26
WAGE-LABOR NEXUS, FINANCEIRIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL NO BRASIL Evolução, Configuração Atual e Interdependências Estruturais MIGUEL BRUNO UERJ-UCAM/Campos e Doutorando do IE/UFRJ-EHESS/PARIS RESUMO – O artigo analisa a evolução e a configuração atual de duas formas institucionais fundamentais à dinâmica de longo prazo da economia brasileira: a wage-labor nexus (WLN) por seus impactos sobre as formas de obtenção, difusão e distribuição dos ganhos de produtividade entre capital, trabalho, finanças e governo; e o regime monetário-financeiro (RMF), como um resultado da conjunção de estruturas organizacionais e institucionais que determinam as macro-regularidades básicas à circulação monetária e financeira. Explicita o modo como as configurações dessas formas institucionais, sua hierarquia e complementaridade condicionam decisivamente o ritmo de acumulação de capital e o crescimento econômico do país. Neste contexto, a hipótese de financeirização da economia brasileira é examinada em suas conseqüências sobre os padrões de acumulação, através de dados empíricos e da análise de séries temporais de médio e longo prazos. ABSTRACT - The paper analyzes the evolution and the current configuration in two fundamental institutional forms to the dynamics of long period of the Brazilian economy: the wage-labor nexus (WLN) for their impacts about the obtaining forms, diffusion and distribution of the productivity gains among capital, work, finances and government; and the monetary-financial regime (RMF), as a result of the conjunction of organizational and institutional structures that determines the basic macro- regularities to the monetary and financial circulation. The paper examines too the way as the configurations in those institutional forms, her hierarchy and complementarity determines the rhythm of capital accumulation and the economic growth of the country decisively. In this context, the hypothesis of “financiarisation” of the Brazilian economy is examined in their consequences on the accumulation patterns, through empiric data and of the long period time-series analysis. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 2 2. A WAGE-LABOR NEXUS (WLN) COMO PRIMEIRA FORMA INSTITUCIONAL DE BASE ....... 2 2.1 O conceito de wage-labor nexus (WLN) e suas implicações.......................................................... 3 2.2 As configurações-tipo da WLN ...................................................................................................... 4 2.3 A WLN no Brasil: flexibilidade estática e (des)institucionalização em uma “construção incompleta” ........................................................................................................................................... 5 2.4 WLN e o padrão de acumulação de capital na economia brasileira. .............................................. 8 3. O REGIME MONETÁRIO-FINANCEIRO COMO SEGUNDA FORMA INSTITUCIONAL DE BASE ...................................................................................................................................................... 12 3.1 O conceito de regime monetário-financeiro e sua relevância ....................................................... 12 3.2 O fenômeno da “financeirização” na economia brasileira ............................................................ 13 3.3 A hipótese de complementaridade e hierarquia das formas institucionais ................................... 16 4. LUCRO, FINANCEIRIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL: A DESCONEXÃO NO PERÍODO PÓS-REAL ........................................................................................................................... 20 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS – O QUE MUDOU E O QUE PERMANECE ? ................................. 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................... 25

FINANCEIRIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL NO BRASIL

Embed Size (px)

DESCRIPTION

FINANCEIRIZAÇÃO E ACUMULAÇÃO DE CAPITAL NO BRASIL

Citation preview

WAGE-LABOR NEXUS, FINANCEIRIZAO EACUMULAO DE CAPITALNO BRASILEvoluo, Configurao Atual e Interdependncias EstruturaisMIGUEL BRUNOUERJ-UCAM/Campos e Doutorando do IE/UFRJ-EHESS/PARISRESUMOOartigoanalisaaevoluoeaconfiguraoatualdeduasformasinstitucionaisfundamentais dinmica de longo prazo da economia brasileira: a wage-labor nexus (WLN) por seusimpactos sobre as formas de obteno, difuso e distribuio dos ganhos de produtividade entre capital,trabalho, finanas e governo; e o regime monetrio-financeiro (RMF), como um resultado da conjunodeestruturasorganizacionaiseinstitucionaisquedeterminamasmacro-regularidadesbsicascirculaomonetriaefinanceira.Explicitaomodocomoasconfiguraesdessasformasinstitucionais, sua hierarquia e complementaridade condicionam decisivamente o ritmo de acumulaodecapitaleocrescimentoeconmicodopas.Nestecontexto,ahiptesedefinanceirizaodaeconomiabrasileiraexaminadaemsuasconseqnciassobreospadresdeacumulao,atravsdedados empricos e da anlise de sries temporais de mdio e longo prazos.ABSTRACT-ThepaperanalyzestheevolutionandthecurrentconfigurationintwofundamentalinstitutionalformstothedynamicsoflongperiodoftheBrazilianeconomy:thewage-labornexus(WLN) for their impacts about the obtaining forms, diffusion and distribution of the productivity gainsamong capital, work, finances and government; and the monetary-financial regime (RMF), asa resultoftheconjunctionoforganizationalandinstitutionalstructuresthatdeterminesthebasicmacro-regularitiestothemonetaryandfinancialcirculation.Thepaperexaminestoothewayastheconfigurationsinthoseinstitutionalforms,herhierarchyandcomplementaritydeterminestherhythmofcapitalaccumulationandtheeconomicgrowthofthecountrydecisively.Inthiscontext,thehypothesisoffinanciarisationoftheBrazilianeconomyisexaminedintheirconsequencesontheaccumulation patterns, through empiric data and of the long period time-series analysis.SUMRIO1. INTRODUO.................................................................................................................................... 22. A WAGE-LABOR NEXUS (WLN) COMO PRIMEIRA FORMA INSTITUCIONAL DE BASE....... 22.1 O conceito de wage-labor nexus (WLN) e suas implicaes.......................................................... 32.2 As configuraes-tipo da WLN...................................................................................................... 42.3 A WLN no Brasil: flexibilidade esttica e (des)institucionalizao em uma construoincompleta ........................................................................................................................................... 52.4 WLN e o padro de acumulao de capital na economia brasileira. .............................................. 83. O REGIME MONETRIO-FINANCEIRO COMO SEGUNDA FORMA INSTITUCIONAL DEBASE ...................................................................................................................................................... 123.1 O conceito de regime monetrio-financeiro e sua relevncia....................................................... 123.2 O fenmeno da financeirizao na economia brasileira............................................................ 133.3 A hiptese de complementaridade e hierarquia das formas institucionais ................................... 164. LUCRO, FINANCEIRIZAO E ACUMULAO DE CAPITAL: A DESCONEXO NOPERODO PS-REAL........................................................................................................................... 205. CONSIDERAES FINAIS O QUE MUDOU E O QUE PERMANECE ?................................. 22REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.................................................................................................... 25221. INTRODUOAevoluoeaconfiguraoatualdeduasformasinstitucionaisfundamentaisdinmicadelongo prazo da economia brasileira so analisadas neste artigo. A wage-labor nexus (WLN) ou rapportsalarial,porseusimpactossobreasformasdeobteno,difusoedistribuiodosganhosdeprodutividade entre capital, trabalho, finanas e governo. O regime monetrio-financeiro (RMF), comoumresultadodaconjunodeestruturasorganizacionaiseinstitucionaisquedeterminamasmacro-regularidades bsicas circulao monetria e financeira. A seo 2 define o conceito de WLN, mostrasuas implicaes analticas e as configuraes-tipo para o caso da economia brasileira. A seo 3, apsdefiniroregimemonetrio-financeiro,mobilizaahiptesedefinanceirizaoparaanalisarsuasimplicaescomrelaoaopadrodeacumulaoatual.Aquartaeltimaseoconcluipelaespecificidadedaglobalizaobrasileiraonde,entreoutrascontradies,aexpansodamassadelucrosbrutosnocontribuiparaaelevaodastaxasdeacumulaoprodutivadecapital.Oartigomobiliza dados empricos setoriais (finanas e indstria) e a anlise grfica de sries macroeconmicasde mdio e de longo prazo da economia brasileira.2. A WAGE-LABOR NEXUS (WLN) COMO PRIMEIRA FORMA INSTITUCIONAL DE BASEApartirdoinciodosanos90,ahiptesedehierarquiaecomplementaridadedaschamadasformasinstitucionais(awage-labornexus,oregimemonetrio-financeiro,asrelaesEstado-economia, os padres de concorrncia e as formas de insero internacional) passou ao primeiro planodas anlises histricas e das comparaes internacionais desenvolvidas pelas abordagens em termos deregulao1.Aidiabsicaoriginou-sedaspesquisassobreosregimesdeacumulaofordista,aoexplicitaremasinterdependnciasestruturaisentreessasgrandesreasdargulationdensembleoumacroeconmica. Por seus impactos determinantes no processo de acumulao de capital, os conceitosdewage-labornexus(ourapportsalarial)ederegimemonetrio-financeirosoduasdasnoesdebase mobilizadas neste contexto2.

1Refere-seTeoriafrancesadaRegulao,desenvolvidaporautorescomoR.BOYER,P.PETIT,B.THRET,B.BILLAUDOT, B. AMABLE e F. LORDON entre outros.2 A traduo corrente no Brasil do conceito de rapport salarial por relao salarial no rigorosamente correta, uma vezqueestaabordagemmobilizaanooderelationsalarialparaexpressarosvnculosestruturaisentrecapitaletrabalhoassalariado a nvel setorial e microeconmico. A nvel macroeconmico, as macroanlises em termos de regulao utilizamoconceitoderapportsalarial,compostopelaconjunodatotalidadedasrelationssalariales.Mascomonoexisteemlnguaportuguesaumvocbuloquepossadiferenciaressasduasnoes,paraseevitarqualquerconfusooptou-sepormanter a traduo inglesa wage-labour nexus utilizada nos trabalhos de R. BOYER (1988, 1995, 1998).332.1 O conceito de wage-labor nexus (WLN) e suas implicaesA WLN pode ser definida como uma determinada configurao institucionalizada dos vnculosentrecapitaletrabalhoassalariadoemsuasduasdimensesfundamentais:comorelaodedistribuioprimriadarenda(adivisosalrio-lucro)ecomorelaodeproduo(asformasorganizacionais do processo de trabalho). A relevncia terica e emprica deste conceito reside no fatodequeparaaseconomiascapitalistas,aformavigentedaWLNumelementofundamentalnamacrodinmicadeumregimedeacumulao,determinando,emgrandemedida,aformacomoadistribuio afeta o crescimento econmico. Conforme BOYER (1995), desde que nessas economias osassalariadosconstituemamaioriadaforadetrabalho,3asformasdeorganizaodaproduoeossistemasderemuneraoquelhessoassociadostornam-secruciaisparaaexplicaradireoeavelocidadedamudanatcnica,bem como o grau de equidade na distribuio da renda.4 Alm disso,ossistemasdeseguridadesocialedemaiscomponentesdosserviospblicos(educao,sade,etc.)dependemdiretamentedasconfiguraesinstitucionalizadasdaWLNparaoseufinanciamentoecoerncia macroeconmica.Como observa CORIAT (1994):(...) na relao capital-trabalho, tal como ela se articula historicamente, que se tornamlegveis os modos de desempenho e obteno dos ganhos de produtividade, e ainda emgrandemedida,assuasformasdedivisoededifusoatravsdosgruposecategoriassociais.Pode-seconsiderarqueosregimesdecrescimentooudeacumulaoassumemseucarterespecificamentecapitalistaapartirdomomentoemqueaWLNtorna-seaprincipalrelaodeproduo e de apropriao do excedente econmico. Para fins operativos, as abordagens regulacionistasnormalmentesubdividemaWLNemcincocomponentes:a)tiposdemeiosdeproduo(ouseja,asespecificidades das bases tcnicas produtivas disponveis); b) as formas da diviso social e tcnica dotrabalho;c)asmodalidadesdemobilizaoedevnculodosassalariadossempresas;d)osdeterminantesdarendasalarialdiretaeindireta(esteltimoatravsdedispositivosinstitucionaisqueviabilizamaseguridadesocial,osserviospblicosdesade,educao,etc.);ee)omododevidaassalariado, uma resultante da conjugao das outras quatro componentes que fornece uma estimativadospadresdeconsumoassalariado,desuaqualidadedevidaeinseronassociedadessalariais.O

3 BILLAUDOT fala em sociedades salariais e prope definir o capitalismo no como exclusivamente mercantil (como faza teoria neoclssica), nem como fundamentalmente monetrio (como propem as abordagens ps-keynesianas), mas comouma economia mercantil-monetria-salarial.4ObservaBOYERquethepostW.W.IIexceptionalgrowthwouldnothaveoccurredifthewage-earnershadnotbeeninserted into mass-consumption and mass-production.44presenteestudobuscarmostrarocarterconcorrencialdaWLNbrasileira,apontando-o,juntamentecom as particularidades do regime monetrio-financeiro vigente, como fator de instabilidade estruturale de crise. Anlises subseqentes explicitaro as especificidades dos demais componentes, inclusive anvel setorial ou das relaes salariais.2.2 As configuraes-tipo da WLNDeacordocomapocahistricaouaregiogeogrficaestudada,aWLNpodeapresentar-secomo variantes de duas configuraes-tipo: a) uma WLN concorrencial pode ser observada quando oconsumodostrabalhadoresassalariadosaindanoseapresentaplenamenteinseridonaproduocapitalista (forma predominante no sculo XIX) ou quando a formao dos salrios ocorre basicamentepor mecanismos de mercado (regies ou pases onde os trabalhadores e suas associaes possuem fracopoder de barganha e os salrios refletem as tenses entre oferta e demanda por fora de trabalho). Numtal contexto, no h diviso ex ante dos ganhos de produtividade, mas determinao concorrencial dossalrioseonveldecontratualizaooudeinstitucionalizaodasrelaesdeempregotendeasermuitobaixo;b)umaWLNno-concorrencialpodeseridentificadaquandoosmecanismosdeformaodossalriosescapam,pelomenosparcialmente,sinflunciasdiretasdomercadodetrabalho.5 Neste caso pode-se observar a vigncia de um conjunto de regras, convenes e instituiesquerespondempelacodificaodosvnculosentrecapitaletrabalho,estabelecendo,entreoutrasimplicaes, alguma forma de diviso ex ante dos ganhos de produtividade e de recomposio do poderaquisitivo diante de perdas inflacionrias.Em termos gerais, o primeiro tipo de WLN caracteriza-se por grande flexibilidade quantitativa esalarial,contrariamenteaosegundotipo.Todavia,aWLNno-concorrencialmostra-semaisaptaaoutrosnveisoudimensesdeflexibilidadeinternasempresa(polivalnciaoumultifuncionalidade,remunerao flexvel em funo do faturamento, mas com estabilidade das relaes de emprego, etc.)6.Entre esses dois casos tericos polares, as economias reais podem engendrar configuraes intermdiasemfunodograudeinformalidadedasrelaesdetrabalho,dasinterdependnciasdossistemastcnico-produtivos com os sistemas de remunerao, dos padres de presena e interveno do Estadooumesmodefatoresquantitativosquedependemdocontingente de fora de trabalhodisponvelface

5ComoemKEYNES,ateoriadaregulaonoapreendeomercadodetrabalhocomoummercadodefato.Masoconceito utilizado em razo de seu uso corrente na literatura econmica, sem que isto signifique que se esteja apreendendoasrelaesdeempregocomorelaespuramentemercantis,ondeasconvenes,regrasouinstituiessurgiriammuitomais como fatores de perturbao ou geradores de rigidez.6 Exemplos comuns na literatura regulacionista referem-se aos casos do Japo e Alemanha e Sucia.55snecessidadesdaacumulaodecapital.7Ummodelosimplesparaaformaodossalriospoderepresentar esses dois tipos bsicos da wage-labor nexus, em funo dos valores dos parmetros:N P PR k WR . . . + + = , onde WR o salrio mdio real; PR a produtividade do trabalho; P onvelgeraldepreoseNonveldeemprego.Se0 ; 0 = = k e0 > tem-seumaformaopuramenteconcorrencialdossalrios,caracterizandoavignciadeumaWLNconcorrencial.Se0 ; 0 > > k e0 = ento se trata de uma WLN fundamentalmente no-concorrencial. Mas mesmo queoparmetrosejaestatisticamentemaiordoquezero,casoemquehalgumgraudeindexaodossalrios evoluo do ndice geral de preos, isto no suficiente para eliminar o carter concorrencialda WLN. este o caso da WLN na economia brasileira durante o perodo de alta inflao, como sermostrado nas prximas sees.2.3AWLNnoBrasil:flexibilidadeestticae(des)institucionalizaoemumaconstruoincompletaAinstitucionalizaoprecoceeaconstruoincompletaforamduasdascaractersticasidentificadas pioneiramente por CORIAT e SABOIA (1988 e 1995). Precoce, porque desde os anos 30os principais componentes relativos s formas de contratualizao e s estruturas de seguridade socialencontram-secodificadosconstitucionalmente.Masincompleta,porquealegislaotrabalhistaeoacesso aos sistemas de previdncia social permanecem margem de praticamente metade da fora detrabalho, em razo da informalidade. Este fato se deve, em grande parte, ao prprio carter inacabadodo Estado de Bem-Estar brasileiro e de problemas estruturais maiores como a excessiva concentraodapropriedadeedarendajuntamentecomabaixarepresentatividadedevriossegmentosdapopulao no seio do aparelho de estado.GRF.1OProcessodedesinstitucionalizaodaWLNbrasileiraanterioraberturacomercial e financeira.

7Portanto,opadrodemercadodetrabalhoneoclssicoconcorrencialseriaapenasumcasotericoespecfico,noconstituindo um modelo universalizvel, nem em suas supostas virtudes, nem por suas desvantagens intrnsecas.66INFORM = 95,4881 + 1,069.PIB Relaes salariais formais (FORM) Relaes salariais informais (INFORM) PIB trimestriel ( Y )1982 061983 121985 061986 121988 061989 121991 061992 121994 061995 121997 061998 122000 062001 1290100110120130140150160170180190Numro de trabalhadores por categoria (Indice: 1982 = 100)FORMINFORMYFONTE: Elaborado a partir de dados do IBGE.AdesestruturaodaWLNantecedemudananaformadeinserointernacional,nosanos90.Suascausasprovveistalvezseencontremtantoemfatoresinstitucionaiscomonosdesdobramentos da crise do regime de acumulao responsvel pelo milagre nos anos 70 (Grfico1).At 1989, as relaes salariais formais e informais evoluam ambas em correlao positiva com o PIB.A partir de 1990, o segmento formal - cuja dinmica no perodo anterior permanecera mais conectadaaoPIBdoqueosegmentoinformal-descola-seabruptamenteparabaixoepermaneceligeiramenteacima do patamar de 100. Isto significa que h visivelmente grande dificuldade da economia brasileiraparaexpandironveldeempregoformalnaltimadcada.Jasrelaessalariaisinformaisencontram-se em uma trajetria persistente de expanso positivamente relacionada com o crescimentoeconmico.Emsuma,istosugerequeosistemaeconmicoreduziuosquadrosformaisatolimitenecessrio para fazer frente s transformaes estruturais que lhes foram impostas pelo Estado e pelalgicadaglobalizaoemantmosegmentoinformalcomovariveldeajusteaoscicloseconmicos.Conseqentemente,fatoresinstitucionaiseeconmicosseconjugaramaolongodahistriaemantm a WLN brasileira sob uma configurao eminentemente concorrencial. O grau de flexibilidadequantitativaesalarialpotencializadotantopelaprprialegislaotrabalhistavigente(asflexibilizaesprocessadasnaCLTdesdeoperododoregimemilitar)quantopelaincapacidadeedesestmulodosistemaformaldeempregoparaabsorveraforadetrabalhodisponvelnosquadrosdessamesmalegislao.Nestecontexto,oelevadograudeinformalidade(maisde50%dasrelaessalariaisedeemprego)tendeadesencorajarosempregadoresporassimdizer,cumpridoresdalei.Fato lastimvel observado quando o prprio Estado, em tese o agente que deve zelar pelas garantias77constitucionais e dar o exemplo maior ao setor privado, promove um amplo processo de terceirizaoprecarizantedeserviosfundamentaispopulao,ondeostrabalhadoressocontratadossemnenhum vnculo formal que configure uma relao institucionalizada de emprego. Acrescente-se a essequadroobaixonveldesindicalizaoedeparticipaoefetivadostrabalhadoresemmovimentossociais e polticos e tem-se o conjunto de fatores que explicam a configurao da WLN brasileira comouma forma institucional hierarquicamente subordinada. Um rapport salarial amplamente concorrencialesegmentado,apesardepermanentementemonitoradopeloEstadodemaneiraaadequ-loaosimperativosconsideradosmaioresdeestabilidademonetriaedosequilbriosoramentrioedobalano de pagamentos.OcarterconcorrencialdaWLNbrasileirapodeserconstatadomedianteumaanlisegrficautilizando-se o filtro 4253H8 que elimina as flutuaes de curto prazo sem descaracterizar as dinmicasdassriesdeemprego,produoindustrialesalriomdioreal.Obtm-seassimumaestimativadocomportamentodelongoprazodessasvariveis(Grfico2).Aco-evoluodessasvariveisemumcomportamentopr-cclicorevelaaelevadaflexibilidadequantitativaesalarialmesmonosetorindustrial,quetradicionalmentepossuiumcoeficientemaiordeinstitucionalizaodasrelaesdeemprego.AevoluononveldaeconomiatotalpodeserobservadanoGrfico3ondesenotaareduo das taxas de expanso do nvel geral de emprego para o patamar de 2% a.a. Apesar de ser umatendnciadaindstrianaeconomiamundial,asituaobrasileirarevela-separticularmentepreocupante quando o emprego industrial permanece estagnado a partir de 2001 e o salrio mdio realsob crescimento negativo desde 1998. Para a economia nacional, essa trajetria de declnio inicia-se em1999 (Grfico 3).GRF.2Dinmicadaproduo,dosalriomdiorealedonveldeempregonaindstriabrasileira (1972-2003)

8 Esse recurso com sua lgica estatstica de construo encontra-se disponvel no software Statistica 6.0 .88 Taxa de crescimento do emprego industrial (N) Taxa de crescimento da produo industrial (PI) Taxa de crescimento do salrio real mdio na indstria (WR)1972 1975 1978 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002-8%-6%-4%-2%0%2%4%6%8%10%12%14%16%FONTE: Elaborado a partir de dados do IBGE, CNI e IPEADATA.NOTA: Sries filtradas pelo filtro 4253H.2.4 WLN e o padro de acumulao de capital na economia brasileira.Numprocessodeacumulaodominanteextensivaosinvestimentossodestinadosprincipalmente expanso das capacidades de produo. Se os investimentos visam a um crescimentosignificativodosganhosdeprodutividadeapartirdaintroduodenovastecnologiasemtodosdeproduo,entodizqueoprocessodeacumulaotendeparaumpadrodominanteintensiva.Embora essa classificao seja analiticamente relevante pelos efeitos que essas formas de acumulaoexercemsobreomundodotrabalhoeento,sobreoconfiguraodaWLN,sonecessriostestesempricosadicionaisparaumataxionomiamaisprecisa.Aanlisegrficanoossubstitui,maspodeforneceralgunssinaisindicativosdavignciadessespadresepossui,portantocarterprospectivoepreliminar.OexamedoGrfico4mostraqueaeconomiabrasileirateriaevoludosobumprocessodeacumulao dominante extensiva durante os anos 50. O emprego se expande juntamente com o PIB,masosganhosdeprodutividadepermanecemrelativamenteestacionadosem4%a.a.esemostrammenossensveisdinmicadocrescimentoeconmico.Acrisede1963marcaapassagemparaumnovo regime de acumulao dominante intensiva, onde os ganhos de produtividade so dinamizadospelofortecrescimentoquemarcouomilagreeonvelgeraldeempregovoltaaseexpandirconcomitantemente.99GRF. 3 Dinmica do PIB, do salrio mdio real e do nvel de emprego na economia brasileira(1972-2003) Taxa de crescimento do nvel geral de emprego Taxa de crescimento do PIB Taxa de crescimento do salrio mdio real1972 1975 1978 1981 1984 1987 1990 1993 1996 1999 2002-4%-2%0%2%4%6%8%10%12%14%FONTE: Elaborado a partir de dados do IBGE, CNI e IPEADATA.NOTA: Sries filtradas pelo filtro 4253H.Com os desdobramentos, nos anos 80, da crise do regime de crescimento do milagre, as taxasde crescimento do emprego estacionam em torno de 3% a.a. at o final desta dcada. Nos anos 90, astaxasatingemumpatamaraindamaisbaixode1%a.a..Entre1990e1996,voltamacrescer,masestacionam em torno de 2,5% a.a.. muito explcito o padro pr-cclico da produtividade do trabalhoque segue a dinmica do PIB ao longo de todo perodo ps-crise de 1963. Observe-se que o curto cicloexpansivo dos anos 90 o de menor amplitude entre os demais da srie e o emprego tem as piores taxasde expanso.GRF.4Dinmicadaprodutividade,doPIBedonveldeempregonototaldaeconomiabrasileira(1951-2002)1010 Taxa de crescimento da produtividade do trabalho Taxa de crescimento do PIB Taxa de crescimento do nvel geral de emprego195119541957196019631966196919721975197819811984198719901993199619992002-4%-2%0%2%4%6%8%10%12%FONTE: Elaborado a partir de dados do IBGE, CNI, FGV e IPEADATA. Dados para o nvel de emprego no perodo (1951-1980) foram obtidos em MARQUETTI (1998) e confrontados aos anos censitrios e s Pnads.NOTA: Sries filtradas pelo filtro 4253H.GRF. 5 Trs fases principais na evoluo do salrio real e do emprego na economia brasileira(1966-2002).Salrio mdio real ( W ) e emprego (N): diagrama de disperso e Lowess smoothing4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6Ln ( N )4,54,64,74,84,95,05,15,2Ln ( W )19661973197919902002Do grfico 4 pode-se observar trs fases contrastadas da dinmica do salrio real e do emprego.Entre 1966 e 1979 (apogeu e crise do milagre e II PND), os salrios so muitos sensveis s variaesdonveldeemprego(>1),confirmandoahiptesedevignciadeumaWLNpreponderantemente1111concorrencial. A segunda fase compreende a dcada de 80, onde em razo da vigncia de um regimemonetrio-financeiroinflacionistaedaprpriaestagnaodaeconomiabrasileiraaelasticidade-empregodossalriosreduz-sedrasticamente.Noentanto,aterceirafaseps-1990queseapresentacomo particularmente atpica, medida que a relao se inverte e a expanso do emprego ocorre comreduo salarial.GRF.6Quatrofasesprincipaisnaevoluodaprodutividadeedoempregonaeconomiabrasileira(1967-2002).Produtividade do trabalho (PR) e emprego (N): diagrama de disperso e Lowess smoothing4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6Ln ( N )4,54,64,74,84,95,05,15,25,35,4Ln ( PR )19941980 2002196719731992Aprimeirafase(1967-1979)excepcionalpoisosganhosdeprodutividadeocorremcomexpansodoemprego.Masaausnciadeganhosdeprodutividadenadcadade80caracterizaasegunda fase.Com a abertura econmica dos 90, a produtividade e o emprego voltam a crescer. Pormapartirde1998,osganhosdeprodutividadevoltamapatinharcomoprevistopelaleideKaldor-Verdoorn.9

9 Segundo a lei de Kaldor-Verdoorn, o crescimento do produto dinamiza a produtividade do trabalho. Mas como astendncia estagnacionistas permanecem desde os finais dos 90, os ganhos de produtividade na economia brasileiraterminaram se arrefecendo.12123.OREGIMEMONETRIO-FINANCEIROCOMOSEGUNDAFORMAINSTITUCIONALDE BASEHistoricamente, o Estado brasileiro tem sido o agenciador direto de um processo de adequaocontnua dos regimes monetrios-financeiros s exigncias de estruturas produtivas e de demanda quesempre tiveram de enfrentar o difcil problema da constituio da moeda nacional. De fato, um grandeproblema em se tratando de uma economia ainda em desenvolvimento, caracterizada por forte restrioexternaderivadadesuasformassubordinadasdeinserointernacional.Atendnciainflao,asdificuldadesdefinanciamentodelongoprazoeaatrofiadomercadodecapitaissoalgunsdosaspectosquesereforammutuamentecomopremissaeresultadodasdistoresestruturaisquecaracterizamestetipodeeconomia.Compreenderadinmicadasrelaesmonetriasefinanceirasnestecontexto,constituiumadasetapasnecessriasparaseapreenderasespecificidadesdasformasatravsdasquaisocapitalbancrio-financeiroimpelimitesaocrescimentoeconmicoeaomesmotempo se nutre das tendncias estagnacionistas que marcam esses ltimos vinte anos.3.1 O conceito de regime monetrio-financeiro e sua relevnciaNadefiniopropostaporAGLIETTA(2001),aorganizaodamoedasobaformadeumregimemonetriorelativaaoespaoeconmiconacionaledeverespeitardoisprincpiosfundamentais:i)existeumaunidadedecontacomumquedelimitaumespaomonetrio;ii)todatransaoeconmicaconduzidaemmoeda,ouseja,todosaldononuloentrereceitasedespesasindividuaisreguladoemmoeda.Emtermosoperacionais,osregimesmonetriossoconjuntosespecficosdeinstrumentosedeobjetivosintermediriosligadospolticamonetria.Podemestarfundados sobre regras ou basear-se em julgamentos discricionrios.Nos quadros da anlise aqui proposta, um regime monetrio-financeiro ser definido como umresultado da conjuno de estruturas organizacionais e institucionais (pblicas e privadas) que servemde suporte circulao monetria e financeira, garantindo-lhe formas de regularidade determinadasemfunodasatividadeseconmicas,dasrelaesEstado-economiaedoprprionveldedesenvolvimentodaacumulaodecapital.Conseqentemente,estadefinionopretendefazerabstrao das intervenes deliberadasdasautoridadesgovernamentais.Pelocontrrio,seuobjetivoenfatizar os aspectos estruturais que permitam apreender o modo como a poltica monetria (e tambma fiscal) tem o seu raio de ao sempre limitado pelos arranjos organizacionais e institucionais vigentes,1313 medida que estes codificam os vnculos monetrios e financeiros entre agentes econmicos.10 Nestadefinio,oregimemonetrio-financeirosurgenecessariamentecomoumdoscomponentes-chavedaregulao a nvel macroeconmico11 e baseia-se nas seguintes premissas: a) a moeda uma instituiofundamental que surge como uma construo institucional e no um atributo puramente mercantil; b) odesenvolvimento econmico pressupe a interveno da moeda e de outros instrumentos ou ativos quelhecorrespondam;c)oEstadotemacapacidadedeinfluenciaremesmoremodelaroregimemonetrio-financeiroemfunodasescolhasdepolticaeconmicaqueeledispe,dasformaspossveisdeinserointernacionaledasestruturasquesuportamaacumulaoprodutivanossetoresno-financeiros;d)umregimemonetrio-financeiropodeentoserfavorvelaodesenvolvimentodocrdito para os setores diretamente produtivos (indstria e agricultura) quando uma poltica monetriade acomodao ou pelo menos no-restritiva encontra-se a ele associada. Ou ento pode servir de base,deformapreponderante,paraumaacumulaofinanceiraimprodutiva,casoemqueseobservaapermannciaporlongosperodosdeumapolticamonetriarestritivaquetendeabloquearoupelomenosdificultarodesenvolvimentodasformasdeemprstimoefinanciamentoaossetoresno-financeiros.3.2 O fenmeno da financeirizao na economia brasileiraUm processo de financeirizao ocorre quando a participao relativa dos ativos financeiros nototaldeativosdasempresasno-financeirasedasfamliasatingemcifrasconsiderveisporseusimpactos nas decises de investimento e acumulao de capital produtivo. Podem ser utilizados vriosindicadores como a proporo da riqueza em aes e ttulos pela renda disponvel; total dos ganhos decapital / renda disponvel; parte das aes e obrigaes / ativos financeiros das famlias; SIFIM / PIB12,rendimento das obrigaes; rentabilidade de referncia, etc.. Mas uma questo bsica a ser investigadadizrespeitoaopadrodominantedefinanceirizao.Adependerdonveldedesenvolvimentoeconmico do pas, a tendncia subjacente financeirizao para aprofundar a lgica especulativa dosinvestimentos em portflio pode variar e assumir formas contrastadas. Anlises recentes e comparaesinternacionaisrevelamqueograudefinanceirizaodaeconomiadosEUAexcepcional(BOYER,2000e2002).Contudo,ahiptesemobilizadanestetrabalhosustentaquesepodemidentificarum

10 neste sentido que, como observa BILLAUDOT (2001), a poltica econmica depende das especificidades do modo deregulao e do regime de acumulao que lhe a resultante macroeconmica.11Trata-sedachamadargulationdensembleouglobal,conformeoconceitodemododeregulaopropostopelateoriafrancesa da regulao (R. BOYER, BILLAUDOT, B. THRET, P. PETIT).12 Os servios de intermediao financeira indiretamente medidos (SFIM) compreendem basicamente o diferencial entrejuros recebidos e juros pagos pelo sistema financeiro nacional. Um procedimento recomendado pelo System of NationalAccounts / ONU-IMF, para se estimar a contribuio das instituies financeiras no PIB,1414padrodefinanceirizaoinflacionistanosanos80esuatransmutaoparaumpadrousurrionadcadade90.EstaltimaformacontrastafortementecomopadrovigentenosEUA,emrazodaatrofia do mercado de ttulos de renda varivel e da hipertrofia do mercado de ttulos de renda fixa, daseu carter eminentemente usurrio e estruturalmente dependente do endividamento interno e externo.Oconceitodefinanceirizaodaseconomiasdifunde-seapartirdoprocessodeglobalizaonadcada de 90, quando uma sucesso de crises financeiras [Mxico (1995), sia (1997), Rssia (1998),Brasil (1999)] ao expor sua dimenso desestabilizadora, levantaria dvidas quanto s possibilidades deumcrescimentoforteedurvelsobcondiesdeliberalizaoirrestritadacontadecapitais.Desdeentovriosautores[CHESNAIS(1997);ORLAN(1999);BOYER(2000);LORDON(2000);STIGLITZ(2002)]passariamaassumirumaposturamaiscrticaquantoaosaspectospositivosdesseprocesso,sobretudonoqueconcerneconstituioderegimesdecrescimentomacrodinamicamenteestveis.Emoutrostermos,tratava-sedeinvestigarascondiesmacroeconmicasdeviabilidadederegimesdeacumulaodominantefinanceiraouregimesdecrescimentofinanceirizado.13Aseconomias teriam de enfrentar uma nova configurao sistmica onde a gesto da poupana coletivaconvertera-senumaformainstitucionalquepermiteasfinanasimporsualgicaaosdemaisatoreseconmicos.Nestecontexto,asmargensderentabilidadedossetoresdiretamenteprodutivossopressionadas para cima de maneira a responder a ponction rentiste (puno rentista)14 dos mercadosfinanceiros,comconseqnciassobreasdecisesdeinvestimentoeportantosobreoritmodeacumulaodecapital.Aidiadeponctionrentistetemsidoutilizadapelasanlisesemtermosderegulaoparacaracterizaradependnciaestruturaldossetoresno-financeiroscomrelaosfinanas. MIOTTI (1991), por exemplo, a mobiliza no contexto da economia Argentina para explicitaro modo como as transferncias financeiras lquidas (endividamento novo menos encargos de juros) seconstituem em uma puno rentista que limita a gesto do Estado ao reduzir drasticamente a autonomiadapolticaeconmica.Nomesmosentido,FURTADO(2003)chamaaatenoparaofatodequeaeconomiae oEstado brasileiros estariam funcionando prioritariamente para pagar juros.A partir de 1999, as instituies financeiras se apropriam de parcelas crescentes do PIB (Tabela1eGrfico7),apesardodeclniodaparticipaodosistemafinanceironacionalnovaloradicionado

13SegundoCHESNAIS,lecoupdtatquiaouvertlavoieladictaturedescranciers,ausenslargidAndrOrlan(1999),auraittimpossiblesanslespolitiquesdelibralisation,dedrglementationetdeprivatisation,passimplement dans le domaine de la finance, mais aussi des IDE et des changes de marchandises et de services. No perodo1980-1995 observa-se a devoluo ao mercado de setores ou de grandes atividades de servios que haviam sido includos nosetor pblico desde o ps-Segunda Guerra. Para CHESNAIS, numa linguagem marxista, la prtention lautonomie de lafinanceapourfondementuneextensiontrsfortelasphregopolitique,maisaussisociale,du rgnedelamarchandise .1515total da economia quando mensurada pelo SIFIM. Isto expressa o fato de que o diferencial de juros emquecalculadooSIFIMefetivamentenoumaboamedidadograudefinanceirizaodeumaeconomia.OsdadosdaTabela1soesclarecedoresdessaquestoaorevelarqueaexpansodosinvestidoresinstitucionaisnomercadofinanceirobrasileironotemimplicadoemaumentodadisponibilidadederecursosparaaformaodepoupana(produtivaoukeynesiana).Comoeradeseesperar,numaeconomiapermanentementefreadaporumapolticaeconmicavoltadaprioritariamente para o controle da inflao e garantia de rentabilidade dos aplicadoresquefinanciamasdvidasinternaeexternasosinvestidoresinstitucionaisincorporamessalgicamacroeconmicavalidada pelo prprio governo que sesenterefmdosmercadosfinanceiros globalizados. O resultadoreflete-senaelevadssimaparticipaodosativosderendafixa(querendejuros)emdetrimentodasdemais formas de alocao, inclusive as diretamente produtivas.TAB1FluxosdejurosreaisrecebidosepagospelasinstituiesfinanceirasemproporodoPIB (1995-2002)ANO JUROS REAIS RECEBIDOS / PIB JUROS REAIS PAGOS / PIB1995 28,7% 23,1%1996 21,5% 16,8%1997 19,9% 15,3%1998 23,3% 18,7%1999 42,4% 38,1%2000 18,6% 15,0%2001 29,9% 25,3%2002 46,8% 41,2%FONTE: DECNA / IBGEGRF.7 Evoluo dos juros reais recebidos e pagos pelas instituies financeiras(1995-2002) 14.16160501001502002503001995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002ndice: 1995 = 1JUROS REAIS RECEBIDOS JUROS REAISPAGOSFONTE: Elaborado a partir dos dados do DECNA/IBGE.TAB2Osinvestidoresinstitucionaisseexpandemnaglobalizaobrasileira,mascontribuem muito pouco para a acumulao produtiva de capital (2001).Renda Fixa Renda Varivel Invest. Imobilirios Outros PRIVADOS 77,2% 17,9% 3,6% 1,2%PBLICOS 65,0% 19,0% 10,6% 5,4%FONTE:MPAS/SPC/CET/BALANCETEDiversificao dos Ativos de Investimento - Junho de 2001O Grfico9 mostra que o endividamento pblico interno j representa cerca de 45% do valordas quotas dos fundos de renda fixa, cuja rentabilidade se conecta diretamente s taxas bsicas de juros.3.3 A hiptese de complementaridade e hierarquia das formas institucionaisA coerncia macrodinmica desses regimes de crescimento fordistas repousava sobre uma certacomplementaridadedasintervenesdoEstado(welfaire-state),concorrnciaoligopolista,grandeprotecionismo nas relaes internacionais, moeda de crdito e uma contratualizao de longo prazo dasrelaes capital-trabalho. Esta implicava numa partilha institucionalizada dos ganhos de produtividade,narecomposiodasperdasinflacionriasenaestabilidadedosnveisdeempregoerenda.EssaconfiguraodaWLNfordista(no-concorrencial)sfoipossvelemrazodasparticularidadesdasoutrasquatroformasinstitucionaisquesecomplementavamevalidavamocompromissosocialentrecapitaletrabalho.Emedidaquesetratavadeumcompromisso,deumavinculaohistricaeinstitucionalmenteconstruda,regras,conveneseinstituiesespecficascodificavamaestrutura1717dessemododeregulaoemantiveramaseconomiasdaOCDEnumatrajetriasemprecedentesdecrescimento forte e estvel que tornou-se internacionalmente reconhecida como os Trinta Gloriososanos de prosperidade do ps-Segunda Guerra (1945-1975).GRF. 8 A reduo da participao do SFN no PIB no implicou em uma reduo do grau definanceirizao da economia brasileira(1970-2001).0%5%10%15%20%25%30%35%1970 1975 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001PARTICIPAO DO SFN NO PIB (MENSURADA PELO SIFIM)FONTE: Elaborado a partir dos dados do DECNA/IBGE.GRF. 9 Fundos de renda fixa e dvida pblica interna (1991-2003)18180100.000200.000300.000400.000500.000600.0001991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 20030,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%Quotas de Fundos de Renda Fixa (QFIX)_milhes de R$ de 2000Dvida Pblica Interna lquida (DIVP) _R$ de 2000QFIX / DIVPFONTE: Elaborado a partir dos dados do Bacen.Trabalhosrecentesmostraramtambm,quealmdacomplementaridadedasformasinstitucionais, a hierarquia desses componentes-chave dos modos de regulao de fato crucial. Para operodofordista,aformainstitucionalhierarquicamentesuperiorforaaWLN,namedidaemque,segundo uma primeira definio proposta por BOYER (1998), impunha restries estruturais quanto configurao das demais formas institucionais. Neste contexto, a moeda de crdito e os gastos pblicosdoEstadodeBem-Estaraomesmotempoemquevalidavam,contribuamparareproduziraestabilidadedaWLNfordista,poisdeladependiammacroeconomicamente,emtermosdascontribuiessociais,dasformasvigentesdearrecadaofiscale,sobretudo,deseupotencialparaengendrarganhoselevadosdeprodutividadequesedifundiampelasestruturasdeproduoededemanda.Outradefiniovariantedaprimeiradecorredaconstataodequeseaevoluodeumaformainstitucionalforcapazdeprovocarumareconfiguraodeoutracomponentedaregulaoglobal, alterando sua lgica mais essencial, ento se diz que se trata de uma forma hierarquicamentesuperior.Observe-sequeaprimeiradefinioadequa-seaosperodosdeestabilidadedomododeregulao,enquantoqueasegundadevesermobilizadanasfasesdeesgotamentoecrise,quandoasformas institucionais passam por um processo de transformao irreversvel que precisamente o casoda economia brasileira contempornea.GRF.10Aexpansodasreservasinternacionaisnosanos90foimuitodesproporcionalaoaumento do crdito (1956-2002).19190200400600800100012001400160018002000195619581960196219641966196819701972197419761978198019821984198619881990199219941996199820002002ndice: 1956 = 100RESERVAS INTERNACIONAIS_R$ de 2000 M1 em valores de 2000FONTE: Elaborado a partir dos dados do Bacen.GRF.11Acontenooureduosalarialsomobilizadasdeacordocomarestrioexterna(1951-2002). Restrio externa [( X - M )/ (X + M)] (Eixo esquerdo) Variao do Salrio mdio real (Eixo direito)(Sries filtradas pelo filtro 4253H)195119541957196019631966196919721975197819811984198719901993199619992002-300%-200%-100%0%100%200%300%400%500%-2%0%2%4%6%8%10%FONTE: Elaborado a partir dos dados do Bacen, IBGE e Marquetti (1998) para salrio mdio entre 1951-1980.20204.LUCRO,FINANCEIRIZAOEACUMULAODECAPITAL:ADESCONEXONOPERODO PS-REALNosanos90,optou-sepelaaberturacomercialealiberalizaofinanceiracomosadaparaoesgotamentodopadroentovigentedefinanciamentodaeconomia.ORMFdualeinflacionistafoisuperadocomaimplementaodoPlanoRealqueintroduzumnovoregimeelevadarestriomonetria. Um resultado direto obaixocrescimentoemrazodaconstnciadataxadeacumulaode capital (em cerca de 6% a.a.) apesar da recuperao da taxa mdia de lucro (26%a.a).GRF. 12 Lucro e acumulao de capital se desconectam na era ps-Real. Taxa de lucro bruto ( r ) = massa de lucro / Kprod Taxa de acumulao ( g ) = Investimento / K1950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 20020%5%10%15%19%22%26%29%34%38%41%45%50%Lucro e Acumulao de capital: a desconexo ps-RealrgFONTE: Elaborado a partir dos dados do BACEN, IBGE e MARQUETTI (1998) para salrio mdio entre 1951-1980. Osvalores do estoque de capital fixo produtivo foram estimados por MORANDI (2003).Parcelas crescentes do VA dos setores produtivos so absorvidas sob a forma de juros pagos aosetor financeiro nacional e internacional. O resultado que a taxa de lucro se expande para fazer frente puno rentista impostas pelos mercados financeiros, mas s custas da formao bruta de capital fixoe da reduo da participaodos salrios no produto interno(Grficos 14 e 15).GRF.13Globalizaolabrasileira:umdiferencialcrescenteentretaxadelucroetaxadeacumulao.2121Taxa de Lucro ( r ) - Taxa de Acumulao ( g )Y = 0,2814-0,008*x+0,0001*x^21950 1954 1958 1962 1966 1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 20020,100,120,140,160,180,200,220,240,260,280,300,320,34FONTE: Elaborado a partir dos dados do Bacen, IBGE e Marquetti (1998) para salrio mdio entre 1951-1980. Os valoresdo estoque de capital fixo produtivo foram estimados por Morandi (2003).GRF. 14 Repartio do valor adicionado das empresas no-financeiras.Repartio do VA das Empresas No-Financeiras5,1% 5,9% 6,2% 6,0% 6,7% 7,5% 7,3% 7,4%21,2%13,8%10,2%12,7%13,3% 11,9%15,5%19,1%60,3%61,9%57,6%57,8% 54,8%47,9%46,7% 43,2%12,2%17,1%24,1%22,4%23,9%31,0%27,3%29,1%3,2%1,7% 1,4%1,2%1,3%1,1%1,8%1,3%0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%100%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002IMPOSTOS TOTAISPAGAMENTO LQUIDO DE JUROS REAISPAGAMENTO LQUIDO DE DIVIDENDOS SALRIOS E CONTRIBUIESLUCRO EMPRESARIAL LQUIDOFONTE: Elaborado a partir de dados do DECNA/IBGE. NOTA: o lucro empresarial lquido foi calculado deduzindo do VAdas empresas no-financeiras, os pagamentos de salrios, contribuies sociais, juros, dividendos e impostos.Em razo da mudana drstica e incauta da forma institucional de insero internacional, o novoregimemonetrio-financeiro(RMF)doperodops-aberturaeps-PlanoRealreduzastaxasdeinflao promovendo a restrio monetria e o encarecimento do crdito. Exatamente as condies quegarantemarentabilidadedoscapitaisfinanceiros,aomesmotempoemqueinibemosinvestimentosprodutivos necessrios retomada do crescimento em bases sustentveis.2222GRF. 15 Despesas de juros, taxa de acumulao e taxa de lucro das empresas no-financeiras.0%5%10%15%20%25%30%1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002Juros pagos pelos setores produtivos ao SFN / Estoque de capital produtivo (Kprod)Taxa de acumulao produtiva = Investimento / KprodTaxa de lucro = massa de Lucro / KprodFONTE: Elaborado a partir de dados do DECNA/IBGE.5. CONSIDERAES FINAIS O QUE MUDOU E O QUE PERMANECE ?Ahiptesedehierarquiaecomplementaridadedasformasinstitucionaisquandoaplicadaaocasodaeconomiabrasileirarevela-separticularmenteprofcua.AestabilidadedepreosalcanadaapartirdaimplementaodoPlanoReal,pressupsasuperaodalgicadoregimemonetrio-financeirodualherdadodosanos80.Umregimeinflacionistaquereproduziaastendnciasestagnacionistasaomesmotempoemquepermitiaaacumulaobancria-financeiraprocessar-seapartir do endividamento pblico e s expensas da acumulao diretamente produtiva. Mas sua lgica defuncionamentorequeriaumpadrodeinserointernacionalquemantinhaaeconomiaprotegidadaconcorrnciainternacionaledosfluxosdecapitaispotencializadospelaglobalizao.IstosignificaqueumRMFinflacionista,umaformadeinserointernacionalsobprotecionismocomercialefinanceiro e uma estrutura produtiva oligopolista complementavam-se na arquitetura institucional dessemododeregulao.MaspressupunhamtambmumpadrodeintervenoativadoEstadocomocredoreinvestidor(fasedomilagre)edepoiscomoinstnciadevalidaodasdvidasinternaseexternas (fase de crise nos anos 80), apesar e a partir mesmo de uma lgica inercial de inflao. Almdisso,baseavam-senumaconfiguraoparticulardaWLNquesfoivivelgraasdifusodosdispositivos de indexao salarial que ao menos parcialmente repunham as perdas inflacionrias. Mas 2323interessanteobservar-sequeumRMFdual15(vigenteat1993)-isto,funcionandosobreabasedeumamoedaindexadaqueco-existiacomamoedaoficial-articulava-seporsuavezdualidadedaWLN.Asrelaessalariaisedeempregoformaiseramgeralmenteasdemaisaltarendaepossuamacessoaomercadobancrio-financeiroemoedaindexadaquelhesgarantiamreposiodopoderaquisitivo.outrametade(des)institucionalizadaesemacessosfinanasrestavaoM1,permanentementecorrodopelaaltainflaodoperodo.Portanto,acompatibilidadedasduasformasinstitucionaisdebaseexpressava-senofatodequeafraodovaloradicionadocorrespondenteaossalrios diretos e indiretos da WLN encontrava na moeda indexada a instituio apta a desempenhar afunodereservadevalor.Istopermitiuumaexpansobancriaefinanceiraespetacular,sem,noentanto, superar a histrica dissociao entre capital bancrio e capital produtivo no Brasil.Aaberturacomercialefinanceirados90implodecomessemododeregulao,apartirdomomento em que desestrutura seus componentes bsicos. As formas institucionais entram rapidamenteem uma trajetria de transformao: novo padro de insero internacional; as estruturas oligopolistasinternassochamadasaumnovopatamardeconcorrnciaeareestruturaoprodutivadeslancha;novo regime monetrio-financeiro institudo com o Plano Real, reforma do Estado e reconfigurao dawage-labornexusnosentidodoaprofundamentodograudeflexibilidadequantitativaesalarial,incluindo a intensificao dos nveis de desinstitucionalizao e precarizao das relaes de emprego.Mas dadas as condies de restrio externa e os novos padres de concorrncia itnernacional, a WLNbrasileiraentrarianumalongafasedecontenosalarialedediluiodoscompromissosinstitucionalizados que haviam sido codificados na Constituio de 1988.Quantohierarquiainstitucional,aWLNpermaneceemseupadrosecularcaracterstico:hierarquicamentesubordinadasformasinstitucionaisdoEstado,daconcorrnciaedoregimemonetrio-financeiro,bemcomoaosmodosdeinseronaeconomiainternacionalque,viaderegra,temsidomuitomaisgeradoresdeinstabilidadesdasrelaessalariais.Trata-sedeumaWLNamplamenteconcorrencial,segmentadaepermanentementeadministradapeloEstado.EstagestoestataldaWLNbrasileiraprocessa-senosentidodeadequ-lasexignciassejadaacumulaoprodutiva(faseanteriorduranteomilagreesuacrise),sejadaacumulaofinanceirapatrimonial(fase atual). Em ambas, o pretexto tem sido o mesmo, garantir a estabilidade de preos, quando o quesepretendedefatopreservar,facesrestriesexternasespressesinternas,arentabilidadedoscapitais hegemnicos no Brasil. A viso , no entanto, esttica, porquanto de curto prazo, pois apreende

15Soparticularmenteesclarecedoresostrabalhossobreamoedaindexadaouadualidademonetria,desenvolvidosporL.C. BARROS (1992) e C. TAVARES e J. C. ASSIS(1985), como uma especificidade da economia brasileira.2424a renda salarial exclusivamente como um custo de produo, desprezando-a como um fator primordialde demanda efetiva nas sociedades salariais.QUADRO 1 Conseqncias das transformaes estruturais dos anos 90 sobre as formasinstitucionais.FORMAS INSTITUCIONAISO QUE MUDOU O QUE PERMANECEESTADOREGIME MONETRIO-FINANCEIROWAGE-LABOR NEXUSINSERO INTERNACIONALCONCORRNCIA- Reduo do papel direto do setor pplico na economia- O Estado torna-se mais "regulador" e menos "produtor"Forte subordinao s finanas nacionais e internacionaisEndividamento pblico muito elevado e perda de autonomia da poltica econmicaO regime monetrio inflacionista foi bloqueadoO sistema bancrio e financeiro se abre ao capital estrangeiro num processo de fuses e aquisiesUma lgica usurria como suporte de uma financeirizao improdutiva (taxas reais de juros extremamente elevadas bloqueiam a acumulao de capital)O sistema bancrio-financeiro privado no financia os investimentos de longo prazo e o mercado de capitais pouco desenvolvidoA flexibilidade quantitativa e salarial aprofundada e os ganhos de produtividade se elevam expressivamente, mas s expensas do empregoO emprego em tempo parcial em processo de regulamentao e o direito de greve limitado por nova legislaoA dualidade do mercado de trabalho num processo de "desinstitucionalizao" das relaes salariaisO desemprego, a precariedade e a conteno salarial se articulam com o aumento das desigualdades sociaisA abertura comercial e financeira se afirma de forma drstica e incompatvel com um processo coerente de desenvolvimento econmicoA vulnerabilidade externa se elevaA insero subordinada ao regime internacional que reproduz os fatores de instabilidade econmica e crise financeiraA grande dependncia dos fluxos de capitais internacionaisA indstria foi exposta concorrncia internacional sem uma politica industrial consistenteOs setores financeiro, energtico, automobilstico e de telecomunicaes foram favorecidos pelas taxas de importao egarantias de lucroUma economia fortemente oligopolista onde o capital bancrio-financeiro o setor de mais elevada rentabilidadeOs grandes grupos multinacionais predominam no setor oligopolista FONTE: Elaborao prpria.Emconseqncia,numaeconomiacaracterizadapelaaltaconcentraodapropriedadeedarenda,comnveiselevadosdeoligopolizaodesuasestruturasprodutivas,olucroempresarialpodeexpandir-se para absorver custos financeiros crescentes. Mas esse processo desenvolve-se s expensasda taxa de acumulao de capital produtivo e com presses permanentes sobre o nvel geral de preosdaeconomia,afinaljurossocustosfinanceirosdasempresas.Ecomoanovafasedeaberturaeconmicainauguradapelaglobalizaoneoliberalpressupe,parasuaefetivaoelgicade2525funcionamento,detaxasdeinflaobaixasedetaxasdejurosatrativasaosfluxosdecapitaistransnacionais, o Estado recorrentemente freia esse tipo de economia. A recomposio das condiesderetomadadaacumulaodecapitalprodutivo,basedocrescimentoedodesenvolvimentoeconmico,torna-sevisivelmenteumproblemamaior.Sobretudoemsetratandodeumaeconomiaaindaemconstruoesubmetidaaumprocessodefinanceirizaousurriasemprecedenteshistricos.REFERENCIAS BIBLIOGRAFICASAGLIETTA, Michel. Le capitalisme au tornant du sicle la thorie de la rgulation lpreuve de lacrise. Posface in Rgulation et crises du capitalisme. Opus, Paris, 1997.________________. Macroconomie financire. La Dcouverte, Paris, 2001.AGLIETTA, Michel, BRETON, Rgis. Sistemas Financeiros, Controle corporativo e Acumulao deCapital. Seminrios DIMAC n 78, IPEA, outubro de 2001.BILLAUDOT,Bernard.Rgulationetcroissance:unemacroconomiehistoriqueetinstitutionnelle.LHarmattan, 2001;BOYER,Robert.DeuxdfispourleXXIesicle:disciplinerlafinanceetorganiserlinternationalisation. CEPREMAP n 2000-08, Paris, 2000.______________. Les institutions dans la Thorie de la Rgulation. CEPREMAP n.2003/08, Paris,2003._____________.BOYER, Robert e JUILLARD, Michel. The contemporary Japanese crisis and the transformations ofthe wage labour nexus. CEPREMAP n 9822, dcembre, 1998.BOYER, R .& SAILLARD, YVES . Thorie dela Regulation Letat des Savoirs . dition Nouvelledition complte. La Decouverte, Paris, 2002 .CARNEIRO, Ricardo. Desenvolvimento em crise A economia brasileira no ultimo quarto do sculoXX. UNESP. Sao Paulo 2002.CHESNAIS, Franois. La thorie du rgime daccumulation financiaris : contenu, porte etinterrogations . Forum de la Regulation, Paris, 2003 .CORIAT,Benjamin.eSABOIA,Joo.RegimedeacumulaoerelaosalarialnoBrasil:umprocesso de fordizao forada e contrariada. Porto Alegre, Ensaios FEE, 1988.CORIAT, Benjamin., SABOIA, Joo. e BRUNO, Miguel. Laccumulation du capital au Brsil (1930-2000):HeursetMalheursduneRgulation Tutellaire -formesinstitutionnellesfondamentales,mode de rgulation et rgime daccumulation, mimeo, Paris, junho de 2002.2626DIAWARA, Hawa. Lhipothse dune Rgulation Monetaire des Interets : les apports de Lcole de laRgulation . Forum de la Rgulation octobre 2003.GONALVES, Reinaldo. A herana e a ruptura cem anos de historia econmica e propostas paramudar o Brasil. Garamond 2003.HARRISON, Anne . Has Globalisation Eroded Labours Share ? Some Cross Country Evidence .NBR 2002.LORDON,Frderic.Financeinternationale:lesillusiondelatransparance.Critiqueinternationale,janvier 2001, n 10.MARQUES-PEREIRA, J. M. e THRET, Bruno. Lala moral de la souverainet monetaire enAmerique Latine ou le voile du conflit distributif . Cadernos. PROLAN /USP, ano 02 , V .02 , n . 04 2003 .MARQUETTI, Adalmir. Nota Metodolgica sobre as Informaes Estatsticas Utilizadas na Anlise doPadrodeProgressoTcniconaEconomiaBrasileira,1950-1998.DepartamentodeEconomia,Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul.MORANDI,Lucilene.Estimativasdoestoquedecapitalfixodaeconomiabrasileira(1950-2002).IPEA. 2003.MIOTTI, E. L. Accumulation, rgulation et crises en Argentine. Thse de doctorat, Universit de ParisVII, cotobre 1991.PETIT,Pascal.volutiondurapportsalarialdanslenouveaurgimedecroissance.Communicationau colloque international tat versus march: rupture ou nouvelle forme de rgulation, 23-25 octobre2001, Universit UAM Xochimilco, Mexico.____________. On Growth regimes in a post fordist era. CEPREMAP. Paris, 2003.REBERIUOX, Antoine . La Financiarisation du Rapport Salarial: tude conomtrique sur REPONSE1998. Forum de La Rgulation, Paris, 2003.