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do estudante Núm. XVII - ANO II
2ª quinzena - Abril/2013
Folhetim do estudante é uma
publicação de cunho cultural e
educacional com artigos e textos
exclusivos de Professores, alunos
e membros da comunidade da
“E.E. Miguel Maluhy”.
Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br
Sugestões e textos para:
Opinião “A Revolução
permanente” pág. 2
Debate “História: Ciência da
Vida, momento sem fim“
pág. 2
Poéticas “Rammstein” -
Rock Alemão e “Arnaldo
Antunes” Rock Brasileiro,
pág.3
Resenha livro de Mahmud
Darwich e cinema “Filhos
do Paraíso” pág.4
Emílio, ou da educação!
Pense numa criança, um
garoto. Pés descalços, peito nu.
Brinca no quintal, o vento lhe
arrepia os cabelos e cora as
bochechas. Avista de longe o seu
professor e não se esconde. Volta
ao conforto do lar para um belo
copo de leite quente e uma
coberta aconchegante. Debruça-se
sobre a escrivaninha do querido
preceptor e desenha num pedaço
de papel branco. Se esforça,
mistura cores e formas. Trabalho
feito! O mestre observa um
emaranhado de linhas desformes
sobre o papel amassado. Sem
repreensões ou instruções teóricas
sobre a composição, apresenta o
próprio quadro ao garoto. Juntos
observam e decidem pendurá-los.
O professor recebe de Emílio uma
moldura muito fina e simples,
enquanto escolhe dentre as mais
decoradas e trabalhadas, aquela
em que confiará seu projeto. No
fundo Emílio anseia pela mais
simples, mas sabe que a sua vez
ainda não chegou.
Observando a forma
retangular de sua moldura, Emílio
pede uma explicação: que forma
seria aquela? Como construí-la
num papel com tal perfeição? O
tutor, paciente, apresenta-lhe pela
primeira vez, instrumentos de
medida.
Emílio pega o lápis e
mede e calcula nos roliços
dedinhos, o encaixe perfeito de
seu peque no universo. Sem
imposições, sem sobrecarga de
informação. Onde encontrar tal
professor? Como reproduzir este
cenário numa escola
convencional?
Ensinar a liberdade, formar o
homem, o cidadão autônomo e
livre. Estas eram as metas de Jean
Jacques Rousseau, ao escrever o
livro "Emílio, ou da educação"
um desejo de reparação particular
(o lamento mais doloroso de sua
culpa, já que abandonou os
próprios filhos para a adoção)
uma vontade de contribuir para a
sociedade que propunha no seu
livro "O contrato social" e que
queria ver perpetuada, com as
revoluções burguesas.
Rousseau, um homem do seu
tempo em alguns momentos, um
polêmico visionário, em outros. O
primeiro de sua época a lançar um
olhar de importância sobre a
criança, a iniciar a preocupação
com este ser em formação, que
seria a base de toda a sociedade.
Nessa obra, muitas polêmicas e
uma verdade: os homens devem
ser humanos e, sobretudo, devem
favorecer a infância, a fim de
contribuir para o que virá.
Profª. Kacianna Amorim Coordenadora Ensino Médio
*Livremente inspirado na obra "Emílio ou
da Educação", de Jean Jacques Rousseau.
Folhetim
2
do estudante ano II abril/2013
OPINIÃO
Imagem símbolo da Rev. Francesa
A Revolução das
Revoluções modernas
Tudo o que a população da
França queria era exercer o
sentimento da liberdade, ter os seus
direitos, uma boa condição de vida,
conseguir ser dono da sua própria
terra, trabalhar para garantir seu
sustento, deixar de servir à um Rei
que não pensava no seu povo, não
lutava pelo bem da sociedade,
pensava apenas em si mesmo e no
luxo que era a vida da realeza,
apenas atrasava a modernização da
França. “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”
Esse desejo imenso do povo de ser
livre, ter seus direitos, serem
tratados igualitariamente e terem
uma vida digna além de verem a
nação desenvolver-se tanto na
economia quanto na política foi a
grande motivação para as massas
iniciarem a Revolução Francesa.
Hoje, graças á esta revolta,
que não só transformou a França,
mas também outros lugares do
mundo, como o Brasil, podemos
nos considerar livres; temos poder
de escolha com o nosso voto,
temos nossos direitos como
cidadãos, situações totalmente
diferentes daquelas vividas pelos
franceses do antigo regime onde o
Rei decretava prisão para um
individuo e ele não tinha a quem
recorrer em sua defesa. Hoje temos
direito á advogados, temos como
tentar provar nossa inocência, etc.
Trabalhamos para o sustento de
nossas famílias, podendo lutar por
um futuro tão bom e confortável
como o de um “rei”, podemos ser
empresários, médicos, engenheiros,
advogados, temos o poder da
escolha.
Também , é claro que,
temos que pagar altíssimos
impostos, somos roubados por
políticos corruptos e temos uma
justiça extremamente falha; muitos
ainda são escravizados, forçados á
trabalhar até a exaustão, muitas
vezes sem receber ao menos um
salário por isso, passando fome,
explorados no seu suor servindo a
um senhor, todavia a Revolução
Francesa, sem dúvida, mudou o
mundo, ou pelo menos boa parte
dele, mas temos que continuar
lutando pelos direitos de todos os
povos, afinal todos somos
merecedores da liberdade, temos
direito de sermos tratados com
dignidade e respeito e que a
Revolução seja sempre contínua.
Majori Yara – 3ºD
debate
Heródoto, o pai da História
História: A Ciência da
Vida, um momento sem fim
Que tudo é história, desde o
primeiro segundo de existência da
vida de cada ser, de cada
acontecimento que nos foi
permitido presenciar ou ouvir falar
dele, já sabemos porém, o que eu
nunca tinha parado para pensar foi
justamento o assunto tratado em
sala de aula sobre a memória
histórica e os registros que servem
para construí-la.
A História é uma viagem
sem fim, podemos vivenciá-la em
nosso dia a dia, construindo
lembranças de momentos que
mesmo sendo nossos, pessoais,
podem tornar-se um registro da
memória histórica desse tempo
presente no futuro, serão memórias
que vão passar para os nossos
filhos e dos filhos para os nossos
netos, o fato é que estamos o
tempo todo construindo memórias,
registrando a realidade, fazendo a
história.
O tempo histórico é
constituído por momentos vividos
e não vividos por nós; o hoje, o
agora e o depois são essas
realidades vivenciadas; o passado
distante já não é uma realidade
vivida por nós como por exemplo a
construção das pirâmides ou a
época do dilúvio ou também o
momento em que os dinossauros
eram a grande espécie animal
dominante no planeta enfim, nada
disso foi presenciado por nós, mas
sabemos que eles existiram por
conta dos infinitos registros
históricos deixados como memória
daquela realidade ao longo dos
anos, décadas, séculos e milênios.
Depoimentos de pessoas
que viveram e presenciaram
momentos, textos e documentos
escritos como a Bíblia, registros
imagéticos como os desenhos em
paredes de cavernas feitos pelos
homens primitivos e registros
iconográficos como as armaduras
de grandes guerreiros que hoje são
peças de museus permitem esse
regaste da memória do passado.
Passado, presente e futuro
estão interligados e a história é a
representação desse momento sem
fim.
Majori Yara – 3ºD
folhetim
3
do estudante ano II abril/2013
POÉTICAS
Pedra por Pedra RAMMSTEIN
Eu tenho planos, grandes planos
Eu estou construindo uma casa
para você
Cada pedra foi uma lágrima
E você nunca mais irá ir embora
Sim, eu estou te construindo uma
pequena casa
ela não tem janelas, e nem portas
Por dentro dela brotará a escuridão
E nenhuma luz ousará entrar nela
Sim, eu estou construindo uma
casa para você
e você fará parte dela
Pedra por Pedra
Você se tornou o meu muro
Pedra por Pedra
Eu vou estar com você para
sempre
Sem vestido, sem sapatos,
você me observa enquanto eu
trabalho
Com seus pés no cimento
você torna a construção
maravilhosa
Haverá um jardim do lado de fora
e ninguém poderá ouvir você gritar
Pedra por Pedra
Você se tornou o meu muro
Pedra por Pedra
Eu vou estar com você para
sempre
Eu vou estar com você para
sempre
Com um esboço, sempre
martelando
Do lado de fora o dia está
amanhecendo
Todos os pregos se firmando
enquanto eu os prendo contra o
seu corpo de madeira
Pedra
Pedra por Pedra
Você se tornou o meu muro
Pedra por Pedra
Você se tornou o meu muro
Pedra por Pedra
Você se tornou o meu muro
Pedra por Pedra
E ninguém me ouve chorar
Palavra
ARNALDO ANTUNES
A palavra precisa lança o som à
velocidade da luz
Onde nós e você
Dominamos o espaço
A imagem fala por si
E por mim
Portanto flutuaremos pelo avião
Como um par dançante
Perseguidos pelos olhares
estrelados
De uma plateia atenta
É fundamental o texto
A gagueira quase palavra
Quase aborta
A palavra quase silêncio
Quase transborda
O silêncio quase eco
A gagueira agora
O século eco
Soneto 670 Lascado [a Arnaldo
Antunes]
Glauco Mattoso
Em vez do brontossauro que já
aturo, é dum tiranossauro que ora
corro!
Já tive um mastodonte por
cachorro, mas nem com meu
mamute estou seguro!
Só pode ser castigo! Neste obscuro
inferno pré-histórico percorro
meu trágico caminho, sob o jorro
de intensos temporais, passando
apuro!
Do céu o pterodáctilo me ataca!
Na terra o megatério me ameaça!
Um antropopiteco sofre paca!
Nem deixam que um poema em
pedra eu faça!
Vou ter que usar a pena como
faca, salvando, entre os poetas,
minha raça!
____________________________
folhetim
4
do estudante ano II abril/2013
RESENHAS
Stein Um Stein (Pedra por Pedra)
A Identidade de um povo, um
conceito que ultrapassa a questão de
apenas pertencer a um território, o
povo determina a identidade a partir
de sua cultura, sua língua, seus
costumes, até a própria religião, o que
faz um grupo (país) mesmo tendo
suas divisões (estados) compartilhar
do mesmo folclore, da mesma
culinária, da mesma língua, etc...
Por onde um brasileiro andar no
mundo ainda assim será um
brasileiro, mesmo aprendendo várias
línguas, várias culturas, nosso mundo
é globalizado o suficiente para um
indivíduo se tornar um conhecedor de
várias culturas, porém mesmo
aprofundando nisso, um brasileiro
sempre será um brasileiro, pois já
está arraigado em sua pele, na língua,
no jeito de ver o mundo, apesar de
termos muita coisa de outras culturas
dentro da nossa própria cultura.
Os palestinos, como o autor
Mahmud Darwich, trazem isso
fortemente consigo, um povo que
teve suas terras arrancadas, seus
filhos e netos, como escrito no poema
“Carteira de Identidade”, ninguém
foi poupado, um povo cujo território
não é reconhecido por causa de um
opressão que equivale à opressaão
imposta pelos nazistas aos judeus,
mas mesmo após anos de opressão e
falta de reconhecimento da Palestina,
o povo brada, reafirma “Nós Somos
Palestinos”.
Em São Paulo, existem
muitas comunidades vindas de outros
países, temos um pouco de várias
nações agregadas apenas em um
único estado onde vivem bolivianos,
árabes, japoneses, chineses, coreanos,
italianos, alemães, etc.
O bairro da Liberdade traz
um pedaço do oriente e é um lugar
onde se pode observar como a
identidade, para esses povos, é
importante, pois mesmo um japonês
vivendo quarenta anos no Brasil,
mantém ainda suas tradições, a
culinária e seus festivais tão vivos
quanto no Japão. O mesmo acontece
com os Árabes, com os chineses e
com outros membros dessas
comunidades que querem se manter.
No filme “The Terminal”,
com Tom Hanks e dirigido por Steve
Spielberg, o protagonista passa pela
situação de seu país ter sofrido um
golpe e, com isso, seu visto passa a
não ter validade em seu País, não ser
mais reconhecido dentro da América
e ele fica sem ter para onde voltar e
não pode entrar nos EUA, então
acaba tendo que ficar no aeroporto
sem comunicar-se com ninguém e
sem poder ir à lugar algum.
Os Palestinos passam por
essa situação de maneira diferente,
porém, a questão é a mesma. A
identidade de um indivíduo,
realmente existe apenas no Papel?
Pergunte à um Palestino e saberá do
que uma identidade realmente é feita.
“Pergunto: Senhoras e senhores de bom coração,
a terra dos humanos é de todos os humanos,
como clamais?” – Mahmud Darwich
Livro: A Terra nos é estreita e outros
Poemas
Autor: Mahmud Darwich
Editora: Edições BibliASPA – São
Paulo – Novembro/2012
Romário Oliveira – 3ºD
MOSTRA DE CINEMA
UM POVO E SUA
CULTURA
Revolta-me a ideia de que um
povo tão nobre, pessoas comuns,
como nós, sejam alvos de tanta
injustiça, que possam viver em meio
a tanta pobreza e desordem em um
lugar extremamente belo e cheio de
grandes possibilidades de ser um
grande país.
Descobri coisas interessantís-
simas ao assistir esse filme “Filhos
do Paraíso” e ao ver a exposição
“Uma terra sem povo para um povo
sem terra” e discutir os temas em sala
de aula.
O filme mostra a pobreza de
um povo, a humildade, mostra o quão
religioso são os povos de cultura
Árabe, demonstra como é organizada
a sociedade na qual o homem está no
topo da escala sendo, então, o
guardião da família, aquele que sai
para trabalhar, o que tem mais
autoridade dentro do seu lar; já a
mulher tem o papel de servir o
homem, cuidar dos afazeres
domésticos e dos filhos. Tudo isso foi
relatado em um filme muito simples,
em uma estória que tem como foco
principal um garoto e um sapato. Do
pouco que pude conhecer dessa
cultura e seus costumes já foi o
suficiente para despertar o meu
interesse, são coisas incríveis que
podem ser descobertas em um
simples filme e, sem dúvida, são
merecedores da tamanha repercussão
que tiveram.
Majori Yara – 3ºD
folhetim