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1 Filosofia Geral Direito – 3º semestre – 2012 Apontamentos em sala de aula por JRMonteiro. 02 de fevereiro de 2012 Na Grécia antiga, séculos XII a.C. a VIII a.C., predominavam os mitos. Foi o Período Homérico, em referência ao poeta Homero, criador dos poemas épicos Ilíada (sobre a Guerra de Tróia, conforme recente adaptação cinematográfica com Brad Pitt no papel de Ulisses) e Odisseia (uma continuação da Ilíada relata o retorno de Ulisses). Esses poemas foram criados antes do aparecimento da escrita, que ocorre no século VI. O período seguinte é o Arcaico, dos FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS (que antecederam Sócrates). Dentre os filósofos pré-socráticos, o Prof. Guisard destacou Thales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e Parmênides. O pensamento pré-socrático estava focado na Physis. A palavra grega Physis pode ser traduzida por natureza, mas seu significado é mais amplo. Segundo os filósofos pré-socráticos, é a matéria que é fundamento eterno de todas as coisas e confere unidade e permanência ao Universo, o qual, na sua aparência é múltiplo, mutável e transitório.

Filosofia Geral - Aplicativo Exame da OAB - Endireitados · Filosofia Geral Direito – 3º ... criados antes do aparecimento da escrita, ... precisa antes construir fundamentos que

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Filosofia Geral

Direito – 3º semestre – 2012

Apontamentos em sala de aula por JRMonteiro.

02 de fevereiro de 2012

Na Grécia antiga, séculos XII a.C. a VIII a.C., predominavam os mitos.

Foi o Período Homérico, em referência ao poeta Homero, criador dos

poemas épicos Ilíada (sobre a Guerra de Tróia, conforme recente adaptação

cinematográfica com Brad Pitt no papel de Ulisses) e Odisseia (uma

continuação da Ilíada relata o retorno de Ulisses). Esses poemas foram

criados antes do aparecimento da escrita, que ocorre no século VI.

O período seguinte é o Arcaico, dos FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS (que

antecederam Sócrates).

Dentre os filósofos pré-socráticos, o Prof. Guisard destacou Thales de

Mileto, Pitágoras, Heráclito e Parmênides.

O pensamento pré-socrático estava focado na Physis. A

palavra grega Physis pode ser traduzida por natureza, mas seu significado é

mais amplo. Segundo os filósofos pré-socráticos, é a matéria que é

fundamento eterno de todas as coisas e confere unidade e permanência

ao Universo, o qual, na sua aparência é múltiplo, mutável e transitório.

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Thales de Mileto (c.624-546 a.C.) formulou a pergunta: “Qual é a matéria

prima básica do cosmos?” e ponderou que essa matéria prima tinha que ser

algo a partir do que tudo pudesse ser formado, definindo que tudo é

composto por água.

Para Pitágoras (c.570-495 a.C.), tudo no universo se conforma às regras e

relações matemáticas, que são o modelo para o pensamento filosófico. O

número é para ele o regente das formas e das ideias. Foi ele que cunhou o

termo Filosofia.

Heráclito (c.535-475 a.C.) sugeriu que o equilíbrio dos opostos – dia e

noite, quente e frio – levava à unidade do universo e que uma tensão é

gerada entre os pares de opostos, resultando que tudo está em permanente

estado de fluxo. Usando o exemplo de um rio, disse: “Ninguém se banha

duas vezes no mesmo rio”.

Parmênides (c.515-445 a.C.), influenciado pelo pensamento lógico-científico

de Pitágoras, empregou o raciocínio dedutivo na tentativa de revelar a

verdadeira natureza física do mundo. A partir da premissa de que algo

existe (“é”), deduziu que esse algo não pode também não existir (“não é”),

pois isso seria uma contradição lógica. Seria impossível existir um estado de

nada – não haveria vazio. Assim, tudo que é real deve ser eterno e imutável

e ter uma unidade indivisível: tudo é uno.

Com os filósofos do período clássico grego inicia-se a abordagem metafísica,

aquilo que transcende a natureza física das coisas.

Próxima aula: Período Homérico e Clássico.

Ler: CHAUÍ, Marilena. A Filosofia. In: Convite à Filosofia. São Paulo: Ática,

1995. Disponível na Xerox do Chileno

09 de fevereiro de 2012

Período Homérico (mitológico) – A arte, a vida e o sofrimento.

A mitologia helênica é uma das mais geniais concepções que a humanidade

produziu. Os gregos, com sua criatividade, povoaram o céu e a Terra, os

mares e o mundo subterrâneo de divindades. Grandes observadores,

criaram novas figuras e normas para os diferentes fenômenos da realidade

natural.

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A mitologia grega apresenta-se como uma transformação da vida em arte.

Alimentou a literatura e as artes através dos tempos.

Arte e sofrimento

Filosofia do povo grego (sabedoria de Sileno)

Diz a lenda que Midas, Rei da Prígia, encontrando nos bosques o sábio

Sileno que por lá vivia bebendo, rindo e cantando, pergunta-lhe o que

existe de mais desejável para o homem, isto é, qual é o bem supremo.

A princípio, sem querer responder, pressionado, o sábio afinal responde:

“Miserável raça de efêmeros, filhos do acaso e da pena, porque me obriga a

dizer o que não tem o menor interesse em escutar? O bem supremo te é

absolutamente inacessível: é não ter nascido, não ser, nada ser. Em

compensação o segundo dos bens tu podes ter: é logo morrer”.

A arte grega tem origem nesta problemática: extremamente sensível, capaz

de grande sofrimento, bastante vulnerável à dor, o grego tem nessa

condição um perigo para a vida: a dolorosa violência da existência pode

leva-lo ao pessimismo, à negação da própria existência.

Arte e religião para os gregos estão intimamente ligados.. Os Deuses

Olímpicos e a arte apolínea1 (epopeia homérica) tornam a vida possível ou

desejável. “A vida só é possível pelas miragens artísticas”. (Nietzsche).

Giorgio Agamben: “É preciso se comportar de forma intempestiva ou

extemporânea”.

Não ter que se comportar como uma esponja de sua época. Vamos à

filosofia para refletir as questões de hoje.

O povo grego do período homérico vivia o mundo da aparência, no mundo

mágico dos Deuses.

1 Apolíneo: relativo ou pertencente a Apolo (jovem deus da mitologia grega);

segundo Nietzsche (1844-1900), em que há contemplação da beleza e da

harmonia.

16 de fevereiro de 2012

Metafísica do artista versus Metafísica racional

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Bibliografia

- Nietzsche, F. Origem da tragédia no espírito do músico. (Col. Os

pensadores) São Paulo: Abril Cultural, 1973

-____________ . Consideração Intempestiva sobre a utilidade e os

inconvenientes da história privada. In: Escritos sobre a História. São Paulo:

Edições Loyola, 2005

- Agamben, G. O que é contemporâneo? In: O que contemporâneo? e

outros ensaios. Santa Catarina: Argos, 2009

Metafísica do Artista Metafísica racional

Eurípides, Sócrates

Problematização: Como percebemos a função da razão e da ciência histórica

na constituição de um processo de moralização da vida? Quais os efeitos

sobre o humano?

O ponto de partida da análise é a crítica do “socratismo estético”. O que

caracteriza a “estética racionalista”, a “estética consciente”, é introduzir na

arte o pensamento e o conceito a tal ponto que a produção artística deriva

da capacidade criativa. A consciência, a razão, a lógica, despontam como

novos critérios de produção e avaliação da obra de arte.

Quando a racionalidade faz uma crítica explícita à produção artística na

perspectiva da consciência, quando toma como critério o grau de clareza do

saber, a tragédia será desclassificada como irracional – o poeta trágico será

desvalorizado pelo saber racional.

23 de fevereiro de 2012

Período Homérico (séc. XVIII a XII a.C.)

Este é um período das sociedades primitivas, cuja produção de vida

material era organizada de forma a garantir apenas o consumo necessário à

sobrevivência do grupo, sem a produção de excedentes. O trabalho era

organizado coletivamente e envolvia todos os membros do grupo na

produção, ocorrendo uma divisão natural do trabalho, por sexo e idade. O

Período Homérico, Período Arcaico Período Clássico Período Helenístico

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produto desse trabalho também era coletivo, sendo dividido por todo o

grupo. A propriedade da terra também era coletiva.

As sociedades primitivas estruturavam-se em torno da produção e do rito

mágico, que organizavam, num sentido, a própria vida econômica. A

relação magia e trabalho foi gradativamente distinguindo-se um do outro.

Tal distinção implica o reconhecimento da objetividade dos processos

técnicos.

O desenvolvimento das técnicas e utensílios e sua melhor utilização levaram

a uma produção de excedentes, uma produção que ultrapassava as

necessidades imediatas do grupo. Isto foi acompanhado por uma nova

divisão do trabalho. Com a especialização a produção torna-se cada vez

menos coletiva, assim como o consumo. A apropriação dos produtos torna-

se cada vez mais individual, baseada na propriedade privada.

(grifos do professor)

(Observação em aula: Arché, em grego, princípio primordial).

Leitura sugerida: GUISARD, L.A.; SCHRIJIWEMAEKERS, S.; FERRAZ JR, V.

Tietê: Um Rio Marginal. In: Revista Brasileira de Direito Ambiental.

01 de março de 2012

Período Arcaico – filosofia pré-socrática

Heráclito e Parmênides

O dever e a imutabilidade do ser

Poderíamos encontrar no centro das reflexões pré-socráticas uma real

preocupação com a questão da diferença?

Direito Sacral (mágico) Direito Moderno

Processo de racionalização

Processo de secularização

Processo de desencantamento

Mago, profeta de um clã Mutável, passível de revisão.

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“No fundo, todo o homem sabe muito bem que está no mundo apenas uma

vez, a título unicum e que nenhum acaso, mesmo o mais estranho,

combinará por uma segunda vez uma multiplicidade tão bizarra” (Nietzsche)

Heráclito diz que “nós somos e não somos”. É do puro devir que nos fala o

filósofo de Éfeso; é do eterno movimento das coisas que estão no tempo.

Do eterno perecimento e renascimento de tudo o que está no mundo e do

próprio mundo. Ele afirma que nossa vida é curta e onde pensamos haver

estabilidade só existem devir e movimento; ele está no mundo e se

expressa no eterno jogo dos contrários.

Mas, se Heráclito insiste no caráter fugidio da existência, se não aceita a

ideia de nenhuma substância plena, é porque sua visão só lhe mostrará o

incessante movimento das coisas – de onde ele conclui que o próprio ser é

movimento e puro dever.

O ser é, portanto, algo que está sempre se fazendo em um vir-a-ser

constante.

Daí porque ele jamais é o mesmo: como o sol que é novo a cada dia e como

o homem que não se banha duas vezes no mesmo rio. Ele fala do ser como

algo que abrange a multiplicidade dos seres mundanos.

(Ler: BRUNI, José Carlos. A Água e a Vida. disponível em

http://www.fflch.usp.br/sociologia/temposocial/pdf/vol05n12/Agua.pdf)

Parmênides

Para Parmênides tem-se a seguinte definição de ser: “Resta-nos assim um

único caminho: o ser é. Neste caminho há grande número de indícios: não

sendo gerado é também imperecível; possui, com efeito, uma estrutura

interna, inabalável e sem meta; jamais foi e nem será, pois é no instante

presente, todo inteiro, uno, contínuo”.

Segundo Parmênides, satisfazendo os futuros gozadores do raciocínio lógico

(Platão) e os defensores da identidade plena das coisas, o movimento é

uma ilusão dos nossos sentidos; o ser é perfeitamente imóvel. Parmênides

chega a ter um enorme desprezo pelos sentidos, já que eles não poderiam

apreender o ser em si mesmo.

Para ele o ser não pode estar no tempo. Sem dúvida, Parmênides é o

pensador da identidade plena, da imutabilidade e da perfeição.

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08 de março de 2012

Bibliografia

NIETZSCHE, F. Critica Moderna. Tales de Mileto. Coleção “Os Pensadores”.

São Paulo: Abril Cultural, 1973

Questões: (respostas de JRMonteiro)

1. Porque a frase “tudo é água” de Tales de Mileto é considerada

racional?

Tales é considerado o primeiro filósofo pré-socrático grego. Ele foi o primeiro

teórico a formular um pensamento mais sistemático fundado em bases

racionais, que procurava explicar o mundo físico.

A este respeito, diz Nietzsche: “A filosofia grega parece começar com uma

ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as

coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por

três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a

origem das coisas; em segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação;

e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de

crisálida, está contido o pensamento:” Tudo é um".

2. Segundo Nietzsche, explique o significado dos 2 andarilhos.

“(...) Dir-se-ia ver dois andarilhos diante de um regato selvagem, que corre

rodopiando pedras; o primeiro, com pés ligeiros, salta por sobre ele, usando

as pedras e apoiando-se nelas para lançar-se mais adiante, ainda que, atrás

dele, afundem bruscamente nas profundezas. O outro, a todo instante,

detém-se desamparado, precisa antes construir fundamentos que sustentem

seu passo pesado e cauteloso; por vezes isso não dá resultado e, então, não

há deus que possa auxiliá-lo a transpor o regato. O que, então, leva o

pensamento filosófico tão rapidamente a seu alvo? Acaso ele se distingue do

pensamento calculador e mediador por seu voo mais veloz através de

grandes espaços? Não, pois seu pé é alçado por uma potência alheia, lógica,

a fantasia. Alçado por esta, ele salta adiante, de possibilidade em

possibilidade, que por um momento são tomadas por certezas; aqui e ali, ele

mesmo apanha certezas em voo. Um pressentimento genial as mostra a ele

e adivinha de longe que nesse ponto há certezas demonstráveis. Mas, em

particular, a fantasia tem o poder de captar e iluminar como um relâmpago

as semelhanças: mais tarde, a reflexão vem trazer seus critérios e padrões e

procura substituir as semelhanças por igualdades, as contiguidades por

causalidades. Mas, mesmo que isso nunca seja possível, mesmo no caso de

Tales, o filosofar indemonstrável tem ainda um valor; mesmo que estejam

rompidos todos os esteios quando a lógica e a rigidez da empiria quiseram

chegar até a proposição "Tudo é água", fica ainda, sempre, depois de

destroçado o edifício científico, um resto; e precisamente nesse resto há

uma força propulsora e como que a esperança de uma futura fecundidade”.

(NIETZSCHE, F. A Filosofia na Época trágica dos gregos)

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Nesse texto, Nietzsche destaca o contraponto entre o primeiro andarilho que

salta sobre as pedras do riacho lançando-se à frente o e segundo que

procura pontos de sustentação, fundamentos sólidos para orientar sua

travessia, o que acaba por detê-lo. E questiona o que leva o pensamento

filosófico mais rapidamente a seu alvo que o pensamento calculador,

apresentando como ponto de contato entre eles o pressentimento genial dos

filósofos sobre as certezas demonstráveis.

3. De acordo com o filósofo alemão, quais as diferenças entre ciência e

Filosofia?

O texto anterior fornece também a resposta a esta questão. Enquanto a

ciência busca o imediatamente demonstrável, a reflexão filosófica “vem

trazer seus critérios e padrões e procura substituir as semelhanças por

igualdades, as contiguidades por causalidades”.

E complementa: o filosofar indemonstrável tem ainda um valor; mesmo que

estejam rompidos todos os esteios quando a lógica e a rigidez da empiria

quiseram chegar até a proposição "Tudo é água", fica ainda, sempre, depois

de destroçado o edifício científico, um resto; e precisamente nesse resto há

uma força propulsora e como que a esperança de uma futura fecundidade”.

“Somos esclarecidos, ilustrados pelo iluminismo, somos apáticos. Já não se

fala de amor à sabedoria. Já não há saber de quem alguém possa ser amigo

(philos). Não nos vem à cabeça amor àquilo que sabemos, antes

perguntamos a nós próprios como conseguiremos viver com o que

sabemos, sem nos petrificarmos” (Sloterdijk, Crítica da razão cínica).

15 de março de 2012

Período Clássico: Filosofia Socrático-platônica

Bibliografia

PLATÃO. Apologia de Sócrates. In: Os Pré-socráticos. Coleção “Os

Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1973

________. O corpo é o obstáculo ao conhecimento. In: Fédon. Coleção “Os

Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1973

ADORNO, T. HORKHEIMER, H. O conceito do esclarecimento. In: Dialética

do esclarecimento. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Ed., 2006.

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AGAMBEN, Giorgio. Fantasia e experiência. In: Infância e História:

destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: UFMG,

2008.

“Nada pode dar uma ideia da dimensão da mudança ocorrida no significado

da experiência como a reviravolta que ela produz no estatuto da

imaginação. dado que a imaginação, hoje eliminada do conhecimento como

sendo irreal, era para a antiguidade o medium por excelência do

conhecimento. Enquanto mediadora entre o sentido e o intelecto, que torna

possível, no fantasma, a união de forma sensível e intelecto possível, ela

ocupa na cultura antiga e medieval, exatamente o mesmo lugar que a

nossa cultura confere à experiência (...). E, a partir do momento em que é

a fantasia que, segundo a antiguidade, forma as imagens dos sentidos,

explica-se a relação particular que no mundo antigo, o sonho mantém com

a realidade e como conhecimento eficaz...” (Agamben, p.33).

Século V Sócrates e Platão

. Desenvolvimento da polis

. Desenvolvimento do comércio

. Cidadania – democracia ateniense

- A retórica toma lugar da força física

- Surgem os sofistas encarregados da educação dos jovens

- prioriza-se a educação para a cidadania

Sócrates diz que a democracia é falha; todos não são iguais, porque nem

todos são cidadãos (mulheres, escravos e estrangeiros não eram cidadãos).

Ler: Apologia de Sócrates

O Mito da caverna.

Mito da caverna (disponível em<http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna>)

Imaginemos um muro bem alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna existe

uma fresta por onde passa um feixe de luz exterior. No interior da caverna permanecem seres

humanos, que nasceram e cresceram ali.

Ficam de costas para a entrada, acorrentados, sem poder mover-se, forçados a olhar somente

a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do

muro, mantêm acesa uma fogueira. Pelas paredes da caverna também ecoam os sons que

vêm de fora, de modo que os prisioneiros, associando-os, com certa razão, às sombras,

pensam ser eles as falas das mesmas. Desse modo, os prisioneiros julgam que essas sombras

sejam a realidade.

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Imagine que um dos prisioneiros consiga se libertar e, aos poucos, vá se movendo e avance na

direção do muro e o escale, enfrentando com dificuldade os obstáculos que encontre e saia da

caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens como eles, e mais

além todo o mundo e a natureza.

Caso ele decida voltar à caverna para revelar aos seus antigos companheiros a situação

extremamente enganosa em que se encontram, correrá, segundo Platão, sérios riscos - desde

o simples ser ignorado até, caso consigam, ser agarrado e morto por eles, que o tomaram por

louco e inventor de mentiras.

Platão não buscava as verdadeiras essências na simplesmente Phýsis, como buscavam

Demócrito e seus seguidores. Sob a influência de Sócrates, ele buscava a essência das coisas

para além do mundo sensível. E o personagem da caverna, que acaso se liberte, como

Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um

mundo totalmente diferente. Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse,

desde que nasceu, que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que quase

tudo aquilo é falso, é parcial, e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes. Foi

justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando

Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas

se passassem, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente,

com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso

tudo, inertes em suas poucas possibilidades.

22 de março de 2012

Os sofistas e a filosofia socrático-platônica

FILOSOFIA

- Filosofia socrático-platônica

- Metafísica da alma

(contemplação da alma)

- Dualidades excludentes

alma x corpo

essência x aparência

verdade x mentira

- Nietzsche, Maurice Blanchet,

Bataille, Foucault

- Experiência-limite,

esfacelamento do sujeito, crítica à

metafísica (à dualidade excludente).

- Filosofia com elaboração de uma certa

modalidade de vida (matéria ética a ser

desenvolvida); dar forma à vida

(estilística da existência)

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“Ficar sentido o menos possível: não pôr fé em pensamento algum que não

tenha sido concebido ao ar livre, no livre movimento do corpo, em ideia

alguma em que os músculos não tenham também participado. Todo o

preconceito provém dos estranhos. Ficar chumbado na cadeira; repito-o, é

o verdadeiro pecado contra o espírito” (NIETZSCHE)

“O corpo de Foucault está presente nos livros que ele assinou... Foucault

põe em cena em movimentos-chave de seu trabalho: é assim que (...)

Vigiar e Punir a partir da experiência física que ele conheceu... A vida dos

homens infames é desencadeada pelo encontro físico dos arquivos: sinto-

me embaraçado em dizer o que realmente experimentei quando li os

fragmentos e alguns outros. (...) Talvez uma dessas impressões da qual se

diz serem elas físicas.” (FRÉDÉRIC GROS)

Bibliografia complementar: NITZSCHE, F. Crepúsculo dos Ídolos.

Sofistas

Protágoras

Górgias

Crítias

Hípias

Valorizavam e ensinavam a retórica, a arte da eloquência, a arte de bem

argumentar, a arte da palavra. Acreditavam que o sucesso de um homem era devido a sua capacidade de convencer o outro de seus argumentos.

Surgem num contexto de crescente participação política na vida da pólis. A filosofia torna-se um instrumento de educação nas mãos de um grupo de

sábios.

Sócrates (470 ~399 a.C.)

Considerado o pai da tradição filosófica ocidental. Decidiu não escrever e

confiar a sua mensagem aos colóquios entre indivíduos e a força concreta

do exemplo, tanto do modo de viver quanto de morrer.

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Fazia filosofia em praça pública, debatendo: um pregador laico, racional que

levava os jovens a questionar as verdades estabelecidas. Era o método

dialético.

Foi considerado um elemento desestabilizador. Em 399 a.C., Ânito e Meleto,

dois concidadãos, acusaram-no de não acreditar nos deuses e de corromper

os jovens.

Por meio da “Apologia de Sócrates”, escrita por Platão, sabemos da

serenidade com que bebeu cicuta (um veneno letal), após uma última

discussão com seus discípulos sobre o tema da imortalidade da alma.

A sua tese é que não é possível conhecer alguma coisa sem conhecer a

própria ignorância.

Sócrates observa como a presunção do saber é o maior obstáculo ao

conhecimento.

A maiêutica é literalmente a arte da parteira ou a arte da obstetrícia. Indica

o método de investigação de Sócrates, descrito por Platão.

Sócrates jamais fornece soluções, limitando-se a levantar perguntas.

Sustenta que a tarefa do sábio não é propor afirmações verdadeiras, mas

favorecer o nascimento da verdade na alma do interlocutor (aquele que

escuta).

Maiêutica, segundo o Dicionário Houaiss Em medicina, o mesmo que obstetrícia; em derivação por metáfora, o método

socrático que consiste na multiplicação de perguntas, induzindo o interlocutor na

descoberta de suas próprias verdades e na conceituação geral de um objeto.

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05 de abril de 2012

A Filosofia de Platão

A verdade e o mundo das ideias

Bibliografia

-Platão. O Mito da caverna. In: A República

- NIETZSCHE, F. O que devo aos antigos. In: Crepúsculo dos ìdolos

QUESTÕES

1. O que é a caverna?

2. Qual é o significado da luz?

3. O que o muro representa?

4. Quem são os prisioneiros?

5. Qual é o papel do filósofo?

6. Explique o significado das estátuas.

7. A metafísica está presente no mito? Justifique.

8. O Mito da caverna á atual? Justifique.

9. Sobre o texto “O que devo aos antigos” de Nietzsche, explique a

posição do alemão diante das odeias de Platão.

X

Filosofia das ideias, do

sentido da linguagem, do

sujeito/consciência (EU), do

absoluto, da razão, da

metafísica.

Filosofia da transgressão,

da experiência-limite, do

Fora, dos corpos, dos

sentidos, do trágico, da vida,

da arte.

Platão, Aristóteles, Kant,

Descartes, Hegel e outros

Spinoza, Nietzsche, Deleuse,

Maurice Blanchot, Foucault,

George Bataille e outros.

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12 de abril de 2012

Aristóteles e o sentido da linguagem

Bibliografia

- Aristóteles. A metafísica e a ciência do ser. In: ética a Nicômano

- NIETZSCHE, F. Sobre a verdade e a mentira no sentido extra moral.

METAFÍSICA SER/NÃO SER ENTE (substância)

Rompe com a Metafísica de Platão

Lógica

Analítica Descritiva

Gramática

Dialética Reconhecimento das oposições inerentes à realidade do

ser

Retórica Verossimilhança

Poética possível Visão do mundo/biografia memória/vontade e

entendimento

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19 de abril de 2012

A Lógica Aristotélica

A Linguagem com sentido

A palavra lógica é muito comum no nosso dia a dia. Todo mundo diz “é

lógico” quando não há dúvida sobre alguma coisa, ou seja, quando o que é

dito faz sentido.

Pensar logicamente é uma coisa que está em nossas entranhas. Essa é uma

tradição de pensamento que teve origem na Grécia antiga. O filósofo grego

Aristóteles (384 ~ 322 a.C.) é considerado o pai da Lógica.

O filósofo Platão dividiu o mundo em dois: o 1º é o nosso, onde tudo é

ilusão; o 2º é o das ideias, o mundo do pensamento e da verdade.

Aristóteles era discípulo de Platão, mas não pensava como seu mestre. Para

ele não existe a separação: verdade e aparência estão ao nosso redor.

Na filosofia de Aristóteles, um dos caminhos para a verdade é a linguagem,

desde que obedeça às leis da lógica. A lógica está na lei, na boa

argumentação. Esta é fundamental para chegarmos ao justo – não apenas

argumentação na oratória, no discurso vazio, argumentação que se tem na

prova que se tem no processo.

Argumento nada mais é que um discurso em que encadeamos afirmações

como elos de uma corrente de maneira a chegar a uma conclusão.. A base

de todo o discurso lógico é um raciocínio muito simples: “todo homem é

mortal, Flávio é homem; logo Flávio é mortal”.

Sempre obedecemos algumas regras e uma das mais importantes é a não

contradição: um objeto é algo ou não é algo. Não podemos dizer que algo é

e não é ao mesmo tempo (princípio do não contraditório). Nós só podemos

afirmar logicamente uma coisa, e não seu oposto.

Para Nietzsche a lógica é a escravidão da linguagem porque ela elimina os

caminhos por onde a linguagem poderia passar. É possível a lógica no

mundo dos afetos?

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Período Helenístico (cerca de 7 séculos, de 3 a.C. a 4 d.C.)

Sêneca: “Deve se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu talvez

te espantes, a vida toda é aprender a morrer”. Sobre a brevidade da vida.

Período helênico. Trata-se de um momento de decadência da civilização

grega, dominada principalmente pelos romanos.

Neste período ocorre uma associação entre ética, virtude e felicidade.

Estoicismo propõe a filosofia para toda a população de Estoa, a porta

principal de Atenas, onde as pessoas filosofavam.

Epicurismo. Epicuro funda os “Jardins de Epicuro”, sua casa, onde alguns

filosofavam.

26 de abril de 2012

Europa Medieval: relações de servidão

A Idade Média tem como referencia temporal o período que vai do século V

ao XV. Período diversificado quanto à formação étnico-cultural (grega, síria,

egípcia, persa, etc.) poder centralizado, grande desenvolvimento de

cidades, comércio como uma das principais atividades econômicas.

Feudalismo

Nos séculos III e IV, O Império Romano está em crise. Algumas condições

sociais, econômicas e políticas contribuíram para a gradativa destruição do

modo de produção escravista (base da economia romana) e a constituição

dos fundamentos do sistema feudal.

No feudalismo a unidade econômica, político-jurídica e territorial era o

feudo – produzidos os bens necessários à manutenção de seus habitantes,

realizadas asa trocas de bens e elaboradas leis e obrigações.

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Santo Agostinho (354 ~ 430 d.C.)

Platonismo cristão na Idade Média

“Quem conhece a verdade, conhece a Luz Imutável e quem a conhece,

conhece a Eternidade” (Santo Agostinho, Confissões).

Segundo Agostinho a filosofia antiga consiste em uma época de preparação

da alma. A Teologia é a verdadeira e legítima ciência – preparar a alma

humana para a Salvação e para a visão de Deus. Enquanto o pensamento

grego aceita como modelo da temporalidade o ciclo do cosmos, Agostinho

define o tempo como história linear, tendo um começo – a Criação – e um

fim – A ressurreição dos justos – que é a própria história da humanidade.

Assim ele estabelece o sistema das filosofias da história, inclusive as mais

modernas, que apresentam as mais materialistas e as mais científicas

pretensões. Para ele trata-se de lembrar a cada membro da comunidade

cristã sua responsabilidade histórica.

São Tomás de Aquino (1225 ~1274 d.C. – Nápoles)

Época em que as estruturas feudais já estavam consolidadas e num

momento de intensificação do comércio.

Identificam-se influências de Santo Agostinho, Alberto Magno, Platão e

principalmente obras de Aristóteles – além das Sagradas Escrituras.

Algumas noções caracterizam sua obra:

Estabelece relação entre razão e fé, concepções de finalidade. de

causalidade e de potência-ato.

Separa a Filosofia da Teologia. Cabe à Filosofia preocupar-se com as

coisas da natureza, utilizando a razão como instrumento de

fundamentação. Cabe a teologia preocupar-se com o sobrenatural,

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cujo instrumento é a fé. Afirma que é possível fundamentar verdades

da fé/razão por meio da razão.

A conciliação da fé/razão expressa-se nas provas da existência de

Deus, por meio de argumentos racionais que têm por premissas a

observação da realidade.

Para São Tomás de Aquino, a razão distingue os homens dos outros seres e

permite chegar à substância das coisas; é o elemento de mias alto nível da

alma humana.

O conceito de vontade deixa claro como a razão é fundamental; a vontade

para ele é uma potência intelectiva (relativa ao intelecto, ao entendimento)

que não se confunde com os apetites, as paixões.

Na noção de livre-arbítrio está subjacente o papel da razão: o homem é

livre porque racional; o livre-arbítrio é a possibilidade de se optar por uma

ação, por meio dos elementos que o próprio intelecto fornece.

“É injustificável a rebelião contra o governo. São Tomás de Aquino

doutrinava que qualquer mudança de governo tem origem divina. Se

não for possível ao membro obter por meios legais reparação por

danos e males sofridos, deve deixar a questão a Deus, que no fim

resolverá tudo bem” Frost Jr.

03 de maio de 2012

São Tomás de Aquino: As ideias acerca da alma

Foi o maior representante da escolástica (uma grande pedagogia formada

da união entre o pensamento platônico e o pensamento aristotélico com os

princípios teológicos do cristianismo).

A escolástica foi uma tentativa de harmonização de duas esferas: a fé e a

razão.

Durante toda a Idade Média, o pensamento filosófico e o pensamento

pedagógico estarão profundamente marcados pelas premissas da filosofia

DIFERENÇA

Santo Agostinho predestinação

São Tomás de Aquino praticar o bem, razão

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grega, segunda a qual educar é levar a criança do estado de potência para

o estado de ato, representado, pela idade adulta.

Tomás de Aquino elaborou uma síntese entre aristotelismo e cristianismo,

fazendo leitura cristã da filosofia de Aristóteles. Introduz,

fundamentalmente, o elemento da criação divina, ou seja, as essências não

existem de toda a eternidade, mas foram criadas por Deus, por atos

deliberados de sua vontade onipotente.

Para ele o homem é um corpo e uma alma, mais precisamente sua essência

é composta de corpo e alma. A alma humana é singular, pois os homens

não apenas conhecem as coisas sensíveis por meio dos sentidos, como os

outros animais, mas conhecem a essência inteligível das coisas através do

intelecto.

O conceito da Filosofia Moderna

“A burguesia desempenhou na história um papel eminentemente

revolucionário. Onde quer que tenha conquistado o poder, ele

destroçou todas as relações feudais, patriarcais e idílicas. Todos os

laços complexos e variados que prendiam o homem feudal a seus

superiores naturais, ela despedaçou sem piedade, para só deixar

subsistir, de homem para homem, o laço do frio interesse, as duras

exigências do pagamento à vista. Afogou os fervores sagrados do

êxtase religioso, do entusiasmo cavalheiresco, sentimentalismo

popular nas gélidas águas do cálculo egoísta. Fez da dignidade

pessoal um simples valor de troca, substituiu as numerosas

liberdades conquistadas com tanto esforço, pela única, implacável,

liberdade do comércio. Em outras palavras, em lugar da exploração

velada por ilusões religiosas e políticas, a burguesia implantou uma

exploração aberta. cínica, direta e brutal” (Karl Marx, Manifesto

Comunista, 1846)

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Descartes e o racionalismo (1596 ~ 1650)

“Nunca devemos deixar ser persuadidos da verdade por outra coisa

que não seja a evidência da nossa razão” (Renée Descartes)

Pode-se afirmar que a sustentação para a subjetividade moderna reside na

consciência (o “cogito” de Descartes).

A consciência é produto do distanciamento do homem/mundo,

Homem/natureza, ela nasce como uma ponte, um meio de comunicação

entre a interioridade e a exterioridade.

Sua função é traduzir as forças da vida que nos são sempre inconscientes,

para o mundo dos códigos, da linguagem; a consciência é um aparelho de

conhecimento.

Já a produção do sujeito de conhecimentos resulta do exercício da

consciência. É a consciência, como aparelho de conhecimento, que sustenta

a crença na segurança e na certeza das categorias da razão. Essa

segurança, que emerge com a filosofia de Descartes, termina por produzir

um sujeito autônomo, capaz de preparar o advento da modernidade

científica e filosófica.

É Descartes quem funda a crença na autonomia representativa do sujeito; a

partir dele a categoria fundada com a ideia de vontade adquire a segurança

e a certeza de si.

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17 de maio de 2012

Imannuel Kant e o criticismo

“Sem a sensibilidade nenhum objeto nos seria dado, sem o intelecto,

nenhum objeto seria pensado. Sem conteúdo, os pensamentos são

vazios; sem conceitos, as instituições são cegas” Imannuel Kant.

Imannuel Kant nasceu (1724), viveu e morreu (1864) na cidade de

Königsberg, no então Reino da Prússia.

Tinha muitos irmãos e sua família era pobre, profundamente religiosa,

sendo-lhe ministrada uma sólida educação moral.

Era extremamente metódico. Conta-se que os moradores de Königsberg

acertavam seus relógios pelas caminhadas diárias do filósofo, sempre no

mesmo horário.

Foi apontado por vários estudiosos de seu sistema, como um dos

pensadores mais rigorosos da Filosofia moderna.

Kant viveu em uma época em que o pensamento moderno tinha como

elementos fundamentais o homem, a liberdade o individualismo, visão de

mundo que se desenvolveu vinculada à burguesia.

Elabora uma filosofia que reflete não apenas a capacidade da razão de obter

conhecimento, mas também sobre as expressões da liberdade humana.

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Em sintonia com o racionalismo e o empirismo, Kant abandona as

pretensões que a metafísica cultivava de chegar à essência das coisas. Está

convencido de que o caminho para o conhecimento do homem moderno é a

ciência, a experimentação e o estudo dos fenômenos.

Como iluminista, acredita na razão universal, na emancipação do homem e

em seu aperfeiçoamento.

Confia que, aprendendo a utilizar a razão, o ser humano é capaz de ser o

legislador em um reino de finalidades e de alcançar a autonomia da vontade

de modo a sair da “minoridade” e ingressar na “maioridade”.

Neste sentido, a sua filosofia traz profundas implicações pedagógicas,

provocando uma reviravolta no âmbito das teorias educacionais: ela

desbanca a posição soberana e autoritária do educador, exigindo que o

educando seja concebido como um sujeito ativo do processo pedagógico, e

não mais como espectador passivo.

Tal reviravolta está na base da ideia democrática de educação, defendidas

por teorias pedagógicas contemporâneas.

No entanto, Kant, ao contrário da euforia do seu tempo, propõe analisar o

alcance da razão humana, seus limites e possibilidades. Se a razão no

mundo moderno estava sendo erguida para julgar a tradição, a religião, a

autoridade, os mitos e as crenças, era necessário também submeter ao

exame, sua própria capacidade.

O fato de não reconhecer outra autoridade acima de si, não devia impedir

de aprender a criticar a própria razão.

Assim, enquanto dissolve as pretensões da metafísica, Kant chega também

à conclusão de que a razão humana é limitada.

É a partir dessa reflexão que Kant escreve o livro “Crítica da Razão Pura”,

fazendo uma investigação crítica do poder da razão (criticismo), ou seja,

indaga até onde vai nosso conhecimento.

Como resposta afirma que os únicos resultados que podemos alcançar são

aqueles derivados das ciências. Assim, ao escrever a “Crítica da Razão

Pura”, Kant mostra que o sujeito e o objeto de relacionam e se

complementam.

Afirma que para se conhecer é necessário estabelecer relações entre as

coisas, ou seja, avaliar e julgar (ligação entre o sujeito e o predicado).

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Bibliografia

Nietzsche, F. “Culpa”, “má consciência” e coisas afins. In: Genealogia da

Moral. São Paulo: Cia das Letras.

__________. Como o “mundo verdadeiro” se tornou finalmente fpábula. In:

Crepúsculo dos Ídolos. São Paulo: Cia das Letras.

__________. A crença no “eu”. Sujeito. In: Vontade do Poder. Ed.

Contraponto.

FIM

Sugestão de leitura (não é para a prova)

Artigo escrito pelo Prof. Guisard, a ser publicado na

próxima edição da revista eletrônica “OMNIA LUMINA”.

MATÉRIA PARA A PROVA REGIMENTAL

Desde Sócrates e Platão aula de 15 de março

Até Kant aula de 17 de maio