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1 FOLH A DE R OSTO UNI VE RSIDADE CANDIDO MENDES P ÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE <> <> <> <> <> O ALCOOLISMO EM RELAÇÃO AO TRABALHO <> <> <> <> <> Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito do Trabalho. Por: Ildinei Costa dos Santos

FOLHA DE ROSTO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … COSTA DOS SANTOS.pdf · As Estatísticas da Organização Mundial de Saúde revelam que o alcoolismo é um dos males que mais

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FOLHA DE ROSTO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE<>

<>

<>

<>

<>

O ALCOOLISMO EM RELAÇÃO AO TRABALHO<>

<>

<>

<>

<>

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Direito do Trabalho.

Por: Ildinei Costa dos Santos

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser meu amigo.

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DEDICATÓRIA

Dedico minha família, principalmente a

minha noiva Ana Paula por todo carinho e

apoio.

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RESUMO

Durante muitos anos o problema do alcoolismo, influiu na relação de trabalho sendo considerado como uma embriaguez habitual que é uma figura típica de falta grave do emprego, prevista no art. 482, alínea "f", da CLT, que autoriza a rescisão do contrato de trabalho por justa causa. A doença do alcoolismo é um tema social muito amplo, que vai desde o campo médico ao jurídico. Entretanto, atualmente os Tribunais da Justiça do Trabalho, estão deixando de acatar a falta grave do alcoolismo, mesmo que chamada erradamente de embriaguez habitual ou em serviço. Nas empresas mais organizadas não se despendem mais o empregado doente do álcool, tentam recuperá-lo. Principalmente no Direito do Trabalho o álcool já está sendoentendido com tranqüilidade, como doença. E como tal, merecedor de tratamento não de punição. O alcoolismo é uma doença adquirida imerecidamente e sem a culpa do atingido. Pessoas portadoras de dependência alcoólica precisam de auxílio dos outros. Mas este auxílio pressupõe, para ser eficaz, a compreensão do problema e da pessoa problemática nas suas dimensões. Só deste sólido e amplo entender pode resultar uma convivência, da qual, com o necessário e devido respeito pela pessoa humana seja ela alcoólica ou alcoolista seco, podem surgir e estabelecer-se soluções cabíveis e adequadas como aquelas destinadas a todo e qualquer portador de alguma doença.

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METODOLOGIA

O projeto de monografia será desenvolvido usando a seguinte

metodologia: pesquisa de campo, revisões bibliográficas referentes ao tema,

consoante com a doutrina, para conceituar o que é alcoolismo, justa causa;

bem como a divisão em capítulos explicitando o entendimento sobre como o

alcoolismo atua no ambiente de trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPITULO I – A PALAVRA ALCOOLISMO 10

CAPITULO II – JUSTA CAUSA: EMBRIAGUEZ HABITUAL 20

CAPITULO III – OS CASOS DE ALCOOLISMO NO AMBIENTE DE

TRABALHO

36

CONCLUSÃO 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49

ANEXOS 51

ÍNDICE 54

FOLHA DE AVALIAÇÃO 56

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INTRODUÇÃO

Alcoolismo, é hoje reconhecido universalmente como doença e

analisado pela Organização Mundial de Saúde, respeitado órgão das Nações

Unidas. Todavia o Mundo do Direito tem resistido ao avanço histórico,

científico, que optou pela doença no lugar de falta de caráter, vício, pecado, na

longa e penosa evolução do alcoolismo-doença. Enfermidade reconhecida

formalmente pelo Órgão competente a Organização Mundial De Saúde - OMS,

braço específico da Organização das Nações Unidas ONU, com sede principal

em Genebra berço geográfico da antiga Liga das Nações.

Como tal está na Classificação Internacional de Doenças - C.I.D., em

pelo menos três rubricas sob o número 291 (psicose alcoólica); 303 (síndrome

de dependência do álcool); 305.0 (abuso do álcool sem dependência). O C.I.D.

é o repositório oficial de TODAS as enfermidades que assolam ao ser humano,

na classificação oficial é reconhecida pelo poder maior, no campo, que há a

apontada pela OMS. O livro que agrupa e fornece código de identificação para

todas as doenças conhecidas no mundo, começou a ser editado em 1893.

No Direito do Trabalho é considerado como uma falta grave. Na área

criminal, agravante muitas vezes, medidas de segurança como resultado em

Manicômio Judiciário No universo civilista do Direito de Família ao campo das

interdições, mandatos, seguros, fianças, contratos, multidão de problemas, de

dramas, de tragédias.

As pessoas não nascem alcoólatras. Para se tomar alcoólatra, a

pessoa precisa ingerir álcool, um ato que normalmente é iniciado depois que se

nasce, embora os fetos obtenham álcool quando suas mães bebem durante o

período de gestação. Mas há evidência de que muitas pessoas podem nascer

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8como alcoólatras potenciais, precisando apenas começar a beber para que o

processo da doença se ponha em andamento.

A bebida em excesso é um grande risco para a saúde. Reduz a

vivacidade mental, coordenação e discernimento a bebida provoca quase

metade das 80.000 mortes por acidentes de tráfego anualmente (nos EUA). O

álcool também diminui a resistência do corpo a doenças infecciosas como a

pneumonia Por ter o álcool elevado teor de calorias, beber pode resultar em

redução acentuada do apetite. Em conseqüência, a entrada de nutrientes

necessários fica bem aquém do essencial à boa saúde. Isso explica, em

grande parte, os problemas hepáticos e cardíacos associados à bebida. Mas

não se trata apenas de refeições blefadas. Segundo autoridades médicas, uma

pessoa pode fazer três refeições completas por dia e apresentar-se desnutrida

se beber muito.

As Estatísticas da Organização Mundial de Saúde revelam que o

alcoolismo é um dos males que mais ceifam vidas no mundo, tendo ocupado

um triste terceiro lugar mundial já havendo passado para o segundo. Isto sem

levar em consideração que no obituário mundial não constam como mortes

causadas pelo alcoolismo as milhares de baixas atestadas como por doenças

cardíacas, males cerebrais, problemas vários do aparelho digestivo, havidos

por causas violentas; mais homicídios e simplesmente suicídios, além de

multidão de outros assentamentos na realidade com origem clara na doença

do alcoolismo não passam de seqüelas da doença. A embriaguez habitual ou

em serviço provoca a justa causa, aleija, tritura, mata, assola o

trabalhador; além de toda miséria que causa ainda lhe tira o emprego

autorizando a demissão sem pagamento indenizatório algum. Embora a

Jurisprudência Trabalhista caminhe em sentido liberatório, consertando o

defeito do texto legal, há, todavia, Juízes Trabalhistas ainda

desinformados; e empregadores mais ainda que acabam por demitir seus

funcionários com problemas de alcoolismo.

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Dentro desta monografia serão abordados os aspetos jurídicos e

sociais do alcoolismo no Direito do Trabalho, sob o questionamento deste

provocar a justa causa ou ser apenas uma doença. Este trabalho monográfico

abordará, no capítulo 1, a palavra alcoolismo, efeitos, tratamento e perigos do

abuso do álcool; no capítulo 2, alcoolismo visto como motivo de justa causa ou

doença; no capítulo 3, os casos de alcoolismo no ambiente de trabalho, a

prevenção e tratamento, além do problema de beber em serviço; a conclusão

finalizará com o entendimento de que o alcoolismo pode atrapalhar o trabalho e

transformar-se em um motivo de justa causa ou em uma doença.

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CAPÍTULO I

A PALAVRA ALCOOLISMO

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11Desde cedo, o homem descobriu que as bebidas alcoólicas, por seu

efeito tônico e euforizante, permitiam um alívio da angústia e a liberação de

repressões. Esses fatores, entretanto, não são suficientes para explicar a

dependência alcoólica. Assim, devem ser considerados os motivos mórbidos

que levam as pessoas a beber em demasia, bem como a tolerância e a

personalidade de cada indivíduo (GOLDBERG, 2002).

A velocidade de assimilação do álcool e a constância com que é

ingerido são as principais causas do alcoolismo, responsável por sérios

problemas sociais no mundo inteiro. Alcoolismo é uma intoxicação aguda ou

crônica, provocada pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas e constitui um

problema médico quando altera ou põe em risco a saúde física ou mental do

indivíduo (TEIXEIRA, 1998). A tolerância, definida como a relação entre a

concentração de álcool no organismo e o grau de intoxicação, depende de

fatores como idade, sexo, predisposição hereditária, hábitos alimentares,

estado orgânico e psíquico, tempo de intoxicação (ibid, 1998).

As causas do alcoolismo podem ser esquematicamente divididas em a)

ocasionais (quando determinadas pelo próprio meio ambiente; b) secundárias

quando a ocorrência do hábito se faz após um transtorno mental, como a

epilepsia e a arteriosclerose cerebral; c) alcoolismo de causa psicopática

quando disposições caracterológicas congênitas facilitam o vício; e d)

alcoolismo por conflituação neurótica com o desenvolvimento neurótico da

personalidade é que vai condicionar o aparecimento do hábito (GOLDBERG,

2002).

A metabolização do álcool ocorre no fígado, onde é oxidado pela ação

da enzima alcooldesidrogenase, transformando-se inicialmente em aldeído

acético e, depois em ácido acético. A energia liberada por essas reações é

assimilada e utilizada posteriormente pelo organismo, desde que não exceda o

nível máximo de 700 calorias (GOLDBERG, 2002). Para uma pessoa de

compleição normal, um litro de álcool, ingerido no decorrer de 24 horas,

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12fornece essa quantidade-limite de energia. Quando o volume de álcool ingerido

supera esse limite, entram em funcionamento outros mecanismos fisiológicos

que provocam uma lenta deterioração do organismo (ibid, 2002).

O alcoolismo é responsável por prejuízos ao Estado em tomo de 5 a

7% do PIB (produto Interno Bruto), por conta das aposentadorias precoces,

acidentes de trabalho e de trânsito, internações hospitalares, consultas

psiquiátricas, dentre outras (TEIXEIRA, 1995, p. 62). Por outro lado, a

Organização Mundial de Saúde alerta que o álcool é droga e causa

dependência, e que de 12% a 15% da população mundial é dependente de

bebida alcoólica. Mais de 300 000 pessoas, espalhadas por setenta países,

dedicam-se a uma difícil tarefa: auxiliar milhares de vítimas do alcoolismo a

livrarem-se do vício (ibid, 1998). São os (AA) Alcoólatras Anônimos, membros

de uma associação voluntária criada nos Estados Unidos em 1935, e que hoje

possui mais de 8 700 grupos em todo o mundo. Alcoolismo é a designação

genérica para o quadro mórbido resultante da ingestão de álcool etílico

(C2H5OH) e sua presença na corrente sangüÍnea (op. cit., 1998).

De acordo com o entendimento de João R. F. Teixeira:

O primeiro Levantamento Domiciliar Sobre o Uso de Drogas no Brasil realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, em convênio com o CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicoterápicas) que funcionam no Departamento de Psicobiologia da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), antiga Escola Paulista de Medicina. É uma entidade sem fins lucrativos e existe exclusivamente para ser útil à população. Para cumprir esta função, o CEBRID ministra cursos, palestras e reuniões científicas sobre Drogas; publica livros, faz levantamentos sobre o consumo de drogas entre estudantes, meninos de rua, etc., mantém um Banco de trabalhos científicos brasileiros sobre o abuso de drogas e publica um Boletim trimestral. Esse estudo revela que 4% dessa população já se submeteu a algum tratamento para se livrar da dependência de drogas. A pesquisa, da Secretaria Nacional Antidrogas, foi aplicada nas cidades com população superior a 200 mil habitantes, incluídas as capitais, o que totalizou aproximadamente 47 milhões de habitantes, que

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13representam 41,3% da população brasileira. Foram ouvidas 8.589 pessoas entre outubro e dezembro do ano passado (1998, p. 62).

No elenco das justas causa, prevista no art. 482, alínea “f”, está

definido o alcoolismo como sendo a embriaguez, e que provoca mal maior,

demissível a seu autor. Todavia, o termo previsto para a justa causa no art.

482, alínea “f” diz: embriaguez habitual ou em serviço. De certa forma, seria

uma justa causa dupla, porque prevê o alcoolismo ou seja a embriaguez em

duas situações: habitualmente (todos os dias) e dentro do serviço. Antigamente

rotulava-se a pessoa que tinha o vício da bebida, e este era de forma radical

posto para fora da empresa, pouco se importando com os motivos ou o porque

dele beber (TEIXEIRA, 1998). Era considerado falta grave beber fosse antes do

trabalho, durante ou na saída do mesmo. Entretanto a evolução das leis

trabalhistas trouxe consigo o entendimento dos Tribunais do Trabalho estão

deixando de acatar a falta grave alcoolismo, mesmo que chamada erradamente

de embriaguez habitual ou em serviço. Inclusive as empresas maiores,

organizadas já não despedem mais o empregado doente do álcool. Ao

contrário buscam recuperá-lo. Porque é mais econômico tratar do que demitir

(ibid, 1998).

1.1 Efeitos do alcoolismo

No que diz respeito ao sistema nervoso, os sintomas que mais

chamam a atenção são, o tremor e a polineurite com a sensibilidade à pressão

dos troncos nervosos, dores nas extremidades e hipoalgesias. Com relação ao

aparelho digestivo, além da falta de apetite, que constitui queixa constante, as

complicações mais comuns são a gastrite com vômitos matinais e a cirrose

hepática, que pode levar o indivíduo ao coma e à morte (GOLDBERG, 2002).

No coração pode aparecer uma degeneração adiposa, que se cura com a

abstinência, mas que ressurge com o abuso do álcool. Essa alteração

responde pela insuficiência circulatória que se observa em certos alcoólatras,

nos quais o pulso torna-se irregular e a área cardíaca aumenta (Ibid, 2002).

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Nos casos mais avançados de alcoolismo, é comum a diminuição da

potência sexual. Os testículos se atrofiam e a excreção hormonal diminui. A

atrofia testicular e a lesão hepática provocam, em geral, a queda dos pêlos

axilares e pubianos. Nas mulheres estabelece-se, em alguns casos,

amenorréia. Os efeitos do alcoolismo na saúde mental são ainda mais graves.

O indivíduo vive num estado de tensão que o leva progressivamente a

manifestações regressivas no sentido da falta de domínio emocional

(GOLDBERG, 2002).

Dentre as funções intelectuais, a memória, a percepção e a crítica são

as mais comprometidas. No princípio, as alterações ocorrem em virtude da

tensão emocional e da atitude egocêntrica do alcoólatra. Depois surgem

transtornos ditos psico-orgânicos, que levam a um déficit irreversível dessas

funções. O alcoólatra equivoca-se facilmente nas leituras, confunde-se e não

capta as imagens. Com o tempo, passa a haver decadência do caráter em

função de diminuição da crítica (GOLDBERG, 2002).

Os transtornos psíquicos provenientes do alcoolismo, conforme sua

intensidade e ocorrência, configuram quadros psiquiátricos. Um deles é a

chamada embriaguez patológica, ou dipsomania, que constitui forma especial

de intoxicação alcoólica aguda, na qual o indivíduo é levado a estados de

excitação psicomotora, alucinações ou fabulações. Ocorre sobretudo em

personalidades psicopáticas e doentias (GOLDBERG, 2002).

O alcoolismo crônico representa o quadro mais freqüente. O psiquismo

se compromete progressivamente, no sentido de alteração da afetividade e das

funções psíquicas superiores. Um fenômeno característico, que afeta o

alcoólatra crônico após certo período de abstinência, é o delirium tremens

(FISHMAN, 2002). O quadro caracteriza-se por inquietude, desorientação,

ansiedade, perturbações do equilíbrio e alucinações visuais, sobretudo

zoopsias (visões de animais e insetos, geralmente repugnantes) tudo isso

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15acompanhado por tremores, aumentos da temperatura e depleção hídrica. Se

não tratado, o delirium tremens pode levar a morre (Ibid, 2002).

As condições de vida impostas pela sociedade moderna têm provocado

um aumento sensível do número de alcoólatras. Devido aos efeitos físicos e

psíquicos do excesso de álcool, eles não conseguem levar uma vida normal,

tanto no âmbito familiar quanto no profissional, comprometendo sua própria

segurança e também a daqueles que os cercam (FISHMAN, 2002). Assim, os

efeitos sociais do alcoolismo deram lugar, em inúmeros países, a programas de

prevenção. Educação do público, principalmente o adolescente, por meio de

campanhas esclarecedoras, e reeducação dos alcoólatras, por meio de

técnicas socioterápicas e sociedades de alcoólatras anônimos, são medidas

importantes em qualquer campanha antialcoólica (Ibid, 2002).

De acordo com João Régis Fassbender Teixeira:

Sendo o alcoolismo encontrado no mínimo em 10% da população válida, mais de quinze e menor de sessenta anos na estatística da Organização Mundial da Saúde, quem mandar empregado embora por alcoólatra, tem enorme possibilidade de admitir, em seu lugar, outro empregado alcoólatra. Além de haver perdido todo investimento feito, para formar e preparar o empregado demitido (1998, p. 65).

Muito se tem discutido na Justiça do Trabalho a respeito do alcoolismo

e se este é razão para aplicar-se à justa causa ao empregado. A porção

insignificante do álcool consumido é eliminada, sem maiores problemas,

através da saliva, hálito, suor. Outra parte é absorvida pelo intestino e chega ao

fígado, transportada pela veia porta juntamente com os demais produtos de

digestão. Uma vez aí, o álcool é oxidado, isto é, queimado pela ação de uma

enzima a hidrogenase alcoólatra, liberando energia (7 calorias por grama) e

aldeído acético. Este se transforma em ácido acético e em outro subproduto

que, combinado ao ácido glicurônico, é eliminado com a urina (GOLDBERG,

2002).

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16Dada a grande facilidade com que o álcool atravessa as paredes do

tubo digestivo, parte desta substância não chega sequer ao fígado, entrando

diretamente na circulação. Sua rápida ação anestesiante dilata as milhares de

vênulas capilares epidérmicas, provocando a característica sensação de calor

(FISHMAN, 2002).

É, entretanto, sobre o sistema nervoso central que o efeito do álcool se

faz sentir de forma mais intensa. Os centros cerebrais superiores comandam

os centros nervosos inferiores como a medula, núcleos basais, coordenando

suas respostas a estímulos diversos. Ao inibir a ação dos primeiros, o álcool é

responsável por reações descoordenadas, que se traduzem em uma aparente

excitação. O efeito de bebidas alcoólicas sobre o psiquismo resulta de

Mecanismo semelhante: a inibição dos processos mentaIs superiores

(FISHMAN, 2002).

O alcoolismo agudo ou embriaguez é uma intoxicação, responsável por

transtornos mentais e incoordenação muscular temporária, desencadeada pela

ingestão de altas doses de álcool em curto lapso de tempo. Os sintomas

decorrem de sua ação depressiva sobre o sistema nervoso central

(GOLDBERG, 2002). Podem ser de ordem psíquica euforia, desinibição,

tristeza ou prostração, neuromotora diminuição dos reflexos, falta de

coordenação muscular ou, ainda, transtornos sensoriais zumbidos, diplopia,

sensação de que o mundo está girando. O passo seguinte é a perda súbita de

consciência, acompanhada de colapsos circulatórios, incontinência

esfincteriana, sono com características comatosas, coma alcoólica (Ibid, 2002).

Anos de uso abusivo da bebida podem ocasionar o alcoolismo crônico.

O processo é lento e progressivo, dependendo das condições físicas do

indivíduo e das quantidades de álcool ingeridas. Rosto inchado e vermelho,

olhos injetados, hálito pesado, voz rouca, o alcoólatra crônico dorme mal e

alimentam-se pouco. Está sempre nauseado e com muita sede. Tem diarréias

freqüentes. Sofre profundas alterações de personalidade (FISHMAN, 2002).

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17Torna-se emotivo em excesso, irritadiço, violento, desconfiado, sempre sujeito

a crises de depressão. O álcool afeta o coração, diminui a capacidade de

trabalho dos rins, altera as taxas de composição sangüínea. O indivíduo

começa a sentir dificuldade em segurar objetos, pode mancar e corre o risco de

ficar paralítico. As células do cérebro são lesadas, diminuindo a capacidade

intelectual, baixo poder de concentração, falta de noção de tempo e espaço

(ibid, 2002).

O alcoolismo, aliado à carência de proteínas e vitaminas,

especialmente do complexo B, é também um dos principais responsáveis pelos

transtornos mentais associados à polineurite e conhecidos como síndrome de

Korsakoff, psicose neurítica ou psicopolineurite (GOLDBERG, 2002).

Entretanto, o maior perigo a ameaçar o alcoólatra é a cirrose: o fígado dilata-

se, surgem fissuras que dIficultam a circulação sangüínea e em geral

conduzem à morte. O alcoolismo traz, também, conseqüências secundárias

graves. (Ibid, 2002) A ingestão habitual de bebidas alcoólicas provoca

inapetência, responsável por deficiências alimentares causadoras de moléstias

como a polineuroparia, semelhante à beribéri e causada pela falta de vitamina

B 1, gastrites e pelagra, produto da deficiência de ácido nicótico (op. cit., 2002)

1.2 Tratamento do alcoolismo

A primeira fase do tratamento consiste na desintoxicação, que deve ser

sempre precedida por um exame completo no sentido de investigar os fatores

causais, sejam eles biológicos, sociais ou psicológicos. De maneira geral, o

tratamento é longo e exige muita tenacidade por parte do paciente e do

médico. A recaída é prevista na evolução terapêutica normal. A desintoxicação

se faz por meio de complexos vitamínicos e energéticos. A hospitalização é

obrigatória, uma vez que a abstinência, essencial para o início do tratamento,

pode provocar reações inesperadas (FISHMAN, 2002).

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18Após a desintoxicação há sempre necessidade de tratamento

psicoterápico. Em certos casos, a chamada cura pela intolerância", que

consiste em condicionar, por meio de medicamentos específicos uma

repugnância pelo álcool, pode surtir resultados satisfatórios (FISHMAN, 2002).

Para a realização desse tipo ele tratamento, é preciso que o paciente tenha

sido previamente alertado. Nos quadros de delirium tremens, psicoses,

encefalopatias e outras formas especiais de alcoolismo, os tratamentos são

diversos e devem ser sempre realizados por especialistas, em ambiente

hospitalar adequado (ibid, 2002).

É difícil curar um alcoólatra crônico. Não basta a vontade de livrar-se

do vício. A suspensão brusca da bebida provoca o delirium tremens. O

indivíduo é agitado por tremores incontroláveis e graves perturbações

neurovegetativas. Sofre alucinações aterrorizantes, sente-se perseguido por

animais, suas reações são agressivas e imprevisíveis (GOLDBERG, 2002). O

alívio é obtido com novas doses de álcool. Diversos tipos de medicamentos

inibitórios são Utilizados no combate ao alcoolismo, conhecidos pela

designação genérica de eméticos, baseia-se no mesmo princípio; misturados

ao álcool provocam tamanho mal-estar que o alcoólatra termina por desistir da

bebida (ibid, 2002). O tratamento é, entretanto, prolongado, requerendo na

maior parte dos casos o internamento em clínicas, onde a cura é completada

com dietas que visam a reconstituir os tecidos e funções lesadas pela ação do

álcool.

1.3 Perigos do abuso do álcool

Em todo o mundo e em todos os tempos, o homem tem aproveitado o

fenômeno da fermentação dos açúcares como produtor de bebidas que

causam prazer por seu sabor e também por seus efeitos. Isso explica porque o

ato de beber tornou-se parte de rituais sagrados, pois se trata de compartilhar

de uma substância que o homem vê nascer como uma dádiva da natureza ou

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19dos deuses (FISHMAN, 2002). O ato de beber está ligado a homenagens como

festas, oferendas a hóspedes ou amigos e a encontros sociais (ibid, 2002).

O álcool é hoje instrumento de rituais para abrir o apetite, estimular

uma conversação, inspirar bons sentimentos, propiciar boa sorte e inspirar

coragem contra o medo, a timidez e as adversidades. Em quase todo o mundo

é costume beber lentamente, em pequenos goles que permitam apreciar a

bebida, intercalando-a com conversação e outras atividades relaxantes e

agradáveis (GOLDBERG, 2002). O ritmo lento da ingestão de álcool é um

costume social enraizado nas tradições de beber, que corresponde a uma

realidade física do corpo humano. Bebendo-se lentamente, ingere-se menor

quantidade de álcool num maior espaço de tempo, permitindo a destruição

dessa substância pelos filtros naturais do organismo, sem dar-lhe tempo de

retardar e danificar o metabolismo de importantes órgãos, como o cérebro e o

fígado (Ibid, 2002).

Num usuário não constante, uma overdose razoável de álcool

(bebedeira) geralmente provoca reações físicas (como vômitos ou desconforto)

e de comportamento (a pessoa fala alto, adota atitudes inadequadas para as

circunstâncias vividas, torna-se agressiva, amorosa, excitada ou deprimida).

Num usuário constante, o álcool, mesmo em overdoses, não parece provocar

repentinas reações físicas ou de comportamento, embora o efeito do abuso

constante seja em geral visível na degenerescência física e intelectual da

pessoa ao longo do tempo (FISHMAN, 2002). A existência da indústria da

bebida, com suas conseqüentes estratégias de marketing e publicidade,

certamente induz as pessoas a fazer uso do álcool, pelo menos em festas e

ocasiões especiais. O álcool existe, é enaltecido pela publicidade e encontra-se

à venda em qualquer lugar das cidades. Isso facilita a adoção dessa droga nos

rituais sociais e cria grupos de pressão, principalmente entre os jovens. Mas o

uso do álcool é também influenciado por fatores religiosos, morais, étnicos e

familiares (TEIXEIRA, 1998).

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CAPITULO II

JUSTA CAUSA: EMBRIAGUEZ HABITUAL

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Como não há justa causa sem a devida prescrição legal, o legislador

trabalhista brasileiro procurou enumerar os motivos que dão origem à justa

causa, sendo invocados apenas aqueles que estão relacionados em lei e

nenhum outro para justificar a rescisão. Desta forma, em vários artigos da

Consolidação das Leis trabalhistas, encontra-se a fundamentação para a justa

causa. Porém, complementando esta fonte legislativa, encontra-se a Lei nº

6.019 de 03 de janeiro de 1974, que se refere a outros fatos que geram a justa

causa no trabalho temporário. Todavia, não se pode invalidar o caráter taxativo

das hipóteses elencadas nos artigos 482 e 483 da Consolidação das Leis

Trabalho.

O descumprimento das obrigações decorrentes do contrato de

trabalho, compõe-se apenas o ponto central da justa causa, porém torna-se

fundamental avaliar em que circunstâncias essas faltas praticadas, podem se

encaixar como requisitos da justa causa e transformar-se em motivos

autorizadores da rescisão. Há que se analisar, o fato que o empregador possui

o poder de disciplinar, para punir o empregado, verbalmente ou por escrito,

este fato pode considerar-se como abuso do poder de comando. Contudo, tal

poder, é limitado pela noção de justiça que pressupõe seu uso normal. Porque

seria injusto, despedir o empregado por motivos fúteis. Bem como não é

permitido renovar a punição pela mesma falta, ou seja, a proibição em dupla

penalidade, de onde surgiu o princípio do “nom bis in idem” que assegura uma

só pena para cada ato faltoso. O empregador ao examinar a falta cometida,

deverá observar sempre dois aspectos importantes: o ponto objetivo de

considerar os fatos e as circunstâncias materiais que envolveram a prática

deste ato faltoso e o ponto subjetivo de avaliar a personalidade do agente

causador da falta, seu grau de cultura seus antecedentes, etc.

Este mesmo empregador ao saber do ato faltoso deverá providenciar a

aplicação da penalidade prevista, não podendo deixar em suspenso tal

punição. Porque o empregado não poderia continuar trabalhando sob a

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22situação de ameaça e coação. Isto afetaria as relações do trabalho e traria

prejuízos para a empresa. Daí recorre-se o entendimento que na atualidade

falta examina-se a decorrência do tempo em função da época do ato faltoso,

enquanto que a imediatividade da punição o fator tempo é que será examinado

em relação à pena, e na imediação cuida-se do elemento tempo, analisando à

infração e a penalidade como limite inicial e final do ato faltoso. Desta forma

não poderá o empregador, quando bem quiser, ou como forma de vingança,

romper o contrato, ou ensejando que a prestação de serviços continue

normalmente, não poderá um dia ou dias depois, punir a falta grave, já

desatualizada pelo decurso do tempo.

Dentre as várias terminologias que se referem ao fim da relação de

emprego, o termo rescisão é o mais utilizado, não se descartando o emprego

de sinônimos, vocábulos como: cessação, dissolução, término, resolução e

resilição para explicar esse tipo de procedimento trabalhista. Entretanto, a

conceituação da justa causa reflete o ponto básico de que todo o ato faltoso

grave, praticado por uma das partes, autoriza a outra a rescindir o contrato,

sem pagamento de nenhum ônus para o denunciante. Desta forma a prática de

uma infração elencada no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho,

constitui-se como figura essencial para caracterizar-se a justa causa, como

pode ser visto no art. 482 da Consolidação das Leis do Trabalho:

Art. 482 – Constituem-se justa causa para rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador:a)ato de improbidade;b)incontinência de conduta ou mau procedimento;c)negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;d)condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena;e)desídia no desempenho das respectivas funções;g)embriaguez habitual ou em serviço;h)violação do segredo da empresa;i)ato de indisciplina ou de insubordinação;j)abandono de emprego;

Page 23: FOLHA DE ROSTO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … COSTA DOS SANTOS.pdf · As Estatísticas da Organização Mundial de Saúde revelam que o alcoolismo é um dos males que mais

23k)ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;l)ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;m)prática constante de jogos de azar;Parágrafo único. Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.

Por outro lado, torna-se necessário entender-se que não são todos os

tipos de infrações ou de atos faltosos que configuram a justa causa. Por meio

de um contrato de trabalho o empregado e o empregador se obrigam a cumprir

prestações mútuas, onde caberá ao empregado, obrigações de obediência,

diligência no serviço e fidelidade e, para o empregador restará a parte de

fornecer serviços, pagar salários, respeitar o empregado e cumprir as demais

condições contratuais. No decorrer dessas relações trabalhistas, aquele que

descumprir essas obrigações comete ato faltoso.

Para Amauri M. Nascimento a justa causa é:

A rescisão unilateral do contrato de trabalho, sem ônus para nenhuma das partes, desde que haja a ocorrência de ato doloso, ou culposo grave, que faça desaparecer a confiança e a boa-fé que devem existir entre as partes, tornando assim, impossível o prosseguimento da relação (2000, p. 99).

Desta forma devem estar sempre presentes as figuras de

imputabilidade e de responsabilidade do autor da possível faltas condenadas,

querem com dolo evidente, quer com culpa inequívoca, devendo revestir-se de

efetiva e real gravidade. Justa causa segundo J. M. Othon Sidou: “motivação

para a rescisão do contrato de trabalho, pelo empregador ou pelo empregado,

por algum ato ou fato previsto em lei e atribuído a esse ou àquele, de acordo

com os arts. 482, 483, 508, da CLT” (1999, p. 89).

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24 Já no entendimento de Plácido e Silva: “exprime, em sentido amplo,

toda razão que possa ser avocada, para que se justifique qualquer coisa,

mostrando sua legitimidade ou sua procedência” (1999, p. 110). É assim o

motivo que possa ser alegado, porque está amparado em lei ou procede de

fato justo. Mas, a rigor, segundo o sentido de justa, que significa o que convém

ou o que de direito, e causa, seja realmente amparado na lei ou no Direito, ou,

não contravindo a este, se funde na razão e na eqüidade. A justa causa, pois,

identifica-se com o justo improcedimento, a impossibilidade comprovada, a

razão jurídica, a imposição legal, a premência provada, enfim, com tudo o que

possa justamente servir de motivo ou dar origem a um fato jurídico. Assim,

também se entendia como justo título.

A caracterização da justa causa não deve ser analisada isoladamente,

mas levando-se em consideração as peculiaridades do fato imputado ao

empregado. Fundadas as alegações da Recorrente, basicamente, no boletim

de ocorrência policial, transcrevendo em suas razões recursais, inclusive,

trechos do mesmo, esse documento, por si só, não tem o condão de se prestar

a comprovar o fato alegado, até mesmo porque há o princípio constitucional da

inocência a garantir que o cidadão não seja considerado culpado sem o devido

processo legal. JUSTA CAUSA - PROVA. (TRT-RO-21242/99 - 1ª T. - Rel. Juiz

Manuel Cândido Rodrigues - Publ. MG. 02.06.00).

2.1 Tipos de embriaguez

A embriaguez é termo consagrado em linguagem penal brasileira.

''Alcoolismo é uma doença!", enunciam enfaticamente os Alcoólicos Anônimos

(AA). Com efeito, autoridades médicas procuram tratar o alcoolismo partindo da

mesma perspectiva que diabetes ou tuberculose. Mas ainda não se sabe por

que um indivíduo se tornará um alcoólatra, enquanto outro pode beber

controladamente grandes quantidades durante anos sem adquirir o vício físico

que marca o alcoolismo. Os Alcoólicos Anônimos definem como alcoólatra

"qualquer pessoa cujo hábito de beber contínua ou periodicamente resulta em

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25comportamento que perturba suas relações normais com o trabalho, a família

ou a sociedade".

Dentre as várias formas de embriaguez pode-se citar segundo João

Régis Fassbender Teixeira (1998, p. 83).:

a) Embriaguez involuntária completa

Quando o estado etílico é completamente alheio à vontade real do

agente. Ou ingestão acidental induzida; ou quando, efetivamente, o agente não

tinha condições, possibilidades de aferir os resultados do beber estranho. Há

isenção de pena.

b) Embriaguez involuntária incompleta

Quando a alcoolemia é verificada por ingestão anômala de álcool;

condições individuais, intervenções maliciosas de terceiros, alteração ou

substituição de bebidas. Neste caso a pena é diminuída de 1/3 a 2/3, a critério

puro do Julgador.

c) Embriaguez culposa

Embora não haja intenção determinada de chegar ao estado etílico

final, o agente tem condições de prever o resultado, e assume os riscos. Não

há qualquer exclusão de criminalidade.

d) Embriaguez voluntária

Neste caso a embriaguez se confunde com a culposa, na qual o agente

se entrega à bebida sem uma intenção predeterminada, embora saiba que

neste estado pode delinqüir. Na penalização, repete-se a situação anterior.

e) Embriaguez Pré-ordenada

Aqui o agente ingere álcool deliberadamente para delinqüir. O dolo é

evidente e total. É a forma clássica da "actio libera in causa”, onde o crime é a

causa da embriaguez e não a conseqüência, como nos quatro casos

anteriores, Neste caso, por óbvio, o alcoolismo é agravante da pena, que

restará fatalmente, aumentada.

f) Embriaguez habitual

É o alcoolismo crônico. Fase final, conhecida pelos Alcoólicos

Anônimos como fundo do poço. Normalmente as esperanças de recuperação

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26quanto à doença são menos do que mínimas chegando apelo ao milagre.

Havendo cometimento de crimes em estado crônico de embriaguez, é

imperativa, além da pena, aplicação de medida de segurança (Ibid, 1998).

2.2 A natureza jurídica da rescisão unilateral e a caracterização por justa causa

Classifica-se a rescisão unilateral por justa causa, entre os atos

jurídicos potestativos, ou seja, dependem unicamente da vontade da parte

denunciante, independentemente da aceitação, ou não da parte denunciada.

Não se confunde o conceito e a esfera dos direitos de formação com o direito

subjetivo (TEIXEIRA, 1998). Alguns princípios que norteiam o bom uso, e o uso

oportuno da justa causa, tais como: atualidade, imediatividade, relativismo,

proibição do “bis in idem”, boa-fé no seu exercício, proporcionalidade entre a

falta e a punição, avaliação pelos tribunais (Ibid, 1998).

A justa causa deve ser atual, ou seja, contemporânea ao próprio ato de

rescisão do contrato. Também se deve acrescentar a imediatividade, no

sentido de que a dispensa do empregado, ou a rescisão por parte deste, deve

ser declarada logo depois que à parte prejudicada tiver conhecido da justa

causa (TEIXEIRA, 1998). Se existiu uma justa causa qualquer perdida no

tempo e espaço, mas desde que apresente vida objetiva, justifica a rescisão

unilateral do contrato de trabalho sem ônus de qualquer espécie para o

rescindente. Pode desta forma a justa causa existir realmente, mesmo que, o

denunciante dela não tenha conhecimento, quanto o ato de vontade ao

rescindir o contrato (Ibid, 1998). Entretanto no aspecto subjetivista, é preciso

que a justa causa seja do conhecimento do rescindente, ou seja, deve está ter

penetrado na sua mente, por ser ele avaliado como juízo, dando por

conseqüência numa operação de vontade, que se caracteriza no motivo da

própria denúncia do contrato (op. cit., 1998).

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27 A Justa Causa é uma realidade um ato ilícito do empregado, que

violando alguma limitação legal ou contratual, permite ao empregador a

rescisão do contrato de trabalho sem que tenha que retribuir ao emprego

algumas verbas, como: aviso prévio, multa de 40% sobre os depósitos de

FGTS, bem como 13º salário e férias promocionais, além da desnecessidade

de entrega de guias para o levantamento do FTGS e benefício do seguro-

desemprego, devendo ser comunicada ao empregado por escrito em duas vias

(uma para a empresa e outra para o empregado), sendo que caso o

empregado não queira assinar, solicitar a duas testemunhas que assinem no

verso do documento identificando-se no mesmo documento (TEIXEIRA, 1998).

Para a caracterização da falta grave, deve-se atentar para as

seguintes limitações, cuja inobservância pode descaracterizar a penalidade

aplicada (CARRION, 2000, p. 77):

a) enquadramento

O fato deverá estar previsto no artigo 482 da CLT, e não poderá

ultrapassar os limites descritos na lei;

b) imediatidade

A reação da empresa rescindindo o contrato de trabalho deve ser

imediata, certo que de acordo com o tamanho e complexidade da empresa,

pode-se entender que a empresa pode aguardar um tempo razoável para a

apuração e reflexão da aplicação da penalidade.

c) gravidade da falta

Deve-se atentar para a gravidade do ato, de tal forma que efetivamente

impossibilite a continuidade do vínculo, pois em certas situações pode-se

aplicar penas mais leves como advertência e suspensão, isto ocorrendo em

casos que apesar de enquadramento em uma das letras do artigo 482 da CLT,

a atitude do empregado teve conseqüências mínimas para a manutenção do

contrato de trabalho, como pode ser exemplificado pela perda de pães pela não

observação do empregado de defeito no forno, podendo-se imputar ao mesmo

certa negligência, todavia, cabia ao empregador a observação da regular

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28manutenção do equipamento de produção, sendo muito rigoroso aplicar-se à

pena de falta grave por negligência quando há atenuante como é o caso.

d) ausência de perdão

Não pode haver qualquer espécie de perdão por parte do empregador

pelo ato praticado pelo empregado, seja por interpretação ou seja expressa,

pois se o empregador deixa de punir empregado que por exemplo ofende

moralmente um cliente à sua frente, e após o curso de alguns dias aplica a

penalidade, têm-se que houve perdão tácito, que não há necessidade de ser

manifestado pelo mesmo, sendo equivocada a dispensa por justa causa não só

pelo perdão interpretado, mas também pela falta de imediatidade acima

indicada. Desta forma, a decisão não só deve ser imediata, como também não

há possibilidade de voltar-se atrás após ter-se perdoado o empregado, há no

entanto a possibilidade de retroagir-se em caso de aplicação da pena de justa

causa e resolver-se perdoar posteriormente.

e) causa e efeito

Necessário que o ato praticado pelo empregado tenha relação direta

com o rompimento por justa causa do contrato de trabalho, ou seja, que aja

uma relação perfeita de causa e efeito, não podendo haver substituição do ato

praticado no presente, pelo ato praticado no passado, pois não há dispensa por

conceito, sendo que o fato de ter-se perdoado fatos que poderiam ser

ensejadores do rompimento por justa causa como por ex: agressão física à

colega de serviço, que foi contemporizada pelo empregador, não geram a

possibilidade da dispensa posterior pela prática de uma falta leve, salvo nas

faltas não perdoadas mas onde aplicadas penas mais leves por ex: advertência

ou suspensão por faltas injustificadas, considerando-se tais penalidades como

pedagógicas, com a finalidade de corrigir o comportamento do empregado,

podendo culminar com a última falta leve que somada as anteriores,

impossibilite a manutenção do contrato de trabalho, não se considerando este

caso de dispensa pela vida pregressa do empregado como a dispensa por

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29conceito, mas o enquadramento legal denominado "desídia", que em verdade é

o desinteresse em manter-se no vínculo empregatício por parte do empregado;

f) regulamentos

Note-se que se empresa cria um regulamento interno, onde inseridas

cláusulas específicas que se violadas pode ensejar a falta grave (desde que

dentro dos limites legais e com o conhecimento com assinatura do empregado

na admissão), pode esta também imputar a falta grave ao empregado, certo

que há reservas a tal situação pela jurisprudência (julgados dos tribunais),

sendo prudente a consulta de profissional especializado (advogado trabalhista),

para a elaboração e implantação de regulamentos com penalidades nas

empresas;

g) dupla munição

É importante notar, que o mesmo ato praticado não pode ser passível

de duas punições, ou seja se puniu com pena de suspensão, não se pode

posteriormente punir-se com a justa causa, logo o ato só admite uma punição;

h) conceito positivo

Outro aspecto que deve ser levado em consideração para a aplicação

da pena da justa causa, vem a ser exatamente "o conceito", mas este no

aspecto positivo, ou seja, quando um empregado que tem oito anos de

contrato, sem faltas de nenhuma espécie, pratique um ato de insubordinação

contra um gerente, negando-se a cumprir uma determinação de trabalho deste,

claramente há o enquadramento no "ato de insubordinação", previsto no artigo

482 da CLT, no entanto, deve-se levar em conta o passado do empregado

positivamente, não que o mesmo não deva ser penalizado pelo ato de

insubordinação, todavia, a pena deve ser branda, em face da personalidade

positiva do empregado e de seu passado sem a prática de nenhuma falta, sob

pena de ser classificado de excessivamente rigoroso na atitude o empregador.

i) do reforço ou substituição

A falta não pode ser substituída ou mesmo reforçada por outra, pois

novamente se cai na dispensa por conceito, pois a prática do ato ensejador da

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30justa causa deve ser único, mesmo que fruto de inúmeras faltas punidas

anteriormente.

j) vale transporte ou informação falsa

Cumpre esclarecer, que as faltas graves (justa causa) possíveis de

serem aplicadas ao empregado estão previstas no artigo 482 da CLT em seus

itens, no entanto, a lei especifica do vale transporte prevê o justo motivo para o

rompimento do contrato de trabalho do empregado, caso este forneça

informação falsa sobre itinerário moradia etc., assim como o uso indevido do

vale transporte (venda, troca, ou ainda o uso no trajeto que não o da residência

ao local trabalho), constituem falta grave, portanto, suficientes para a dispensa

por justa causa do empregado, o que deve ser ressaltado para todos os fins e

efeitos de direito.

2.3 A situação da rescisão do contrato de trabalho por justa causa e suas modalidades

A cessação do contrato de trabalho pode ocorrer especificamente por 8

(oito) modalidades, as quais são (RUSSOMANO, 2000, p. 101):

a) mútuo consentimento das partes contratantes

Este se aplica indistintamente a qualquer modalidade de contrato de

trabalho, com duração determinada ou indeterminada. E seus efeitos são

sentidos na forma ex nunc, ou seja, não retroagem, fazendo supor um contrato

válido e eficaz. É uma forma mais tranqüila das partes, em plena execução do

contrato, dar-lhe fim; mas sem prejuízo para ninguém. Possuindo natureza

jurídica da vontade recíproca. É aplicável quando na dissolução do contrato de

trabalho, todos os requisitos para a sua própria validade, principalmente no que

diz respeito à ausência de vícios de consentimento (coação, erro, simulação,

reticência, etc), de fraude, de atentados contra a Ordem Pública e aos bons

costumes, estão presentes.

b) advento do termo ou terminação da obra

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31É um exemplo típico de extinção do contrato de trabalho. Referindo-se

ao contrato de duração determinada, no qual o prazo de execução é fixado,

com data certa para início ou término; ou quando este é feito apenas para a

elaboração de uma certa obra, que passa a construir-se como uma unidade

independente e isolada no tempo. Existe, entre o contratante e o contratado,

um pacto de tempo, que coloca o limite final na sua existência.

c) a morte do empregado

A doutrina universal entende que sendo o contrato de trabalho

normalmente intuitu personae (pessoal) quanto ao empregado, no que se

refere à prestação pessoal de serviços, como descreve o artigo 2º, CLT. Não

há como se cogitar da sua continuidade, desaparecido a peça fundamental

dessa engrenagem o prestador de serviços. Morto o empregado, não pode

ninguém prosseguir na sua obrigação de fazer como se fora ele próprio. Como

prevê ao artigo 477 da Consolidação das Leis do Trabalho, sendo a morte do

empregado o fato que vai dar motivo à cessação da relação de trabalho, não

há como se falar em despedida injusta ou indenização por tempo de serviço.

Art. 477 – É assegurado a todo o empregador, não existindo prazo estipulado para terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direito de haver do empregador uma indenização paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa.

d) a morte do empregador

Ocorrendo a morte do empregador não dissolve o contrato de trabalho,

a menos que ocorra, com ela, motivo de força maior. Não constituindo, uma

possível modalidade de dissolução do contrato de trabalho a não serem casos

muito especiais. Porque o empregado ao efetuar o seu contrato, não o faz

tendo em vista a pessoa natural do empregador.

e) motivo de força maior que torne impossível a ulterior execução da

prestação

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32O motivo de força maior aplica-se indistintamente a qualquer das

espécies de contrato de trabalho por prazo determinado ou por prazo

indeterminado. Entretanto o conceito de força maior do Direito Civil é

plenamente válido para o Direito do Trabalho, destacando-se apenas em

contraste entre ambos os seus efeitos. Enquanto o artigo 1058, Código Civil,

libera o devedor do pagamento do pagamento dos prejuízos resultantes da

força maior, a Consolidação das Leis do Trabalho ainda que verificando o

evento da força maior, manda pagar a indenização, devida ao empregado pela

metade. Não se confundindo a força maior com a Teoria da Imprevisão com a

maior onerosidade para o cumprimento das prestações contratuais.

f) resolução pronunciada em justiça

O empregado que tiver mais de dez anos de serviço efetivo prestado à

mesma empresa, somente poderá ser dispensado mediante instauração de

inquérito, requerido pelo empregador, no qual devera ficar devidamente

comprovado o cometimento da falta grave ou do evento de força maior (artigo

492, Consolidação das Leis do Trabalho). Como o empregador dispõe dessa

faculdade de suspendê-lo, até 30 (trinta) dias, apontando por escrito à ação, e

pleiteando então que a partir desta data passe contar a suspensão do

empregado e a dissolução do seu contrato de trabalho, veja o que dispõe os

arts. 494 e 853 da Consolidação das Leis do Trabalho:

Art. 494 – O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de sua funções, mais a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito em que se verifique a procedência da acusação.Parágrafo Único - A suspensão, no caso deste artigo, perdurará até a decisão final do processo.

Art. 853 – Para a instauração do inquérito para apuração de falta grave contra empregado garantido com estabilidade, o empregador apresentará reclamação por escrito à Vara do Trabalho ou Juízo de Direito, dentro de 30 dias, contados da data da suspensão do empregado.

g) aposentadoria do empregado

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33Segundo a Lei Orgânica da Previdência Social Brasileira cinco são as

hipótese para decretar-se a aposentadoria (TEIXEIRA, 1998).

- por invalidez que se subdivide em três fases distintas: o empregado

nos primeiros 15 dias fica impossibilitado de exercer as suas funções e

recebendo a totalidade de seu salário; já nos dois anos seguintes, o

empregado ficará suspenso, gozando do auxílio-doença; e somente após

essas fases é que o empregado será aposentado, continuando ainda suspenso

o contrato durante o benefício previdenciário. Ocorre aposentadoria automática

e imediata, sem a necessidade do auxílio-doença, nos casos de tuberculose

ativa, lepra, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, paralisia ou

cardiopatia grave; por velhice; por tempo de serviço; especial; profissional: de

jornalistas, aeronautas, ferroviários e empregados de serviços públicos. A

primeira modalidade poderá ser reversível a qualquer tempo; entretanto as

outras quatro últimas serão definitivas.

h) rescisão unilateral (despedida ou demissão)

O caso específico da rescisão é a anulação por lesão e não por

nulidade. Entretanto, apesar do sentido primitivamente restrito de rescisão,

admitiu-se o vocábulo rescisão no sentido amplo de cessação do contrato,

especialmente abrangendo as hipóteses de resilição ou recesso. É a rescisão

unilateral, despedida ou demissão; a forma de rompimento do contrato a que

mais recorrerem as partes quando querem por fim ao pacto que até então as

vinculava (TEIXEIRA, 1998).

2.4 Condições para configurar a dispensa por justa causa

As condições que configuram a dispensa por justa causa são:

atualidade, gravidade, causalidade (RUSSOMANO, 2000, p. 115).

a) atualidade

A justa causa deve ser atual, isto é, deve acontecer imediatamente

após a falta praticada pelo empregado, dando o seu desligamento de imediato.

A rescisão contratual deve ser feita logo após o conhecimento do ato que

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34tipifica a justa causa, pois se o empregado cometeu uma falta grave e esta falta

não foi punida logo após o conhecimento do empregador, ela é perdoada.

O caráter imediato é expresso no momento em que a pessoa dentro da

organização, a qual tem poderes para aplicar punições, toma conhecimento da

existência da prática faltosa. O tempo em que ocorreu a infração, mesmo

sendo antiga, torna-se atual a partir de momento em que venha a ser

conhecida, pois é impossível aplicar uma justa causa sem conhecimento do ato

faltoso.

b) gravidade

Uma das condições também para caracterizar o desimpedimento do

empregado por justa causa é que a falta cometida seja grave, pois, não sendo

juridicamente reconhecida como justa causa. Considera-se a falta grave

quando a falta cometida pelo empregado atinja realmente aqueles limites

máximos de tolerância previstos, chegando ao extremo absoluto de não ter

mais condições de permanecer com a relação de emprego. É o ato faltoso

revestido de maior gravidade e apto a produzir o despedimento do empregado

sem o pagamento de alguns valores discriminados nos itens da rescisão de

contrato de trabalho. Uma falta leve cometida pelo empregado não poderá

configurar como justa causa.

c) causalidade

A causa deve sempre preceder e determinar com muita precisão o

fenômeno de despedida. Se o empregado alega uma causa que caracterizou a

justa causa e essa não fica provada, não poderá no curso do processo, criar

outra causa. A justa causa não é configurada apenas quando o empregador

sofre um prejuízo efetivo. É desnecessária, portanto, uma ofensa patrimonial

pode caracterizar ou não a justa causa, dependendo das características do ato

praticado pelo empregado.

Não pode o empregado punir duplamente uma mesma falta do

empregado. Exemplo: Um empregado que foi punido disciplinarmente com

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35suspensão o empregador proíbe o reinicio de suas atividades em razão do

mesmo fato. Se o empregado reiteradamente falta ao trabalho sem justificação

e é suspenso, e ao voltar da suspensão não se emende, continuando a faltar

ao serviço sem justificação, não há, no caso, dupla punição, mas continuidade

de atos faltosos que em conjunto caracterizam a justa causa.

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36

CAPÍTULO III

OS CASOS DE ALCOOLISMO NO AMBIENTE DE TRABALHO

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37

O alcoolismo é definido pelos médicos como consumo compulsivo de

bebidas alcoólicas em excesso, que constitui uma patologia crônica, tanto

comportamental quanto fisiológica. A compulsão pelo álcool característica dos

viciados é anormal, e o vício afeta sua saúde física e mental. Assim como

muitas outras doenças, o alcoolismo é causado por uma interação de fatores

biológicos, patológicos, psicológicos, sociais e existenciais. Dentre estes

fatores pode-se citar (FISHMAN, 2002):

a) Fatores biológicos.

A ocorrência de alcoólatras numa família não prova que o alcoolismo

seja hereditário. Membros dessa família podem ter aprendido a beber

simplesmente observando os outros beberem. Mas algumas pesquisas

recentes parecem indicar a existência de fatores hereditários que levam ao

alcoolismo. As pesquisas na área da genética e do comportamento

quimicamente herdado dos pais ainda estão engatinhando, mas há quem

afirme existir uma predisposição genética para o alcoolismo em alguns

indivíduos. Essa predisposição, entretanto, não chega a ser determinante do

comportamento, pois se limita a uma ligeira inclinação e é passível de controle

por intermédio do senso crítico e do livre-arbítrio humanos.

b) Fatores patológicos

Relacionada à teoria da predisposição genética, a teoria dos fatores

patológicos encara o alcoolismo como uma doença desde o século XIX. Em

1960, E.B. Jellinek, cientista pioneiro na pesquisa do vício do álcool, fez uma

lista classificando diversos tipos de alcoolismo (GOLDBERG, 2002). Para esse

estudioso, dois tipos de alcoolismo podem ser caracterizados como doenças: o

gama e o delta. Ambos os tipos de alcoolismo caracterizam-se pela tolerância

que o organismo desenvolve ao álcool, assim que o uso se torna contínuo. Por

meio da tolerância o corpo desenvolve defesas contra a droga ou se acostuma

a ela, obrigando o viciado a usar maiores doses do que as utilizadas no

começo do vício (Ibid, 2002). Outra característica comum ao alcoolismo gama e

ao delta é a adaptação metabólica, que faz. com que o corpo seja capaz de

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38alterar os processos de seu metabolismo para adaptar-se à presença do álcool.

O alcoólatra do tipo gama se caracterizaria pela inabilidade ou incapacidade

para controlar a quantidade de álcool ingeri da, alternando períodos de

contínuas bebedeiras com fases de abstinência. Diferentemente, o alcoólatra

delta raramente é capaz de se abster da bebida e geralmente consome

menores quantidades que o alcoólatra gama. O viciado delta em geral

consegue trabalhar, mas passa o dia inclusive o período de trabalho ingerindo

pequenas quantidades de álcool (op. cit., 2002).

Segundo uma concepção popular, todos os alcoólatras seriam doentes.

De acordo com esse ponto de vista, o alcoolismo tende sempre a se agravar no

indivíduo e pode levá-lo ao colapso físico e mental se a sociedade ou as

instituições não interferirem (GOLDBERG, 2002). Depois de entrevistar mais de

mil homens alcoólatras, Jellinek encontrou graus de progressão no vício do

álcool que parecem comprovar a opinião popular. Embora a tese de que o

alcoolismo é uma doença progressiva seja amplamente aceita, essa teoria

parece conter algumas falhas. Ela não leva em consideração aqueles

alcoólatras cujo vício não progride e não passa pelos estágios comuns a outros

alcoólatras (Ibid, 2002). Alguns alcoólatras também não desenvolvem os

sintomas patológicos descritos por Jellinek. Além disso, a teoria da doença não

explica por que alguns alcoólatras são capazes de reduzir seu consumo de

álcool a um nível de moderação que deixa de lhes provocar danos. A teoria

também não explica por que alguns ex-alcoólatras conseguiram abandonar

completamente o vício do álcool (op. cit., 2002).

c) Fatores psicológicos

Por muitos anos, o alcoolismo foi explicado como resultante de

desordens psicológicas. Os alcoólatras foram caracterizados como pessoas de

personalidade problemática. Recentemente, contudo, os cientistas têm

concluído que não existe uma personalidade característica do alcoólatra. Mas

há evidências de que um número significativo de alcoólatras já enfrentava

problemas psicológicos antes de se entregar ao álcool. Casos de neurose

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39megalomaníaca envolvendo narcisismo e frustração, paranóia e ansiedade

crônica levavam esses indivíduos a estados de stress que podem tê-los

compelido ao uso de bebidas. Pode-se dizer que os problemas psicológicos

podem influenciar certos indivíduos e induzi-los ao uso do álcool. Mas outras

pessoas com o mesmo tipo de problema não se tornaram alcoólatras,

evidenciando que a fuga através do álcool é uma das reações possíveis diante

de estado de stress. O problema é que o vício do alcoolismo intensifica os

problemas psicológicos e se sobrepõe a eles, em vez de resolvê-los

(FISHMAN, 2002).

d) Fatores sociais

Dentre os fatores sociais que levam o indivíduo ao alcoolismo

destacam-se a pobreza, a competição, o aprendizado e o uso ritual.

Está comprovado que o consumo abusivo de bebidas alcoólicas nos

países industrializados é muito mais freqüente entre os pobres, os

subempregados e os desempregados. Alguns estudiosos afirmam que o estado

de embriaguez anestesia agruras físicas como a fome e a dor decorrente de

doenças crônicas, comuns na população pobre. Além disso, a embriaguez teria

uma função anestésica moral, pois supre o indivíduo com o bem-estar que ele

não consegue obter no sucesso profissional e na auto-afirmação (FISHMAN,

2002). Sociólogos têm advertido para o fato de que a bebida é uma forma

barata e escapista de os pobres obterem prazer e ganharem coragem para

sobreviver em condições que eles próprios reconhecem ser subumanas. Mas

em vez de cair na armadilha de uma expectativa social desfavorável, os

trabalhadores falsamente considerados desqualificados devem valorizar-se a si

próprios e a seu trabalho, procurando aprimorar habilidades que os façam

progredir e filiando-se a sindicatos e entidades de classe (ibid, 2002).

O stress decorrente da competição social que envolve uma luta pela

manutenção do emprego, políticas de ascensão, ansiedade quanto ao sucesso

futuro e frustração é um fator assinalado como um dos principais responsáveis

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40pelo vício do alcoolismo nas classes média e alta. Mas está provado que o

álcool não resolve problemas de stress, atenuando apenas momentaneamente

seus efeitos e agravando suas causas. Tratamentos para o stress e para a

ansiedade e técnicas de auto-análise têm se mostrado eficaz para combater

tendências de evasão como o alcoolismo decorrentes da competição.

A imitação dos outros e os fortes apelos da propaganda também fazem

com que as pessoas aprendam a ser alcoólatras. Um dos componentes desse

aprendizado é o prêmio ou seja, os efeitos positivos do álcool que cria um

reflexo condicionado. Conscientizando-se dos efeitos negativos do álcool mais

numerosos e intensos que os positivos a pessoa pode se descondicionar. Às

vezes é preferível reduzir as doses de álcool até um nível tolerável, para

desfrutar apenas dos efeitos positivos da bebida e não experimentar

embriaguez. (TEIXEIRA, 1998).

Em festas e reuniões sociais o uso do álcool se tornou um ritual de

confraternização. A embriaguez nesses casos tem quase um apelo mágico,

constituindo-se na ilusão de que um estado de bem-estar e boa sorte podem

ser obtidos por meio do álcool. Se souber se soltar, o indivíduo sóbrio

certamente se divertirá mais que o bêbado. Se a pessoa não quiser beber

álcool, pode participar do ritual social do copo na mão ingerindo refrigerantes

ou água mineral. Essa pode ser uma estratégia para evitar o álcool e saborear

a lucidez e a plenitude da capacidade de julgamento (TEIXEIRA, 1998).

e) Fatores existenciais

Outras razões profundas podem levar as pessoas ao uso de drogas

como o álcool para anestesiar o desconforto de existir. Esses fatores são

chamados existenciais por implicarem uma dimensão filosófica da condição

humana que envolve o sentido ou o não sentido da existência. Segundo

filósofos como Sartre, a conscientização de que a existência não tem sentido

gera sentimentos de profunda angústia e ansiedade como no caso da náusea

existencial que só podem ser superados se cada indivíduo eleger o sentido de

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41sua própria vida, consciente de que a união de esforços com seus semelhantes

torna a existência mais fácil para todos (FISHMAN, 2002).

3.1 Prevenção e tratamento do alcoolismo

A comunidade médica e os profissionais que cuidam da saúde mental

encaram os problemas ligados ao alcoolismo sob três aspectos principais:

prevenção, intervenção e tratamento. A prevenção não é, no caso de pessoas

que não bebem ou que bebem moderadamente, para evitar que os indivíduos

bebam, mas para que o problema do alcoolismo não venha a ocorrer. A

prevenção não condena o uso de bebidas alcoólicas, mas procura evitar o seu

abuso (GOLDBERG, 2002). Já a intervenção se dirige aos alcoólatras

verdadeiros, cujo vício está causando evidentes problemas para eles mesmos,

para outras pessoas ou para a sociedade e suas instituições. A meta da

intervenção é evitar que esses problemas se tornem mais graves para a

pessoa e para a sociedade. O tratamento, por sua vez, procura ajudar os

alcoólatras a recuperar-se dos prejuízos do vício e a livrar-se do próprio vício. A

meta do tratamento é fazer as pessoas pararem de beber e enfrentar a vida de

forma alegre, sadia e produtiva (Ibid, 2002).

Todas essas formas de prevenção, intervenção e tratamento incluem

um componente pedagógico, que consiste na aquisição de informações

corretas sobre os efeitos do álcool, os motivos que levam ao vício e as

maneiras de vencer o abuso de bebidas alcoólicas. Análises políticas e sociais

apontam para a necessidade permanente de campanhas preventivas e de

esclarecimento, pois o aumento anual do número de alcoólatras é maior que o

número de pessoas tratadas com sucesso. De um ano para outro, pessoas das

mais diversas profissões e categorias sociais se tornam alcoólatras, sem que

haja um grupo de risco específico na sociedade. Isso quer dizer que os

alcoólatras surgem de dentro da categoria das pessoas que não bebem ou

bebe pouco (FISHMAN, 2002).

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42

A necessidade da prevenção é também evidenciada pelo fato de que

somente 20% dos alcoólatras crônicos conseguem deixar o vício. Os restantes

80% acabam reincidindo na bebida. Nos países industrializados, a prevenção

tem sido realizada sob a forma de campanhas publicitárias veiculadas nos

meios de comunicação. Essas campanhas, geralmente patrocinadas pelos

governos, dirige-se principalmente aos jovens (GOLDBERG, 2002). Em alguns

países, é proibido veicular anúncios de bebidas na mídia eletrônica como a

televisão, o rádio e outros e na imprensa, jornais e revistas, dirigidas a todas as

faixas etárias (horários nobres de televisão, por exemplo. Já existem até

festivais de antIpropaganda, premiando filmes que criticam produtos como o

cigarro, as bebidas alcoólicas e até casacos de pele estes últimos devido ao

fato de sua indústria contribuir para o extermínio de muitos animais (Ibid, 2002).

A principal meta da intervenção é conscientizar as pessoas que

enfrentam problemas devido ao abuso de bebidas sobre a relação existente

entre a saúde, as relações pessoais, o desempenho no trabalho, muitas

circunstâncias econômicas e o próprio abuso de bebidas. A intervenção deve

Ocorrer quando a bebida começa a produzir conflitos com outras pessoas ou

efeitos negativos na saúde física ou mental do alcoólatra (FISHMAN, 2002). Às

vezes a intervenção acaba sendo realizada por instituições da sociedade, como

a polícia, que detém um alcoólatra que transgrediu alguma lei ou cometeu um

crime. Pesquisas indicam que a intervenção violenta como por exemplo, a

internação forçada de um indivíduo numa clínica ou sua prisão por ele ter

cometido um crime é menos eficaz que a intervenção amigável, que convence

a pessoa do fato de a bebida fazer mal e a estimula a querer parar de beber

(Ibid, 2002).

Na maioria dos casos, o tratamento do alcoolismo começa com a

interrupção do ato de beber, de preferência sob supervisão médica. Esse

processo é conhecido como desintoxicação e normalmente demora cinco dias.

A pessoa pode se internar numa clínica de reabilitação, se puder pagar esse

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43tipo de tratamento. Os que não podem pagar uma clínica particular devem

recorrer ao apoio de amigos e parentes e ao aconselhamento de um

profissional como por exemplo, médicos, psicólogos, assistentes sociais,

padres, e outros (GOLDBERG, 2002). Atualmente no Brasil os serviços

médicos e assistenciais de grandes empresas incluem tratamento de

alcoolismo. O recurso a instituições beneficentes como a Alcoólicos Anônimos

pode ser muito eficaz. O tratamento deve resolver problemas físicos e mentais

ligados ao abuso do álcool (Ibid, 2002). A terapia psicológica freqüentemente

inclui aconselhamento individual ou em grupo que se juntam em sessões de

psicoterapia. Quando isso é conveniente ou solicitado pelo alcoólatra, membros

da família ou amigos podem comparecer a reuniões e ser estimulados a

fornecer apoio moral e psicológico (op. cit., 2002).

No Brasil, médicos que atuam em clínicas patrocinadas pela

Previdência Social (INSS) reclamam que muitos problemas básicos que levam

seus pacientes a vícios como o do alcoolismo advêm do desemprego e de

dificuldades econômicas, agravando estados de stress em um nível crônico

(FISHMAN, 2002). Cria-se um círculo vicioso: ao se tornar alcoólatra, um

indivíduo de baixa remuneração tende a baixar ainda mais seu padrão de vida,

pois sua capacidade para o trabalho diminui e ele passa a gastar com bebidas

a maior parte de seus insuficientes rendimentos. Torna-se evidente que o

tratamento do alcoolismo nesses casos começa com o aumento da segurança

pessoal do paciente, exigindo, muitas vezes, apoio pecuniário do governo ou

de instituições com finalidades humanitárias (Ibid, 2002).

Segundo muitos médicos, em países com desemprego crônico e baixa

renda, como é o caso do Brasil, a pobreza seria um dos principais

responsáveis pelo alcoolismo, constituindo-se um problema que dificulta o

tratamento e a cura desse vício. Por isso é importante conscientizar as pessoas

de que o alcoolismo é uma fuga perigosa, pois costuma agravar os problemas

econômicos e nunca os resolve (GOLDBERG, 2002).

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44

3.2 O problema de beber em serviço

O custo dos bebedores problemáticos deu origem a uma série de

programas empresariais para frear o alcoolismo. O National Council on

Alcoholism acha que programas de empregados são o meio mais promissor de

tratamento (TEIXEIRA, 1998). Em 1970, companhias norte-americanas

operavam cerca de 300 programas. No fim de 1975, o número mais do que

duplicara. Greneral Motors, a Norfolk and Western Railroad e a Control Data

Corporation levam a cabo programas inovadores e promissores para seus

empregados. Não é fácil avaliar o nível de bebedores problemáticos dentro de

uma organização (Ibid, 1998). A maioria dos que bebem conservam seu

problema em segredo, e os supervisares relutam em pôr em risco o emprego

ou a aceitação social do indivíduo. Essa relutância também se estende aos

médicos. De acordo com Philip Goldberg um relatório nos PsychiatricAnnals

declara:

Estudos cuidadosos indicaram que médicos supermotivados e inteligentes tendem a não fazer diagnóstico de alcoolismo em pacientes que sofrem claramente de sérios problemas devido ao álcool se o paciente: a) for casado; b) procurar voluntariamente um serviço de admissão; c) tiver algum outro problema médico no qual ele possa concentrar-se; d) estiver empregado em serviço remunerado; ou e) possuir seguro-saúde. Por outras palavras, a tendência entre médicos é definir alcoolismo apenas em pessoas desamparadas (2002, p. 49).

O reconhecimento da situação no início é um fator decisivo para evitar

o desastre. Os especialistas acham que empregados e colegas de trabalho

levam Vantagem para reconhecer e auxiliar bebedores problemáticos. Primeiro,

podem localizar o problema em fase inicial; a bebida invariavelmente começará

a afetar o desempenho da pessoa no serviço. A segunda vantagem

compreende a "coerção construtiva": a ameaça de ser despedido é um temor

comum entre bebedores e muitas vezes fornecerá suficiente motivação ainda

quando outras considerações nada conseguem (GOLDBERG, 2002).

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45

Tradicionalmente, os programas da indústria giravam em torno de

localizar alcoólatras por sinais facilmente observáveis - olhos injetados, tremor,

bafo alcoolizado. Mais recentemente, as pessoas enviadas para programas de

alcoolismo têm sido com base em desempenho insatisfatório, violações de

regulamentos e outros sinais observáveis de deterioração. A abordagem

preferida do National Council on Alcoholism é encaminhar o indivíduo a um

serviço de aconselhamento geral sempre que o desempenho for inferior aos

padrões aceitos e os métodos comuns não derem certo. Isso põe tanto o

diagnóstico quanto às decisões referentes a tratamento desde logo em mãos

para isso qualificadas (FISHMAN, 2002).

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46

CONCLUSÃO

A marca do contraste do alcoolismo é a incapacidade de beber com

moderação: é um caso de tudo ou nada. Os alcoólatras não podem introduzir

com segurança álcool em seus organismos. Uma vez que o façam, perdem

todo o controle e inevitavelmente ficam bêbedos. Até agora não se conhece

tratamento para essa suscetibilidade fisiológica. Todas as intervenções bem-

sucedidas, como os Alcoólicos Anônimos cujos resultados são insuperados,

lidam com a obsessão mental. Se esta puder ser controlada, o primeiro gole

crítico não será ingerido; só então pode o alcoólatra levar uma vida normal. O

maior problema consiste em conseguir que o alcoólatra enfrente seu vício, o

que é complicado pelo estigma social e incompreensão para com a doença. Os

alcoólatras preferem considerar-se meramente grandes bebedores sociais.

Estão geralmente convencidos de que poderiam beber moderadamente à hora

que quisessem. Zombam das sugestões para diminuir.

O álcool é uma doença séria cuja sistematização no tratamento não

tem mais do que quinze anos. Que só neste prazo conseguiu receber pelo

menos alas especializadas em hospitais do mundo e no Brasil. É um mal

progressivo e quase sempre fatal; com possibilidade de cura total ainda hoje

discutível. Considerada a maior doença social deste final de século, o

alcoolismo vem causando danos irreparáveis à sociedade, com nefastos e

visíveis reflexos em todos os setores da vida do doente, inclusive no meio

ambiente do trabalho. A embriaguez habitual, ou alcoolismo na maioria das

vezes, acontece fora do local de trabalho, onde embora o empregado não

tenha cometido irregularidades no trabalho, o vício a que se entrega fora do

labor conduz à perda da confiança do empregador.

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47Conclui-se daí que o abuso constante do álcool pode ser fatal para o

indivíduo, prejudicando-o no aspecto físico e social. Como as fronteiras entre o

abuso esporádico e o constante variam de indivíduo para indivíduo, qualquer

abuso de álcool é condenado pelos médicos. Mas a condenação da ciência

não é suficiente para impedir o homem de abusar do álcool. Os alcoólatras

sabem que o vício os está prejudicando, mas muitas vezes não querem ou não

conseguem se libertar dele. O simples conhecimento do lado negativo das

bebidas não explica o vício, cujos mecanismos complexos podem ser

analisados em diversos aspectos.

Justa causa é a rescisão unilateral do contrato de trabalho, sem ônus

para nenhuma das partes, desde que haja a ocorrência de ato doloso, ou

culposo grave, que faça desaparecer a confiança e a boa-fé que devem existir

entre as partes, tornando assim, impossível o prosseguimento da relação.

Desta forma devem estar sempre presentes as figuras de imputabilidade e de

responsabilidade do autor da possível falta condenada, querem com dolo

evidente, quer com culpa inequívoca, devendo revestir-se de efetiva e real

gravidade. Somente a consideração de questões referente à relação do

empregado e do empregador poderá trazer algum esclarecimento a dúvidas

que surgem no dia a dia das grandes e médias empresas, porém esta reflexão

revela o quanto ainda resta a percorrer para resolução destes problemas, para

as repostas das incertezas e injustiças, bem como de lacunas que pontuam

esta temática no mundo jurídico.

Torna-se necessário à formulação de uma legislação mais específica,

doutrinária e jurisprudencial que se adapte ao direito vivo, a própria realidade

dos homens. Não se pode continuar tentando descobrir os efeitos da justa

causa, se não resolver primeiro, os fatores que provocam tal situação. A justa

causa não comprovadas é um dos piores gravames que pode sofrer um

trabalhador, pois além de perder seu emprego e alguns direitos trabalhista

imediato, gera sérias repercussões na sua vida profissional e moral. A justa

causa parte do empregador, quando o obreiro viola alguma obrigação legal ou

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48contratual, explícita ou implícita. Para que possa prosperar a justa causa,

necessário é preencher alguns requisitos simultaneamente, tal seja, tipicidade,

imediatidade, gravidade da conduta e causalidade.

O Judiciário somente pode reconhecer a alegação de uma prática de

falta grave se isso foi devida e cabalmente circunstanciado, com provas

irrefutáveis da responsabilidade do obreiro, tendo em vista a séria repercussão

moral, social e econômica que tal instituto gera na vida do obreiro. Na doutrina,

o tema é tratado de forma bem definida, deixando clara as duas posições, a

saber: a conservadora e legalista e a nova, mais moderna e próxima da

realidade do alcoolismo-doença.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO........................................................................................ 1

AGRADECIMENTOS...................................................................................... 2

DEDICATÓRIA............................................................................................... 3

RESUMO ....................................................................................................... 4

METODOLOGIA............................................................................................. 5

SUMÁRIO ...................................................................................................... 6

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 7

CAPÍTULO I ..................................................................................................10

A PALAVRA ALCOOLISMO ..........................................................................10

1.1 Efeitos do alcoolismo............................................................................13

1.2 Tratamento do alcoolismo.....................................................................17

1.3 Perigos do abuso do álcool...................................................................18

CAPITULO II .................................................................................................20

JUSTA CAUSA: EMBRIAGUEZ HABITUAL ...................................................20

2.1 Tipos de embriaguez............................................................................24

2.2 A natureza jurídica da rescisão unilateral e a caracterização por justa

causa.........................................................................................................26

2.3 A situação da rescisão do contrato de trabalho por justa causa e suas

modalidades ..............................................................................................30

2.4 Condições para configurar a dispensa por justa causa..........................33

CAPÍTULO III ................................................................................................36

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55OS CASOS DE ALCOOLISMO NO AMBIENTE DE TRABALHO ....................36

3.1 Prevenção e tratamento do alcoolismo .................................................41

3.2 O problema de beber em serviço ..........................................................44

CONCLUSÃO ...............................................................................................46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................49

ANEXOS.......................................................................................................51

ÍNDICE..........................................................................................................54

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: O alcoolismo em relação ao trabalho

Autor: Ildinei Costa dos Santos

Data da entrega:

Avaliado por:Profª Denise de Almeida Guimarães Conceito: