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Série Conhecimentos Fitoterapia Animal Tradição e Ciência na Criação Agroecológica de Animais

Fitoterapia Animal

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Este é o quarto volume da série Conhecimentos, laçada pelo Centro Sabiá com o objetivo de valorizar e sistematizar o conhecimento das famílias agricultoras na construção de tecnologias sociais.

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  • SrieConhecimentos

    Fitoterapia AnimalTradio e Cincia na Criao Agroecolgica de Animais

  • Morais, Carlos Magno de Medeiros. Fitoterapia animal: tradio e cincia na criao agroecolgica de animais. / Cludio de Almeida Ribeiro. Recife : Centro Sabi, 2014. 39 p. : il. (Srie: Conhecimentos, 04) Inclui bibliografia 1. Fitoterapia animal. 2. Criao animal - Semirido. 3. Praticas agroecolgicas. I. Ribeiro, Cludio de Almeida. II. Ttulo. III. Srie CDD 581.634

    M827f

    Ficha elaborada pela Bibliotecria Marleide Irineu dos Santos CRB-4/1001

  • Fitoterapia Animal

    Tradio e Cincia

    na Criao Agroecolgica

    de Animais

  • ndice

    Apresentao ........................................................................................

    Introduo ...........................................................................................

    Fitoterapia Animal: tradio e cincia na criao agroecolgica de animais .......A Fitoterapia e a sua importncia ..............................................................A criao de animais no Semirido ............................................................Situao da criao de animais no Serto do Paje .......................................

    Equilbrio ecolgico e sade da criao ......................................................Raas adaptadas e rsticas ......................................................................Alimentao para a sade dos animais .......................................................

    Fitoterapia na criao animal ...................................................................Cuidados na preparao de medicamentos fitoterpicos ................................Doenas ...............................................................................................

    Medidas preventivas ...............................................................................Plantas txicas e os principais cuidados .....................................................Por que devo vacinar minha criao? .........................................................Controle das instalaes .........................................................................

    As zoonoses e a sade pblica ..................................................................

    Bibliografia ..........................................................................................

    1.

    2.2.12.22.3

    3.3.13.2

    4.4.14.2

    5.5.15.25.3

    6.

    7.

    5

    7

    88911

    131415

    181819

    28283033

    34

    37

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 5

    Este o quarto volume da srie Conhecimentos que lanado pelo Centro Sabi com o objetivo de valorizar e sistematizar o conhecimento das famlias agri-cultoras na construo de tecnologias sociais. , tambm, um instrumento de multiplicao desse conhecimento com outras famlias agricultoras, na busca da convivncia com a sua regio.

    Neste quarto volume da srie, abordada a Fitoterapia Animal, ou seja, a pre-veno e tratamento de doenas atravs do uso de plantas. A cartilha foi cons- truda por meio de oficinas com agricultores e agricultoras do Serto do Paje de Pernambuco, e pretende contribuir com as famlias na lida com seus animais, olhando, principalmente, para a questo da sade. Junto a diversas prticas agroecolgicas, a fitoterapia atua na cura de males de forma completa, com baixos custos e fcil acesso, a partir do conhecimento local sobre a utilizao das plantas medicinais, contribuindo para que o organismo animal seja estimulado a manter os sistemas em equilbrio.

    Queremos, com a cartilha, apresentar outro olhar sobre a criao de animais, trazendo dicas ecolgicas, sugestes de alimentos, calendrios de vacinaes, informaes sobre plantas txicas, doenas causadas por animais, sade pblica, e outras estratgias, com a finalidade de que cada vez mais as famlias tenham autonomia sobre sua criao. E, principalmente, que possamos falar sempre de sade no s dos animais, mas, sobretudo, das pessoas. No caso da ocorrncia de doenas, que possamos tratar com aquilo que a natureza sempre nos ofereceu.

    O Centro Sabi vem pautando em sua ao o debate da fitoterapia e a siste-matizao dessas experincias junto s instituies parceiras e famlias agricul-toras. No pretendemos com esta cartilha esgotar o assunto, mas esperamos que ela possa servir de referencial para novos aprofundamentos.

    Esta publicao fruto de um esforo pedaggico em busca da sistematizao de conhecimentos populares tradicionais com base na Agroecologia. , tambm, resultado de um posicionamento poltico, no qual acreditamos que a sabedoria camponesa pode assegurar a autonomia tcnica frente a questes do seu tra-balho cotidiano. Tudo isso orienta essa experincia de sistematizao participa-tiva, a qual aproximou famlias agricultoras e instituies. E contou com apoio do Projeto Dom Helder Cmara (PDHC) da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) e do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA).

    Boa leitura !

    AP

    RES

    ENTA

    O

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    1.introduco.......................................................................................

    A criao de animais pelas famlias agricultoras uma prtica cultural que est presente na grande maioria das propriedades de todo o Semirido. Este fato mostra a necessidade de apoiar a construo de instrumentos pedaggicos, a partir da construo do conhecimento entre agricultores/as e tcnicos/as, que possam auxiliar no fortalecimento e desenvolvimento de estratgias, contribuin-do, assim, para uma maior sustentabilidade dos sistemas de produo.

    nesse contexto que o Centro Sabi vem desenvolvendo aes agroecolgicas junto s famlias agricultoras camponesas na perspectiva de possibilitar uma melhor qualidade de vida por meio da diversificao do sistema de produo e do consumo de produtos agroecolgicos.

    Entre os anos de 2009 e 2011, o Centro Sabi realizou oficinas territoriais sobre fitoterapia animal nos municpios de Afogados da Ingazeira e Serra Talhada, no territrio do Serto do Paje de Pernambuco. Alm dessas oficinas locais, tam-bm foram realizadas outras oficinas em diversas comunidades e assentamen-tos pelas organizaes Diaconia, Centro de Educao Comunitria Rural (Cecor), Casa da Mulher do Nordeste (CMNE) e Cooperativa dos Profissionais em Atividades Gerais (Coopagel). A necessidade de realizar essas atividades surgiu a partir de um conjunto de observaes feitas pelas equipes tcnicas e pelas famlias que criavam animais. As oficinas foram espaos de troca de experincias e infor-maes entre agricultores e agricultoras, conhecedores profundos das plantas que curam, e dos tcnicos e tcnicas das organizaes envolvidas.

    Nas oficinas, os agricultores e as agricultoras identificaram as principais doenas dos animais, com seus sintomas e devidos tratamentos adotados na regio. Tam-

    Joo Pereira, de Cumaru, alimentando seu rebanho com plantas nativas

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos8

    bm socializaram suas experincias, tiraram dvidas sobre a melhor forma de tratamento e preveno de enfermidades nos seus rebanhos. Dessa forma, foi possvel identificar os dados e sistematizar as informaes, partindo da validao das famlias envolvidas no processo. Alm das exposies verbais e os debates, as atividades, sempre que possvel, envolveram prticas de elaboraes de remdios e suas aplicaes, para facilitar o entendimento.

    Percebeu-se que a maioria dos relatos deixou claro que os problemas mais fre-quentes esto na falta de manejo sanitrio adequado do rebanho, principal-mente a falta de cuidados nos currais e apriscos e a m qualidade da gua for-necida aos animais, quando disponvel, levando a um quadro de predisposio a verminoses. Esse quadro tambm est associado ao no uso de medicamentos ou plantas contra os vermes no perodo correto.

    A partir do conjunto de informaes levantadas nas oficinas de fitoterapia, pre-tende-se contribuir com o debate e a prtica das famlias criadoras de animais e, se possvel, auxiliar o trabalho de assessoria das equipes tcnicas, tendo como pressuposto o empoderamento dos agricultores e das agricultoras em cuidar da sade dos seus animais, criando cada vez mais autonomia em relao aos produ-tos procedentes de fora da propriedade.

    Alm dessas informaes, esta cartilha traz uma contextualizao sobre a criao animal no Serto do Paje, uma anlise a respeito do equilbrio ambiental e manejo, e observaes com relao a raas adaptadas regio, bem como a me-lhor forma de alimentar os animais.

    O nome Fitoterapia de origem grega e significa Fito = planta e Terapia = trata-mento, ou seja, o uso de plantas medicinais no tratamento e cura de doenas dos animais e dos homens. uma tradio muito antiga. Tem-se conhecimento que h mais de 60 mil anos j se usavam as plantas para tal finalidade. Entre as vantagens da fitoterapia esto a reduo de custos com tratamentos e remdios, a fcil aplicao, a reduo da resistncia das doenas a antibiticos, o curto pe-rodo de carncia, pois no contamina a carne, o leite e seus derivados e o meio ambiente. Para isso, importante conhecer bem as plantas, assim como saber qual parte dela deve ser utilizada. Por exemplo, se as razes, as sementes, as folhas, as cas-cas ou os ramos, enfim, preciso usar a parte certa para se obter os melhores resultados. Tambm muito importante saber como preparar a planta ou a parte

    2. Fitoterapia Animal: tradio e cincia na criao agroecolgica de animais.......................................................................................

    2.1 Fitoterapia e sua importncia

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 9

    dela que ser utilizada como remdio, pois caso o preparo seja feito de modo errado, os resultados no sero bons.

    Geralmente so utilizadas partes das plantas para a produo dos remdios fito-terpicos. Abaixo esto listadas algumas formas de preparo das plantas:

    I. Chs: so bebidas feitas com a parte da planta (folha, flor, raiz, casca) que tem a substncia ativa. Pode ser feito de duas formas. a) Por Infuso: aquea a gua e quando comear a ferver retire do fogo, colo-que a planta dentro e abafe o recipiente por alguns minutos.b) Por Cozimento: cozinhe parte da planta em recipiente fechado por 10 minu-tos; coe e utilize imediatamente;

    II. Extrato alcolico: coloque a planta fresca em lcool e deixe curar por oito dias, em recipiente fechado, mantido em local fresco e escuro. O lcool deve cobrir toda a planta;

    III. Tintura: feito com a planta seca em lcool. Tambm precisa deixar des-cansar por oito dias ou mais;

    IV. Xarope: feito com 2/3 de acar e 1/3 da planta ou extrato ou tintura. Mis-turar bem e deixar em repouso. O acar funciona como conservante natural.

    Essas formas de preparo so conhecidas pelas comunidades e j foram comprova-das cientificamente, ou seja, j foram estudadas em condies de laboratrio e de campo. importante seguir essas orientaes, porque determinadas plantas no podem ser fervidas. Caso isso acontea, a substncia que seria boa para curar a doena pode ser destruda pelo calor. Da mesma forma, algumas substncias me-dicinais presentes na planta podem ser destrudas pelo lcool. O preparo correto e adequado o segredo do sucesso do uso das plantas medicinais como remdios.

    Portanto, utilizar corretamente a parte da planta e preparar com os devidos cui-dados fundamental para se obter os resultados esperados. E esse procedimento deve ser repassado para as geraes seguintes, contribuindo para que o conheci-mento seja socializado por toda comunidade.

    2.2 A criao de animais no Semirido

    A criao de animais no Semirido muito antiga e foi muito importante no po-voamento do interior do Nordeste. Na agricultura familiar e camponesa dessa regio, realizada geralmente em pequenas reas de terra, os agricultores e as agricultoras diversificaram as lavouras e a criao, mantendo uma associao entre as criaes de animais e os roados, garantindo assim uma alimentao mais completa para as famlias, com o consumo de leite, da carne, dos ovos e dos gros, como o milho e o feijo, e de razes, como a batata e a macaxeira.

    Hoje, os animais domsticos criados no Semirido esto adaptados regio. Nenhum dos animais domsticos criados pelas famlias, como os bois, ovelhas, cabras e bodes, porcos e aves so nativos do Brasil. So raas que foram trazidas

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos10

    pelos colonizadores europeus e com o passar dos tempos foram se adaptando ao clima, e agora se reproduzem muito bem na regio.

    bem verdade que a forma convencional de fazer agricultura, inclusive a fami-liar, tem colocado em risco tanto a produo vegetal, como a produo animal. Os monocultivos, o uso de agrotxicos, o confinamento ou o grande nmero de animais sem espao suficiente para sua alimentao e reproduo so situaes que geram problemas de diversas naturezas, entre elas as doenas e a morte dos animais. No Serto do Paje, por exemplo, muitas famlias tm problemas com a morte de galinhas, porque comearam a criar muitas galinhas em espaos peque-nos. Isso no acontecia h dez anos, quando eram criadas soltas. Alm de vive-rem presas, as aves muitas vezes no recebem o tratamento adequado como, por exemplo, as vacinas para evitar doenas. Quando eram criadas soltas no neces-sitavam de vacinas, pois a criao era extensiva e no havia contaminao. Mas hoje, alm da mudana na forma de criao para semi-intensiva, h grandes fa-zendas de produo de aves da regio. Tais aves espalham por todo o territrio as doenas que at ento no eram comuns. Alm disso, as aves utilizadas na regio atualmente so de linhagens que apresentam menos resistncias s doenas.

    Uma particularidade do Semirido que a produtividade aumenta em um deter-minado perodo do ano, que o perodo das chuvas e, consequentemente, h o aumento de umidade no sistema produtivo. J na regio de Mata Atlntica h umidade sempre, garantindo a produtividade ao longo do ano. Entender essa di-ferena importante, para ajudar na escolha do tipo e da quantidade de animais que a famlia deseja criar e, principalmente, a forma de manej-los.

    Para se criar animais deve-se levar em conta o tamanho da propriedade, a dispo-nibilidade de sementes forrageiras, a quantidade de alimentos, a gua e os reser-vatrios disponveis, assim como a infraestrutura de currais, galinheiros, cercas e apriscos. Um exemplo prtico disso a relao do ambiente com a verminose,

    Vanusa Gomes, do Stio Feijo, municpio de Bom Jardim, alimentando sua criao de galinhas

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    que um dos maiores problemas para caprinos e ovinos. No perodo das chuvas, os vermes ficam espalhados no ambiente, que apresenta umidade suficiente para garantir a sobrevivncia deles fora dos animais. J no perodo seco, ficam todos dentro dos animais, que so a nica fonte de umidade e alimento para eles. Essa reflexo garante a tomada de deciso sobre a vermifugao da criao.

    No Serto, muitas famlias tm o costume de criar gado, mesmo em pequenas pro-priedades. No h problema em se ter uma vaca leiteira, mas importante saber que uma vaca quando est dando leite, pode consumir at 100 litros de gua por dia. No entanto, uma cabra produzindo leite consome apenas seis litros de gua por dia. Para quem vive no Semirido essa diferena precisa ser pensada na hora de decidir o que se vai criar ou se vai aumentar a criao. por esta razo que muitas famlias criam pequenos animais, pois so mais resistentes escassez de gua e alimento. As cabras e as ovelhas so criadas com o objetivo de ser uma poupana viva para a famlia. A carne e o leite tambm so importantes para a alimentao, que se complementa com os ovos das galinhas e outros produtos derivados.

    2.3 Situao da criao de animais no Serto do Paje

    No Serto do Paje de Pernambuco, a criao de pequenos animais feita, prin-cipalmente, ao redor das casas, em currais, cercados, galinheiros, com alimenta-o no cocho ou soltos para pastar na Caatinga, predominando animais de raas mestias. Nesse territrio, a criao de caprinos e ovinos merece destaque, pois est presente em todos os municpios. Em geral, essa atividade divide importn-cia com a bovinocultura de corte e leite.

    Algumas experincias de produo e comercializao de leite de cabra podem ser encontradas nos municpios de Serra Talhada, Sertnia e Iguaracy, onde agri-cultores e agricultoras comercializam, por meio de associaes, para programas

    Ccera de Jesus e sua me, da comunidade de Santana dos Guerras, municpio de Santa Cruz da Baixa Verde, com sua criao de caprinos

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    governamentais. A produo de carne ocorre em todos os municpios do Paje, onde produtores/as produzem pequenas quantidades e comercializam os animais vivos ou abatidos, principalmente em feiras livres e em mercados pblicos para comerciantes. Outra alternativa vender aos programas governamentais.

    Em geral, o manejo alimentar dos sistemas tradicionais de produo animal consiste de forragem nativa, na poca chuvosa e, enquanto existir alimentos, na Caatinga. Quando a forragem nativa comea a faltar, os criadores fazem a suplementao, inclusive de volumoso, como foi o caso dos ltimos dois anos. Os bovinos so os primeiros a receberem a suplementao alimentar, seguidos dos ovinos e somente quando a falta de alimentos na Caatinga se torna crti-ca, os caprinos passam tambm a receber suplementao alimentar. As matrizes em lactao, os animais jovens que ainda mamam, os animais em pior estado nutricional e os mais debilitados por problemas de sade tm preferncia para receber a suplementao. As marrs, os animais jovens desmamados e aqueles sadios continuam soltos na Caatinga para buscarem os alimentos no ambiente. Os alimentos mais utilizados na suplementao alimentar dos animais so res-tos de cultura e forrageiras plantadas. Quando so insuficientes, cactceas e/ou outras forrageiras, presentes na Caatinga, resistentes seca, so fornecidas aos animais. Em ltimo caso, vendem parte dos animais para comprar alimentos no mercado para os restantes.

    Diante desse contexto, diversas organizaes atuantes no territrio do Serto do Paje vm buscando alternativas para garantir uma produo animal susten-tvel na regio. A partir da implementao de reservatrios de gua da chuva para a produo de alimentos, implantao de bancos de forragens, oficinas e intercmbios sobre fitoterapia, realizao de fundos rotativos para a aquisio de pequenos animais e as infraestruturas necessrias para a criao dos animais e o manejo, alm de uma assessoria tcnico-pedaggica, pretende-se orientar as famlias agricultoras para que elas aproveitem ao mximo os benefcios da pro-duo agrcola integrada com a criao animal, garantindo a segurana, a sobe-rania alimentar e nutricional das famlias, e o bem-estar dos animais, bem como o respeito natureza.

    Seu Cludio Oliveira, do stio Umari, municpio de Bom Jardim, com sua criao de vacas leiteiras

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    A criao animal tem papel fundamental para a formao de stios sustentveis de produo familiar, principalmente devido s irregularidades das chuvas que afetam o Semirido. Dessa forma, os animais representam para as famlias fon-tes importantes de alimento e uma renda monetria, que funciona como uma poupana a mdio e longo prazo. Alm de melhoria para a fertilidade do solo e, podem, ainda, ser usados como instrumentos e fora de trabalho.

    Os parasitas ou vermes que causam problemas nas criaes esto presentes nor-malmente na natureza. Eles fazem parte dela, assim como qualquer outro ser vivo, e precisam estar em equilbrio com o meio ambiente para no causar danos sade de pessoas e animais. Quando temos pouca variedade de forragens, prin-cipalmente as nativas, os animais no se alimentam com os principais grupos de alimentos que so as protenas, os carboidratos e os minerais. Com isso, vo se enfraquecendo, e um animal fraco a principal porta para qualquer doena. Logo, as caractersticas ecolgicas do ambiente, aliadas a pouca diversidade de alimentos disponveis e o manejo sanitrio inadequado so os principais peri-gos para a sade dos animais. Um sistema equilibrado, com muita diversidade de plantas, como as Agroflorestas, garante esta variedade de nutrientes para os animais, influenciando positivamente e diretamente na sade da criao.

    As condies necessrias para se desenvolver uma doena em animais so trs: presena de um agente transmissor, um animal fraco e as condies ambientais favorveis. Existe uma relao direta entre o grande nmero de animais da mes-ma espcie juntos e o aumento de doenas. Ento, um sistema onde se criam muitos animais confinados com vista a maior produo em curto espao de tem-po, tem mais chances de multiplicar doenas do que uma propriedade onde os animais so criados soltos no pasto ou na Caatinga.

    O manejo ou a preveno de doenas nos animais envolve a mudana no equil-brio entre animais e agentes transmissores de forma que os rendimentos com a criao no sofram perdas econmicas. No geral, as infeces so mais observa-das em animais de gentica mais apurada, que so animais chamados de raa, do que em animais nativos ou adaptados, levando a concluir que muitas enfermi-dades so geralmente produzidas atravs da interferncia humana no equilbrio da natureza.

    Para se prevenir o ataque de doenas em um rebanho necessrio diminuir o n-mero de agentes transmissores, desinfetando as instalaes (currais, apriscos, galinheiros), diminuindo o tempo de exposio do animal ao agente infeccioso, evitando o confinamento ou separando os animais doentes e criando raas adap-tadas ao clima da regio.

    3. Equilbrio ecolgico e sade da criao.......................................................................................

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    A utilizao de raas que se adaptaram s condies do clima e do sistema uma estratgia experimentada por vrias geraes de agricultores e agricultoras, com a seleo de animais mais resistentes em relao ao clima e s doenas. O resgate de raas tradicionais e o incentivo para a reproduo delas nos sistemas familiares a condio fundamental para que a criao continue gerando renda e alimentos para as famlias. O melhoramento por cruzamento tambm pode ser feito, mas nesse caso, necessrio maiores investimentos em animais e tecnolo-gias adequadas realidade local.

    A diversidade entre as raas tambm traz benefcios. Como exemplo, podemos citar a criao de caprinos e ovinos ao mesmo tempo, pois no competem por ali-mentos, o primeiro procura mais ramos e folhas de arbustos, enquanto os ovinos preferem as gramneas. Claro que isso pode ser visto mais claramente em pero-dos de maiores ndices pluviomtricos, quando a pastagem mais abundante.

    No entanto, essa prtica da seleo de animais mais adaptados vem se perdendo com a entrada de animais que so comprados a partir de promessas de duplicar a produo, como as raas de caprinos Saanem para leite, Boer para carne, ou ovi-nos Dorper, entre outras. Raas no adaptadas que de fato tm uma alta produti-vidade, mas em compensao necessitam de um volume de alimentos muito maior e balanceado e, infelizmente, muitas vezes essa no a realidade da agricultura familiar no Semirido. Os animais sofrem muito pelo calor excessivo, so mais susceptveis a muitas doenas, tm alta produo e custam um preo que muitas vezes no se pode pagar, e quando esses custos so colocados no papel que se tm certeza que essas raas no deveriam ser criadas pelas famlias agricultoras na regio semirida. Alm da grande perda do patrimnio gentico local.

    3.1 Raas adaptadas e rsticas

    Damio Batista, do Stio Cip, municpio de Flores, com sua criao de caprinos

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    Existem diversas maneiras de garantir a alimentao para a criao de animais. Por falta de planejamento da propriedade muitas famlias do Semirido perdem seus rebanhos ou so obrigadas a vend-los, por conta da falta de alimento esto-cado para o perodo de seca. A integrao de animais aos sistemas de produo, como roados, pomares e Agrofloresta (produo de roado associado a rvores e fruteiras) tambm garantem uma alimentao saudvel. Os SAFs tm garantido alimentao diversificada para os animais, pois se planejado da forma correta, protege o solo, aumenta a diversidade e a fertilidade e produz alimento em abun-dncia.

    A alimentao deficiente ou inadequada uma das principais causas do baixo desempenho das criaes no Semirido. O perodo de chuvas bastante curto em relao ao de estiagem, o que no permite uma boa produo dos pastos no decorrer do ano. Alm disso, caracterstica do bioma Caatinga as plantas perde-rem suas folhas durante a estiagem. Por isso, necessrio garantir uma grande produo de massa verde no perodo chuvoso para que as famlias estoquem, e forneam aos animais, nos meses sem chuvas. Para tanto, existem diversas for-mas de estocagem de alimentos para os animais, como a ensilagem e a fenao, que so tcnicas simples, baratas e de sucesso garantido.

    A garantia de uma alimentao animal equilibrada e bem distribuda ao longo do ano tambm pode ser proveniente dos bancos de forragens ou bancos de protenas. Estes melhoram a qualidade nutricional da forragem, e ainda melhoram as condies do solo como nutrientes e matria orgnica, devido introduo de plantas be-nficas como as leguminosas: feijo-guandu (Cajanus cajan), leucena (Leucaena leucocephafa), feijo-de-porco (Canavalia ensiformes) entre outros, junto das gramneas. Esse consrcio garante o complemento alimentar para os animais du-rante o ano.

    Alm do armazenamento atravs de silos e da fenao, no Semirido preciso melhorar o manejo da Caatinga, empregando-se tcnicas j conhecidas por mui-tas famlias, como o rebaixamento, o raleamento e a capina seletiva. Essas prti-cas contribuem para a obteno de bons resultados na explorao dessa vegeta-o, sem destruir o potencial de autorrecuperao da Caatinga.

    A alimentao dos ruminantes como bovinos, caprinos e ovinos precisa estar sempre equilibrada, na relao entre Volumoso (pastagem) e Concentrado (mi-lho, soja, etc), observando sempre a categoria animal, pois a necessidade de uma vaca em lactao diferente se comparada com uma vaca vazia ou um boi no perodo seco.

    O Volumoso, como o prprio nome j diz, aquela rao que tem mais fibra e que tem pouco valor energtico, ou seja, o que compe o Volumoso so as gramneas, o ca-pim, as palhadas, fenos, silagens e as plantas nativas. A outra parte o Concen-trado, que significa o complemento para a alimentao do animal, fornecendo energia, minerais e vitaminas como as sementes de milho (Zea mays), soja (Gly-cine max) e sorgo (Sorghum vulgare pers) e os farelos de algodo (Gossypium hir-sutum). O farelo de palma (Opuntia cochenilifera) tambm uma excelente fonte

    3.2 Alimentao para a sade dos animais

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos16

    de energia, podendo, inclusive, substituir o milho. Essa relao entre Volumoso e Concentrado pode variar para animais que estejam necessitando de mais energia como fmeas em lactao. Levando em considerao o conceito entre alimento Volumoso e Concentrado, podemos agora dizer que esses se dividem em trs grandes grupos com funes diferentes, so eles:

    Protenas: so responsveis pela produo de carne e leite diretamente e esto presentes nas leguminosas: amendoim (Arachis hypogaea), soja, farelo de algo-do, leucena, gliricdia, entre outras;

    Carboidratos: so a energia dos alimentos responsveis pela locomoo do ani-mal e suas atividades que necessitam de energia. So encontradas nas sementes de milho e sorgo, melao de cana, arroz, mandioca, farelos de palma e gorduras;

    Sais Minerais: so responsveis pela regulao de todas as funes no organis-mo dos animais, contudo no esto disponveis facilmente, pois esses minerais muitas vezes esto presentes na terra, numa profundidade onde as plantas de razes superficiais no conseguem alcanar, da necessria a formulao de sais minerais, onde podemos deixar essas substncias disponveis para os animais.

    O SAL MINERAL NA AGROECOLOGIA

    Na perspectiva da transio agroecolgica, o sal mineral deixa de ser uma simples mistura e passa a ser um composto alimentar com diversas finalidades. Ele deve ser pensado como um complemento alimentar, que contribua com o reestabele-cimento do equilbrio individual dos animais.

    Vejam abaixo a receita utilizada pelos agricultores e agricultoras do Polo da Bor-borema, no estado da Paraba, para preparo de Sal Mineral Agroecolgico:

    Ingredientes:5 quilos de sal comum (sal de cozinha); 5 quilos de calcita ou farelo de casca de ovo; 5 quilos de cinza (a partir de rvores de razes profundas);5 quilos de farelo de milho;2 quilos de p de telha;250 gramas de enxofre.

    Modo de preparo:Misturar todos os ingredientes at que fiquem com uma colorao uniforme, cada quilo dessa mistura deve ser adicionada a cinco quilos de sal comum. Dessa forma voc ter uma boa quantidade que ser suficiente por muito tempo.

    Por que usar esses ingredientes na receita de Sal Mineral?Para melhorar o funcionamento do organismo, deixando os animais mais fortes, dando condies de enfrentar doenas e melhorando o desempenho produtivo e reprodutivo.

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 17

    O sal mineral, independente de sua frmula, deve ser usado constantemente, pois as interrupes no fornecimento causam picos e quedas nos nveis de mine-rais no organismo animal, com consequente diminuio da eficincia produtiva e reprodutiva. Outra preocupao se os animais no vo comer sal em excesso. Este risco mnimo, pois quem regula o consumo do sal mineral a necessidade do organismo animal. Quando o animal tem acesso ao sal ele o consome em gran-des quantidades, mas medida que eles vo suprindo suas necessidades e seu organismo vai entrando em equilbrio mineral o consumo diminudo.

    Com ideia de que o sal um composto alimentar que tem por finalidade reesta-belecer o equilbrio dos sistemas vivos, outros ingredientes podem ser utilizados dependendo da necessidade. Alguns agricultores e agricultoras utilizam o alho junto mistura mineral para ajudar a controlar a verminose. Ainda com essa fina-lidade existem experincias de uso de batata-de-purga (Ipomoea purga) e casca de aroeira (Myracrodruon urundeuva). E alguns agricultores/as tambm utilizam a vagem-de-juc (Caesalpinea ferra) como fonte de ferro.

    De modo geral, a alimentao deve ser uma das questes mais importantes na criao dos animais, pois sem uma boa alimentao os animais nunca tero sade e sempre apresentaro doenas de vrios tipos. Animal saudvel animal bem alimentado. Por ltimo, no campo da produo dos animais, tem uma prtica que ocorre muito, que nos perodos mais secos. As famlias costumam fazer o que chamamos de escapar os animais. Criam muitos animais e com o tempo faltam alimentos para todos, durante um determinado perodo. Os animais emagrecem e s vo engordar no ano seguinte para serem vendidos. Essa prtica termina por causar um grande prejuzo s famlias. Veja um exemplo abaixo.

    DICA: NA PONTA DO LPIS

    A famlia de seu Joo possui 10 ovelhas. No ms de setembro, esto todas gordas, da ele no vende as ovelhas, mas tambm no faz nenhuma silagem, nem fena-o, nem tem nenhum outro alimento guardado. Naquele perodo, um quilo de carne de ovelha est custando R$ 9,00. Digamos que cada ovelha dele tenha 30 quilos de carne, logo 10 ovelhas x 30 quilos x R$ 9,00 (preo do quilo da carne) = R$ 2.700,00. Trs meses depois, com o perodo de dificuldade para conseguir alimentos, cada ovelha perde 10 quilos, logo ele ter 10 ovelhas x 20 quilos x R$ 9,00 (preo do quilo da carne) = R$ 1.800,00. Isto , em um perodo de trs meses ele perdeu R$ 900,00, e ainda vai ter o trabalho para engordar de novo os animais e custos com medicamentos, se necessrios. Cada vez que as famlias deixam seus animais emagrecerem, alm de prejudicar a sade deles, elas perdem muito di-nheiro. Por isso, o ideal que as famlias se planejem para ter alimentos suficien-tes para a quantidade de animais que criam, e vendendo sempre que for preciso para manter o rebanho controlado.

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos18

    4. Fitoterapia na criao animal ...............................................................Apesar de todo manejo e os cuidados citados nos captulos anteriores, se o ani-mal apresentar alguma enfermidade, deve-se utilizar procedimentos adequados situao, baseado no conhecimento popular e cientfico, e, sempre que poss-vel, utilizar plantas da regio. No entanto, alguns cuidados devem ser observa-dos antes de se comear a preparar os remdios para os animais. A seguir alguns cuidados necessrios na hora de fazer os medicamentos a partir de plantas me-dicinais.

    Prepare o medicamento, preferencialmente, com plantas colhidas a pouco tempo;

    Use apenas plantas que sejam do seu conhecimento. Na dvida, con-sulte algum mais experiente;

    No pegue plantas perto de fossas, lixos, esgotos, locais tratados com agrotxicos e na beira de estradas (a fumaa dos veculos pode conter substncias txicas que ficam na planta);

    No utilize plantas que estejam mofadas, velhas e com bichos;

    Tenha o cuidado de lavar bem a parte da planta a ser usada;

    No caso de preparar o ch com folhas secas, seque sombra e em locais arejados, pois os raios solares podem eliminar parte das substn-cias curativas;

    Quando for utilizar razes secas, pique em pequenos pedaos antes de secar. Aps a secagem, guarde em vidros escuros ou caixas bem fecha-das, com o nome da planta;

    No guarde as plantas medicinais por muito tempo, porque elas po-dem perder a ao medicinal;

    Evite servir ch feito de um dia para outro; renove sempre a cada 24 horas;

    No utilize sacolas ou recipientes de plsticos para guardar as plan-tas, o plstico contm substncias que podem neutralizar o princpio ativo das plantas;

    Guarde as plantas em frascos de vidro com tampa.

    4.1 Cuidados na preparao de medicamentos fitoterpicos

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    Abaixo esto listadas as principais doenas identificadas por agricultores e agri-cultoras nas oficinas locais no Serto do Paje de Pernambuco.

    Linfadenite caseosa (caroo)

    Descrio da doena: doena contagiosa crnica de ovinos e caprinos podendo atingir outros animais como bovinos e equinos. causada pela bactria Coryne-bacterium pseudotuberculosis e caracterizada por abscessos (caroos) nos gn-glios superficiais da cabea, do pescoo, patas e acima do bere. Esses gnglios se rompem e espalham pus contaminando outros animais atravs do contato, do alimento, da gua ou instalaes contaminadas.

    Espcies mais afetadas: caprinos e ovinos.

    Sintomas: caroo na regio do pescoo, na p, no vazio e prximo das mamas.

    Tratamento: extrao do caroo - retirar os pelos da regio do caroo e lavar com gua morna; cortar o caroo com ferramenta esterilizada, no sentido vertical (de cima para baixo). Pode utilizar lmina de barbear nova ou canivete fervido por 10 minutos. Separar o animal do rebanho aps ter feito essa cirurgia at que a ferida cicatrize.

    Cuidados: utilizar luvas e recolher o pus e queimar at virar cinza. Aps esse pro-cedimento, aplicar externamente extrato alcolico da casca da aroeira (Myracro-druon urundeuva) como cicatrizante, o extrato tambm anti-inflamatrio.

    Formulao e modo de usar: utilizar a mesma quantidade de casca de aroeira e gua, levar ao fogo e deixar ferver por dez a quinze minutos. Aplicar no corte (ou outro ferimento) duas a trs vezes ao dia.

    4.2 Doenas

    Caprino apresenta caroo caracterstico da linfadenite caseosa

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    Ceratoconjuntivite infecciosa (Cegueira)

    Descrio da doena: enfermidade infectocontagiosa que provoca reao infla-matria da conjuntiva (a parte branca do olho fica vermelha) e da crnea, opa-cidade (olho esbranquiado) e lacrimejamento intenso. provocada, na maioria das vezes, por bactrias e pode ser transmitida pelo contato direto entre animais, mas tambm por moscas e outros insetos.

    Espcies mais afetadas: bovinos, caprinos e ovinos.

    Sintomas: animal com dificuldade de enxergar, batendo nas instalaes, olhos remelando e lacrimejando, medo da luz e inchao nos olhos causando, conse-quentemente, perda de peso.

    Tratamento: aplicao no local infectado azeite de mamona (Ricinus communis L.) ou mel da abelha Cupira.

    Observao: a cegueira muitas vezes tambm causada por falta de vitamina A.

    Formulao e modo de usar: Azeite da Mamona - colha sementes secas de mamona (Ricinus communis L.), descasque e pise no pilo. Depois colocar em uma panela com pouqussima gua e leve ao fogo. Observe o azeite comear a se soltar. Deixe esfriar e apli-que o azeite de mamona no olho do animal. So dois pingos de azeite em cada olho durante uma semana. Observe diariamente a melhora do animal. Observao: esse medicamento tambm serve para casos de reteno de placenta.

    Mel da Abelha Cupira: umedecer um capucho de algodo com o mel de abelha Cupira e colocar no olho afetado. O mel de abelha nativa possui as proprieda-des curativas das plantas que elas retiram o mel.

    Bovino com ceratoconjuntivite infecciosa

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    Anemia

    Descrio: a anemia um sinal clnico muito srio que ocorre com muita frequn-cia nos animais. Muitas doenas identificadas em caprinos e ovinos apresentam anemia. O animal fica enfraquecido geralmente quando grande quantidade de vermes est parasitando seu corpo.

    Sintomas: olhos e lngua esbranquiados, pelos arrepiados, perda de peso, quei-xo inchado (papeira), barriga inchada, diarreia, dificuldade para se locomover.

    Espcies afetadas: todos os animais domsticos.Tratamento: Vagem-de-Juc (Caesalpinea ferrea), Catingueira-de-porco (Caesal-pinia pyramidales Tul), Marmeleiro (Croton sonderianus), Feijo-de-corda (Vigna unguiculata), Rapadura preta.

    Formulao e modo de usar: Vagem-do-juc: pisar a vagem no pilo e colocar o farelo na rao do animal. Deixar o animal comer vontade, pois o Juc fonte de ferro.

    Catingueira-de-porco: naturalmente o animal procura esta planta para se ali-mentar. Colocar a casca na gua para o animal beber. Colocar meio quilo da cas-ca para 60 litros de gua no cocho, de preferncia colocar de manh cedo no cocho. Para bovinos, colocar dois quilos de casca para cada 60 litros de gua.

    Feijo de corda: triturar o feijo e colocar na rao. Deixar o animal comer vontade.

    Rapadura Preta: raspar e colocar na rao. Deixe o animal comer vontade. Essa uma forma de garantir energia para o animal que est fraco.

    Dica: quando o animal est com anemia, necessrio separar ele dos outros e no deix-lo se movimentar muito, para no gastar energia. Ele deve se alimentar base de produtos energticos, como rapadura, melao, etc. E deve ter sempre um capim verde para estimular a alimentao dele. Nunca quando o animal apresen-tar papeira d doses altas de vermfugo qumico, voc pode matar o animal.

    Olho esbranquiado de animal com anemia

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    Verminoses

    Descrio: A verminose a ao de agentes parasitas que provocam anemia nos animais. Um nico verme consome cerca de 0,05 ml de sangue por dia, provo-cando infeces graves e perda de 6% a 25% das clulas vermelhas por dia. Uma fmea de verme chega a colocar cerca de 5.000 ovos por dia, que depois dos ani-mais estercarem vai direto para as pastagens. comum caprinos e ovinos terem de 1500 a 2000 vermes no corpo. Isso equivale a uma perda de aproximadamente 75 ml de sangue por dia.Imagine o esforo que o animal precisa fazer para no morrer dessa doena!!!

    Espcies afetadas: todas as espcies.

    Sintomas: tosse, fezes anormais, pelo arrepiado, animal com perda de peso, re-mela nos olhos, queixo inchado (papeira), mucosas esbranquiadas.

    Tratamento: raspa da umburana de cambo e feijo-de-corda pisado, farinha da batata-de-purga e melo-de-so-caetano triturado.

    Formulao e modo de usar: Raspa de umburana: misturar meio quilo de raspas de umburana-de-cambo (Comminphora leptophloeos) e meio quilo de feijo-de-corda (Vigna unguicu-lata) pisado no pilo com 25 litros de gua. Colocar de molho por 12 horas. Dar meio litro da mistura para cada animal por dia.

    Farinha de batata-de-purga: ralar a batata-de-purga (Operculina hamiltonii) at fazer uma farinha. Colocar para secar por 12 horas. Deve-se usar um quilo da farinha misturado na rao no cocho para cada cinco cabeas. recomen-dado fornecer para os animais na lua nova. Melo-de-so-caetano: passar no liquidificador um quilo de folhas e ramos do melo-de-so-caetano (Momordica charantia L.) com gua e coar. Dar para o animal 5ml (cinco mililitros) logo aps o preparo. Repetir a segunda dose

    Animal com pelo arrepiado, um dos sintomas da verminose

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    com 21 dias. Da segunda para a terceira dose s depois de 90 dias. O ideal que sejam aplicados quatro vezes ao ano como preveno.

    Observaes: pode substituir o melo-de-so-caetano (Momordica charantia L.) por mastruz. O banho com gua de folhas de melo-de-so-caetano, Pereiro e nim, tambm serve ao combate de piolho e sarna.

    Dicas:1. Faa um calendrio de vermifugao levando em considerao o perodo de chuvas e secas (trs no perodo seco e um no chuvoso). Lembrando que cada vermifugao requer outra aplicao aps 21 dias; 2. Os animais devem ser soltos depois das 9h da manh, porque os vermes que esto na pastagem andam at a ponta do capim atrs das gotas de gua ali presentes e so comidos juntamente com a pastagem. Normalmente, de-pois desse horrio, os capins esto mais secos e os vermes voltam para a terra por causa do aumento da temperatura; 3. Limpe os currais toda semana e a cada ms faa uma desinfeco com cal virgem, no coloque o esterco retirado em local que os animais tenham acesso, para evitar contaminao;4. Os animais adquiridos em outros locais s devem ser incorporados ao re-banho aps ter sido vermifugados; 5. Manter presos os animais no aprisco, at no mnimo 12 horas aps a ver-mifugao.

    Podrido dos cascos

    Descrio: doena crnica, infectocontagiosa, que causa podrido do casco por dentro e por fora, provocando manqueira (cachingando). A podrido dos cascos pode ser causada por dois agentes diferentes, sendo que o ambiente chuvoso e com muita lama contribui para sua ocorrncia. Alguns animais so mais resisten-tes que outros.

    Animal apresenta cascos sujeitos a podrido

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    Espcies mais afetadas: bovinos, caprinos, ovinos e equinos.

    Sintomas: o animal no consegue colocar a pata no cho, a pata do animal est quente, cachingando (mancando), h apodrecimento do casco com mau cheiro. H casos em que o casco se solta da pata do animal. Nessa situao, a recupera-o muito lenta e requer cuidados especiais.

    Tratamento: limpar bem o local e colocar leite de pinho-bravo (Jatropha molis-sima) com pimenta-malagueta (Capsicum frutescens) e sal.

    Formulao e modo de usar: 100 gramas da pimenta, duas colheres de sopa de sal, trs colheres de sopa do leite do pio. Juntar tudo e colocar direto no feri-mento, de preferncia ao entardecer para evitar que o animal saia para pastar e tire o produto aplicado.

    Dicas: no deixar os animais em locais midos, procure sempre acomod-los em locais secos ao abrigo da chuva, e mant-los no chiqueiro sempre limpo. Os cas-cos devem ser aparados de vez em quando para evitar irregularidades e cresci-mentos exagerados de alguma parte. Uma das causas tambm pode ser a inges-to contnua, e em grandes quantidades, de gros como milho ou outra forma de concentrados. bom ficar atento na hora de oferecer a rao aos animais!

    Mosca-dos-chifres

    Descrio: a mosca-dos-chifres um inseto pequeno e insistente na picada. Nor-malmente prefere as partes mais escuras do pelo dos animais, principalmente na cernelha (onde tem o cupim), pescoo e cabea. Ela pica o couro, provocando dor e irritao, interferindo na alimentao do animal, fazendo com que haja redu-o do ganho de peso e da produo de leite.

    Alm de parasitar os bovinos, a mosca-dos-chifres pode parasitar esporadica-mente outros animais, como equinos, ovinos, sunos, bfalos, veados e eventual-mente o homem. Mas elas preferem mesmo os bovinos!

    Animal com moscas-dos-chifres

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    Espcies afetadas: todas as espcies domsticas.Sintomas: presena de mosca nas costas do animal.Tratamento: banho com uma soluo da folha do nim (Azadirachta indica), perei-ro (Aspidosperma pyriflium) ou folha de pinha (Annona squamosa L.). Esse trata-mento ajuda tambm a controlar infestaes de carrapatos.Formulao e modo de usar:

    Folhas do Nim triturado: colocar um quilo da folha do nim triturado em cin-co litros de gua e deixar descansando por dois dias. Depois adicionar 200 gramas de sabo ou 100 ml (mililitros) de detergente neutro e aplicar sobre o corpo do animal.

    Observao: ter cuidado para no aplicar na cabea do animal, pois o prepa-rado pode ceg-lo.

    Folha do Pereiro: colocar um quilo das folhas trituradas em cinco litros de gua e deixar descansando por dois dias. Depois adicionar 200 gramas de sabo ou 100 ml (mililitros) de detergente neutro e aplicar sobre o corpo do animal.

    Folha da Pinha: colocar um quilo das folhas de Pinha triturada em cinco litros de gua e deixar descansando por dois dias. Depois adicionar 200 gramas de sabo ou 100 ml (mililitros) de detergente neutro e aplicar sobre o corpo do animal.

    Dica: o tratamento com folha de ereiro no recomendado para animais prenhes, pois pode causar aborto.

    Picada de cobra

    Descrio: o envenenamento devido picada de cobra geralmente leva morte do animal, independente de seu peso. raro presenciar o momento do acidente, mas se pode verificar as marcas dos dentes e o inchao no local, que geralmente na pata.

    Sintomas: inchao no local da picada, que pode se espalhar e, com a evoluo, causar apodrecimento local do tecido e o aparecimento de grandes feridas. Quando as leses so muito grandes, a dor forte deixa os animais abatidos e sem apetite.

    Espcies afetadas: todas as espcies domsticas.

    Tratamento1: pinho-bravo e alho-roxo (Allium sativum L). Em outras regies, como a Zona da Mata, pode-se utilizar a casca da imbaba, raspando a segunda camada da casca, colocando-a em cima do ferimento e amarrado com um pano.

    Formulao e modo de usar:

    Leite de pinho-bravo: raspar dois palmos de casca de pinho-bravo, do lado em que o sol nasce. Colocar a raspa em gua morna e espremer ou coar em um pano limpo. Dar um litro da formulao para o animal.

    Alho-roxo: pisar trs cabeas de alho-roxo, colocar em gua morna e coar com pano limpo. Dar para o animal beber.

    Observao: no caso de picada em caprino e ovino, utilizar apenas raspas de um palmo de pinho-bravo ou uma cabea de alho-roxo.

    Obs.: no h nenhuma comprovao cientfica do uso da fitoterapia para tratamento de picadas de cobra.

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    Gogo (Coriza Infecciosa)

    Descrio: doena contagiosa que ataca o sistema respiratrio de aves. Espalha-se rapidamente em sistemas de confinamento, mas pode aparecer em qualquer tipo de criao, inclusive atacar outras aves como: peru, patos e guin. Sua transmisso se d geralmente pelo contato com animais doentes, rao e gua contaminada.

    Sintomas: aparecimento de coriza ou escorrimento nas narinas (bico), chiado no peito e espirro, respirao pela boca (boca aberta) e inchao abaixo dos olhos. No caso da coriza, uma secreo transparente que posteriormente torna-se amarelada.

    Espcies afetadas: aves de terreiro.

    Tratamento: Raspa de angico-de-caroo com umburana-de-cheiro e limo.

    Formulao e modo de usar: colocar em quatro litros de gua dois limes corta-dos, 50 gramas de raspa de angico e 100 gramas de raspa de umburana-de-chei-ro. Misturar todos os ingredientes e colocar no bebedouro.

    Observao: deve-se providenciar abrigo para os animais, evitando umidade e ventos frios.

    Ectima Contagioso ou Boqueira

    Descrio: uma doena causada por um vrus altamente contagioso que pode contaminar 100% do rebanho. Provoca perdas econmicas nos animais, pois di-ficulta a alimentao e, s vezes, as feridas so contaminadas por germes que podem causar a morte dos animais. Pode infectar pessoas, causando leses nas mos e no rosto.

    Sintomas: presena de feridas com crostas no focinho, lbios ou no bere.

    Espcies mais afetadas: ovinos e caprinos.Tratamento: uso do leo de mamona.

    Formulao e modo de usar: pincele o azeite nas feridas uma vez por dia, duran-te trs dias, e no deixe os animais jovens mamarem durante esse perodo.

    Caprino com boqueira

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    Febre

    Descrio: a febre um sintoma de uma infeco no corpo do animal e pode estar ligada a muitas doenas diferentes.

    Sintomas: tristeza, perda do apetite e tremores musculares.

    Espcies afetadas: todos os animais domsticos e silvestres.

    Tratamento: alho, sena, eucalipto e caf. Quando os animais apresentam a doena deve-se evitar coloc-los em locais frios e midos.

    Formulao e modo de preparar: pisar no pilo semente de sena e folhas de eucalipto e misturar com borra do caf. Fazer o ch e, ainda morno, dar 250 ml (mililitros) para os sunos e 10 ml (mililitros) para as aves. O animal deve tomar este remdio apenas uma vez, quando apresentar os sintomas de febre.

    Dica: muito importante identificar a causa da febre para poder tratar a doena, pois a febre s vai embora de uma vez quando a doena for tratada.

    Bouba aviria

    Descrio: uma doena muito comum em aves, como galinhas, perus e, s ve-zes, em pombos. Galinhas-de-angola (Guin) no pegam bouba. A Bouba Aviria apresenta-se tanto em pintos quanto em aves adultas. Porm adultos so menos atingidos por j possurem certo grau de resistncia, j pintos so mais frgeis e adoecem mais. A transmisso feita pelo vento.

    Espcies afetadas: aves de terreiro.

    Sintomas: tristeza, o animal se torna quieto e apresentando febre. As penas fi-cam arrepiadas. O principal sintoma o caroo ao redor dos olhos, nas barbelas e crista. A Bouba ainda pode aparecer ou desenvolver-se apresentando caroos e placas amareladas no canto do bico, na lngua e garganta, o que pode causar sinusite, inflamao dos ossos do crnio e isso pode levar falta de ar pelo in-chao cranial.

    Tratamento: xerm com alho pode auxiliar na recuperao e fortalecimento das aves.

    Formulao e modo de usar: pisar no pilo uma cabea de alho, e misturar com o xerm (milho modo). Fornecer ao animal uma vez por dia e observar a melhora.

    Galinha com caroos caractersticos da bouba aviria

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    5. Medidas preventivas...............................................................Falar de medidas preventivas falar de cuidados com os animais, falar de sade. Se j vimos os muitos prejuzos que algumas doenas podem trazer para a cria-o, porque no cuidar deles para que no fiquem doentes, no seria mais barato e mais prtico?

    Este captulo traz alguns tpicos sobre as principais medidas preventivas que as famlias podem adotar para manter sempre uma criao saudvel e com boa produo. J vimos anteriormente a importncia da alimentao que tambm pode ser considerada uma medida preventiva, mas aqui queremos abordar outras questes importantes para a sade dos animais.

    O que faz muitas plantas se tornarem venenosas para os animais o desequilbrio do meio ambiente. Num estgio mais equilibrado tnhamos vrios tipos de capins e plantas que os animais se alimentavam e podiam ingerir quantidades pequenas de nutrientes diferentes. Com o desmatamento, as queimadas e plantio de uma s variedade de forragem h uma diminuio na oferta de alimentao diversificada e, consequentemente, os animais comeam a se alimentar em excesso de plantas que antes no causavam nenhum mal, por estar em equilbrio com outras espcies.

    No Semirido existem algumas plantas nativas que se reproduzem muito bem em condies de falta de gua. Podemos, inclusive, dizer que so plantas boas, resis-tentes seca, mas podem causar intoxicao se ingeridas em excesso. Na maioria dos casos, no perodo seco, os animais procuram as plantas que esto verdes, e estas pela sua adaptabilidade ao clima permanecem sempre verdes, contrariando a falta de chuva. valioso dizer que essas plantas so muito importantes para o equilbrio ambiental, assim como para a diversidade gentica do bioma Caatinga. Abaixo segue um quadro com tais plantas, as condies em que elas se tornam venenosas e como se prevenir.

    5.1 Plantas txicas e os principais cuidados

    Nome da planta Animais afetados SintomasPreveno/tratamento

    Tingui (Mascagna rigida)

    Bovinos e Caprinos

    Os animais se alimen-tam normalmente das plantas e apresentam os sintomas somente quando so obriga-dos ao esforo fsico (andar, correr). Os principais sintomas so: tremores, cabea para trs e morte sbita.

    Identificar a rea na propriedade que tem a planta e no movimentar aqueles animais no perodo em que eles esto comendo.

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    Algaroba (Prosopis juliflora)

    Bovinos e Caprinos

    A intoxicao ocorre se o animal for alimentado duran-te, no mnimo, seis meses com as vagens da Algaroba numa quantidade a partir de 50% da rao os sintomas so: inclinao lateral da cabea durante a mastigao, a lngua fica pendurada, o animal no consegue engolir e emagrece rapidamente.

    Suspender a alimen-tao com a vagem da algaroba.

    Salsa (Ipomea asarifolia)

    Ovinos, caprinos e bovinos

    Ocorre geralmente na poca seca. A salsa, por ser mais resis-tente, fica sempre verde e sempre a fonte de alimentos para os animais. Afeta geralmente animais jovens, quando a me ingere a planta e o fi-lhote bebe o leite, ele se intoxica tambm. Os sintomas so: tre-mores na cabea, e no corpo todo, o animal no consegue ficar em p. Os sintomas se agravam quando os animais so subme-tidos ao exerccio fsico.

    Animais afetados se recuperam em 15 dias depois que deixam de se alimentar com a planta.

    Algodo-bravo, canudo ou mata-bode (Ipomea carnea)

    Ovinos caprinos e bovinos

    Ocorre geralmen-te no perodo das secas, as plantas se desenvolvem perto de audes e barreiros. Os sintomas so: tre-mores na cabea para as laterais, membros abertos, cabea para trs, movimento dos olhos.

    Deve ter cuidado, porque um animal quando come ele ensina ao outro. No h tratamento, os animais no se recu-peram com facilidade. Os animais devem ser retirados da rea.

    Anil, anil-falso (Tephosia cinerea)

    Ovinos

    Ocorre em pocas mais secas, conhecida como bar-riga- dgua, pois o animal acumula gua na barriga, fica fraco e morre.

    Retirar os animais da pastagem.

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    Orelha-de-negro, timbaba, tambor ou tamboril (Entero-lobium contortisili-quum)

    Bovinos e caprinos

    Ocorre quando os animais ingerem uma grande quantidade das vagens da planta, os sintomas so: diarreia e aborto.

    No deixar o animal se alimentar das vagens.

    Pereiro (Aspidosperma pyri-folium)

    Caprinos

    Ocorre quando na poca seca, a nica planta verde o Pereiro e as cabras em qualquer fase de gestao ingerem a planta. Sintomas: aborto e animais nascem doentes e morrem.

    Fornecer outras forragens.

    Jurema-preta (Mimosa tenuiflora)

    Ovinos, Caprinos e Bovinos

    Ocorre quando os animais se alimentam com a planta nos primeiros 60 dias de gestao. Ocorre m formao dos filhotes, como defeitos na face, malformaes nos membros e da coluna vertebral. Acontece mais em caprinos e ovinos. Em bovinos os principais sintomas so proble-mas nos olhos.

    No deixar o animal se alimentar somente dessas plantas nos primeiros 60 dias de gestao.

    A vacinao um procedimento simples e de grande importncia para o controle e erradicao de doenas nos animais domsticos. O processo consiste em aplicar a vacina no animal sadio. As vacinas so produtos seguros, baratos e empregados sempre para evitar que os animais adoeam de algo especfico, ou seja, cada vacina protege contra uma doena. No entanto, muitas vacinas so compostas por mais de um tipo de produto (antgeno), podendo proteger vrias doenas simultaneamen-te. o caso das vacinas polivalentes.

    As vacinas no so substncias qumicas que causam mal aos animais, no so t-xicas, nem causam nenhum problema sade deles, nem de quem consome o leite ou a carne desses animais. As vacinas so feitas a partir do prprio agente que causa a doena, por exemplo: a vacina contra a raiva, que uma doena grave, feita a partir de um pedao do micrbio que provoca a doena, e um pedao que no consegue causar a doena. A vacina aplicada e o prprio animal produz uma substncia capaz de combater aquele micrbio toda vez que o animal tiver contato com ele, assim eles ficam protegidos da raiva.

    As vacinas no so medicamentos para tratamento, por isso a vacinao deve ser feita sempre antes de o animal adoecer. Assim, importante que os animais sejam

    5.2 Por que devo vacinar minha criao?

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    vacinados ainda jovens, em geral a partir de 2 a 3 meses de idade. Por esse motivo que as vacinas so utilizadas para prevenir a doena e no para curar. Normalmen-te, os animais que nunca foram vacinados, devem receber duas doses iniciais, com intervalo de 30 dias. Depois disso, as repeties devem ser feitas a cada 6 meses ou uma vez por ano. Esse intervalo depende de vrios fatores e deve ser obedecido para que o efeito da vacinao seja prolongado e garantido.

    A vacinao um procedimento de baixo custo, visto que muitas vezes o prejuzo econmico pela morte de um nico animal, por uma determinada doena, muito mais alto que vacinar todos os animais do rebanho. Recomenda-se, sempre que possvel, a utilizao de todas as vacinas disponveis. No entanto, cada regio tem doenas que so mais ou menos importantes. Para definir seu calendrio de va-cinao e quais as doenas que ocorrem na sua regio, preciso identificar essas doenas e, se possvel, consultar um mdico veterinrio para ver quais as vacinas que devem ser aplicadas no rebanho.

    A seguir apresentamos uma sugesto de calendrio de vacinao para animais de produo (caprinos, ovinos, bovinos, equinos, sunos e aves). Este calendrio po-der ser alterado a critrio do mdico veterinrio, por indicao do servio de de-fesa sanitria ou mesmo de acordo com o laboratrio da vacina.

    As doenas listadas em vermelho so as que tm vacinas especficas, ou seja, a va-cina exclusiva para proteger contra uma nica doena; as marcadas em verde so as polivacinas contra clostridioses (botulismo, ttano, carbnculo sintomtico, enterotoxemia, edema maligno, morte sbita e outras); as marcadas em lils so tambm polivacinas e normalmente so vendidas juntas no mesmo produto; por fim, as listadas em amarelo so polivacinas que devem ser administradas em ani-mais jovens.

    Doena Espcies vacinadas Idade da 1 dose Reforo

    Bouba aviria AvesAos 21 dias (Cepa suave)

    Aos 63 dias de vida (Cepa forte)

    Doena de New Castle

    Aves 10 a 15 dias

    35 a 40 dias de vida, depois aos 80 a 85 dias e, a partir da, repetir a cada 4 meses

    Coriza infeciosa das aves (gogo)

    Aves Aos 35 diasAos 77 dias de vida

    Febre AftosaBovinos e bfalos

    Desde o nascimento

    A cada 6 meses

    Linfadenite Case-osa (caroo)

    Caprinos e ovinos

    2-3 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    Anual

    RaivaTodas as espcies domsticas com exceo das aves

    Dose nica aos 2-3 meses

    Anual

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos32

    BruceloseBovinos e bfalos

    Dose nica em bezerras de 3 a 8 meses

    No tem

    Clostridioses (botulismo, ttano, carbn-culo sintomtico, enterotoxemia, edema maligno, morte sbita e outras)

    Todas as espcies

    2-3 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    Anual

    Diarreia Viral Bovina

    Bovinos

    6 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses

    Rinotraqueite Infecciosa Bovina

    Bovinos

    6 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses

    Leptospirose Todas as espcies

    6 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses

    Diarreias bacte-rianas

    Todas as espcies20 dias com repe-tio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses e 30 dias antes do parto

    Parainfluenza Bovinos

    6 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses

    Vrus respiratrio sincicial

    Bovinos

    6 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses

    Pasteurelose Bovinos

    6 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses

    Coronavirose, Rotavirose, Coli-bacilose, Entero-toxemia

    Bovinos, ca-prinos, ovinos, sunos

    2-3 meses com repetio 30 dias aps a primeira dose

    A cada 6 meses e 30 dias antes do parto

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 33

    Mesmo com todos os cuidados que se deve tomar com os animais, existe um fator que fundamental para o sucesso da criao, que so as instalaes onde esses animais ficam quando no esto pastando no campo, pois esses ambientes podem ser a fonte de vrias doenas e infeces para os animais. Abaixo seguem algumas orientaes que podem ajudar:

    1. Para cada tipo de espcie deve-se ter uma instalao diferente. Tome muito cuidado em misturar diferentes espcies nas mesmas instalaes, pois h doen-as que podem afetar uma espcie e no afetar a outra. Mantenha sempre que seja possvel locais diferentes;

    2. As estruturas devem ser instaladas em locais estratgicos, observando a ven-tilao, temperatura, umidade e capacidade de lotao, ou seja, quantos ani-mais cabem no curral. Quanto mais animais num mesmo local sem ventilao ou iluminao, maior o risco de contaminao e morte de animais;

    3. A limpeza do aprisco e/ou chiqueiro precisa ser feita todos os dias ou pelo menos duas vezes por semana, sendo que o esterco deve ser colocado de pre-ferncia em esterqueira. Esta medida visa diminuir a contaminao por vermes que causam a anemia;

    4. Isolamento de animais doentes ou suspeitos: local destinado a isolar animais doentes do rebanho, para observao e eventuais tratamentos; deve estar lo-calizado prximo moradia do criador. Esse local deve ser rigorosamente de-sinfetado com soluo de creolina, gua sanitria, vassoura de fogo, ou uma camada fina de cal virgem nas paredes e pisos, antes e depois da entrada dos animais doentes;

    5. Quarentenrio: fundamental que depois de comprar um animal de pro-priedades desconhecidas ou distantes, mant-los em local separado dos seus animais. Essa simples medida evita que animais doentes tenham contato com animais sadios. Os animais adquiridos permanecero por um perodo mnimo de 20 dias e mximo de 40 sem contato com os demais e se no apresentarem nenhuma doena podero ser introduzidos no rebanho;

    6. Comedouros, bebedouros e saleiros: devem permanecer do lado de fora da instalao/aprisco, e serem limpos a cada dois dias, evitando que possam dis-seminar doenas;

    7.Esterqueira: importante no destino dos dejetos slidos e/ou lquidos. Sua funo armazenar o esterco possibilitando sua fermentao que, depois de bem curado, poder ser utilizado como um timo fertilizante natural nas lavou-ras, Agroflorestas, pastagens, entre outras.

    5.3 Controle das instalaes

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos34

    6. As Zoonoses e a sade pblica...............................................................

    Zoonoses so doenas ou infeces naturalmente transmissveis entre animais vertebrados e seres humanos. Essa a definio da Organizao Mundial de Sa-de (OMS) que j catalogou mais de 200 doenas que ocorrem em animais e que podem ser adquiridas pelos humanos. So doenas de grande impacto para a sa-de dos animais e, principalmente, das pessoas.

    No entanto, ns no podemos achar que nossos animais vo nos transmitir doen-as, afinal esta cartilha tem objetivo de dar um suporte para as famlias agriculto-ras que criam animais e as que desejam criar. Para isso, precisamos adotar os cuida-dos j citados. Com o intuito de evitar qualquer tipo de problema com as zoonoses, esto citadas, a seguir, aquelas que ocorrem na regio Nordeste do Brasil.

    Raiva

    Descrio: uma doena causada por um vrus que ataca o sistema nervoso cen-tral causando mudana de comportamento e problemas neurolgicos. Afeta ani-mais e seres humanos e em 100% dos casos leva morte.

    Via de transmisso: transmitida principalmente por ces, gatos, morcegos, raposas e outros animais silvestres. Cavalos, bovinos, caprinos e ovinos so de menor importncia como transmissores para as pessoas. A transmisso se d quase sempre pela mordedura ou lambedura de mucosas.

    Sintomas em ces: tendem a ficar em lugares escuros, perdem o apetite, ficam agitados, babam constantemente. O animal pode ficar agressivo e morder o pr-prio dono ou objetos.

    Bovino com sintomas da raiva

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 35

    Sintomas em Bovinos: predomina a forma paraltica. Os animais tm dificulda-des para deglutir e deixam de se alimentar. Com a evoluo, eles se deitam e no conseguem mais levantar, at morte, que ocorre em 2 a 5 dias.

    Preveno: preciso vacinar todos os animais de acordo com a tabela de vaci-nao, e se uma pessoa for mordida por um morcego, ou co, mesmo que este esteja vacinado, deve procurar um hospital imediatamente para serem tomadas as medidas necessrias.

    BruceloseDescrio: doena infectocontagiosa causada pela bactria Brucella spp, que causa infertilidade e abortos em bovinos e sunos. Nos caprinos, ovinos, ces, equinos e seres humanos os sintomas so menos especficos. A doena tem maior importncia nos bovinos e seres humanos.

    Via de transmisso: no Brasil a maioria dos casos em humanos ocorre pelo contato com restos fetais de aborto, secrees vaginais, leite de vacas doentes, entre outros.

    Sintomas nos bovinos: abortos espontneos, reteno de placenta, infertilida-de nos machos e nas fmeas.

    Preveno: vacinar todas as bezerras entre 3-8 meses de idade. Cuidado para no entrar em contato direto com material de abortamentos, secrees vaginais e consumir leite cru de animais no vacinados. Pedir o teste de brucelose sem-pre antes de comprar um novo animal. As vacinas devem ser administradas pelo veterinrio cadastrado, pois so vacinas vivas e podem contaminar quem estiver manuseando. No Brasil, temos o Programa Nacional de Combate e Erradicao de Brucelose e Tuberculose PNCEBT, que possui legislao prpria sobre a brucelo-se. Os machos no precisam ser vacinados.

    TuberculoseDescrio: doena causada por Mycobacterium bovis que pode ser transmitido para os humanos.

    Via de transmisso: contato direto com animais doentes, geralmente ocorre em tratadores e magarefes, mas pode ocorrer por ingesto de leite cru e em contato com urina, fezes, secreo vaginal, assim como por inalao.

    Sintomas em Bovinos: a doena no apresenta inicialmente nenhum sintoma, mas com a evoluo, surge o emagrecimento progressivo, corrimento nasal, fe-bre, dificuldade respiratria e cansao. O animal com tuberculose sempre chega ao curral depois dos outros.

    Sintomas em humanos: tosse persistente por mais de trs semanas com emagre-cimento e sangue no escarro.

    Tratamento e preveno: no h tratamento para bovinos, os animais diagnosti-cados precisam ser sacrificados. No Brasil, existe o Programa Nacional de Erradi-cao e Controle da Brucelose e Tuberculose, que estabelece todas as normativas como: certificao de propriedades livres, controle de trnsito de animais (GTA), entre outras regras. No entanto, o Programa ainda no tem estrutura suficiente para que todas as famlias agricultoras possam estar dentro do PNCEBT. Em hu-manos, no primeiro ms de vida, obrigatria a vacina BCG e o tratamento feito a base de antibiticos pelo Sistema nico de Sade SUS.

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos36

    Leptospirose

    Descrio: uma doena causada por uma bactria Leptospira interrogans que pode provocar problemas reprodutivos, urinrios e circulatrios. causada, prin-cipalmente, pela urina de rato. Afeta bovinos, sunos, caprinos, ovinos, ces e humanos. Ocorre, principalmente, onde h precrias condies de infraestrutura sanitria porque, consequentemente, tem muitos roedores (ratos).

    Via de transmisso: transmitida principalmente pelo contato da pele com gua, l-quidos e solos midos contaminados, geralmente, pela urina de ratos. Ocorrem mui-tos casos em enchentes e alagamentos, onde existe a presena de roedores.

    Sintomas em bovinos: os sintomas podem variar muito, mas, geralmente, tem-se febre, falta de apetite, diarreia e conjuntivite, pode haver abortos tambm.

    Sintomas em humanos: pode variar muito porque so muito parecidos com outras doenas, como febre, calafrio, dor de cabea, dor muscular na batata da perna.

    Preveno: Controle de roedores, evitar o contato com gua de esgotos e outras fontes suspeitas e vacinao de animais.

    Leishmaniose

    Descrio: a leishmaniose uma doena causada pelo protozorio Leishmania e transmitida aos humanos a partir da picada de um mosquito, conhecido como mosquito palhinha. Ela pode se apresentar em dois tipos: Leishmaniose Tegu-mentar Americana, conhecida tambm como ferida brava; ou Leishmaniose Visceral, conhecida como calazar. Em muitos casos, a leishmaniose pode levar morte, se no for diagnosticada cedo. O Nordeste tem o maior ndice dos casos de leishmaniose visceral no Brasil.

    Vias de transmisso: podem ser hospedeiros - os ces, raposas, equinos, taman-dus e marsupiais (ticaca, timbu, sarigu). transmitida para o humano pela picada do mosquito palhinha, como conhecido popularmente.

    Sintomas em ces: unhas grandes, feridas em algumas partes do corpo (princi-palmente orelhas), perda de peso, queda de pelos, diarreia, coriza, etc.

    Sintomas em humanos:

    Leishmaniose tegumentar (ferida brava): no local da picada forma-se uma fe-rida arredondada com bordas elevadas, que com o passar do tempo vai aumen-tando, a ferida se caracteriza por nunca cicatrizar.

    Leishmaniose visceral (Calazar): febre, diarreia, aumento do bao e do fgado (barriga cresce), emagrecimento, anemia e hemorragias.

    Tratamento e preveno: no h tratamento para os animais. Todos os animais diagnosticados como doentes devem ser sacrificados. Para os humanos h trata-mento, mas preciso que haja o diagnstico com rapidez. Como forma de preven-o, necessrio controlar o nmero de cachorros e mant-los saudveis, acom-panhando os testes feitos periodicamente pelos agentes de sade. A principal causa da doena o desequilbrio ambiental como: desmatamento, expanso de reas urbanas e condies precrias de habitao e saneamento.

  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 37

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    HOLANDA JNIOR, E. V.; MARTINS, E. C. (2010). Anlise da produo e do mer-cado de produtos caprinos e ovinos: o caso do territrio do Serto do Paje em Pernambuco. Sobral: IFAD TAG 659-ICARDA/EMBRAPA/PDHC/FIDA.

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  • Fitoterapia Animal: Tradio e Cincia na Criao Agroecolgica de AnimaisSrie Conhecimentos 39

    EXPEDIENTE

    Agradecemos aos agricultores e s agricultoras que participaram da oficina para a elaborao desta cartilha.

    Esta uma publicao do Centro de Desenvolvimento Agroecolgico Sabi. Rua do Sossego, 355, Santo Amaro, Recife/PE, CEP: 50050-080. Fone/FAX: (81) 3223.3323/7026 [email protected] | http://www.centrosabia.org.br

    Diretoria - Presidente: Jones Severino Pereira. Vice-presidenta: Ivonete Ldia Vieira. Secretria: Joana Santos. Conselho fiscal: Joelma Pereira, Tone Cristiano e Sandra Rejane. Coordenao Coor-denador geral: Alexandre Henrique Bezerra Pires. Coordenadora Tcnico Pedaggica: Maria Cristina Aureliano. Coordenadora Administrativo Financeira: Vernica Batista. | Equipe de Trabalho: Al-berto Barros, Ana Lcia, Antnio Bezerra Jnior, Darliton Lima, Demetrius Falco, Edilene Barbosa, Erivam Jos, Ewerton Frana, Gleidson Amaral, Iran Severino da Conceio, Jacinta Gomes, Janaina Ferraz, Jlio Csar, Jlio Valrio de Oliveira, Jullyana Lucena, Maria Edineide de Oliveira, Miriam Lima, Niclia Nogueira, Pedro Eugnio, Raimundo Daldenberg, Roberto Nascimento, Rosana Paula da Silva, Vnia Luiza, Victor Barbosa, Vilma Machado e Wellington Gouveia. Projetos Especiais: Anirica Al-meida, Caio Meneses, Ceclia Tayse, Dilene Nicolau, Henrique Luiz, Jackson Hlder, Jos Allan, Juliana Batista, Loide Maria, Natlia Porfrio, Pedro Oliveira, Ricardo Marcelo, Thacya Cldina, Tlio Melo; Shirliane Ivo (estagiria). | Coordenaes locais - Agreste: Carlos Magno M. Morais; Zona da Mata: Ana Santos da Cruz; Serto: Rivaneide Almeida. Ncleo de Mobilizao de Recursos: Davi Fantuzzi.

    O trabalho do Centro Sabi tambm recebe o apoio das seguintes organizaes: ActionAid, Mi-sereor/KZE, terre des hommes schweiz, Unio Europeia, Caixa Econmica Federal - Fundo Socioam-biental, Fundo Nacional sobre Mudanas no Clima (FNMC), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), Petrobras, ministrios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social e Combate Fome e do Desenvolvimento Agrrio, Projeto Dom Helder Camara (PDHC), Agncia Pernambucana de guas e Clima (APAC), Habitat para a Humanidade e Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

    Produo do Ncleo de Comunicao do Centro SabiLaudenice Oliveira (DRT/PE - 2654)Sara Brito (Comunicadora)Alex Carvalho e Victria Ayres (Estagirias)Textos: Carlos Magno de Medeiros Morais e Cludio de Almeida Ribeiro. Projeto grfico e diagramao: Alberto Saulo. Fotos: Carlos Magno, Vldia Lima, Jorge Verdi, Edsio Azevedo, Chico Nogueira e arquivo PDHC.Reviso Ortogrfica: Andra Luz.Reviso Tcnica: Felipe Jalfim e Edsio Azevedo.Impresso: Grfica Provisual.Tiragem: 1.000 (hum mil) exemplares.

    Recife/2014

    O Centro Sabi faz parte das seguintes articulaes:

    O Centro Sabi filiado a:

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