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Alvaro Máximo Sardinha LISBOA | DEZEMBRO 2017
Formação, emprego e mobilidade profissional no setor marítimo FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA MESTRADO EM DIREITO E ECONOMIA DO MAR: A GOVERNAÇÃO DO MAR DIREITO EUROPEU DO MAR
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
i
FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL
NO SETOR MARÍTIMO
Álvaro Máximo Sardinha
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ii
“Se construístes castelos no ar, não terá sido em vão esse vosso trabalho;
porque eles estão onde deviam estar. Agora, por baixo, colocai os alicerces.”
Henry David Thoreau (1817 – 1862)
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DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ANTI-PLÁGIO
Declaro, por minha honra, que o trabalho que apresento é original, da minha exclusiva autoria, e que
toda a utilização de contribuições ou textos alheios está devidamente referenciada. Tenho consciência
de que a utilização de elementos alheios não identificados constitui grave falta ética e disciplinar.
A maior parte do texto apresentado foi escrito após a data de início do Mestrado em Direito e
Economia do Mar, e não foi nem será apresentado em outra disciplina ou em outro curso da
Universidade Nova.
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iv
MODO DE CITAR E OUTRAS CONVENÇÕES
Na bibliografia final encontram-se todas as obras e fontes citadas no texto, seguindo as Normas
Portuguesas NP n.º 405-1 e 405-4 do Instituto Português da Qualidade, sistema harmonizado com a
Norma ISO 690, e como recomendado nas Regras de Estilo indicadas pela Faculdade de Direito da
Universidade Nova de Lisboa.
As traduções são do autor.
Todas as abreviaturas utilizadas no texto encontram-se devidamente identificadas na lista de
abreviaturas.
O presente texto contém opiniões estritamente pessoais que, em caso algum, podem ser atribuídas
a qualquer instituição com a qual o Autor colabore.
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v
LISTA DE ABREVIATURAS
BIMCO – Baltic and International Maritime Council
ECSC – European Coal and Steel Community
CECA – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço
CEDEFOP – European Centre for the Development of Vocational Training
CEDEFOP – Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional
EC – European Community
CE – Comunidade Europeia
EEC – European Economic Community
CEE – Comunidade Económica Europeia
DGRM – Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos
DGPM – Direção-Geral de Política do Mar do Ministério do Mar
EEA – European Economic Area
EEE – Espaço Económico Europeu
EHEA – The European Higher Education Area
EEES – Área Europeia de Ensino Superior
EMSA – European Maritime Safety Agency
EMSA – Agência Europeia de Segurança Marítima
EQF – European Qualifications Framework
QEQ – Quadro Europeu de Qualificações
EU – European Union
UE – União Europeia
FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
ICS – International Chamber of Shipping
IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional
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ILO – International Labour Organization
OIT – Organização Internacional do Trabalho
IMHA - International Maritime Health Association
IMO – International Maritime Organization
OMI – Organização Marítima Internacional
INE – Instituto Nacional de Estatística
MARPOL – International Convention for the Prevention of Pollution from Ships
MARPOL – Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios
MLC – Maritime Labour Convention
CTM – Convenção do Trabalho Marítimo
MOU – Memorandum of Understanding
MOU – Memorando de Entendimento
OECD – Organization for Economic Co-operation and Development
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
PSC – Port State Control
PSC – Inspeção pelo Estado do Porto
QNQ – Quadro Nacional de Qualificações
STCW – International Convention on Standards of Training, Certification and Watchkeeping for
Seafarers
STCW - Convenção Internacional sobre Normas de Formação, Certificação e Serviço de Quarto
para Marítimos
TEU – Treaty on European Union
TUE – Tratado da União Europeia
TFEU – Treaty on the Functioning of the European Union
TFUE – Tratado Sobre o Funcionamento da União Europeia
UNCLOS – United Nations Convention on the Law of the Sea
CNUDM - Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar
WISTA - Women’s International Shipping and Trading Association
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vii
RESUMO
Europa. Pessoas. Bastam duas palavras para percebermos a dimensão e a importância de qualquer
tema a elas associado. Se lhes juntarmos uma mais, a palavra Formação, que traz consigo a
educação, as vocações e a qualificação, identificamos imediatamente um sentido de prioridade e de
urgência. Falamos dos alicerces da edificação de uma Europa visionária, onde poderemos assentar
pilares de crescimento e de sustentabilidade, suportando vigas de emprego e de mobilidade, em
condições de igualdade.
Mas a Europa não é uma ilha. Importa conhecer e integrar, tanto quanto possível, a regulação
internacional, caminhando num sentido de universalidade e de uniformidade, que acrescente valor e
acelere o desenvolvimento equilibrado, ultrapassando burocracias e fronteiras. Muito está feito e
importa reconhecer os méritos evidentes. Muito está por fazer e será feito. Serão as pessoas que
farão a diferença. É legítimo e sensato orientar, hoje, visão e recursos para a sua educação e
formação, para que nos tragam, elas mesmo, o melhor amanhã.
ABSTRACT
Europe. People. It suffices two words to realize the size and importance of any theme associated with
them. If we add one more, the word Training, which brings with it education, vocations and qualification,
we immediately identify a sense of priority and urgency. We speak of the foundations to build a
visionary Europe, where we can integrate pillars of growth and sustainability, supporting beams of
employment and mobility, based on equality.
But Europe is not an island. It is important to know and integrate, as far as possible, international
regulation, moving in a sense of universality and uniformity, which adds value and accelerates
balanced development, overcoming bureaucracies and borders. Much is done and it is important to
recognize the evident merits. Much remains to be done and will be done. It will be the people who will
make a difference. It is legitimate and sensible to guide today, vision and Resources, for their education
and training, so that they bring us the best tomorrow.
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1
1. INTRODUÇÃO
Pessoas. A maior viagem, a mais intensa descoberta, a última fronteira. O denominador comum de
todas as estratégias. Não existe presente, não existe futuro, nem existem empresas, sem pessoas.
Os nossos antepassados que viveram na época do renascentismo (século XIV a XVI), em particular
os que criaram e alimentaram o humanismo (século XIV) - filosofia moral, corrente de pensamento e
movimento intelectual que mudou o mundo para melhor - colocaram o homem no centro do universo.
E foi precisamente deste antropocentrismo, que surgiram grandes ideias e grandes descobertas em
variadas áreas do conhecimento, incluindo a física, a matemática, a engenharia, a medicina, etc.
levando a europa a uma fase de expansão marítima, desenvolvimento do comércio e de pequenas
indústrias.
Dessa época até aos dias de hoje muita coisa mudou. Passámos por uma revolução industrial nos
séculos XVIII e XIX, que mecanizou processos e criou riqueza a um ritmo nunca visto. As revoluções
continuaram ao longo do tempo e continuam hoje a suceder, a um ritmo acelerado e de enorme
impacto nas sociedades.
O homem foi sempre e sempre será o engenho da mudança. Torna-se assim evidente o seu papel
fundamental na construção de uma Europa sólida, visionária e sustentável. Para que se alcancem
estes objetivos, importa desenhar estratégias e definir políticas, que apoiem e reforcem o papel do
ensino e da formação na construção de recursos humanos qualificados. Tais estratégias e políticas
deverão estar devidamente enquadradas na realidade económica atual, e na visão discutida do futuro,
para que seja possível alinhar suportar o crescimento das empresas e das instituições, através da
promoção do emprego e da mobilidade.
O presente trabalho fala de pessoas em geral, mas tem o seu foco nas pessoas que trabalham ou
que irão trabalhar no setor marítimo europeu. A sua caracterização é por isso fundamental e será, por
esta razão, ponto de partida. A caminhada será longa, porque o tema em análise assim o merece.
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2
1.1 Caracterização dos recursos humanos do setor marítimo
Importa desde já clarificar, que são considerados marítimos, sem exceção, todas as pessoas que
trabalham de forma permanente a bordo de navios e embarcações em geral.
Podemos afirmar que os Recursos Humanos do Setor Marítimo podem dividir-se em dois grandes
grupos:
A. Recursos Humanos Marítimos
Todas as pessoas que trabalham a bordo de navios, de forma permanente (áreas de
convés, máquina, hotel, incluindo oficiais pilotos, oficiais de máquinas, marinheiros,
cozinheiros, empregados de mesa, músicos, etc.);
B. Recursos Humanos Não Marítimos
Todas as pessoas que trabalham no setor marítimo, mas não de forma permanente a
bordo de navios (incluindo trabalhadores portuários, turismo costeiro, construção e
reparação naval, ensino e formação náutica, etc.).
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3
As Profissões no Setor Marítimo, excluindo a área militar que não se enquadra no presente trabalho,
podem também ser agrupadas em dois grandes grupos:
A. Profissões no mar (Seaside) em navios da marinha mercante
a. Marinha de Comércio – Carga e Passageiros
b. Marinha de Pesca
c. Marinha de Recreio
B. Profissões em terra (Shoreside)
a. Atividades diretas (por exemplo portos)
b. Atividades indiretas (por exemplo turismo costeiro)
1.2 Qualificações no setor marítimo
Recursos humanos não marítimos
As qualificações dos recursos humanos não marítimos, que incluem todas as pessoas que trabalham
no setor marítimo, mas não de forma permanente a bordo de navios, são obtidas em várias instituições
de ensino e formação, mais ou menos especializadas. Falamos de qualificações que são, muitas
vezes, válidas tanto para o setor marítimo como para outros setores de atividade.
Por exemplo, o serralheiro ou o soldador podem trabalhar num estaleiro de construção naval, mas
podem também trabalhar em construção metálica de tanques e estruturas; a vendedora de excursões
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turísticas pode promover viagens em embarcações, mas também em autocarros; os técnicos de
manutenção de ar condicionado podem efetuar serviço em instalações terrestres e em navios.
Pelas razões expostas, e dada a sua diversidade, abrangência e generalização em termos de
instituições de ensino e formação, carreiras profissionais e regulamentação, os recursos humanos
não marítimos, embora trabalhem no setor marítimo, não serão o foco principal do presente trabalho.
Recursos humanos marítimos
As qualificações dos recursos humanos marítimos, que incluem todas as pessoas que trabalham a
bordo de navios, de forma permanente, são também obtidas em várias instituições de ensino e
formação, mais ou menos especializadas. Também aqui existem muitas qualificações que são, muitas
vezes, válidas tanto para o setor marítimo como para outros setores de atividade.
Por exemplo, os profissionais de saúde que incluem médicos e enfermeiros, podem trabalhar no
hospital de um navio, mas podem também trabalhar em instituições de saúde em terra; a esteticista
pode trabalhar no spa de navios ou em terra; a rececionista hoteleira pode trabalhar em navios ou em
terra.
Pelas razões apresentadas, e dada a sua diversidade, abrangência e generalização em termos de
instituições de ensino e formação, carreiras profissionais e regulamentação, os recursos humanos
marítimos, que trabalham a bordo de navios de forma permanente, serão foco do presente trabalho,
mas apenas nas qualificações específicas exigidas internacionalmente a quem trabalha em navios,
ficando excluídas de análise as suas qualificações profissionais de base.
Recursos humanos marítimos - Seafarers
Os recursos humanos marítimos que trabalham a bordo de navios, de forma permanente, e aos quais
é exigida formação e certificação marítima regulamentada para o desempenho das suas profissões,
serão também, como não poderia deixar de ser, objeto de estudo no presente trabalho. Falamos dos
profissionais de convés e de máquina (classes de oficiais, mestrança e marinhagem) dos navios,
conforme estabelecido no Regulamento de Inscrição Marítima (RIM) e normalmente conhecidos como
Seafarers.
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2. A VISÃO DA EUROPA
2.1 A visão da Europa Unida e a Declaração de Schuman
A visão da Europa Unida
A ideia de uma Europa unida começou por ser apenas um sonho de filósofos e visionários antes de
se tornar um verdadeiro projeto político. Victor Hugo (1802-1885), por exemplo, imaginou uns
«Estados Unidos da Europa» pacíficos e inspirados num ideal humanitário. O sonho foi desfeito pelos
trágicos conflitos que assolaram o continente na primeira metade do século XX.
Paz na Europa
Foi das cinzas da Segunda Guerra Mundial que nasceu uma nova esperança. Entre 1945 e 1950, um
punhado de estadistas, incluindo Robert Schuman, Konrad Adenauer, Alcide de Gasperi e Winston
Churchill, empenharam‑se em persuadir os seus povos a iniciarem uma nova era. Os que haviam
resistido ao totalitarismo durante a guerra estavam determinados a pôr fim aos antagonismos
nacionais e a criar condições para uma paz duradoura, assente em tratados que garantissem o
primado da lei e a igualdade das nações. Em 9 de maio de 1950, o ministro dos Negócios Estrangeiros
francês Robert Schuman, apresentou pela primeira vez publicamente as ideias que conduziram à
União Europeia (Declaração Schuman). Por essa razão, o dia 9 de maio de 1950 é celebrado como
o aniversário da União.
A declaração Schuman - 9 de maio 1950
Robert Schuman retomou uma ideia originalmente lançada por Jean Monnet e, em 9 de maio de 1950,
propôs a fundação de uma Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) com vista a instituir
um mercado comum do carvão e do aço entre os países fundadores. Colocar sob uma autoridade
comum — a Alta Autoridade — a produção de carvão e de aço de países outrora inimigos era um ato
pragmático, mas simultaneamente de elevado valor simbólico. Com ele, as matérias‑primas da guerra
transformavam‑se agora em instrumentos de reconciliação e de paz.
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2.2 Do Tratado de Paris ao Tratado de Lisboa
Desde a Declaração Schuman até aos dias de hoje, podemos identificar 12 etapas históricas1:
1951: A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) é criada pelos seis membros fundadores
(Bélgica, República Federal da Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos);
1957: Os mesmos seis países assinam os Tratados de Roma que instituem a Comunidade Económica
Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom);
1973: A Comunidade passa a ter nove Estados‑Membros (adesão da Dinamarca, Irlanda e Reino
Unido) e desenvolve mais políticas comuns;
1979: Primeiras eleições diretas para o Parlamento Europeu;
1981: Primeiro alargamento mediterrânico com a adesão da Grécia;
1986: Adesão de Portugal e de Espanha;
1992: O mercado interno europeu torna‑se realidade;
1993: O Tratado de Maastricht institui a União Europeia (UE);
1995: Adesão da Áustria, Finlândia e Suécia à União Europeia, que passou a contar com 15 membros;
2002: O euro entra em circulação;
2004: A União Europeia é composta por 25 Estados‑Membros, tendo este número aumentado para
27 em 2007 e depois para 28 em 2013;
2009: O Tratado de Lisboa entra em vigor, mudando a forma de funcionamento da União.
O Tratado de Paris - 1951
A Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), veio a tornar‑se realidade com o Tratado de
Paris de 18 de abril de 1951, instituindo um mercado comum do carvão e do aço entre os seis Estados
fundadores (Bélgica, República Federal da Alemanha, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos).
Foi a primeira de uma série de instituições europeias supranacionais que deram origem à atual União
Europeia.
1 COMISSÃO EUROPEIA – A Europa em 12 lições. p. 11.
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Tratados de Roma 1957
Assinatura : 25 de março de 1957
Entrada em vigor : 1 de janeiro de 1958
Objetivos: instituir a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia
Atómica (Euratom).
Principais mudanças: aprofundamento da integração europeia, que passou a abranger a cooperação
económica. Dois Tratados:
. Tratado que institui a Comunidade Económica Europeia (Tratado CEE)
. Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica
Tratado da Comunidade Económica Europeia - Tratado CEE - 1957
Reuniu seis países (Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos) tendo por
objetivos transformar as condições económicas das trocas comerciais e da produção no território dos
seus seis membros; e constituir um passo para uma unificação política mais alargada da Europa.
Criou um mercado comum assente na livre circulação de:
- Mercadorias;
- Pessoas;
- Serviços;
- Capitais.
Este Tratado incluía já as bases dos temas do emprego e da política social, como podemos ver nos
Títulos incluídos (ver imagens seguintes):
- Segunda parte - Título III - A Livre Circulação de Pessoas, de Serviços e de Capitais2;
2 TRATADO QUE INSTITUI A COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA (CEE), Roma, assinado em 25 de março de 1957, entrada em vigor em 1 de janeiro de 1958. p. 49.
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8
- Terceira parte – Título III – A Política Social3.
O Tratado da Comunidade Económica Europeia foi alterado por diversas vezes, tendo atualmente a
designação de Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.
3 TRATADO QUE INSTITUI A COMUNIDADE ECONÓMICA EUROPEIA (CEE), Roma, assinado em 25 de março de 1957, entrada em vigor em 1 de janeiro de 1958. p. 97.
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Tratado da União Europeia (TUE) - Tratado de Maastricht
Assinatura: 7 de fevereiro de 1992
Entrada em vigor: 1 de novembro de 1993
Objetivos: preparar a união monetária europeia e introduzir elementos para uma união política
(cidadania, política comum em matéria de política externa e assuntos internos).
Principais mudanças: criação da «União Europeia» e introdução do procedimento de co-decisão, que
confere mais peso ao Parlamento no processo de tomada de decisão, e novas formas de cooperação
entre os governos da EU. O Tratado que institui a Comunidade Económica Europeia é alterado a fim
de instituir uma Comunidade Europeia (CE).
Protocolo Social
No domínio social, as competências comunitárias foram alargadas mediante o protocolo social anexo
ao Tratado, com os seguintes objetivos:
. Promoção do emprego;
. Melhoria das condições de vida e de trabalho;
. Proteção social adequada;
. Diálogo social;
. Desenvolvimento dos recursos humanos necessários para assegurar um nível de emprego elevado
e duradouro;
. Integração das pessoas excluídas do mercado de trabalho.
Cidadania
Uma das grandes inovações do Tratado foi a instituição de uma cidadania europeia paralela à
cidadania nacional. Qualquer cidadão que tenha a nacionalidade de um Estado-Membro é também
cidadão da União. Esta cidadania confere novos direitos aos europeus, com destaque para:
. O direito de circularem e residirem livremente na Comunidade;
. O direito de votarem e de serem eleitos nas eleições europeias e municipais do Estado em que
residem.
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Alterações ao Tratado CEE (Roma 1958) introduzidas no Tratado de Maastricht
No capítulo III, relativo à educação, a formação profissional e a juventude, o artigo 126°4 passou a
incluir a seguinte redação:
“1. A Comunidade contribuirá para o desenvolvimento de uma educação de qualidade, incentivando
a cooperação entre Estados-membros e, se necessário, apoiando e completando a sua acção,
respeitando integralmente a responsabilidade dos Estados-membros pelo conteúdo do ensino e pela
organização do sistema educativo, bem como a sua diversidade cultural e linguística.
2. A acção da Comunidade tem por objectivo:
- Desenvolver a dimensão europeia na educação, nomeadamente através da aprendizagem e
divulgação das línguas dos Estados-membros;
- Incentivar a mobilidade dos estudantes e dos professores, nomeadamente através do incentivo ao
reconhecimento académico de diplomas e períodos de estudo;
- Promover a cooperação entre estabelecimentos de ensino;
- Desenvolver o intercâmbio de informações e experiências sobre questões comuns aos sistemas
educativos dos Estados-membros;
- Incentivar o desenvolvimento do intercâmbio de jovens e animadores socio-educativos;
- Estimular o desenvolvimento da educação à distância.
3. A Comunidade e os Estados-membros incentivarão a cooperação com países terceiros e com as
organizações internacionais competentes em matéria de educação, especialmente com o Conselho
da Europa.”
O artigo 127°5 passou a incluir a seguinte redação:
“1. A Comunidade desenvolve uma política de formação profissional que apoie e complete as acções
dos Estados-membros, respeitando plenamente a responsabilidade dos Estados-membros pelo
conteúdo e pela organização da formação profissional.
4 TRATADO DA UNIÃO EUROPEIA, Maastricht, assinado em 7 de fevereiro de 1992, entrada em vigor em 1 de novembro de 1993. P. 47. 5 TRATADO DA UNIÃO EUROPEIA, Maastricht, assinado em 7 de fevereiro de 1992, entrada em vigor em 1 de novembro de 1993. P. 48.
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11
2. A acção da Comunidade tem por objectivo:
- Facilitar a adaptação às mutações industriais, nomeadamente através da formação e da reconversão
profissionais;
- Melhorar a formação profissional inicial e a formação contínua, de modo a facilitar a inserção e a
reinserção profissional no mercado de trabalho;
- Facilitar o acesso à formação profissional e incentivar a mobilidade de formadores e formandos,
nomeadamente dos jovens;
- Estimular a cooperação em matéria de formação entre estabelecimentos de ensino ou de formação
profissional e empresas;
- Desenvolver o intercâmbio de informações e experiências sobre questões comuns aos sistemas de
formação dos Estados-membros.
3. A Comunidade e os Estados-membros incentivarão a cooperação com países terceiros e com as
organizações internacionais competentes em matéria de formação profissional.”
Tratado de Lisboa (TUE + TFUE)6
Assinatura: 13 de dezembro de 2007
Entrada em vigor: 1 de dezembro de 2009
Objetivos: tornar a UE mais democrática e eficaz e mais apta a resolver problemas a nível mundial,
como as alterações climáticas, permitindo-lhe falar a uma só voz.
Principais mudanças: reforça os poderes do Parlamento Europeu e clarifica a repartição de
competências:
- Competências da EU
- Competências dos países da EU
- Competências partilhadas.
A UE continua a basear-se em dois tratados fundadores:
6 TRATADO DE LISBOA. Versão Consolidada, Lisboa, assinado em 13 de dezembro de 2007, entrada em vigor em 1 de dezembro de 2009.
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- O Tratado da UE;
- O Tratado que institui a Comunidade Europeia.
No entanto, o Tratado que institui a Comunidade Europeia (Maastricht) passa a ser designado por
«Tratado sobre o Funcionamento da UE» (TFUE).
A UE adquire, com o Tratado de Lisboa, personalidade jurídica que lhe permite negociar e ser parte
contratante nos tratados internacionais.
Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE)
Importa destacar no TFUE, a importância reservada aos temas da formação e emprego, bem
expressa nos seguintes Títulos incluídos no mesmo:
- Título IX - Emprego
- Título X - A Política Social
- Título XI - O Fundo Social Europeu
- Título XII - A Educação, A Formação Profissional, a Juventude e o Desporto
A mobilidade ocupa também lugar de destaque, expressa no Título IV– A livre Circulação de Pessoas,
de Serviços e de Capitais. O artigo 45º7, incluído no Capítulo 1 - Os Trabalhadores, apresenta o
seguinte texto:
“1. A livre circulação dos trabalhadores fica assegurada na União.
2. A livre circulação dos trabalhadores implica a abolição de toda e qualquer discriminação em razão
da nacionalidade, entre os trabalhadores dos Estados-Membros, no que diz respeito ao emprego, à
remuneração e demais condições de trabalho.
3. A livre circulação dos trabalhadores compreende, sem prejuízo das limitações justificadas por
razões de ordem pública, segurança pública e saúde pública, o direito de:
a) Responder a ofertas de emprego efetivamente feitas;
b) Deslocar-se livremente, para o efeito, no território dos Estados-Membros;
7 TRATADO DE LISBOA. Versão Consolidada, Lisboa, assinado em 13 de dezembro de 2007, entrada em vigor em 1 de dezembro de 2009. P. 83.
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c) Residir num dos Estados-Membros a fim de nele exercer uma atividade laboral, em conformidade
com as disposições legislativas, regulamentares e administrativas que regem o emprego dos
trabalhadores nacionais;
d) Permanecer no território de um Estado-Membro depois de nele ter exercido uma atividade laboral,
nas condições que serão objeto de regulamentos a estabelecer pela Comissão.
4. O disposto no presente artigo não é aplicável aos empregos na administração pública.”
Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia8
Em 1999, o Conselho Europeu considerou oportuno consagrar numa Carta os direitos fundamentais
em vigor ao nível da UE, por forma a conferir-lhes uma maior visibilidade. A Carta foi formalmente
adotada em Nice, em dezembro de 2000, pelo Parlamento Europeu, pelo Conselho e pela Comissão.
A Carta tornou-se juridicamente vinculativa para a UE com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa,
em dezembro de 2009, tendo agora o mesmo valor jurídico que os Tratados da UE.
A mesma é clara relativamente às questões da educação e do emprego, como se constata no texto
dos seguintes artigos:
Artigo 14º Direito à educação
“1. Todas as pessoas têm direito à educação, bem como ao acesso à formação profissional e
contínua.
2. Este direito inclui a possibilidade de frequentar gratuitamente o ensino obrigatório.”
Artigo 15º Liberdade profissional e direito de trabalhar
“1. Todas as pessoas têm o direito de trabalhar e de exercer uma profissão livremente escolhida ou
aceite.
2. Todos os cidadãos da União têm a liberdade de procurar emprego, de trabalhar, de se estabelecer
ou de prestar serviços em qualquer Estado-Membro."
8 Informação acessível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=celex:12016P/TXT
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14
2.3 Estratégia Europa 20209
O objetivo da União Europeia10 consiste hoje em:
- Manter e consolidar a paz estabelecida entre os Estados‑Membros e os seus vizinhos;
- Aproximar os países europeus através da cooperação operacional;
- Garantir que os cidadãos europeus vivem em segurança;
- Promover o bem-estar da sua população bem como a solidariedade económica e social;
- Preservar a identidade e a diversidade europeias num mundo globalizado;
- Promover os valores que os europeus partilham.
Para suportar os objetivos mencionados, a União Europeia define várias estratégias, entre as quais a
Estratégia Europa 2020 (2010-2020), que substitui a Estratégia de Lisboa (2000-2010). Esta
estabelece três prioridades que se reforçam mutuamente:
- Crescimento inteligente: desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovação.
- Crescimento sustentável: promover uma economia mais eficiente em termos de utilização dos
recursos, mais ecológica e mais competitiva.
- Crescimento inclusivo: fomentar uma economia com níveis elevados de emprego que assegura a
coesão social e territorial.
Na Estratégia Europa 2020 são expressos 5 Grandes Objetivos para a EU, 4 dos quais relacionados
com pessoas, educação e emprego, revelando claramente a importância destes temas na construção
sustentável e ambiciosa do futuro da União Europeia:
1. Emprego
- Garantir uma taxa de emprego de 75% na faixa etária entre os 20 e os 64 anos.
2. Educação
9 Informação acessível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/en/ALL/?uri=CELEX:52010DC2020 10 COMISSÃO EUROPEIA – A Europa em 12 lições. p. 3.
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
15
- Reduzir para menos de 10% a taxa de abandono escolar; aumentar para, pelo menos, 40% a
percentagem de pessoas entre os 30 e os 34 anos que concluíram estudos superiores.
3. Investigação e Desenvolvimento (I&D)
- Investir 3% do PIB da UE em I&D.
4. Pobreza e exclusão social
- Diminuir em, pelo menos, 20 milhões o número de pessoas em situação de risco de pobreza e
exclusão social.
5. Alterações climáticas e energia
- Reduzir em 20% as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) em relação aos níveis de 1990;
aumentar para 20% a parte da energia proveniente de fontes renováveis; aumentar em 20% a
eficiência energética.
Cada Estado-Membro fixa os seus objetivos nacionais para contribuir para o objetivo europeu em
cada uma das áreas:
“Estes objectivos estão interligados e são determinantes para o nosso êxito global. Para assegurar
que cada Estado-Membro adapta a estratégia Europa 2020 à sua situação específica, a Comissão
propõe que os objectivos da UE sejam traduzidos em objectivos e trajectórias nacionais.”11
3. A REGULAÇÃO INTERNACIONAL
Analisada a relevância dos temas formação, emprego e mobilidade na construção da União Europeia,
desde os seus primórdios até à atualidade, importa desde já identificar as instituições e a
regulamentação internacionais, que impactam as estratégias, políticas e decisões da UE.
Embora estejamos a falar de temas, de organizações e de convenções que afetam não só a União
Europeia, mas também a comunidade internacional em geral, é fundamental perceber as regras
globais para se poder agir regional e localmente. Por outro lado, muita da regulamentação criada por
11 Estratégia Europa 2020 - Informação acessível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/en/ALL/?uri=CELEX:52010DC2020
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16
estas instituições é transposta para o Direito Europeu e para o Direito Nacional, pelo que se torna
obrigatório conhecer os seus players e aspetos fundamentais.
Importa também sublinhar, que a segurança no sector marítimo faz todo o sentido, hoje, mais do que
nunca, assumindo o transporte marítimo um lugar de progressivo destaque, na movimentação de
mercadorias e de pessoas. A segurança da vida no mar, a proteção do ambiente marinho e mais de
90% do comércio mundial, depende do profissionalismo e competência dos marítimos e do rigor e
transparência das companhias e operadores. Estudos recentes revelam que, pelo menos, 60% dos
acidentes no setor marítimo têm origem em erro humano, pelo que a normalização dos níveis de
formação adequados, e a exigência de certificação rigorosa, e a melhoria e garantia de condições de
trabalho adequadas, irão contribuir com certeza para a redução desta taxa.
3.1 IMO - International Maritime Organization12
Em resposta a grandes desastres, os estados caminharam em direção à internacionalização das leis
e ao entendimento entre as principais nações marítimas. A Organização Marítima Internacional (OMI)
foi criada em 1948, em Genebra, com o nome de Organização Consultiva Intergovernamental
Marítima, e em 1982 mudaria o seu nome para Organização Marítima Internacional. É uma agência
especializada das Nações Unidas.
A IMO tem como objetivo, instituir um sistema de colaboração entre governos, no que se refere a
questões de navegação comercial internacional, bem como encorajar a adoção geral de normas
relativas à segurança marítima e à eficácia da navegação, contando atualmente com 172 países
membros e 3 associativos.
"A missão da Organização Marítima Internacional (OMI), como organismo especializado das Nações
Unidas, consiste em promover o transporte seguro (safe and secure), ambientalmente saudável,
eficiente e sustentável através da cooperação.
Este objetivo será alcançado através da adoção dos mais elevados padrões praticáveis de segurança
marítima e proteção, eficiência da navegação e prevenção e controlo da poluição dos navios, bem
12 Sítio IMO em http://www.imo.org
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17
como através da consideração dos assuntos jurídicos relacionados e da implementação efetiva dos
instrumentos da OMI, com vista à sua aplicação universal e uniforme".13
3.2 DGRM - Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos14
A DGRM tem como missão o desenvolvimento da segurança e dos serviços marítimos, incluindo o
setor marítimo-portuário, a execução das políticas de pesca, da aquicultura, da indústria
transformadora e atividades conexas, a preservação e conhecimento dos recursos marinhos, bem
como garantir a regulamentação e o controlo das atividades desenvolvidas nestes âmbitos.
No âmbito das suas atribuições legais, conforme definido no Decreto-Lei n.º 49-A/2012, de 29 de
fevereiro, a DGRM prossegue as seguintes atribuições relativamente a recursos humanos marítimos:
- Assegurar a certificação da formação profissional no setor das pescas e do transporte marítimo;
- Assegurar a certificação dos navios e dos marítimos nacionais;
- Promover a segurança marítima e portuária, regulamentando, supervisionando, vistoriando e
inspecionando as organizações, as atividades, os navios, os equipamentos e as instalações
portuárias, em conformidade com o disposto nos instrumentos legais relevantes da Organização
Marítima Internacional (IMO), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da União Europeia
(UE) vigentes na ordem jurídica interna.
3.3 Convenção STCW15
Convenção Internacional sobre Normas de Formação, Certificação e Serviço de Quarto para
Marítimos Convenção STCW (International Convention on Standards of Training, Certification and
Watchkeeping for Seafarers)
Sendo o transporte marítimo uma indústria internacional, com características particulares e
específicas, e considerando a importância do elemento humano na segurança, proteção de pessoas,
13 Missão IMO, publicada na Internet em http://www.imo.org/en/About/strategy/Pages/default.aspx
14 Sítio acessível em https://www.dgrm.mm.gov.pt 15 Informação disponível em http://www.imo.org/en/OurWork/humanelement/trainingcertification/pages/stcw-convention.aspx
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18
ambiente, carga e navios, a IMO (International Maritime Organization) adotou, em 7 de julho de 1978,
a Convenção STCW, a qual entrou em vigor a nível internacional em 28 de abril de 1984.
A Convenção STCW estabelece as Normas de Formação, Certificação e Serviço de Quartos para
Marítimos. Ratificada por 162 países, incluindo Portugal, é um instrumento fundamental para a
promoção da segurança marítima, da preservação do meio ambiente e da salvaguarda da vida
humana, navios e carga no transporte marítimo. Com a Convenção STCW 78, a IMO procurou afastar
a possibilidade de existirem tripulações insuficientemente qualificadas e, por outro lado, estabelecer
e garantir níveis mínimos e harmonizados de formação dos marítimos, em especial para efeitos de
reconhecimento mútuo de diplomas e certificados. A Convenção STCW estabelece as normas
mínimas em matéria de formação, certificação e serviço de quartos para os marítimos, que os países
são obrigados a atingir ou exceder.
A Convenção STCW constitui um dos quatro pilares mais importantes, dos instrumentos
internacionais que regulam as questões relacionadas com a segurança marítima e a prevenção da
poluição, sendo os outros três a Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no
Mar (Convenção SOLAS), a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios
(Convenção MARPOL), ambas adotadas pela IMO, e a Convenção do Trabalho Marítimo (MLC),
adotada pela Organização Internacional do Trabalho (ILO).
A Convenção STCW sofreu já duas grandes revisões, a primeira em 1995, e a segunda em 2010,
aprovada em Conferência realizada em Manila, Filipinas:
STCW95
Posteriormente, em 7 de julho de 1995, a IMO adotou um conjunto de emendas à Convenção STCW
78, as quais representaram uma importante revisão e tiveram como objetivo atualizar as disposições
e reduzir as diferentes interpretações que iam sendo feitas pelos Estados Parte à mesma Convenção
STCW 1978. Estas emendas entraram em vigor a nível internacional em 1 de fevereiro de 1997,
registando-se como principais alterações a adoção do Código STCW e a exigência das Partes da
referida Convenção, serem obrigadas a fornecer à IMO informações detalhadas sobre as medidas
administrativas tomadas, para garantir o cumprimento da mesma Convenção. Com as emendas de
1995 à Convenção STCW, a IMO passou a ter, pela primeira vez, um papel de acompanhamento da
implementação, pelos Estados Parte, de um instrumento internacional.
STCW2010
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19
Em 25 de junho de 2010, na Conferência dos Estados Parte, realizada em Manila, foram aprovadas
alterações importantes à Convenção e ao Código STCW, alterações que foram designadas por
“Emendas de Manila”, e que consistem na introdução de medidas relativas à prevenção de práticas
fraudulentas em matéria de certificados, às normas médicas, à formação em matéria de proteção,
inclusive no que diz respeito a atos de pirataria e assaltos à mão armada, à formação em questões
relacionadas com a tecnologia, e a requisitos para os marítimos qualificados, estabelecendo novos
perfis profissionais, como o dos oficiais eletrotécnicos. As Emendas de Manila iniciaram o seu
processo de entrada em vigor em 1 de janeiro de 2012, tendo-se concluído a sua implementação em
31 de dezembro de 2016.
Estrutura da Convenção STCW
A Convenção STCW é constituída por um articulado e por um anexo. O articulado inclui 17 artigos os
quais abrangem, nomeadamente, os aspetos relativos às obrigações gerais, o procedimento de
adoção de emendas, a forma como um Estado pode tornar-se Parte à STCW, as condições de entrada
em vigor, etc. Inclui ainda um anexo onde constam as regras, as quais se encontram distribuídas por
8 capítulos. O Código STCW faz parte da Convenção e é incluído na mesma, através de dois anexos
com várias secções. As regras contidas na Convenção são suportadas pelas secções do Código
STCW. De um modo geral, a Convenção contém requisitos básicos que são desenvolvidos e
explicados no Código, estando o mesmo dividido nas partes A (anexo 1) e B (anexo 2).
A Parte A do Código é obrigatória. Os requisitos mínimos de competência exigidos aos marítimos são
apresentados em detalhe numa série de tabelas. O Capítulo II do Código, por exemplo, lida com as
normas relativas ao comandante e ao departamento de convés.
A Parte B do Código contém recomendações, que se destinam a ajudar as Partes a implementar a
Convenção. As medidas sugeridas não são obrigatórias e os exemplos apresentados destinam-se
apenas, a ilustrar como os requisitos da Convenção podem ser cumpridos. No entanto e em geral, as
recomendações representam uma abordagem que foi harmonizada, por debates no âmbito da IMO e
em consultas a outras organizações internacionais.
Aplicação da Convenção STCW
A Convenção aplica-se aos marítimos servindo a bordo de navios de mar, autorizados a operar sob
a bandeira de uma Parte (Estado para o qual a Convenção entrou em vigor), excetuando-se os que
servem a bordo de:
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20
(a) Navios de guerra, navios auxiliares ou outros navios de propriedade ou operados por um Estado,
desde que sejam utilizados somente em serviços governamentais não comerciais;
(b) Navios de pesca (nestes aplica-se a convenção STCW-F);
(c) Embarcações de recreio não empregadas em comércio; ou
(d) Embarcações de madeira de construção primitiva.
No âmbito da Convenção STCW, navio de mar é qualquer navio, com exclusão dos que navegam
exclusivamente em águas interiores ou em águas situadas no interior ou na proximidade de águas
abrigadas ou em zonas nas quais se apliquem regulamentos portuários. (Artigo II da Convenção
STCW).
Certificados STCW
Ao abrigo da Convenção STCW são emitidos dois tipos de certificados:
• Certificados de competência, são todos os certificados emitidos e autenticados exclusivamente a
comandantes, oficiais e operadores de rádio no sistema mundial de socorro e segurança marítima
(GMDSS), que completem um programa de ensino e formação aprovados, satisfazendo a respetiva
norma de competência especificada na Convenção STCW, nos termos do disposto nos capítulos II,
III, IV ou VII do anexo à Convenção STCW, que habilita o seu legítimo titular a ocupar o posto
especificado e a exercer, a bordo de um navio, as funções correspondentes ao nível de
responsabilidade nele especificado. Adicionalmente, os oficiais candidatos à emissão de um
certificado de competência, devem comprovar ter cumprido um serviço de mar, de período variável
consoante o grau de certificação.
• Certificados de qualificação, são todos os certificados que não sejam um certificado de competência
emitido a um marítimo, e que atesta o cumprimento dos requisitos relativos à formação, às
competências ou ao serviço de mar. Dada a sua especificidade, podem ser emitidos a qualquer
marítimo, incluindo oficiais e restantes membros da tripulação. Considera-se serviço de mar, o serviço
prestado a bordo de um navio, relevante para a emissão ou revalidação de um certificado de
competência, de um certificado de qualificação ou de outras qualificações.
Para obter um certificado STCW, é necessário participar e concluir com aprovação um programa de
ensino e de formação, recebendo o aluno uma certidão emitida pela instituição de ensino autorizada
a realizar os mesmos. O respetivo certificado de qualificação internacional, é obtido após
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21
apresentação da referida certidão nos serviços da DGRM (Direção Geral de Recursos Naturais,
Segurança e Serviços Marítimos), entidade responsável pela sua emissão e autenticação.
A título de exemplo, o certificado de qualificação “Segurança Básica” (Basic safety), também
conhecido por certificado BST, de acordo com a Convenção STCW regra VI/1; secção A-VI/1
parágrafos 2 a 4, é considerado obrigatório para todos os marítimos que desempenham uma função
relacionada com segurança, ou seja, todos os que trabalham nos navios de carga e praticamente
todos os que trabalham nos navios de cruzeiros. A participação no respetivo curso, tem por objetivo
fornecer os conhecimentos e treino necessários, para desempenhar funções básicas relacionadas
com a segurança a bordo de um navio. Após conclusão, os formandos terão desenvolvido
competências em sobrevivência no mar, prevenção e combate a incêndios a bordo, prestação de
primeiros socorros básicos, cumprimento com os procedimentos de emergência, prevenção da
poluição do meio ambiente, desempenho de funções de acordo com práticas seguras, compreensão
de ordens e capacidade de ser compreendido durante o desempenho das funções e contribuição para
o bom relacionamento interpessoal a bordo.
Legislação relacionada
Portugal aprovou a adesão à Convenção Internacional sobre Normas de Formação, Certificação e de
serviço de Quartos para os Marítimos de 1978 - Convenção STCW, 1978, através do Decreto do
Governo n.º 28/85, de 8 de agosto.
A União Europeia incorporou a Convenção STCW, pela primeira vez no seu direito, através da Diretiva
94/58/CE do Conselho, de 22 de novembro de 1994. A Diretiva n.º 2008/106/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 19 de novembro de 2008, reformulou as anteriores e a Diretiva
2012/35/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de novembro de 2012, alterou a Diretiva
2008/106/CE.
Portugal transpôs para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2012/35/UE, relativa à Convenção e
Código STCW, através do Decreto-Lei n.º 34/2015, de 4 de março, relativo ao nível mínimo de
formação de marítimos, procedendo à regulamentação da aplicação das Emendas de Manila.
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22
3.4 Convenção STCW-F para o setor das pescas
A Convenção STCW-F16, foi adotada pela IMO em 7 de julho de 1995 e entrou em vigor a nível
internacional em 29 de setembro de 2012.
Reconhecendo que esta Convenção contribui significativamente para promover no setor das pescas,
ao nível internacional, a segurança da vida humana e dos bens no mar, contribuindo assim também
para a proteção do meio marinho, foi publicada a Decisão (UE) 2015/79917 do Conselho, de 18 de
maio de 2015, que autorizou os Estados-Membros a tornarem-se parte na Convenção Internacional
da Organização Marítima Internacional sobre Normas de Formação, de Certificação e de Serviço de
Quartos para os Marítimos dos Navios de Pesca.
Portugal tornou público através do Aviso n.º 28/2017 que, em 23 de janeiro de 2017, a República
Portuguesa depositou o seu instrumento de ratificação da Convenção STCW-F. Em cumprimento do
n.º 3 do artigo 12.º da Convenção, esta entrou em vigor para a República Portuguesa no dia 23 de
abril de 2017 (3 meses após ratificação).
3.5 Convenção do Trabalho Marítimo, MLC 200618
A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho (ILO International Labour
Organization) adotou, em 7 de fevereiro de 2006, a Convenção do Trabalho Marítimo, 2006 (Maritime
Labour Convention), com o objetivo de criar um instrumento único, com todas as normas atualizadas
das Convenções e Recomendações internacionais existentes sobre Trabalho Marítimo, bem como
princípios fundamentais de outras convenções internacionais sobre trabalho.
A MLC 2006 regula os requisitos da idade mínima, certificado médico, formação e qualificações para
o trabalho a bordo de navios da marinha de comércio, condições de trabalho, tais como a celebração
do contrato de trabalho, remunerações, serviços de recrutamento e colocação de marítimos, duração
do trabalho ou do repouso, férias anuais, repatriamento, lotações de segurança, alojamento,
instalações de lazer, alimentação e serviço de mesa, proteção da saúde e cuidados médicos,
prevenção de acidentes, proteção em matéria de segurança social, queixas a bordo e pagamento de
16 Informação disponível em http://www.imo.org/en/OurWork/humanelement/pages/stcw-f-convention.aspx 17 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32015D0799 18 Informação disponível em http://www.ilo.org/global/standards/maritime-labour-convention/lang--en/index.htm
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23
retribuições. Acrescenta ainda que “navio designa qualquer embarcação que não navegue
exclusivamente em águas interiores ou em águas abrigadas ou nas suas imediações ou em zonas
onde se aplique uma regulamentação portuária.” (Artigo II alínea i)
Clarifica também o âmbito de aplicação da Convenção: “Salvo disposição expressa em contrário, a
presente Convenção aplica-se a todos os navios pertencentes a entidades públicas ou privadas
habitualmente afetos a atividades comerciais, com exceção dos navios afetos à pesca ou a atividade
análoga e das embarcações de construção tradicional como dhows e juncos. A presente Convenção
não se aplica nem a navios de guerra nem a unidades auxiliares da marinha de guerra.” (Artigo II
ponto 4).
3.6 Convenção sobre o Trabalho no Setor das Pescas, ILO 188
De acordo com o exposto no ponto anterior, a Convenção MLC 2006 excluiu o setor das pescas do
seu âmbito de aplicação. Para este setor, que inclui cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo,
a ILO adotou, em 14 de junho de 2007, a Convenção sobre o Trabalho no Setor das Pescas
(Convenção n.º 188 da ILO)19, tendo a mesma entrado em vigor em 16 de novembro de 2017, após
ratificação de 10 países. Esta Convenção tem como objetivo criar um instrumento único e coerente
para completar as normas internacionais em matéria de condições de vida e de trabalho no setor e
integra normas revistas e atualizadas de convenções e recomendações internacionais aplicáveis aos
pescadores, bem como os princípios fundamentais consagrados noutras convenções internacionais
do trabalho.
A União Europeia publicou a Diretiva (UE) 2017/15920 do Conselho , de 19 de dezembro de 2016,
que aplica o Acordo relativo à aplicação da Convenção sobre o Trabalho no Setor das Pescas, de
2007, da Organização Internacional do Trabalho, celebrado em 21 de maio de 2012 entre a
Confederação Geral das Cooperativas Agrícolas da União Europeia (Cogeca), a Federação Europeia
dos Trabalhadores dos Transportes (ETF) e a Associação das Organizações Nacionais das Empresas
de Pesca da União Europeia (Europêche), mas a mesma não entrou ainda em vigor.
Portugal não ratificou ainda esta importante Convenção. Não deixa de ser curioso notar, que alguns
países que integram a união Europeia já ratificaram a mesma, incluindo a França, Estónia e a Lituânia.
19 Informação disponível em http://www.ilo.org/global/about-the-ilo/newsroom/news/WCMS_596898/lang--en/index.htm 20 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32017L0159
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24
3.7 Inspeção pelo Estado do porto (PSC Port State Control)
A inspeção pelo Estado do porto constitui um sistema de procedimentos harmonizados de inspeção
de navios pelo Estado do porto, promovendo a redução drástica da presença e eventual eliminação,
nas águas sob jurisdição nacional dos países aderentes, de navios que não obedeçam às normas
aplicáveis no domínio da segurança marítima, da proteção do transporte marítimo, da proteção do
meio marinho e das condições de vida e de trabalho a bordo (designados navios sub-standard).
O primeiro Memorando de Entendimento acerca de Inspeção pelo Estado de Porto – o Paris MoU21 -
entrou em vigor em 1 de julho de 1982. Foi assinado em 1 de janeiro de 1982, pelas Autoridades
Marítimas de 14 países da Europa, incluindo Portugal. Hoje é composto por 27 países, incluindo a
Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Islândia,
Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia,
Federação Russa, Eslovénia, Espanha, Suécia e Reino Unido.
Anualmente, são realizadas mais de 18.000 inspeções a bordo de navios estrangeiros em portos do
MOU de Paris, assegurando que esses navios cumprem as normas internacionais, em termos de
segurança e padrões ambientais, e que os membros da tripulação beneficiam de adequadas
condições de vida e trabalho.
No total podem contabilizar-se atualmente 11 Memorandos de Entendimento regionais:
- Paris MoU (Estados costeiros europeus e bacia do Atlântico Norte)
- US Coast Guard Port State Control (EUA)
- Acuerdo de Viña del Mar (América Latina)
- Tokyo MoU (Ásia e Pacífico)
- Caribbean MoU (Mar das Caraíbas)
- Mediterranean MoU (Mar Mediterrâneo)
- Indian Ocean MoU ( Oceano Índico)
- Abuja MOU (África Central e Oeste)
- Black Sea MoU (Mar Negro)
- Riyadh MoU (Golfo Pérsico)
- Abuja MoU (África Ocidental e Central)
21 Sítio acessível em https://www.parismou.org/
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25
4. FORMAÇÃO NA EUROPA
4.1 Quadro Estratégico EF2020 da UE – Ensino e Formação 2020
O Quadro Estratégico Educação e Formação 202022 é o enquadramento para a cooperação em
educação e formação. Cada país da UE é responsável pelos seus próprios sistemas de educação e
formação. O papel da política da UE consiste em apoiar os esforços nacionais e ajudar a resolver
problemas comuns, como o envelhecimento da sociedade, a escassez de trabalhadores qualificados,
os avanços tecnológicos e a concorrência global.
O Educação e Formação 2020 constitui um fórum para o intercâmbio de boas práticas, aprendizagem
mútua, recolha e disseminação de informações e evidências sobre políticas que funcionam, bem
como o aconselhamento e apoio para a reforma de políticas.
Em 2009, o EF 2020 estabeleceu quatro objetivos comuns da UE para enfrentar os desafios no
domínio da educação e da formação até 2020:
- Tornar realidade a mobilidade e a aprendizagem ao longo da vida;
- Melhorar a qualidade e eficácia da educação e da formação;
- Promover a igualdade, a coesão social e a cidadania ativa;
- Incentivar a criatividade e a inovação, nomeadamente o empreendedorismo, em todos os níveis da
educação e da formação.
Foram definidas as seguintes metas de referência na área da educação para a UE até 2020:
- Garantir que, pelo menos, 95% das crianças (a partir dos 4 anos até ao início da escolaridade
obrigatória) frequentam o ensino pré-escolar;
- Reduzir para menos de 15% a percentagem de jovens de 15 anos com baixos níveis de
competências em leitura, matemática e ciências;
- Reduzir para menos de 10% a taxa de abandono do ensino escolar ou de atividades de formação
entre os jovens dos 18 aos 24 anos;
22 Informação disponível em http://ec.europa.eu/education/policy/strategic-framework_pt
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26
- Aumentar para, pelo menos, 40% a percentagem de pessoas com idades entre 30 e 34 anos que
concluíram uma formação de nível superior;
- Aumentar para, pelo menos, 15% a percentagem de adultos que participam em ações de
aprendizagem ao longo da vida;
- Aumentar para a percentagem dos licenciados e dos jovens entre os 18 e os 34 anos com uma
qualificação inicial de formação profissional que realizam um período de estudo ou de formação no
estrangeiro para, pelo menos, respetivamente, 20% e 6%;
- Garantir que, pelo menos, 82% das pessoas diplomadas entre os 20 e os 34 anos (no mínimo, com
um diploma do ensino secundário) encontram emprego no espaço de um a três anos após concluírem
os estudos.
4.2 Quadro Europeu de Qualificações
O Quadro Europeu de Qualificações QEQ é um quadro europeu de referência comum que permite
fazer corresponder os sistemas de qualificações de vários países, funcionando como um dispositivo
de conversão de modo a tornar as qualificações mais claras e compreensíveis entre diferentes países
e sistemas na Europa. Tem dois objetivos principais:
- Promover a mobilidade dos cidadãos entre países;
- Facilitar a sua aprendizagem ao longo da vida.
A Recomendação 2008/C111/01/CE23 do Parlamento Europeu e do Conselho, entrou formalmente
em vigor em abril de 2008. Fixou o ano de 2010 como a data recomendada até à qual os países
deviam referenciar os respetivos sistemas nacionais de qualificação e o QEQ, devendo assegurar
que, em 2012, os certificados de qualificações individuais incluíssem uma referência ao nível
correspondente do QEQ. A Recomendação 2008/C111/01/CE foi revogada em 2017 pela
Recomendação 2017/C189/0324 do Conselho.
O processo de referenciação do Quadro Nacional de Qualificações QNQ para o Ensino Superior em
Portugal ao QQ-EEES foi concluído em 2011. Foi igualmente concluído em 2011 o processo de
23 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=celex:32008H0506(01) 24 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX%3A32017H0615%2801%29
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
27
referenciação de todos os níveis do QNQ português aos níveis do QEQ. A Portaria n.º 782/200925 de
23 de julho regula o Quadro Nacional de Qualificações e define os descritores para a caracterização
dos níveis de qualificação nacionais. Encontra-se vigente.
4.3 Ensino e Formação Profissional
No âmbito do ensino e formação profissional, destaca-se o Processo de Copenhaga, de 2002, no
âmbito do qual os países europeus (nomeadamente, os países da UE) e as organizações sindicais e
patronais cooperam para melhorar a formação e o ensino profissionais. Desta cooperação resultaram
o sistema europeu de créditos e a rede de garantia da qualidade, que ajudam as pessoas a ir trabalhar
e estudar para o estrangeiro.
O Processo de Copenhaga é parte integrante do conjunto estratégico de regras em matéria de
Educação e Formação (EF 2020) e procura contribuir para a consecução dos objetivos relacionados
com a educação da estratégia Europa 2020.
Destaca-se o trabalho desenvolvido a nível europeu pelo Centro Europeu para o Desenvolvimento da
Formação Profissional26. O CEDEFOP é uma das agências descentralizadas da União Europeia.
Fundado em 1975 e com sede na Grécia desde 1995, apoia o desenvolvimento das políticas
europeias de ensino e formação profissionais (EFP) e contribui para a sua aplicação. A agência presta
assistência à Comissão Europeia, aos Estados‑Membros da UE e aos parceiros sociais na elaboração
das políticas europeias que são necessárias neste domínio.
4.4 Ensino Superior
No âmbito do ensino superior, destaca-se o Processo de Bolonha de 1999. A Declaração de Bolonha27
(19 de junho de 1999) - que desencadeou o denominado Processo de Bolonha - é um documento
conjunto assinado pelos Ministros da Educação de 29 países europeus, reunidos na cidade italiana
de Bolonha. O Processo de Bolonha, iniciado com a Declaração de Bolonha e avaliado a cada três
25 Informação disponível em https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-/search/493227/details/normal?q=Portaria+n.%C2%BA%20782/2009 26 Sítio acessível em http://www.cedefop.europa.eu/pt 27 Declaração acessível em http://www.aauab.pt/bolonha/declaracaobolonha.pdf
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28
anos em conferências ministeriais, visa introduzir um sistema mais comparável, compatível e coerente
para o ensino superior europeu.
O Processo de Bolonha tem por objetivo criar um sistema de graus académicos facilmente
reconhecíveis e comparáveis, promover a mobilidade dos estudantes, dos professores e dos
investigadores, bem como assegurar a elevada qualidade da aprendizagem e da docência.
O Processo de Bolonha inscreve-se nos objetivos do quadro de ensino e formação da UE e da
respetiva estratégia Europa 2020 para o crescimento e o emprego. O processo está a ser
implementado em 48 países que, juntamente com a Comissão Europeia, constituem os membros do
Processo de Bolonha. Estes 48 países definem a Área Europeia de Ensino Superior EEES28 (The
European Higher Education Area EHEA). O processo não é imposto aos governos nacionais nem às
universidades. Pelo contrário, é um compromisso voluntário e intergovernamental de cada país
signatário no sentido de reformar o seu próprio sistema de ensino.
28 Informação disponível em http://www.ehea.info/pid34250/members.html
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29
5. EMPREGO
5.1 Os números do Emprego na Europa
Um estudo realizado em 2006 pela empresa ECOTEC para Comissão Europeia, intitulado “An
exhaustive analysis of employment trends in all sectors related to sea or using sea resources”,
reportando-se a dados de 2004/2005, apresenta os seguintes resultados:
Europa – Emprego na economia do mar 2004/200529
SETOR DE ATIVIDADE Emprego
Nº empregados Emprego
%
Transporte Marítimo 303.000 6,4%
Construção e reparação naval 153.000 3,2%
Equipamento Marítimo 287.000 6%
Atividades portuárias 284.000 6%
Turismo costeiro e marítimo 2.800.000 58,8%
Pescas de captura industrial 421.000 8,8%
Náutica de recreio 253.000 5,3%
Serviços marítimos 88.000 1,8%
Trabalhos marítimos 40.000 0,8%
Petróleo e gás offshore 81.000 1,7%
Energia eólica offshore 48.000 1%
TOTAL 4.758.000 100%
29 Tabela construída a partir de dados disponíveis na publicação ECOTEC (2006) “An exhaustive analysis of employment trends in all sectors related to sea or using sea resources”, referenciada na bibliografia.
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30
Na Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu - COM (2012) 494 final30 - dedicada ao tema
“Crescimento Azul: Oportunidades para um crescimento marinho e marítimo sustentável”, é partilhada
a seguinte informação:
“Se contabilizarmos todas as atividades económicas que dependem do mar, a economia azul da UE
representa 5,4 milhões de empregos e um valor acrescentado bruto de quase 500 mil milhões de EUR
por ano. No total, 75 % do comércio externo da Europa e 37 % do comércio interno da UE são
efetuados por mar.”
“O subsetor do turismo marítimo e costeiro é atualmente a maior atividade económica marítima,
empregando 2,35 milhões de pessoas, o equivalente a 1,1% do emprego total na EU.”
“O setor dos navios de cruzeiro está também a aumentar: na Europa emprega cerca de 150 000
pessoas e gera um volume de negócios direto de 14,5 mil milhões de EUR.”
Para o caso específico do setor do turismo costeiro e marítimo, na Comunicação da Comissão ao
Parlamento Europeu - COM (2014) 86 final31 - dedicada ao tema “Uma estratégia europeia em prol
do crescimento e do emprego no setor do turismo costeiro e marítimo”, é partilhada a seguinte
informação:
“O turismo costeiro e marítimo é a maior atividade marítima da Europa, com uma ligação estreita a
muitos outros setores da economia. Emprega quase 3,2 milhões de pessoas, gerando um total de
183 mil milhões de EUR em valor acrescentado bruto, e representa mais de um terço da economia
marítima. Mais de quatro em cada nove dormidas em hotéis na UE registam-se nas zonas costeiras.
Em 2012, o setor dos cruzeiros turísticos gerou, só por si, 15,5 mil milhões de EUR de receitas diretas
e empregou 330 000 pessoas; os portos europeus receberam 29,3 milhões de visitantes, um aumento
de 75 % em relação a 2006.”
30 Comunicação disponível em http://ec.europa.eu/transparency/regdoc/rep/1/2012/PT/1-2012-494-PT-F1-1.Pdf 31 Comunicação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/TXT/?uri=COM:2014:0086:FIN
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31
5.2 Os números do Emprego em Portugal
Para ilustrar os números do emprego na Economia do Mar nacional, podemos utilizar a informação
desenvolvida pelo INE (Instituto Nacional de Estatística) na Conta Satélite do Mar. No entanto,
recomenda-se algum cuidado nas comparações com os números apresentados anteriormente, dado
que pode não existir coincidência temporal e não existe total harmonização na consideração e
classificação de atividades e metodologias.
Portugal – Conta Satélite do Mar - Emprego na economia do mar 2010/201332
SETOR DE ATIVIDADE 2010
Nº empregados
2011 Nº
empregados
2012 Nº
empregados
2013 Nº
empregados
1. Pesca, aquicultura, transformação e comercialização dos seus produtos
61.670 62.200 63.389 62.395
2. Recursos marinhos não vivos 2.419 2.740 2.442 1.729
3. Portos, transportes e logística 14.575 15.173 15.501 15.096
4. Recreio, desporto, cultura e turismo 46.201 46.803 45.396 45.401
5. Construção, manutenção e reparação navais
5.077 4.276 4.134 4.129
6. Equipamento marítimo 9.938 9.614 8.344 8.216
7. Infraestruturas e obras marítimas 3.033 2.673 3.426 2.267
8. Serviços marítimos 19.855 18.110 18.495 17.998
9. Novos usos e recursos do mar 132 105 59 56
Total da conta satélite do mar 162.901 144.766 161.184 157.286
Economia nacional 4.644.624 4.527.650 4.285.672 4.178.797
% Emprego no Mar relativamente à Economia nacional
3,51% 3,57% 3,76% 3,76%
32 Informação sobre a Conta Satélite do Mar disponível em https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=261965629&DESTAQUESmodo=2
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32
5.3 Estratégia do Transporte Marítimo 2009 - 2018
A Comunicação da Comissão COM (2009) 8 final33, tem por objetivo expor os objetivos estratégicos
principais que devem nortear o sector comunitário do transporte marítimo até 2018 e identificar os
domínios essenciais em que a intervenção da UE pode reforçar a competitividade do sector. Um dos
objetivos estratégicos e recomendações para o transporte marítimo da EU - política até 2018, inclui
os recursos humanos, competências e saber-fazer marítimos, estando expresso que:
“Nos últimos anos, o sector do transporte marítimo tem criado numerosos empregos directos e
indirectos. Cerca de 70% do emprego ligado ao transporte marítimo é altamente qualificado e
especializado, situando-se em terra. A crescente escassez de profissionais do mar, oficiais e
marítimos da mestrança e marinhagem, cria o risco de se perder a massa crítica de recursos humanos
que mantém a competitividade do sector marítimo comunitário em geral.”
Acrescenta ainda:
“A UE tem todo o interesse em promover a capacidade de atracção das profissões marítimas para os
europeus, através de iniciativas que envolvam, consoante adequado, a Comissão, os Estados-
Membros e o próprio sector. As iniciativas comunitárias deverão ter por objectivo:
– A adopção de medidas positivas que favoreçam as perspectivas de carreira nos clusters marítimos,
dando especial atenção à aquisição de competências e qualificações de elevado nível pelos oficiais
da UE, a fim de melhorar as suas perspectivas de emprego, e assegurando aos marítimos da
mestrança e marinhagem vias de progressão na carreira que lhes permitam chegar a oficiais.
– A melhoria da imagem do transporte marítimo e das carreiras marítimas, uma maior sensibilização
para as oportunidades de emprego, medidas para facilitar a mobilidade dos trabalhadores do sector
marítimo em toda a Europa e incentivo às boas práticas nas campanhas de promoção e recrutamento.
– O apoio ao trabalho da Organização Marítima Internacional (IMO) e da Organização Internacional
do Trabalho (OIT) em prol do tratamento equitativo dos marítimos, a fim de assegurar,
nomeadamente, que as directrizes para o tratamento dos marítimos em caso de acidente no mar,
abandono, lesões corporais ou morte, bem como as condições de licença para ir a terra, sejam
aplicadas de forma adequada na UE e em todo o mundo.
33 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:52009DC0008&from=en
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
33
– O seguimento a dar à Comunicação da Comissão sobre a reavaliação da legislação social na
perspectiva da criação de mais e melhores empregos nas profissões marítimas na UE.
– A promoção de uma melhor utilização das tecnologias da informação e das comunicações (TIC)
para melhorar a qualidade de vida no mar. Reforço da disponibilidade de comunicações em banda
larga por satélite em domínios como os cuidados de saúde a bordo, a aprendizagem à distância e as
comunicações pessoais.
– A aplicação de medidas de simplificação para reduzir a sobrecarga administrativa imposta aos
comandantes e oficiais superiores a bordo dos navios.”
E, relativamente ao nível de competência das tripulações, recomenda:
“A manutenção de níveis de formação elevados e da competência profissional das tripulações é
essencial para assegurar que as actividades de transporte marítimo correspondam às exigências de
segurança e respeito do ambiente. É, pois, importante que a UE e os seus Estados-Membros
proporcionem o quadro adequado para assegurar o ensino e a formação das tripulações, adoptando
medidas destinadas, nomeadamente, a:
– Assegurar o pleno cumprimento dos requisitos internacionais e comunitários decorrentes da
Convenção internacional sobre normas de formação, certificação e serviço de quartos para os
marítimos (STCW) por todos os países que emitem certificados de competência para os marítimos.
– Contribuir de forma substancial para a revisão da Convenção STCW, utilizando instrumentos
comunitários para assegurar a rápida entrada em vigor da convenção revista e a sua efectiva
aplicação e execução.
– Promover a cooperação entre as instituições de formação marítima europeias para actualizar as
competências dos marítimos e adaptar os requisitos às actuais condições do sector do transporte
marítimo (navios sofisticados, TIC, segurança).
– Trabalhar em parceria com as instituições de formação e o sector marítimo, instaurando “certificados
de excelência” (cursos náuticos europeus de pós-graduação) que possam ir além das exigências da
Convenção STCW. Nesse contexto, seria de considerar a criação de uma rede de centros de
excelência para a formação marítima na Europa (Academia Marítima Europeia).
– Introduzir, para a formação dos oficiais, um modelo de tipo “Erasmus” para o intercâmbio entre as
instituições de formação marítima dos Estados-Membros.
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
34
– Promover, em parceria com a indústria e, se necessário, recorrendo a incentivos, a criação de vagas
a bordo para estágio de praticantes durante os seus estudos nos institutos de formação da UE.”
5.4 Os Recursos Humanos Marítimos (Seafarers)
As pessoas que trabalham de forma permanente a bordo de navios de carga e de passageiros, e que
seguem carreiras marítimas normalmente regulamentadas, vulgarmente designados Seafarers, numa
indústria conhecida como Shipping, têm merecido um estudo atento por parte de várias entidades.
Efetivamente, as condições particulares de trabalho destas pessoas, em espaços confinados, com
forte exposição a riscos da natureza, longe da família por longos períodos de tempo e com
comunicações limitadas, têm levado a algum abandono do setor. Regista-se já escassez de recursos
humanos qualificados neste setor de atividade, situação que tem tendência para se agravar no futuro,
preocupando muitas companhias e países que dependem fortemente da indústria do transporte
marítimo, como por exemplo o Reino Unido.
Segundo os números publicados34 em 2015 pela ICS (International Chamber of Shipping), e
suportados pela BIMCO (Baltic & International Maritime Council), estima-se que os recursos humanos
que serviam em navios comerciais de comércio internacional, atingia o total de 1.647.500 marítimos,
incluindo 774.000 oficiais e 873.500 não oficiais (mestrança e marinhagem). A China, as Filipinas, a
Indonésia, a Federação Russa e a Ucrânia foram identificados como os cinco maiores países de
origem dos marítimos (oficiais e não oficiais). As Filipinas foi o país identificado como o maior
fornecedor de não oficiais, seguido pela China, Indonésia, Federação Russa e Ucrânia. A China é o
maior fornecedor de oficiais, seguido pelas Filipinas, Índia, Indonésia e Federação Russa. De acordo
com esta instituição, as perspetivas futuras indicam que a indústria do transporte marítimo e os
stakeholders não devem esperar que exista um abundante fornecimento de marítimos qualificados e
competentes, se não forem realizados esforços concertados e implementadas medidas para abordar
questões-chave relativas aos recursos humanos, através da promoção de carreiras no mar, da
melhoria do ensino e formação marítima em todo o mundo, tendo em vista a retenção de marítimos.
Num relatório publicado em maio de 2016, intitulado “Manpower Report” e publicado conjuntamente
pela BIMCO (Baltic & International Maritime Council) e pela ICS, a situação da mão de obra global na
indústria do transporte marítimo é analisada de forma abrangente, no período de 2010 a 2015. Entre
34 Informação disponível em http://www.ics-shipping.org/shipping-facts/shipping-and-world-trade/global-supply-and-demand-for-seafarers
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
35
as principais conclusões deste relatório, destacam-se a existência em 2016 de um défice de cerca de
16.500 oficiais da marinha mercante, e a necessidade de 147.500 oficiais até 2025, para dar resposta
às necessidades de recursos humanos da frota comercial mundial. No entanto, o relatório estimou
que, em 2016, existia um excesso de oferta de cerca de 119.000 marítimos não oficiais (mestrança e
marinhagem), revelando que, cada vez mais, a indústria do transporte marítimo procura recursos
humanos altamente qualificados. Peter Hinchliffe, secretário-geral do ICS comentou o relatório: "Sem
esforços contínuos para promover as carreiras no mar e melhorar os níveis de recrutamento e de
retenção, o relatório sugere que não se pode garantir que haverá uma abundante oferta de marítimos
no futuro".
Um outro estudo intitulado “Current Challenges in the Recruitment and Retention of Seafarers: An
Industry Perspective from Vietnam”, publicado pelo The Asian Journal of Shipping and Logistics, em
agosto de 2014, conclui que:
“A escassez de marítimos (especialmente os oficiais dos navios) já foi identificada como uma questão
global que pode agravar-se no futuro imediato. Assim, é necessário prestar uma atenção cada vez
maior aos problemas que dificultam o recrutamento e a retenção efetiva dos marítimos, a fim de
estabilizar o fluxo de mão-de-obra qualificada para o setor marítimo global. No que diz respeito ao
recrutamento, verificou-se que a baixa qualidade dos recursos humanos graduados e dos marítimos
experientes, bem como a falta de executivos competentes nas empresas em terra, são questões
pertinentes que precisam ser abordadas pelos empregadores... Em termos de retenção, as condições
de trabalho e de vida precárias a bordo dos navios, são um fator chave que deve ser atendido para
melhorar a retenção entre os marítimos. Este estudo recomenda o desenvolvimento de estratégias
efetivas de recursos humanos pelas empresas de transporte marítimo…a fim de melhorar as taxas
de recrutamento e de retenção.”
Um estudo realizado em maio de 2011 pelo consultor Guy Sulpice para a Comissão Europeia, e
intitulado “Study on EU seafarers employment”, revelou que, em 2010, se contabilizavam na União
Europeia e Noruega, um total de 254.119 marítimos (seafarers), 143.967 oficiais e 110.152 não
oficiais (mestrança e marinhagem). Tendo em conta que em 2010 foram contabilizados 1.371.000
marítimos em todo o mundo, a União Europeia e a Noruega tinham nesta data 18,5% da força de
trabalho global. Curiosamente, Portugal é apresentado no estudo com um total de 2.221 marítimos,
419 oficiais e 1802 não oficiais.
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
36
Segundo um relatório intitulado “Seafarer's Statistic in the UE – Statistical review 2015”, realizado pela
EMSA - Agência Europeia de Segurança Marítima e publicado na plataforma STCW-IS35,
quantificando e caracterizando os marítimos europeus (seafarers), contabilizou 189.225 oficiais com
certificados de competência válidos, dos quais 97,85% são homens e 2,5% são mulheres.
5.5 Mulheres a bordo
A UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development esclarece, no seu relatório anual
intitulado “Review of Maritime Transport 2017” que “O negócio do transporte marítimo - tanto nos
navios como em terra – é um setor tradicionalmente dominado pelos homens. No mar, apenas 1%
dos marítimos são mulheres. Em terra, as mulheres detêm 55% das posições marítimas mundiais de
nível júnior, em comparação com 9% dos cargos de nível executivo.”
Se tivermos em conta o número total de marítimos a bordo de navios apresentado previamente –
1.647.500 – concluímos que podemos considerar que apenas 16.500 mulheres trabalhavam a bordo
de navios em 2015. Quais as razões para esta situação?
Além dos fatores característicos do trabalho a bordo de navios, comuns para homens e mulheres, o
género feminino é mais sensível a questões de saúde. De acordo com a publicação da UNCTAD, a
IMHA (International Maritime Health Association)36 e os seus parceiros realizaram uma pesquisa
sobre as necessidades de saúde e bem-estar das mulheres marítimas. De acordo com a pesquisa,
os principais desafios de saúde para as mulheres foram a dor nas costas e nas articulações
(particularmente em navios de passageiros em serviços de restaurante e de alojamentos, menos em
navios de carga), stress, depressão, ansiedade, obesidade e períodos menstruais pesados ou
dolorosos. O assédio sexual foi também reportado como um problema e um desafio para as mulheres.
Também de acordo com a publicação da UNCTAD, a WISTA (Women’s International Shipping and
Trading Association)37, sugere que a implementação de medidas independentes do género, tais como
a continuidade contratual e incentivos de longo prazo, políticas de portas abertas na cultura das
empresas, melhores acomodações a bordo e a facilitação da comunicação entre os marítimos e as
suas famílias, podem ajudar a melhorar as taxas de retenção.
35 Sítio acessível em https://portal.emsa.europa.eu/web/stcw/documents 36 Sítio em http://www.imha.net/ 37 Sítio em http://www.wista.net/
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
37
Ao promover o emprego das mulheres a bordo de navios, as empresas marítimas podem não só
ajudar a superar a escassez de oferta de mão-de-obra, mas também contribuir para alcançar os
principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nomeadamente o ponto 5 – Igualdade
de género38.
6. MOBILIDADE
6.1 Espaço Schengen - Controlos nas fronteiras externas
Criado em 1985, o espaço Schengen39 é um dos maiores feitos da UE. Trata-se de um espaço sem
fronteiras internas no interior do qual os cidadãos europeus e muitos nacionais de países que não
pertencem à UE podem circular livremente, em turismo ou por motivos de trabalho, sem serem
sujeitos a controlos fronteiriços. Os cidadãos da UE não necessitam de passaporte para viajar dentro
do espaço Schengen. O espaço Schengen engloba, atualmente, 26 países (quase todos os países
da UE e alguns países associados):
- Todos os países da UE, com exceção do Reino Unido, da Irlanda, da Bulgária, da Roménia, de
Chipre e da Croácia;
- A Islândia, o Liechtenstein, a Noruega e a Suíça.
Os países Schengen já não realizam controlos nas suas fronteiras internas, mas em contrapartida
reforçaram os controlos nas suas fronteiras externas. Para garantir a segurança dentro do espaço
Schengen, estes países também têm de intensificar a cooperação policial, em especial através da
perseguição e da vigilância contínua de suspeitos que circulem entre os vários países.
O Sistema de Informação de Schengen40 permite às autoridades policiais, aduaneiras e de controlo
das fronteiras nacionais divulgar alertas sobre pessoas procuradas ou desaparecidas ou sobre
veículos e documentos roubados.
6.2 Sistema de reconhecimento de qualificações profissionais
38 Informação disponível em https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/ 39 Informação disponível em https://europa.eu/european-union/about-eu/countries_pt#membros_do_espa%C3%A7o_schengen 40 Informação disponível em https://europa.eu/european-union/topics/single-market_pt
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
38
A União Europeia reconhece que as regras de reconhecimento das qualificações profissionais têm de
ser simplificadas para os trabalhadores qualificados, por forma a que possam encontrar mais
facilmente um emprego noutro país da EU.
Neste sentido, a Diretiva 2005/36/CE41 cria um sistema de reconhecimento das qualificações
profissionais na União Europeia (UE), que também abrange, em determinadas condições, os outros
países do Espaço Económico Europeu (EEE) e a Suíça. Tem por objetivo tornar os mercados de
trabalho mais flexíveis, prosseguir a liberalização dos serviços, incentivar o reconhecimento
automático das qualificações e simplificar os procedimentos administrativos. A Directiva 2005/36/CE
é aplicável às profissões marítimas abrangidas pela mesma. Esta Directiva contribui para promover o
cumprimento das obrigações do Tratado, suprimindo os entraves à livre circulação de pessoas e
serviços entre os Estados-Membros.
A Diretiva 2013/55/UE42 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de novembro de 2013, altera
a Diretiva 2005/36/CE relativa ao reconhecimento das qualificações profissionais, e o Regulamento
(UE) 1024/2012 relativo à cooperação administrativa através do Sistema de Informação do Mercado
Interno43 (Regulamento IMI).
Carteira profissional europeia (CPE)44
A diretiva 2013/55/UE previu a criação de uma carteira profissional europeia. Esta permite que os
cidadãos interessados obtenham o reconhecimento das suas qualificações de uma forma mais
simples e rápida, através de um procedimento eletrónico normalizado. A carteira baseia-se na
utilização do Sistema de Informação do Mercado Interno (IMI) e é emitida sob a forma de um
certificado eletrónico. A CPE foi implementada inicialmente para os enfermeiros responsáveis por
cuidados gerais, fisioterapeutas, farmacêuticos, guias de montanha e agentes imobiliários.
Sistema Europeu de Créditos do Ensino e Formação Profissionais
A diversidade dos sistemas nacionais que definem os níveis e os conteúdos de qualificação não
propicia a mobilidade transnacional dos formandos. O Sistema Europeu de Créditos do Ensino e
Formação Profissionais ECVET45 obvia a esta situação, facilitando a mobilidade dos estudantes
através de toda a Europa. O ECVET descreve as qualificações em termos de unidades de resultados
41 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/?uri=CELEX:32005L0036 42 Informação disponível em http://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/ALL/?uri=celex:32013L0055 43 Informação disponível em http://ec.europa.eu/internal_market/imi-net/index_pt.htm 44 Informação disponível em https://europa.eu/youreurope/citizens/work/professional-qualifications/index_pt.htm 45 Informação disponível em http://ec.europa.eu/education/policy/vocational-policy/ecvet_pt
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
39
de aprendizagem com pontos ou créditos associados, num sistema de acumulação, capitalização e
transferência de unidades, concebido para o ensino e a formação profissionais na Europa.
O Sistema Europeu de Créditos do Ensino e Formação Profissionais (ECVET) tem como objetivo:
- Facilitar a validação e o reconhecimento das competências e conhecimentos profissionais adquiridos
em diferentes países e sistemas, para que possam ser tomados em conta como qualificações
profissionais;
- Tornar mais atrativa a mobilidade entre países e ambientes de aprendizagem diferentes;
- Reforçar a compatibilidade entre os diversos sistemas de ensino e formação profissionais existentes
na Europa e as qualificações que estes oferecem;
- Melhorar a empregabilidade das pessoas que tenham concluído um curso ou formação profissional
e reforçar a confiança dos empregadores nos conhecimentos e competências específicos exigidos.
Quadro de Referência Europeu de Garantia de Qualidade
O Quadro de Referência Europeu de Garantia de Qualidade EQAVET46 faz parte de uma série de
iniciativas destinadas a incentivar a mobilidade profissional. Ajuda os países a promover e
acompanhar as melhorias dos seus sistemas de ensino e formação profissionais. O EQAVET é uma
«caixa de ferramentas» com referências europeias comuns, que podem ser utilizadas de forma
voluntária pelas autoridades nacionais. Pretende contribuir para a modernização do sistema de ensino
e formação, melhorando a articulação entre o ensino, a formação e o emprego.
Constitui assim um instrumento e referência destinado a ajudar os países europeus a promover e
monitorizar o aperfeiçoamento contínuo dos seus sistemas de ensino e formação profissionais com
base em referências comuns. Este quadro tem por objetivo não só contribuir para a melhoria da
qualidade no âmbito do ensino e formação profissionais, mas também, ao reforçar a confiança mútua
nos respetivos sistemas de ensino e formação profissionais, permitir que os países aceitem e
reconheçam as competências e aptidões obtidas em países diferentes e em diversos contextos de
aprendizagem. As medidas neste domínio incluem:
- O estabelecimento de pontos de referência nacionais para a garantia da qualidade;
- A participação ativa na correspondente rede europeia;
46 Informação disponível em http://ec.europa.eu/education/policy/vocational-policy/eqavet_pt
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
40
- O desenvolvimento de uma estratégia nacional com o objetivo de melhorar os sistemas de garantia
da qualidade e utilizar o quadro da melhor forma possível.
O EQAVET é um sistema voluntário destinado às autoridades públicas e a outros organismos
envolvidos na garantia da qualidade.
6.3 O programa Erasmus
Erasmus 1987 a 2014
O programa Erasmus47 foi criado em 1987 como um programa de intercâmbio de estudantes do
ensino superior. Desde o primeiro ano, em que 3 200 estudantes provenientes de 11 países europeus
(Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Grécia, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha e
Reino Unido) participaram, o programa tem vindo a evoluir constantemente. O programa deve o seu
nome ao filósofo holandês Erasmo de Roterdão (em neerlandês, Erasmus), conhecido oponente do
dogmatismo, que viveu e trabalhou em vários locais da Europa para expandir o seu conhecimento e
ganhar novos conhecimentos, e que deixou a sua fortuna à Universidade de Basileia.
ERASMUS é, também, uma sigla para European Region Action Scheme for the Mobility of University
Students. Também conhecido, informalmente, por ORGASMUS.
Erasmus+ 2014 a 2020
O Erasmus+ é o programa da UE para a educação, formação, juventude e desporto. O programa
Erasmus+ tem como objetivo contribuir para a Estratégia Europa 2020 para o crescimento, o emprego
e a equidade e a inclusão sociais, bem como para o quadro estratégico da UE em matéria de
educação e formação EF2020. O seu orçamento de 14,7 milhões de euros dará a mais de 4 milhões
de europeus oportunidades de estudo, formação, aquisição de experiência e voluntariado no
estrangeiro.
O programa Erasmus+, que se prolonga até 2020, não oferece apenas oportunidades aos estudantes.
Com efeito, resultante da fusão de sete programas anteriores, este programa alarga as oportunidades
a uma grande variedade de pessoas e organizações.
47 Informação disponível em http://ec.europa.eu/programmes/erasmus-plus/node_pt
________________________________________FORMAÇÃO, EMPREGO E MOBILIDADE PROFISSIONAL NO SETOR MARÍTIMO
41
7. CONCLUSÕES
Em termos de formação, emprego e mobilidade das pessoas, a União Europeia tem promovido a
substituição de “portagens e portageiros”, por uma eficaz “via verde”. Para entender em profundidade
o trabalho desenvolvido, é necessário promover uma análise atenta e detalhada, aos resultados
alcançados pelas suas várias agências e departamentos especializados.
A conceito de uma Europa unida passa, atualmente e assim como já ocorreu no passado, por uma
fase complexa. A principal razão encontra-se na ausência de liderança com a dimensão e a isenção
necessária. Por outro lado, apesar de muitas estratégias e projetos, muitos setores sentem-se
“perdidos”, escasseando os alinhamentos necessários.
A razão para muito euroceticismo, reside na falta de interesse pelos temas comunitários e
relacionados com a vida em sociedade, fruto de um elevado desgaste das populações, efeito da
corrupção e do baixo nível de muitos políticos. Para compensar este facto, todos os cidadãos
europeus deviam ter conhecimento das 60 boas razões para a existência da UE48.
Em termos de Direito Europeu, e especificamente de Direito Marítimo, a Europa tem provado exigir
aos países membros e às respetivas empresas, muito mais que os países dos mercados externos,
criando assim algumas dificuldades em termos de competitividade. Porém, visto por outro prisma,
pretende-se implementar uma visão de futuro, melhor e sustentável, pelo que, a maior parte das
vezes, existe sentido nas opções tomadas.
Permito-me apresentar a última conclusão, convidando a duas reflexões:
- Completei 20 anos em 1984. Portugal aderiu à CEE em 1986. O meu mundo, em termos de
mobilidade geográfica e de oportunidades, era infinitamente mais pequeno.
- Em termos de formação, emprego e mobilidade profissional, como estaria Portugal sem a
integração na União Europeia?
48 Informação disponível em https://publications.europa.eu/pt/web/general-publications/60-good-reasons-for-the-eu
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42
8. BIBLIOGRAFIA
COMISSÃO EUROPEIA – A Europa em 12 lições [Em linha]. Bruxelas: Comissão Europeia, 2016
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43
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44
9. ANEXOS
CONVENÇÃO STCW
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45
CONVENÇÃO STCW-F
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CONVENÇÃO MLC 2006
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10. INDICE GERAL
DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ANTI-PLÁGIO ......................................................................... iii
MODO DE CITAR E OUTRAS CONVENÇÕES .................................................................................. iv
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................................. v
RESUMO ...................................................................................................................................... vii
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 1
1.1 Caracterização dos recursos humanos do setor marítimo ...................................................... 2
1.2 Qualificações no setor marítimo ............................................................................................ 3
2. A VISÃO DA EUROPA ................................................................................................................. 5
2.1 A visão da Europa Unida e a Declaração de Schuman ........................................................... 5
2.2 Do Tratado de Paris ao Tratado de Lisboa ............................................................................. 6
2.3 Estratégia Europa 2020 ....................................................................................................... 14
3. A REGULAÇÃO INTERNACIONAL ............................................................................................. 15
3.1 IMO - International Maritime Organization ............................................................................ 16
3.2 DGRM - Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos .................... 17
3.3 Convenção STCW ............................................................................................................... 17
3.4 Convenção STCW-F para o setor das pescas....................................................................... 22
3.5 Convenção do Trabalho Marítimo, MLC 2006 ....................................................................... 22
3.6 Convenção sobre o Trabalho no Setor das Pescas, ILO 188 ................................................. 23
3.7 Inspeção pelo Estado do porto (PSC Port State Control) ...................................................... 24
4. FORMAÇÃO NA EUROPA ......................................................................................................... 25
4.1 Quadro Estratégico EF2020 da UE – Ensino e Formação 2020 ............................................. 25
4.2 Quadro Europeu de Qualificações ....................................................................................... 26
4.3 Ensino e Formação Profissional .......................................................................................... 27
4.4 Ensino Superior .................................................................................................................. 27
5. EMPREGO ................................................................................................................................ 29
5.1 Os números do Emprego na Europa .................................................................................... 29
5.2 Os números do Emprego em Portugal ................................................................................. 31
5.3 Estratégia do Transporte Marítimo 2009 - 2018 .................................................................... 32
5.4 Os Recursos Humanos Marítimos (Seafarers) ...................................................................... 34
5.5 Mulheres a bordo ................................................................................................................ 36
6. MOBILIDADE ............................................................................................................................ 37
6.1 Espaço Schengen - Controlos nas fronteiras externas ......................................................... 37
6.2 Sistema de reconhecimento de qualificações profissionais ................................................. 37
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48
6.3 O programa Erasmus .......................................................................................................... 40
7. CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 41
8. BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 42
9. ANEXOS ................................................................................................................................... 44