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FORMATION PERSONNEL ET SOCIAL EN KARL ROGERS PAULO FREIRE - Prof.Dr. Paulo Gomes Lima
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A FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL EM ROGERS E PAULO FREIRE
PROF.DR. PAULO GOMES [email protected]
1. A formação individual e social em Carl Rogers
A form
O psicólogo norte-americano Carl Ransom Rogers nasceu em 1902 em
Chicago. Conclui a graduação em História pela Universidade de Chicago em 1924.
Doutorou-se em 1931 em Psicologia Educacional no Teacher’s College da
Universidade de Columbia em New York, especializando-se na área de problemas
infantis. Dedicou-se a posteriori à psicologia clínica, aconselhamento e estudo da
pessoa. Dentre as principais obras de Rogers estão “Liberdade para aprender”
(1969), “Tornar-se pessoa”(1978) Rogers tem como linha direcional a abordagem
humanística, considerando o aluno como pessoa e desta forma como um todo que
não pode ser reduzido ao comportamentalismo de um lado, à dimensão afetiva, à
linha cognitivista. Assim a educação defendida por Rogers visa a aprendizagem da
“pessoa inteira” (englobando as outras abordagens no seu conjunto). Esta
aprendizagem ele chama de significante orientada por “princípios de aprendizagem”.
De base existencialista, tendo a fenomenologia como método científico,
Rogers crê que a existência precede a essência, primeiro o indivíduo é, depois
conhece o mundo que está em processo de mudança. O campo perceptual do
indivíduo para Rogers é sua realidade, onde o indivíduo constrói a sua
aprendizagem em contado com o outro, esta centrada em pelo menos dez
princípios, conforme enumera Moreira (1999):
1. Seres humanos tem uma potencialidade natural para aprender.
2. A aprendizagem significante1 ocorre quando a matéria de ensino é percebida
pelo aluno como relevante para seus próprios objetivos.
3. A aprendizagem que envolve mudança na organização do eu – na
percepção de si mesmo – é ameaçadora e tende a suscitar resistência
4. As aprendizagens que ameaçam o eu são mais facilmente percebidas e
assimiladas quando as ameaças externas se reduzem a um mínimo.
1 Tem o sentido de “significado para a pessoa”, portanto não se confunde com a “aprendizagem significativa” de Ausubel que tem sentido cognitivo.
PROF.DR. PAULO GOMES LIMA – FUND. HIST. E FILOS. DA EDUCAÇÃO 2009
5. Quando é pequena a ameaça ao eu, pode-se perceber a experiência de
maneira diferenciada e a aprendizagem pode prosseguir.
6. Grande parte da aprendizagem significante é adquirida através de atos.
7. A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa responsavelmente do
processo de aprendizagem.
8. A aprendizagem auto-iniciada que envolve a pessoa do aprendiz como um
todo – sentimentos e intelecto – é mais duradoura e abrangente
9. A independência, a criatividade e a autoconfiança são todas facilitadas,
quando a autocrítica e a auto-avaliação são básicas e a avaliação feita por
outros é de importância secundária.
10. A aprendizagem socialmente mais útil, no mundo moderno, é a do próprio
processo de aprender, uma contínua abertura à experiência e á incorporação,
dentro de si mesmo, do processo de mudança.
Para Rogers o objetivo do processo educacional deve ser o de ajudar o homem
a aprender a aprender, no sentido de estar sempre em busca do conhecimento. Ele
se torna sujeito de sua trajetória, de sua história auxiliada por um facilitador que
passa a ser o professor; ele se torna pessoa em contato com os demais atores
sociais. Nesta dimensão relacional que aprende e se desenvolve. A pedagogia
rogeriana é não-diretiva, isto é, o aluno não aprende por uma intencionalidade
programável do professor, mas por sua interação com a realidade, onde o professor
prima por ser um facilitar, desenvolvendo como parte de sua ação as qualidades
que facilitam a aprendizagem: a) autenticidade no facilitador da aprendizagem (o
professor deve despojar-se de qualquer máscara para desenvolver o seu processo
de facilitador da aprendizagem), b) prezar, aceitar, confiar (estima pelo aluno e pelo
seu processo de aquisição da aprendizagem), c) compreensão empática (faz com
que o aluno se sinta compreendido). Portanto, o aluno se torna pessoa no espaço
social com outras pessoas.
2
2. A formação individual e social em Paulo Freire
A grande contribuição de Paulo Freire centra-se na educação como
prática da liberdade, tomando a conscientização como mola propulsora da
realidade social, da realidade do ato de ensinar, uma vez que:
A conscientização implica, pois que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica. A conscientização é, nesse sentido, um teste de realidade. Quanto mais conscientização, mais se ‘des-vela’ a realidade, mais se penetra na essência fenomênica do objeto, frente ao qual nos encontramos para analisá-lo. Por esta mesma razão, a conscientização não consiste em ‘estar frente à realidade’ assumindo uma posição falsamente intelectual. A conscientização não pode existir fora da práxis’, ou melhor, sem o ato ação-reflexão. Esta unidade dialética constitui, de maneira permanente, o modo de ser ou transformar o mundo que caracteriza o homem. (Freire, 1980, p. 26)
Do ponto de vista pessoal na perspectiva freireana os indivíduos são
sujeitos ativos na construção de sua própria realidade e, portanto de sua
identidade social. Ele interage, constrói e reelabora porque historicamente
situado. Assim, a sua formação de sua individualidade, enquanto formação da
pessoa não ocorre separadamente da influência do seu grupo social. Do ponto
de vista do desenvolvimento do indivíduo, a educação o transforma, ou seja, na
medida em que convive e que ocorre o seu amadurecimento de ordem física,
intelectual e moral vai formando sua identidade pessoal e construindo suas
competências e habilidades que lhe possibilitarão a aquisição de
conhecimentos, bem como os posicionamentos frente ao conhecimento do
mundo que se propõe. Neste sentido a educação pode ser entendida como a
passagem de um estado para o outro, mediada pelo desenvolvimento orgânico
do indivíduo, as intervenções e solicitações do meio em que vive à medida que
ocorre o processo de ensino-aprendizagem em qualquer âmbito.
Em relação a formação social vale dizer que em Freire (1980, 1992,
1997) a educação é o instrumento que vai formar e constituir a consciência do
indivíduo na ação comunicativa entre si e o outro. Esta ação é o vetor da
construção de normas e convenções dos valores acordados e das formas
legítimas de interferências nas regularidades ou irregularidades do objeto social
em todas as instâncias: desde os valores do núcleo familiar, de uma
grupamento de profissões, de grupos étnicos ou mesmo da organização de um
Estado, pois a educação é entendida como um ato político.
PLANO DE AULA
1. TEMAEstudo sobre as aproximações e distanciamentos entre as perspectivas educacionais
de Carl Rogers e Paulo Freire
2. PROBLEMATIZAÇÃO:- Do ponto de vista educacional (individual e social) – quais são as contribuições do
pensamento pedagógico de Carl Rogers e Paulo Freire ?
- Tais contribuições são atuais para a educação contemporâne ?
3. TEXTOS BASE
1) FREIRE, Paulo. Conscientização, teoria e prática da libertação: uma
introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 1980.
2) MOREIRA, M. A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
4. OBJETIVOSa) Identificar as contribuições e área de atuação de dois estudiosos do fenômeno
educacional situando sua ênfase pessoal e social no desenvolvimento do processo
ensino-parendizagem do indivíduo;
b) Comparar as aproximações e distanciamentos de Rogers e Freire no campo
educacional e atualidade ou não de suas contribuições.
5. METODOLOGIA- Utilização de dinâmica de grupo – Interação coletiva;
- Organização da classe em pequenos grupos para estudo do texto
- Aula dialogada explorando o entendimento do material disponibilizado para a classe.
6. RECURSOS- Como elemento motivador utilizaremos a leitura dos textos acima discorridos.
- Em seguida os alunos organizados em pequenos grupos deverão destacar no texto
previamente disponibilizado – as aproximações e distanciamentos das idéias dos dois
autores, retomando o entendimento trabalhado na dinâmica.
- No momento final o professor deverá listar de forma sistemática, por meio de
transparências, slides ou papel manilha os encadeamentos dos pensadores destacados
e por meio de argüições, discriminar as contribuições e/ou fragilidades para o
entendimento do homem contemporâneo.
7. BIBLIOGRAFIA
FREIRE, Paulo Pedagogia da esperança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo. Conscientização, teoria e prática da libertação: uma
introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 1980.
FREIRE, Paulo. Política e educação. São Paulo: Cortez, 1997.
MOREIRA, M. A. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 1999.
2ª ETAPA
QUAL O PAPEL PREDOMINANTE NA A EDUCAÇÃO NA ÉPOCA ATUAL ?
A educação não é um fenômeno neutro, pois ao tempo que
instrumentaliza o indivíduo com o savoir-faire (saber –fazer), contribui para a
formação de sua visão de mundo, quer para a sua conformação, quer para a
transformação da realidade do mundo e do homem. Ao educador não cabe o
conformar-se “naturalmente” com as contingências historicamente dadas sem
reflexão da própria finalidade da escola e da educação no contexto social.
Nesse contexto pontuado, a educação assume a tarefa social de
despertar no homem a consciência de si e do outro no mundo, contribuindo, de
forma relevante, para o seu crescimento formativo e informativo, favorecendo o
seu exercício ativo em todos os processos de sua história (e implicações
advinda desses). Consequentemente, ela pode desfazer as tramas
reducionistas dessa realidade histórica (que é sobretudo vivida), considerando
o seu universo relacional, que possui essencialmente um caráter
multidimensional e cuja finalidade maior é a de elevar o homem à categoria de
sujeito de sua própria história em construção, mediatizada pela compreensão,
interpretação e crítica (essas sempre em processo) de sua realidade
(envolvendo aqui toda a valoração do homem em sua totalidade: social,
política, econômica, mas acima de tudo do homem como homem, propriamente
dito).
Essa promoção do homem como ser social adquire, como diz Freire
(1980, p.34), um caráter libertador, sendo um ato de conhecimento, uma
apropriação legítima da realidade que considera “a vocação ontológica do
homem – vocação de ser sujeito – e as condições em que ele vive: em tal lugar
exato, em tal momento, em tal contexto”. Neste sentido, a educação não pode
ser dissociada de um posicionamento político pelo professor, que como sujeito
recorrente apropria-se dos fundamentos epistemológicos, articulando-os de
forma reflexiva à realidade, sem fragmentações crescendo junto com o sujeito
cognoscente, de forma solidária e cidadã. O professor não apenas ensina a
aprender, mas aprende a ensinar com seus alunos, com outros professores,
com as situações vivenciadas, discutidas com perguntas e respostas advindas
de situações problematizadoras diversas, enfim, aprende com a socialização
dos saberes e tal disposição deve ser o ponto central de sua prática cotidiana.
Portanto, o professor, como agente facilitador do processo ensino-
aprendizagem desperta e viabiliza o despertamento dos sujeitos participantes
deste processo, possibilitando através de sua prática, a efetuação de
inovadoras leituras de mundo e contribuições significativas de vida e para a
vida. A educação certamente não chegou a este patamar, pois as
desigualdades sociais ainda persistem e a sua meta é a superação de
referenciais ultrapassados que alijam o homem de ser construtor de sua
realidade social.
Referências
FREIRE, Paulo. Conscientização, teoria e prática da libertação: uma
introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Moraes, 1980.