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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009

26 com todas as letrasmodELo PoSA E RUA TEm TRáFEgo

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicoINvESTIgAdoRES do TRAbALho dE ChICo xAvIER

As dificuldades que ele enfrentou 14 capaA ÍNdIA

12 mediunidadedIRETRIzES dE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

24 esclarecimentoCIêNCIA mATERIALISTA

A descrença e a ignorância fazem suas vítimas

5 mensagemFAz-TE INSTRUmENTo dE CRISTo

Ele conta conosco

edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (mtb 28.765)projeto gráfico Fernanda berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

8 reflexãoPACIêNCIA Não SE PERdE

Não se perde o que não se tem

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 – vila marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

assinaturasAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

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6 estudoSACRIFÍCIoS

Crenças e condições humanas

21 biografiaLéoN dENIS

Apóstolo do Espiritismo

10 ensinamentoA REgENERAção

A rota do progresso

18 históriaALvoRAdA ENTRE SombRAS

A humanidade tentando ensaios de Civilização

sumário

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA

os demônios segundo o espiritismo

fonte: KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Cap. IX.

editorial

Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteli-gentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas; uma vez libertos do corpo material, cons-tituem o mundo espiritual ou dos Espíritos, que povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por escopo a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Não lhes deu, contudo, a perfeição, pois quis que a obtivessem por seu próprio esforço, a fim de que também e realmente lhes pertencesse o mérito. Desde o momento da sua criação que os seres progridem, quer encarnados, quer no estado espiritual. Atingido o apogeu, tornam-se puros espíritos ou anjos segundo a expressão vulgar, de sorte que, a partir do embrião do ser inteligente até ao anjo, há uma cadeia na qual cada um dos elos assinala um grau de progresso.

Do expresso resulta que há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, conforme a posição em que se acham, na imensa escala do progresso.

Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e comprazendo-se com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à idéia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perver-sa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem.

Segundo a doutrina da Igreja os demônios foram criados bons e tornaram-se maus por sua desobediência: são anjos colocados primitivamente por Deus no ápice da escala, tendo dela decaído. Segundo o Espiritismo os demônios são Espíritos imperfeitos, suscetíveis de regeneração e que, colocados na base da escala, hão de nela graduar-se. Os que por apatia, negligência, obstinação ou má-vontade persistem em ficar, por mais tempo, nas classes inferiores, sofrem as conseqüências dessa atitude, e o hábito do mal dificulta-lhes a regeneração. Chega-lhes, porém, um dia a fadiga dessa vida penosa e das suas respectivas conseqüên-cias; eles comparam a sua situação à dos bons Espíritos e compreendem que o seu interesse está no bem, procurando então melhorarem-se, mas por ato de espontânea vontade, sem que haja nisso o mínimo constrangimento. “Submeti-dos à lei geral do progresso, em virtude da sua aptidão para

o mesmo, não progridem, ainda assim, contra a vontade.” Deus fornece-lhes constantemente os meios, porém, com a faculdade de aceitá-los ou recusá-los. Se o progresso fosse obrigatório não haveria mérito, e Deus quer que todos tenhamos o mérito de nossas obras. Ninguém é colocado em primeiro lugar por privilégio; mas o primeiro lugar a todos é franqueado à custa do esforço próprio.

Os anjos mais elevados conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum.

Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm mis-sões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias.

E como Deus criou de toda a eternidade, segue-se que de toda a eternidade houve número suficiente para satisfazer às necessidades do governo universal. Deste modo uma só espécie de seres inteligentes, submetida à lei de progresso, satisfaz todos os fins da Criação.

Por fim, a unidade da Criação, aliada à idéia de uma origem comum, tendo o mesmo ponto de partida e trajetó-ria, elevando-se pelo próprio mérito, corresponde melhor à justiça de Deus do que a criação de espécies diferentes, mais ou menos favorecidas de dotes naturais, que seriam outros tantos privilégios.

A doutrina vulgar sobre a natureza dos anjos, dos demônios e das almas, não admitindo a lei do progresso, mas vendo todavia seres de diversos graus, concluiu que seriam produto de outras tantas criações especiais. E as-sim foi que chegou a fazer de Deus um pai parcial, tudo concedendo a alguns de seus filhos, e a outros impondo o mais rude trabalho. Não admira que por muito tempo os homens achassem justificação para tais preferências, quando eles próprios delas usavam em relação aos filhos, estabelecendo direitos de primogenitura e outros privilégios de nascimento. Podiam tais homens acreditar que andavam mais errados que Deus?

Hoje, porém, alargou-se o circulo das idéias: o homem vê mais claro e tem noções mais precisas de justiça; dese-jando-a para si e nem sempre encontrando-a na Terra, ele quer pelo menos encontrá-la mais perfeita no Céu.

E aqui está por que lhe repugna à razão toda e qualquer doutrina, na qual não resplenda a Justiça Divina na pleni-tude integral da sua pureza.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009chico

Investigadores doTrabalho de Chico xavierpor Suely Caldas Schubert

fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 322 - 324. Feb. 1998.

26-11-1953

“(...) As notícias do “Ave” são ex-celentes. (...) Recebi o “Reportagens”. (...) O novo trabalho de André Luis continua a série. Penso que terá mais de 200 páginas datilografadas. Mas, ao meu ver, embora seja da seqüência nossa conhecida, é um livro completamente diverso dos que o antecederam.

Espero que os nossos Benfeitores Espirituais nos ajudem a ver o serviço terminado, em breve.

Relativamente aos trabalhos para “Reformador”, estamos aqui com as tradicionais tarefas de fim de ano na Repartição e o tempo para concentrações nesse objetivo tem sido muito escasso. Contudo, espero poder mandar-te novas páginas dos nossos amigos, brevemente.

Com referência ao caso do arquivo, no qual temos a personalidade do amigo a que te reportaste, realmente o assunto é complexo, porque a cópia de todos os trabalhos recebidos foi guardada, aten-dendo-se à solicitação dos amigos espiri-tuais. Esse arquivo, envolvendo serviços de 1927 para cá, todo ele constituído de mensagens, muitas das quais inéditas, está dividido entre o amigo a que nos referimos e o cofre da documentação do “Luis Gonzaga” ao qual confiei toda a parte já publicada. Entretanto, devo confessar-te que, individualmente, sou

pela conservação desse arquivo, porque, das 100 ou 200 pessoas novas que aqui aparecem por semana, um terço é formado de céticos e investigadores que, em sua maioria, chega a Pedro Leopoldo, admitindo que os livros mediúnicos são constituídos por trabalhos de um grupo de espiritualistas, pago pela FEB, e que sou uma pessoa abundantemente remunerada para que meu nome surja como “médium”. Dentre as centenas que têm vindo aqui, 2 padres católicos e 3 ministros protestantes confessaram essa impressão que somente se dissipou à frente do arquivo, porque cada livro está copiado, em pastas respectivas com as mensagens dos Espíritos a eles referentes, antes, durante e depois da tarefa psicográfica. Desse modo, confie-mos o problema ao tempo, de vez que a luta por aqui é enorme, junto à corrente incessante dos indagadores de boa e má índole que só a Misericórdia de Jesus nos auxilia a enfrentar, dentro de nossa insignificância de tudo.

Oportunamente, escrever-te-ei sobre a modificação no tópico do livro “Em-manuel”, a que te referes. Aguardo a ocasião de ouvir o autor. (...)“

Referências ao novo trabalho de André Luiz, presumivelmente, pela data, “Entre a Terra e o Céu”.

Todo esse caso do arquivo a

que Chico se refere, e o número sempre crescente de pessoas que se aproximam para investigá-lo, nos dá alguma noção das dificuldades que ele enfrenta.

O ser humano acha mais fácil explicar o fenômeno mediúnico pelos métodos mais difíceis, ou então prefere catalogá-lo à conta de embuste ou fraude, por temer a verdade que ele demonstra.

Chico muitas vezes terá que provar a autenticidade do seu tra-balho mediúnico. E o faz ao longo dos anos.

Mais de meio século transcorrido e Chico Xavier permanece, com-provando, a cada dia que passa, a seriedade do seu labor mediúnico.

Chico Xavier é hoje patrimônio da Doutrina Espírita. Patrimônio moral e espiritual — prova viva de que a mediunidade com Jesus é possível.

Pelo amor que todos nós con-sagramos à Doutrina, o mínimo que podemos fazer por ele é dar-lhe todo o nosso respeito e toda a nossa gratidão.

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA mensagem

Faz-te Instrumento de Cristo

por hans Swigg / J. Raul Teixeira

fonte:

TEIXEIRA, J. Raul. Em Serviço Mediúnico. Págs.

25 - 27. Editora Frater. 1996.

Venerandos Vanguardeiros do progresso preparam tempos novos para a Terra.

Messes de abençoados recursos são es-palhadas sobre o mundo, sob os cuidados de generosos Emissários.

Sabes, entretanto, que o Cristo não pode realizar a ingente obra do Reino dos Céus, penetrando a atmosfera do mundo, sem contar com os inúmeros operários de boa vontade, aptos a servir, com coragem de enfrentar perigos e superá-los.

O Senhor não prescinde dos que po-dem e desejam materializar-Lhe a vontade no planeta. Por isso, quando te apresen-tas como servidor da mediunidade, sob o enfoque espírita, Ele conta com a tua disponibilidade para trabalhar, conta com tu’alma cheia de amor para o atendimento aos semelhantes.

Os sofredores que chegarão ao teu encontro, poderão ser daqueles mutilados pelo desequilíbrio, crispados pelo ódio, amargos pelas decepções, consumidos pelos vícios, embotados na indiferença ou

desesperados pela inveja. Não importa. Terás, tão-só, a alma aberta para socorra-los, o espírito alteado para cooperar com Jesus Cristo na instalação da alegria, da harmonia e da esperança nas dimensões terrenas.

Estejas certo, irmão da mediunidade com Cristo, de que ao servires, serves-te a ti mesmo; ao engrandeceres e ajudar a liber-tar dos enganos qualquer alma, tu és que te engrandeces e libertas, por teu turno, fulgurando ante os olhos do Criador.

Rejubila-te, assim, médium espírita, com o ensejo de te tornares útil, mesmo que tenhas que conduzir a própria cruz e enxugar as próprias lágrimas, vivendo entre paredes de amargura e de poucos sorrisos, dando conta da tua provação.

Permite-te ofertar teus braços ao Se-nhor, no tempo presente, para que, através de ti, Ele aconchegue os sofredores de todas as latitudes, e ao te transformares em veículo das magnas bênçãos do Reino Celestial, haurirás paz e alegria que alcan-çarás provenientes do Cristo.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009

...os sacrifícios de natureza material podem ser substituídos pela espiritualização do sacrifício

estudo

Sacrifíciospor orson Peter Carrara

É ponto pacífico, inques-tionável, que as pessoas devem ser respeitadas

em suas crenças e mesmo pela sua própria condição humana. Isto envolve não somente crença, mas hábitos, costumes, valores, cultura, etc. Somente por força de lei, ainda que injusta, é que uma pessoa pode ser obrigada a fazer ou deixar de algo fazer... Ninguém tem o direito de obrigar alguém a proceder desta ou daquela forma, de impor idéias ou exigir comportamentos, a não ser por força de lei – repetimos –, ou por acordo contratual (no caso de compromissos assumidos), pre-viamente acordado.

Os casos de promessas para alcance de determinados objetivos, sacrifícios e penitências, é preciso considerar que, embora respeitáveis sob todos os pontos de vistas – justamente pelo direito inalienável da li-berdade de consciência de qualquer cidadão –, os sacrifícios de natureza material (que castiguem o corpo, por exemplo) po-dem ser substituídos pela espiritualização do sacrifí-cio. Isto seria a substitui-ção de oferendas (muito

comum no passado, mas prática ainda persistente nos dias atuais) ou penitências e sacrifícios impostos a si mesmo (como caminhadas de joelhos ou grandes distâncias per-corridas a pé carregando cruz, etc.) pela modificação dos sentimentos.

Isto pode ser entendido na forma de que, ao invés de castigar o corpo – instrumento valioso que possuímos para progredir e que portanto precisamos preservar com o dever de cuidar bem –, que prefiramos deixar de lado os sentimentos de revolta, ódio, pessi-mismo e ressentimentos que vamos acumulando. Ora, esta substituição de sentimentos vai exigir o sacrifício das próprias tendências, pendores e mesmo de mágoas ou falhas morais acumuladas.

Basta dizer que, nos casos em que nos dirigimos a Deus – sem importar a crença –, para pedir per-dão, por exemplo, é preciso antes ter perdoado; antes de algo solicitar é preciso ter atendido quem neces-sita; que se cometemos injustiça contra qualquer pessoa é preciso

reparar. Somente nestas condições, o da coerência do que pedimos com o comportamento que ado-tamos, é que os sacrifícios se tornam verdadeiramen-te úteis, pois que partirá de um sentimento puro, livre de maus pensamen-tos e sentimentos.

Não há necessidade de oferendas materiais

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

Para agradar a Deus, basta que melhoremos os sentimentos, o próprio comportamento para o bem

para Deus, que delas não neces-sita. Para agradar a Deus, basta que melhoremos os sentimentos, o próprio comportamento para o bem, tornando-nos instrumentos de multiplicação do bem em favor daqueles que conosco convivem. Isso significa tolerar, perdoar, com-preender, respeitar, ainda que em prejuízo próprio, espiritualizando o sacrifício...

Daí a recomendação de Jesus: “Ide vos reconciliar com vosso irmão antes de apresentar vossa oferenda ao altar” (Mateus, cap. V, v. 23, 24), conforme lúcida aprecia-ção constante do capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo, itens 7 e 8.

Estas reflexões remetem-nos à sublimidade da página assinada por João, discípulo, recebida na Sociedade Espírita de Paris, pela médium Sra. Costel, e constante da Revista Espírita de julho de 1863*, que transcrevemos parcialmente:

“O arrependimento eleva para Deus; é-lhe mais agradável do que a fumaça dos sacrifícios e mais pre-cioso do que o incenso espalhado nos adros sagrados. Semelhante às tempestades que transtornam o ar purificando-o, o arrependimento é um sofrimento fecundo, uma força reativa e atuante. (...) Apagai,

pois, em toda a parte e sempre, a cruel sentença que despoja de toda esperança a alma culpada. O arrependimento é uma virtude militante, uma virtude viril, que só os Espíritos avançados ou os corações ternos podem sentir. O remorso momentâneo e pungente de uma falta não leva com ele a expiação que dá o conhecimento da justiça de Deus, justiça rigorosa em suas conclusões, que aplica a lei do talião à vida moral e física do homem, e o castilo pela lógica dos fatos decorrentes do bom ou do mau uso de seu livre-arbítrio. Amai aqueles que sofrem, e assisti o arrependimento, que é a expressão e o sinal que Deus imprimiu em sua criatura inteligente, para elevá-la e aproximá-la de si”.

Não há, pois, motivo para sacri-fícios materiais. Basta o sacrifício dos sentimentos atormentados que ainda nos prendem às tendências inferiores que carregamos.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009reflexão

Como poderiam, porém, perder o que não possuíam?

Paciência não se perdepor vinícius

“Pela paciência possuireis as vossas almas.”

É muito comum ouvirmos esta exclamação: perdi a paciência! Como sabem,

porém, que perderam a paciência? Porque quando precisaram daquela virtude para se manterem calmos e serenos não a encontraram con-sigo, e, por isso, exasperaram-se, praticaram desatinos, proferiram impropérios e blasfêmias?

Só pelo fato de não encontrarem em seu patrimônio moral aquela virtude, alegam logo que a per-deram. Como poderiam, porém, perder o que não possuíam?

Será melhor que os homens se convençam de que eles não têm pa-ciência, que ainda não alcançaram essa preciosa qualidade que, no dizer do Mestre insigne, é a que nos assegura a posse de nós mesmos: Pela paciência possuireis as vossas almas. E não pode haver maior conquista que a conquista própria. Já alguém disse, com justeza, que o homem que se conquistou a si mesmo vale mais que aquele que conquistou um reino. Os reinos são usurpados mediante o esforço e o sangue alheio, enquanto que a

posse de si mesmo só pode advir do esforço pessoal, da porfia enérgica e perseverante da individualidade própria, agindo sobre si mesma.

Todos esses, pois, que vivem constantemente alegando que perderam a paciência, confessam

involuntariamente que jamais a tiveram. Paciência não se perde como qualquer objeto de uso ou como uma soma de dinheiro. Os que ainda não lograram alcançá-la, revelam essa falha precisamente no momento em que se exasperam, em que perdem a compostura e cometem despautérios. Quando, depois, o ânimo serena, o homem diz: perdi a paciência. Não perdeu

coisa alguma; não tenho paciência é o que lhe compete reconhecer e confessar.

As virtudes, esta ou aquela, fa-zem parte de uma certa riqueza cujo valor imperecível Jesus encarece so-bremaneira em seu Evangelho, sob estas sugestivas palavras: Granjeai aquela riqueza que o ladrão não rouba, a traça não rói, o tempo não consome e a morte não arrebata. Tais bens são, por sua natureza, inacessíveis às contingências da tem-poralidade, e não podem, portanto, desaparecer em hipótese alguma. Constituem propriedade inaliená-vel e legitimamente adquirida pelo Espírito, que jamais a perderá.

Não é fácil adquirirmos certas virtudes, entre as quais se acha a paciência. A aquisição da paciência depende da aquisição de outras vir-tudes que lhe são correlatas, que se acham entrelaçadas com ela numa trama perfeita. A paciência — pode-mos dizer — é filha da humildade e irmã da fortaleza, do valor moral. O orgulho é o seu grande inimigo. A fraqueza de Espírito é outro obstá-culo à conquista daquele precioso

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA reflexão

fonte:

VINÍCIUS. Em torno do Mestre. Págs. 24 – 26.

Feb. 1999.

tesouro. Todos os movimentos intempestivos, todo ato violento, toda atitude colérica são oriundos da suscetibilidade do nosso amor próprio exagerado. A seu turno, os desesperos, as aflições inconti-das, os estados de alucinação, os impropérios e blasfêmias são con-seqüências de fraqueza de ânimo ou debilidade moral. A calma e a serenidade de ânimo, em todas as emergências e conjunturas difíceis da vida, só podem ser conservadas mediante a fortaleza e a humildade de Espírito. É essa condição inalte-rável de ânimo que se denomina paciência. Ela é incontestavelmente atestado eloqüente de alto padrão moral.

Naturalmente, em épocas de calmaria, quando tudo corre ao sabor dos nossos desejos, parece que possuímos aquele preciosíssimo bem. Os homens, quando dormem, são todos bons e inocentes.

É exatamente nas horas afliti-vas, nos dias de amargura, quando suportamos o batismo de fogo, que

verificamos, então, a inexistência da sublime virtude conosco.

No mundo, observou o Mestre, tereis tribulações, mas tende bom ânimo: eu venci o mundo.

Como ele venceu, cumpre a nós outros, como discípulos, imitá-lo, vencendo também. Cristo é o subli-me modelo, é o grande paradigma. Não basta conhecer seus ensina-mentos, é preciso praticá-los.

Daqui a necessidade de fortifi-

carmos nosso Espírito, retemperan-do-o nos embates cotidianos como o ferreiro que, na forja, tempera o aço até que o torna maleável e resistente.

A existência humana é urdida de vicissitudes e de imprevistos. Tais são as condições que havemos de suportar como conseqüências do nosso passado. A cada dia a sua aflição — reza o Evangelho em sua empolgante sabedoria. Portanto, cumpre nos tornemos fortes para vencermos. Fomos dotados dos pre-dicados para isso. Tudo que eu faço, asseverou o Mestre, vós também podeis fazer. Se nos é dado realizar os feitos maravilhosos do Cristo de Deus, porque permanecemos neste estado de miserabilidade moral? Simplesmente porque temos descu-rado a obra de nossa educação. A educação do Espírito é o problema universal.

A obra da salvação é obra de educação, nunca será demais afir-mar esta tese.

A religião que o momento atual da Humanidade reclama é aquela que apela para a educação sob todos os aspectos: educação física, edu-cação intelectual, educação cívica, educação mental, educação moral.

A fé que há-de salvar o mundo é aquela que resulta desta sentença: Sede perfeitos como vosso Pai celes-tial é perfeito.

No mundo, observou o Mestre, tereis tribulações, mas tende bom ânimo: eu venci o mundo

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009

A Regeneraçãopor Allan Kardec

ensinamento

Há muitos séculos as humanidades pros-seguem de maneira

uniforme a sua marcha ascendente através do espaço e do tempo. Cada uma delas percorre, etapa por etapa, a rota do progresso. Se diferem quanto aos meios infinita-mente diversos que a Providencia lhes concedeu, são todas chamadas a se unirem e a se identificarem na perfeição, desde que todas partem da ignorância e da inconsciência de si mesmas e avançam indefini-damente para um mesmo objetivo: Deus, para atingirem a felicidade suprema pelo conhecimento do amor.

Há universos e mundos, como povos e indivíduos. As transforma-ções físicas da terra, que sustenta os corpos, podem ser divididas em duas formas, da mesma maneira que as transformações morais e intelectuais que alargam o espírito e o coração.

A terra se modifica pela cultura, pelo arroteamento e os esforços perseverantes dos seus possui-dores e interessados. Mas a esse aperfeiçoamento incessante deve-

mos juntar os efeitos dos grandes cataclismos periódicos, que repre-sentam o seu regulador supremo, à maneira da enxada e da charrua para o lavrador.

As Humanidades se transfor-mam e progridem pelo estudo perseverante e pela permuta de

pensamentos. Ao se instruírem e ao instruírem os outros, as inte-ligências se enriquecem, mas os cataclismos morais que regenerem o pensamento são necessários para determinar a aceitação de certas verdades.

Assimilam-se sem perturbações e progressivamente as conseqüên-cias de verdade aceitas, mas é ne-cessária uma conjugação imensa de esforços perseverantes para que novos princípios sejam acei-tos. Marcha-se lentamente e sem fadiga por um caminho plano, mas são necessárias todas as forcas para subir-se uma senda agreste e superar os obstáculos que surgem. Assim também, para avançar, o homem tem de quebrar as cadeias que o prendem ao pelourinho do passado através do habito, da rotina e dos preconceitos. Do contrário continuará firme e ele rodará num circulo vicioso, sem saída, até compreender que, para superar a resistência que lhe fecha a rota do futuro, não basta quebrar as velhas armas estragadas, mas é indispensável fazer outras.

Destruir um navio que faz água por todos os lados, antes de em-preender uma travessia marítima, é medida de prudência, mas será ainda necessário, para realizar a viagem, construir novos meios de transporte. Eis, no entanto, atual-mente, onde se encontram certos

As Humanidades se transformam e progridem pelo estudo perseverante e pela permuta de pensamentos

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA

A verdade eterna, como a lei que a confirma, não dependem da aceitação dos homens para existir

ensinamento

homens avançados, no mundo moral e filosófico e em outros mundos do pensamento! Tudo so-laparam, tudo atacaram! As ruínas se espalham por toda parte, mas eles ainda não compreenderam que é necessário elevar, sobre essas ruínas, alguma coisa mais séria do que um livre pensamento e uma independência moral, indepen-dentes apenas da moral e da razão. O nada em que se apóiam é uma palavra profunda somente por ser vazia. Se Deus não pode mais criar os mundos do nada, não pode o homem criar novas crenças sem bases. Essas bases estão no estudo e na observação dos fatos.

A verdade eterna, como a lei que a confirma, não dependem da aceitação dos homens para existir. Ela é e governa o Universo a des-peito dos que fecham os olhos para

fonte:

Revista Espírita, junho de 1869

não vê-la. A eletricidade existia antes de Galvani e o vapor antes de Papin, como a nova crença e os princípios filosóficos do futuro, antes mesmo que os publicistas e os filósofos os confirmem.

Sede os pioneiros perseverantes e infatigáveis! Se vos chamarem de

loucos, como a Salomão de Caus, se vos repelirem como a Fulton, continuai avançando, porque o tempo, o juiz supremo, fará surgir das trevas os que alimentam o farol que deve, um dia, iluminar toda a Humanidade.

Na Terra, o passado e o futuro são os dois braços de uma alavanca que tem no presente o seu ponto de apoio. Enquanto a rotina e os preconceitos dominam, o passado esta no apogeu. Quando a luz se faz, a alavanca se move e o passado que já escurecia desaparece, para dar lugar ao futuro que alvorece.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009mediunidade

diretrizes de Segurança

por divaldo Franco e Raul Teixeira

68. a comunicação de um mentor é indiscu-tível? se houver dúvida, o espírito pode ser interpelado? pode-se pedir esclarecimentos ao guia em relação as suas palavras? isso não demonstraria falta de respeito?

divaldo - Pelo contrário, não é o que se pergunta ao Espírito-guia que traduz desrespeito, mas, como se pergunta. os Espíritos Superiores funcionam como pedagogos, como mestres, com o objetivo de ensi-nar-nos, de iluminar-nos, de esclarecer-nos. o que fica nebuloso eles têm o maior prazer em elucidar, porque, às vezes, na filtragem mediúnica ocorrem re-gistros falsos, deturpando a tese. Se não voltarmos ao esclarecimento, ficaremos com idéias equivocadas, por terem ocorrido em um momento em que o médium não estava com a recepção melhor.

o pedido de esclarecimento é sempre bem recebi-do pelos bons Espíritos, e se eles notam que não lhes estamos acreditando, não se sentem magoados com isso, nem pretendem impor-se, mas têm interesse de ajudar.

o que caracteriza um Espírito bom, um Espírito Superior são a sabedoria, a bondade, a paciência, a forma com que estão sempre dispostos a ajudar-nos, em quaisquer circunstâncias.

69. o que é o passe? para ministrar um passe a pessoa deve estar mediunizada? Que você pensa do passe magnético?

divaldo - o passe significa, no capítulo da troca de energias, o que a transfusão de sangue representa para a permuta das hemácias, ajudando o aparelho circulatório. o passe é essa doação de energias que nós colocamos ao alcance dos que se encontram com deficiências, de modo que eles possam ter seus centros vitais reestimulados e, em conseqüência disso, reco-brem o equilíbrio ou a saúde, se for o caso.

o passe magnético tem uma técnica especial, conhecida por todos aqueles que leram alguma coisa sobre o mesmerismo. é transfusão da energia do doador, do agente.

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

o passe que nós aplicamos, nos Centros Espíritas, decorre da sintonia com os Espíritos Superiores, o que convém considerar sintonia mental, não uma vinculação para a incorporação.

o passe deve ser sempre dado em estado de lucidez e absoluta tranqüilidade, no qual o passista se encontre com saúde e com perfeito tirocínio, a fim de que possa atuar na condição de agente, não como paciente. En-tão, acreditamos que os passes praticados sob a ação de uma incorporação propiciam resultados menos valiosos, porque, enquanto o médium está em transe, ele sofre um desgaste. Aplicando passe, ele sofre outro desgaste, então experimenta uma despesa dupla.

os espíritos, para ajudarem, principalmente no so-corro pelo passe, não necessitam, compulsoriamente, de retirar o fluido do médium, nele incorporando. Podem manipular, extrair energia, sem o desgastar, não sendo, pois, necessário o transe.

70. como definir o passe espiritual? em que oportunidade ele se verifica?

divaldo - o passe espiritual se verifica toda vez que vamos atuar junto a alguém que apresenta distúrbios de ordem mediúnica, perturbações espirituais. Quando utilizamos a técnica da aplicação longitudinal, há um intercâmbio magnético e, simultaneamente, medianí-mico, porque estamos sob a ação dos bons Espíritos.

Se sintonizamos com os mentores, conveniente-mente, são eles que distribuem as nossas energias, eliminando o fluido deletério que reveste o enfermo e conseguindo envolvê-lo com energia salutar, a fim de que, nesse ínterim, o seu organismo realize o tra-balho de defendê-lo do mal, e do espírito encarnado

do médium, em equilíbrio, se encarregue de manter esse estado de saúde. Caso o paciente não se resolva sintonizar com os benfeitores, ser-lhe-á inócua toda e qualquer interferência de outrem.

71. os espíritos poderão aplicar diretamente um passe e, neste caso, não poderíamos cha-mar essa intervenção de passe espiritual?

divaldo - Comumente eles assim o fazem. Algumas vezes, eles necessitam de maior dosagem de fluidos ex-traídos do organismo material das criaturas encarnadas e aplicam o passe misto, do espírito propriamente dito e das forças magnéticas do intermediário.

72. por que se costuma diminuir a claridade dos ambientes, onde se processam serviços de aplicação de passes?

raul - A princípio, não há nenhuma necessidade essencial, da diminuição da luminosidade, para a apli-cação dos recursos dos passes. Poderemos operá-los tanto à noite, quanto com o dia claro.

A providência de diminuir-se a claridade tem por objetivo evitar a dispersão da atenção das pessoas, além de facilitar a concentração, ao mesmo tempo em que temos que levar em conta que certos elementos constitutivos dos ectoplasmas, que costumam ser libe-rados pelos médiuns em quantidades as mais diversas, sofrem um processo de desagregação com a incidência da luz branca.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009

A Índia

capa

por Emmanuel / Chico xavier

A oRgANIzAção hINdU Dos Espíritos degredados no am-

biente da terra, os que se gruparam nas margens do Ganges foram os pri-meiros a formar os pródromos de uma sociedade organizada, cujos núcleos representariam a grande percentagem de ascendentes das coletividades do porvir.

As organizações hindus são de ori-gem anterior à própria civilização egíp-cia e antecederam de muito os agrupa-mentos israelitas, de onde sairiam mais tarde personalidades notáveis, como as de Abraão e Moisés.

As almas exiladas naquela parte

do Oriente muito haviam recebido da misericórdia do Cristo, de cuja palavra de amor e de cuja figura lumi-nosa guardaram as mais comovedoras recordações, traduzidas nas belezas dos Vedas e dos Upanishads. Foram elas as primeiras vozes da filosofia e da religião no mundo terrestre, como provindo de uma raça de profetas, de mestres e iniciados, em cujas tradições iam beber a verdade dos homens e os povos do porvir, salientando-se que também as suas escolas de pensamento guardavam os mistérios iniciáticos, com as mais sagradas tradições de respeito.

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

As balizas da sociedade dos gregos, dos latinos, dos celtas e dos germanos estavam lançadas

oS ARIANoS PURoS Era na Índia de então que se

reuniam os arianos puros, entre os quais cultivavam-se igualmente as lendas de um mundo perdido, no qual o povo hindu colocava as fontes de sua nobre origem. Alguns acreditavam se tratasse do antigo continente da Lemúria, arrasado em parte pelas águas dos Oceanos Pacífico e Índico, e de cujas terras ainda existem porções remanescen-tes, como a Austrália.

A realidade, porém, qual já vimos, é que, como os egípicios, os hindus eram um dos ramos da mas-sa de proscritos da Capela, exilados no planeta. Deles descendem todos os povos arianos, que floresceram na Europa e hoje atingem um dos mais agudos períodos de transição na sua marcha evolutiva. O pensa-mento moderno é o descendente legítimo daquela grande raça de pensadores, que se organizou nas margens do Ganges, desde a aurora dos tempos terrestres, tanto que todas as línguas das raças brancas guardam as mais estreitas afinida-des com o sânscrito, originário de sua formação e que constituía uma reminiscência da sua existência pregressa, em outros planos.

o ExPANSIoNISmo doS áRIAS Muitos séculos antes de qualquer

prenúncio de civilização terrestre, os árias espalharam-se pelas planícies hindus, dominando os autóctones, descendentes dos “primatas”, que possuíam uma pele escura e deles se distanciavam pelos mais desta-cados caracteres físicos e psíquicos.

Mais tarde, essa onda expansionista procurou localizar-se ao longo das terras da futura Europa, estabale-cendo os primeiros fundamentos da civilização ocidental nos bosques da Grécia, nas costas da Itália e da França, bem como do outro lado do Reno, onde iam ensaiar seus pri-meiros passos as forças da sabedoria germânica.

As balizas da sociedade dos gregos, dos latinos, dos celtas e dos germanos estavam lançadas.

Cada corrente da raça ariana assimilou os elementos encontra-dos, edificando-se os primórdios da civilização européia; cada qual se

baseou no princípio da força para o necessário estabelecimento, e, muito cedo, começaram no Velho Mundo os choques de suas famílias e tribos.

oS mAhATmAS Da região sagrada do Ganges

partiram todos os elementos irresig-nados com a situação humilhante que o degredo da Terra lhes infligia. As arriscadas aventuras forneceriam uma noção de vida nova e aqueles seres revoltados supunham encon-trar o esquecimento de sua posição nas paisagens renovadas dos cami-nhos; lá ficaram apenas, as almas resignadas e crentes nos poderes espirituais que as conduziriam de novo às magnificências dos seus paraísos perdidos e distantes.

Os cânticos dos Vedas são bem uma glorificação da fé e da esperan-ça, em face da Majestade Suprema do Senhor do Universo. A faculda-de de tolerar, e esperar, aflorou no sentimento coletivo das multidões, que suportaram heroicamente todas as dores e aguardaram o mo-mento sublime da redenção. Os “mahatmas” criaram um ambiente de tamanha grandeza espiritual

Cânticos vedas

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009capa

para o seu povo, que, ainda hoje, nenhum estrangeiro visita a terra sagrada da Índia sem de lá trazer as mais profundas impressões acerca de sua atmosfera psíquica. Eles deixaram também, ao mundo, as suas mensagens de amor, de espe-rança e de estoicismo resignado, salientando-se que quase todos os grandes vultos do passado huma-no, progenitores do pensamento contemporâneo, deles aprenderam as lições mais sublimes.

AS CASTAS O povo hindu, não obstante

o seu elevado grau de desenvolvi-mento nas ciências do Espírito, não aproveitou de modo geral, como devia, o seu acervo de experiências sagradas.

Seus condutores conheciam as elevadas finalidades da vida. Lem-bravam-se vagamente das promessas do Senhor, anteriores à sua reencar-nação para os trabalhos do penoso

degredo. A prova disso é que eles abraçaram todos os grandes missio-nários do pretérito, vendo neles os avatares do seu Redentor. Viasa foi instrumento das lições do Cristo, seis mil anos antes do Evangelho, cuja epopéia, em seus mínimos detalhes, foi prevista pelos inicia-dos hindus, alguns milênios antes da organização Palestina. Crisna, Buda e outros grandes enviados de Jesus ao plano material, para expo-sição de suas verdades salvadoras,

foram compreendidos pelo grande povo sobre cuja fronte derramou o Senhor, em todos os tempos, as claridades divinas do seu amor des-velado e compassivo. Mas, como se a questão fosse determinada por um doloroso atavismo psíquico, o povo hindu, embora as suas tradições de espiritualidade, deixou crescer no coração o espinho do orgulho que, aliás, dera motivo ao seu exílio na Terra.

Em breve, a organização das castas separava as suas coletividades para sempre. Essas castas não se constituíam num sentido apenas hierárquico, mas com a significação de uma superioridade orgulhosa e

Em breve, a organização das castas separava as suas coletividades para sempre

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da

Luz. Págs. 49 – 58. Feb. 2000.

absoluta. As fortes raízes de uma vaidade poderosa dividem os espí-ritos no campo social e religioso. Os filhos legítimos do país dão o nome de árias, designação original de sua raça primitiva, e o seu sistema religioso, de modo geral, chama-se “Ária-Darma”, que eles afirmam tra-zer de sua longínqua origem, e em cujo seio não existem comunidades especiais ou autoridade centraliza-dora, senão profunda e maravilhosa liberdade de sentimento.

oS RAJáS E oS PARIAS Na verdade, esses sistemas avan-

çados de religião e filosofia evocam o fastígio da raça no seu mundo de origem, de onde foi precipitada ao orbe terreno pelo seu orgulho desmedido e infeliz.

Os arianos da Índia, porém,

não se compadeceram das raças atrasadas que encontraram em seu caminho e cuja evolução devia re-presentar para eles um imperativo de trabalho regenerador na face da Terra; os aborígenes foram conside-rados como os parias da sociedade, de cujos membros não podiam aproximar-se sem graves punições e severos castigos.

Ainda hoje, o espírito iluminado de Gandhi, que é obrigado a agir na esfera da mais atenciosa psicologia dos seus irmãos de raça, não conse-guiu eliminar esses absurdos sociais do seio do grande povo de iniciados e profetas. Os parias são a ralé de todos os seres e são obrigados a dar um sinal de alarme quando passam por qualquer caminho, a fim de que os venturosos se afastem do seu contágio maléfico.

A realidade, contudo, é que os rajás soberanos, ao influxo da misericórdia do Cristo, voltam às mes-mas estradas que transi-taram sobre o dorso dos elefantes ajaezados de pedrarias, como men-digos desventurados, resgatando o pretérito em avatares de amargas provações expiatórias. Os que humilharam os infortunados, do alto de seus palácios resplande-centes, volvem aos mes-mos caminhos, cheios de chagas cancerosas, exibindo a sua miséria e a sua indigência.

E o que é de admi-rar-se é que nenhum povo da Terra tem mais conhecimentos, acerca

da reencarnação, do que o hindu, ciente dessa verdade sagrada desde os primórdios da sua organização neste mundo.

Em FACE dE JESUS Nos bastidores da civilização,

somos compelidos a reconhecer que a Índia foi a matriz de todas as filo-sofias e religiões da Humanidade, inclusive do materialismo, que lá nasceu na escola dos charvacas.

Um pensamento de gratidão nos toma o íntimo, examinando a sua grandeza espiritual e as suas belezas misteriosas, mas, acima dos seus iogues e de seus “mahatmas”, temos de colocar a figura luminosa dAquele que é a luz do mundo, e cuja vinda à Terra se verificaria para trazer a palma da concórdia e da fraternidade, para todos os corações e para todos os povos, arrasando as fronteiras que separam os espíritos e eliminando os laços ferrenhos das castas sociais, para que o amor das almas substituísse o preconceito de raça no seu reinado sem-fim.

...a Índia foi a matriz de todas as filosofias e religiões da Humanidade...

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009história

Alvorada entre Sombraspor Léon denis

A humanidade encon-tra-se ainda tentando ensaios de Civilização.

À semelhança das antigas culturas do Oriente, as experiências nesse campo se situam, não raras exce-ções, na costa dos continentes ou à margem dos grandes rios, não obstante as megalópoles modernas que florescem nas regiões centrais do Globo.

Tomemos por exemplo o conti-nente africano, cujo norte, no pas-sado, foi berço de povos gloriosos, hoje decadentes, senão desapare-cidos, cujas cidades, porém, quase inexpugnáveis quando no esplendor da sua grandeza, continuam não ultrapassadas, graças ao engenho e suntuosidade das suas construções. Nelas desenvolveram-se ciências, artes e crenças que atingiram ex-pressão insuspeitável até há pouco

esquecidas, e hoje ressuscitadas do bojo dos seus faustosos mausoléus, sarcófagos, templos e ruínas que a curiosidade turística mal percebe, no bulício irrequieto da sua movi-mentação.

Naquelas terras nortenhas, os púnicos levantaram Cartago, por volta da metade do século IX a.C., e, logo após, elas foram, paulatina-mente, assoladas por povos diversos que lhes buscavam as riquezas em crescente avidez aviltando-as com morticínios cruéis nos quais ho-mens e chacais pareciam proceden-tes de um tronco comum...

Em 3400 a. C. surgiram as pri-meiras expressões gráficas, através dos hieróglifos e, logo depois, o rei Escorpião deu inicio, desde o Alto Egito, a um programa de unificação de povos, que só mais tarde seria possível concretizar nos dias de

Menés ou Narmer, do que surgiram as grandes dinastias.

Celeiro das raças mais diversas e tipos os mais variados, podem-se encontrar desde os brancos bérbe-res, israelitas, árabes ao norte, aos da região central e sul, constituídos por povos negros, sudaneses e ban-tos, pigmeus e hotentotes, frutos dos seus primeiros habitantes, que sempre estiveram em guerras lanci-nantes, contínuas.

Lar dos primeiros hominídeos, através dos australopitecíneos, ali começou, praticamente, a jornada evolutiva da forma humana e do princípio anímico na direção do homem atual...

Primitivamente, berço da Cul-tura egípcia, sempre amparada pelo Nilo, esse povo resultante das raças camítica e semítica edificou os colossais monumentos da histó-

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA história

No século XVIII o triste mercado trazia para as Américas cerca de 100.000 nativos, anualmente

ria antiga que mais se destacaram, revelando-se excelente no culto aos mortos, de cujas informações se beneficiava para a edificação da própria grandiosidade.

Os romanos ali também se estabeleceram desde Júlio César, percorrendo as terras irrigadas pelo rio providencial, responsável pelo seu esplendor, enquanto os árabes se estenderam através das diversas raças, visitando e povoando o litoral oriental...

* * *

De D. João I, no século XV porém, quando foi tornada Ceuta, ao século XIX, os portugueses, a pouco e pouco, descobriram-na e se impuseram belicosamente aos diversos gentios.

Mais tarde, no período final, os lusos foram amparados por outros países europeus que estabeleceram as diversas Colônias que lhe vêm exaurindo as riquezas e dizimando as suas raças, animais e humanas, de cuja fauna preciosa muitos espécimes já se encontram desapa-recidos, sem qualquer vestígio nas atuais reservas, que, possivelmente, a posteridade não verá.

Desejavam os portugueses, de início, estabelecer nas suas costas entrepostos que pudessem balizar o caminho marítimo para as Índias, cuja atração os fascinava.

Por volta de 1885, na Conferên-cia de Berlim, as Grandes Potências que a conquistaram resolveram dividi-la em 4 regiões ou estados: independentes, zona internacional, francesa e comunidade britânica, respeitadas, porém, as possessões portuguesas em colonização desde

séculos anteriores, onde floresceu, nas costas angolanas, o rico merca-do de escravos, de certo modo, repe-tição da escravatura reinante entre todos os povos antigos, inclusive ali mesmo, quando os vencedores das guerras que mantinham direito arbitrário, é certo, sobre a vida dos vencidos, deles faziam o que lhes aprouvesse, quase sempre venden-do as mulheres jovens, crianças e homens sadias, e eliminando, em conseqüência, os considerados inúteis...

Mesmo nas tribos semi-bárbaras, os chamados mukubais de Angola, ao aprisionarem. Os mum’huílas, tornavam-nos seus escravos, os quais foram dos primeiros a serem vendidos ao homem branco para os transportar às longes terras...

No século XVIII, por exemplo, o triste mercado trazia para as Américas cerca de 100.000 nativos, anualmente...

Explorada largamente no século XIX por muitos, especialmente por Livingstone e Henry Stanley entre outros, passou a ser disputada pelos europeus, apesar das dificuldades naturais para ser conquistada graças

à ausência de portos, características especiais de relevo, condições climá-ticas e outras..

Aparentemente fadada a sofri-mentos intérminos, grande parte vem-se rebelando contra o jugo estrangeiro, especialmente na déca-da de 1950/60, ora estimulada por sentimentos nativistas, vezes outras acionada por hábeis manobras externas, pretendendo em suma o anseio de todos: a liberdade! De efêmera duração, porém, tem sido para alguns a liberdade, graças à imaturidade dos seus filhos, que se vêm entregando a hediondas carnificinas tribais nas quais ressur-gem os ódios pretéritos, ou, então, conclamadas por fomentadores profissionais de guerras internas, que consomem esses povos, re-cém-organizados, passando de um títere a outro, enquanto as criaturas continuam gemendo, cativas, tran-sitando de mão a mão, de opressor a opressor....

Noutras oportunidades, as lutas de fronteiras hão produzido choros desesperados sobre o corpo exangue e destroçado das ambições, em que ética e fé são desfraldadas como resíduo do Colonialismo que deve ser destruído para o renascimento dos seus deuses primários, quase sempre, e dos seus estatutos tribais normalmente arbitrários e fanáti-cos.

De formação fetichista os seus povos, exceção feita aos Islamitas, cultuam a crença nos Espíritos por hereditariedade psicológica, vivendo de preferência em regime de “economia fechada”, em que tentam a sobrevivência difícil no áspero mercado competitivo das trocas internacionais.

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009história

fonte:

FRANCO, Divaldo P. Sol de Esperança. Págs.

171 – 178. Editora Alvorada. 2000.

E isso porque os dominadores de ontem esqueceram que a canga da usurpação um dia cede, mesmo quando transcorridos muitos sécu-los, ao anseio de auto-direção, de au-todeterminação. Fenômeno de ordem instintiva, a comunidade biológica aspira, por impositivo do progresso, irretardável, à ação elevada da paz, mas também da independência que lhe é base salutar.

As religiões que poderiam ter-se transformado em herança imperecí-vel, quase sempre estiveram ao lado dos fortes, amparando os crimes de aparência legal, a prepotência, a es-cravidão, — embora lutassem contra ela depois — igualmente prepotentes pelo impositivo de desejarem substi-tuir uma por outra crença sem o ne-cessário amadurecimento do crente, que passava a aceitar o novo deus como o fazia com o novo senhor, temendo-o e submetendo-se, sem o compreender nem o amar. Expulso amo ou por ele abandonado, esque-cia-se o deus e, sem dúvida, logo o escarnecia...

As forças em beligerância na Ter-ra sempre conflagrada vêem ainda hoje, na sua imensidade territorial por cultivar, valioso campo para o expansionismo e para a novas sortidas exploradoras, desejando

ali restabelecer quartéis, em que, incessantes, exaustivas guerras e técnicas de guerrilhas prosseguem a ceifar vidas de parte a parte sem próxima nem prática possibilidade de lugar comum para o entendi-mento, graças aos escusos móveis das suas determinações.

Virgem, sob muitos aspectos, ainda possui povos, quais os pig-meus, reacionários a qualquer manifestação social, que vivem sob árvores, em violenta extinção, ou os boximanes, que sofrem posição mais precária, ou muitos bérberes e árabes vítimas dos tormentosos êxodos nas suas jornadas nômades, incessantes.

Com aproximadamente 250 milhões de habitantes — 7,6 ha-bitantes em média por km2 — é quase despovoada, exceção feita a reduzidas áreas de maior densidade populacional; seus filhos padecem, na parte sul, por exemplo, dolorosas constrições impostas pelo branco, não obstante os anseios de cultura e paz vigentes nas modernas comuni-dades do mundo. Experimentando o impositivo tecnológico que o progresso lhe impõe, o obituário nas minas diversas de extração subterrânea atinge cifras alarman-tes, para nos referirmos apenas a

um só desses múltiplos fatores, o que traduz a ausência das mínimas necessárias condições de adaptação, educação, assistência .

Felizmente, medram já as pri-meiras plântulas do vero Cristianis-mo em terras de África, ensejando possibilidades de futuros pomares, onde as flores, os frutos e os grãos do pão espiritual se multiplicarão indefinidamente, arrancando das sombras que persistem a alvorada do amor que se espalhará em futuro próximo, por sobre toda a Terra.

Dormindo antes, e somente agora em exploração, suas quase inesgotáveis jazidas minerais se-rão utilizadas em época de maior entendimento entre os homens, quando os dominadores transitá-rios do Mundo estiverem com as mãos vazias de tesouros e os silos desnutridos de grão.

Quando a hedionda belicosi-dade animal desaparecer no ho-mem, vítima ainda no momento da própria impulsividade, — fator lamentável que o impele a conquis-tas e progressos técnicos — aqueles povos sofridos e macerados sairão do guante da dor para as praias da saúde e, então, os autóctones africanos de hoje, ajudando os seus antigos verdugos, ressurgirão num Continente reabilitado — celeiro para o mundo, qual a América e, em particular, o Brasil — abrindo as portas de luz à paz, ao amor e à felicidade.

LÉ0N DENIS

(Luanda, Angola, 29 de agosto de 1971).

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA biografia

Léon denis,Apóstolo do Espiritismo

Na história do espiritismo contam-se almas dota-das do mais puro amor

e devotamento e cujo apostolado foi marcado não apenas por trabalhos notáveis, no terreno literário, mas por uma exemplificação vivencial extraordinária, por um espírito de propaganda inusitadamente ativo e eficiente.

Os velhos espíritas franceses ainda guardam a lembrança de um desses homens, até hoje venerado como um mestre inesquecível.

Qualquer pessoa identificada com a filosofia espírita conhece os nomes de Léon Denis, Gabriel Delanne e Henri Brun e sabem que, depois de Allan Kardec, são eles os primeiros autores que se devem ler, clássicos espíritas cuja inteligência contribuiu para dar à nova doutrina alicerces sólidos, admiravelmente poderosos e que permanecerão por muito tempo ainda capazes de levar aos pesquisadores dotados de boa vontade todas as garantias desejáveis a esclarecer-lhes a razão e amplificar-lhes a fé.

Nessa galeria admirável Léon Denis parece colocar-se em primeiro plano e pode-se, sem constrangi-mento, afirmar que foi o melhor discípulo e o mais perfeito prosse-guidor da obra de Allan Kardec.

Escritor de talento notável, ora-dor considerado sublime, homem do mais alto gabarito moral, Denis dedicou sua vida à propaganda do Espiritismo. Foi realmente um após-tolo no velho sentido que se dava à palavra, e sua obra, em conjunto, será um dia considerada filosofi-camente de primeira ordem, gran-diosa e passível de reter a atenção admirada de todos os pensadores e homens de boa vontade, libertos de sectarismos religiosos ou laicos.

Nenhum outro autor soube pôr

em tão alto relevo a obra de Allan Kardec, nenhum mais eficazmente contribuiu para a difusão dessa obra, nenhum exibiu-a sob mais intensa luz, nenhum melhor adi-tou-a, explicou-a e pô-la ao alcance das massas populares sedentas de verdade e sempre curiosas de des-vendar os grandes problemas da vida e da morte.

Nascido em Foug, perto de Toul (Mestre-et-Moselle), a 1º de janeiro de 1846, Denis desencarnou a 12 de abril de 1927 aos 81 anos. Residia

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009biografia

em Tours, no departamento de In-dre-et-Loire, no nº 19 da Place dês Arts, em uma grande casa de onde se via o rio Loire e suas ribeiras maravilhosas. Essa casa, entretanto por encontrar-se perto de uma pon-te, foi destruída durante a guerra permanecendo em Tours apenas a residência onde, por muitos anos, na Place Prébends D’Oe, residiu na companhia de seus velhos pais. Foi entretanto na casa de Place dês Arts que Denis escreveu suas mias importantes páginas e onde também desencarnou, rodeado por fiéis amigos, entre eles Gaston Luce, seu biógrafo, e Mlle.Claire Baumard, autora de “Léon Denis na Intimidade”.

Léon Denis está enterrado no cemitério de Tours, onde viveu por mais de 60 anos. Conheceu Allan Kardec quando o mestre lionês visitou a cidade em 1867, em via-gem de propaganda. Depois disso em Paris, visitou-o muitas vezes. Todavia Denis havia lido “O Livro dos Espíritos” quando contava 18 anos e era um simples operário. Prefaciando a biografia de Henri Sausse sobre Kardec, por sinal, seu derradeiro trabalho literário, ele conta: “Foi como uma iluminação súbita de todo o meu ser”.

Comentando a obra de Kardec, Denis tem esta frase lapidar: “A doutrina de Allan Kardec, é o resultado combinado dos conhecimentos de duas humanidades que se interpenetram, porém todas as duas imperfeitas e ca-minhando para a Verdade; ainda que superior a todos os sistemas, a todas as filosofias do passado, permanece aberta às retificações aos esclarecimentos do futuro”.

Eis aqui um ensinamento que

vale bem a pena reter nesta hora em que vamos surgir, em meio à intolerância, à indiferença e aos sec-tarismos mais diversos, religiosos ou laicos, tantas hipóteses novas que pretendem se apoiar sobre a ciência e a razão para definir o psiquismo e as leis às quais ele obedece.

Léon Denis obedeceu durante toda a sua vida a tese espírita kar-decista com o mesmo entusiasmo, com o mesmo fervor que dele fize-ram um dos homens mais ouvidos de sua época em que, curiosamente, mais abundaram os negadores sis-temáticos.

Para tornar suas palestras tão eficazes quanto possível, Denis distribuía uma brochura na qual, com simplicidade, explicava o que é o Espiritismo. Esse opúsculo tem por título “O porquê da vida” e é um hábil e curto resumo dos ensina-

mentos kardecistas. Mas o seu tra-balho literário não se deteria aí. De sua pena saíra obras de indiscutível valor, tanto por sua forma literária quanto filosófica: “Depois da Mor-te”, “No Invisível”, “Espiritismo

Léon Denis obedeceu durante toda a sua vida a tese espírita kardecista com o mesmo entusiasmo

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA biografia

e Mediunidade”, “Cristianismo e Espiritismo”, “O Problema do Ser e do Destino”, “O Grande Enigma”, “Deus e o Universo”, “Jeanne D’Arc Médium”, “O Mundo Invisível e a Guerra” e, por último, “O Gênio e o Mundo Invisível”.

Entre as simples brochuras con-tam-se ainda: “Por que a Vida?”, “O Lado de Lá da sobrevivência do Ser”, “O Espiritismo e o Clero Católico”, “Síntese Espiritualista” e “Espíritos e Médiuns”.

A obra “Depois da Morte”, foi lida por milhares de pessoas, ajudando a minorar as dores de uma humanidade dilacerada pela guerra. “Jeanne D’Arc Médium” foi traduzida para o inglês por Sir Arthur Conan Doyle, com o qual se carteou. Os dois espíritas encon-traram-se no Congresso Espírita de 1925, em Paris, que Denis presidiu com notável lucidez. Depois disso Doyle visitou-o em Tours. Denis teve por amigo um outro espírito de elite de seu tempo, Jean Jaurès, o socialista barbaramente assassinado às vésperas da guerra. Jaurès, além de político, era professor de filoso-fia e um espírito dotado de singular bondade, o que o aproximou de Denis. Este tributou-lhe toda uma série de artigos pela “Revue Spirite”, após o assassinato.

É curioso notar que em sua obra Denis continuamente chama a atenção para os perigos reais do Es-piritismo mal compreendido, posto a serviço de fins ridículos ou de um comércio desonesto. Não se cansava de propor que a experimentação deve ter finalidade elevada, moral e interpretando um interesse geral. Aos seus olhos esse perigo necessi-tava ser enfatizado. Em “Depois da

Morte” dedica todo um capítulo ao problema. Na obra “No Invisível”, lançada em 1901, oferece úteis anotações quanto a maneira de se operar a experimentação e a mais racional maneira de desenvolver-se a mediunidade.

Em “O Cristianismo e o Espiri-tismo” escreve:

“Para que o trigo germine é preciso a queda das nevascas e a triste incuba-ção do inverno. Sopros poderosos virão dissipar os nevoeiros da ignorância e os miasmas da corrupção. As tempestades passarão, o céu azul tornará a se mos-trar. A obra divina se revelará em uma eclosão nova. A fé renasce nas almas e o pensamento do Cristo irradiará de novo, mais cintilante, sobre o mundo regenerado”.

“O Gênio Céltico e o Mundo Invisível” coroa magistralmente a obra do mestre. Nele deparamos, colhidas ainda em 1925, múltiplas comunicações do próprio Allan Kardec e, por isso, nesse livro Denis reconhece, uma vez mais que sua obra é devida sobretudo à colabo-ração dos amigos espirituais.

“Foi – escreve – sob a instigação do espírito de Allan Kardec que eu realizei este trabalho. Nele se en-contra uma série de mensagens que ele nos ditou por incorporação, em condições que excluem qualquer dúvida”.

Na publicação “France Active”, de janeiro de 1928, quase dois anos após o seu desencarne, um crítico se exprime, a respeito de “O Gênio Céltico” com as seguintes palavras:

“É um livro emocionante que se im-porá mesmo à zombaria dos profanos e no qual, as mais vezes, pelo Espírito do próprio Allan Kardec, somos iniciados aos princípios que os druidas dirigiam já ao cepticismo dos homens. A unida-de de Deus, a sobrevivência do ser sob forma fluídica, a evolução na escala infinita dos Mundos e a pluralidade das existências.

Em que esquina nos encontramos no caminho da Vida? Tenho a impressão de que o véu que esconde ainda as esferas espirituais, como nos escondia há alguns anos as ondas hertzianas, não vai tardar a romper-se. Um vento assoprará dos quatro cantos do mundo e dissipará as sombras, escreve o Eclesiastes.

O livro de Denis reconforta nossas impaciências, é simples, dessa prodigiosa simplicidade que só a articula o apóstolo e nos põe em contato com a luz secreta pela qual nossas almas serão revivifica-das para sempre. Ele nos faz penetrar um pouco mas a frente na comunhão universal.”

fonte:

Anuário Espírita 1969.

“Para que o trigo germine é preciso a queda das nevascas e a triste incubação do inverno...”

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FidelidadESPÍRITA | Julho 2009esclarecimento

Foi em 1878 que o estudo da matéria recebeu influxo mais positivo

O grande mal da nossa época é o Materialis-mo deprimente que

envolve as massas. Por toda parte a descrença e a ignorância fazem vítimas, matando corpos e ador-mecendo almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem cristãs, não haverá, talvez, dez por cento de “religiosos” que acreditam fir-memente na sobrevivência.

O materialismo penetrou no âmago dos corações, e a ignorância lavra, tristemente, obscurecendo espíritos.

Afinal, no que se funda o Mate-rialismo? Quais são os seus princí-pios, considerados dignos de tanta consideração e obediência?

Em uma palavra — o que é a matéria?

“A matéria é uma coisa inerte e tangível, composta de átomos”.

Diversos sábios acrescentaram a “indestrutibilidade e irredutibilidade à matéria, bem como a sua pondera-bilidade e imponderabilidade”, o que levou Berthelot a dizer que “esses atributos da matéria permaneceram registrados na História como um ro-mance engenhoso e sutil.”

Como se sabe, a matéria era pouco conhecida; só se percebiam os seus três estados: sólido, líquido e gasoso.

Foi em 1878 que o estudo da matéria recebeu influxo mais po-sitivo. Na mesma ocasião em que Davy fazia conhecer a dissociação dos compostos químicos por uma corrente elétrica, William Crookes, no seu trabalho sobre Física Molecular, demonstrou a existência de um quarto estado da matéria, metagasoso, ou seja, radiante. E acrescentou, em suas

conclusões, que este estado (ra-diante) é absolutamente material,

concluindo, por isso, que a ma-téria não é senão um modo de movimento, que passa do estado sólido ao etéreo donde veio.

Logo depois, o ilustre físico inglês Sir Oliver Lodge, fez uma comunicação à Sociedade Real de Londres, sobre a matéria, cujas conclusões assim resume: “A evo-lução ou transmutação da matéria foi experimentalmente posta em evidência pelos fatos da radioatividade. Os átomos pesados dos corpos radioativos parecem desagregar e lançar no espaço

Ciência materialistapor Cairbar Schutel

Sir oliver Lodge

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Julho 2009 | FidelidadESPÍRITA esclarecimento

fonte:

SCHUTEL, Cairbar. A Vida no Outro Mundo.

Págs. 12 – 15. Casa Editora O Clarim. 6ª

Edição.

O Espiritismo chegou no tempo propicio para escalpelar a ciência materialista

átomos de peso atômico mais fraco”. Eram para Lodge cargas iônicas, que outros cientistas entre os quais William Crookes, chamaram de elétrons.

Por tudo isso se vê que a maté-ria não tem as propriedades com que a brindaram os sábios doutro tempo. O seu estado primordial e seu último estado resumem-se no éter, e, como disse Sir Oliver Lodge, não se pode deixar de concluir que o éter é tudo, a fonte de que Deus se serve para criar tudo quanto existe, porque o éter, por si mesmo, não é inteligente, e não passa de um reservatório infinito, eterno, de forças que se materializam e modelam, e se desmaterializam, dependentes de uma Vontade Superior, de uma Inteligência Suprema, Eterna, que chamamos Deus.

Se dermos, uma olhadela nos trabalhos do Dr. Gustave Le Bon, veremos que, segundo a idéia deste ilustre homem de ciência, como de outros físicos, a matéria não é senão “energia concretizada”.

Como se vê, os próprios ma-terialistas têm perdido os seus princípios; não relutam, entre-tanto, em afirmar, embora sobre bases movediças, a realidade da sua doutrina. Mas o interessante é que cada um deles mantém teorias meramente pessoais e discordantes uma das outras.

Uns acham que o Organicismo e a Histologia são suficientes para explicar os fenômenos vitais pelo mecanismo dos órgãos. Neste caso entram em cena os efeitos das

forças psicoquímicas consideran-do a sensação, o pensamento, a vontade, como uma propriedade dos neurônios. Outros são ma-terialistas porque não concebem um espiritualismo de acordo com a ciência experimental que acon-selha o estudo, a investigação, o livre-exame, Estes são os epicuris-tas, que afirmam: “Post mortem nihil est, espsaque mors nihil”. (Depois da morte nada há, a morte é mesmo nada). Sem a mais ligeira noção de psicologia, olham indiferentemen-te todos os fenômenos objetivos e subjetivos que se vão verificando todos os dias em toda parte, e,

em face dessas manifestações inteligentes, que revelam conhe-cimentos muito superiores aos do indivíduo, repetem loucamente o velho aforismo aristotélico, de que “nihil est in inteliectu quod prius non fuerit in sensu” (nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos), como se esses conhecimentos tivessem sido recebidos pelo sujet, através dos

seus sentidos físicos e na existência presente. Eles não podem ver que esse adágio, tal como aplicam, é absolutamente falso, princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia.

Enfim o Materialismo, feliz-mente, está na sua derradeira agonia.

Combatido através dos tempos por inteligências de escol, como Voltaire, Malebranche, Leibnitz, Swendenborg e muitos outros, o Materialismo não pode deixar de se dar por vencido, em face dos fenômenos metapsíquicos e espíri-tas, constatados atualmente pelos maiores sábios do mundo.

O Espiritismo chegou no tempo propicio para escalpelar a ciência materialista, dissecando-lho todos os nervos, e fazer ver às gentes a impotência dos princípios que ela ensina, absolutamente contrários à veracidade dos fatos.

Damo-nos por felizes em assis-tir a essa derrocada e concorrer, embora com minúscula parcela, para que breves sejam os dias em que as águas movimentadas da nova ciência que surge, atirem nas voragens insondáveis essa outra “barca” tripulada por “piratas” que tem levado a desolação ao mundo.

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FidelidadESPÍRITA |Julho 2009

fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

30. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo martins

com todas as letras

modelo Posa e Rua tem Tráfego

Segundo a notícia, durante um assalto, bandi-dos haviam mantido diversos reféns “sobre a mira das armas”. O erro era tão grave que me-

receu correção do jornal na segunda edição do dia. Sobre, nem é preciso explicar, significa em cima de

e nenhum refém poderia, ao pé da letra, ficar “em cima da” mira de uma arma, por melhor equilibrista que fosse. A preposição a usar, claro, teria sido sob. Então, as vítimas ficaram sob (debaixo de) a mira das armas. Como o Túnel Ayrton Senna fica sob o Ibirapuera.

A confusão com palavras parecidas (chamadas de parônimas) já fez também muitas vezes a própria imprensa falar no “tráfico de veículos” e no “tráfego de drogas”. Embora tráfego e tráfico tenham origem comum, os dois termos hoje estão claramente identifi-cados, tráfego como trânsito e tráfico como comércio ilegal. Assim: tráfego de veículos, tráfego congestionado e corredores de tráfego, mas tráfico de rogas, tráfico de armas, tráfico de escravos, tráfico de mulheres, e, por extensão do sentido, tráfico de influência.

Bem, e como você reagiria se fosse convidado(a) a pousar para fotos de publicidade? Não aceitaria. Repare no verbo usado. Se a pessoa vai servir de mo-delo, vai fazer pose (não pode haver no verbo um u inexistente no substantivo). E quem faz pose só pode posar e nunca pousar. Portanto: A moça posou para o calendário. / Ele posa de rico.

Pousar relaciona-se com pouso. Veja seus princi-pais sentidos: a) Colocar em: A moça pousou a xícara na mesa. b) Passar a noite: Os meninos pousaram na barraca. / Viajou dois dias a cavalo sem parar para pousar. c) Descer: A ave pousou no galho. / O avião pousou sem problemas.

NENhUm, NEm Um

Às vezes a semelhança é entre uma palavra e uma locução. Por exemplo, tampouco ou tão pouco, mal-grado ou mau grado, nenhum e nem um. Veja como proceder com esses pares:

• Tampouco — também não: Não saiu, tampouco não conseguiu dormir.

• Tão pouco — muito pouco: Tinha tão pouco en-tusiasmo! / Nunca fizeram tanto por tão pouco.

• Malgrado — apesar de: Malgrado o empenho do técnico, o time perdeu.

• Mau grado — vontade: Mau grado meu (contra a minha vontade), trouxe o amigo consigo. / Chegaram de mau grado.

• Nenhum — antônimo de algum: Não deu nenhum recado. / Nenhum deles saiu.

• Nem um — nem um único, nem um sequer: Não quis ficar nem um instante mais. /Nem um único alfinete estava fora do lugar.

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Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade dirigir-vos esta carta, exortando-vos a batalhar pela

fé que uma vez foi dada aos santos.” (Judas, 3.)

Exortados a batalhar

O Cristianismo é campo imenso de vida es-piritual, a que o trabalhador é chamado para a sublime renovação.

O sedento encontra nele as fontes da “água viva”, o faminto, os celeiros do “eterno pão”. Os cegos de entendimento nele recebem a visão do caminho; os leprosos da alma, o alívio e a cura.

Todos os viajores da vida, porém, são felicitados pelos recursos indispensáveis à jornada terrestre, com a finalidade de se erguerem, de fato, nAquele que é a Luz dos Séculos. Desde então, restaurados em suas energias espirituais, são exortados a bata-lhar na grande causa do bem.

Ninguém se engane, pois, na oficina generosa e ativa da fé.

No serviço cristão, lembre-se cada aprendiz de que não foi chamado a repousar, mas à peleja ár-

dua, em que a demonstração do esforço individual é imperativo divino.

Jesus iniciou, no círculo das inteligências encar-nadas, o maior movimento de libertação do espíri-to humano, no primeiro dia da Manjedoura.

Não se equivoquem, pois, os que buscam o Mestre dos mestres... Receberão, certamente, a esperada iluminação, o consolo edificante e o ensi-namento eficaz, mas penetrarão a linha de batalha, em que lhes constitui obrigação o combate perma-nente pela vitória do amor e da verdade, na Terra, através de ásperos testemunhos, porque todos nós, encarnados e desencarnados, oscilantes ainda en-tre a animalidade e a espiritualidade, entre o vale do homem e a culminância do Cristo, estamos constrangidos a batalhar até o definitivo triunfo sobre nós mesmos pela posse da Vida Imortal.

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