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Poema em prosa de Caio Russo
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Flor em carne
À Juliana, pelo apoio tão presente
Soa cinéreo sinal. A entrada dos meninos nos salões dos saberes. Ecoa peito
adentro gotas de suor pelo dia quente. Debaixo do uniforme. Confirmação de quem
estuda. Salmodiava a professora. Bandeirantes. Genocídio de índios. Negros.
Interiorização do Brasil. Ventilador de teto queimado. Pó de giz. Separava. Escapava
dos movimentos da pedagoga na lousa. Brancas partículas formavam no nada os
devaneios sem palavras. Entorpecia a mente as informações atropeladas. Longe. Longe
Assinalava o sinal a saída. Libertos. Olhou de soslaio para branca camiseta. Brotou
naquele terreno fértil. Um botão de rosa. No lado esquerdo de sua caixa torácica.
Lançou seus ramos corpo afora. Rubra intensa ficava. À custa do menino. Pálido
tornara-se. Exangue as veias tingiam a sanguínea flor. Nutriam-na. Doavam-se
rapidamente. Ali mesmo. Em frente à escola. Plantaram a semente de ferro em seu
coração. Caiu ainda de olhos despertos.