19
Folhas Sagradas O recolhimento das nsabas (kisaba = folhas) é tarefa particular de um Tata Kisaba (ogã), pessoa que é devidamente preparada para esta função, com obrigações e ensinamentos. Somente as ervas das matas têm poder ritualístico, pois quem dá força (kalla) às folhas é Katende, e ele mora no interior das matas. Não têm valor as folhas colhidas em quintais ou locais urbanizados. Na entrada da mata deve-se oferecer comidas, moedas, fumo de rolo e bebidas próprias, ao Nkisi das matas, para que ele fique satisfeito e não pregue peças ao Tata Kisaba, não escondendo as nsabas nem fazendo o grupo se perder. As nsabas vão sendo colhidas, e durante a colheita não pode haver conversas entre os participantes. Só homens podem participar. Durante todo o tempo devem ser entoadas cantigas em louvor de Katende. O Tata Kisaba levará nas mãos um POKÓ (facão) utilizado somente para essa finalidade. Umas nsabas são cortadas, outras devem ter os galhos quebrados, outras ainda são arrancadas. No dia anterior à entrada na mata deve ser obedecido um preceito. Os participantes devem evitar bebidas alcoólicas, sexo e carne vermelha. Algumas nsabas são colhidas na madrugada ao raiar do dia, outras ao nascer do sol, e outras ainda ao por do sol ou mesmo à noite, de acordo com o ritual e o Nkisi a que se destina. Determinadas kisaba como as folhas do OGBÓ, do MOBÓ, do OBI, do AKOKO, do MULUNGU e do LOKO (Gameleira) não podem ser retiradas e imediatamente levadas para a casa de candomblé, devendo ficar algumas horas aos pés da árvore de que foram retiradas. Respinga-se água em cima, cobre-se com pano branco. Esse ato chama-se ELUÁ DINSABA - deixar a folha adormecer. As kisaba de Nkisi são divididas em três grupos: 1. As ritualísticas - são as que se destinam aos enfeites rituais 2. As litúrgicas - são utilizadas na preparação dos banhos e nas preparações rituais 3. As terapêuticas - são as que servem para fazer remédios para curas físicas. Tata kinsaba

Folhas Sagradas

  • Upload
    moninha

  • View
    125

  • Download
    43

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Candomblé

Citation preview

Page 1: Folhas Sagradas

Folhas Sagradas

O recolhimento das nsabas (kisaba = folhas) é tarefa particular de um Tata Kisaba (ogã), pessoa que é devidamente preparada para esta função, com obrigações e ensinamentos.

Somente as ervas das matas têm poder ritualístico, pois quem dá força (kalla) às folhas é Katende, e ele mora no interior das matas. Não têm valor as folhas colhidas em quintais ou locais urbanizados.

Na entrada da mata deve-se oferecer comidas, moedas, fumo de rolo e bebidas próprias, ao Nkisi das matas, para que ele fique satisfeito e não pregue peças ao Tata Kisaba, não escondendo as nsabas nem fazendo o grupo se perder.

As nsabas vão sendo colhidas, e durante a colheita não pode haver conversas entre os participantes. Só homens podem participar. Durante todo o tempo devem ser entoadas cantigas em louvor de Katende.

O Tata Kisaba levará nas mãos um POKÓ (facão) utilizado somente para essa finalidade. Umas nsabas são cortadas, outras devem ter os galhos quebrados, outras ainda são arrancadas.

No dia anterior à entrada na mata deve ser obedecido um preceito. Os participantes devem evitar bebidas alcoólicas, sexo e carne vermelha. Algumas nsabas são colhidas na madrugada ao raiar do dia, outras ao nascer do sol, e outras ainda ao por do sol ou mesmo à noite, de acordo com o ritual e o Nkisi a que se destina.

Determinadas kisaba como as folhas do OGBÓ, do MOBÓ, do OBI, do AKOKO, do MULUNGU e do LOKO (Gameleira) não podem ser retiradas e imediatamente levadas para a casa de candomblé, devendo ficar algumas horas aos pés da árvore de que foram retiradas. Respinga-se água em cima, cobre-se com pano branco. Esse ato chama-se ELUÁ DINSABA - deixar a folha adormecer.

As kisaba de Nkisi são divididas em três grupos:

1. As ritualísticas - são as que se destinam aos enfeites rituais2. As litúrgicas - são utilizadas na preparação dos banhos e nas preparações

rituais3. As terapêuticas - são as que servem para fazer remédios para curas físicas.

Tata kinsaba

Lá vinha de madrugada, solitário e de pensamento fixo um homem todo de branco que não dava bom dia e nem respondia a um cumprimento, mas ninguém ligava, pois todos já o conheciam era ele o Tata kinsaba (colhedor de folhas), que por inúmeras vezes no decorrer de longos anos fazia o mesmo trajeto em direção a floresta, pois sabia ele que não deveria colher folhas em jardins, pois teria que ir à morada daquele que conhecia e dominavam todas as ervas.

Page 2: Folhas Sagradas

Sabia também que não deveria conversar com ninguém que não fosse Katende, pois vinha de corpo puro sem qualquer tipo de quizila, bebidas, sexo, etc...

Chegando à boca da mata morada de Katende (divindade das folhas) começou a cantar, depositou no solo sagrado, moedas, fumo, mel e até um cachimbo de barro, quando um longo assovio veio de dentro daquela floresta, era o sinal o Tata já podia adentrar as matas. E assim o fez, lançou mão de uma piri piri ofelefele (atarê) e começou a mastigar, pois com ela a força de suas cantigas aumentavam e suas palavras se tornavam energia.. Assim que adentrava a floresta ele cuspia para os quatro pontos cardeais, talvez para delimitar o espaço sagrado que iria evoluir, e continuava cantando sem parar procurando por entre raízes, folhas e cipós o que ele viera procurar, (a unsaba zambiri malémba lémba) passou o dia todo e não encontrou, pois ele precisava desta erva para que um muzenza (iniciado) que havia sido recolhido e não dormia direito pudesse colocar por baixo de sua Dixisa (esteira) e tivesse um sono tranqüilo, pediu a Katende em forma de suplica (os malembes) e nada, pois mesmo sendo uma erva de lemba, Katende é quem as regia.

Terminou o dia e já começava a escurecer o Tata voltou ao abaça e todos no caminho o viram com espanto, pois ele nunca tinha voltado sem folhas, cipós ou raízes, e comentavam, pobre homem que passou o dia todo na floresta e nada trouxe. Chegando ao abaça disse ao Tata nkise, meu bom Tata não consegui encontrar aquela que fará o muzenza dormir com tranqüilidade, fiz tudo direito relatou o Tata kinsaba.

O Tata nkise disse: meu filho não desanime, pois amanhã é outro dia e precisa descansar, pois à noite não se colhe folhas, pois elas dormem e só em caso de necessidade podemos tirá-las uma a uma e acordá-las na palma da mão, você mesmo sabe que o horário para nós é importante, pois logo de manha elas acordam e se passar do meio dia as folhas podem mudar de nkise, veja algumas folhas de incoce mukumbo que após o meio dia passam a ser de pambunjila. Pois cada folha tem propriedades particulares e se misturadas produzem preparações para usos diferenciados, e se não se faz direito elas desaparecem. Bem disse o Tata nkise, amanhã logo de madrugada perguntaremos ao grande kasumbenká através do jogo o que de errado foi feito... Logo que o galo cantou lá estava ele novamente pronto para ir à morada de Katende e desta vez certo de que teria sucesso, o Tata nkise pediu a kasumbenká que revelasse o que havia acontecido e este através do jogo revelou que uma das cantigas estava errada e para que a folha de lemba pudesse ser encontrada teria o Tata kinsaba que retira-la antes do meio dia e que levasse consigo uma umbigueira feita de palha da costa e algodão, pois junto com Katende morava nas raízes das arvores panzo e zacai dono de indoque e era fazedor de armadilhas, pois foram eles quem fizeram o Tata kinsaba andar em circulo e nada encontrar. Já sabendo das recomendações lá vai ele mais uma vez repetindo o mesmo ritual e desta vez com a cantiga correta e de umbigueira para se proteger de panzo e zacai. Perto de uma gruta sobre uma rocha o Tata avistou a unsaba zambiri malémba lémba, logo verificou se não era nenhuma escrava, pois as unsabas principais têm escravas da mesma família, certificado disto saiu cantando com mais alegria e gratidão e todos que o viram voltar ao abaça com aquela que acalmaria o sono do muzenza, comentaram com boca pequena: este Tata kinsaba é do saci mesmo, e o outro disse ele é amigo do caipora. Já com alguns anos de prática e por ser um dos mais velhos a passar por fundamentos no abaça o Tata kinsaba foi convidado a acompanhar pela primeira

Page 3: Folhas Sagradas

vez outro Tata kinsaba feito de fundamentos de outro abaça, pois era novo no cargo. Foram os dois Tatas repetindo os rituais e antes de adentrar a floresta o Tata kinsaba mais velho disse: sente-se amigo e vamos conversar um pouco, quero lhe chamar a atenção para alguns fatos que ocorrem no dia a dia de um abaça e sua é a responsabilidade.

Toda folha tirada para lavar um fio de conta, otás e o iniciado vão fazer um elo dos três, pois o fio deixará de ser apenas contas e passará a ser energia, as pedras deixarão de ser simples pedras, para ser assentamentos individuais, agora em forma de corpo, o iniciado passará a receber suas primeiras energias e o elo estará formado, pois vão sacralizar otá, corpo e fios.

Você colherá temperos, folhas e cipós que estarão presente nas comidas, chão do abaça, por sobre a porta e debaixo das Dixisas, deverá saber que quando quiser a presença de uma pessoa querida no abaça varias vezes é só pedir que a kifumbera (cozinheira) coloque ariô colhido por você nas comidas como tempero, e todos voltarão para comer novamente. Terá que saber que o sacudimento é feito com ervas frescas e compatíveis com o problema da pessoa. Que os elementos da direita do iniciado, constituem o masculino herdado de seu pai e os elementos da esquerda constituem o feminino herdado de sua mãe, então monte em sua Dixisa folhas negativas e positivas de maneira correta, e com quantidade de qualidades pares para o equilíbrio, ou seja, num total de 16, 8 fixas e 8 pertencentes ao nkise.

Use só quantidade de qualidades impares para sacudimento para anular desordem espiritual.

Quando colher para um angoleiro colha a maior quantidade possível de variedades, pois o angoleiro com mais folhas sempre vence.

Coloque as de leite na posição correta.

Agora se for fazer o quijaua (abô), faça uma separação, pois ele esta relacionada com proibições, veja, por exemplo, não faça quijaua para insumbo junto com os outros nkises, enterre pela metade os potes e deixe o iungo abraçá-lo.

O quijaua feito a lembarenganga não vai os temperos como sal e dendê, o de mutalambô não vai mel, não se esqueça, pois os resultados serão terríveis.

Existem folhas que acalmam e folhas que excitam, existem folhas positivas e negativas, existem folhas masculinas e femininas. Um pouco assustado com tanta responsabilidade o novo Tata kinsaba perguntou: como vou reconhecer algumas folhas e seus respectivos nkises, então não sabe disse o mais velho Tata kinsaba vou lhe dar algumas dicas você vai reconhecer uma folha macho por ela ter forma alongada e as fêmeas pelo perfume e forma ovalada, as de insumbo vão ser enrugadas, a de lemba com pelos brancos e que não queimem, as de incoce mukumbo serão na maioria alongadas e as avermelhadas vão ser de Matamba e também Nzazi, as arredondadas com retenção de água vão ser de Dandalunda e caiaia, as que têm espinhos e que queimam de pambunjila e Nzazi, as avantajadas serão de kitembu, as que trazem as alucinações de Matamba e também pambunjila, as de aromas fortes e suaves com certeza serão das mametus.

Page 4: Folhas Sagradas

Bem todas as folhas têm suas exceções, eu apenas estou lhe dando uma dica para facilitar o reconhecimento...

As que trazem prosperidade são as que sobem nas árvores. Então começaram a cantar e um assovio cortou a floresta, era Katende avisando que estava presente e um erro as unsabas zambiri iriam desaparecer e panzo junto com zacai puniria os Tatas kinsaba.

Que vida dura esta de Tata kinsaba, e que responsabilidade ele tem, só mesmo sendo do saci e amigo do curupira..

Nsabas

Abacá Abacateiro Abacaxi Abiu Abiu Abiu Roxo Abóbora Abre Caminho   (Jikula Nzila) Abricó Acácia Acácia Branca Açoita Cavalo Açucena rajada Agapanto Agapanto Branco Agapanto Lilás Agoniada Agrião Agrião do Pará Aguapê Akòko Alamanda Alcaparreira Alecrim   (Balula) Alecrim da Serra Alecrim de Caboclo Alecrim de Tabuleiro Alecrim do Campo Alface   (Zalata) Alfavaca Alfavaca do Campo Alfavaca Roxa Alfazema de Caboclo Alfazema do Brasil Alga Marinha Algodoeiro   (Mujinha) Algodoeiro Americano   (Mujinha) Algodoeiro Arbóreo   (Mujinha) Alho Altéia Ameixa Ameixeira Amêndoa Amendoeira Amendoim

Page 5: Folhas Sagradas

Amor agarradinho Amor Perfeito Amora Amoreira   (Mukamba) Amoreira Branca Andiroba Angélica Angelicó Angelim Amargoso Angico da folha miúda Anis Estrelado Aperta Ruão Araça da praia Araça de coroa Araça do campo Araçazeiro Arapoca-branca Araticum Bravo Araticum de Areia Aridan Arnica Arnica Brasileira Arnica do Mato Aroeira   (Kisaba Mulongo) Aroeira Branca Aroeira Vermelha Arrebenta Cavalo Arrozinho Arruda   (Paku) Árvore Ovo-Frito Árvore Sapo   (Musibiri) Assa peixe Avelós Avenca Azedinha   (Kisaba Unjimu) Azedinha do Brejo Azevinho Baba de Boi Babosa Balainho de Velho Bambu   (Dianga) Banana Banana da Terra Banana Ouro Banana Prata Banana São Tomé Bananeira Bananeira da India Bananeira de Jardim Baobá   (Kibatuilo) Barba de Velho Bardana Batata Doce Batatinha Baunilha de Nicuri Baunilha verdadeira Beladona Beldroega Beldroega Grande Bem Me Quer Benção de Deus

Page 6: Folhas Sagradas

Bergamota Berinjela Bertalha Bétis Branco Bétis Cheiroso   (Masana'nzadi) Bétis Cheiroso Bilreiro Bisnagueira Bissaque Boldo Boldo Bahiano Botão de Santo Antônio Bredo de Espinho Brejaúva Brinco de Princesa Bucha Cabaça Cabeça de Negro Cabelo de milho Cabeluda Cacau Cajá Cajá Manga Cajazeira (Kirima) Caju Cajueiro Calêndula Calistemo Camapu Cambará Cambuí amarelo Camélia Camomila Campainha Cana Cana de açúcar Cana de Macaco Cana do Brejo   (Kisaba’nhoka) Canafístula Canela de Velho Cânhamo Canjerana Cansanção de Leite Capeba   (Kisaba Manhi) Capim de Burro Capim Elefante Capim Elefante Capim Gamba Capim Limão Capim Natal Capim Pé de Galinha   (Nkulu Sanji) Capim Rabo de Burro Capixingui Caqui Cara moela Carambola Cardo Santo   (Aluka) Carnaúba Carobinha Carobinha do Campo Carqueja

Page 7: Folhas Sagradas

Carrapichinho Beiço de Boi   (Kisaba Mutombi) Carrapicho Caruru Caruru da Bahia Castanha do Pará   (Kibatuilo) Casuarina Cata Grande Catinga de Mulata Catingueira Cavalinha Cebola   (Lúmbua) Cebola Cecem Cebola do Mato Cedrinho Celidônia maior Chalota Chapéu de Couro Chifre de Veado Cinco Chagas Cinco Folhas Cipó Caboclo Cipó Camarão Cipó Chumbo Cipó Cravo Cipreste Cnestis corniculata Cnestis Ferruginea Coco Coco de Purga Coentro Coerana Coerana Colônia   (Zukamesa Kiari) Comigo Ninguém Pode Branco Comigo Ninguém Pode Verde Coqueiro Coqueiro de Vênus Corda de Viola Corda de Viola Corda Iplé Cordão de Frade Corredeira Costela de Adão Cravo da Índia Cravo Vermelho Crista de Galo Crista de Galo Cumanan Curraleira Dama da Noite Damasco Dendezeiro Dormideira   (Kisaba Musandala) Douradinha Dracena Listrada Elemi Africano   (m'bili) Embaúba Embaúba - Branca Erva Capitão   (Kibukidilu A Kissimbi) Erva Cidreira Erva de Bicho   (Kiangu Kiama)

Page 8: Folhas Sagradas

Erva de Jaboti Erva de Passarinho   (Iabenha) Erva de Passarinho   (Iabenha) Erva de Sangue Erva de Santa Luzia Erva de Santa Luzia Erva de Santa Luzia Erva de Santa Maria Erva de São João Erva Grossa Erva Moura Erva Pombinha Erva Prata Erva Preá Erva Tostão Erva Vintém Espada de São Jorge   (Kisaba Njangu) Espada de Yansã Espelina Falsa Espinheira Santa Espirradeira Branca Espirradeira Roxa Estoraque Brasileiro Eucalipto Cidra Eucalipto-limão Facheiro-Preto Falsa Moscadeira Falso Cardo Falso Íris Fava de Tonca Fava de Xangô Fava Pichuri Fedegoso Feijão Fradinho   (makunde) Figo Figo Benjamim Figueira comum Figueira do Inferno Flamboyant Flamboyanzinho Flor de lã Flor de Lótus Flor de Lótus Folha da Costa Folha da Fortuna Folha da Gentileza Folha da Riqueza Folha de Dez Réis Folha de Fogo Framboesa Fruta da Condessa Fruta de Conde Fruta Pão Fruta Pinha Fumo Bravo Funcho Gameleira Gameleira Branca Gengibre Gergelim Gervão

Page 9: Folhas Sagradas

Gervão Roxo Girassol   (Muanha Pelendende) Gôfer   (musanga) Goiaba Goiabeira   (Ngindu Muxi) Grandiúva Gravíola Groselha Groselha Branca Grumixameira Guabira Guabiroba Guaçatonga Guaco Guandu Guanxima Guarabu Guararema Guaxima Cor de Rosa Guiné Hedranthera Helicônia Hildegardia Hipericão Hortelã Brava Hortelã da horta Hortelã da Horta Índigo Ingá-bravo Inhame Inhame Inhame Branco Inhame Bravo Inhame Bravo Inhame Selvagem Inhame Selvagem Insulina Vegetal Ipê-amarelo Iúca Jaborandi Jabuticaba Jaca Jacarandá Cor de Rosa Jacatirão Jacinto D'Agua Jambeiro Rosa Jambo Amarelo Jambo Encarnado Janaúba Japecanga Jaqueira Jarrinha   (Kisaba Kiambe) Jasmim do Cabo Jatobá Jenipapeiro Jenipapo Jequiriti Jequitibá Rosa Jerivá Jetirana Jibóia

Page 10: Folhas Sagradas

Juazeiro Junquinho Jupati Jurema branca Jurema Preta Jurubeba Juta Karitê Lágrima de Nossa Senhora Lanterna Chinesa Laranja Laranja Amarga Laranja Bahia Laranjeira   (Muxi-Mindéle) Laranjeira do Mato Leiteirinho Levante Limão Bravo Limão Tahiti Limba Limonete Língua de Galinha Língua de Galinha   (caiala-camochi) Língua de Vaca Lírio do Brejo Losna Louro Maçã Macaçá Macaxeira Macieira Mãe Boa   (Manhi–Ximana) Mafafa Mafumeira Mal-me-quer do Campo Malmequer Miúdo Malva Malva Cheirosa Malva do Campo Malva Rosa Malva Roxa Malva Silvestre Mamão Mamão Mamão Bravo Maminha de Porca Mamona   (Xabidinhu) Mamona Branca Mamona Vermelha Manacá Mandioca Manga Manga Rosa Mangue Vermelho Mangueira   (Kutotomba) Manjericão da Folha Miúda Manjericão de Folha Larga Manjericão Roxo Manjerioba Manjerona Maracujá

Page 11: Folhas Sagradas

Maravilha Maria Mole Maria Preta Verdadeira Marianinha Maricotinha Marmeleiro Mastruço Mastruço Mata Cabras Mato Pasto Melancia Melão Melão D'agua Melão de São Caetano   (Takana Falakêji) Mexerica Mil em Rama Milho Milho Alho Milho Branco Milho Vermelho Mimo de vênus Monsenhor Amarelo Morango Morangueiro Morcegueira Mulungu Murta Musgo Musgo da Pedreira Musgo marinho Mussambê Narciso dos Jardins Nega-mina Nenúfar Branco Nespereira Nim Nove Horas Noz moscada Obá Obí Obí Obí Obí Óleo Pardo Olho de Boi Ora-pro-nobis Orelha de Macaco Orogbo Palma Vermelha Palmeira Abânico Palmeira Africana Panacéia Papo de Peru Para Ráio Parasol Parietária Pariparoba Pata de Vaca Pata de Vaca Rosa Pata de Vaca Roxa Patchouli

Page 12: Folhas Sagradas

Patióbá Pau Conta Pau D’alho Pau de Arco Pau de Colher Pau de Manteiga   (Mungela) Pau Ferro Pau Ferro do Ceará Pau-Pereira Pega-Pega Pêra Peregun Periquitinho Perpétua   (Mukuxi) Pêssego Pessegueiro Picão da Praia Picão Preto Pimenta da Africa   (Cabela) Pimenta da Costa   (cabela) Pimenta de Macaco Pimenta do Reino Pimenta Malagueta Pimentão Pinhão Branco Pinhão Coral Pinhão Roxo   (Kitote) Piripíri Pitanga Pitangatuba Piteira imperial Pixirica Poejo Poinsétia Porangaba Quaresma Quaresmeira Quaresminha Rasteira Quaresminha Rasteira Quebra Pedra   (Inga Nzunga) Quiabo Quiabo Roxo Quitoco Quixabeira Rabujo Romã Romanzeira Rosa Branca Sabugueiro Safu Salsa Brava   (Xikina Kiambe Manhi) Salsa da Praia Sálvia Samambaia Samambaia de Poço Sândalo Sangue de Cristo Sangue de Dragão Sapê Sapê Sapoti

Page 13: Folhas Sagradas

Seringueira Sete Sangrias Sorgo Sumaré do Mato Sumauma Africana Tabaco Taioba Tajujá Tâmara Tamarineiro (Ditamba) Tamiaranga Tanchagem Taquaril Taquaruçu Tintureira Tira Teima Tiririca Tomate Tomilho Tribulus Trombeta Roxa Trombeteira Tulipa Umbu Unha de Vaca Urtiga Graúda    (Kisaba'mixinga) Urtiga Mamão Urtiga Vermelha Urtiga Vermelha Urtiguinha de Cipó Urucuzeiro Uva Uva Branca Vassourinha de Botão Vassourinha de Relógio Vassourinha de Santo Antônio Vassourinha Doce Velame do campo Velame verdadeiro Vence Demanda Vitória Régia Viuvinha Xique Xique Zimbro

Candomblé Ketu

Candomblé Ketu (pronuncia-se queto) é a maior e a mais popular "nação" do Candomblé, uma das Religiões afro-brasileiras.

No início do século XIX, as etnias africanas eram separadas por confrarias da Igreja Católica na região de Salvador, Bahia. Dentre os escravos pertencentes ao grupo dos Nagôs estavam os yorúbà (Iorubá). Suas crenças e rituais são parecidos com os de outras nações do Candomblé em termos gerais, mas diferentes em quase todos os detalhes.

Page 14: Folhas Sagradas

Teve inicio em Salvador, Bahia, de acordo com as lendas contadas pelos mais velhos, algumas princesas vindas de Ọyọ e Ketu na condição de escravas, fundaram um terreiro num engenho de cana. Posteriormente, passaram a reunir-se num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Jeje-Nagô pretextando a construção e manutenção da primitiva Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha, atual Igreja de Nossa Senhora da Barroquinha que, segundo historiadores, efetivamente conta com cerca de três séculos de existência.

No Brasil Colônia e depois, já com o país independente mas ainda escravocrata, proliferaram irmandades. "Para cada categoria ocupacional, raça, nação - sim, porque os escravos africanos e seus descendentes procediam de diferentes locais com diferentes culturas - havia uma. Dos ricos, dos pobres, dos músicos, dos pretos, dos brancos, etc. Quase nenhuma de mulheres, e elas, nas irmandades dos homens, entraram sempre como dependentes para assegurarem benefícios corporativos advindos com a morte do esposo. Para que uma irmandade funcionasse, diz o historiador João José Reis, precisava encontrar uma igreja que a acolhesse e ter aprovados os seus estatutos por uma autoridade eclesiástica".

Muitas conseguiram construir a sua própria Igreja como a Igreja do Rosário da Barroquinha, com a qual a Irmandade da Boa Morte manteve estreito contato. O que ficou conhecido como devoção do povo de candomblé. O historiador cachoeirano Luiz Cláudio Dias Nascimento afirma que os atos litúrgicos originais da Irmandade de cor da Boa Morte eram realizados na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, templo tradicionalmente freqüentado pelas elites locais. Posteriormente as irmãs transferiram-se para a Igreja de Santa Bárbara, da Santa Casa da Misericórdia, onde existem imagens de Nossa Senhora da Glória e da Nossa Senhora da Boa Morte. Desta, mudaram-se para a bela Igreja do Amparo desgraçadamente demolida em 1946 e onde hoje encontram-se moradias de classe média de gosto duvidoso. Daí saíram para a Igreja Matriz, sede da freguesia, indo depois para a Igreja da Ajuda.

O fato é que não se sabe ao certo precisar a data exata da origem da Irmandade da Boa Morte. Odorico Tavares arrisca uma opinião: a devoção teria começado mesmo em 1820, na Igreja da Barroquinha, tendo sido os Jejes, deslocando-se até Cachoeira, os responsáveis pela sua organização. Outros ressaltam a mesma época, divergindo quanto à nação das pioneiras, que seriam alforriadas Ketu. Parece que o “corpus” da irmandade continha variada procedência étnica já que fala-se em mais de uma centena de adeptas nos seus primeiros anos de vida.

Essas confrarias eram os locais onde se reuniam as sacerdotisas africanas já libertas (alforriadas) de várias nações, que foram se separando conforme foram abrindo os terreiros. Na comunidade existente atrás da capela da confraria foi construído o Candomblé da Barroquinha pelas sacerdotisas de Ketu que depois se transferiram para o Engenho Velho, ao passo que algumas sacerdotisas de Jeje deslocaram-se para o Recôncavo Baiano para Cachoeira e São Félix para onde transferiram a Irmandade da Boa Morte e fundaram vários terreiros de candomblé jeje sendo o primeiro Kwé Cejá Hundé ou Roça do Ventura.

O Candomblé Ketu ficou concentrado em Salvador, depois da transferência do Candomblé da Barroquinha para o Engenho Velho passou a se chamar Ilê Axé Iyá Nassô mais conhecido como Casa Branca do Engenho Velho sendo a primeira casa

Page 15: Folhas Sagradas

da nação Ketu no Brasil de onde saíram as Iyalorixás que fundaram o Ilê Axé Opô Afonjá e o Terreiro do Gantois.

Orixás

Ajé Saluga Ayrá Erinlẹ Exu Ibeji Iroko Iyamí Ò ṣ ó r ò ng á Jàgún Logunẹde Nanã Obá Obaluaê Odùdúwà Ogum Ọlọ́Mrun Olosa Ori Ọrúnmilà Ossain ỌN ṣ ù n Otìn Oxaguian Oxalá Oxalufan Oxossi Oxumare Xangô Yansã Yemanjá Yewa

Hierarquia

Iyá/Babá: significado das palavras iyá do yorúbà significa mãe, babá significa pai.

Iyalorixá/Babalorixá: Mãe ou Pai de Santo. É o posto mais elevado na tradição afro-brasileira.

Iyaegbé/Babaegbé: É a segunda pessoa do axé. Conselheira, responsável pela manutenção da Ordem, Tradição e Hierarquia.

Iyalaxé: (mulher) Mãe do axé, a que distribui o axé e cuida dos objetos ritual.

Iyakekerê: (mulher) Mãe Pequena, segunda sacerdotisa do axé ou da comunidade. Sempre pronta a ajudar e ensinar a todos iniciados.

Babakekerê: (homem) Pai pequeno, segundo sacerdote do axé ou da comunidade. Sempre pronto a ajudar e ensinar a todos iniciados.

Ojubonã ou Agibonã: É a mãe criadeira, supervisiona e ajuda na iniciação. Iyamorô ou Babamorô: Responsável pelo Ipadê de Exú. Iyaefun ou Babaefun: Responsável pela pintura branca das Iaôs. Iyadagan e Ossidagã: Auxiliam a Iyamorô. Iyabassê: (mulher): Responsável no preparo dos alimentos sagrados as

comidas-de-santo.

Page 16: Folhas Sagradas

Iyarubá: Carrega a esteira para o iniciando. Iyatebexê ou Babatebexê: Responsável pelas cantigas nas festas

públicas de candomblé. Aiyaba Ewe: Responsável em determinados atos e obrigações de "cantar

folhas. Aiybá: Bate o ejé nas obrigações. Ològun: Cargo masculino. Despacha os Ebós das obrigações,

preferencialmente os filhos de Ògún, depois Odé e Obaluwaiyê. Oloya: Cargo feminino. Despacha os Ebós das obrigações, na falta de

Ològun. São filhas de Oya. Iyalabaké: Responsável pela alimentação do iniciado, enquanto o mesmo

se encontrar recolhido. Iyatojuomó: Responsável pelas crianças do Axé. Pejigan: O responsável pelos axés da casa, do terreiro. Primeiro Ogan na

hirarquia. Axogun: Responsável pelos sacrifícios. Trabalha em conjunto com

Iyalorixá / Babalorixá, iniciados e Ogans. Não pode errar. (não entram em transe).

Alagbê: Responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados. (não entram em transe). Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar ao terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens. No Candomblé Ketu, os atabaques são chamados de Ilú. Há também outros Ogans como Gaipé, Runsó, Gaitó, Arrow, Arrontodé, etc.

Ogâ ou Ogan: Tocadores de atabaques (não entram em transe). Ebômi: Ou Egbomi são pessoas que já cumpriram o período de sete anos

da iniciação (significado: meu irmão mais velho). Ajoiê ou ekedi: Camareira do Orixá (não entram em transe). Na Casa

Branca do Engenho Velho, as ajoiés são chamadas de ekedis. No Terreiro do Gantois, de "Iyárobá" e na Angola, é chamada de "makota de angúzo", "ekedi" é nome de origem Jeje, que se popularizou e é conhecido em todas as casas de Candomblé do Brasil.

Iaô: filho-de-santo (que já foi iniciado entra em transe com o Orixás). Abiã ou abian: Novato. É considerada abiã toda pessoa que entra para a

religião após ter passado pelo ritual de lavagem de contas e o bori. Poderá ser iniciada ou não, vai depender do Orixá pedir a iniciação.

Sarepebê ou sarapebê é responsável pela comunicação do egbe (similar a relações públicas).