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Fisiologia da motricidade
Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 1
Fisiologia da motricidade a- pronas
1.1 – Movimento dos íons
1.2 Bases iônicas do potencial de repouso
a – potencial de equilíbrio
b – permeabilidade iônica relativa ao potencial de repouso
2 Propriedades do potencial de ação
3 Condução do potencial de ação
1 Organização geral dos sistemas motores
2 Níveis de organização
a- Controle motor espinhal
-Receptores Musculares
-Reflexos musculares
b- Controle motor supra-espinhal
- tronco cerebral
- córtex motor
c- Cerebelo e gânglios da base
1 – Organização geral dos sistemas motores
Os músculos, sob o comando do sistema nervoso, são capazes de realizar
fundamentalmente três tipos de movimentos que são basicamente movimentos reflexos,
movimentos rítmicos ou automáticos e movimentos voluntários. Como exemplo dos
primeiros, podemos citar o reflexo patelar, o reflexo de retirada por dor e a deglutição.
Esses movimentos são os mais simples, dependem das informações sensoriais e muito
pouco do controle motor voluntário. Os movimentos rítmicos ou voluntários são mais
complexos e dependem geralmente, do ato voluntário para seu início e seu término.
Como exemplo podemos citar o caminhar, a mastigação e a respiração. Os movimentos
voluntários são os mais complexos, são muito diversificados e altamente dependentes
do aprendizado, como o movimento de escrever e falar.
2 – Níveis de organização
No sistema nervoso, três níveis de organização são identificáveis, incluindo a
medula espinhal, o tronco cerebral e o córtex motor. De modo geral, a medula espinhal
contém a maquinaria responsável pela realização dos movimentos reflexos e rítmicos, e
os níveis superiores para os movimentos voluntários. No tronco cerebral diversos
sistemas motores podem ser identificados e incluem, genericamente, um sistema medial
e um lateral, envolvidos respectivamente em controle postural e movimentos distais. O
córtex cerebral representa o nível mais alto do comando motor, e é onde os movimentos
voluntários são organizados.
Além dos componentes diretamente envolvidos no controle motor (medula
espinhal, tronco cerebral e córtex espinhal) e que formam a estrutura básica para a
realização dos três tipos de movimentos, o sistema motor inclui também os gânglios da
base e o cerebelo. Os gânglios da base recebem conexões de todo o córtex e se projeta
para as áreas do córtex envolvidas com o planejamento da ação motora. O cerebelo por
sua vez atua no movimento pela comparação das informações originárias do córtex
motor com as informações geradas por receptores sensoriais ligadas às atividades
musculares.
Em todos os níveis de controle motor as aferências sensoriais fornecem
informações essenciais para a realização dos movimentos.
Fisiologia da motricidade
Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 2
a – controle motor espinhal
A medula espinhal contém os elementos mínimos necessários para a execução
de tarefas motoras simples, como os reflexos. Esses movimentos requerem para sua
execução um arco reflexo incluindo receptores sensoriais, vias aferentes, interneurônios
em número variável e motoneurônio, que representam as vias eferentes que propiciarão
o movimento. O reflexo mais simples é o reflexo de estiramento ou miotático que se
inicia nos receptores sensoriais de
estiramento muscular (fusos musculares) e
tem como função básica a manutenção de
tônus muscular por meio da contração
mantida produzida pelo estiramento das
fibras musculares, gerada, por exemplo, pela
gravidade.
- Receptores musculares -
Os fusos musculares são receptores
mecânicos que se relacionam com a
propriocepção e cujos aferentes farão
contatos sinápticos na medula espinhal com
os motoneurônios alfa. Os aferentes
sensoriais são ativados pelo aumento do comprimento das fibras musculares. Um
Organização geral do Sistema Motor
Áreas motoras do córtex cerebral
Tronco cerebral
Medula espinhal
Tálamo
Informações sensoriais
Gânglios da base
Cerebelo
Contração muscular e movimento
Fisiologia da motricidade
Nathalia Fuga – Fisiologia I Página 3
aspecto fundamental da fisiologia dos fusos musculares é seu controle pelo sistema
nervoso central por meio dos motoneurônios gama. As fibras intrafusais são inervadas
por esses motoneurônios especificamente nas suas extremidades. Assim, quando o
motoneurônio gama está ativo ele estira as fibras intrafusais aumentando a atividade dos
aferentes.
Outro conjunto importante de receptores sensoriais importantes no controle
muscular inclui os receptores
tendinosos de Golgi. O estiramento das
fibras colágenas tendinosas pela
contração muscular produz abertura dos
canais iônicos fazendo com que as
fibras aferentes disparem. Os
receptores de Golgi medem, portanto o
grau de tensão muscular, levando essas
informações para o sistema nervoso
central.
- Reflexos medulares –
O reflexo miotático ou de estiramento se inicia com o estiramento muscular e
consequente ativação dos fusos neuromusculares. As fibras Ia veiculam informações
dos fusos ao sistema nervoso entrando na medula espinhal pelas raízes ventrais. Alguns
ramos fazem sinapse
excitatória com o
motoneurônio que
inerva esse mesmo
músculo e inibitória
com o músculo
sinergista, enquanto
outros ramos, através
de interneurônios
vão propiciar a
inibição dos
músculos
antagonistas.
O órgão tendinoso de Golgi ou corpúsculo tendinoso de Golgi é um receptor sensorial
proprioceptivo que está localizado nas inserções das fibras musculares com os tendões dos músculos
esqueléticos. Este mecanorreceptor está disposto em série com o músculo. A contração muscular é o
estímulo que mais gera ativação elétrica desta estrutura.
Fuso muscular é um receptor sensorial proprioceptivo em forma de fuso composta por feixes de
fibras musculares modificadas contidas dentro de uma cápsula fibrosa. Estão dispostos
paralelamente às fibras musculares extrafusais (do músculo em que está inserido) e respondem às
variações no comprimento (estiramento ou contração) das fibras musculares.
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Outros reflexos como os extensores e flexores são mais complexos em termos de
circuitaria intra-espinhal envolvendo um grande número de interneurônios e de
músculos. Por exemplo, o reflexo de retirada que é um mecanismo de defesa contra um
estímulo nocivo. Dessa forma, a medula espinhal contém circuitos integrativos básicos
para a organização dos movimentos e os sinais sensoriais originários dos sistemas acima
da medula (tronco cerebral e córtex), modulam os circuitos fundamentais para gerar
movimento complexo e ajustados para a demanda de cada espécie.
b – controle motor supra-espinhal
Os sistemas motores de controle supra-espinhais têm acesso à medula espinhal
por meio de duas vias principais que constituem o sistema lateral e o ventromedial. O
sistema lateral está envolvido no controle voluntário da musculatura distal pelo córtex, e
o ventromedial está envolvido no controle da postura e locomoção pelo tronco cerebral.
-Córtex motor -
O sistema lateral se inicia no córtex motor, e é constituído de várias áreas, sendo
as mais importantes o córtex motor primário, o córtex pré-motor e a área suplementar,
mas inclui também áreas associativas do córtex frontal e parietal. O movimento
voluntário envolve áreas corticais e subcorticais. A área motora primária possui uma
estreita relação espacial entre a sua superfície e a área do corpo que ela comanda. Essa
relação é chamada de mapa somatotópico, sua estimulação produz movimentos em
membros contralaterais a estimulação. O córtex pré-motor ou córtex motor secundário
produz movimentos complexos e bilaterais. A área motora suplementar está envolvida
no controle da musculatura distal. As áreas pré-frontais e associativas parietais
representam os níveis mais elevados de controle motor, onde o planejamento e as
decisões mais elaboradas ocorrem.
-Tronco cerebral -
O sistema medial inclui tratos descendentes que se originam no tronco cerebral,
são eles:
a- vestibuloespinhal e tectoespinhal: relacionados a musculatura da cabeça e
pescoço
b- reticuloespinhal: controlam músculos do tronco e os músculos proximais dos
membros.
c – cerebelo e gânglios da base
Cabe ao córtex motor planejar, à
medula e aos sistemas troncoencefálicos
comandarem os movimentos, mas é
fundamental a participação de estruturas que
regulam o movimento por meio de informações
provenientes do córtex cerebral e de receptores
sensoriais periféricos, essas estruturas são
fundamentalmente os gânglios da base e o
cerebelo.
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O cerebelo está encarregado de fazer
ajustes nos movimentos por meio de conexões com
o córtex motor e núcleos motores do tronco
cerebral. As lesões cerebelares não produzem
bloqueio de movimentos, mas comprometem a
execução da maioria dos movimentos voluntários e
rítmicos. Os circuitos cerebelares parecem
especialmente adequados para a detecção das
diferenças entre a atividade produzida pelos
geradores de movimento (intenção) e o resultado
dessa atividade entre músculos, tendões e
articulações (ação). Esse circuito de
retroalimentação é fundamental para execução
correta do movimento, ajustando força, direção e
velocidade.
Os gânglios da base integram informações sensório-motoras corticais, via
múltiplos canais atuando em paralelo. Seus componentes recebem aferências de
praticamente todo o córtex cerebral, mas somente através de núcleos talâmicos enviam
projeções para o córtex frontal. Lesões em componentes dos gânglios da base podem
gerar além de déficits motores, sensíveis alterações cognitivas, sugerindo que essas
estruturas processam informações motoras vinculadas à algum tipo de significado
motivacional.