não se pode falar em coautoria ou participação, surge

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outra figura, vale dizer, a do autor de determinação. Será punido, segundo os renomados tratadistas, com as penas correspondentes à infração penal que houverem determinado, e não, segundo eles, como autores dessa infração penal." (p. 440)

4.11. Autoria por Convicçãoa) "O autor não desconhece o 'desvalor de sua ação para o direito vigente e as

concepções ético-sociais, mas que devido às suas convicções morais, religiosas ou políticas se sente obrigado ao fato. [...] Esse autor atuou corretamente segundo as leis de sua ética individual, da norma obrigacional reclamada para si'." (p. 440)

4.12. Autoria Sucessivaa) "A regra é que todos os coautores iniciem, juntos, a empreitada criminosa. Mas pode

acontecer que alguém, ou mesmo o grupo, já tenha começado a percorrer o inter criminis, ingressando na fase dos atos de execução, quando outra pessoa adere á conduta criminosa daquele, e agora, unidos pelo vínculo psicológico, passam, juntos, a praticar a infração penal. Em casos como este, quando o acordo de vontade vier a ocorrer após o início da execução, fala-se em coautoria sucessiva." (p. 441)

b) "Pode ocorrer a coautoria sucessiva não só até a simples consumação do delito, e sim até o seu exaurimento, que Maurach chama de 'punto final'." (p. 441)

c) "Se por força das peculiaridades extensivas das regras sobre concurso, o agente que ingressa conscientemente na execução já iniciada de um fato 'incorpora' a sua os antecedentes executivos por ele conhecidos." (p. 441)

d) "Portanto, quando o coautor sucessivo adere à conduta dos demais, responderá pela infração penal que estiver em andamento, desde que todos os fatos anteriores tenham ingressado na sua esfera de conhecimento, e desde que eles não importem fatos que, por si sós, consistam em infrações mais graves ká consumadas." (p. 442)

4.13. Autoria Colateral, Autoria Incerta e Autoria Desconhecidaa) "Fala-se em autoria colateral quando dois agentes, embora convergindo as suas

condutas para a prática de determinado fato criminoso, não atuam unidos pelo liame subjetivo." (p. 442)

b) "Dessa autoria colateral surgirá outra, chamada autoria incerta. Sabe-se quais são os possíveis autores, mas não se consegue concluir, com a certeza exigida pelo Direito Penal, quem foi o produtor do resultado." (p. 444)

c) "Quando não se conhece a autoria, ou seja, quando não se faz ideia de quem teria causado ou ao menos tentado praticar a infração penal, surge uma outra espécie de autoria, chamada agora de desconhecida." (p. 444)

4.14. Autoria de Escritórioa) "Essa nova modalidade de autoria, tida como mediata pelos renomados autores,

'pressupõe uma máquina de poder, que pode ocorrer tanto num Estado em que se rompeu com toda a legalidade, como organização paraestatal (um Estado dentro do Estado), ou como máquina de poder autônoma mafiosa, por exemplo'." (p. 444)

b) "Não pode ser considerado simples instrumento, mas, na concepção de Zaffaroni e Pierangeli, caso de autoria mediata especial."

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5. PARTICIPAÇÃO

5.1 Introduçãoa) Já afirmamos ser o autor o protagonista da infração penal. É ele quem exerce o papel

principal. Contudo, não raras as vezes, o protagonista pode receber o auxílio daqueles que, embora não desenvolvendo atividades principais, exercem papéis secundários, mas que influenciam na prática da infração penal. Estes, que atuam como coadjuvantes na história do crime, são conhecidos como partícipes." (p. 444)

b) "'A participação é, necessariamente, acessória, que dizer, dependente da existência de um fato principal. Essa acessoriedade não é produto da lei, mas esta na natureza das coisas.'" (p. 445)

c) "Diz-se moral a participação nos casos de induzimento (que é tratado pelo Código Penal como determinação) e instigação. Material seria a participação por cumplicidade (prestação de auxílios materiais)." (p. 445)

d) "Induzir ou determinar é criar, incutir, colocar, fazer brotar a ideia criminosa na cabeça do agente/autor. Nessa modalidade de participação, o autor não tinha a ideia criminosa, cuja semente lhe é lançada pelo partícipe. A participação por instigação limita-se a reforçar, estimular uma ideia criminosa já existente na mente do autor." (p. 445)

e) "Em toda prestação de serviços materiais existe embutida uma dose de instigação." (p. 446)

5.2. Cumplicidade Necessáriaa) "Doutrinariamente, tem-se levado a efeito a distinção entre cumplicidade necessária e

cumplicidade desnecessária, entendendo-se aquelas nas hipóteses em que o bem ou o auxílio material são entendidos como escassos, ou seja, não poderiam ser fornecidos normalmente por qualquer pessoa, como ocorreria na segunda situação." (p. 446)

5.3. Teorias sobre a Participaçãoa) "Caso não dê início à execução do crime para o qual foi induzido, instigado ou

auxiliado pelo partícipe, este último por nada poderá ser responsabilizado, ressalvadas as disposições expressas em contrario, contidas na lei." (p. 447)

b) "No dizer de Paul Bockelmann, 'a participação é acessória ao mínimo quando para sua punição é suficiente que o autor principal haja concretizado um tipo penal.'" (p. 447)

c) "A teoria da acessoriedade limitada pune a participação se o autor tiver levado a efeito um conduta típica e ilícita." (p. 447)

d) "Para a teoria da acessoriedade máxima, somente haverá a punição do partícipe se o autor tiver praticado uma conduta típica, ilícita e culpável." (p. 448)

e) "A teoria da hiperacessoriedade vai mais além e diz que a participação somente será punida se o autor tiver praticado um fato típico, ilícito, culpável e punível." (p. 448)

5.4. Instigação a autores e a fatos determinadosa) "O instigador, seguindo as lições de Zaffaroni e Pierangeli, 'deve pretender o

cometimento de um fato determinado, isto é, de um delito determinado', da mesmo forma que deve dirigir-se a pessoa ou pessoas determinadas." (p. 448)

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b) "Caso o agente venha a incitar publicamente pessoas indeterminadas à prática de crime, não será considerado partícipe, mas sim, autor do delito de incitação ao crime, tipificado no art. 286 do Código Penal. Mesmo no caso do art. 286 do Código Penal, Magalhães Noronha professa que a incitação deve dirigir-se a crime ou crimes determinados. 'A instigação feita genericamente, por ser vaga, não terá eficácia ou idoneidade." (p. 449)

5.5 Participação Punível - desistência voluntária e arrependimento eficaz do autora) "[...] a desistência voluntária, bem como o arrependimento eficaz são institutos

dirigidos aos autores das infrações penais. Isso porque somente o autor pode praticar atos de execução e, durante a sua prática, pode desistir de neles prossegui ou, mesmo depois de tê-los esgotado, pode arrepender-se e tentar evitar a produção do resultado por ele pretendido inicialmente." (p. 449)

b) "Para Nilo Batista, a 'impunidade do partícipe é decorrência da acessoriedade da participação', ou seja, se a desistência ou o arrependimento do autor o levará à atipicidade da conduta inicial por ele praticada, tal fato deverá ser estendido ao partícipe." (p. 450)

c) "[...] quando o autor ingressa na fase dos atos de execução, almejando consumar a infração penal por ele pretendida, tal fato, segundo entendemos, já é suficiente para possibilitar a punição do partícipe. Tal regra podemos extrair, a contrario sensu, do art. 31 do Código Penal, que diz que o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado." (p. 450)

d) "Assim, o benefício trazido pelo art. 15 do Código Penal é pessoal, sendo, portanto, intransferível ao partícipe que agiu com o dolo de induzir, instigar, ou auxiliar o autor a prática de um fato determinado contra uma vítima também determinada." (p. 450)

5.6. Arrependimento do Partícipea) "Normalmente, ocorre que o partícipe já incutiu a ideia criminosa na mente do autor

ou a estimulou, e se volta atrás, tentando dissuadi-lo da prática da infração penal, poderíamos falar em arrependimento, e não em desistência, visto que já havia esgotado tudo aquilo que estava a seu alcance para fazer com que o autor levasse a efeito a infração penal. Talvez pudéssemos pensar em desistência quando o partícipe tivesse se comprometido a emprestar a arma que seria usada no cometimento da infração penal, auxiliando-o materialmente, e antes que isso efetivamente acontecesse, ou seja, antes da entrega da arma ao autor, o partícipe desistisse da sua colaboração. Se a arma já havia sido entregue ao autor, e o partícipe, arrependendo-se do seu ato, a toma de volta antes da prática do crime, aqui poderíamos cogitar, mais propriamente, de arrependimento." (p. 451)

b) "Entendemos que se o partícipe houver induzido ou instigado o autor, incutindo-lhe a ideia criminosa ou reforçando-a a ponto de este sentir-se decidido pelo cometimento do delito, e vier a se arrepender, somente não será responsabilizado penalmente se conseguir fazer com que o autor não pratique a conduta criminosa." (p. 452)

5.7. Tentativa de Participaçãoa) "Em razão do disposto no art. 31 do Código Penal, que diz que o ajuste, a

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determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado, não podemos falar em tentativa de participação." (p. 452)

5.8. Participação em Cadeia (Participação de Participação)a) "O detalhe fundamental da participação em cadeia, ou mesmo da simples

participação, diz respeito ao fato de que a participação, em cadeia ou não, somente será punível se o autor vier a praticar a infração penal para a qual fora estimulado pelo partícipe atendendo-se, portanto, à regra contida no já apontado art. 31 do Código Penal." (p. 452)

5.9. Participação Sucessivaa) "Damásio de Jesus preleciona que 'a participação sucessiva ocorre quando, presente o

induzimento (determinação) ou instigação do executor, sucede outra determinação ou instigação.'" (p. 453)

5.10. Possibilidade de participação após a consumaçãoa) "Seria possivel levar a efeito o raciocínio correspondente à participação após a

consumação do crime? Entendemos que sim, nas hipóteses em que houver a possibilidade de exaurimento do crime e a participação vier a ocorrer em momento anterior a ele." (p. 454)

5.11. Participação por Omissãoa) "A participação moral, segundo posição amplamente majoritária, é impossível de ser

realizada por omissão." (p. 454)b) "Já a participação material, contudo, pode concretizar-se numa inação do partícipe

que, com a sua omissão, contribui para a ocorrência da infração penal." (p. 455)

5.12. Impunibilidade da Participaçãoa) "[..] se o fato praticado pelo autor permanecer tão somente na fase de cogitação, ou

mesmo naquela correspondente aos atos preparatórios, a participação não será punível." (p. 456)

5.13. Participação de Menor Importânciaa) "À primeira vista, a expressão a pena pode ser diminuída daria a impressão de

faculdade do julgador na aplicação da redução. Contudo, como assevera Alberto Silva Franco, 'não se trata, no entanto, de uma redução facultativa, mas de uma causa de diminuição de obrigatória de pena, desde que fique evidenciada a contribuição insignificante ou mínima do partícipe para a realização do fato típico." (p. 456)

b) "[...] toda atuação daquele que é considerado coautor é importante para a prática da infração penal, não se podendo, portanto, falar em 'participação de menor importância'." (p.457)

5.14. Participação em Crime Menos Grave (Desvio Subjetivo de Conduta)a) "O § 2° do art. 29 do Código Penal preconiza:§ 2° Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a

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pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.Verifica-se, pela redação do § 2° do art. 29 do Código Penal, a quebra da chamada teoria monista ou unitária, na qual a mesma infração penal é distribuída por todos aqueles que concorreram para a sua prática, sejam autores ou partícipes." (p. 457)b) "[...] e se, durante a execução do crime, o autor executor resolver ir mais adiante e

praticar outra infração penal que não aquela sugerida ou estimulada pelo partícipe, este último somente será responsabilizado pelo seu dolo." (p. 457)

c) "Deve ser frisado, portanto, que a frase "quis participar de crime menos grave" não diz respeito exclusivamente à participação em sentido estrito, envolvendo somente os casos de instigação e cumplicidade, mas, sim, em sentindo amplo, abrangendo todos aqueles que, de qualquer modo, concorrerem para o crime, estando aí incluídos autores (ou coautores) e partícipes." (p. 458)

5.15. Cumplicidade e Favorecimento Reala) "Se o auxílio ocorreu antes do cometimento do delito, dele deverá ser considerado

cúmplice." (p. 459)b) "Se anterior à consumação da infração penal pretendida pelo autor, o caso será de

cumplicidade (auxílio material); se posterior à sua consumação, concluiremos pelo favorecimento real." (p. 460)

6. Punibilidade no Concurso de Pessoas

a) "Embora duas pessoas, agindo em concurso, resolvam praticar determinada infração penal, pode-se concluir, dependendo da hipótese, que a conduta de uma delas é mais censurável do que a outra, razão pela qual deverá ser punida mais severamente." (p. 460)

7. Circunstâncias Incomunicáveisa) "A regra, como se percebe pela redação do artigo, é a da incomunicabilidade, entre os

coparticipantes (coautores e partícipes), das circunstâncias, bem como das condições de caráter pessoal, sendo excepcionadas quando se tratar de elementares do crime." (p. 461)

b) "Circunstâncias são dados periféricos, acessórios, que gravitam ao redor da figura típica, somente interferindo na graduação da pena." (p. 461)

c) "Ao contrário, as elementares são dados essenciais à figura típica, sem os quais ou ocorre uma atipicidade absoluta ou uma atipicidade relativa." (p. 461)

d) "Com a atipicidade absoluta, o fato praticado pelo agente torna-se um indiferente penal; já os casos de atipicidade relativa nos conduzem à chamada desclassificação." (p. 461)

e) "Considerada como uma circunstância de caráter pessoal, não se comunica, portanto, com o outro agente." (p. 462)

f) "Objetivas, materiais ou reais são as circunstâncias que, na lição de Alberto Silva Franco, 'se relacionam com o fato delituoso em sua materialidade (modos de execução, uso de determinados instrumentos, tempo, ocasião, lugar, qualidades da vítima etc.)'. Tais circunstâncias se comunicam se ingressarem na esfera de

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conhecimento dos coparticipantes." (p. 463)g) "Subjetivas ou pessoais são aquelas que dizem respeito à pessoa do agente, não tendo

qualquer relação, como diz Damásio de Jesus, 'com a materialidade do delito, como motivos determinantes, suas condições ou qualidades pessoais e relações com a vítima ou com outros concorrentes." (p.. 463)

8. Crimes Multitudináriosa)