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Folha Literária Biblioteca da Escola Secundária Abel Salazar Agrupamento de Escolas Abel Salazar Março 2013 Ano 7 nº 13 destaque destaque

Folha Literária 13

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Nova publicação com seleçao de livros da Biblioteca da Escola Secundária Abel Salazar, agora integrada no jornal do Agrupamento de Escolas Abel Salazar

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Folha LiteráriaBiblioteca da Escola Secundária Abel Salazar

Agrupamento de

Escolas Abel Salazar

Março 2013Ano 7 nº 13

destaque destaque

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Segundo a contracapa dolivro, este conto foi escrito propositada-mente para o filho do autor, João Jorge,em 1948, no dia do seu primeiro aniver-sário. Trata-se de uma das obras sugeridas pelo Plano Nacional deLeitura para o 3º ciclo do Ensino Básico e da autoria de um dosescritores mais consagrados da literatura brasileira.

Percorrendo a contracapa, sabemos que o livro andou per-dido e foi esse filho que o recuperou nos anos 70 e pediu a um emi-nente desenhador, Carybé, que o ilustrasse.

O resultado é um livrinho delicioso, cheio de cor e de dese-nhos vivos e que encerra uma bela história de amor entre duas perso-nagens inesperadas: um gato de meia-idade, malvado e detestadopelos outros animais da floresta, e uma jovem e sedutora andorinha.Rapidamente se dá a aproximação do gato Malhado, completamenterendido aos encantos daquela Andorinha Sinhá e, por ela, mudará assuas características hostis e impopulares.

Depressa o casalinho vai sentir a pressão e a discriminaçãodos outros e da ordem estabelecida na floresta, na Natureza, pois umcasamento entre um gato e um pássaro não poderia dar certo…. Seráque não? É o que poderás descobrir lendo esta história, aparente-mente infantil e uma fábula, mas com grande simbolismo e uma liçãopara todos, miúdos e graúdos, sobre o amor sem barreiras e os pre-conceitos sociais.

A Mão de Diabo é o décimo romance de José

Rodrigues dos Santos, que já vendeu mais de um milhão de

exemplares e está publicado em dezoito línguas. Este novo livro aborda a crise, um tema relativamente

ao qual a sociedade está particularmente sensível:a criseecoonómica. Tomás Noronha, o historiador, é despedido da fa-culdade devido às medidas de austeridade, e candidata-se aosubsídio de desemprego. No centro de emprego é interpeladopor um velho amigo do liceu que novamente o envolve numaaventura vertiginosa que nos transporta ao coração mais tene-broso da alta política e finança.

Romance muito bem documentado acerca dosanos pós-25 de Abril de 1974. As Forças Armadas por-tuguesas abandonam as ex-colónias e os portugueses aíresidentes ficam desamparados, à mercê das guerrilhasentre movimentos opostos, esfomeados de poder políti-co. Num estilo muito próprio, Tiago Rebelo narra a sagade um casal que sofre a pressão desses tempos difíceis,vivendo em Luanda, a antiga capital da jóia da coroa doimpério português. A sua história é a de muitos dos quesofreram as consequências de uma guerra e de uma li-bertação das ex-colónias, com aspectos muito positivos,mas também muito negativos. É o lado negro dosprimeiros passos da independência de Angola aquiretratado, denunciando a incapacidade do governo por-tuguês de assegurar uma transição de poderes e a intro-missão de potências estrangeiras, eclodindo numa guer-ra civil sangrenta.

O GATO MALHADOO GATO MALHADO

E A ANDORINHAE A ANDORINHA

SINHÁSINHÁ

Jorge AmadoJorge Amado

O Último Anoem Luanda

Tiago Rebelo

Editorial Presença

LEITURAS ESCOLARES

Novidades

A Mão doDiabo

José Rodriguesdos Santos

Gradiva 2012

O MAIS LIDO

FL 2 / 8

D. Quixote

Do mesmo autor da obra Pilares da Terra, este é umromance bem diferente, repleto de acção e centrado noutraépoca histórica bem mais próxima de nós. Em Maio de 1944,dois meses antes do desembarque na Normandia (6 de junhode 1944), o célebre DIA D, uma equipa feminina comandadapor uma agente britânica desce de pára-quedas em França e,disfarçadas de empregadas de limpeza francesas, todas elasentram num castelo. Objectivo: eliminar uma central telefónicaalemã aí instalada e vital para os movimentos das tropas deHitler. Tudo parece correr conforme previsto, mas há um inimi-go implacável, o comandante Dieter Franck, que vai tentar anu-lar a operação e esmagar a Resistência Francesa.

Uma narrativa empolgante, de cortar a respiração!

Casas das Letras

Nome de códigoLEOPARDA

Ken Follett

Novidades

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Este romance precedeu o famoso A Sombra doVento, um best-seller do autor catalão Zafón. A história passa-se na Barcelona dos anos 80 e envolve um rapaz, Óscar Drai,que vive e estuda num internato e se cruza, um dia, com umabelíssima rapariga, Marina. Ela é audaz e esconde um passadomisterioso que o envolve e absorve completamente. Juntos vãoviver a aventura das suas vidas e que abala as estruturas daque-la cidade mítica. Em resumo, dadas as semelhanças de enredoe tratamento de personagens, este romance foi o “laboratório”de experimentação do seu mais famoso seguidor, A Sombrado Vento.

“Todos temos um segredo fechado à chave nas águas-furtadas da alma. Este é o meu”.

“ Quando viu aparecer a índia à porta da choça,

Lituma adivinhou o que a mulher ia dizer. E ela disse-o em

quechua, mastigando as palavras e soltando um fio-zinho de

saliva pelas comissuras da boca sem dentes”.

Este é só o começo de um romance muito aclamado

pela crítica da autoria do escritor laureado com o prémio

Nobel em 2010. Lituma é um militar que vive tempos contur-

bados de guerra no Peru, sob a ameaça de guerrilheiros maoís-

tas do Sendero Luminoso. Ele e o seu adjunto, Tomás, vivem,

durante os nos anos 80, os num acampamento mineiro nas

montanhas, onde misteriosos desaparecimentos instigam a sua

curiosidade. A sua investigação ocorrerá a par de revelações

acerca das suas vidas íntimas (amores antigos, dúvidas existen-

ciais) que podem comprometer o seu trabalho.

Mais um romance de umescritor laureado com o PrémioNobel (2003). Trata-se de umahistória passada numa longínquafazenda da África do Sul (o país deorigem deste autor), onde a heroína,é uma mulher marcada por uma infância terrível, ignoradapelo pai, desprezada pelos criados, que se sente uma “excluí-da”. Aparentando docilidade e passividade perante os outros,ela esconde uma vontade determinada em combater essesentimento de exclusão. Entretanto, o pai arranja uma amanteafricana, o que ameaça ainda mais a sua posição naquele lardesestruturado, pelo que a protagonista vai precipitar-senuma vingança irresistível, o que significará, simbolicamente,um combate entre a solidão e vastidão do continente africanoe os anseios europeus.

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Londres, outubro de 1886.O Ministério da Guerra convocaEdgar Drake, o protagonista destahistória, a deslocar-se à Birmâniapara reparar um piano raro e grandioso, pertencente a ummajor médico do exército inglês. Através de métodos pacífi-cos, como o recurso ao seu piano, esse médico tinha con-seguido, até ali, apaziguar as relações entre os colonosbritânicos e as tribos indígenas. Drake abandona a famíliapara cumprir a sua missão e embarca numa aventura repletade mistérios, bandidos, contadores de história, cheiros e coresdas paisagens exóticas da Birmânia do século XIX, onde ochoque cultural é apenas um dos ingredientes dessa “viagema um mundo que já não existe”.

O Afinador dePianos

Daniel Mason

Grandes êxitos

MARINAMARINA

CARLOSCARLOS RUIzRUIz

zAfóNzAfóN

Ed. Planeta

Edições ASAO

Um dos mais aclamadosromances do século XIX, Jane Eyrerelata a vida atribulada de uma meni-na infeliz, órfã, que cresce num colé-gio interno em Inglaterra. Jane acabapor se formar como professora e vai trabalhar para o impo-nente castelo de Mr. Rochester, como preceptora de umamenina, Adéle. A vida vai correndo e Jane acaba por seapaixonar por esse misterioso, distante e sorumbático lordeinglês. O romance evolui não sem que Jane se vá aperceben-do de que há algo de muito estranho naquela casa, que afetao seu amado, mas que ninguém lhe explica…

Este romance, várias vezes adaptado ao cinema, éuma lição de vida e um marco da emancipação feminina.

JANE EYRECharlotte Brontë

Book.it

LITUMA

LITUMA

NOS ANDES

NOS ANDES

MMARIOARIO VVARGAS

ARGAS

LLLLOSAOSA

Dom Quixote

No CoraçãoNo CoraçãoDesta TerraDesta Terra

J. M. Coetzee

D. Quixote

Grandes êxitos

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Caderno

Ainda AliceLisa Genova

Trata-se do primeiro romance de um escritor, ensaístade renome internacional, e que se tornou uma obra de referênciapara todos os amantes de romances históricos com fundo poli-cial.

Em plena época da Inquisição, 1327, um douto e subtilteó-logo da ordem dos Franciscanos, Guilherme de Baskerville,assiste à morte misteriosa de um monge, numa abadia benediti-na, aquando de uma reunião entre as delegação do Papa JoãoXXII e do imperador Luís o Bávaro. O mistério adensa-se com assubsequentes mortes: 7 cadáveres vão transtornar a vida dacomunidade. Guilherme de Baskerville, qual Sherlock Holmes daIdade Média, assessorado por um jovem noviço, Adso (tal comoo Dr. Watson), sempre atento a todos os indícios, vai deslindaresta intriga macabra e descobrir o culpado graças aos seus dotesapurados de astúcia e de conhecimento da mente humana.

Romance maior de Umberto Eco, também adaptadocom extraordinário êxito ao cinema.

Um best-seller inesperado, aquando da sua 1ª

edição, a aquisição deste livro reverte para uma

ajuda global a todas as associações de proteção

para os doentes de Alzheimer. A sua autora, espe-

cialista em Neurocirurgia, interessou-se pelo Alzheimer quan-

do a avó deu os primeiros sinais da doença. Depois, decidiu

escrever este romance, imaginando uma mulher, ainda relati-

vamente jovem e ativa, com uma carreira de êxito, família e

uma mente brilhante, Alice. Alice começa a sentir os primeiros

sintomas da doença num lapso de memória durante uma

conferência e, depois, é a descida ao abismo do esquecimen-

to. Embora inevitável, esta descida é também uma forma de

revelar a vontade férrea da personagem, na sua ânsia de se

agarrar às memórias.

Caem ao chão os nossos sonhos quando estamos tristes

E pouco a pouco se apagam como estrelas do céu

Para não fazer barulho chora em silencio o meu coração

E quando olho para o céu dou conta

Que em cada estrela há um sonho por cumprir

Também dou conta que as estrelas que brilham

são um eco do que podia ser a verdadeira luz

A existir continuam os sonhos

mesmo quando estamos tristes

Uns e outros cumprem-se ou não

porque ou queremos ou não queremos

acender a chama da alma

e derreter o gelo que existe em cada um de nós.

Paula Alves em 19 de Maio de 2011

Em destaque

FL 4/9

“Escrevi Os Anões em começos dos anos 50, antes deter começado a escrever peças de teatro. Na altura não oentreguei para publicação”.

Esta nota do autor, logo nas primeiras páginas do livro,esclarece todos aqueles que conhecem a sua magistral obradramática, pois não se trata, de facto, de um texto de teatro.Ainda nessas notas, o autor diz que escreveu, em 1960, uma peçade teatro com o mesmo título e só em 1989 se dedicou a me-lhorar o texto inicial. Esta curiosidade esclarece ainda todos osnossos leitores que conhecem o laureado com o Prémio Nobelem 2005. Os Anões é o único romance que publicou. Nele sedescrevem as vidas e inquietações de quatro jovens que vivemna Inglaterra do pós-guerra, envolvidos numa amizade perigosa,porque intempestiva e destrutiva. Com diálogos soberbos, estelivro enfrenta livremente os li-mites / fronteiras da se-xualidade,da intimidade e da moralidade.

“- (…)Olha para a tua cara neste espelho. Olha ! É uma

farsa. O teu fígado embrulhado nos teus rins. Onde está a tua

cara? “

NomE DA

RosAUmBERto ECo

DifEl

Em destaque

Em destaque

SonhosOs AnõesHarold Pinter

Dom Quixote

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Romance onde o mundo está em viasde rejeitar as sociedades organizadas em voltado líder emocionalmente projetado e vivido.Prémio de romance e Novela da AssociaçãoPortuguesa de Escritores em 1983 . Rosamaria,a personagem central, aposta na suainsignificância em contraponto com a imagemnarcísica, a do homem justo, bom e poderoso,

mas sem vontade própria, embrenhado num vazio existencialalimentado pelo grupo dos seus

seguidores que se submetem aoseu carisma.

Baseado no romanceCrime e Castigo, de Dostoievski, afigura do duplo está mais uma vezpresente nas personagens José Ruie Genaro. O tema da perversão eque constitui como tal um resto demoralismo burguês, está presenteno convívio dos dois amigos e em

todo o ambiente da sua educação.

AGuSTiNA BESSA-LuÍS

“O Mistério da Légua daPóvoa” foi publicado como folhetim n´”OIndependente” entre 2001 e 2002, sendopublicado em livro em 2004.

A Légua da Póvoa era o caminho entre Póvoa e Vilado Conde que um dos protagonistas muito percorreu na irre-quieta idade dos treze anos, quando ia com a família a ban-hos e explorava os lugares ventosos entre Caxinas e A-Ver-o-Mar, lugares que são ficheiro da juventude quando ela servede brasão à triste realidade. O rapaz era iluminado de sonhosem que as letras tinham lugar. Passou quatro anos depois delidar com verguinha e parafusos, para a loja de outro comer-ciante, José Anastácio Verde, o pai de Cesário Verde.Encontravam–no a cada passo a ler, muito alheio aos fregue-ses e ralado de má-consciência.

OS MENiNOS DE OurO

Agustina Bessa-Luís

Foi o romance de consagraçãoda escritora. No norte de Portugal, emfinais do século dezanove, na pro-priedade da Vessada, há já muito tempoque são as mulheres que, perante aindolência e os sonhos de evasão que oshomens alimentam, asseguram comopodem a gestão da propriedade.

Quina era uma adolescente franzina e inculta, que desdecedo trabalhava no campo ao lado dos trabalhadores, em con-traste com os seus irmãos e a sua irmã, que sonhavam escapar aomeio rural. Com a morte do pai, Quina passa a administrar a pro-priedade e começa a acumular de novo a riqueza que seu pai des-perdiçara, o que lhe vale a admiração da sociedade.

Quina era uma pessoa astuta e sempre em demandas,como uma vidente e torna-seconhecida por Sibila... Romance deli-cioso e empolgante, bem impregnado do aroma de maçãs, símbo-lo do pecado, mas também da inteligência e sabedoria de Quina,que, num tom profético, vai desvelando a vida humana.

A SIBILA Agust ina Bessa-Luís

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ANTES DO DEGELO

Agustina Bessa-Luís

Agustina Bessa- luísAgustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, em 1922.

A família do seu pai era do Norte do país e a sua mãe era espanhola. Viveudurante a infância e adolescência na região de Entre Douro e Minho e depois em

Coimbra até 1948. A partir de 1948, fixou residência no Porto, onde estudou. Começou a escrever aos 16 anos, estreando-se como romancista em 1948, ao publicar a nov-

ela Mundo Fechado, mas seria o romance A Sibila, publicado em 1954 que constituiu um enorme suces-so e lhe trouxe imediato reconhecimento geral. E é com A Sibila que Bessa-Luís atinge a total maturi-

dade do seu originalíssimo processo criador. É também conhecido o seu interesse pela vida e obra de umdos românticos, Camilo Castelo Branco, cuja herança se faz sentir quer a nível temático quer a nível da téc-

nica narrativa (explorou ficcionalmente a própria vida de Camilo). Estreou-se no teatro em 1958 com “OInseparável”. Foi membro do conselho diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962).

Entre 1986 e 1987 foi Diretora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direção doTeatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.

É membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letrase da Academia das Ciências de Lisboa, tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), a Medalhade Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de "Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres", atribuído pelo governo francês (1989).

A sua criação é extremamente fértil e variada. A autora escreveu mais de cinquenta obras, entre romances, contos, peças de teatro, biografiasromanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis. Foi traduzida para Alemão, Castelhano, Dinamarquês,Francês, Grego, Italiano e Romeno. Várias obras suas foram traduzidas em diversos países e algumas foram adap-tadas ao cinema por Manoel de Oliveira, como Francisca, Vale Abraão e As Terras de Risco. O seu romance As Fúrias

foi adaptado ao teatro por Filipe La Féria. Aos 81 anos, Agustina Bessa-Luís recebeu o Prémio Camões, considerado o mais importante prémio literárioda língua portuguesa. Na ata, pode ler-se que «o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-

Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas exce-cionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cul-

tural da língua comum».Bibliografia: Sebastião José; Mundo Fechado (1948); Os Super-Homens (1950); Contos Impopulares (1951);

Os Incuráveis (1956); A Sibila (1956); O Inseparável (1958); Ternos Guerreiros (1960); O Sermão doFogo (1963); Os Quatro Rios (1964); A Dança das Espadas (1965); Homens e Mulheres (1967);

As Pessoas Felizes (1975); (1991); O Concerto dos Flamengos (1994); Camilo. Génioe Figura (1994); Memórias Laurentinas (1996)

O Mistério da Léguada Póvoa

Agustina Bessa-Luís

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“Àquele que nãoé meu povo,/ hei de chamar meupovo; / e minha amada, / àquela que não é minha amada” –Romanos, 9:25

Assim se lê numa das primeiras páginas deste romancede uma autora americana laureada como Prémio Nobel (1993).Esta história, passada na região do Ohio, no pós-guerra daSecessão, versa sobre uma antiga família de escravos: Sixodeixou de falar inglês porque não lhe interessava; Baby Suggsagarra-se às emoções, desprezando o corpo martirizado peloárduo trabalho; Halle, o filho mais novo de Baby, deixa-se alu-gar, para comprar a liberdade da mãe; Sethe, mulher de Halle;Denver, a filha de ambos. É nesta última personagem que oromance se centra, por ser aquela que traz consigo o legado daescravatura – o fantasma da sua filha, Beloved (bem amada). Umpoderoso romance, onde História, fantasia, lendas e poesia semisturam harmoniosamentenuma obra épica acerca daAmérica.

Num futuro pós-apocalíptico, surge das cinzas doque foi a América do Norte PANEM, uma nova nação governa-da por um regime totalitário que a partir da megalópole,Capitol, governa os doze Distritos com mão de ferro. Todos osDistritos estão obrigados a enviar anualmente dois adoles-centes para participar nos Jogos da Fome - um espetáculo san-grento de combates mortais cujo lema é «matar ou morrer».No final, apenas um destes jovens escapará com vida. Depois,há Katniss Everdeen, uma adolescente de dezasseis anos que seoferece para substituir a irmã mais nova nos Jogos, num ato deextrema coragem. Nesses jogos, Katniss aliar-se-á a Peeta parachegarem aos seu objetivos: arranjar comida para os seus. Massó um deverá sobreviver, pois só há um prémio! ConseguiráKatniss conservar a sua vida e a sua humanidade? E Peeta? Umenredo surpreendente e personagens inesquecíveis elevameste romance de estreia da trilogia Os Jogos da Fome às maisaltas esferas da ficção científica.

A BIBLIOTECA JÁ TEM O FILMEDESTE LIVRO.PROCURA-O!

Nesta sequela, sabemos quenão só Katniss como Peeta saíram ilesos e vencedores daque-les Jogos que se tornam inéditos pelo seu resultado duplo. Oque para ambos foi uma forma de não se aniquilarem um aooutro e, simultaneamente, ganharem a competição, não sig-nificou o mesmo para os espectadores dos outros distritos.Para estes, tornou-se um ato de desafio e de contestação aopoder opressivo do Capitólio e os dois jovens tornam-se osrostos de uma rebelião que nunca estivera nos seus planos. Eo Capitólio vai tentar contrariar esta rebelião com todos osseus imensos recursos tirânicos.

Neste segundo volume de um

romance histórico de tema naval, Capitão de Mar e Guerra, passado

durante as guerras napoleónicas, acompanhamos, de novo, as aventuras

de Jack Aubrey e Stephen Maturin. O primeiro envolve-se numa tórrida

paixão , mas, mergulhado em dívidas, tem de viajar e, juntamente com o

amigo, envolvem-se em ações de espionagem para aniquilar os planos

maquiavélicos de Bonaparte.

Neste volume final da trilogia, porventura o mais belo,arrebatador e com um ritmo avassalador, Katniss Everdeen nãodevia estar viva. Mas, apesar dos planos do Capitólio, a rapari-ga em chamas sobreviveu e está agora junto de Gale, da mãe eda irmã no Distrito 13. . (CONT.)

JOGOS DE FOME I

Suzanne Collins

Presença

Em destaque

Em destaque

JOGOS DE FOME II

EM CHaMaS

Suzanne Collins

FL 6/9

D. Quixote

JOGOS DE FOME III - a rEVOLTa

BelovedBelovedToni

Morrison

ASA

Capitão deCapitão de

NavioNavioPatrick

O’Brian

(CONTiNuAÇÃO)Recuperando pouco a pouco

dos ferimentos que sofreu na arena,Katniss procura adaptar-se à novarealidade: Peeta foi capturado peloCapitólio, o Distrito 12 já não existe ea revolução está prestes a começar

. Agora estão todos a contarcom Katniss para continuar a desem-penhar o seu papel, assumir a respon-sabilidade por inúmeras vidas e mudar para sempre o destinode Panem - independentemente de tudo aquilo que terá desacrificar…À TUA ESPERA …… OS TRÊS…NA BIBLIOTECA!

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Quase toda a gente ouviu falar deste título, pois aadaptação cinematográfica das aventuras emocionais destamulher trintona ficou muito famosa. Bridget é alegre, indepen-dente, mas com falta de auto-estima, sobretudo porque aindanão se casou. Assim, começa o novo ano estabelecendo umasérie de metas para o seu auto-aperfeiçoamento e atingir o sseus objectivos: deixar de fumar; reduzir o consumo de álcool;reduzir 8cm ao diâmetro das coxas; estabelecer relação fun-cional com adulto responsável. É assim que se inicia o livro,com uma listagem intitulada – NÃO VOU / VOU- . Depois,cada capítulo corresponde a um dos 12 meses desse ano. É ,pois, no seu diário de bordo, que ela vai registando os seusprogressos ou falhanços e assim, o leitor torna-se íntimo doseu quotidiano caótico, num discurso familiar, confessional eatractivo, onde se mistura o cómico, a ironia, o desalento e apaixão pela vida.

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Este romance de 2009, da autoria de um dosautores lusófonos mais conceituados da atualiade(angolano) passa-se em Moscovo, Rússia, nos anos 60 enarra uma belíssima história de amor entre um estu-dante angolano e uma rapariga da Mongólia. Nos seusdiálogos perpassa um desencanto pelos discursospolíticos demagógicos de então, as palavras de ordemque deveriam mobilizar os jovens para uma luta ide-ológica, mas sem força, porque vazios na prática.Baseada em factos verídicos, abordando política inter-nacional, guerra, solidariedade e amor, unindo a África àÁsia, passando pela Europa e Cuba e a América Central,trata-se uma história que reflete o desencanto de umageração cansada da guerra, num mundo cada vez maispequeno.

O DIÁRIO DEBRIDGET JONEShELEN fIELDING

Obra consagrada de um dos mais famososescritores norte-americanos do século XX, Prémio Nobelem 1954, e que relata a aventura épica de um velho mar-inheiro, Santiago, no mar das Caraíbas, em Cuba. Trata-se do pescador mais azarado das redondezas que, umdia, em alto mar, vai enfrentar uma “luta titânica com oseu peixe imenso (…), uma luta pela vida, lutada emplena dignidade natural” (J. Sena, in Prefácio). O gigan-tesco peixe-espada não vai ser presa fácil e o pobreSantiago irá enfrentá-lo desesperadamente, pois está emjogo não só a sua vida como o seu bom nome e re-

putação. Pelo meio, conheceremos ainda o rapaz, ummenino que muito admira e acompanha o velhopescador, destacando-se dos outros, os “pescadores comsorte”, que o humilham com os seus olhares e comen-tários.

O VELhO E OMAR

ERNESThEMINGWAy

Um delicioso livro (minúsculo!)com uma história enternecedorasobre um grande amor lá dentro!

Benjamim tem 12 anos e apromessa do primeiro beijo.Lentamente, vai descobrindo que beijar tem muito que se lhediga, muito mais complicado do que as lições de matemática.Em casa, ninguém o pode ajudar, há muito que os seus paisvivem divorciados de afetos. Na rua, não encontra nenhumalição, pois os amigos só conhecem conquistas de bandido. Nobairro, o amor nunca é prioridade. E Pureza, a sua donzela, estáà espera…. Uma história sobre a importância dos pequenosnadas, a fantasia da inocência, o desassossego da primeira vez,da excitação que toca a angústia, num turbilhão de emoçõesdifícil de esquecer… Enfim, as primeiras experiências por quetodos passamos na adolescência, essa “idade do armário”!

O PLaNaLTO E

a ESTEPE,

PepetelaPresença

Aletheia

D. Quixote

Livros do Brasil

BEIJA-MIM,JORGE ARAúJO

EditorialTreze números... é obra! Treze FOLHAS que refletem o bom

gosto da coleção da nossa biblioteca!Este é um número simbólico, pois já será integrado num jor-

nal que vai nascer este ano. Trata-se de uma publicação doAgrupamento de Escolas Abel Salazar, onde todos os espaçoseducativos terão voz. A nossa folha marca a diferença e conta-mos com a colaboração de todos para que ela seja cada vez MELHOR!

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O senhor Pascoal tinha o costume de, quan-

do saía do trabalho, atravessar o jardim público e sen-tar-se num banco daqueles antigos de tábuas e costasenroladas. No jardim já havia bancos modernos, de unsque têm para trás e para a frente, duros e direitos, comazulejos que arrefecem o traseiro. Os amigos costu-mavam ir beber uma cervejola, mas ele raramente osacompanhava: preferia aquele banco sossegado, queparecia ter ficado esquecido num recanto aprazível, comárvores onde os passarinhos cantavam. Talvez por ficarna sombra e um pouco isolado, nunca ninguém se sen-tava ali. Por isso, no dia 3 de fevereiro de 2004, estran-hou ver ali uma velha a ocupar o centro do banco.

Pediu licença e sentou-se. A velha fez que não ouviu.Era mal-encarada, meio desgrenhada, magra, vestida depreto e tinha os olhos baixos. Deve ser surda ou se cal-har está a dormir, desculpou-a o Pascoal. E ficou com aponta do banco onde costumava pensar na vida e gozara tarde quando não chovia.

Não fazia tenções de meter conversa com a velha,mas quando deu por si já estava a perguntar-lhe semorava para aquelas bandas porque nunca a vira antes.- Sou daqui w sou de toda a parte, disse a velha comuma risadinha roufenha.- Daqui e de toda a parte? , estranhou o Pascoal. - Sou a Morte, disse ela sem levantar os olhos.O Pascoal passou-se da cabeça.- Ai és a Morte? Pois então deixa-me que te diga queestás completamente maluca. Andas a matar rapazesnovos que jogam à bola, meninas que são operadas àgarganta, mães com bebés pequenos que lhes dá a dorde cabeça e tu tunga, vê lá se começas a ter outrocritério mais equilibrado.

Pela primeira vez a Morte levantou os olhos quepareciam de vidro verde, mas não olhou para o Pascoal.Pousou a vista um pouco acima da cabeça dele, umpouco à esquerda e um passarinho caiu morto daárvore, mesmo ali, quase aos pés da velha.- Porra, pensou o Pascoal, escapei por um triz, mas nãose deu por achado. Continuou a descompor a Morte.- Ouve lá, minha maluca, porque é que tu não levas sóas pessoas mais idosas, as que já cumpriram a sua mis-são, as que já não servem para nada, as que já estãopodres de tanta dor, as que estão fartas disto? Sim,porquê?- Porque sou cega, disse a Morte, e levantou-se.- Então compra um cão, ele que fareje quem não pres-ta, olha a grande cabra.

Ela já ia longe e o Pascoal não teve a certeza se elaouviu. Acontecia-lhe dormitar no banco e pensou quetinha sonhado. A Morte não tem vagar para se sentar

num banco de jardim a conversar com as suas futuras víti-mas.

Passado coisade um mês, falan-do com a suaEtelvina, voltarama um assunto quehá algum tempoos vinha tentan-do. Ela já estavareformada pordoença, tinhamum dinheirito departe, ele pedia areforma antecipa-da e abriam umapequena drogaria que fazia falta ali na rua: produtos delimpeza, sabonetes, utilidades. Precisamente estava devo-luta uma lojinha dois prédios abaixo.

Vai o bom do Pascoal pedir a reforma antecipada e diz-lhe a madame do balcão:- Pascoal Antunes Laranjeiro? Nascido a 13 de setembrode 1938?- Isso mesmo.- Falecido a 3 de fevereiro de 2004. Outro!- Ó senhora, falecido como? Sou eu, estou vivo, não vê?- Diz aqui o computador. Outro!- Ai que a p… da velha anda a ver se me apanha, disse oPascoal a lembrar-se do passarinho morto por cima dasua cabeça.

A madame do balcão lançou-lhe um olhar tenebroso,deve ter pensado que era com ela, porque em tentativassubsequentes envenenou-lhe todo o processo e o Pascoalnão abriu a drogaria porque estava morto, o que se tornapouco prático para tratar das burocracias deste mundo.

Um dia em que chegou a casa mais tarde porque umdos colegas fazia anos e ele acompanhou-os nas cervejo-las, a mulher disse-lhe logo à entrada:- Esteve aí uma velha à tua procura.- Uma velha?- Uma velha. Tinha uns olhosesquisitos e trazia um cão.- Trazia um cão, dizes tu?- Trazia um cão grosso e feio,tão mal-encarado como ela.Disse que voltava.- Pois, Etelvina, filha. Preparao meu fato escuro, umacamisa branca, a gravata queeu comprei para o casamentoda nossa neta, que desta veznão escapo.- Vais sair com a velha?- Olá se vou. A grande vaca seguiu o meu conselho.

rosa Lobato Faria, in Os Linhos da avó, Ed. Asa, 2004

NUM BANCO DE JARDIMNUM BANCO DE JARDIM

CONTO

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Jorge Amado nasceu em Pirangi, Baía, em 1912 e faleceu a6 de Agosto de 2001. Viveu uma adolescência agitada,primeiro, na Baía, no início dos seus estudos, depois no

Rio de Janeiro, onde se formou em Direito na UniversidadeFederal do Rio de Janeiro e começou a dedicar-se ao jornalis-mo.

Em 1935 já se tinha estreado como romancista com O Paísdo Carnaval (1931), Cacau (1933), Suor (1934), seguindo-se Terras do Sem Fim (1943) e S. Jorge dos Ilhéus (1944).

Politicamente de esquerda, foi obrigado a emigrar, passandopor Buenos Aires, onde escreveu O Cavaleiro da Esperança(1942), biografia de Carlos Prestes, depois pela França, pela

União Soviética... regressando entretanto ao Brasil depois de terestado na Ásia e no Médio Oriente. Em 1951, recebeu o PrémioEstaline, com a designação de "Prémio Internacional da Paz". Osproblemas sociais orientam a sua obra, mas o seu talento deescritor afirma-se numa linguagem rica de elementos popularese folclóricos e de grande conteúdo humano, o que vai superara vertente política. A sua obra tem toques de picaresco, semperder a essência crítica e a poética. Além das obras já citadas,referimos, na sua vasta produção: Jubiabá (1935), Mar Morto(1936), Capitães da Areia (1937), Seara Vermelha (1946), OsSubterrâneos da Liberdade (1952 – trilogia: vol. 1 Os ÁsperosTempos; vol. 2 Agonia da Noite; vol. 3 A Luz no Túnel). Mas écom Gabriela, Cravo e Canela (1958), Os Velhos Marinheiros(1961), Os Pastores da Noite (1964) e Dona Flor e os Seus DoisMaridos (1966) que o romancista põe de parte a faceta politi-zante inicial e se volta para temas como a infância, a música, o

misticismo popular, a turbulênciapopular e a vagabunda-gem, numa linguagem desabor poético, humorísti-ca, renovada com recur-sos da tradição clássicaligados aos processos danovela picaresca. O seusentimento humano e oamor à terra natal inspi-

ram textos onde é evidente abeleza da paisagem, a tradiçãocultural e popular, os problemashumanos e sociais - uma infância abandonada e culpada dedelitos, o cais com as suas misérias, a vida difícil do negro dacidade, a seca, o cangaço, o trabalhador explorado da cidade edo campo, o "coronelismo" feudal latifundiário perpassam sig-nificativamente na obra deste romancista dos maiores do Brasile dos mais conhecidos no mundo. Fecundo contador de histó-rias regionais, Jorge Amado definiu-se, um dia, "apenas umbaiano romântico, contador de histórias”.Definição justa, poisresume o carácter do romancista voltado para exemplos de ati-tudes vitais: românticas e sensuais... a que, uma vez por outra,empresta matizes políticos...", como diz Alfredo Bosi emHistória Concisa da Literatura Brasileira. Casado com a tambémescritora Zélia Gatttai, foi-lhe atribuído o Prémio Camões em1994, prémio português que muito distingue este escritor queadmirava e visitava frequentemente Portugal, onde tinha mui-tos amigos e onde apreciava particularmente a paisagem e agastronomia minhotas.

Jorge Amado é um escritor atemporal, ou seja, foi e é lido pordiversas pessoas de idades variadas. A sua obra está publica-da em mais de cinquenta países e foi adaptada para o rádio,

cinema, televisão e teatro, transformando as suas personagensnuma parte indissociável da vida brasileira.

Jorge Amado