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1 do estudante Núm. XXVII- ANO II 2ª quinzena - Outubro/2013 Folhetim do estudante é uma publicação de cunho cultural e educacional com artigos e textos de Professores, alunos, membros da comunidade da “E. E. Miguel Maluhy” e de pensadores humanistas. Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br Sugestões e textos para: [email protected] Opinião... pág. 2 Debate... pág. 3 Especial... pág. 5 e 6 DESTAQUE Mais do que “Um dia na escola do meu filho” A Mostra Cultural, realizada em 19 de outubro, no Miguel Maluhy, esteve bem movimentada. A comunidade compareceu para prestigiar o evento e nossos alunos deram um show. O Ensino Fundamental surpreendeu. A criançada incorporou as personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Foi encantador conversar com Monteiro Lobato, Emília, Narizinho, entre outros. As caracterizações estavam perfeitas, vi a emoção da professora Penha diante de seus alunos. A sala do chocolate, sem dúvida, era a mais gostosa. Nossa língua com sabor de chocolate, que ideia simples e incrível. Havia muita poesia nas frases criadas a partir das embalagens de chocolate. Quem disse que brincando também não se aprende? Por falar em brincadeira, o teatro organizado pelas alunas Thayna, Vitória, Valéria, Thamiris, Raissa e Caroline (3ºC), e pelos alunos João Pedro (2ºE) e Maurício e Eric (3ºC) estava muito divertido. Parte do elenco participou da montagem da peça de Martins Pena Juiz de Paz da Roça na Mostra Cultural Miguel Maluhy 2012. O sucesso do ano anterior e o gosto pelo teatro fizeram com que parte desse grupo se juntasse a novos colegas e montassem para este ano a peça “A Noiva”, de autoria própria. A peça escrita por eles incorpora motivos populares, característicos do teatro de costumes de Martins Pena, toca em questões delicadas como o preconceito racial e linguístico, o casamento por interesse, a condição da mulher. Além de estimular o protagonismo desses jovens, o teatro é um excelente meio de aprendizagem, pois exige de nossos alunos leitura, produção escrita, organização, percepção espacial, criatividade, responsa- bilidade, além de despertar o gosto pela arte. Foi uma das salas mais concorridas daquele sábado. Alegria geral estampada no rosto de nossos atores. Não poderia deixar de mencionar o trabalho do professor Rubinho realizado com os alunos do 2ºE. Acompanhei a dedicação deles por semanas para que tudo desse certo. Quem sabe este não seja um caminho para tornar a matemática menos árida? Afinal, quem não se encantou com a matemática ali exposta em telas e globos que mais pareciam uma obra de arte? E com que precisão nossos alunos explicavam o processo para se chegar àquele resultado! Ali, no meu silêncio, consegui entender o que repre- sentavam aquelas funções que decorara arduamente nos meus tempos de escola. Aquele sábado foi real- mente bem mais do que “Um dia na escola do meu filho”, foi uma manhã alegre, com dança, música, teatro, exibição de fotonovela, exposição de fotografias, feira de profissões etc. Apropriando-se do conheci- mento, aprendendo a aprender, quem sabe para os próximos anos nossa Mostra Cultural não surpreenda ainda mais? Profª. Jane Aparecida Folhetim

Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

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Page 1: Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

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do estudante Núm. XXVII- ANO II

2ª quinzena - Outubro/2013

Folhetim do estudante é uma

publicação de cunho cultural e

educacional com artigos e textos de

Professores, alunos, membros da

comunidade da “E. E. Miguel

Maluhy” e de pensadores

humanistas.

Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br

Sugestões e textos para:

[email protected]

Opinião... pág. 2

Debate... pág. 3

Especial... pág. 5 e 6

DESTAQUE

Mais do que “Um dia na

escola do meu filho”

A Mostra Cultural,

realizada em 19 de outubro, no

Miguel Maluhy, esteve bem

movimentada. A comunidade

compareceu para prestigiar o

evento e nossos alunos deram um

show. O Ensino Fundamental

surpreendeu. A criançada

incorporou as personagens do Sítio

do Pica-Pau Amarelo.

Foi encantador conversar

com Monteiro Lobato, Emília,

Narizinho, entre outros. As

caracterizações estavam perfeitas,

vi a emoção da professora Penha

diante de seus alunos. A sala do

chocolate, sem dúvida, era a mais

gostosa. Nossa língua com sabor

de chocolate, que ideia simples e

incrível. Havia muita poesia nas

frases criadas a partir das

embalagens de chocolate. Quem

disse que brincando também não se

aprende? Por falar em brincadeira,

o teatro organizado pelas alunas

Thayna, Vitória, Valéria, Thamiris,

Raissa e Caroline (3ºC), e pelos

alunos João Pedro (2ºE) e

Maurício e Eric (3ºC) estava muito

divertido. Parte do elenco

participou da montagem da peça de

Martins Pena Juiz de Paz da Roça

na Mostra Cultural Miguel Maluhy

2012.

O sucesso do ano anterior e

o gosto pelo teatro fizeram com

que parte desse grupo se juntasse a

novos colegas e montassem para

este ano a peça “A Noiva”, de

autoria própria. A peça escrita por

eles incorpora motivos populares,

característicos do teatro de

costumes de Martins Pena, toca em

questões delicadas como o

preconceito racial e linguístico, o

casamento por interesse, a

condição da mulher. Além de

estimular o protagonismo desses

jovens, o teatro é um excelente

meio de aprendizagem, pois exige

de nossos alunos leitura, produção

escrita, organização, percepção

espacial, criatividade, responsa-

bilidade, além de despertar o gosto

pela arte. Foi uma das salas mais

concorridas daquele sábado.

Alegria geral estampada no rosto

de nossos atores.

Não poderia deixar de

mencionar o trabalho do professor

Rubinho realizado com os alunos

do 2ºE. Acompanhei a dedicação

deles por semanas para que tudo

desse certo. Quem sabe este não

seja um caminho para tornar a

matemática menos árida? Afinal,

quem não se encantou com a

matemática ali exposta em telas e

globos que mais pareciam uma

obra de arte? E com que precisão

nossos alunos explicavam o

processo para se chegar àquele

resultado!

Ali, no meu silêncio,

consegui entender o que repre-

sentavam aquelas funções que

decorara arduamente nos meus

tempos de escola.

Aquele sábado foi real-

mente bem mais do que “Um dia

na escola do meu filho”, foi uma

manhã alegre, com dança, música,

teatro, exibição de fotonovela,

exposição de fotografias, feira de

profissões etc.

Apropriando-se do conheci-

mento, aprendendo a aprender,

quem sabe para os próximos anos

nossa Mostra Cultural não

surpreenda ainda mais?

Profª. Jane Aparecida

Folhetim

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2

do estudante ano II outubro/2013

OPINIÃO

Desvendando

São Paulo...

A Mostra Cultural do

Maluhy, realizada no último dia

19 de outubro, permitiu que os

visitantes e nós alunos,

pudéssemos aprofundar o

conhecimento e obter informações

importantes que antes eram

desconhecidas, ou até mesmo

ofuscadas por outros assuntos,

sobre vários bairros que fazem

parte da cidade de São Paulo e

que contribuíram para o seu

desenvolvimento até chegar ao

que é hoje.

Algumas das regiões que

contemplaram a Mostra foram:

Vila Madalena, Centro-Velho,

Liberdade, Bom Retiro, etc. Esses

lugares são muito importantes

para a cidade e tem fundamental

importância para explicar a sua

história no decorres dos anos, já

que, muitos imigrantes das mais

diversificadas nacionalidades,

vieram para essa cidade e se

alojaram nessas diferentes áreas e

localidades em busca de ume

melhor condição de vida, além de

contribuírem para o crescimento e

para a cidade ser o que representa

hoje no cenário nacional e

internacional.

Esses imigrantes, não

apenas, vieram como trouxeram

seus hábitos, seus costumes, sua

cultura, assim estabelecendo,

nessas regiões, uma mistura

cultural que nos remetem aos seus

laços ancestrais com o povo

brasileiro. Um exemplo que

sustenta esse argumento está no

caso do bairro da Liberdade que é

um bairro temático da cidade,

totalmente voltado à

ancestralidade cultural oriental,

com referências nas lojas,

restaurantes, bares e até mesmo

em sua arquitetura.

Por conta desses fluxos

migratórios, a cidade é conhecida

por ser um lugar multicultural e,

ainda hoje, continua recebendo

dezenas de milhares de

estrangeiros que adotam a cidade

como sua área de residência

justificando o conceito de

metrópole cosmopolita atribuída á

cidade de São que foi desvendada

em alguns aspectos por todos nós,

estudantes do Miguel Maluhy.

Shirley Marques – 1ºA

Mostra Cultural e

Desvendando São Paulo

A Mostra Cultural teve um

projeto diferente em termos de

pesquisa e planejamento.

O Objetivo desse projeto

era buscar registros históricos de

um determinando bairro , com

isso os alunos tinham que

Desvendar São Paulo buscando

aspectos culturais, históricos,

geográficos, áreas de lazer,

aspectos econômicos, mobilidade

urbana e diversas outras

características que ajudavam a

desvendar o mistério de cada

bairro e perceber as suas

diferenças.

A Mostra foi muito boa,

pois em cada sala foram

apresentados os resultados das

pesquisas elaboradas pelos alunos

sobre os bairros selecionados. De

todas as Mostras culturais que

tivemos essa foi a mais

interessante pois nenhuma das

anteriores observei tanto

compromisso dos alunos, como

por exemplo em irem visitar o

bairro selecionado para levantar

dados e registros para sua

apresentação, além de construírem

um belo trabalho.

Acredito que tenha sido

um sucesso essa Mostra, em

função de cada sala apresentar um

bairro diferente do outro e todos

poderem compartilhar um novo

olhar sobre a cidade a partir dessa

experiência de pesquisa. Nesse

ano de 2013 a Mostra Cultural do

Maluhy ficou muito interessante e

mostrou que podemos fazer algo

diferente.

Talita Novais – 1ºE

folhetim

Page 3: Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

3

do estudante ano II outubro/2013

debate

GOLPE MILITAR

1973 CHILE !!!

SALUDOS CAMARADA VALTER !!!

Aqui le dejo el material

sobre el Golpe Militar mirado

de mi punto de vista (sobre

como analizamos, como pueblo

en lucha, el golpe militar) sus

secuelas y similitudes que aun se

conservan !!!

El Golpe Militar nos dejo

sin democracia despues de que los

milicos mataran a tanta gente

(niños, ancianos, adultos, jovenes,

etc). Nuestros padres crecieron

con un miedo, producto a toda su

tortura, sin embargo la gente y

publo se sigue manifestando por

la sangre derramada de sus

familiares y gente cercana hasta

los tiempos remotos, pero en ese,

entonces, no se podia hacer nada,

solo obedecer!!!

TOQUES DE QUEDA! Incluso

los mismos milicos(18 años o

menores) pues los pusieron en la

instancia de que se debian matar

al que estuviera fuera de sua casa

a la hora del toque de queda sin

otra opcion ya que sino fuera de

esa manera lo matarian a ellos

mismos.

Producto al Golpe, nuestro

pueblo perdio cultura, musica,

democracia y tierras, aumento la

corrupcion y invadieron nuestros

espacios humanos. De que

manera? De manera capitalista la

desigualdad social, las

exageracion de horas de trabajo al

dia, el endeudamiento, los

impuestos y todo lo que tenga que

ver con negocio o dinero, fue

controlando y torturando al

pueblo a cada paso de

Presidente!!!

Unos quitaron tierras a la

gente mapuche, otros crearon

leyes a su conveniência, no dan

opcion de subir el sueldo mínimo,

no hay universidades o institutos

grátis, crearon leyes contra

terrorismo metiendo en un mismo

saco a todos los protestantes.

La tele la dominan y

generan montajes, estigmatizan

com sus noticias y dejan mal a

nuestras poblaciones, debido a

esto es mas difícil conseguir

trabajo, los tienen enamorados de

la tele con series y programas

absurdos, lavados de cérebro con

farandula y no los dan los tiempos

ni los espacios para

manifestarnos.

Hoy em dia ya apenas nos

queda tiempo para nuestras

famílias... Y unas seria mas de

acontecimientos despues de los 40

años del golpe militar la derecha y

la concertacion se han convertido

en una misma cosa, una política

corrupta total que juega con

nuestras platas y apoyan a los

mega empresários y cada vez mas

defraudan al pueblo.

Pues hasta entonces ese el

carma que nos hacen vivir todos

los dias!!!

Hoy en dia el ejemplo mas

presente es vendiendonos sus

semillas transgênicas , no

dejandonos vivir de la tierra de

forma autogestionada quieren que

le pagemos por todo. Por el água,

semillas, etc!! Crean hidroelec-

tricas que afectan al médio

ambiente todo por lo que deja

como plata no como manera de

conservar espécies y bosques, etc.

Marco Antonio Alejandro

Contreras Pradenas – Rapper e

estudante da Universidade Católica do

Chile especial para o FOLHETIM...

HIP HOP

(Stailok)

En la noche luna llena

En el día suenan las sirenas

(Portavoz)

Vengo de Chile....

El bajo chile anónimo

Actores secundarios en un filme

antagónico

De ese Chile que definen de clase

media

Pero tienen las medias deudas que

los afligen y asedian

El Chile de mis iguales y los tuyos

Que no salen en las páginas

sociales del Mercurio

No tienen estatua y calles

principales

Y no son grandes personajes en las

putas historias de oficiales

Del monton de poblaciones que

nacieron de los mismo pobladores

En tomas de terreno

El de casas bajas, pariadas y de los

bloques

Las casas chubis, los

departamentos básicos pa pobres

El de los almacenes y bazares

varios

Que quiebran cuando invade el

barrio un supermercado

El de los cachureos feria y versia

Que resiste con fuerza

El monopolio bestia del centro

comercial

El de los que se van en metro pa la

pega

Parados, repletos y en metro a la

folhetim

Page 4: Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

4

do estudante ano II outubro/2013

casa llegan

Los que hacen su viaje en

transantiago o micro

Y no pagan el pasaje Cuando esta la

mano mijo

El Chile de carritos de completos y

sopaipillas

Que pilla en la esquina de un ghetto

Donde hay menos escuelas que

botillerías

El Chile de mis secuelas, de mis

penas y de mis alegrías

(Stailok)

Vengo de chile común y corriente,

De ese que no sale en comerciales

de TV,

Donde los grifos se abren, porque

aquí el sol si arde,

Cuidado con quemarte con este

mensaje (X2)

(Portavoz)

Vengo del Chile

Del Victor Jarra y la Violeta Parra

Los Hermanos Vergara, el Cizarro y

el Zafrada

El Chile de los 33 mineros

atrapados

Que casi murieron por culpa

De Negros Empresarios

Ese Chile de Liceos Industriales,

Particulares, Subvencionados y

Municipales

El de universitario endeudao que

tienen que pagar como 2 carreras

más de las que han estudiado

El Chile que realmente que sufrió

con el cataclismo

Perdió su vivienda, su familia y sus

niños queridos

Un terremoto no discrimina y es

verdad

Pero si esta forma de vida asesina y

criminal

El de los hospitales colapsados

donde no hay camilla y te atiende

En la silla o en cualquier lado

Y en invierno los pasillos llenos de

niños enfermos

Y un infierno si el auge no te ha

abrigado

El de vendedores ambulantes

De estudiante deudores

Trabajadores y cesantes

Frustrado el subcontratado

Portuario Mineros

Pobladores y obreros explotados

Vengo del Chile

De la Mayoría que cargan

En el lomo un trono de unos pocos

Todo el puto día

Es que esta es la pena

De mi poesía

El Chile de mis secuelas, de mis

penas y de mis alegrías

(Stailok)

Vengo de chile común y corriente,

De ese que no sale en comerciales

de TV,

Donde los grifos se abren, porque

aquí el sol si arde,

Cuidado con quemarte con este

mensaje

(Portavoz)

Su Discurso de unidad nacional

Solo son esos, Discurso

Porque otra es la realidad

Vivimos en una sociedad segrega

Y no es casualidad siempre

Lo quiso así la clase acomoda

Porque eso cuando en Chile pienso

No te hablo de banderas y

emblemas

Te hablo del Chile que vengo

Lo siento pero si algunas vez grito

Viva Chile

Sera el día en que realmente Chile

sea del pueblo líder

Canto de los miles y miles

Desde abajo preparando los misiles

Es el poblacional

Letra añadida por HipHopChileno

RESENHAS

BATE-PAPO com o

escritor TICO

Nesse encontro ele pode

nos passar um pouco das coisas

que aconteceram em sua vida que é

muito emocionante.

Ele passava por vários

problemas e o que a gente pode

considerar é que o pior era o vicio

com as drogas, que fez ele passar

por coisas que nem ele imaginaria

que ia passar, ele pensava que

podia controlar esse vicio, só que

era muito forte e como já estava

fora do seu controle sua família

estava disposta a ajudar colocando-

o em uma clinica para que ele se

tratasse e isso não era o que o

TICO queria e criava mais

problemas para ele que passava de

uma clinica para outra e nada

adiantava.

Até que uma vez ele

decidiu fugir da clinica e voltou

pra casa, chegando em casa, já

estavam outras pessoas morando

em sua residência, imagina passar

por uma situação dessas? Mas

enfim com o passar do tempo ele

mesmo não quis essa vida para ele

e decidiu largar as drogas e

escreveu um livro fantástico que o

ajudou muito a sair dessa vida.

Hoje em dia, sinceramente,

eu não acreditava que ele usou

drogas, pois ele parece uma pessoa

tão normal que nem as outras,

super calmo, tranquilo e muito

mais educado que muitas pessoas

que eu conheço. Uma verdadeira

historia de vida, muito legal.

Cesar Augusto – 2ºF

folhetim

Page 5: Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

5

do estudante ano II outubro/2013

ESPECIAL

Expedição

Guará-Vermelho

Ocorreu no último final de

semana do mês de outubro a

“Expedição Guará—Vermelho”.

Realizada por professores da E. E.

Com. Miguel Maluhy e

pesquisadores das áreas de

Filosofia, Geografia, História,

Sociologia e Arte integrativa além

de gestores do Instituto RIZOMA.

A expedição foi uma

excelente experiência de estudo do

meio e do Ecosistema na região do

Vale do Ribeira que compõe um

dos espaços de pesquisas mais

ricos dentro do estado de São

Paulo e é permanentemente fonte

de pesquisas para diversas áreas e

para a produção de conhecimento

sobre o espaço, a natureza e o

homem.

A Expedição percorreu o

espaço rural, o espaço urbano,

caminhadas foram feitas na cidade

histórica de Iguape, a área

ribeirinha através do rio Ribeira de

Iguape e seus afluentes e igarapés

além da faixa litorânea até a praia

da Barra. Foram observadas as

práticas culturais, as questões

históricas, geográficas, a

arquitetura local, o manejo das

redes e a pesca como fonte de

sobrevivência da população

ribeirinha, a produção agrária, em

especial o cultivo de mandioca e a

produção de farinha para comércio

nas feiras locais.

A mata atlântica que

abrange grande parte da Estação

Ecológica Juréia- Itatins, que só

pode ser visitada por pesquisa-

dores, ambiente preservado, foi

também motivo de nossa

empreitada para observar os

manguezais, pássaros, vegetação e

coletar registros para a produção

de situações temáticas para os

estudantes de ensino fundamental e

médio das escolas públicas.

A interação do grupo, com

os habitantes locais, foi

determinante, pois permitiu uma

série de depoimentos que

trouxeram novos questionamentos

para o processo de orientação e

prática na maneira como as

pessoas lidam com as questões de

preservação e sustentabilidade,

principalmente, nas grandes

cidades.

O nome dado à expedição

foi escolhido para ressaltar a

existência de um pássaro o Guará-

Vermelho que adotou aquela

região como área de procriação e

de formação de ninhadas. O

IBAMA determinou a criação de

uma área de proteção para essa

espécie que é facilmente avistada

ao se navegar pelas águas do Rio

Ribeira.

O roteiro montado cumpriu

muito bem o objetivo de mostrar ,

de uma forma geral, as inúmeras

possibilidades de trabalho na

região.

Vejo que o grande facilita-

dor e as chances de sucesso das

atividades foi a interação com

moradores locais, configurando

uma rica rede, capital simbólico,

que potencializa o desenvolvi-

mento dos projetos futuros.

O local é perfeito para

serem desenvolvidos temas como:

ações culturais, estudo do meio,

questões socioambientais.

As pessoas que fizeram

parte da expedição são

profissionais experientes, princi-

palmente neste tipo de trabalho que

envolve jovens, motivados pelo

desafio de transformar e promover

acesso ao pleno desenvolvimento

do cidadão.

Esse é o piloto de um

projeto de estudos de campo que

pretendemos ampliar e desenvol-

ver no ano de 2014 com os

estudantes da E. E. Com. Miguel

Maluhy e com estudantes e

professores de outras escolas que

se mostrarem dispostos a essa

empreitada de produção do

conhecimento.

Prof. Valter Gomes

folhetim

Page 6: Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

6

do estudante ano II outubro/2013

ESPECIAL

Diálogos com a Literatura

EDUCAÇÃO

DENTRO DA NOITE

E. E. Miguel Maluhy

recebe a visita do

escritor TICO

Nossos alunos, são uma

réplica da nossa sociedade,

reproduzem coisas sem sentido,

consomem coisas que não

necessitam, fazem os gestos

grosseiros e caricatos que assistem

na televisão. Eles fazem isso,

vivem contradições sociais e

existenciais tornando às vezes as

salas insuportáveis de barulho,

agressividade e resultados

insatisfatórios.

Com dificuldades

profundas, incapazes de escrever

um parágrafo, sem nunca terem

lido um livro, não confiando em si

mesmos, acumulam um conjunto

de fracassos que na escola se

revelam, deixando-o atordoado

entre o abandono e a

marginalidade, insistindo em mais

uma noite na escola, ainda que

voltem vazios por terem aprendido

tão pouco.

Neste caso especialmente,

em se tratando de leitura e

literatura, não devemos espantar os

passarinhos. Precisamos conseguir

que eles confiem em nós, quando

chegarmos próximos, eles sorriam,

que estendam a mão nos saudando,

quando chegam à sala de aula e já

estamos lá os esperando.

E foi assim que preparamos

o encontro dos alunos do noturno

com o escritor TICO, autor da obra

Núpcias de Escorpião. Os passos

dados para esse momento foram

fundamentais, apresentar a

entrevista do escritor para a revista

da Folha, fazer com que lessem e

escrevessem sobre este material.

Trazer os livros entregá-los um por

um, mão em mão, afirmando, estou

confiando na sua leitura.

Em outra noite o escritor

vem trazer a um professor,

exemplares do jornal Brasil de

Fato em que saiu uma reportagem

sobre o autor. O TICO conseguiu

exemplares gratuitos do jornal e os

trouxe para entregarmos aos

alunos. Convidado pelo professor a

entrar nas salas para entregar o

jornal, é tratado com reverência

pelos alunos, em algumas salas é

aplaudido e em outras os alunos

correm para lhe pedir um autógrafo

em seu exemplar.

Na noite seguinte, uma

aluna do terceiro ano, comenta que

viu o escritor dentro do ônibus,

mas ficou com medo de falar com

ele. Outro afirma que o viu no

ponto de ônibus.

Outubro, noite combinada,

o escritor TICO no portão da

escola, encontra o professor que

vai leva-lo as salas de aula. Entra

nas salas dos primeiros anos,

timidez e humildade chamam a

atenção, inspiram certa ternura.

O escritor começa contando

sua historia, que sempre gostou de

ler, que leu de tudo, sem nenhuma

orientação, mas que antes de tudo,

descobriu que gostava de escrever

e passou a escrever contos, desde

quatorze anos.

TICO comenta suas

experiências literárias, mas surge

sempre no diálogo, sua

marginalidade, sua exclusão, seus

vícios. Fala sobre os vícios,

alcoolismo e drogas, como uma

doença e que ele está limpo dessa

opressão há dez anos. Como

perdeu sua casa e acabou morando

nas ruas.

Em outra sala, indagado

por um aluno sobre temática sexual

de uma das historias, responde que

se a pessoa não deseja ler temas

relacionados com a realidade, que

leia a revista Sabrina. Em outra

sala, alunos que já estiveram

internados, com parentes sentem

liberdade para relatar suas

dificuldades em levantarem-se.

folhetim

Page 7: Folhetim do Estudante - Ano II - Núm. XXVII

7

do estudante ano II outubro/2013

Na noite seguinte, TICO

aparece em entrevistas na

televisão RECORD, no programa

do Geraldo Luís “Balanço Geral”

durante a manhã, logo ao

chegarmos os alunos comentam

com alegria que o viram na

televisão. O escritor conta como

se tornou coveiro do cemitério da

Consolação. Morando na rua viu

um anuncio sobre concurso para

coveiro, arrumou emprestado o

dinheiro e foi o primeiro passo

para sair das calçadas.

TICO, conta aos alunos

que escreveu os contos do livro

Núpcias de Escorpião, no sertão

de Ubatuba mirim, em um lugar

que não tinha energia e sem

encontrar nenhuma pessoa durante

um mês. Contou e comoveu os

alunos sobre suas quedas, sobre a

morte da sua mãe com quem ele

vivia e a dor que era a sua

ausência, seus chinelos no lugar e

a imensa dor dessa ausência,

caindo novamente.

O escritor TICO, sempre

deixou claro aos alunos que não

era palestrante ou especialista em

nada, embora tenha estudado

letras na USP. Que estava ali para

trocar ideias com os alunos e em

cada sala de aula os encontros

foram diferentes. Contou aos

alunos que em uma rua do

cemitério onde trabalha estão os

túmulos do modernista Osvald

Andrade e Plínio Correa de

Oliveira, fundador da TFP

(tradição, família e propriedade)

instituição conservadora e

reacionária.

TICO alertou aos alunos

sobre a ‘psiquiatrização’ dos

sentimentos das pessoas, sobre a

influência cruel dos remédios na

vida dos pacientes, sobre os

hospícios que ainda aplicam

choques elétricos em seus

pacientes. Sobre o uso inadequado

de medicamentos que criam

dependências graves nos

pacientes.

O escritor TICO, falou

ainda aos alunos sobre o filme

BICHO DE SETE CABEÇAS e o

premio que recebeu do

movimento de luta anti-

manicomial e contra a aplicação

de choques elétricos em pessoas

adoecidas. Revelou autores que

aprecia por serem antecessores e

fundadores de uma literatura dos

excluídos da sociedade: Lima

Barreto, Qorpo Santo, Plínio

Marcos, Antonin Artaud e outros.

A visita do escritor TICO

na E. E. Miguel Maluhy, permitiu

que se discutisse a vida na cidade,

a moenda da exclusão social na

cidade capitalista, as crueldades

que se evidenciam na vida

cotidiana. A ação policial na

cracolândia, investindo bombas

em pessoas doentes e moradores

de rua, que não tiveram qualquer

reação. A ação inconsequente e

irrefletida que espalhou diversas

mini cracolândias pelas periferias

da cidade e como é de

conhecimento de todos, o Jardim

Umarizal, já possui a sua mini

cracolândia, na rua do depósito de

bananas.

O escritor TICO, em sua

visita com seu exemplo, seu olhar

atento e maltratado de coveiro

circunstancial e escritor em tempo

integral. Trouxe aos alunos,

inúmeras motivações em uma

noite sem igual. Partilhamos

nosso conhecimento, tratamos da

dor dos excluídos, dos oprimidos,

daqueles machucados das

quebradas do mundaréu.

TICO, o escritor nos mostrou a

força de uma caneta com ideias e

de um gesto simples a ousadia de

se abrir um livro e nos encher de

humanismo. Nossos passarinhos

saíram sorrindo pela noite

adentro.

Prof. Rubens Aparecido

Nota: O escritor visitou a escola nas noites

de 09 e 10 de outubro, sendo recebido pelos

professores: Valter, Kacianna e Rubens.

LIVRO: “NÚPCIAS DE

ESCORPIÃO” – Edição do Autor,

esgotado, reedição no prelo.

AGENDA

Sarau do BINHO no MALUHY

22/11/2012 das 15h ás 18h

folhetim