40
I UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Fernando Augusto Fernandes Corrêa Orientador:Prof. Dr. Edmar Soares Nicolau GOIÂNIA 2011

FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

I

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e

Mycobacterium bovis

Fernando Augusto Fernandes Corrêa

Orientador:Prof. Dr. Edmar Soares Nicolau

GOIÂNIA

2011

Page 2: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

II

FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA

FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e

Mycobacterium bovis

Seminário apresentado junto à

Disciplina Seminários Aplicados do

Programa de Pós-Graduação em

Ciência Animal da Escola de Veterinária

da Universidade Federal de Goiás.

Nível: Mestrado

Área de concentração:

Sanidade, Higiene e Tecnologia de Alimentos

Linha de Pesquisa:

Higiene, ciência, tecnologia e inspeção de alimentos

Orientador:

Prof. Dr. Edmar Soares Nicolau - UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Albenones José de Mesquita - UFG

Prof. Dr. Eurione Antônio Garcia da Veiga Jardim – UFG

GOIÂNIA

2011

Page 3: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

III

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO DE LITERATURA 5

2.1 Histórico 5

2.2 Agente 7

2.3 Epidemiologia 9

2.4 Zoonose 11

2.5 Diagnóstico 13

2.5.1 Histopatológico 14

2.5.2 Baciloscopia 15

2.5.3 Cultura 17

2.5.4 Raio X 22

2.5.5 PCR 22

2.5.6 Tuberculinização 24

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS 29

REFERÊNCIAS 30

Page 4: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

1

1 INTRODUÇÃO

A tuberculose é uma doença infecto contagiosa crônica que possui

processos inflamatórios específicos que pode causar infecções no homem e em

todo os mamíferos e aves (CORREA; CORREA, 1992). É uma zoonose de

grande importância para a classe veterinária transformando em uma zoonose

ocupacional tanto a veterinários que trabalham a campo, quanto veterinários na

clínica e em inspeção de produtos de origem animal, devido à manipulação

incorreta de animais, carnes, leite e outros produtos ou sub produtos

contaminados.

A tuberculose é um dos principais problemas de saúde publica em um

grande número de países, no Brasil o Sistema de Informação de Agravos de

Notificação do Ministério da Saúde (SINAN-MS) mostra que 85 mil novos casos

de tuberculose são notificados todo ano no Brasil, sendo que a maioria é por

diagnóstico apenas clínico ou epidemiológico, não tendo o costume de coletar

amostras para a realização de cultura para a identificação do bacilo. E destes,

aproximadamente 6.000 vem a óbito anualmente, mesmo o tratamento tendo uma

eficácia acima dos 95%. Estima-se que esta doença ainda atravessará as

próximas décadas utilizando grande parte dos recursos destinados à saúde e

gerando muito sofrimento nas pessoas (BRASIL, 2002).

A Organização Mundial da Saúde estima que dois de bilhões pessoas do

mundo, o que representa um terço da população mundial, estão infectadas com

os agentes causadores da tuberculose. E somente 22 países são responsáveis

por mais de 80% do total de casos de Tuberculose no mundo. O primeiro lugar no

Ranking é a Índia, o Brasil neste, está em 15º lugar (HIJJAR et al. 2001;

BIERRENBACH, 2007), pelos dados já expostos sobre a quantidade de novos

casos pelo SINAN-MS o coeficiente de incidência corresponde a quase

50/100.000 habitantes. Devido a isso a OMS criou o Plano Mundial para Deter a

Tuberculose, o plano pretende controlar a tuberculose no mundo entre os anos de

2006 a 2015 (WHO, 2006).

Apesar de ser uma das doenças mais estudadas e possuir relatos de sua

ocorrência em humanos em fosseis da era Neolítica e em Múmia, a tuberculose

continua sendo um dos grandes mistérios e desafios da Saúde Pública,

Page 5: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

2

principalmente nos países em desenvolvimento. A tuberculose humana é

considerada a principal causa de morte em adultos por um único agente

infeccioso, sendo responsável por 26% das mortes passíveis de prevenção no

mundo, tendo o Mycobacterium tuberculosis como a causa mais comum de

tuberculose humana e uma proporção desconhecida de casos provocados pelo

Mycobacterium bovis (HIJJAR et al., 2001, MAZARS et al., 2001, COUSINS,

2001).

Dentre as mortes por tuberculose relatadas na história temos algumas

vitimas famosas como:

Álvares de Azevedo (1831 - 1852) (20 anos), escritor brasileiro;

Auta de Souza (1876 - 1901) (24 anos), poetisa brasileira;

Castro Alves (1847 - 1871) (24 anos), poeta brasileiro;

Ismael Nery (1900 - 1934) (33 anos), pintor brasileiro;

João de Cruz e Sousa (1861 - 1898) (36 anos), escritor brasileiro,

precursor do estilo literário Simbolismo;

José de Alencar (1829 - 1877) (48 anos), escritor brasileiro;

Manuel Bandeira (1886 - 1968) (82 anos), escritor brasileiro;

Noel Rosa (1910 - 1937 (26 anos), cantor e compositor brasileiro;

D. Pedro I do Brasil (IV de Portugal) (1798 - 1834) (35 anos);

Anton Tchecov (1860 - 1904) (44 anos), escritor Russo;

George Orwell (1903 - 1950) (46 anos), escritor Britânico;

Giovanni Battista Pergolesi (1710 - 1736) (26 anos), compositor italiano

do Barroco;

Júlio Dinis (1839 - 1871) (31 anos), escritor português;

Cesário Verde (1855 - 1886) (31 anos), poeta português;

Lev Vygotsky (1896 - 1934) (37 anos), psicólogo bielo-russo;

Souji Okita (1843- 1868), samurai do séc XIX, pertencente à milícia

Shinsengumi, que morreu de tuberculose aos 25 anos, no primeiro ano da era

Meiji;

Vivien Leigh (1913 – 1967) (53 anos), atriz inglesa, vencedora de 2

Academy Awards, famosa por seu papel como Scarlett O'Hara na adaptação

cinematográfica de E o Vento Levou, de 1939;

Page 6: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

3

John Keats (1795 - 1821) (25 anos), poeta inglês. Foi o último dos poetas

românticos do país.

Em humanos o principal agente causador da tuberculose é o M.

tuberculosis. O Mycobacterium bovis é o agente responsável pela tuberculose

bovina que continua a ser um grande problema econômico em vários países e

constitui um sério risco a saúde publica nos países em desenvolvimento. Nos

bovinos, geralmente, a tuberculose é de natureza crônica, o bovino pode

transmitir o bacilo mesmo antes de apresentar sintomatologia e lesões

características. (GOODCHILD & CLIFTON-HADLEY 2001, LIVINGSTONE et al,

2006)

Dados do IBGE (2009) mostra que o rebanho bovino no Brasil era de

aproximadamente 205 milhões de cabeças em 2009. As informações sobre a

incidência de bovinos tuberculosos no Brasil são escassas, o Ministério da

Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) indica que a média da prevalência

nacional é de 1,3%, dados de notificações obrigatórias do ano de 1989 a 1998

(BRASIL, 2006), Caso mantenha esta média mais de 2 milhões de cabeças são

positivas para tuberculose. Como há uma sub notificação dos casos,

aproximadamente 40% dos testes positivos não são notificados (PARDO, et al.,

2001), a provável incidência está além destes informados pelo MAPA. Em um

levantamento realizado pelo MAPA em 1999 no estado de Minas Gerais, estimou

a prevalência aparente de animais infectados em 0,8% dos 23.000 analisados,

neste estudo mostrou que 5% das 1.600 propriedades visitadas possuíam animais

positivos, e este valor subiu a 15% em propriedades leiteiras (BRASIL, 2006).

Este alto índice (comparado às propriedades totais) se dá devido a forma de

criação do gado leiteiro, pois estes animais tem um contato maior entre si e o

tempo de permanência destes na propriedade é muito superior ao gado de corte.

As perdas econômicas levadas por esta enfermidade nos bovinos

destacam-se a redução de 10 a 20% da produção de leite e ganho de peso,

infertilidade e na condenação de carcaças nos frigoríficos (BRASIL, 2006).

Apesar de saber que sempre ocorre uma baixa notificação dos casos, a

tuberculose bovina está em níveis percentuais baixos devido ao programa

instaurado pelo MAPA intitulado de Programa Nacional de Controle e Erradicação

da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT). Neste programa os animais

Page 7: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

4

comprovadamente positivos para tuberculose (de acordo com a reação à

aplicação intra-dérmica da tuberculina) são sacrificados; este modelo de

programa é utilizado em muitos países industrializados (COUSINS, 2001,

BRASIL, 2006). Tem-se esta rigorosidade de sacrificar os animais pois a

tuberculose bovina é uma zoonose, sendo transmitida diretamente pela via

aerógena, quando inalado o M. bovis no ar, ou indiretamente, pelo consumo de

leite e produtos lácteos não pasteurizados ou pela ingestão de carne ou produtos

cárneos contaminados (FIGUEIREDO, et al., 2008)

Em países onde há outros animais de vida selvagem que possam

transmitir a tuberculose aos bovinos são utilizados vacinas contra tuberculose

para serem utilizadas como estratégia de controle nos rebanhos bovinos

(BUDDLE, et al., 2006) porém a vacina é uma técnica que não tem grande

eficiência onde a tuberculose é endêmica. O controle por meio de vacinas no

Brasil é feito somente em seres humanos.

Devido à situação Mundial referente à tuberculose, é de extrema

necessidade desenvolver métodos para um rápido diagnóstico desta doença. O

padrão ouro para diagnóstico do Mycobacterium sp., em humanos, é a cultura

para a identificação do bacilo, método que pode demorar até de 20 a 40 dias para

o resultado, com o advento da AIDS, formas disseminadas rapidamente

progressivas de tuberculose e de outras micobacterioses, são encontradas com

freqüência. Em contraste com o passado, quando a natureza crônica da doença

tornava aceitável essa espera pelo resultado, porém as apresentações

disseminadas em imunodeprimidos exigem diagnóstico mais rápido.

Diante do exposto, objetivou-se, com o presente trabalho, mostrar fatos

históricos importantes relacionados à tuberculose assim como a importância do

agente causador da doença e mostrar formas de diagnóstico de tuberculose e

identificação do Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis.

Page 8: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

5

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Histórico

A tuberculose é uma das doenças mais antigas da humanidade, é uma

doença infecto contagiosa crônica, que afeta o homem a milênios, acredita-se que

esta micobactéria esteja em nosso planeta mesmo antes da existência da raça

humana, que data de aproximadamente 25 mil anos atrás. A doença foi achada

em esqueletos do período neolítico de 5 mil anos a.C. e em múmias egípcias à 3

mil anos a.C., na dinastia de Ramsés II no Egito, apresentando lesões

características de tuberculose ósteo articular. Um outro estudo em múmias de 700

anos a.C. mostra a presença de abscessos, característicos de tuberculose,

localizados no músculo psoas (Hershkovitz, et al., 2008). Uma teoria é que o

precursor seja o Mycobacterium bovis, responsável pela tuberculose bovina.

Provavelmente os homens das cavernas se infectaram ao consumir leite e carne

de bovinos tuberculosos. Diante disso a tuberculose é apontada como a primeira

doença conhecida da humanidade (CORREA & CORREA, 1992, ROXO, 1996,

BERTOLLI FILHO, 2001)

Prosseguindo com o avançar dos tempos, Hipócrates em 460 a.C. no

Império Romano, descrevia a tuberculose, até então conhecida como “phthisis” ou

tísica, como uma doença caquetizante e incurável era recomendado aos doentes

boa alimentação e ar fresco, evitar o Miasma, ar sujo ou contaminado. Já

Aristóteles - 384 a 322 a.C.- em estudos com a embriologia suína, notou

manifestações de escrofulose, tuberculose cutânea com acometimento de

linfonodo cervicais e inguinais, e pressupôs ser de caráter infeccioso pois

acometia diversos animais que conviviam juntos aos suínos doente (THOMAZ et

al. 2009, PAULA, 1988, CORRÊA; CORRÊA, 1992).

No Brasil a tuberculose foi trazida em 1500 pelos portugueses e

missionários jesuítas, Visto que a partir do século XVI a tuberculose foi a principal

causa de morte entre os índios (BERTOLLINI FILHO, 2001).

No século XVII em 1720, Sylvio de La Boë na Holanda, foi o primeiro a

chamar a presença de tubérculos como uma característica dos portadores de

Tísica (tuberculose pulmonar). Suas análises foram tão profundas que Sylvio de

Page 9: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

6

La Boë conseguiu relacionar o comprometimento pulmonar (tísica) com as

manifestações tegumentares (escrofulose) (THOMAZ et al., 2009). E durante a

Revolução Industrial milhares de casos de tuberculose surgiram na Europa,

devido à aglomeração dos trabalhadores e as condições insalubres de trabalho,

sem contar a condição precária que estes enfrentavam.

No início do século XX, a doença que tinha na época uma mortalidade de

50% dos infectados, devastava a Europa, principalmente por acometer mais

jovens e crianças (PAULA, 1988). Carmichael, em 1810, erroneamente associou

a escrófula em crianças a fatores nutricionais, pois estas se adoeciam com mais

freqüência ao tomar leite de vaca. Uma teoria mais sensata foi criada por Klencke,

em 1945, ao perceber que a incidência de escrofulose em crianças que tomavam

leite de vaca era maior do que as que alimentavam com o leite materno, com isso

Klencke afirmou que o leite era uma fonte de infecção da doença (FERREIRA

NETO; BERNARDI, 2011).

Villemin (1827 – 1892), Cirugião militar Francês, em 1865 foi o primeiro

pesquisador a propor que a tuberculose é uma doença infecciosa causada por um

agente específico, e que este agente poderia estar presente no ar, Villemin fez um

estudo onde inoculou em coelhos leite de vacas tuberculosas, e estes

apresentaram a doença. Com isso Villemin mostrou que o leite de vacas

infectadas era fonte de infecção da doença, sugerindo um maior rigor na inspeção

do leite e da carcaça dos animais.

Passados 17 anos (1882) deste postulado de Villemin, Robert Koch

(1843-1910) mostrou o bacilo causador da tuberculose, utilizando recursos

tintoriais e meios de cultura apropriados, devido a isso o agente causador da

tuberculose também é conhecido como Bacilo de Koch. Em 1883 Zopf denominou

o Bacilo de Koch como Bacterium tuberculosis e Lehmann e Neumann incluiu no

gênero Mycobacterium (FERREIRA NETO; BERNARDI, 2011). Além disso Koch

também contribuiu para a história dos avanços contra a tuberculose

desenvolvendo a tuberculina em 1891. Desenvolvimento este que favoreceu

Pirquet e Mantoux a iniciar o estudo do uso da tuberculina e o método

Intradérmico.

Até o ano de 1970 o bacilo causador da tuberculose bovina era

considerado uma variante do M. tuberculosis, Karlson e Lessel classificou como

Page 10: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

7

uma espécie o Mycobacterium bovis (FERREIRA NETO; BERNARDI, 2011). A

tuberculose bovina chegou a índices tão grandes que na década de 30 cerca de

40% dos bovinos abatidos na Inglaterra possuíam lesões tuberculosas na

inspeção post mortem e 35% das vacas leiteiras estavam infectadas (HARDIE;

WATSON, 1992, KANTOR; RITACCO 1994).

Na década de 40 se descobre a estreptomicina e se verificou a eficiência

em laboratório da isoniazida para combater o Mycobacterium, estas descobertas

foram importantes para a elaboração, na década de 60, do esquema de utilização

de 3 antibióticos simultâneos durante 18 a 24 meses em regime de internação em

sanatórios. Este esquema consegue curar cerca de 95% dos casos da doença

(KRITSKI et al., 2000).

2.2 Agente

As micobactérias do Complexo Mycobacterium tuberculosis pertencem ao

genero Mycobacterium, família Mycobacteriaceae, ordem Actinomycetales, filo

Tallophyta e reino Vegetal (somente foi aceita a inclusão destes microrganismos

no reino Vegetal para facilitar a classificação dos mesmos, pois eles não são

verdadeiros vegetais e tão pouco são animais) (ABRAHÃO, 1998).

O agente causador da tuberculose são bacilos retos ou ligeiramente

curvos, curtos com dimensões que variam de 0,2 a 0,6 µm de largura por 1 a 10

µm de comprimento, aeróbios, não formam cápsula, são imóveis, não flagelados,

são bacilos álcool-ácidos resistentes, característica fundamental pela qual o

microrganismo é classificado como micobactéria, pois quando corados a quente

pela fucsina resistem à descoloração com álcool - ácido, possui aspecto granular

quando corados (KANTOR, 1979, CORREA; CORREA, 1992, KONEMAN et al.,

2001).

Uma das principais características das micobactéria, e que as diferenciam

das demais bactérias estão relacionadas com a quantidade de lipídeos complexos

que estes germes contêm na parede celular (KANTOR, 1979). Seu alto teor de

lípides, atinge a concentração de até 40% do peso seco dos bastonetes e 60% da

parede celular. Com auxilio da microscopia eletrônica, identificaram-se na rígida

parede micobacteriana, três camadas dispostas de fora para dentro: uma

Page 11: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

8

lipoprotéica, uma polissacarídica e a mais interna mucopeptídica. A estrutura

química da parede celular das micobactérias é complexa, inclundo

peptidoglicanos, arabinogalactanos, ácido micólicos e superficialmente, uma

variedade de lipídios, entre os quais peptidoglicanos e glicolipídios como os

sulfolipídios (CPZ, 1979, ABRAHÃO, 1998)

Os glicolipídios da parede celular das micobactérias, especialmente os

sulfolipídios, contribuem para a sua virulência, porém não está muito bem

estabelecido esta relação. Ainda possuem somente hipóteses, e elas dizem que

os glicolipídios podem impedir a fusão lisossomo-fagossomo e talvez impedir a

lise da bactéria nos fagócitos. Um sulfolipídio denominado “fator corda”, devido à

característica macroscópica que ele espressa na cultura das micobactérias,

isolado de M. tuberculosis e M. Bovis virulentos, possui ação tóxica e lesiva aos

tecidos e foi considerado o principal fator de virulência dessas micobactérias

(CPZ, 1979, PAULA, 1988, ROXO, 1996)

O alto teor de lípides da parede celular também são responsáveis por um

outro fator que as diferenciam das demais bactérias, crescimento relativamente

lento (cerca de 18 a 20 horas de tempo de geração) e torna esses bacilos

impermeáveis a vários corantes hidrossolúveis (ABRAHÃO, 1998).

O gênero Mycobacterium inclui parasitas obrigatórios, saprófitos e formas

intermediarias, este gênero possui mais de 70 espécies conhecidas. O complexo

Mycobacterium tuberculosis é representado pelas micobactérias responsáveis

pela tuberculose em humanos e animais domésticos e silvestres, as espécies

pertencentes a este complexo são: O M. tuberculosis, M. bovis, M.africanum, M.

microti, M. canetti, M. bovis BCG (bacilo de Calmette-Guérin) e as recém

identificadas M. caprae e M. pinnipedii, fazem parte deste complexo por

compartilharem similaridades genômicas (ARANAZ et al., 2003; COUSINS et al.,

2003). O M. tuberculosis e o M. bovis são espécies fortemente relacionadas, com

homologia nucleotídica de 99,95% (ABALOS; RETAMAL, 2004). As diferenças

entre elas correspondem a deleções ocorridas no genoma de M. bovis e o

polimorfismo nucleotídicos únicos em genes que codificam para proteínas

secretadas e de parede celular (ABALOS; RETAMAL, 2004)..

O gênero Mycobacterium é altamente exigente no que se refere a

nutriente, quando comparados com outras bactérias patogênicas. Sendo difícil a

Page 12: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

9

sua cultura, favorecendo para essa dificuldade o alto tempo de geração do bacilo

(BALIAN, 2002). Apesar do M. bovis e o M. tuberculosis serem bactérias

altamente exigente e serem patógenos intracelular obrigatório, eles possuem

resistência ambiental e termorresistêntecia. As evidências experimentais mostram

que eles pode sobreviver fora de um hospedeiro animal, no meio ambiente, por

longos períodos de tempo (acima de 2 anos), sob condições favoráveis. Esta

elevada resistência das micobactérias, ao meio ambiente, são atribuída ao alto

teor de lipídios da parede bacteriana. A hidrofobicidade desses lipídios pode ter

um papel importante na resistência à desidratação, e garantindo a sobrevivência

desses microrganismos sob condições adversas (ABRAHÃO, 1998). North e Partk

(1927) mostraram que no leite ela é eliminada do leite à 61,1ºC por 30 minutos,

durante algum tempo o Mycobacterium spp foi utilizado como referência para a

pasteurização do leite.

Sobre a resistência às drogas, se dá pois ocorre mutação espontânea e

independente do contato prévio do bacilo com a droga. Na população de células

bacterianas sensíveis existe sempre uma pequena porcentagem de mutantes

resistentes. Por esta razão o tratamento não pode ser realizado com apenas uma

droga, porque a maioria dos bacilos seria inibida ou morta e as células mutantes

resistentes multiplicariam até se tornarem maioria (BRASIL, 2005).

2.3 Epidemiologia

A tuberculose é considerada em sua essência uma “epidemia lenta”, e

uma das últimas pestes que assolaram a humanidade (peste branca) e que

ressurge nos dias de hoje como uma “emergência global”, sendo a principal causa

de morte provocada por um único agente, a tuberculose leva mais indivíduos ao

óbito que qualquer outra doença infecciosa e entre os doentes infectados pelo

vírus da AIDS, é a maior causa de morte, mesmo quando utilizado o tratamento

anti-retroviral (WORKSHP, 2002). A Organização Mundial da Saúde (OMS)

estima a ocorrência de oito a nove milhões de novos casos de tuberculose por

ano no mundo. A partir disto pode-se afirmar que a cada segundo, um indivíduo é

infectado pelo M. tuberculosis. Cerca de um terço da população encontra-se

infectada pelo bacilo da Tuberculose, e anualmente cerca de dois milhões

Page 13: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

10

falecem por causa desta doença, que é uma doença curável. A estimativa é que

até 2020, aproximadamente um bilhão de pessoas estarão infectadas; destas 200

milhões de pessoas ficarão doentes e 35 milhões irão morrer de tuberculose, caso

o controle não seja eficiente e rígido (HIJJAR et al., 2001, MAZARS et al., 2001,

WORKSHOP, 2002)

Nos 22 países com maior carga de tuberculose, países estes que

somados representam 80% dos casos de tuberculose do mundo, a estimativa é

de 6.910.000 casos, estando a Índia na 1ª posição, o Brasil ocupa 15º lugar neste

ranking. No Brasil estima-se a incidência de 129.000 casos por ano, dos quais

apenas 90.000 são notificados. O coeficiente de mortalidade em 1998 foi de

3,5/100.000 habitantes; o percentual de detecção de casos igual a 67% e

percentual de cura de 72%. Para o abandono do tratamento, registrou-se 14%,

alcançando em algumas capitais o valor de 30-40%, provavelmente

proporcionando elevadas taxas de resistência aos medicamentos. (HIIJAR;

OLIVEIRA; TEIXEIRA, 2001, BIERRENBACH, 2007).

Um estudo mais completo de HIIJAR et al (2001), mostra que os números

do Brasil são preocupantes, tanto considerando o pais como um todo ou por

regiões. Em 2000 foram notificados 82.249 casos novos, sendo 38.690 no

sudeste, 23.196 no nordeste, 9.281 no sul, 5.901 no norte e 3.522 no centro-

oeste.

Dados oficiais sobre a epidemiologia em bovinos são escassos, segundo

dados de KANTOR (1988) e KANTOR & RITACCO (1994) em 1986, com uma

população estimada de 137 milhões de cabeças de gado, o nível de infecção pela

tuberculose no rebanho bovino brasileiro variou entre 0,9 a 2,9%. Neste mesmo

ano, a taxa de lesões tuberculosas encontradas em matadouros foi de 0,14% .

No período de 1989 a 1998 os dados de notificações oficiais da doença

indicavam uma prevalência média de animais infectados nacional de 1,3%. Um

levantamento realizado em 1999, pelo Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento, no Triângulo Mineiro e nas regiões do centro e sul de Minas

Gerais, envolvendo aproximadamente 1.600 propriedades e 23.000 animais,

estimou a prevalência aparente de animais infectados em 0,8%. No mesmo

estudo foram detectadas 5% das propriedades com animais reagentes à

Page 14: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

11

tuberculina, e este valor subiu a 15% no universo das propriedades produtoras de

leite (BRASIL, 2006).

Um trabalho epidemiológico a respeito da tuberculose bovina, realizado

no Rio Grande do Norte, apontou a impressionante incidência de 43,9%7

(LANGENEGGER et al., 1991). (OLIVEIRA, et al., 2007) mostram dados

diferentes para em seu experimento, que avaliou 150 animais submetidos ao teste

de tuberculina em Mossoró, Rio Grande do Norte, onde destes 8,66% foram

positivos. Das 21 propriedades analisadas, 10 tinham pelo menos um animal

positivo, representando 47,62% das propriedades.

Neste sentido, o governo brasileiro, por meio do Ministério Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, Departamento de Defesa Animal, criou, em 2001, o

Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal

(PNCEBT), com os objetivos de reduzir o risco à saúde pública e promover o

incremento da competitividade da pecuária nacional (BRASIL, 2006).

Em 2006, Kantor e Ritacco (2006) avaliaram e apontaram que, dos cerca

de 374 milhões de bovinos alojados na América Latina e Caribe, 70%

encontravam-se em áreas onde as taxas de infecção pelo M. bovis eram maiores

que 1%. Verificaram que as medidas para controle da doença eram aplicadas

parcial ou extensivamente na maioria dos países da Região estudada, baseadas

em testes tuberculínicos, abate dos animais positivos, notificação, inspeção post-

mortem e vigilância em abatedouros.

2.4 Zoonose

Como vimos a tuberculose é uma das zoonoses mais importantes,

aproximadamente 10% dos relatos em seres humanos, se deve ao M. bovis,

bacilo procedente de bovinos. O M. bovis é tão patogênico para o homem quanto

o M. tuberculosis (ROXO, 2008).

As formas de transmissão do M. bovis do gado para os seres humanos se

dá diretamente pela via aerógena, mediante a inalação do M. bovis e

indiretamente, pelo consumo de leite e produtos lácteos não pasteurizados, e

além disso o bovino elimina o bacilo no corrimento nasal, nas fezes, urina, nas

secreções vaginais e uterinas e pelo sêmen. Diferente do que muitos acreditam a

Page 15: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

12

carne bovina, em via de regra, não pode ser apontada como fonte de infecção

para a tuberculose humana, desde que passada por cocção, pois é raro o

encontro do bacilo na musculatura. Porém para evitar algum problema a inspeção

sanitária faz a condenação parcial ou total das carcaças, conforme o caso, é feito

pois a carne pode ser contaminada com secreções, fezes ou conteúdo dos

granulomas formados (PARDO, 2007).

A infecção causada pelo M. bovis já foi o principal problema de saúde

pública quando os bacilos eram transmitidos ao homem pelo leite de vacas

infectadas. Por isso tuberculose bovina era considerada uma doença de crianças

que tinham como fonte de alimentação leite não pasteurizado, a doença envolvia

linfonodos cervicais, o trato intestinal ou as meninges, resultando em formas

extrapulmonares. Sendo assim, as formas de tuberculose mais freqüentes, eram

a ganglionar, ósteo-articular e meningite. Esta forma clínica era caracterizada pelo

inchaço e alastramento dos linfonodos tuberculosos no pescoço sendo

denominada escrófula (ROSEMBERG et al., 1990; GRANGE & YATES, 1994).

A contaminação advinda do M. bovis, por meio da inalação de aerossóis

contendo o bacilo, proveniente do gado infectado ou mortos (manuseio das

carcaças), ocorre com menor freqüência, porém sua incidência não é desprezível,

sobretudo em grupos ocupacionais de maior exposição à doença, como

tratadores, ordenhadores, trabalhadores da industria de carnes e médicos

veterinários, além de membros da comunidade rural que vive em contato mais

direto com os animais (ABRAHÃO, 1998).

De todas as áreas de atuação agropecuária, a produção de gado de leite

é o setor rural de maior risco para o homem, devido ao estreito contato do

ordenhador e seus familiares com os animais, além do que vacas leiteiras

apresentam uma maior suscetibilidade à tuberculose bovina. As principais causas

dessa suscetibilidade maior são o estresse, o estreito contato entre os animais e a

manutenção de animais de maior idade para a produção láctea (ABRAHÃO,

1998)

Page 16: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

13

2.5 Diagnóstico

As principais medidas para conter o avanço da TB no mundo englobam o

diagnóstico precoce dos pacientes, tratamento efetivo contra as formas

resistentes de TB e uma vacina mais aperfeiçoada e protetora do que a atual

BCG.(WHO, 2001) O raciocínio diagnóstico desenvolve-se a partir do exame

clínico, dos dados epidemiológico e da interpretação dos resultados dos exames

solicitados.

Os sintomas da tuberculose, em humanos, é compatível com o de uma

doença infecciosa de curso geralmente crônico, e destaca-se os seguintes

sintomas; febre, emagrecimento, astenia e, em sua forma clínica mais prevalente,

tosse com expectoração que pode evoluir para escarros sanguíneos e hemoptise.

O quadro clinico varia, evidentemente, com as diversas formas extrapulmonares

que a tuberculose pode apresentar e a gravidade do caso. Durante a investigação

a história de contato com indivíduos ou animais tuberculosos, é de fundamental

importância para a suspeita diagnóstica (ABRAHÃO, 1998).

Para os bovinos, o diagnóstico clínico, diferentemente do ser humano,

possui valor relativo, pois o animal pode estar infectado com foco localizado, e

apresentar-se clinicamente sadio, o que leva o proprietário do animal a duvidar do

laudo de tuberculose, pois ainda acredita-se muito que o animal tuberculoso é o

animal caquético. Quando a tuberculose está mais evoluída, o exame clínico é de

extrema importância e evidente por meio de alguns sintomas clínicos como tosse

seca, curta e repetitiva, e períodos febris. Percebe-se que os animais

tuberculosos geralmente vêm atrás do rebanho, demonstrando cansaço e baixa

capacidade respiratória, e outros sinais também podem aparecer como

linfadenomegalia localizada ou generalizada.

No animal vivo as modificações causados pela tuberculose podem ser

difíceis de verificar, porém as modificações observadas na necropsia, são

facilmente reconhecidas. Os métodos mais utilizados para a detecção de

tuberculose bovina é a tuberculinização e a detecção de lesões nos matadouros

(BRASIL, 2006).

Page 17: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

14

Além do exame clínico, no homem, os exames usualmente realizados

para a detecção da doença são: bacteriológicos, radiológicos, histopatológicos e

imunológicos.

No bovino, a tuberculose é diagnosticada in vivo pelos sinais clínicos e

pelo teste tuberculínico (imunológico) e após a morte, pelos exames post mortem

(na busca de lesões macroscópicas), bacteriológicos e histopatológicos (ROXO,

1996; BRASIL, 2006).

Basicamente os procedimentos microbiológicos básicos para o

diagnóstico etiológico das doenças causadas por micobactérias incluem: pesquisa

de bacilos álcool-ácidos resistentes (BAAR) por microscopia direta (Baciloscopia),

e a cultura dos espécimes clínicos, seguida da identificação das espécies

isoladas, embora exista atualmente a disponibilidade de técnicas diagnósticas

mais avançadas (CPZ, 1979).

A detecção macroscópica de lesões típicas na necropsia, juntamente com

o exame histopatológico da lesão aumenta a confiança do diagnóstico, porém o

diagnostico definitivo somente pode ser dado pelo isolamento bacteriano do M.

bovis. Entretanto, o longo tempo requerido para o isolamento e identificação do M.

bovis faz com que, nos locais onde a prevalência da doença é alta, a cultura não

seja solicitada, baseando-se o diagnóstico apenas no encontro de lesões

macroscópicas, durante o exame post mortem. A cultura é necessária nos locais

onde a prevalência da doença é baixa, como nos estágios finais de uma

campanha de erradicação, ou quando o animal não apresenta lesões

macroscópicas visíveis, mas é responsivo à tuberculina (ABRAHÃO, 1998).

2.5.1 Histopatológico

O Exame histopatológico é um diagnóstico que pode ser empregado,

principalmente quando a suspeita é de formas extrapulmonares da tuberculose

em humanos utiliza-se material de biópsia, e em animais utiliza-se lesões

proveniente de lesões encontradas no exame post mortem, especialmente

bovinos. As lesões produzidas pelo M. tuberculosis e M. bovis são semelhantes

ao exame histopatológico, apresentando-se como um granuloma, geralmente com

necrose de caseificação e infiltrado hitiocitário. Estes achados também podem

Page 18: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

15

ocorrer em outras doenças, portanto, apenas o achado do BAAR na lesão,

através do isolamento e identificação do bacilo, permite afirmar a etiologia

tuberculosa (ABRAHÃO, 1998, BRASIL, 1994).

2.5.2 Baciloscopia

Para a visualização dos bacilos Robert Koch corava os esfregaços com

uma solução alcalina de azul de metileno durante 24 horas. Paul Ehrlich em 1882

foi o primeiro que assinalou a propriedade tintorial característica do bacilo da

tuberculose, a àcido-resistência, ao observar que os bacilos corados durante 15-

30 minutos com violeta de metila ou fucsina básica em óleo de anila, resistiam ao

descoramento pelo ácido nítrico. Ziehl descobriu um método muito semelhante ao

de Ehrlich, no qual o óleo de anila havia sido substituído por fenol essa

modificação melhorava significativamente a estabilidade da coloração. Neelsen,

em 1883, introduziu o uso de fucsina ao invés de violeta de metila e empregou o

ácido sulfúrico no lugar do ácido nítrico (ABRAHÃO, 1998). Até hoje é utilizado

este padrão de coloração, chamado de método de Ziehl-Neelsen onde o bacilo se

cora de vermelho brilhante sobre um fundo azul.

A baciloscopia é o procedimento diagnóstico prioritário, pois permite

descobrir as fontes mais importantes da infecção que são os casos bacilíferos.

Com o desenvolvimento da infecção, o escarro começa a ser produzido devido a

um aumento da inflamação e a necrose do tecido pulmonar. Com isso, a

baciloscopia é o método prioritário de triagem, diagnóstico e controle durante o

tratamento da tuberculose (TEIXEIRA et al., 2007).

A baciloscopia, apesar de sua simplicidade e baixo custo, tem como

principal desvantagem o fato de ser negativa em 30 a 50% dos casos de pessoas

infectadas com M. tuberculosis, em parte devido à necessidade da presença de

pelo menos 5000 bacilos/mL de escarro (TEIXEIRA et al., 2007), além disso esta

técnica não permite distinguir os membros da família Mycobacteriaceae (não

difere o M. bovis do M. tuberculosis) e outros microrganismos tais como

Corynebacterium, Nocardia e Rhodococcus que tem as mesmas características

tintoriais (PRITCHARD, 1988; ROXO, 1996). Os dois tipos de corantes mais

frequentemente utilizados são a fucsina fenicada (Ziehl-Neelsen) e os corantes

Page 19: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

16

fluorescentes, como a auramina e rodamina (ABRAHÃO, 1998; PARDO et al.,

2001).

A baciloscopia pelo método de Ziehl-Neelsen, como já foi dito, é um

exame simples, seguro, rápido, econômico e permite a identificação da principal

fonte de infecção da Tuberculose, pela visualização microscópica dos Bacilos

Álcool-Ácidos Resistentes em laminas, examinado realizado em microscópio ótico

com objetiva de imersão. É utilizado rotineiramente em amostras de escarros de

expectoração humana (também pode ser utilizado por decalque de lesão, no

aspirado gástrico, lavado broncoalveolar, biópsia transbronquial, urina, sangue,

líquor, líquido pleural e peritoneal (TEIXEIRA et al., 2007) além de suspensão de

colônias fixadas pelo calor). Para que o método seja eficiente é necessário de

5.000 a 10.000 bacilos por mL de amostra, conferindo baixa sensibilidade ao

procedimento. Assim podem ocorrer os resultados falso negativos em espécies

paucibacilares. A baciloscopia pode apresentar resultados falso positivo, pela

presença de bacilos mortos, que são evidenciados na coloração de Ziehl-Neelsen

(MARTINS, 2000; KRITSKI et al., 2007)

Além do método de Ziehl-Neelsen, a técnica de fluorescência com

auramina apresenta a mesma acurácia do Ziehl-Neelsen, com tempo de leitura

menor, mas é pouco empregada, pois exige pessoal treinado e tem custo mais

elevado. Além disso, as lâminas positivas pela técnica de fluorescência precisam

ser confirmadas pelo Ziehl-Neelsen (TEIXEIRA et al.,2007).

A técnica de fluorescência, corado pela auramina e/ou rodamina, exige

microscópio de fluorescência. ABRAHÃO (1998) e PARDO et al. (2001) afirmam

que a microscopia fluorescente além de ser mais rápida é mais sensível do que a

microscopia ótica comum (Ziehl-Neelsen), pois a utilização de uma objetiva de

menor capacidade de resolução reduz o tempo necessário para examinar a

superfície do esfregaço, uma vez que o campo visualizado é 25 vezes maior que

aquele observado através da objetiva de imersão. O aumento da sensibilidade é

atribuído à maior probabilidade de detecção dos BAAR face à maior área do

esfregaço examinada e à maior facilidade de visualização dos bacilos

fluorescentes. O método da coloração fluorescente pode proporcionar até 30%

mais de achados que o de Ziehl-Neelsen.

Page 20: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

17

Sendo assim, na prática, a baciloscopia é, por si só, de grande valor

diagnóstico. Nos casos de evolução favorável, observa-se uma redução

progressiva do número de bacilos até seu desaparecimento completo. A

persistência da baciloscopia positiva servirá como sinal de advertência à mudança

de um esquema terapêutico ineficaz (ROXO, 1996).

2.5.3 Cultura

A cultura é o que se chama de Padrão Ouro, pois é o método já

certificado para este diagnóstico. Apresenta sensibilidade maior que a

baciloscopia para a detecção da micobactéria, como vimos, para uma

baciloscopia de escarro ser positiva, são necessários 5.000 a 10.000 bacilos por

mililitro deste espécime, a cultura é capaz de detectar, pela multiplicação do

agente, apenas 10 bacilos por mililitro do espécime clínico analisado. Desta

forma, a cultura assume uma grande importância para a detecção de BAAR em

espécimes extrapulmonares, e dos suspeitos de tuberculose pulmonar

persistentemente negativos à baciloscopia. Além de que, o cultivo permite

posterior identificação da micobactéria isolada (e/ou complexo) assim como a

realização de testes de sensibilidade a antibióticos (ROXO, 196; MARTINS, 2000;

KRITISK et al., 2007)

As micobactérias tem a temperatura ideal de crescimento de 37ºC em pH

de 6,5. As principais desvantagens diagnósticas, estão no tempo

demasiadamente prolongado entre a inoculação e o surgimento de colônias

macroscopicamente visíveis (24 a 40 dias) e o fato de requerer organismos

viáveis para sua realização, exigindo uma adequada manipulação dos espécimes

clínicos (KONEMAN et al., 2001).

Nos laboratórios que realizam a cultura, cerca de 70% dos casos de

tuberculose pulmonar confirmados bacteriológicamente são diagnosticados pela

baciloscopia e 30% pela cultura. No Brasil a média tem sido de 65%

diagnosticado pela baciloscopia (ABRAHÃO, 1998). Valores baixos, pois o

micobactérium tem facilidade para adquirir resistência aos antibióticos, se não

forem utilizados da forma correta, e somente a baciloscopia não gera informações

Page 21: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

18

suficientes referente ao microrganismo e o método não permite a análise da

sensibilidade a antimicrobianos.

Os principais fatores que influenciam o sucesso do isolamento nos

espécimes clínicos são: o meio de cultura utilizado, o processo de

descontaminação e as condições de incubação (ROXO, 1996).

A cultura consiste em realizar a inoculação dos espécimes em meios de

cultura que contenham, além de ingredientes adequados ao crescimento ótimo

das micobactérias (ovo, fécula de batata, asparagina, glicerina), um corante capaz

de inibir a microbiota de contaminação (usualmente, verde de malaquita)

(ABRAHÃO, 1998).

O meio de cultura ideal para a detecção de micobactérias, deveria

oferecer condições para seu crescimento rápido, permitir diferenciação entre

micobactérias patogênicas e não patogênicas pelas características morfológicas

das colônias, inibir o crescimento de contaminantes e ser preparado a partir de

ingredientes prontamente disponíveis para sua reprodutibilidade. A maioria dos

meios utilizados não satisfazem a grande parte destas características, pois

possuem em sua composição materiais orgânicos complexos, tais como soro

animal, gema de ovos ou extrato de batata, que não garantem reprodutibilidade

de um lote para outro (SIMPSON E REED, 1958).

Os principais meios de cultura utilizados são o de Lowenstein-Jensen e o

Middlebrook (sólido ou líquido, à base de ágar) e o meio Stonebrink.

O meio de Lowenstein-Jensen, meio de cultura sólido à base de ovo, é o

mais recomendável e o mais indicado para uso rotineiro no Brasil e, é aprovado

pela Organização Mundial de Saúde. Este meio permite isolar a maioria das

micobactérias de interesse clínico (TEIXERA et al., 2007). O meio de Lowenstein-

Jensen contém 0,75% de glicerina e permitem o crescimento tanto do bacilo

humano como o do bovino (ABRAHÃO, 1998). Além de poder ser utilizado para

antibiograma.

Os meios de cultura Middlebrook 7H10 e o 7H11 (diferenciam-se entre si

pela presença do hidrolisado de caseína no 7H11 que facilita o crescimento das

micobactérias fastidiosas e resistentes à isoniazida) são sólidos a base de Agar,

compostos por uma variedade de sais inorgânicos que provêem de substancias

que a micobactéria necessita. À formulação básica adicionou-se o enriquecimento

Page 22: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

19

OADC, contendo ácido oléico (acido graxo de cadeia longa que participa do

metabolismo das bactérias), albumina bovina (confere proteção dos bacilos contra

agentes tóxicos e favorece o primo-isolamento), dextrose como fonte de energia,

cloreto de sódio para manter o equilíbrio osmótico, e catalase que destrói os

peróxidos que possam estar no meio. E também podem ser utilizados para

antibiograma, assim como o meio de Lowenstein-Jensen (KONEMAN et al., 2001,

ABRAHÃO, 1998).

O meio Stonebrink é mais indicado e permanece como padrão ouro para

o crescimento e detecção do M. bovis, pois o bacilo bovino tem dificuldade em

crescer em meios de cultura que contém glicerol, o bacilo bovino apresenta

crescimento digônico, porque utiliza preferencialmente o piruvato como fornte de

carbono, e o meio Stonebrink contém piruvato de sódio e não glicerol em sua

composição (ABRAHÃO, 1998).

Há também outros meios como o meio ATS (American Trudeau Society),

que contém 1% de glicerina, o que permitem o crescimento tanto do bacilo

humano como o do bovino. O meio B83 tem em sua base Agar sangue. Existem

também meios de cultura líquidos para o cultivo do bacilo da tuberculose, tais

como: caldo glicerinado a 5%, Middlebrook 7H9 utilizado nos métodos

automatizados para o cultivo e antibiograma, meio de Sauton, Long e Seibert,

Dubos e outros. A literatura também mostram outros dois métodos de cultura, o

sistema bifásico, que consiste em um meio solidificado (Middlebrook 7H10, 7H11,

Lowenstein-Jensen) e um meio líquido (Middlebrook 7H9), para o isolamento de

micobactérias do sangue e de materiais paucibacilares e o sistema de lise-

centrififugação que permite a lise das células sanguíneas para proporcionar a

liberação das micobactérias que estejam em seu interior e a concentração por

centrifugação, sendo que o sedimento pode ser semeado em meios de cultura

convencionais ou no sistema BACTEC (ABRAHÃO, 1998, ROXO, 1996)

Apesar do M.bovis crescer melhor em meios de cultura que contenham

piruvato de sódio, algumas cepas não demonstram preferência pelo substrato,

crescendo também nos meios contendo glicerol. Por esse motivo, o crescimento

diferencial nesses dois meios de cultura sugere, mas não confirma que a cepa

isolada é de M. bovis (ABRAHÃO, 1998).

Page 23: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

20

Mesmo sabendo que os meios a base de Agar são facilmente

contaminados, recomenda-se a sua utilização juntamente com os meios à base

de ovo, aplicando uma pequena concentração de CO2 (não superior a 5%), para

o isolamento primário do M.bovis.

As amostras clínicas utilizadas para o isolamento de micobactérias podem

vir contaminados, ou seja, podem apresentar uma microbiota associada, diferente

da micobactéria de interesse. Com isso as amostras são divididas em amostras

contaminadas e as não contaminadas.

As amostras clínicas, advindas de humanos, utilizados para o isolamento

de micobactérias consideradas contaminadas naturalmente são o escarro, urina,

lavados, aspirados, secreção de cavidade aberta, biópsias e materiais ressecados

de órgãos que se comunicam com o exterior, as não contaminadas podem ser

exemplificadas pelo líquor, derrames serosos, sangue e tecidos (TEIXEIRA et al.,

2007).

No bovino, dependendo da forma de coleta e o espécime clínico utilizado

para a investigação do bacilo, podem vir contaminados. Utiliza-se para a cultura

microbiana o muco laríngeo e traqueal colhido com um swab, porque o bovino

não expectora, fezes, urina, leite, corrimento uterino ou pus, e os materiais

colhidos por punção: exsudatos, líquidos articulares e cefalorraquidianos. As

peças anatômicas (biópsias) procedentes de linfonôdos submaxilares,

retrofaríngeos ou outros, são fundamentais para o encontro do bacilo. Porém a

coleta dos linfonodos deve ser totalmente asséptica, para prevenir ou minimizar a

contaminação dos tecidos com a terra e fezes que podem conter outras

micobactérias ou outro microrganismos que poderiam interferir na cultura,

oscurecendo o M. bovis (ABRAHÃO, 1998).

As amostras não contaminadas são semeadas diretamente, sem qualquer

tratamento prévio descontaminante, ao passo que as amostras contaminadas,

antes de semeadas, devem sofrer um tratamento com substâncias

descontamiantes, devido ao longo período de incubação, estes métodos de

descontaminação visam a eliminação da microbiota associada, que por se

desenvolver muito mais rápido, contamina o meio de cultura e impede a

multiplicação dos bacilo, a liquefação do muco e da fibrina e conservação da

viabilidade do bacilo da tuberculose. O método de descontaminação mais

Page 24: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

21

difundido, e largamente usado, é o de Petroff que utiliza o hidróxido de sódio a 4%

como agente fluidificante e descontaminante (CPZ, 1979).

Além do método de descontaminação de Petroff existem outros métodos

de descontaminação, tais como o lauril sulfato de sódio, ácido oxálico a 5%,

método de Coper e Stoner modificado (fosfato trissódico a 23% + fosfato

monossódico a 20%), método de Kubica e Dye (N-acetil-L-cisteína-hidróxido de

sódio) método de Jensen (ácido sulfúrico a 4%) e o método do cloreto de

cetilpiridínio (CCP) que é somente indicado para conservação e transporte do

escarro (CPZ, 1979).

Apesar de sua importância, como vimos, a cultura das micobactérias é um

processo demorado, pois o bacilo tem um crescimento lento (15-20 h), e a cultura

nem sempre apresenta 100% de positividade (TEIXEIRA et al., 2007).

Após o tempo requerido pela cultura é feito alguns testes para diferenciar

o Mycobacterium tuberculosis do Mycobacterium bovis, para isso é análisado as

seguintes características: Morfologia bacilar e velocidade de crescimento;

intensificação do glicerol para o crescimento do M. tuberculosis e supressão para

o M. bovis; síntese da niacina pelo M. tuberculosis e não pelo M. bovis; morfologia

colonial, o M. tuberculosis produz colônias exuberantes, e o M. bovis pequenas

colônias planas; intensificação de piruvato para o crescimento do M. bovis;

preferência ao oxigênio, o M. bovis é microaerófilo e M. tuberculosis é aeróbio;

ambos são estritamente mesófilos e não pigmentados; o nitrato é reduzido pelo

M. tuberculosis mas não pelo M. bovis; resistência à pirazinamida do M. bovis e

sensibilidade do M. tuberculosis; suscetibilidade ao TCH (hidrazida do ácido

tiofeno-2-carboxílico) pelo M. bovis mas não pelo M. tuberculosis; sensibilidade do

M. bovis ao ácido p-aminosalicílico (ABRAHÃO, 1998).

Há também os sistemas radiométricos automatizados para detecção de

micobactérias como o BACTEC 460 TB®, BACTEC 9000® e o MGIT® que

utilizam meios enriquecidos que promovem a aceleração do crescimento

bacteriano, que detecta o crescimento das micobactérias em caldos de 9 a 14

dias, a detecção é feita através da identificação de gás carbônico radioativo

induzido pela bactéria em caldo Middlebrook 7H9, com ácido palmítico marcado

com carbono 14, mas podem também indicar resultados falso-positivos devido à

Page 25: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

22

contaminação por outras bactérias (TEIXEIRA et al., 2007, BECTON DICKINSON,

1985).

2.5.4 Raio X

O exame radiológico é amplamente utilizado em humanos, é um método

auxiliar, utilizado em pacientes sintomáticos e negativos à baciloscopia. O método

se baseia na presença de opacidade radiológica. Contudo é importante lembrar

que não existe imagem patognomônica de tuberculose na radiografia do tórax e

sim, imagem sugestiva (ABRAHÃO, 1998), visto que lesões pulmonares

semelhantes às causadas pela tuberculose podem ocorrer em outras doenças. A

tomografia computadorizada do tórax também é um método radiológico porém de

resolução e mais sensível do que a radiografia de tórax, mas apresenta alto custo,

só estando disponível em centros de referência e também não serve como

diagnóstico definitivo (TEIXEIRA et al. 2007).

Na rotina, o exame radiológico não é utilizado em animais para o auxilio

no diagnóstico de tuberculose, salvo as exceções de quando o animal é de alto

valor zootécnico. As maiores dificuldades para a realização desse exame nos

bovinos consistem no tamanho da caixa torácica e dos órgãos nela contidos, além

da indocilidade da maioria dos animais.

2.5.5 PCR

Com o avanço da biologia molecular, atualmente é permitido o

desenvolvimento de métodos para a identificação de algumas espécies ou

complexos de micobactérias, através da detecção de sequências de DNA ou RNA

especificas destas micobactérias (ABRAHÃO, 1998). Dentre as técnicas

relacionadas à biologia molecular a Reação em Cadeia da Polimerase

(Polymerase chain reaction), mais conhecida por sua sigla, em inglês, PCR.

Devido às perdas consideráveis de bacilos viáveis nos processsos de

descontaminação, e também pelo consumo de várias semanas entre o isolamento

primário e a identificação final da espécie, que pode variar de 6 a 8 semanas,

Page 26: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

23

métodos biomoleculares funcionam como metodologia diagnóstica auxiliar à

bacteriologia clássica (COUSINS et al., 1991).

A PCR é uma técnica descoberta na década de 80 por Mullis, a PCR

permite a amplificação in vitro de um trecho de DNA, milhões de vezes em poucas

horas. A PCR é uma técnica qualitativa, ou seja mostra ausência ou presença do

material genético procurado, que reproduz o processo natural de replicação do

DNA, coma vantagem da extrema rapidez e de se determinar o trecho de DNA

alvo. Com isso mesmo com uma quantidade muito pequena de bacilos na

amostra, ou mesmo que estejam mortos a técnica consegue detectar,

apresentando assim uma elevada especificidade e sensibilidade (ZANINI et

al.,2001).

Para começar a duplicação, é necessário que a fita a ser duplicada já

possua alguns nucleotídeos complementares pareados ao seu início. A separação

das fitas ocorre pela desnaturação térmica do DNA, para isto termicicladores

computadorizados realiza as variações térmicas cíclicas de maneira rápida e

precisa. Para ocorrer a amplificação de um trecho de DNA específico é

necessário um oligonucleotídeo complementar a este trecho, para garantir o

pareamento e iniciar a replicação, esse oligonucleotídeo é denominado de

Iniciador ou Primer.

Só haverá amplificação do DNA se houver hibridização do primer,

servindo como um modelo do trecho do DNA a ser procurado, isto confere a

especificidade à reação. Devido isso é importante que seja projetado um bom

primer, a ser utilizado, para que aquela sequência somente seja encontrada no

microrganismo alvo (ABRAHÃO, 1998).

Um dos elementos que viabilizou a realização da PCR foi a descoberta de

uma espécie de bactéria (Thermus aquaticus) resiste a altas temperaturas, desta

bactéria foi extraído a Taq polimerase, que é uma DNA polimerase capaz de

resistir aos ciclos térmicos da PCR,que atinge até 96ºC. Para a visualização do

DNA amplificado, pode ser utilizado gel de eletroforese corado com brometo de

etidio (ABRAHÃO, 1998).

Com a modernização e a informatização, a técnica de PCR tem algumas

variações, dentre elas pode citar a técnica da PCR em tempo real, que também

serve como forma quantitativa. A técnica da PCR em tempo real permite o

Page 27: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

24

monitoramento da síntese de produtos de amplificação no decorrer da própria

reação e não apenas no final da reação, como ocorre na técnica tradicional da

PCR. A PCR em tempo real monitora a fluorescência emitida durante a reação

como um indicador da produção das amplificações em cada ciclo da PCR. As

principais vantagens de se utilizar esta técnica são as de gerar resultados com

maior sensibilidade, precisão, velocidade nas análises, facilidade na

quantificação, melhor controle de qualidade no processo e menor risco de

contaminação, já que a reação ocorre em um sistema tubular fechado, não

havendo a necessidade de eletroforese para a visualização das amplificações

(RODRIGUEZ et al. 2007).

Apesar destas a técnica possui algumas dificuldades, como as dificuldade

intrínsecas no processo como o grande risco de contaminação da amostra com

DNA de fontes exógenas, para isso tem que possuir uma sala e materiais

exclusivos para a realização da PCR, profissionais capacitados para a execução

da técnica e alto custo com equipamentos tb 01(19) pg 189, utilização de

substâncias tóxicas (ROXO et al., 2002).

Além destas dificuldades citadas as micobactérias possuem uma parede

celular complexa, rica em lipídeos dificultando a extração e a purificação do DNA

cromossomal, tornando a lise da parede celular para a liberação do DNA como

um fator crucial na execução da técnica, essa dificuldade é maior principalmente

em amostras de tecidos, pois a micobactéria é de natureza intracelular

(ABRAHÃO, 1998; ROXO et al., 2002).

2.5.6 Tuberculinização

A prova tuberculínica, é um método que mede a imunidade celular contra

as micobactérias causadoras de tuberculose por uma reação de

hipersensibilidade retardada (tipo IV), indicando contato prévio com estas, é um

exame complementar que pode ser utilizado no homem e em bovinos,

principalmente nestes pois tem uma grande importância diagnóstica (BRASIL,

2006).

A tuberculina também foi descoberta por Koch, porém Pirquet conseguiu

utilizá-la de forma satisfatória, gerando uma resposta inflamatória no local de

Page 28: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

25

aplicação na pele, sendo indicativo que o organismo estava infectado com o

bacilo da tuberculose (ABRAHÃO, 1998).

Seibert em 1949, depois de algumas purificações da tuberculina obteve

um produto denominado Derivado Protéico Purificado (PPD), a partir de cultura,

filtração e inativação de cepas do bacilo da tuberculose.

Em humanos o teste de tuberculinização utilizando o PPD tem sido, utili-

zado como método auxiliar no diagnóstico da tuberculose devido a sua alta

positividade nos indivíduos com a doença. É usado, também, como método de

triagem para o diagnóstico da tuberculose. É um método capaz de identificar a

infecção pelas micobactérias inclusive na forma latente da tuberculose, porém ele

sozinho não é suficiente para o diagnóstico como doença, onde o método

conclusivo depende da cultura, padrão ouro, para a identificação do agente

causador de tuberculose (TEIXEIRA, et al. 2007).

O método se baseia na reação celular, denominada de “alergia

tuberculínica” (acúmulo de células inflamatórias) desenvolvida na pele, 24 a 72 h

após a inoculação intradérmica do PPD, uma mistura de proteínas de baixo peso

molecular. A tuberculina usada é o PPD-RT23 (preparada pelo Statens Serum

Institute, Copenhague) aplicada por via intradérmica no antebraço, na dose de 0,1

mL. Um endurecimento local de, 5-15 mm, dependendo dos fatores de risco do

indivíduo, é considerado um resultado positivo e indica infecção pelo M.

tuberculosis (TEIXEIRA et al., 2007).

A leitura do resultado em humanos segue a seguinte classificação:

� 0 – 4mm: não reator- indivíduo não infectado pelo bacilo da

tuberculose ou anérgico;

� 5 – 9mm: reator fraco- indivíduo infectado pelo bacilo da tuberculose

ou por outras micobactérias, ou ainda vacinados com BCG;

� 10mm ou mais: reator forte: indivíduo infectado pelo bacilo da

tuberculose, que pode estar doente ou não, ou vacinados com BCB.

(ABRAHÃO, 1998).

Apesar de sua importância, o teste PPD não tem 100% de sensibilidade

(porcentagem de indivíduos doentes com teste positivo) ou especificidade

(porcentagem de indivíduos sadios que apresentam teste negativo). Em média, 10

a 25% de pacientes com tuberculose ativa não reagem ao PPD, e sua

Page 29: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

26

especificidade também é variável. Levantamentos populacionais em áreas com

diferente risco de infecção por M. tuberculosis mostraram larga variação no

tamanho das reações, com acentuadas diferenças entre diferentes áreas

geográficas (TEIXEIRA et al., 2007).

O teste do PPD tem sensibilidade diminuída em populações de pacientes

imunocomprometidos como os portadores do HIV, pessoas recentemente

infectadas e crianças muito jovens. A especificidade é baixa pois o PPD contém

diversos antígenos amplamente compartilhados entre diferentes espécies de

micobactérias, como as micobactérias do ambiente, M. tuberculosis, M. bovis

(Não conseguindo diferenciar os infectados com o bacilo humano do bacilo

bovino) e M. bovis (BCG). Vários estudos têm demonstrado que o PPD não

distingue, com segurança, pessoas vacinadas com BCG daquelas expostas a

micobactérias do ambiente ou infectadas com M. tuberculosis. Diante destes

motivos o teste de tuberculinização em humanos é utilizado somente como

método de triagem (ANDERSEN et al., 2000).

O diagnostico in vivo da tuberculose bovina, feito pela prova da

tuberculina, é a principal forma empregada na discriminação das fontes de

infecção, sendo a base do diagnóstico da tuberculose bovina, e pela avaliação

dos sinais clínicos. O diagnóstico indireto pelo uso do PPD em bovinos apresenta

algumas limitações, onde as reações inespecíficas pelo contato prévio com outras

micobactérias ambientais resultam em falsos positivos, não reatividade levando a

falso negativos decorrentes de infecção recente, mau estado geral de saúde,

imunossupressão pós parto, anergia e reações cruzadas também com outros

patógenos não relacionados não relacionados como Corynebacterium e Nocardia

spp (MONOGHAN et al., 1994, ROMERO et al., 1999)

O controle da tuberculose bovina e os programas de erradicação são

baseados nos teste de tuberculina e sacrificio dos animais positivos. O teste

imunológico indireto de tuberculinização é o método diagnóstico padrão para

identificar animais tuberculosos e consiste na avaliação de uma reação de

hipersensibilidade tardia deflagrada em animais previamente expostos ao bacilo

da tuberculose, provocada em resposta à injeção intradérmica de tuberculina,

avaliado após 72 horas (BRASIL, 2006).

Page 30: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

27

Para os bovinos há três formas de utilização da tuberculina em busca do

diagnóstico:

1) o teste cervical simples é a prova de rotina em gado de leite devido à

sua boa sensibilidade;

2) o teste da prega ano-caudal pode ser utilizado como prova de triagem,

porém, exclusivamente em gado de corte;

3) o teste cervical comparativo é a prova confirmatória para animais

reagentes ao teste da prega ano-caudal ou ao teste cervical simples; todavia,

também pode ser empregado como única prova diagnóstica em rebanhos com

histórico de reações inespecíficas (BRASIL, 2006).

No Brasil, a prova tuberculínica é realizada com o PPD bovino, produzido

a partir da amostra AN5 de M. bovis, contendo 1 mg de proteína por mL (32.500

UI). No teste cervical comparativo, utiliza-se também o PPD aviário, produzido a

partir da amostra D4 de M. avium, contendo 0,5 mg de proteína por mL (25.000

UI) (BRASIL, 2006).

Considera-se a reação positiva, quando a diferença do espessamento

(espessura da dobra 72 horas após a inoculação intradérmica menos espessura

da dobra no dia da inoculação) for de 4mm ou mais, ou quando houver sinais

clínicos como edema, exudação, necrose ou dor no local. De 1 a 4 mm, sem

sinais clínicos no local da aplicação, é um resultado inconclusivo (ABRAHÃO,

1998).

A sensibilidade do teste de tuberculinização varia entre 68% a 95%,

enquanto sua especificidade foi estimada entre 95% a 99%. CORREA &

CORREA (1992) diz que a variação da sensibilidade é de 32% a 99% e a

especificidade é estimado em 75,5 a 99,9%. A sensibilidade pode ser afetada por

fatores iatrogênicos tais como dessensibilização, imunossupressão pós-parto,

intervalo pós-infecção, assim como por variação da dose e potência da

tuberculina utilizada e da variabilidade na avaliação do edema pelo observador. A

especificidade, é influenciada pela sensibilização que pode ocorrer pela exposição

do animal ao M. avium, M. paratuberculosis ou por micobactérias do meio

ambiente. Essas variações podem dar resultados falsos positivos ou falsos

negativos.

Page 31: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

28

A execução do teste, somada à eutanásia dos bovinos positivos, têm sido

o esteio dos principais programas de erradicação ao redor do mundo há anos,

inclusive no Brasil com o Programa Nacional de Controle e Erradicação da

Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). Novas ferramentos, incluindo novos

métodos diagnósticos e até mesmo vacinas, são requeridas nos países nos quais

o teste intradérmico seguido de abate não gera resultados satisfatórios no sentido

da erradicação do problema (POLLOCK et al., 2005).

Page 32: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

29

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O agente causador da tuberculose está na terra a mais tempo que a

própria humanidade, foi uma das primeiras doenças a serem estudadas, já

vitimou milhões de pessoas, provoca grandes perdas na pecuária e gera muitos

gastos à saúde e mesmo assim ainda é um enigma aos pesquisadores.

A tuberculose é uma doença de grande importância ocupacional, onde os

manipuladores de animais em geral como trabalhadores de frigoríficos e laticínios,

possuem um maior risco de adquirir a doença.

O Ministério da Agricultura pretende erradicar a tuberculose bovina, o

índice oficial de prevalência da tuberculose em bovinos está muito defasado,

havendo a necessidade de novos dados oficiais, pois o programa que pretende o

controle e erradicação da mesma está vigorando a anos e não foram divulgados

novos dados sobre o andamento do mesmo.

O diagnóstico é demorado, chegando a 40 dias, e a doença é difundida

mais facilmente entre os portadores de HIV, que muitas vezes não tem a

possibilidade de esperar um tempo tão longo para a obtenção de um resultado.

Sendo assim, outras técnicas vem sendo desenvolvidas para um diagnóstico mais

rápido e seguro, apesar de toda dificuldade encontrada dentro das técnica e as

dificuldade impostas pelas características intrínsecas das micobactérias.

Page 33: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

30

REFERÊNCIAS

1. ABALOS, P.; RETAMAL, P. Tuberculosis: una zoonosis re-emergente?

Revue Scientifique et Technique (International Offi ce of Epizootics), v. 23, n.

2, p. 583- 594, 2004.

2. ABRAHÃO, R. M. C. M. Tuberculose humana causada pelo Mycobacterium

bovis: considerações gerais e a importância dos reservatórios animais. 1998.

Dissertação (Mestrado)- Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo, São Paulo, 1998.

3. Alianza Alto a la Tuberculosis y Organización Mundial de la Salud. Plan

Mundial para Detener la Tuberculosis 2006-2015. Ginebra, Organización Mundial

de la Salud, 2006 (WHO/HTM/STB/2006,35)

4. ANDERSEN P, MUNK ME, POLLOCK JM, DOHERTY TM. Specific

immune-based diagnosis of tuberculosis. Lancet . 2000; 356(9235):1099-104.

5. ARANAZ, A.; COUSINS, D.; MATEOS, A.; DOMINGUEZ, L. Elevation of

Mycobacterium tuberculosis subsp. Caprae to species rank as Mycobacterium

caprae comb. Nov., sp. nov. International Journal of Systematic and

Evolutionary Microbiology, v. 53, n. 6, p. 1785-1789, 2003.

6. BALIAN, S. C.; PINHEIRO, S. R.; GUERRA, J. L.; MORAIS, Z. M.;

FERREIRA, F.; FERREIRA NETO, J. S. Estudo comparativo de dois métodos de

descontaminação na pesquisa de micobactérias. Arquivo do Instituto Biológico,

v. 69, n. 2, p. 11-14, 2002.

7. BERTOLLI FILHO, C. História social da tuberculose e do tuberculoso:

1900-1950. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2001.

Page 34: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

31

8. BIERRENBACH A. L. et al. Incidência de tuberculose e taxa de cura, Brasil,

2000 a 2004, Ver. Saúde Pública v. 41, n. 1, p. 24-25, 2007

9. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAUDE. Secretaria Nacional de Programas

Especiais de Saúde. Divisão de Pneumologia Sanitária. Campanha Nacional

contra tuberculose. Controle da Tuberculose: uma proposta de integração

ensino-serviço. 4ª Ed. Brasilia, 1994.

10. Brasil. Ministério da Saúde. Centro de Referência Prof. Hélio Fraga/

Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia. Controle da Tuberculose: uma

proposta de integração ensino-serviço. 5º Ed. Rio de Janeiro: Sociedade

Brasileira de Pneumologia; 2002.

11. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde.

Centro de Referencia Prof. Helio Fraga. Manual de bacteriologia da

tuberculose. Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Publica. 3º Ed. Rio

de Janeiro, 2005. P. 47-135.

12. BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento de Defesa Animal (DDA).

Programa Nacional de Controle e Erradicação da Bruc elose e Tuberculose

(PNCEBT). Brasília: Ministério da Agricultura, 2006. Site:

http://www.agricultura.gov.br/animal/sanidade-animal acessado em 05 de

setembro de 2011

13. BUDDLE B.M. et al. Progress in the development of tuberculosis vaccines

for cattle and wildlife. Veterinary Microbiology 112 (2006) 191–200

14. CENTRO PANAMERICADO DE ZOONOSIS Bacteriologia de La

tuberculosis humana y animal. Ramos Mejia. Monografias Cientificas y Tecnicas,

C.P.Z., 11, Buenos Aires, 1979

15. COUSINS, D. V.; BASTIDA, R.; CATALDI, A.; QUSE, V.; et al. A

Tuberculosis in seals caused by a novel member of the Mycobacterium

Page 35: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

32

tuberculosis complex: Mycobacterium pinnipedii sp. nov. International Journal of

Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 53, n. 5, p. 1305-1314, 2003.

16. COUSINS, D.V., 2001. Mycobacterium bovis infection and control in

domestic livestock. Rev. Sci. Tech. 20, 71–85.

17. CORRÊA, W. M.; CORRÊA, C. N. M. Tuberculose. In: Enfermidades

infecciosas dos mamíferos domésticos . Rio de Janeiro: Médsi, 1992. p. 317-

337.

18. COSIVI, O.; GRANGE, J.M; DABORN, C.J; RAVIOGLIONE, M.C.;

FUJIKURA, T.; COUSINS, D.; ROBINSON, R.A.; HUCHZERMEYER, H.F.A.K.;

KANTOR, I.; MESLIN, F.X. Zoonotic tuberculosis due to Mycobacterium bovis in

developing countries. Emerging Infectious Disease , v. 4 n. 1, p. 59-70, 1998.

19. FERREIRA NETO, J. S.; BERNARDI, F. O controle da tuberculose bovina.

Disponivel em: <http://www.bichoonline.com.br/artigos/ha0008.htm> . Acesso em

02 de setembro de 2011.

20. FIGUEIREDO, E. E. de S. et al. DETECÇÃO DO COMPLEXO

Mycobacterium tuberculosis NO LEITE PELA REAÇÃO EM CADEIA DA

POLIMERASE SEGUIDA DE ANÁLISE DE RESTRIÇÃO DO FRAGMENTO

AMPLIFICADO (PRA). Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 4, p. 1023-1033 ,

out./dez. 2008

21. GOODCHILD, A. V; CLIFTON-HADLEY R. S.: Cattle-to-cattle

transmission of Mycobacterium bovis Tuberculosis (2001) 81(1/2), 23I41

Harcourt Publishers Ltd, 2001

22. GRANGE, J. M. & YATES, M. D. Zoonotic aspects os Mycobacterium bovis

infection. Vet. Microbiol., 40: 137-51, 1994.

Page 36: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

33

23. HARDIE, R. M & WATSON, J. M. Mycobacterium bovis in England and

Wales: past, present and future. Epidemiol. Infect., 109: p 23-33, 1992

24. HERSHKOVITZ I, DONOGHUE HD, MINNIKIN DE, BESRA GS, LEE OY-

C, et al. (2008) Detection and Molecular Characterization of 9000-Year-Old

Mycobacterium tuberculosis from a Neolithic Settlement in the Eastern

Mediterranean. PLoS ONE 3(10): e3426. doi:10.1371/journal.pone.0003426

25. HIJJAR, M.A.; OLIVEIRA, M.J.P.R.; TEIXEIRA, G.M. A tuberculose no

Brasil e no mundo. Boletim Pneumologia Sanitária , 2001.

26. IBGE, 2009, Banco de Dados Agregados, disponível em:

<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?t=2&z=t&o=24&u1=1&u2=1&

u3=1&u4=1&u5=1&u6=1&u7=1> Acessado em: 05 de setembro de 2011

27. LANGENEGGER, J.; LANGENEGGER, C. H.; OLIVEIRA, J. D. Tratamento

massal da tuberculose bovina com isoniazida. Pesquisa Veterinária Brasileira ,

v. 11, n. 1, p. 21-23, 1991.

28. MARTINS, M. C. Estudo crítico da utilização das técnicas de biolog ia

molecular na detecção e identificação de micobactér ias, em especial, M.

tuberculosis. 2000. 111f. Dissertação (Mestrado em Epidemiologia) – Faculdade

de Saúde Publica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.

29. MAZARS, E.; LESJEAN, S.; BANULS, A.; et al. High-resolution

minisatellite-based typing as a portable approach to global analysis of

Mycobacterium tuberculosis molecular epidemiology. Proc. Natl. Acad. Sci. U. S.

A. v.98,n.4, 2001.

30. MONOGHAN, M. L., DOHERTY, M. L.; COLLINS, J. D. et al., The

tuberculin test. Veterinary Microbiology, v. 40, p. 111- 124, 1994.

Page 37: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

34

31. NORTH, C. E.; PARK, W. H. Standards for milk pasteurization. American

Journal Hygiene, v. 7 p. 147-173, 1927.

32. KANTOR, I. N & RITACCO, V. Bovine tuberculosis em Latin America and

the Caribbean: current status, control and eradication programs. Vet. Microbiol.,

40: p 5-14, 1994

33. KANTOR, I. N.; RITACCO, V. Na update on bovine tuberculosis programs

in Latin American and Caribbean coutries. Veterinary Microbiology, v. 112, p.

111-118, 2006.

34. KANTOR, I. N. Situación de La tuberculosis bovina em América Lati na

y El Caribel. Martinez: OPAS/OMS, 1988. P. 23 (Nota técnica n. 8)

35. KANTOR, I. N. Bacteriologia de La tuberculosis humana y animal.

OPAS/OMS. 1979, p. 63 (Nota técnica nº 11)

36. KONEMAN, E.W.; ALLEN, S.D.; L ANDA, W.M.; SCHRECKENBERGER,

P.C.; WINN JUNIOR, W.C. Diagnóstico microbiológico. Texto e atlas colorido.

5.ed. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 2001. 1465p. Capítulo 17 Micobactérias

37. KONEMAN, E. W.; ALLEN, S. D.; JANDA, W. M.;SCHRECKENBERGER,

P. C.; JUNIOR, W. C. W. Diagnóstico Microbiológico. In: Micobactérias, Medsi,

2001. P. 903-946.

38. KRITSKI, A. L., CONDE, M. B., SOUZA, G. R. M. Tuberculose: do

ambulatório à enfermaria. 2ª Ed. São Paulo: Atheneu; 2000.

39. OLIVEIRA. I. A. S.; MELO, H. P. C.; CÂMARA. A., DIAS, R. V.C., SOTO-

BLONCO, B. Prevalência de tuberculose no rebanho bovino de Mossoró, Rio

Grande do Norte Braz. J. vet. Res. anim. Sci ., São Paulo, v. 44, n. 6, p. 395-400,

2007

Page 38: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

35

40. PARDO, R. B.; LANGONI, H.; MENDONÇA, L. J. P.; CHI, K. D. Isolation of

Mycobacterium spp. in milk from cows suspected or positive to tuberculosis. Braz.

J. vet. Res. anim. Sci. São Paulo, v. 38, n. 6, p. 284-287, 2001.

41. PARDO, R. B. Isolamento de Mycobacterium spp. do leite de vacas

suspeitas e positivas para tuberculose, segundo o T este de Stormont. 1998.

106f. Dissertação(Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,

Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2007.

42. POLLOCK, J. M.; WELSH, M. D.; McNAIR, J. Immune response in bovine

tuberculosis: towards new strategies for the diagnosis and control of disease.

Veterinary Immunology and Immunopathology, v. 108, p. 37-43, 2005.

43. PRITCHARD, D. G. A Century of bovine tuberculosis 1888-1988: conquest

and controversy. Journal of Comparative Pathology, v. 99, p. 357-99, 1988.

44. RODRÍGUEZ-LÁZARO, D.; LOMBARD, B.; SMITH, H.; et al. Trends in

analytical methodology in food safety and quality: monitoring microorganisms and

genetically modified organisms. Trends in Food Science & Technology,

Cambridge, [online], v. 18, 2007. Disponível em:

http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleURL&_udi=B6VHY-

4N1466T2&_user=10&_rdoc=1&_fmt=&_orig=search&_sort=d&view=c&_acct=C0

00050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=5ba1113d42971418aa2

4a3c2132af46a . Acesso em: 12 maio 2011.

45. ROMERO, R. E.; GARZÓN, D. L.; MEJÍA, G. A.; et al., A identification of

Mycobacterium bovis in bovine clinical samples by PCR species-specific primers.

Canadian Journal of Veterinary Research, v. 63, p. 101-106, 1999.

46. ROSEMBERG, J.; TARANTINO, A. B.; PAULA, A. et al. Tuberculose. In:

Tarantino, A. B. Doenças Pulmonares, 3ª Ed. Rio de Janeiro, Guanabara

Koogan, 1990. P. 233-97

Page 39: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

36

47. ROXO, E. Tuberculose bovina: revisão. Arquivos do Instituto Biológico ,

v. 63, n. 2, p. 91-97, 1996.

48. ROXO, E. Avaliação da resposta imunoalérgica cutânea â tuber culina

em bubalinos ( Bubalus bubalis). São Paulo, 1996. (Tese de Doutorado-

Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecna da Universidade de São Paulo).

49. ROXO, E.; IKUNO, A. A.; FERREIRA, V.C.A.; et al. Avaliação de diferentes

protocolos de extração de DNA de Mycobacterium bovis a partir de leite.

Arquivos do Instituto Biologico, São Paulo, v. 69, p. 46, 2002.

50. ROXO, E. Tuberculose humana e animal. 2008. Artigo em Hypertexto.

Disponivel em <http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/tuberculose/index.htm>

Acessado em: 01de setembro de 2011.

51. SIMPSON, D. M.; REED, R. W. Slide culture of tubercle bacilli. IV: Further

diagnostic trials. American Jorurnal of Public Health Nations Health , v. 48, n.

9, p. 1153- 1161, 1958.

52. TEIXEIRA HC, ABRAMO C, MUNK ME J. Diagnóstico imunológico da

tuberculose:problemas e estratégias para o sucesso. J Bras Pneumol .

2007;33(3):323-334

53. THOMAZ, J.B., THOMAZ, Y.C.M., JAHN, A. TROMBOSE DE ORIGEM

INFECCIOSA: TUBERCULOS. Acta Scientiae Medica. Vol. 2(2): 91-103; 2009

54. World Health Organization. Global tuberculosis control.

WHO/CDS/TB/2001.287.

55. WHO. Alianza Alto a la Tuberculosis y Organización Mundial de la Salud.

Plan Mundial para Detener la Tuberculosis 2006-2015. Ginebra, Organización

Mundial de la Salud, 2006 (WHO/HTM/STB/2006,35)

Page 40: FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis … · II FERNANDO AUGUSTO FERNANDES CORRÊA FORMAS DE DIAGNÓSTICO DE Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium bovis Seminário

37

56. WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE PESQUISA EM

TUBERCULOSE, 1., Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: REDE-TB 2002.

57. ZANINI, M. S.; MOREIRA, E. C.; LOPES, M. T. P; et al. Mycobacterium

bovis: polymerase chain reaction identification in bovine lynph node biopsies and

genotyping in isolates from southeast Brazil by spoligotyping and restriction

fragment length polymorphism. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz