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1 do estudante Núm. X 1ª quinzena - outubro/2012 Folhetim do estudante é uma publicação de cunho cultural e educacional com artigos e textos exclusivos de Professores, alunos e membros da comunidade da “E.E. Miguel Maluhy”. Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br Sugestões e textos para: [email protected] LUTO Morreu Eric Hobsbawm, hoje, 01/10/2012, aos 95 anos, um dos maiores pensadores da história do tempo presente, para o qual prestamos uma homenagem nesse número reproduzindo artigo recen- te sobre sua produção. Um minuto de silêncio ao grande mestre na artede pensar a sociedade e compreender seus paradig- mas. ____ _________ _______________________ O marxismo é a chave para o entendimento e eventual superação do capitalismo, avalia historiador. Não há nenhum deus além de Karl Marx, e Eric Hobsbawm é seu profeta. Maior historiador marxista ainda em atividade, aos 94 anos, o inglês Hobsbawm dedica sua última obra Como Mudar o Mundo Marx e o Marxismo a mostrar que o filósofo alemão, tido como soterrado pelos escombros do Muro de Berlim, continua a ser a chave para o entendimento do capitalismo e para sua superação, agora em tempos de aquecimento global. Já em seu livro A Era dos Extremos, Hobsbawm colocou a Revolução Bolchevique como o principal evento do “breve século 20″ – que em sua visão acaba, justamente, na implosão da URSS. “O mundo que se esfacelou no fim da década de 1980 foi o mundo formado pelo impacto da Revolução Russa de 1917″, escreveu ele, para elaborar a teoria segundo a qual todos os processos históricos do período das alianças diplomáticas aos desdobramentos econômicos globais tiveram como eixo a instalação do comunismo na Rússia. Trata-se, obviamente, de um exagero. Mas o Marx que Hobsbawm tenta resgatar em seu novo livro não é o de Lenin e de Stalin, nem o dos marxistas contemporâneos, e sim a essência de seu pensamento. Em Como Mudar o Mundo, reedição de textos escritos entre 1956 e 2009, Hobsbawm trata de diferenciar Marx do marxismo e de sua aplicação extrema, o comunismo o que é conveniente, ao se observar as atrocidades cometidas em nome da igualdade. Para ele, dizer que o marxismo é responsável por essas tragédias “é o mesmo que afirmar que o cristianismo levou ao absolutismo papal”. Hobsbawm se localiza entre aqueles que veem Marx como um mapa do caminho para a revolução e os que o encaram simplesmente como teoria. Mostra a ruptura dele com os socialistas utópicos, mas deixa claro o tributo que Marx lhes paga na forma da ideia de que é “inevitável” mudança não apenas de regime de governo, mas de todo o modo de vida sobre a Terra. Nos últimos 130 anos, diz o historiador, Marx foi o tema central da paisagem intelectual e, graças à sua capacidade de mobilizar forças sociais, foi uma presença crucial na história. No entanto, o desgaste provocado pelo colapso da URSS expôs, nas palavras de Hobsbawm, o “fracasso das predições” das teorias marxistas. De tempos em tempos, anuncia-se que o capitalismo está no fim. Como a história mostra, porém, o moribundo arruma um jeito de se recuperar, entre outras razões porque a classe trabalhadora, que seria o esteio da revolução, sofreu mudanças dramáticas no último meio século, ao ponto de se tornar irreconhecível como “proletariado”. Mas Hobsbawm, em meio à crise global deflagrada em 2008, não resistiu à tentação e escreveu que, desta vez, vai: “Não podemos prever as soluções dos problemas com que se defronta o mundo no século 21, mas quem quiser solucioná-los deverá fazer as perguntas de Marx, mesmo que não queira aceitar as respostas dadas por seus vários discípulos”. Para ele, o futuro do marxismo e da humanidade estão intimamente vinculados. No entanto, convém relevar o entusiasmo de Hobsbawm. A história mostra que é prudente ler Marx mais como uma forma de entender o mundo do que de mudá- lo. Marcos Guterman O Estado de S. Paulo Folhetim

Folhetim do Estudante Digital núm. X

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1

do estudanteNúm. X

1ª quinzena - outubro/2012

Folhetim do estudante é uma

publicação de cunho cultural e

educacional com artigos e textos

exclusivos de Professores, alunos

e membros da comunidade da

“E.E. Miguel Maluhy”.

Acesse o BLOG do folhetim http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br

Sugestões e textos para:

[email protected]

LUTO Morreu Eric Hobsbawm,

hoje, 01/10/2012, aos 95

anos, um dos maiores

pensadores da história do

tempo presente, para o

qual prestamos uma

homenagem nesse número

reproduzindo artigo recen-

te sobre sua produção.

Um minuto de silêncio ao

grande mestre na “arte” de

pensar a sociedade e

compreender seus paradig-

mas.

____

_________

_______________________

O marxismo é a chave para

o entendimento e eventual

superação do capitalismo,

avalia historiador.

Não há nenhum deus além

de Karl Marx, e Eric Hobsbawm é

seu profeta. Maior historiador

marxista ainda em atividade, aos 94

anos, o inglês Hobsbawm dedica sua

última obra – Como Mudar o Mundo

– Marx e o Marxismo – a mostrar

que o filósofo alemão, tido como

soterrado pelos escombros do Muro

de Berlim, continua a ser a chave

para o entendimento do capitalismo e

para sua superação, agora em tempos

de aquecimento global.

Já em seu livro A Era dos

Extremos, Hobsbawm colocou a

Revolução Bolchevique como o

principal evento do “breve século

20″ – que em sua visão acaba,

justamente, na implosão da URSS.

“O mundo que se esfacelou no fim

da década de 1980 foi o mundo

formado pelo impacto da Revolução

Russa de 1917″, escreveu ele, para

elaborar a teoria segundo a qual

todos os processos históricos do

período – das alianças diplomáticas

aos desdobramentos econômicos

globais – tiveram como eixo a

instalação do comunismo na Rússia.

Trata-se, obviamente, de um

exagero. Mas o Marx que

Hobsbawm tenta resgatar em seu

novo livro não é o de Lenin e de

Stalin, nem o dos marxistas

contemporâneos, e sim a essência de

seu pensamento.

Em Como Mudar o Mundo,

reedição de textos escritos entre

1956 e 2009, Hobsbawm trata de

diferenciar Marx do marxismo e de

sua aplicação extrema, o comunismo

– o que é conveniente, ao se observar

as atrocidades cometidas em nome

da igualdade. Para ele, dizer que o

marxismo é responsável por essas

tragédias “é o mesmo que afirmar

que o cristianismo levou ao

absolutismo papal”.

Hobsbawm se localiza entre

aqueles que veem Marx como um

mapa do caminho para a revolução e

os que o encaram simplesmente

como teoria. Mostra a ruptura dele

com os socialistas utópicos, mas

deixa claro o tributo que Marx lhes

paga na forma da ideia de que é

“inevitável” mudança não apenas de

regime de governo, mas de todo o

modo de vida sobre a Terra. Nos

últimos 130 anos, diz o historiador,

Marx foi o tema central da paisagem

intelectual e, graças à sua capacidade

de mobilizar forças sociais, foi uma

presença crucial na história. No

entanto, o desgaste provocado pelo

colapso da URSS expôs, nas palavras

de Hobsbawm, o “fracasso das

predições” das teorias marxistas.

De tempos em tempos,

anuncia-se que o capitalismo está no

fim. Como a história mostra, porém,

o moribundo arruma um jeito de se

recuperar, entre outras razões porque

a classe trabalhadora, que seria o

esteio da revolução, sofreu mudanças

dramáticas no último meio século, ao

ponto de se tornar irreconhecível

como “proletariado”. Mas

Hobsbawm, em meio à crise global

deflagrada em 2008, não resistiu à

tentação e escreveu que, desta vez,

vai: “Não podemos prever as

soluções dos problemas com que se

defronta o mundo no século 21, mas

quem quiser solucioná-los deverá

fazer as perguntas de Marx, mesmo

que não queira aceitar as respostas

dadas por seus vários discípulos”.

Para ele, o futuro do marxismo e da

humanidade estão intimamente

vinculados.

No entanto, convém relevar

o entusiasmo de Hobsbawm. A

história mostra que é prudente ler

Marx mais como uma forma de

entender o mundo do que de mudá-

lo.

Marcos Guterman – O Estado de

S. Paulo

Folhetim

Page 2: Folhetim do Estudante Digital núm. X

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do estudante outubro/2012

debate

Ocidente X Oriente

Estamos ferrados neste mundo

regido pela dialética yanque de jogar míssil

e cesta básica. Falam por nós os Brasis

mouros e yslâmicos diante dos ataques da

mídia. Bresill, Brasilly, Braxilis, Brasilium,

Presill, Pressilli.

Lastimável cobertura facciosa da

TV sobre o atentado à ilha de Manhatan. É

deplorável a vídeo-demonização racista da

cultura árabe-muçulmana-islâmica-

sarracena.

Nossos autores clássicos já

sublinharam os traços culturais islâmicos, a

exemplo de Casa Grande & Senzala de

Gilberto Freyre evocando as mães-d´água e

a moura encantada no Nordeste.

O processo da miscigenação foi

realizado entre nós pelo amoroso método

árabe, fato esse que deixou deveras

impressionado o antropólogo alemão Franz

Boas radicado nos Estados Unidos: ele

ficou atônito perante a cópula metarracial.

Na arquitetura, o xará de Apipucos

foi entusiasta do pátio mourisco, esplêndido

recurso ecológico adaptado aos trópicos.

Sobre as influências muçulmanas

na arquitetura brasileira, Luís da Câmara

Cascudo, como sempre, dá um banho de

informação e sabedoria: “Reixas,

muxarabiês, torres de igrejas, dentéis,

molduras de janelas e portas interiores.

Recordo, na mobília tradicional, os sofás

amplos e baixos, escabelos, estrados,

palanques”.

No sul do país, Manoelito Ornellas

publicou o magnífico Gaúchos e Beduínos,

livro no qual mostra o quanto a cultura do

Rio Grande do Sul é devedora da influência

árabe: o gaúcho é o beduíno dos verdes

pampas. Que se alimenta, tal qual última

árvore em montanha, do orvalho da noite”

no dizer do tarimbado campeador Leonel

Brizola.

Outro autor clássico da

extremidade sulina, Rubens de Barcellos,

assinalou que a existência do gaúcho

transcorre asiaticamente à maneira do árabe

e do beduíno, “entre a correria das algaras e

o repouso das cabanas”.

Para o Brasil inteiro, o melhor

documento do lastro árabe-sarraceno é o

velho Luís da Câmara Cascudo com os seus

150 livros de consulta obrigatória.

Em Prelúdio e Fuga do Real, ele

chama Luís de Camões de mouro

indispensável. “ Mouros! Mouras! Juntos

estivemos 336 anos, e nunca ficamos

distanciados do seu fascínio.”

O cuscuz do Nordeste é árabe e

também o arroz-doce.

O mouro do Algarve em Portugal

viajou para o Brasil na memória do

colonizador. A memória moura ficou sendo

a marca essencial da cultura popular

brasileira.

Nós somos das Arábias e o nome

preferido é o do mouro no adágio brasileiro.

Força de mouro. Cara de mouro. Trabalho

de mouro.

O auto-popular Chegança. Mouros

e Cristãos. Vestido azul. Duelos de espadas.

É “o está escrito” no Alcorão. O fanatismo

religioso do destino no jogo do bicho. A

mouromania. A ciganada. A parlenda para

as crianças: bão-balalão, senhor capitão, em

terras de mouro, morreu seu irmão.

A mulher botando pano na cabeça

é costume mouro. Idem, a usança de

turbante nos penteados femininos. Também

os pés dos brasileiros com alpercata de

rabicho. Escreve Dom Cascudo: “Lembro a

alparcata, alpargat, como escrevia o padre

Antônio Vieira, alpercata, apragata, para o

nordestino, do árabe al-parcat, o mais

antigo calçado dos climas tropicais”.

O mouro mágico, sabedor das

manhas e segredos, “seduz para o amor e a

vida farta e feliz”.

Foram os mouros que construíram

a igreja de Notre-Dame em Paris. O

folclorista Francisco Vasconça aponta as

semelhanças entre Afeganistão e Canudos

de Antônio Conselheiro e Deus e o Diabo

na Terra do Sol de Glauber Rocha. O sertão

árabe. Afeganisertão.

Não espanta se por lá aparecer o

mote do Bom Jesus Antônio Conselheiro:

“O Afeganisertão vai virar mar”.

Herdamos da mouraria o jeito de

comer refeição no chão limpo, os pratos no

solo, a toalha de algodão, assim como o

beber depois de comer e não durante a

refeição. Fala Cascudo:

“Sentar-se sobre as pernas dobradas era

jeito mouro. De cócoras era indígena.

Pernas cruzadas, mulher fazendo renda, é

modo japonês e chino.”

A mulher no cavalo, montada de

lado, é invenção moura. Nossas amazonas

guerreiras não usavam saias. Do mulherio

mouro temos os leques, os guarda-sóis, os

véus para o rosto, além de tinta para as

sobrancelhas e líquidos que dão brilho aos

olhos.

O aboio é canto oriental na

pastorícia brasileira. O pandeiro é mouro,

assim como o tamborim e o adufe.

Os mouros foram os fanáticos pelo

açúcar, tal qual o brasileiro que não

dispensa de adoçar a boca depois da

refeição. “Onde estiver o mouro, o árabe, aí

estará, infalivelmente, a doçaria” sentencia

o mestre inigualável do folclore brasileiro.

Os mouros plantaram canaviais no sul da

Espanha, século 15. A cana-de-açúcar foi

nosso primeiro sabor de engenho: “cana

para mastigação e não para o sorvo”. Quem

chupa cana tem bons dentes ? dirá o

esculápio Silva Mello antes da voga do

smile roliudiano no cinema e TV! Sorria,

meu bem.

Não vamos esquecer que azeite e

azeitona são vocábulos árabes. De origem

árabe é o hábito de beijar o pão quando este

cai no chão antes de apanhá-lo.

Leitor do Alcorão, Cascudo cita

Allah-U-Akbar, ou seja, o “Deus é grande”

que está na boca do povo e escrito nos pára-

choques dos caminhões “ só Deus sabe ou

sabe Deus...

Digo e aviso que é mouro nosso

costume de rogar praga a torto e a direito.

Imprecação. Peste. Desgraceira. Maldição.

Sobretudo nas horas abertas. Praga ao

meio-dia esquenta água fria.

Homem de Deus. Criatura de

Deus. Filho de Deus. Embora Alá não

pudesse ter filhos. Na África, o negro

mandingueiro já estava islamizado antes de

vir para o Brasil com seus orixás trazidos

pelas vozes dos canaviais.

Outra permanência moura: a

humilhação que é apanhar de chinela. Há

também a evocação paradisíaca,

encontradiça no Alcorão e no dia-a-dia.

Lembro minha mãe, dona Adelaide

Felisberto, professora primária em Santa

Adélia, minha primeira professora, interior

folhetim

Page 3: Folhetim do Estudante Digital núm. X

3

do estudante outubro/2012

de São Paulo: “Esse menino quer é sombra

e água fresca!”

Os usos e costumes brasileiros

revelados pela etnografia cascudiana

atestam a presença do Oriente no cotidiano.

Dançamos a alegoria moura com lundum e

batukada, pedimos bênção com a mão na

cabeça, respeitando o cadáver, temendo lua

nova, relâmpago, trovão, estrela cadente,

anjo mau, água parada.

O grande mistério, posto em

evidência pelo mestre Câmara Cascudo em

seu Geografia do Brasil Holandês, é que o

batavo esteve no Nordeste décadas e não

deixou no vocabulário popular brasileiro

senão o pão “brote”. Exceto o nome folk-

lore, criado por arqueólogo inglês, pouca

coisa ficou no espírito popular brasileiro da

inglesia colonialis que nos vampirizou

desde o Tratado de Methuem até 1930.

Gilberto Freyre gostava do anglo, fazia

elogios ao terno branco legado pelos

ingleses no Brasil. Eu, por mim, passo a

bola. Fui conhecer a Inglaterra, passei lá

dois dias e saí correndo.

Da influência norte-americana no

cotidiano do povo brasileiro o que ficou “

pelo menos até a década de 1960,

registrado cientificamante pelo folclore “

foi apenas o gesto do sinal positivo dado

com o dedão erguido da mão, aprendido

pela caboclada em Panamerim Fields,

durante a Segunda Guerra, assistindo ao

movimento dos aviões no aeroporto de

Natal.

O Alá pós-petróleo muda a leitura

e o significado do Alcorão, que descreve o

paraíso como sendo formado por uma série

de jardins dos trópicos onde correm muitos

rios e água cristalina.

O problema é que Maomé aboliu a

birita. E o Brasil ainda não acordou para a

civilização da biomassa úmida das

florestas.

Hasta cuando?

Gilberto Felisberto Vasconcellos

RESENHAS

RIO

O filme RIO conta a estória de

Blue, um filhote de Arara Azul, que

vivia na floresta e que foi

contrabandeado para o exterior. Ele foi

criado por uma menina nos Estados

Unidos com hábitos e costumes de lá.

Para salvar sua espécie que estava em

extinção precisava vir ao Brasil se

encontrar com uma fêmea da mesma

espécie.

Esse filme apresenta que Blue

era muito diferente dos pássaros de sua

espécie que viviam no Brasil, ele era

um pássaro domesticado com uma

cultura diferente, Blue não sabia voar,

era um pássaro criado dentro de uma

gaiola. A fêmea da mesma espécie,

Jade, era uma ave livre. Quando Blue

chegou ao Brasil para conhecer sua

espécie ocorreram muitos problemas e

eles foram capturados por um

contrabandista de aves.

Esse filme aponta uma crítica

sobre a desigualdade social já que em

uma parte do filme mostra-se um

menino tentando ajudar, mas por sua

posição social de morar na favela, um

menino que não tem família, acaba

ocorrendo uma certa desconfiança da

sociedade em geral em relação a isso.

No Rio de Janeiro há muita

pobreza, desigualdade, crimes, isso

tudo é muito comum por lá. Em minha

opinião o filme mostrou uma

representação da realidade que existe

no Rio de Janeiro.

Poliana Batista – 8ªD

RIO

O Filme retrata as tristes

realidades brasileiras tais como:

contrabando de animais silvestres,

abandono infantil, crianças usadas pelo

crime, pobreza e uma visão deturpada

que os estrangeiros tem do Brasil além

de também mostrar as diferenças

sociais e o preconceito. Nesse caso o

preconceito fica aparente na cena em

que o garoto negro oferece ajuda ao

cientista e à estrangeira, a desconfiança

do cientista surge pelo fato do garoto

ser pobre e não ter família. O filme

mostra a ideia que os estrangeiros tem

do país e que eles podem fazer o que

quiserem por aqui.

Por outro lado retrata também

a importância da liberdade do animais

e dos pássaros, mostra também a

beleza do Brasil e a felicidade do povo

no carnaval. Mostra ainda que existem

pessoas que se importam com a

natureza e com os animais.

Patrick Ferreira – 8ªD

Resenhas do filme “RIO”

Direção: Carlos Saldanha

Brasil -2011

folhetim

Page 4: Folhetim do Estudante Digital núm. X

4

do estudante outubro/2012

RESENHAS

A morte e a morte de Quincas

Berro D´água

A obra literária convertida

em filme transmite uma ideia de que

a vida monótona baseada em um

cotidiano que a sociedade impõe,

pressiona tanto o ser humano que El

começa a ter a necessidade de uma

válvula de escape, o que é bem

normal já que todos que levam uma

vida assim tem um “happy hour”,

entretanto no caso de Quincas, em

um dia de estresse, ele decide

abandonar a vida de cidadão casado

e respeitável na sociedade para se

entregar a uma vida de “vagabundo”,

realizando seus desejos carnais e se

apegando aos vícios.

Mesmo a família de Quincas

já o tendo como morto, para seus

amigos de farra Quincas estava vivo,

e não compartilhando com a

perspectiva da família, durante o

velório, pegaram o corpo de Quincas

e partiram para uma noite de

aventuras bem ao estilo do notório

“vagabundo”.

Após algumas aventuras com

o defunto pela noite baiana, seus

amigos junto como o corpo de

Quincas, saíram a navegar e já com o

barco em alto mar se depararam com

uma tempestade e ali testemunharam

a partida de Quincas quando o corpo,

em função da violência das ondas,

cai no mar e logo assumiram que ele

decidiu tirar a própria vida por não

querer ser enterrado em um caixão,

sendo essa sua segunda morte pois a

família já o tinha considerado morto.

Observando como Quincas

viveu após ter abandonado sai vida

de cidadão respeitável, pode-se

concluir que essa vida não lhe trazia

nenhuma felicidade, já sua vida de

“vagabundo” lhe rendeu muitos

amigos e muita alegria, ou seja, ele

realmente começou a viver quando

morreu para essa sociedade de

aparências.

Se você reprime seus desejos

carnais, você nega a própria

humanidade. O instinto é mais

confiável do que a razão.

Romário Oliveira – 2ºF

______________________________

A morte de uma

Bahiano

Logo no início do filme já

aparece o protagonista contando suas

mortes, ai começa contando sobre a

primeira morte que seria a “morte

social” de Joaquim, o Comendador,

que era um pessoa bem sucedida na

vida, tinha mulher, uma filha e de

uma hora para outra ele decide largar

tudo o que ele conquistou ao longo

dos anos de trabalho e vira um

vagabundo, cachaceiro que seria

conhecido como Quincas Berro

D´Água. Quincas foi tentar ser dar

bem mas não deu certo. Ao ver uma

garrafa cristalina e achou que era

cachaça mas quando bebeu ele

percebeu que era água e gritou –

Águaaaaaaaa. Quincas morreu do

jeito que ele gostava, bebendo e

festejando com seus amigos

inseparáveis e ao verem que ele

estava morto, mas não acreditando

nisso, conseguem “dar um perdido”

nos familiares e como era dia de seu

aniversário decidem festejar indo a

vários lugares com o defunto.

Vão ao candomblé, ao

Cabaré, tudo para dar a Quincas uma

demonstração de amizade e que eles

eram realmente amigos e a morte não

mudaria isso.

Decidem ir ao porto e num

barco vão para o mar, enfrentam uma

tempestade e o corpo de Quincas cai

do barco e fica no mar para sempre

como um espírito livre, a última

vontade de Quincas. Por isso ele

largou a vida como Joaquim, o

comendador, jogou-se no mar para

não ficar preso a sete palmos abaixo

da terra para sempre.

O filme é uma paródia da

obra literária. Ele possui alguns

elementos do livro, mas não é fiel, já

que cortaram passagens e

adicionaram outras situações que não

aparecem no livro. Uma das partes

cortadas é a briga pelas roupas de

Quincas e se ele vai ser enterrado ou

não com roupas novas além de

adicionarem uma situação sobre o

suposto filho bastardo de Quincas

que eu não observei em minha leitura

da obra.

Quincas Berro D´Água é um

ótimo livro e o filme é muito

engraçado. Quando foi sugerida a

leitura fiquei com o “pé atrás”, mas

quando você começa a ler você

percebe o quanto essa estória é

empolgante e engraçada, mas como

sempre o livro é melhor, acredito, eu.

Vou explicar!

Pelo fato de ter lido primeiro

e depois ter visto o filme acho que

seu tivesse visto o filme primeiro

minha opinião seria diferente da que

tenho hoje, já que o filme sugere

Quincas como um “modelo” de vida,

pois quando ele vira cachaceiro, ele

aparenta ter se tornado mais humano

ajudando outras pessoas. Já no livro

é ressaltado o valor da amizade e que

mesmo morto, ele e os amigos vão

tomar umas e a vida segue. Isso é

Quincas Berro D´Água.

Matheus Nascimento – 2ºF

Resenhas do filme “A morte e a

morte de Quincas Berro

d´água” adaptação da obra de

Jorge Amado

Direção: Sérgio Machado

Brasil -2010

folhetim

Page 5: Folhetim do Estudante Digital núm. X

5

do estudante outubro/2012

PROVOCAÇÕES

Descobrindo a Cultura

Árabe

Ao visitar a Mesquita

Islâmica em Santo Amaro com

um dos grupos de alunos do

PLCA – Programa de Língua e

Cultura Árabe, fiquei maravilhado

com à diversidade cultural que me

deparei. Ao contrário do que diz à

mídia os mulçumanos não se

restringem apenas a "homens

bombas", Denominação pejorativa

àqueles que criticam por

conhecimento limitado.

No dia, 18/08/2012, foi

minha primeira visita, tive a

oportunidade de ver o desjejum

do Hamadam, onde os

mulçumanos ficam 30 dias sem

comer enquanto há sol; e também

os visitei no dia 26/08 quando me

maravilhei com a diversidade

cultural. Havia homens e

mulheres dançando, "churrascada"

para todos, esporte para a

garotada, músicas típicas entre

outras. Assim podemos ver que

não podemos nos adentrar na

alienação dada pela televisão, e,

sim, procurar por onde

argumentar sobre um assunto,

assim você poderá discutir por

uma determinada cultura.

Aos que querem se

informar, pesquisem, pois a

cultura árabe é maravilhosa. E aos

que teimam, ainda, em não

acreditar eu rezo, para que um dia

possam se emancipar.

Luiz Henrique – 3ºG

VARIEDADES

As Crônicas de Nárnia:

O Sobrinho do Mago Autor : C. S. Lewis

As crônicas de Nárnia são

uma série de sete livros criados

pelo autor irlandês C. S. Lewis,

que começou escrevendo a

crônica “O Leão, a feiticeira e o

guarda-roupa”, depois dando

continuidade a outras seis

crônicas, todas sobre uma terra

mágica chamada Nárnia.

“O Sobrinho do Mago” se

resume na criação de Nárnia,

criada por um enorme leão que

tem poderes mágicos,

aparentemente sua magia vem

através de sua voz, já que Nárnia

surge com uma linda canção que

vinha da grande boca do leão,

criando o céu, o mar, as estrelas, o

sol, os animais e até os seres

mágicos.

O leão então, pede para o

garoto Digory(que chegou a

Nárnia através da magia dos anéis

que seu tio possuía) em um lugar

além de Nárnia que vá atrás do

fruto da vida, e o garoto o

encontra (um fruto proibido que

lembra vagamente o mito de Adão

e Eva, o que faz sentido já que o

leão chama os humanos de filhos

de Adão) e entrega para

Aslam(como era conhecido o

leão) e assim foi plantado o fruto

na margem do rio de Nárnia. A

árvore que cresceu ali nasceu para

proteger Nárnia do mau que lá

habitava, o mau descrito por

Aslam nessa crônica.

É um outro ponto de vista,

para quem gosta de estórias de

magia e ficção e gostaria de ter

uma outra opinião, de como o

mundo foi criado. Eu recomendo

e acredito que vão adorar este

livro cheio de aventuras e muita

magia.

Michael David Rocha – 1ºJ

folhetim

Page 6: Folhetim do Estudante Digital núm. X

6

do estudante outubro/2012

POÉTICAS

ROJO

(homenagem a Eric Hobsbawm)

Oh vieja España

Cuando en su conciencia

Quisera olvidar

De la poesia de Lorca

De las pinturas de Dali

y Picasso por supuesto

De los fotogramas de Buñuel

De la violetera

De las paellas valencianas

De la guitarra de Paco

y de las toradas en Madrid

Terra del sangre rojo

De los Quixotes de Cervantes

Derrotados en la guerra civil

Adaptação incidental da canção “Velha

Espanha” de Sérgio Lara e Tio Santos,

inspiradora de um artigo que escrevi com

forte influência de Hobsbawm e que retorna

nesse momento de grande pesar...

Prof. Valter Gomes

AGENDA

Cine-Pipoca: “O Caçador de Pipas”

11/10/2012, sala 17- noturno

ESPECIAL O fim de uma era

Morre o historiador Eric

Hobsbawm, aos 95 anos, em

Londres. Autor de ‘Era das

Revoluções’ e ‘Era dos extremos’

deixa mulher, filhos, netos, bisnetos

e milhares de leitores e admiradores.

Morreu na manhã desta

segunda (1) o historiador marxista

Eric Hobsbawm, britânico de origem

judaica, em Londres, aos 95 anos.

Hobsbawm estava com pneumonia e

não resistiu ao tratamento.

De acordo com comunicado

divulgado por sua família,

Hobsbawm deixa "não só sua mulher

dos últimos 50 anos, Marlene, seus

três filhos, sete netos e um bisneto,

mas também seus milhares de

leitores e pesquisadores no mundo

todo". Autor de Era dos Impérios,

Era das Revoluções, Era dos

Extremos e Globalização, Democra-

cia e Terrorismo – entre muitos

outros –Hobsbawm revolucionou –

de fato – a historiografia e a

interpretação da História sobre o

nosso tempo.

Relevante e fundamental

Poucos historiadores tiveram

o privilégio e a lucidez de refletir

sobre sua própria época. Britânico,

nascido em Alexandria, no Egito em

1917, Hobsbawm passou seus

primeiros anos em Viena, nas ruínas

do último grande império europeu, o

Habsburgo. Ainda criança se muda

para Berlim, onde permanece até

vitória do partido nazista em 1933.

Quando a Segunda Guerra Mundial

teve inicio - já historiador e membro

do Partido Comunista Britânico -

colaborou com os serviços de

inteligência e integrou o Royal Army

Educational Corps, uma divisão

responsável pela instrução e

educação dentro do exército.

Na década de 60, se

relaciona com a privilegiada geração

de historiadores marxistas ingleses,

como Christopher Hill e Edward

Thompson. Seu interesse pelo

trabalhismo o leva a estudar as

revoluções burguesas do século XIX.

Nascia a preciosa série dividida em

eras: Revoluções (1789-1948),

Capital (1848-1975), Impérios

(1875-1914). Bibliografia obrigatória

dos cursos de História de todo

mundo, seus trabalhos sobre o

período ainda foram acrescidos de

dois livros fundamentais sobre

História Moderna: A Invenção das

Tradições (1983) e Nações e

Nacionalismo desde 1780 (1991).

Seu trabalho mais marcante,

no entanto, viria com “A Era dos

Extremos” de 1991. Coincidindo

com boa parte do seu tempo de vida,

o historiador se coloca no papel de

testemunha do mais interessante e

sangrento século da história, como

costumava dizer. Ele divide o

período em três eras. A primeira, a

da catástrofe, marca as duas grandes

guerra, o surgimento da União

Soviética, a crise econômica de 1929

e o aparecimento dos fascismos. A

segunda, nas décadas de 50 e 60,

chamada de anos dourados, período

de grande expansão econômica do

capitalismo. Por fim, entre 1970 e

1991, o desmoronamento final,

quando os sistemas ideológicos e

institucionais caem por terra.

Hobsbawm viveu muito, mas

parece pouco frente à magnitude de

sua obra. Foram mais de 30 livros,

alguns sobre paixões pessoais, como

“A História Social do Jazz” (1989),

outros como reafirmação de sua

coerência ideológica, como seu

último, “Como mudar o mundo:

Marx e o Marxismo” (2011). Nos

últimos anos, permaneceu ativo e

publicando muito. Em 2002 lançou

sua autobiografia, “Tempos

Interessantes”. Cinco anos depois,

alguns ensaios que incluíam análises

pontuais sobre o mundo pós 11 de

setembro. Sua morte, aos 95 anos,

deixa gerações de historiadores órfãs

de um dos historiadores mais lidos e

influentes do último século.

Bruno Garcia – Revista de

História

1/10/2012

folhetim