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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010

26 com todas as letrasvEJA Como FoRmAR o ImPERATIvo AFIRmATIvo

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicoLIvRAR do dESâNImo

A luta do dia-a-dia14 capao homEm qUE qUIS ComPRAR mEdIUNIdAdE

12 mediunidadedIRETRIzES dE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

6 ensinamentoA TRANSmISSão do PENSAmENTo

Estudo da Ciência e da Religião

edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (mtb 28.765)projeto Gráfico Fernanda Berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural Braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

17 mensaGemNoSSAS vÍTImAS

Faltas que praticamos durante a vida

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 – vila marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

assinaturasAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

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CAdASTRE-SE No mSNE AdICIoNE o NoSSo ENdEREço:

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21 conFissãoCARTA à mãE CATóLICA

O filho que se tornou Espírita

18 estudoA gRANdE doUTRINA doS FoRTES

Ordens de comando revolucionário

sumário

24 reFlexãoESPERANçA

Amparo aos fracos

8 históriaoRIgEm doS EvANgELhoS

Reconstituição da tradição cristã

10 esclarecimentoo CENTRo ESPÍRITA E A PRáTICA mEdIúNICA

Organizemos com sisudeza este setor do trabalho cristão

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA

polêmica espírita

por Allan Kardec

Fonte:

Revista Espírita. Págs. 443 - 445. Ano 1 – nov. 1858. N° 11.

editorial

errata:Em nossa edição de Novembro 2009, nr. 86, página 19, onde se lê ‘em “O Céu e o Inferno”, terceiro volume da codificação espírita’, o correto é: ‘em “O Céu e o Inferno”, quarto volume da codificação espírita’.

Várias vezes já nos perguntaram por que não responde-mos, em nosso jornal, aos ataques de certas folhas, dirigidos contra o Espiritismo em geral, contra seus partidários e, por vezes, contra nós. Acreditamos que o silêncio, em certos ca-sos, é a melhor resposta. Aliás, há um gênero de polêmica do qual tomamos por norma nos abstermos: é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, como nos tomaria um tempo que podemos empregar mais utilmente, o que seria muito pouco interessante para os nossos leitores, que assinam a revista para se instruírem, e não para ouvirem diatribes mais ou menos espirituosas. Ora, uma vez engajado nesse caminho, difícil seria dele sair, razão por que preferimos nele não entrar, com o que o Espiritismo só tem a ganhar em dignidade. Até agora só temos que aplaudir a nossa moderação, da qual não nos desviaremos, e jamais daremos satisfação aos amantes do escândalo.

Entretanto, há polêmica e polêmica; uma há, diante da qual jamais recuaremos: é a discussão séria dos princípios que professamos. Todavia, mesmo aqui há uma importante distinção a fazer; se se trata apenas de ataques gerais, dirigidos contra a Doutrina, sem um fim determinado, além do de criticar, e se partem de pessoas que rejeitam de antemão tudo quanto não compreendem, não merecem maior atenção; o terreno ganho diariamente pelo Espiritismo é uma resposta suficientemente peremptória e que lhes deve provar que seus sarcasmos não têm produzido grande efeito; também notamos que os gracejos intermináveis de que até pouco tempo eram ví-timas os partidários da doutrina pouco a pouco se extinguem. Perguntamos se há..motivos para rir quando vemos as idéias novas adotadas por tantas pessoas eminentes; alguns não riem senão com desprezo e pela força do hábito, enquanto muitos outros absolutamente não riem mais e esperam.

Notemos ainda que, entre os críticos, há muitas pessoas que falam sem conhecimento de causa, sem se darem ao tra-balho de a aprofundar. Para lhes responder seria necessário recomeçar incessantemente as mais elementares explicações e repetir aquilo que já escrevemos, providência que julgamos inútil. Já o mesmo não acontece com os que estudaram e nem tudo compreenderam, com os que querem seriamente esclarecer-se e com os que levantam objeções de boa-fé e com conhecimento de causa; nesse terreno aceitamos a controvér-sia, sem nos gabarmos de resolver todas as dificuldades, o que

seria muita presunção de nossa parte. A ciência espírita dá os seus primeiros passos e ainda não nos revelou todos os seus segredos, por maiores sejam as maravilhas que nos tenha des-vendado. Qual a ciência que não tem ainda fatos misteriosos e inexplicados? Confessamos, pois, sem nos envergonharmos, nossa insuficiência sobre todos os pontos que ainda não nos é possível explicar. Assim, longe de repelir as objeções e os questionamentos, nós os solicitamos, contanto que não sejam ociosos, nem nos façam perder o tempo com futilidade, pois que representam um meio de nos esclarecermos.

É a isso que chamamos polêmica útil, e o será sempre quando ocorrer entre pessoas sérias que se respeitam bastante para não se afastarem das conveniências. Podemos pensar de modo diverso sem, por isso, deixar de nos estimarmos. Afinal de contas, o que buscamos todos nessa tão palpitante e fecun-da questão do Espiritismo? O nosso esclarecimento. Antes de mais, buscamos a luz, venha de onde vier; e, se externamos a nossa maneira de ver, trata-se apenas da nossa maneira de ver, e não de uma opinião pessoal que pretendamos impor aos outros; entregamo-la à discussão, estando prontos para a ela renunciar se demonstrarem que laboramos em erro. Essa polêmica nós a sustentamos todos os dias em nossa Revista, através das respostas ou das refutações coletivas que tivemos ocasião de apresentar, a propósito desse ou daquele artigo, e aqueles que nos honram com as suas cartas encontrarão sempre a resposta ao que nos perguntam, quando não a po-demos dar individualmente por escrito, uma vez que nosso tempo material nem sempre o permite. Suas perguntas e objeções igualmente são objeto de estudos, de que nos ser-vimos pessoalmente, sentindo-nos felizes por fazer com que nossos leitores os aproveitem, tratando-os à medida que as circunstâncias apresentam os fatos que possam ter relação com eles. Também sentimos prazer em dar explicações verbais às pessoas que nos honram com a sua visita e nas conferências assinaladas por recíproca benevolência, nas quais nos escla-recemos mutuamente.

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010chico

Livrar do desânimo

por Suely Caldas Schubert

25-3-1948

“(...) Restituo-te a carta do nosso irmão Onésimo e, com esta, dou-te a conhecer o expediente que recebi do Dr. Walter, a quem ele se refere. É a carta, com o modelo de declaração que dese-java ele fosse assinada por mim. Vendo eu que se tratava de um documento absurdo e sentindo-me constrangido pela presença de vários jornalistas e autoridades dos “Diários Associados”, dei a declaração escrita, da qual te enviei cópia, negando-me a satisfazer totalmente o que reclamavam de mim. (...) O plano dos nossos perseguidores pode ser engenhoso, entretanto, estou certo de que Jesus nos auxiliará como sempre. As lutas, meu caro Wantuil, são enormes. Chegam de todos os flancos, mas consola-me a certeza de que a obra é de Jesus.

Diariamente, peço ao Céu me livre do desânimo. (...)

Há alguma novidade quanto ao “Voltei”? Espero-te informes. (...)”

Novas lutas, novas ciladas. A presença de jornalistas e autorida-

des dos “Diários Associados” constrange o médium, que se vê forçado a escrever

uma declaração negando-se a atender o que solicitavam.

Não é difícil avaliarem-se os absurdos exigidos a Chico Xavier. Em todos os tempos os médiuns de boa-fé, honestos e dignos, que trabalham em favor do Bem têm sido atingidos pela má-fé, pelos mal-intencionados, por todos os que se erigem em donos da verdade ou juízes do mundo.

Chico envia cópia da declaração a Wantuil de Freitas, resguardando assim a sua posição.

Ele reconhece que o “plano dos perseguidores pode ser engenhoso”, mas está certo de receber o auxílio de Jesus.

Observemos, porém, esta afir-mativa: “As lutas, meu caro Wan-tuil, são enormes. Chegam de todos os flancos, mas consola-me a certeza de que a obra é de Jesus. Diariamente, peço ao Céu me livre do desânimo.”

Ao tomarmos conhecimento da enormidade das lutas que Chico Xavier enfrenta no seu dia-a-dia, imaginamos quão pouquíssimas

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA chico

Chico não desconhece que esse estado de espírito é perigoso, sendo capaz de anular o melhor trabalhador

pessoas suportariam a avalancha de problemas e agressões com que ele se defronta. As lutas são tantas e tão constantes que Chico confessa pedir ao Alto, diariamente, que o livre do desânimo.

E o desânimo é quem primeiro vem à mente face às perseguições soezes, as felonias de toda espécie, as incompreensões e injustiças de todo o instante.

Desanimar — deixar tudo e cru-zar os braços.

Desanimar — esmorecer de vez, premido pelos obstáculos incon-táveis.

Desanimar — deixar que aos poucos o corpo fatigado se entregue ao descanso, sob a alegação de que a fadiga o domina inteiramente.

Desanimar — por se sentir só e desamparado ante os óbices cruéis e que todos desconhecem.

Desanimar — ante a incompre-ensão de tantos e na convicção que cresce, de que o serviço produzido, afinal de contas, não tem tanto valor assim.

Desanimar — porque, talvez, uma parada seja benéfica, para re-começar mais tarde, quando tudo estiver mais calmo e favorável.

Chico receia o desânimo. O desânimo que nasce das próprias dificuldades que se repetem e se renovam, e do cansaço diante das intermináveis refregas que não ces-sam e que parecem multiplicar-se de um momento para o outro. Chico não desconhece que esse estado de espírito é perigoso, sendo capaz de anular o melhor trabalhador. O desânimo tem sido responsável pelo afastamento de muitos companhei-ros, que acabam por não suportar os constantes embaraços nas tarefas.

Todavia, Chico Xavier tem es-trutura suficiente para prosseguir e não se deixar abater. Ele se apóia na sua inabalável fé em Jesus e no trabalho da Sua Seara. Escudado no imenso Amor que consagra ao Mestre, consegue superar e vencer todos os apelos negativos que o convidam a desanimar. Ele próprio faz a sua “subida através da luz” e tem a felicidade interior dos que venceram o bom combate.

Quanto a nós, apraz-nos sempre comparar o Chico Xavier dessas cartas e o Chico Xavier de hoje.

Prossegue o nosso bom Chico

na sua ascensão espiritual. E como diz o provérbio, o bom vinho por si fala.

Luta agora também com a fra-queza orgânica, com o deperecimen-to das forças físicas, com o peso dos anos e o esgotamento que as lutas lhe impuseram. Mas, no corpo que se locomove cansado e exaurido, brilha a chama imortal do Espírito vencedor. Daquele que cumpriu o seu dever e que vive hoje bem mais

no Céu do que na Terra. Permane-cendo ainda entre nós, para nossa alegria, continua a se sacrificar e a renunciar a si próprio para superar a enfermidade orgânica e estender ainda, um pouco mais, o consolo, a esperança, o amor e a paz entre as criaturas. O desfile das dores humanas prossegue num crescendo; sentindo a carência dessa Humani-dade sofredora e desnorteada, ele sobreexcede a si mesmo e, em ab-negado esforço, esquecido de seus próprios males, vai ao encontro dos que sofrem.

E o que nos deixa perplexos ante esse esforço sobre-humano é que Chico Xavier, o amado apóstolo moderno, continua até hoje pade-cendo as perseguições, as críticas e as traições de quantos, dizendo-se ir-mãos, não hesitam em censurá-lo e atacá-lo, não lhe respeitando a obra edificada durante uma existência inteira, não lhe respeitando a digni-dade pessoal e não lhe respeitando sequer as condições físicas.

Mas, o desânimo não encon-tra guarida nesse coração justo e amoroso, pois semanalmente, reu-nindo todas as forças e recebendo o influxo do Mais Alto, se dirige à sua humilde mesa de trabalho e, como ponte de luz entre as dores do mundo e as bênçãos dos céus, consola os aflitos, enxuga lágrimas e dá notícias de que Jesus prossegue ao nosso lado amando a todos e aguardando-nos nessa trajetória da qual Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 214 - 217. Feb. 1998.

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010ensinamento

A primeira idéia que veio foi, incontestavel-mente, a de que essa inteligência era a de um ou mais dosassistentes

A Transmissão do Pensamento

por gabriel delanne

O Espiritismo, assim como o magnetismo, é uma ciência nova que

teve o grande desazo de nascer fora do santuário dos sábios, de sorte que o seu acesso é disputado com um encarniçamento sem igual.

Constatamos como o fenômeno físico, abstraindo-se qualquer con-sideração, era atribuído pelos cép-

ticos a movimentos inconscientes dos operadores; foi necessária uma soma considerável de experiências, realizadas diante de testemunhas dignas de conceito, para se estabe-lecer a ação à distância dos médiuns sobre os objetos inanimados.

Quando não era mais possível negar esses fatos sem pôr em evi-dência uma prevenção sem quilate,

foi-se obrigado a admitir que uma inteligência estava associada ao fenômeno e que o dirigia; porém, que inteligência era essa?

A primeira idéia que veio foi, incontestavelmente, a de que essa inteligência era a de um ou mais dos assistentes, operava de um modo ainda desconhecido e produzia os resultados referidos mais atrás.

É também possível, acrescentam os incrédulos, que o pensamento do operador se transmita ao médium e que este, desde então, agindo sobre a mesa, possa fazê-la ditar nomes próprios, indicar datas, etc.; na opi-nião deles, não se deve atribuir ao Espírito de um morto as respostas, pois que elas são simplesmente o reflexo do pensamento das pessoas presentes. Para reforçarem o seu argumento, dizem que experiências muito exatas têm sido feitas sobre o assunto, e que hoje está quase universalmente reconhecido que a transmissão do pensamento é verdadeiramente um fenômeno in-contestável. Eis, portanto, segundo eles, a origem dessas manifestações, que, no seu entender, não devem ser atribuidas aos Espíritos, mas que convêm consideradas como de uma faculdade nova, que se revela em certos indivíduos e que nada têm de sobrenatural.

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA ensinamento

Resulta, das provas fornecidas, que a transmissão do pensamento é um fato incontestável

Vejamos, pois, os trabalhos empreendidos sobre a questão da transmissão do pensamento, e pro-curemos saber como eles podem explicar os fenômenos espíritas.

Há dez anos existe na Inglaterra uma agremiação conhecida sob o título: Society for Psychical Resear-ch, cujo fim é compilar e examinar minuciosamente os fatos que são designados com o nome de tele-páticos. Compreendem-se sob esta denominação as ações psíquicas à distância, isto é, certas ações ou impressões que podem ser transmi-tidas de uma pessoa a outra, sem o auxílio dos sentidos.

Nos relatórios dessa Sociedade, que se publicam todos os semestres, sob o título “Proceedings”, pode-se contar mil, seiscentas e cinqüenta e três experiências de transmissão de pensamentos.

Eis como se procede: O agente fica separado do percipiente por uma determinada distância; este deve voltar-lhe as costas e ser co-locado de maneira a que nenhum movimento, nenhum ruído possa perturbá-lo ou informá-lo.

Nessas condições, o agente con-centra seu pensamento nos nomes ou algarismos e o percipiente deve repetir os nomes ou algarismos em que aquele pensa. Em todas as expe-riências citadas nos “Proceedings”, o número de respostas exatas foi sempre muito superior ao que in-dica o cálculo das probabilidades. Existe, portanto, a transmissão do pensamento.

Procurou-se variar o fenômeno: em vez de nomes, algarismos ou nú-meros, imaginou-se fazer produzir, pelo percipiente, desenhos vistos ou feitos pelo agente: ainda assim os

resultados foram satisfatórios. No Congresso de Psicologia, em 1889, esses fenômenos deram motivo a discussão entre os Srs. Marilller, Charles Richet, Ochorowicz, Janet, representando a França; e os Srs. Sidgwick, Myers, pela Inglaterra; Riley, pela América; e Delboeuf, pela Bélgica.

Resulta, das provas fornecidas, que a transmissão do pensamento é um fato incontestável. Hipnotizadores célebres, como os Srs. Beaunls e Liébaut, de Nancy, haviam já constatado isso em percipientes adormecidos, confirmando, assim, as experiências do Barão du Potet.

Lombroso repetiu com Pick-mann as experiências dos sábios in-gleses. Com os olhos vendados, com os ouvidos tapados, sem contacto algum, Pickmann adivinhou com exatidão, nove vezes um sobre dez, as cartas tocadas por Lombroso.

Fonte:

Delanne, Gabriel. O Fenômeno Espírita. Págs.

78 – 80. Feb. 1998.

Na América do Norte, uma So-ciedade de Investigações psíquica foi igualmente fundada em 1885, e o resultado de seus trabalhos con-firma o fato da transmissão do pen-samento, Relembremos entretanto, esta sua conclusão importante:

“Resulta das experiências fei-tas pela Comissão que o estado céptico do agente (o operador) é desfavorável à transmissão porque esse estado de espírito impede a participação intensiva na atividade da concepção.”

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010história

Não é senão do ano 60 ao 80 que aparecem as primeiras narrações escritas

origem dos Evangelhospor Léon denis

Há cerca de um século, consideráveis trabalhos empreendidos nos di-

versos países cristãos, por homens de elevada posição nas igrejas e nas universidades, permitiram reconsti-tuir as verdadeiras origens e as fases sucessivas da tradição evangélica.

Foi, sobretudo, nos centros de religião protestante que se elabora-ram esses trabalhos, notabilíssimos por sua erudição e seu caráter minucioso, e que tão vivas clarida-des projetaram sobre os primeiros tempos do Cristianismo, sobre o fundo, a forma, o alcance social das doutrinas do Evangelho.

São os resultados desses traba-lhos o que exporemos resumida-mente aqui, sob uma forma que nos esforçaremos por tornar mais simples que a dos exegetas protes-tantes.

O Cristo nada escreveu. Suas palavras, disseminadas ao longo dos caminhos, foram transmitidas de boca em boca e, posteriormente, transcritas em diferentes épocas, muito tempo depois da sua morte. Uma tradição religiosa popular

formou-se pouco a pouco, tradição que sofreu constante evolução até o século IV.

Durante esse período de trezen-tos anos, a tradição cristã jamais permaneçeu estacionária, nem a si mesma semelhante. Afastando-se do seu ponto de partida, através dos

tempos e lugares, ela se enriqueceu e diversificou. Efetuou-se poderoso trabalho de imaginação; e, acompa-nhando as formas que revestiram as diversas narrativas evangélicas, segundo a sua origem, hebraica ou grega, foi possível determinar com

segurança a ordem em que essa tradição se desenvolveu e fixar a data e o valor dos documentos que a representam.

Durante perto de meio século depois da morte de Jesus, a tradi-ção cristã, oral e viva, é qual água corrente em que qualquer se pode saciar. Sua propaganda se fez por meio da prédica, pelo ensino dos apóstolos, homens simples, iletra-dos, mas iluminados pelo pensa-mento do Mestre.

Não é senão do ano 60 ao 80 que aparecem as primeiras narrações es-critas, a de Marcos a princípio, que é a mais antiga, depois as primeiras narrativas atribuídas a Mateus e Lucas, todas, escritos fragmentários e que se vão acrescentar de suces-sivas adições, como todas as obras populares.

Foi somente no fim do século 1, de 80 a 98, que surgiu o Evangelho de Lucas, assim como o de Mateus, o primitivo, atualmente perdido; finalmente, de 98 a 110, apareceu, em Éfeso, o Evangelho de João.

Ao lado desses Evangelhos,

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA história

Fonte:

DENIS, Léon. Cristianismo eEspiritismo.

Págs. 27 – 33. Feb. 2008

únicos depois reconhecidos pela Igreja, grande número de outros vinha à luz. Desses, são conhecidos atualmente uns vinte; mas, no sécu-lo III, Orígenes os citava em maior número. Lucas faz alusão a isso no primeiro versículo da obra que traz o seu nome.

Por que razão foram esses nu-merosos documentos declarados apócrifos e rejeitados? Muito pro-vavelmente porque se haviam constituído num embaraço aos que, nos séculos II e III, imprimiram ao Cristianismo uma direção que o devia afastar, cada vez mais, das suas formas primitivas e, depois de haver repelido mil sistemas religio-sos, qualificados de heresias, devia ter como resultado a criação de três grandes religiões, nas quais o pensamento do Cristo jaz oculto, sepultado sob os dogmas e práticas devocionais como em um túmulo.

Os primeiros apóstolos limi-tavam-se a ensinar a paternidade de Deus e a fraternidade humana. Demonstravam a necessidade da penitência, isto é, da reparação das nossas faltas. Essa purificação era simbolizada no batismo, prática adotada pelos essênios, dos quais os apóstolos assimilavam ainda a crença na imortalidade e na res-surreição, isto é, na volta da alma à vida espíritual, à vida do espaço. Daí a moral e o ensino que atraíam numerosos prosélitos em torno dos discípulos do Cristo, porque nada continham que se não pudesse aliar a certas doutrinas pregadas no Templo e nas sinagogas.

Com Paulo e depois dele, novas correntes se formam e surgem dou-trinas confusas no seio das comu-nidades cristãs. Sucessivamente, a

predestinação e a graça, a divindade do Cristo, a queda e a redenção, a crença em Satanás e no inferno, serão lançados nos Espíritos e virão alterar a pureza e a simplicidade ao ensinamento do filho de Maria.

Esse estado de coisas vai conti-nuar e se agravar, ao mesmo tempo que convulsões políticas e sociais hão de agitar a infância do mundo cristão.

Os primeiros Evangelhos nos transportam à época perturbada em que a Judéia, sublevada contra os romanos, assiste à ruína de Jeru-salém e à dispersão do povo judeu (ano 70). Foi no meio do sangue e das lágrimas que eles foram escri-tos, e as esperanças que traduzem parece irromperem de um abismo de dores, enquanto nas almas con-tristadas desperta o ideal novo, a aspiração de um mundo melhor, denominado “Reino dos céus”, em que serão reparadas todas as injustiças do presente.

Nessa época, todos os apóstolos haviam morrido, com exceção de João e Filipe; o vínculo que unia os cristãos era bem fraco ainda. Formavam grupos isolados entre si e que tomavam o nome de igrejas (ecciesia, assembléia), cada qual dirigido por um bispo ou vigilante escolhido eletivamente.

Cada igreja estava entregue às próprias inspirações; apenas tinha para se dirigir uma tradição incerta, fixada em alguns manuscritos, que resumiam mais ou menos fielmen-te os atos e as palavras de Jesus, e que cada bispo interpretava a seu talante.

Acrescentemos a estas tão gran-des dificuldades as que provinham da fragilidade dos pergaminhos,

numa época em que a imprensa era desconhecida; a falta de inteligência de certos copistas, todos os males que podem fazer nascer a ausência de direção e de crítica, e facilmente compreenderemos que a unidade de crença e de doutrina não tenha podido manter-se em tempos assim tormentosos.

Os três Evangelhos sinóticos acham-se fortemente impregnados do pensamento judeu-cristão, dos apóstolos, mas já o Evangelho de João se inspira em influência dife-rente. Nele se encontra um reflexo da Filosofia grega, rejuvenescida pelas doutrinas da escola de Ale-xandria.

Em fins do século 1, os discí-pulos dos grandes filósofos gregos tinham aberto escolas em todas as cidades importantes do Oriente. Os cristãos estavam em contato com eles, e freqüentes discussões se travavam entre os partidários das diversas doutrinas. Os cristãos, arre-banhados nas classes inferiores da população, pouco letrados em sua maior parte, estavam mal prepara-dos para essas lutas do pensamento. Por outro lado, os teoristas gregos sentiram-se impressionados pela grandeza e elevação moral do Cris-tianismo. Daí uma aproximação, uma penetração das doutrinas, que se produziu em certos pontos. O Cristianismo nascente sofria pouco a pouco a influência grega, que o levava a fazer do Cristo o verbo, o Logos de Platão.

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010esclarecimento

o Centro Espírita e a Prática mediúnica: organizemos com sisudeza este setor de trabalho cristão!

As reuniões de planeja-mento e organização das atividades doutrinárias e

de assistência fraterna, em algumas instituições espíritas, têm sido reali-zadas com frequência por suas dire-torias e trabalhadores. No entanto, observa-se que algumas ainda não incluíram a área mediúnica na pauta de discussão, visando à prática da caridade no sentido amplo proposto pelo Espiritismo.

Os motivos alegados por alguns espíritas para a não realização da prática mediúnica são diversos: não sabem como organizar este setor de atividade; a diretoria não tem inte-resse neste tipo de atividade; o centro

Dissemos que os Espíritos superiores somente às sessões sérias acorrem, sobretudo às em que reina per-feita comunhão de pensamentos e de sentimentos para o bem. [...] Se quereis respostas sisudas, haveis de comportar-vos com toda a sisudeza, na mais ampla acepção do termo, e de preencher todas as condições reclamadas. Só assim obtereis grandes coisas. Sede, além do mais, laboriosos e perseverantes nos vossos estudos, sem o que os Espíritos superiores vos abandonarão, como faz um professor com os discípulos ne-gligentes. (O Livro dos Espíritos, Introdução, Item 8, FEB - 76ª Ed. 1995).

espírita não conta com espaço ade-quado ou com médiuns ostensivos; [...], e por último, uma justificativa que merece reflexão: o movimento espírita atual não prescinde (não necessita mais) das comunicações com os Espíritos, através dos di-versos tipos de mediunidade e dos médiuns.

Allan Kardec, na Revista Espírita de abril de 1866, já alertava para a opinião que se desenvolvia na época: Nada de comunicação dos Espíri-tos. Alguns pretendiam fazer um Espiritismo sem os Espíritos. Neste artigo Kardec refuta esta proposta, lembrando que as comunicações dos Espíritos fundaram o Espiritismo.

Repeli-las depois de as haver aclama-do é querer sapar o Espiritismo pela base, arrancar seus alicerces. Tal não pode ser o pensamento dos espíritas sérios e devotados(...) É nessas comu-nicações que os espíritas encontram alegria, consolação, esperança; é por elas que compreenderam a neces-sidade do bem, da resignação, da submissão à vontade de Deus; é por elas que suportam com coragem as vicissitudes da vida (...).

Já vencendo a primeira década do Século XXI, ainda observamos a existência de centros espíritas sem reuniões mediúnicas, impor-tantes espaços de atividade onde se possam obter boas comunicações

por Amaral Pereira

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA esclarecimento

dos Espíritos, fundamentais para a formação ou vivência espiritual do dirigente espírita, demais médiuns e colaboradores.

Sem as reuniões mediúnicas es-píritas como se difundirá o Espírito do Senhor, através de mensagens e orientações superiores, que nos chegarão pelos emissários do Cristo, conforme foi registrado no livro que anota os Atos dos Apóstolos?

Nos últimos tempos, diz o Se-nhor, difundirei do meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos, sonhos. (Atos, cap. II, vv. 17 e 18.)

E Kardec, perfeitamente sinto-nizado com os Espíritos Superiores, utilizando-se de diversos médiuns em várias reuniões mediúnicas, ar-remata: Quis o Senhor que a luz se fizesse para todos os homens e que em toda a parte penetrasse a voz dos Espíritos, a fim de que cada um pu-desse obter a prova da imortalidade. Com esse objetivo é que os Espíritos se manifestam hoje em todos os pontos da Terra e a mediunidade se revela em pessoas de todas as idades e de todas as condições, nos homens como nas mulheres, nas crianças como nos velhos. É um dos sinais de que chegaram os tempos preditos. [...] Os Espíritos vêm instruir o ho-mem sobre seus destinos, a fim de o reconduzirem à senda do bem, e não para o pouparem ao trabalho mate-rial que lhe cumpre executar neste mundo, tendo por meta o seu adian-tamento, nem para lhe favorecerem a ambição e a cupidez. [...] Como intérpretes do ensino dos Espíritos, têm os médiuns de desempenhar importante papel na transformação moral que se opera. (“O Evangelho

Segundo o Espiritismo”, capítulo 28, item: Para os Médiuns. FEB).

Se a proposta de trabalho pauta-se no Espiritismo com os Espíritos, organizar as reuniões mediúnicas espíritas é frente de trabalho priori-tário e a referência segura e atualís-sima ainda é O Guia dos Médiuns: “O Livro dos Médiuns” de Allan Kardec.

A contribuição do médium

Francisco Cândido Xavier, através das centenas de livros recebidos por via psicográfica e psicofônica em diversas reuniões mediúnicas, reforça a necessidade de incluir-se a área mediúnica como relevante e im-prescindível setor do centro espírita, destacando que cabe às lideranças espíritas a implantação da mesma. Chico Xavier, médium que se dis-ciplinou para a prática mediúnica, reconheceu em todas as décadas de seu mediunato a superioridade dos ensinos organizados pelo Mestre Francês, nunca se afastando desta orientação e sempre se denominan-do um “cisco”.

Emmanuel, Espírito responsável pela atividade mediúnica de “Chico Xavier” relata-nos que André Luiz,

ao publicar o livro Desobsessão, em 1964, tinha como meta arregimentar novos grupos de seareiros do bem que se proponham reajustar os que se vêem arredados da realidade fora do campo físico. Os que estão “fora do campo físico” são os Espíritos, a serem atendidos nos grupos me-diúnicos.

É natural o aparecimento de dúvidas ou dificuldades quando se desejam implantar ou consolidar a atividade mediúnica, na casa espírita. Sem esmorecer, busquemos o apoio de espíritas com maior experiência; visitemos outras instituições com atividades mediúnicas já implanta-das; estudemos os livros e apostilas elaboradas pelas federativas e demais órgãos de unificação; participemos de encontros e outros eventos sobre as atividades espíritas, mas não fi-quemos de braços cruzados e pernas imóveis.

Planejar, organizar, estudar e preparar com bom senso as ativida-des mediúnicas é agir com sisudeza, expressão lingüística em desuso na atualidade, mas que indica agir com seriedade, responsabilidade, comprometimento comouma tarefa nobre e útil.

Como espíritas temos aprendido o valor do tempo, na bênção da re-encarnação. Omitir-mo-nos ou não agirmos na dinamização das tarefas espíritas é perder tempo. Emmanuel, no livro Seara dos Médiuns psico-grafado por Chico nos alerta para os benefícios da prática mediúnica, a fim de que saibamos evitar todo o erro, enquanto desfrutamos o favor do bom tempo.

Amaral Pereira [email protected]

Uberlândia – MG - novembro/2009

Os Espíritos vêm instruir o homem sobre seus destinos, a fim de o reconduzirem à senda do bem

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010mediunidade

diretrizes de Segurança

por divaldo Franco e Raul Teixeira

97. na terapia da desobsessão, é bom que o obsi-diado freqüente trabalhos mediúnicos?

divaldo - o ideal será que ele não participe dos tra-balhos mediúnicos. Se estiver no estado em que registra as idéias sadias e as perturbadoras, o trabalho mediúnico pode ser-lhe seriamente pernicioso. Porque, se o obsessor incorporar, poderá ameaçá-lo diretamente, criando nele condicionamento, que depois vai explorar de espírito a es-pírito. Como a necessidade não é do corpo físico enfermo, ele pode estar em qualquer lugar e os mentores trarão as entidades perturbadoras.

Ele não deve faltar é às sessões de esclarecimento dou-trinário, para que aprenda a libertar-se das agressões dos espíritos maus e, ao mesmo tempo, crie condições para agir com equilíbrio por si mesmo.

98. Quanto aos variados cursos de formação de médiuns, espalhados por toda parte, são úteis, de fato, para os indivíduos?

raul - Sempre que nos reunimos com o objetivo de estudar o Espiritismo, encontramos razões para alegrias imensas.

o Espiritismo é um filão notável, aclarando a nossa

visão, desenvolvendo-nos o intelecto e ajustando-nos às experiências amadurecedoras.

o que nos deve chamar a atenção, a fim de que nos pre-catemos, é o fato de entendermos os cursos de formação de médiuns como curso formal, com graduações e notas, provas e formaturas. Isto porque o sentido do curso, se desenvolvido nessas bases, fará entender ao cursando, ou aluno, que, quando ele o concluir estará formado. Então, terá que ser médium a qualquer custo, podendo surgir fortes predisposições à mistificação ou excitações que levem o indivíduo às bordas dos fenômenos anímicos, pela ansiedade de dar comunicações.

os estudos espíritas devem ser descontraídos e agra-dáveis, permitindo trocas de experiências, facultando o crescimento geral. o estudo da mediunidade, por outro lado, não passa do estudo de uma parte do conhecimento espírita, devendo ser feito, por isto, associado aos demais temas da doutrina Espírita.

99. e sobre os cursos de formação de médiuns que distribuem carteiras e diplomas aos seus concluintes?

raul - Embora respeitemos as intenções de qualquer pessoa, dizemos que nessas atitudes nada existe do pen-

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

Fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

samento do Espiritismo, cujas propostas são de trabalho e renovação, sem atavios, sem ilusões, sem competições com os estabelecimentos e concepções das instituições do mundo, ainda quando respeitáveis na pauta dos valores terrenos.

100. alguma necessidade particular existe para que se recomende aos médiuns o uso de aventais, jalecos ou outras roupas especiais, nos trabalhos mediúnicos do espiritismo?

raul - à luz do pensamento espírita, nenhuma neces-sidade existe para o uso de roupas especiais, ou vestes de quaisquer naturezas, nos cometimentos mediúnicos espíritas, que possam designar símbolos ou paramentação inadequada aos eventos doutrinários. Até porque, perante a expressão de Jesus, trazendo-nos a imagem do “túmulo caiado por fora escondendo putrefação na intimidade”, notamos a importância de cada um alimpar-se por dentro, tecendo, com os esforços da sua transformação moral, a anelada “túnica nupcial”, a que Jesus se referiu na parábola do festim de bodas.

101. as cores das roupas que os médiuns estejam usando, interferem na qualidade do fenômeno mediúnico?

raul - Em nada interferem as cores de uso externo do médium na qualidade dos fenômenos mediúnicos. Intera-gem, isto sim, as “cores” de dentro, o caráter, o modo de ser e de viver de cada um.

102. observando-se, ainda, no exercício mediúni-co, o uso de velas, banhos, pontos traçados, defu-madores, gostaríamos de saber as causas e origens, bem como os inconvenientes de tais práticas.

divaldo - há dois fatores atávicos. o fator ancestral re-ligioso, herança das doutrinas ortodoxas que estabeleceram no culto a preservação de luzes para a adoração espiritual, e o fator sociológico-antropológico, especialmente nas Amé-ricas, já que, de certo modo, somos legatários das tradições africanas. A própria antropologia religiosa dos povos de Angola, Cabinda e de outros que vieram para cá desenvolveu em forma de automatismo, um animismo-mediúnico como meio de intercâmbio com o mundo espiritual. No Brasil, em particular, somos herdeiros inevitáveis dos cultos animistas, que os antigos escravos das gerações passadas introduziram em nossa formação religiosa, associando-se ao culto externo do catolicismo, que a partir do século 4º introduziu o uso de velas, incensos, flores, vestuários das tradições pagãs. É inevitável que muitos espíritos, “que são as almas dos ho-

mens”, e que estavam acostumados a tais tradições desses cultos religiosos, retornem do além-túmulo fazendo essas recomendações absurdas quanto a uma aparente necessida-de de manifestações externas, solicitando que se mandem celebrar missas, que se acendam velas, que se queimem defumadores, que se traga o turíbulo para o incenso, em razão da crença fundada na eficiência dessas fórmulas.

A Allan Kardec não passou despercebida essa questão, tanto assim que ele a introduziu em o Livro dos Espíritos, quando abordou o tema “fetichismo”, demonstrando que os Espíritos Superiores e os espíritos, na sua generalidade, desprezam e ridiculizam as fórmulas externas de nenhuma validade para a promoção moral do ser. Também há o atavismo religioso, que mantém, na sua liturgia, a presença indispensável desse culto exterior.

o Espiritismo é a doutrina da integração da criatura com o Criador, através da sua liberdade com responsabilidade, da sua conscientização de deveres, a fim de que possa fruir de paz, de esperança e de felicidade. qualquer manifestação de culto externo, por desnecessária, é de segunda ordem, não merecendo maior consideração, no que tange à educação o mediúnica.

A educação mediúnica exige, em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da mediunidade. A seguir, a educação moral, e como conseqüência, o exercício e a vivência da conduta cristã. Cristã, porque é o amor na sua expressão mais elevada, quando o indivíduo se encontra consigo próprio.

michael quoist, sacerdote francês, tem um pensamen-to que se adapta à questão. diz ele, em outras palavras: “Eu Te procurei e fugi do mundo para entrar em contato Contigo, abandonei-me a mim e a meus irmãos, mas não Te encontrei; quando me voltei para a ação da caridade ali me deparei Contigo, com o meu próximo, comigo mesmo, assim encontrando-nos os três.” É necessária a educação intelecto-moral que está implícita na resposta do Espírito da verdade: - “Espíritas! amái-vos. Espíritas! instruí-vos.” Instruir no século 19, tinha a abrangência do moderno verbo educar, que é adquirir hábitos e conhecimentos. Através dos hábitos salutares do estudo e do exercício do amor, o médium se libera de quaisquer atavismos para fazer-se ponte entre ele, a criatura e o Criador, sob a inspiração dos Espíritos Superiores.

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010

o homem que quis comprarmediunidade

capa

por Therezinha oliveira

Simão, o mago, que estava acostu-mado a encantar com artes mágicas as gentes de Samaria, para prendê-las aos seus caprichos e vontades, defronta-se um dia com Felipe, pregador da Boa Nova, que libertava Espíritos, curava coxos e paralíticos e fazia grandes si-nais, para alegria dos sofredores.

Vencido pelos fenômenos reais, Simão interrompe as práticas ilusórias, integra-se às hostes cristãs e passa a se-guir Felipe, quedando-se atônito ante os prodígios operados pelos Espíritos. A cada nova maravilha, seus olhos

se arregalavam de espanto e temor, seus lábios soltavam exclamações reverentes e louvores devotos, a incluí-lo aparentemente entre os corações convertidos.

Do que se agitava em seu íntimo, porém, os fatos foram reveladores em breve. Pedro e João chegaram à Samaria e, ao batismo de água, fazem suceder o batismo do Espírito, pelo simples impor das mãos consagradas ao apostolado da notícia redentora. Simão não se contém. Mente ávida de possuir materialmente, é incapaz

E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era concedido o Espírito, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: “Dai-me, também a mim, esse poder”.

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA capa

Para obter o dom ambicionado, dispõe-se a trocar por ele o seu dinheiro

de sentir nos fenômenos mediúni-cos cintilações de vida espiritual. Relaciona, em vertiginosas visões mentais, as vantagens e honrarias de que conseguirá desfrutar se dispuser daquele mesmo poder, se lhe for dado ligar e desligar terra e céu. Para obter o dom ambicio-nado, dispõe-se a trocar por ele o seu dinheiro. Na oferta, nivela o dom espiritual ao que é da matéria e não se apercebe do ridículo da tentativa, senão quando Pedro o admoesta ser impossível alcançar a fluidez mediúnica pela garra dura e metálica do ouro.

O mago Simão aprendeu, da

resposta firme e exprobadora de Pedro, a sua lição. Outros Simões têm surgido, porém, ao longo do caminho cristão, atraídos pela

superioridade dos fenômenos me-diúnicos a quantas artes, magias e encantamentos o mundo terreno pode oferecer. Aproximam-se, ma-ravilham-se e prosternam-se como se a alma se lhes curvasse penitente face às verdades imortais, patente-adas na ação do espírito sobre a matéria.

Não tarda, contudo, que os acontecimentos os faça traírem-se a si próprios na sua ambição, no seu desejo de domínio e ostenta-ção. A mediunidade não é para eles a fonte do consolo sublime, o instrumento precioso de labor evolutivo, a nesga de céu que o pri-sioneiro da Terra ama e abençoa. Mediunidade, pensam, é uma arte, uma técnica, um artifício, produto vendável por certo, porque criado pelo homem, e desejável, sem dúvida, porque confere situação especial ao seu possuidor. Nesta ordem de raciocínios, são capazes de abordar os medianeiros da luz, propondo-lhes infantilmente a troca dos bens do espírito por um pouco de ouro, um valor perecível, uma glória falsa e efêmera.

Na impossibilidade de comprar a mediunidade, tentam comprar o médium. Barrados pelas leis divi-nas na petição de um dom a que não fazem jus (“Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”), procuram atalhos huma-nos que lhes entreguem os porta-dores do bem desejado.

O mercadejar do dom divino é proposto pelos mais ignorantes na

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010capa

Fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Ante os Problemas Humanos. Págs. 129 – 133. Editora Allan Kardec. 2009.

crua paga das receitas, passes, curas e mensagens. Identificados pela própria oferta, esses mercadores podem ser facilmente rechaçados pelos depositários da mediunidade que cultuam a semente preciosa da luz em si mesmos, para iluminação do mundo, e que atendem ao con-selho do Mestre: Dai de graça o que de graça recebestes.

Mas há os que se aproximam dos médiuns incautos sob a capa de companheiros dedicados e como vampiros se lhes agarram, sufocando-os com pedidos e elo-gios, estímulos e exigências, hau-rindo-lhes as possibilidades divinas como propriedade particular, para locupletação das próprias ânsias e fantasias. Parecem negociantes tão honestos! Oferecem o que chamam de conforto, amizade, proteção... mas acabam por exigir o controle total das faculdades mediúnicas do seu tutelado.

Quem dera houvesse Pedros bastantes para erguerem suas vozes verdadeiras e vedarem a tantos Simões o acesso às fontes da me-diunidade sublime! Quem dera, para bem dos próprios Simões, os advertisse alguém de que, pre-tender pagar o dom divino com valores materiais é iniquidade que clama por arrependimento!

Porque Simão, avisado, não consumou o comércio execrando. Mas os seus irmãos de agora, sem Pedro para defrontá-los, inaugu-ram e prosseguem as ofertas vis, adquirindo para si mesmos os pesados débitos de forças sem

proveito consumidas, esperanças dolorosamente fraudadas e tarefas relevantes por completar.

Na falta da voz poderosa do Apóstolo, façamos ouvir a nossa,

débil mas sincera, pobre mas fra-terna, para sustar os passos dos mercadores da luz, para suster aos médiuns, os intérpretes da Vida Maior junto a nós.

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

Quando vivemos na car-ne somos, em muitas circunstâncias, algozes

de outras vidas. Não nos reportamos aos inse-

tos que esmagamos sob os pés ou aos múltiplos animais de que nos alimentamos durante a existência física, nem aludimos às legiões de vítimas do pretérito que nos espreitam e, frequentemente, nos abordam em processos obscuros de influenciação espiritual; obser-vamos as nossas vítimas humanas do cotidiano, de toda hora.

Há muitas faltas que praticamos incautamente, daí nascendo muitas ocorrências de antipatia gratuita, diante das quais somos defrontados por semblantes frios e gestos hostis, sem saber a razão...

Por isso, a humildade é a maior prova de sabedoria humana e eis porque carecemos, acima de tudo, de doar o perdão incondicional, a fim de merecê-lo conforme as nos-sas próprias necessidades.

A rigor, não existem inocentes na Terra.

Todos nós, Espíritos endivida-dos com o passado, transportamos conosco as marcas de culpas indivi-duais ou coletivas.

Nossas vítimaspor Eurípedes Barsanulfo / Waldo vieira

Todo ser consciente tem suas vítimas pessoais, vítimas conhecidas e insuspeitas, vítimas de dentro e de fora do lar.

Basta relacionemos algumas delas:

Aqueles a quem ferimos, através de comparações ultrajantes;

Os que prejulgamos com notória descaridade;

As crianças que relegamos ao aban-dono;

Os velhinhos que entregamos ao desamparo;

Os amigos cuja sensibilidade di-laceramos pelo abuso do anedotário inconveniente;

Os familiares que nos toleram as ati-tudes viciosas e as crueldades mentais;

Aqueles a quem acusamos sem pensar;

Os irmãos em erro, aos quais subtrai-mos deliberaclamente as oportunidades de reabilitação;

Os ausentes que, em muitas ocasi-ões, nunca vimos e cujo nome salpica-mos com lodo de sarcasmo, a golpes de maledicência na praça pública;

As mães doentes que passam por nós esmolando uma côdea de pão e às quais receitamos serviço inadequado, que não colocaríamos sobre as próprias alimárias domésticas.

Desiste de viver desapercebidamente dos nossos deveres de serviço e fraterni-dade, à frente uns dos outros.

Não te esqueças de orar por tuas vítimas e nem te negues a perdoar quem te magoa. Não raro, aqueles que nos rogam perdão são aquelas mesmas criaturas de quem precisa-mos recebê-lo...

Fonte:

VIEIRA, Waldo. Seareiros da Volta. Págs. 94

– 95. Feb. 1966.

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010estudo

Os primeiros discípulos do Nazareno e os primeiros cristãos foram espíritos fortes por excelência

A grande doutrina dos Fortes

por Yvonne A. Pereira

De quando em vez che-gam aos nossos ouvi-dos queixas de irmãos

em crença, cuja sensibilidade não se conforma com certos deslizes praticados por espíritas, que pare-cem não estar à altura da impor-tante tarefa confiada pelo Invisível aos adeptos da Terceira Revelação. Temos procurado reconfortar quanto possível esses delicados irmãos, chamando-lhes a atenção para determinados pontos de Dou-trina, capazes de explicar também essa particularidade em torno dos mesmos adeptos. E isso para que os queixosos não se dobrem ao desânimo, fazendo periclitar a própria fé, o que é sempre possível aos adeptos que se atenham a uma fé sorvida no que ouviram outros adeptos dizerem, em vez de se dedicarem aos livros da legítima Doutrina Espírita e às observações daí conseqüentes, indispensáveis sempre à boa instrução de cada um. O estudo eficiente do Espiritismo esclarece de tal forma os aspectos gerais da vida, como a situação dos espíritas, que, a ele nos dedicando devidamente, não mais surpresas nem vacilações nos chocarão em

qualquer setor. Seremos então espíritas preparados para os en-trechoques das múltiplas facetas da existência... e saberemos que o Espiritismo e o próprio Evangelho exigem que, para servi-los, sejamos realmente fortes, capazes de enfren-

tar quaisquer situações difíceis, seja no ardor das próprias provações, nas lutas do trabalho em geral ou diante das fraquezas e imperfeições dos irmãos em crença.

Meditando sobre o Evangelho, vamos observar que, para poder-mos praticá-lo, deveremos, acima

de tudo, ser vigorosos de ânimo, corajosos a toda prova. Os primei-ros discípulos do Nazareno e os primeiros cristãos foram espíritos fortes por excelência, idealistas audazes, práticos e não místicos, caracteres de ação, porque a tarefa a realizar seria volumosa demais para os ombros de um contemplativo.

Um caráter tíbio, por exem-plo, como romperia ele com as tradições milenárias do Judaísmo ou do Paganismo, para renovar totalmente as próprias convicções? Como enfrentaria, o tímido, a necessidade de se curvar à palavra revolucionária de Jesus, palavra que arrojaria por terra antigos preceitos de domínio e até de crueldade, para aceitar a união das criaturas através do Amor, quando a força era que ditava leis? E como suportaria o indeciso a ordem divina de compre-ender num mendigo, num leproso, numa pecadora, num publicano ou num samaritano o irmão a quem deveria amar e proteger, quando o ódio de casta ou de raça e o desprezo pelos pequeninos eram recomendações seculares? Como se haveria o impressionável, sob o imperativo de morrer pelo amor do

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA estudo

São, como vemos, ordens de comando revolucionário

Cristo à frente da espada dos hero-dianos ou nas arenas dos Circos de Roma, dando-se como repasto às feras? E, sem a coragem da própria fé — porque a fé é uma expressão de coragem —, como poderiam apor as mãos sobre um endemoninha-do, um paralítico ou um leproso e curá-los em nome do Senhor? E ainda sem a fortaleza do ânimo, como acreditariam eles na vitória daquela estranha Doutrina saída de Uma obscura província dominada pela águia romana, Doutrina que eles próprios deveriam espalhar pelo mundo, onde só a força, o egoísmo e o orgulho lavraram leis? ... O próprio Jesus, expondo a sua Grande Doutrina, lança sentenças impressionantes, que seriam como ordenações irretorquíveis, próprias para espíritos fortes, que os pusilâ-nimes demorariam a compreender e aceitar:

— “Seja o vosso falar: Sim, sim; não, não.”

— “Aquele que ama a seu pai ou a sua mãe mais do que a mim, não

é digno de mim. E aquele que não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo.”

— “Em verdade te digo que ninguém pode ver o reino de Deus, se não nascer de novo.”

— “Eu não vim trazer paz à Terra, mas a espada; vim separar de seu pai o homem, de sua mãe a filha, de

sua sogra a nora, e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. Vim lançar fogo à Terra e desejo que ele se acenda.”

— “Se o teu olho ou a tua mão te servem de escândalo, corta-os e lança-os

fora de ti; porque melhor te é que se per-ca um ou dois dos teus membros do que todo o teu corpo vá para o inferno.”

— “Se alguém te ferir na face direita, oferece também a outra, e àquele que tirar a tua túnica, larga-lhe também a capa.”

— “Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam.”

— “Porque, se vós não amais senão os que vos amam, que méritos haveis de ter?”

— “Se vossa justiça não for maior e mais perfeita do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos Céus.”

— “Assim, luza a vossa luz diante dos homens, que eles vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está no Céus.”

— “Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai Celestial é perfeito.”

São, como vemos, ordens de comando revolucionário, impe-lindo paladinos para a grandiosa batalha de encontrar Deus em si próprios! E, se mais não citaremos, será porque iríamos longe com a observação.

O Evangelho, pois, se é uma escola onde aprendemos as doçuras do Amor, é onde também encon-traremos as atitudes corajosas do herói do ideal divino.

Nas mesmas condições encara-remos os espíritas. Os caracteres fracos, tímidos, indecisos, demo-rarão a se integrarem nos emba-tes fornecidos pelo Espiritismo. Também este é Doutrina para os fortes, ou seja, para aqueles que,

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010estudo

Devemos, portanto, ver uns nos outros espíritos valorosos que lutam contra as próprias imperfeições

Fonte:

PEREIRA, Yvonne A. À Luz do Consolador.

Págs. 42 – 46. Feb. 1998.

em migrações terrenas do pretérito, tanto erraram, e no Além-Túmulo tanto sofreram por isso, que ago-ra se dispuseram a uma reforma geral do próprio caráter através do Espiritismo. E, com efeito! Combater as próprias imperfeições diariamente, não ignorando que, se o não fizer, desonrará a própria Doutrina a que se julgou filiar, socorrer necessitados sem possuir recursos suficientes para o manda-to, confiante no auxílio do Mestre Nazareno; medicar enfermos sem haver cursado Medicina; subir a uma tribuna diante de assembléia numerosa, que espreita pronta para a crítica, a fim de defender a Verda-de, sabendo que esse é um dever a que não poderá fugir, porque ainda ontem, em existências transatas, deprimiu a mesma Verdade; en-frentar obsessores e fazê-los recuar dos abismos do Mal para as suaves trilhas do Amor e do Perdão, cer-to de que é apenas intérprete das forças do Céu, porque não possui virtudes para tão alto feito; investi-gar o Invisível com a própria fé e as forças do coração, porque sabe não ser anjo nem sábio; arvorar-se em secretário de entidades aladas para a produção de compêndios de Moral, de Filosofia ou de Ciências transcendentes, e apresentá-los ao mundo impiedoso com suas críti-cas, não sendo escritor e tampouco possuindo diplomas universitários; submeter-se à vontade dos Mento-res Espirituais e executá-los, sobre-carregando-se, dia a dia, das mais pesadas responsabilidades perante os homens e os Espíritos; ser leva-do, por amor a Jesus, a perdoar e esquecer os ultrajes que lhe ferem

o coração e conturbam o espírito; renunciar a cada dia, às vezes até mesmo às mais doces aspirações do coração, morrendo para si mesmo a fim de ressurgir para Deus, e, acima de tudo, filiar-se às falanges dos discípulos de Jesus e dos balu-artes da Terceira Revelação — não será dispor de forças supremas na Terra, não será ser corajoso, por excelência? E convenhamos que é

desses tais que Jesus precisa agora, como ontem precisou dos pecado-res, dos mendigos, dos malvistos pela sociedade para a propaganda da Sua Doutrina, únicos indiví-duos que, apesar das imperfeições que portavam, estiveram à altura de compreender e executar os sa-crifícios necessários à difusão da Grande Nova que surgia.

Muitos de nós, realmente, ainda não somos verdadeiros espíritas nem verdadeiros cristãos. Mas também já não seremos homicidas, nem roubadores, nem traidores, nem devassos, nem ébrios, nem

adúlteros, nem suicidas. Observa-remos, então, que nosso progresso dentro do ensino espírita há sido fabuloso, pois ainda ontem fomos tudo isso, não obstante alguns desli-zes que mais ou menos ainda prati-camos. Devemos, portanto, ver uns nos outros espíritos valorosos que lutam contra as próprias imperfei-ções, sob a redentora proteção do Consolador enviado pelo Cristo de Deus! Não vejamos em nossos ir-mãos de crença, ainda imperfeitos, espíritas indesejáveis, mas pupilos de uma Doutrina Celeste, recém-libertados de terríveis correntes malignas. E se, por nossa vez, nos julgamos harmonizados com os es-plendores da Verdade, estendamos até eles nossos afetos, auxiliando-os quanto possível a se integrarem na verdadeira essência da Doutrina Espírita, que é poderosa bastante para reeducar os necessitados de forças renovadoras e de luzes espirituais. E todo esse trabalho, que somos chamados a executar, será labor para espíritos fortes... porquanto, tal como aconteceu aos primeiros discípulos do Nazareno, também teremos de desenvolver lutas árduas para o estabelecimento das verdades celestes sobre a Terra — supremo ideal daqueles que já conseguiram predisposições para a comunhão com a Força Suprema do Eterno Bem.

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA conFissão

Carta à mãe Católica

por João marcus / hermínio C. miranda

Querida mamãe: Esta carta contém uma ter-rível confissão: tornei-

me espírita. Chamo-lhe confissão porque expressa minha convicção mais íntima, profunda, meditada e sofrida; chamo-lhe terrível porque sei o quanto vai feri-la também, ínti-ma e profundamente. Conhecendo, como conheço, sua inabalável fé católica, sei que, para a senhora, é como se perdesse o filho amado, que se precipitou irremediavelmen-te nas chamas do inferno.

Sei que sua religião — que foi também minha, desde o berço até bem adiante na vida — condena, sem remissão, aquele que lhe volta as costas. Mas sei também que a senhora é honesta e convencida-mente católica e concordará comigo em que caberá a Deus julgar e não às organizações religiosas do nosso mundo imperfeito.

A senhora tem uma bela religião, inspirada que foi na fonte comum do Cristianismo. Outras religiões também foram ao Cristo para beber inspiração e traçar novos roteiros aos homens, mostrando-lhes os caminhos de Deus.

Sua religião é bela pelo seu conteúdo moral e espiritual, pela importância de sua contribuição à

Civilização, pelos grandes espíritos que povoam sua galeria, desde os vultos que se tornaram universais até o pároco anônimo, mas profun-damente humano, que orienta meia dúzia de almas, no seu modesto rebanho.

Respeito todas as suas crenças; no entanto, sua religião, como todas as demais, tem um conteúdo espiritual de origem divina e um

continente de tosca fatura huma-na. Se a examinarmos de perto, veremos que o conteúdo continua puro e luminoso, pois eterna é a sua substância, e sua concepção inde-pendeu da vontade do homem; mas veremos, também, que o vaso que o contém é defeituoso e imperfeito, como toda obra humana.

Por melhor que fossem suas intenções — e muitas, infelizmente,

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010conFissão

não o foram —, muitos dos espíritos incumbidos de ajudar a fazer o vaso não viram bem claro os planos do Senhor e cometeram falhas, na ilusória esperança de que estavam criando medida de autodefesa con-tra futuros inimigos da nova fé. E assim, tudo se petrificou na imobili-dade assustadora dos dogmas. Mais ainda: a precaução foi inútil, porque Deus, na Sua sabedoria infinita, não quer deixar que as coisas per-maneçam estáticas. Toda a Natureza vibra, se move, evolui, nasce, morre, emigra e renasce. Porque haveria Deus de permitir que no meio de tanto movimento só um corpo doutrinário permanecesse inerte, estacionário, contraditando Suas próprias leis?

Se o próprio Cristo aqui veio para modificar, ampliar e dar nova vida a um corpo doutrinário an-terior... E note bem: ele não veio destruir, ele veio executar um dos cânones da lei divina, que é a evolu-ção. Retomou a doutrina morta no ponto em que estava e soprou-lhe novamente a vida.

Para isso foi preciso pregar, curar, dar exemplos, sofrer e morrer. Ainda assim, até hoje o negam e o espezinham e o desprezam, até mes-mo em nome dos princípios morais e filosóficos que ele pregou.

De modo que respeito sua fé. O Catolicismo tem prestado grandes serviços e continuará certamente a prestá-los todas as vezes em que pre-valecer em suas obras a substância divina que nele se contém, todas as vezes em que subir às culminâncias de Francisco de Assis, por exemplo. Outros grupos religiosos prestam, igualmente, grandes serviços de natureza espiritual, pois o que im-

porta, substancialmente, não é o rótulo da nossa crença religiosa, é a própria crença e o grau de caridade que ela é capaz de instilar em nossos corações. Desde que seja pura e honesta, sincera e humilde, Deus certamente nos receberá em Seus braços um dia, porque Seu maior Emissário nos garantiu que nenhu-ma de Suas ovelhas se perderia.

Por tudo isso respeito sua fé e rogo a Deus que a ajude a compre-ender, no devido tempo, o passo que ora dou.

Sei que a senhora pensará neste momento, a ler confusa e desgos-tosa estas linhas: “Coitado, o de-mônio o arrastou para as hostes do mal.” Ensinaram à senhora que o Espiritismo é obra do demônio, que comanda, poderoso e invencível, todos os fenômenos espíritas.

Digo-lhe eu agora, com a maior pureza na minha intenção: o “de-mônio” fez no meu caso (e em inúmeros outros) obra magnífica. Por quê? Porque me retirou das trevas impenetráveis da descrença e me arrastou para a luz da fé. Digo arrastou e digo bem, porque reagi

e resisti enquanto me foi possível. Educado como fui — a senhora o sabe —, no mais profundo horror à luminosa Doutrina dós Espíritos, li os primeiros livros tomado de sobressaltos e temores.

Mas, se não me restava nada da antiga fé, pensava eu, que mal po-deria haver em que eu continuasse a procurar, alhures, lenitivo para as minhas duvidas? Sim, porque eu du-vidava; mais que isso: eu descria.

Verificara, na idade ingrata do raciocínio, que não poderia salvar minha crença da meninice, pois seus destroços nadavam esparsos pelo mar do desencanto. No prin-cípio, sentira um alívio tolo, como que desobrigado de compromissos éticos e religiosos. Era livre, era superior a toda aquela massa ignara que cria. Mas os anos foram volven-do e comecei a duvidar também da minha descrença.

A senhora sabe que o homem é essencialmente espírito e de lá, de onde vem, ele traz a intuição de Deus. Trazendo no fundo do ser uma fagulha emanada de seu Criador, como pode ele subsistir sem Deus e passar pela vida indi-ferente, sem a crença naquele que o criou e o conduz? Poderá teimar ingenuamente, como uma criança perdida, e nem por isso Deus o abandonará.

Deixe-me contar-lhe uma pará-bola.

Disse uma criança a seu pai: “Pai, você não existe.” Respondeu-lhe o pai, condescendente: “Não? Por que você acha que eu não existo?” — “Porque você é absurdo. Porque não posso compreendê-lo. Como é possível você ter existido antes de mim? Como é possível

Por tudo isso respeito sua fé e rogo a Deus que a ajude a compreender, no devido tempo, o passo que ora dou

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA conFissão

você saber, por exemplo, que aquela floresta escura me reserva perigos e sofrimentos? Quem lhe ensinou as coisas que você sabe? Quem o fez? Não. Você não existe.”

E, para prová-lo, quis atravessar a floresta na escuridão da noite. Iria sozinho, que nada o assustava. E foi. Mas o pai, que o amava, foi à sua frente; colocou sinais pelo caminho; abriu-lhe até algumas picadas e poliu a face da lua, para que ela iluminasse um pouco as veredas.

Lá se foi a criança. No princípio estava alegre, sentia-se forte e inde-pendente. Era dona de sua vontade, não teria que prestar contas a nin-guém do que fizesse. Esqueceu-se até do pai. Depois começou a sentir-se muito só, a caminhar solitária pelas veredas. E absurdamente, começou a ter saudade do pai e começou a notar que sua mão bondosa anda-ra por ali a espalhar sinais de sua presença. Removera uns espinhos daqui; tirava uma pedra dali; dei-xara um pouco d’água fresca acolá. E como é que a lua, perdida nas nuvens, brilhava agora tão intensa-mente no céu? Teria sido o pai que lhe aumentara o brilho? Era sim, desconfiava ela. Sentia isso agora, perfeitamente, com nitidez. Então, o pai existia, era bom e o amava. Foi só o tempo de pensar assim e sair do outro lado da mata. Lá estava o pai, à sua espera, com o amor sublimado de sempre. A criança caiu a seus pés, beijando- -lhe as mãos, lamentando o tempo que perdera na mata escu-ra, extraviada, sofrendo inutilmente para provar a si mesma que seu pai não existira. Esquecia-se a coitada, que, se conseguisse prová-lo, teria provado que ela também não existia. Que faria então?

Aí está a história. Aqui estou eu, humildemente, aos pés do Pai, sem-pre que posso, em cada momento da minha vida, para agradecer-Lhe as bênçãos incontáveis que sobre mim tem derramado generosamen-te. Aqui estou, dentro de minhas limitadas forças, a lutar como posso, contra minhas imperfeições que são muitas e meus erros que são inumeráveis. Aqui estou a Seus pés, a implorar-Lhe que me ajude, iluminando cada vez mais meu entendimento e meus caminhos, inspirando-me pensamentos e atos nobres, fortalecendo-me na prática da caridade. Aqui estou a Lhe pedir coragem e inspiração para que, por

minha vez, possa ajudar os filhos que Ele me confiou, orientando-os na senda do bem. Aqui estou para agradecer acima de tudo o ter Ele permitido que voltasse ao mundo por intermédio da senhora, que, colaborando na Sua obra, ajudou a formar meu corpo físico e tanto contribuiu, com a nobreza de seu caráter, para reformar meu espírito nesta peregrinação. E me sinto tranqüilo e feliz tanto quanto pode sê-lo a criatura imperfeita que ainda somos, porque creio, porque sofro e luto e aprendi a orar. Estou feliz por-que a minha fé renasceu fortalecida, imune aos embates da razão, porque

a própria razão a ilumina. Quero, pois, pedir à senhora que

não se preocupe comigo. Algum dia, com a graça de Deus, nos en-contraremos em outras condições, embaraçados deste tosco invólucro material e conversaremos sobre estes e outros problemas. Estou certo de que lá encontraremos também mui-tos e muitos amigos que, levados por injunções várias, foram espíritas, protestantes judeus, católicos ou budistas. E a senhora não mais se admirará, porque saberá então que a Deus não importa de onde vem a prece que sobe até Seus pés: o que Lhe importa é a fé que a sustenta, o que Lhe importa são as obras que o iluminam. Mesmo porque, sem as asas poderosas da fé, a prece não chegaria sequer a esvoaçar naquelas alturas inconcebíveis ao espírito humano. Levada pela fé, no entanto, lá chegam nossos agradecimentos e nossos pedidos seja qual for a igreja de onde oramos, porque ao criar Seus filhos, Ele não os separou irre-mediavelmte em seitas, raças, nações e castas: Ele apenas os criou simples e perfectíveis como ensina a boa doutrina. E lhes deixou abertos os caminhos, para que cada qual tivesse o mérito de suas descobertas, de suas vitórias e de sua paz espiritual.

Deus guarde, ilumine e assista sempre seu bondoso espírito, que pesada tem sido sua quota de sofri-mentos e angústias.

Abençoe, em nome do Senhor, seu filho na carne e irmão em es-pírito.

Fonte:

MIRANDA, Hermínio C. Candeias na Noite

Escura. Págs. 15 – 20. Feb. 1992.

Estou feliz porque a minha fé renasceu fortalecida...

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FidelidadESPÍRITA | Janeiro 2010reFlexão

Amparo dos fracos, é a Esperança a força dos fortes e a resistência dos heróis

CoNCEITo —Irmã gêmea da Fé, a Esperança,

também catalogada como uma das três virtudes teologais, é a faculdade que infunde coragem e impele à conquista do bem.

Quando as circunstâncias cons-piram contra realizações superio-res, perturbando e af ligindo, a Esperança revigora o entusiasmo e insufla o necessário ânimo para o prosseguimento até o fim. Em Deus haure a força de que se reveste, a fim de vitalizar os postulados em que se firma.

Aos seus auspícios, a calamidade se modifica e sobre os destroços levanta o progresso; o solo cres-tado, sob sua assistência cordial, perseverante, se converte em jar-dim e pomar; a enfermidade, ante sua assessoria, propicia eupatia lenificadora, ensejando a saúde; a derrota excruciante, em face da sua constância, ressurge como triunfo, transformando os faisos valores do

despotismo e da violência, legados terrenos de efêmera qualidade, em alegrias espirituais insubstituíveis.

A Esperança constitui o plenilú-nio dos que sofrem a noite do aban-dono e da miséria, conseguindo que lobriguem o porvir ditoso, não obstante os intrincados obstáculos do presente. É o cicio caricioso na enxerga da enfermidade e a voz socorrista aos ouvidos da viuvez e

da orfandade, consolo junto ao es-pírito combalido dos que jazem no olvido, exortando: “Bom ânimo e coragem! Olhos vigilantes, ouvidos atentos e braços vigorosos acom-panham vossas aflições, vêem e ouvem vossos penares, distendendo recursos na vossa direção. Não vos entregueis à revolta ou à desolação: esperai!”

Amparo dos fracos, é a Esperan-ça a força dos fortes e a resistência dos heróis. Quando falecem os recursos humanos, sempre defici-tários, à semelhança de anjo, acer-ca-se, envolvente, e levanta os que tombaram, ajudando-os a reencetar a jornada e avançar. Ânimo dos vencidos, converte o galé em estóico lutador e são as suas inspirações que, através da pena, transmuda a vitória do canhão em derrota sob a palavra que exorta à liberdade e à honra.

No singelo berço, em Belém, lucilou com astros de alegrias uma

Esperançapor divaldo Pereira Franco

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA reFlexão

Sua melodia encontra na voz dos imortais a ressonância edificante que fala do futuro espiritual...

Excelsa Família, e na Cruz, erguida no Gólgota, recolheu o porejar de sangue que orvalhava a sublime face do Justo.

CoNSIdERAçÕES —Dois adversários se antepõem

à Esperança: a presunção, que faz que o hcmem, petulante, confie nas próprias possibilidades, sem contar com o auxílio divino, ensoberbecen-do-se; e o desespero, que conduz à dúvida em torno da misericórdia excelsa de Deus, em relação aos filhos.

A Esperança, como de fácil en-tendimento, pressupõe a Fé, sem cujo arrimo fenece; e, mediante a contribuição desta confia na Revelação de que se fez portador Jesus-Cristo. Através das forças que infunde, o homem de Deus, espera em confiança a paz na Terra, em decorrência da conduta reta e do trabalho profícuo, e depois da de-sencarnação as alegrias refazentes e perenes, resultantes das promessas cristãs.

Sendo o sofrimento uma natural conseqüência da leviandade ou do desequilíbrio moral a que o homem se permite, na esteira das reencar-nações, a Esperança constitui-lhe o estímulo para o soerguimento pessoal ante as leis de harmonia, representativas das Divinas Leis.

De vital importância no exercí-cio da Caridade, a Esperança ensina a confiar nos resultados posteriores da ação relevante, embora as apa-rentes condições adversas.

Quando o santo oferece a vida à comunidade, o apóstolo à abne-gação, o artista à beleza, o cientista à pesquisa e o trabalhador à ação, arrimam-se todos à Esperança na

expectativa dos resultados felizes. Dirimindo suspeitas e assegu-

rando tranqüilidade, a Esperança, humilde e imperturbável, é seme-lhante à bússola para os nautas e guia experiente para as caravanas. Aponta rumos de felicidade e não se detém no pórtico das realizações: adentra-se na ação infatigável e, estuante, alcança o êxito que per-segue.

CoNCLUSão —Enquanto estrugem alucinações

e o aliciamento à desordem irrompe assustador, adicionando aflições dormidas a sofrimentos nascentes, fazendo crer na falência dos títulos de dignificação humana, como se os louros da honra fenecessem subitamente, num retrocesso ético lamentável, a Esperança luariza os espíritos e os conclama à paz, ao amor, ao dever.

Sua melodia encontra na voz dos imortais a ressonância edificante que fala do futuro espiritual, após as múltiplas vicissitudes na organi-zação somática, entoando hinos de exaltação à resistência contra o mal

Fonte:

FRANCO, Divaldo Pereira. Estudos Espíritas.

Págs. 117 – 120. Feb. 1982.

ESTUdo E mEdITAção:

“Ao justo, nenhum temor inspira a morte, porque, com a fé, tem ele a certeza do futuro. A esperança fá-lo contar com uma vida melhor; e a caridade, a cuja lei obedece, lhe dá a segurança de que, no mundo para onde terá de ir, nenhum ser encontrará cujo olhar lhe seja de temer.”

(O Livro dos Espíritos,Allan Kardec, questão 941.)

*

“A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperan-ça na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portan-to, o vosso amor?”

(O Evangelho segundo o Espiritis-mo, Allan Kardec, cap. XIX, item

11.)

e à perseverança no bem. Dileta filha do amor aponta o

exemplo de Jesus como a suprema dádiva, que o homem deve aspirar para conseguir uma vida perfeita.

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FidelidadESPÍRITA |Janeiro 2010

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

70. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo martins

com todas as letras

veja como formar o Imperativo Afirmativo

O apresentador da emissora de televi-são convidou várias vezes o telespec-tador que acompanhava o carnaval

a telefonar para a emissora e atribuir uma nota à melhor escola de samba. A frase era: Liga e dá o seu voto. Ela estava correta, na sua opinião?

Não estava. O certo é: Ligue e dê o seu voto. Ou então: Liga e dá o teu voto.

Liga e dá são formas do imperativo, modo verbal que exprime ordem, conselho, convite, solicitação ou súplica.

Ele tem duas formas típicas, a 2ª pessoa do singular e a 2ª do plural, ambas derivadas do modo indicativo, com a supressão do s. Assim: tu ligas, liga tu; vós ligais, ligai vós.

As demais pessoas derivam todas do presente do subjuntivo, sem nenhuma alteração: que você ligue, ligue você; que nós liguemos, liguemos nós; que eles liguem, liguem eles.

Veja, portanto, a conjugação completa: liga tu, ligue você, liguemos nós, ligai vós, liguem vocês.

Com dar, o certo seria: dá tu, dê você, demos nós, dai vós, dêem vocês.

Como o imperativo se refere sempre a al-guém a quem se fala, ele não tem a 1ª pessoa do singular.

Na frase liga e dá o seu voto, o seu mostra com clareza que se trata da 3ª pessoa (do singular, no caso), ou seja, o convite do apresentador se diri-gia a alguém tratado por você, enquanto o liga e o dá se referem a alguém tratado por tu.

SLogAN dA CAIxA TINhA (TEm) ERRo

Um antigo slogan da Caixa Econômica Federal, Vem pra Caixa você também, con-tinha erro parecido com o mencionado neste comentário. Como o pronome é você, a frase teria de ser Venha pra Caixa você também (3ª pessoa). Existe outra forma possível: Vem pra Caixa tu também (tu vens, vem tu, que você venha, venha você). Nunca, porém, a que foi divulgada.

Alheia às criticas dos professores e da imprensa a respeito do problema, no en-tanto, a Caixa acaba de ressuscitar o mau exemplo, agora como: “Vem” pro futuro “você” também.

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Janeiro 2010 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

O exame isolado deste versículo sugere um tema de infinita grandeza para os discípulos religiosos do Cristianismo.

A palavra do apóstolo aos gentios recorda-nos a igreja liberta do Cristo, não na esfera estreita dos homens, mas no ilimitado pensamento divino.

O espírito orgulhoso e sectário, há tanto tempo dominante nas atividades da fé, encontra na afir-mativa de Paulo de Tarso um antídoto para as suas venenosas preocupações.

Em todas as épocas, têm vivido na Terra os nobres excomungados, os incompreendidos valorosos e os caluniados sublimes.

Passaram, nos círculos das criaturas, qual acontece ainda hoje, perseguidos e desprezados, entre o sarcas-mo e a indiferença.

Por vezes, sofrem o degredo social por não se avil-tarem ante as explorações delituosas do fanatismo; em

“Mas a Jerusalém que é de cima, é livre, a qual é mãe de todos nós.” — Paulo. (Gálatas, 4:26.)

Igreja Livre

Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

outras ocasiões, são categorizados à conta de ateus pelas suas idéias mal interpretadas.

É que, de quando em quando, rajadas de ódios e dúvidas sopram nas igrejas desprevenidas da Terra. Os crentes olvidam o “não julgueis” e confiam-se a lutas angustiosas.

Semelhantes atritos, contudo, não alteram a consciência tranqüila dos anatematizados que se sentem sob a tutela do Divino Poder. Instintivamen-te, reconhecem que além da esfera obscura da ação física resplandece o templo soberano e invisível em que Jesus recolhe os servidores fiéis, sem deter-se na cor ou no feitio de suas vestimentas.

Benfeitores e servos excomungados dos cami-nhos humanos, se tendes uma consciência sem mácula, não vos magoe a pedrada dos homens que se distanciam uns dos outros pelo separatismo infe-liz! Há uma Igreja augusta e livre, na vida espiritual, que é acolhedora mãe de todos nós!...

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Assistência Espiritual: Passes domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público

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