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Assunto Carr. Nicholas. Superficiales: qué está haciendo com nuestras mentes? Trad. Pedro Cifuentes. Buenos Aires: Taurus, 2011 O que pode dizer a ciência sobre os efeitos reais que o uso da internet está surtindo no funcionamento de nosso cérebro? Pesquisas apontam que quanto mais nos conectamos à rede, mais entramos na onda da leitura fugaz, pensamento apressado e distraído, um pensamento superficial. O sistema disponibilizado tem alta velocidade para entregar respostas. O Google, oferece, em tempo mínimo, uma lista de dados. A rede exige nossa atenção de forma muito mais insistente que a televisão, o rádio ou os impressos. Um adolescente normal envia e recebe uma mensagem em poucos minutos. Os adolescentes e jovens tem muito medo de ficarem isolados do grupo. A rede atrai nossa atenção apenas para dispersá-la. Nosso cérebro se concentra em unidades simples de processamento de sinais, pastorando rapidamente os dados, fazendo a consciência abandoná-los na mesma velocidade. Alguns estudos demonstram a diferença entre leitura de páginas na web e a de livros. Os estudiosos apontam que, quando buscamos na rede, nosso padrão de atividade cerebral é muito diferente de quando se lê páginas de livros. Os leitores de livros apresentam muita atividade em regiões relacionadas com a

Fichamento Professor Rodrigo

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AssuntoCarr. Nicholas. Superficiales: qu est haciendo com nuestras mentes?Trad. Pedro Cifuentes. Buenos Aires: Taurus, 2011O que pode dizer a cincia sobre os efeitos reais que o uso da internet est surtindo no funcionamento de nosso crebro? Pesquisas apontam que quanto mais nos conectamos rede, mais entramos na onda da leitura fugaz, pensamento apressado e distrado, um pensamento superficial.

O sistema disponibilizado tem alta velocidade para entregar respostas. O Google, oferece, em tempo mnimo, uma lista de dados.

A rede exige nossa ateno de forma muito mais insistente que a televiso, o rdio ou os impressos. Um adolescente normal envia e recebe uma mensagem em poucos minutos. Os adolescentes e jovens tem muito medo de ficarem isolados do grupo.

A rede atrai nossa ateno apenas para dispers-la.

Nosso crebro se concentra em unidades simples de processamento de sinais, pastorando rapidamente os dados, fazendo a conscincia abandon-los na mesma velocidade.

Alguns estudos demonstram a diferena entre leitura de pginas na web e a de livros. Os estudiosos apontam que, quando buscamos na rede, nosso padro de atividade cerebral muito diferente de quando se l pginas de livros. Os leitores de livros apresentam muita atividade em regies relacionadas com a linguagem, a memria e o processamento visual, porm no tanto em regies pr-frontais associadas com a tomada de decises e resoluo de problemas. Os usurios que esto na rede apresentam uma atividade extensa por todas as regies cerebrais quando buscam pginas na internet. As boas notcias so que a navegao pela Internet, devido a tantas funes que o crebro pratica, pode ajudar as pessoas com idade a manter suas mentes ativas.

A capacidade de estabelecer ricas conexes mentais que se forma quando lemos profundamente e sem restries permanece em grande parte desocupada, quando utilizamos a internet.

Existem dois tipos de memrias que nosso crebro utiliza: memria de curto prazo e memria de longo prazo. Os elementos que so retidos pela memria curto prazo so esquecidos rapidamente, salvo os que renovamos mediante repetio. Alguns estudos associam o dficit de ateno com a sobrecarga da memria de trabalho. Os experimentos indicam que, quando foramos esta memria at seu limite, se torna mais difcil distinguir a informao relevante da irrelevante. Nos convertemos em descerebrados consumidores de dados.

Um estudo de 1989 demonstrou que os leitores de hipertexto acabavam vagando distraidamente de uma pgina a outra, em lugar da leitura atentamente. Outro experimento de 1990 revelou que os leitores de hipertexto no eram capazes de recordar o que haviam lido e o que no.

Navegar pela rede exige uma forma particularmente intensiva de multirea mental. Ou seja, ao inundar de informao nossa memria de trabalho, imposto um malabarismo a nossa cognio.

Muitos estudos tem demonstrado que as alternaes consecutivas podem sobrecarregar nossa capacidade mental, aumentando a probabilidade de mal interpretar dados importantes.

Jakob Nielsen escreveu em 1997, depois de seu primeiro estudo sobre a leitura em tela. Como leem os usurios da Rede? Sua resposta foi sucinta: No lem... Constatao devido rapidez com que os usurios da Rede passam de uma pgina a outra quando esto conectados. Quase parece como se conectaram a Internet para no precisar ler, pois buscam o ttulo, o resumo, a palavra clara...

Estamos evoluindo de seres cultivadores de conhecimento pessoal a caadores recolhedores em um bosque de dados eletrnicos. J dizia o filsofo romano Seneca: estar em todas as partes como estar em nenhuma.

A igreja do Google

A sede da Google em Silicon Valley, o Googleplex um santurio da Internet, a religio praticada dentro de suas paredes o taylorismo. A empresa, segundo seu conselheiro delegado Eric Schimidt, se fundou sobre a cincia a medio, e est empenhada em sistematizar tudo o que faz.

Google tambm se parece a Taylor no sentido da justia que imprime a seu trabalho. Tem uma f profunda, inclusive messinica, em sua causa. Google, mais que um negcio, uma fora moral, afirmou o delegado responsvel, cuja muito explicita misso organizar a informao mundial e faz-la universalmente acessvel e til. O cumprimento desta misso, declarou Schimidt a The Wall Street Journal em 2005, se produziu clculos recentes, dentro de uns trezentos anos. O objetivo mais imediato da empresa criar o motor de busca perfeito.

Elegeram o nome Google que significa dez elevado a centsima potncia, para ressaltar seu objetivo de organizar uma quantidade aparentemente infinita de informao na web.

Pessoas consomem informao: quanto mais pginas vemos, mais oportunidade ter Google de recompilar informao sobre ns e de colocar anncios. O Google se dedica a converter nossa distrao em dinheiro.

Expanso aparentemente ilimitada da empresa prova de que se trata de um gnero de negcio novo, que redefine todas as categorias tradicionais.

Depois de trs anos de negociaes, durante os quais Google escaneou uns sete milhes de livros, mais seis milhes dos quais todavia esto para baixar copyright. Cada pgina ou fragmento de texto no Google, est cheia de ferramentas, etiquetas e anncios, todos dispostos a roubar a ateno de seus leitores. No uma biblioteca de livros. uma coleo de fragmentos.

A dependncia da memria pessoal diminuiu ainda mais com a propagao da tipografia e uma expanso de publicaes e alfabetizao. Hoje se pode consultar. Os livros proporcionaram s pessoas maior e mais diverso caldo de opinies, ideias e narraes que jamais tinham tido acesso.

Quando armazenamos novas recordaes em longo prazo, fortalecemos os poderes mentais. A Web proporciona um suplemento convincente para a memria pessoal, mas corremos o risco de esvaziar nossa mente.

Para que uma recordao se possa conservar, a informao de entrada deve transformar-se a fundo, profundamente. Graas plasticidade de nossos neurnios, quando usamos a Web, treinamos nosso crebro para distrair-se, para processar a informao sem ateno.

Aprender a pensar na realidade significa aprender a exercer certo controle sobre como e o que pensar. A cultura algo mais que a informao do mundo. Ela deve seguir renovando-se nas mentes dos membros de cada gerao.

Assim como nossas tecnologias se convertem em extenso de ns mesmos, tambm ns nos convertemos em extenses de nossas tecnologias.

Toda ferramenta impe limitaes, tambm abre possibilidades. Quanto mais as usamos, mais nos moldamos a sua forma e funo.

Segundo McLuhan, nossas ferramentas adormecem qualquer das partes de nosso corpo que amplificam. Quando estendemos uma parte de ns mesmos de forma artificial, tambm nos distanciamos da parte assim amplificada e de suas funes naturais.

O preo que pagamos por assumir os poderes da tecnologia a alienao. Ao explicar como as tecnologias adormecem as mesmas faculdades que amplificam, McLuhan no tratava de idealizar a sociedade como era antes da inveno dos mapas, dos relgios e dos teares mecnicos. A alienao, entendia ele, um inevitvel subproduto do uso da tecnologia. No devemos permitir que as glrias da tecnologia nos ceguem diante da possibilidade de adormecer uma parte essencial de nosso ser.

nossa capacidade de aprender pode ser seriamente comprometida quando nosso crebro se v transbordado por diversos estmulos online. Mais informao pode significar menos conhecimento.

A razo, segundo a teoria da recuperao de ateno, que, quando as pessoas no esto sendo bombardeadas por estmulos externos, seus crebros podem, em efeito, relaxar. No tendo que sobrecarregar sua memria de trabalho transformando-a em uma corrente de distrao.

As interaes simples e breves com a natureza podem produzir um grande aumento do controle cognitivo. Passar tempo no mundo natural parece ser de vital importncia para afetar o funcionamento cognitivo.