11
07 08 NOV Presto Veloce FORTISSIMO Nº 21 / 2019

FORTISSIMO Nº 21 / 2019 · Sinfonia nº 2, op. 16, “Os quatro temperamentos” Allegro collerico Allegro comodo e flemmatico Andante malincolico Allegro sanguineo 07/11 08/11 Presto

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0708NOV

Presto

Veloce

F O R T I S S I M O N º 2 1 / 2 0 1 9

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P R O G R A M A

MARTIM BUTCHER Memória do Cardume

SERGEI RACHMANINOV Concerto para piano nº 1 em fá sustenido menor,

op. 1 Vivace

Andante

Allegro vivace

I N T E R VA L O

CARL NIELSEN Sinfonia nº 2, op. 16, “Os quatro temperamentos” Allegro collerico

Allegro comodo e flemmatico

Andante malincolico

Allegro sanguineo

0 7 / 1 1

0 8 / 1 1

Presto

Veloce

FA B I O M EC H E T T I , R E G E N T E

FA B I O M A RT I N O , P I A N O

Ministério da Cidadania,Governo de Minas Gerais e Itaú A P R E S E N TA M

ENCOMENDA • ESTRE IA MUND IAL

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Diretor Artístico e Regente Titular

da Orquestra Filarmônica de Minas

Gerais desde sua criação, em 2008,

Fabio Mechetti posicionou a orques-

tra mineira no cenário mundial da

música erudita. Além dos prêmios

conquistados, levou a Filarmônica

a quinze capitais brasileiras, a uma

turnê pela Argentina e Uruguai e

realizou a gravação de nove álbuns,

sendo quatro para o selo interna-

cional Naxos. Natural de São Paulo,

Mechetti serviu recentemente como

Regente Principal da Filarmônica

da Malásia, tornando-se o primeiro

regente brasileiro a ser titular de

uma orquestra asiática.

Nos Estados Unidos, Mechetti esteve

quatorze anos à frente da Orquestra

Sinfônica de Jacksonville e, atual-

mente, é seu Regente Titular Emérito.

Foi também Regente Titular das

sinfônicas de Syracuse e de Spokane,

da qual hoje é Regente Emérito.

Regente Associado de Mstislav

Rostropovich na Orquestra Sinfônica

Nacional de Washington, com ela

dirigiu concertos no Kennedy Center

e no Capitólio. Da Sinfônica de San

Diego, foi Regente Residente. Fez

sua estreia no Carnegie Hall de Nova

York conduzindo a Sinfônica de Nova

Jersey. Continua dirigindo inúmeras

orquestras norte-americanas e é

convidado frequente dos festivais

de verão norte-americanos, entre

eles os de Grant Park em Chicago

e Chautauqua em Nova York.

Igualmente aclamado como regente

de ópera, estreou nos Estados Unidos

dirigindo a Ópera de Washington. No

seu repertório destacam-se produções

de Tosca, Turandot, Carmem, Don

Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Madame Butterfly, O barbeiro de

Sevilha, La Traviata e Otello.

Suas apresentações se estendem

ao Canadá, Costa Rica, Dinamarca,

Escócia, Espanha, Finlândia, Itá-

lia, Japão, México, Nova Zelândia,

Suécia e Venezuela. No Brasil ,

regeu todas as importantes orques-

tras brasileiras.

Fabio Mechetti é Mestre em Regência

e em Composição pela Juil l iard

School de Nova York e vencedor do

Concurso Internacional de Regência

Nicolai Malko, da Dinamarca.

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

FABIO MECHETTI

D I R E T O R A R T Í S T I C O

E R E G E N T E T I T U L A R

Dois jovens talentos brasileiros par-

ticipam do concerto desta noite. Um,

compositor, introduz peça comissio-

nada pela Filarmônica como resul-

tado vitorioso da edição do Festival

Tinta Fresca do ano passado. Martim

Butcher nos apresenta Memória do

Cardume, convidando nosso público

a descobrir esse sugestivo enigma.

Outro, um dos pianistas mais talen-

tosos da nova geração. Fabio Martino

retorna a Belo Horizonte para executar

o virtuosístico Primeiro Concerto de

Rachmaninov, escrito por este quando

também jovem, na idade de dezoito anos.

Executada pela primeira vez pela

Filarmônica, a Sinfonia nº 2 do di-

namarquês Carl Nielsen revela sua

singular vocação para expressar con-

trastantes sentimentos em uma lin-

guagem romântica e ao mesmo tempo

desafiadora. Sua sinfonia dos “quatro

temperamentos” se revela uma expe-

riência tanto musical quanto psicoló-

gica, ao transmitir de forma direta a

carga emocional que cada um de seus

movimentos carrega.

Desejo a todos uma grande experiência.

FAB IO MECHET T I

FOTO

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Já aos cinco anos Fabio Martino come-

çou a tocar piano no instrumento de

sua avó, uma professora em São Paulo.

Dezessete anos mais tarde – após uma

rigorosa formação nas principais uni-

versidades do Brasil e Alemanha –,

comprou seu primeiro Steinway, com

o prêmio recebido pelo primeiro lugar

no maior concurso internacional de

piano da América Latina, o BNDES.

Considerado ousado e aberto a desa-

fios, Martino obteve mais de vinte primei-

ros lugares em competições internacio-

nais de piano. Como uma marca regis-

trada, apresenta-se sempre com uma

gravata borboleta de laço feito a mão.

Seu segundo álbum, Passion, uma

coprodução com a rádio alemã SWR

em Baden-Baden, contém obras de

Beethoven, Liszt, Schumann e a primei-

ra audição mundial de Tico-Tico no

Fubá, de Zequinha de Abreu, em arranjo

de Marc-André Hamelin. “Não é somente

virtuoso, é também vibrante e de ‘cair

da cadeira’! Grandioso!” – escreve Guido

Krawinkel para a revista Klassikheute.

Em 2019 lança seu terceiro álbum, Latin

Soul, com obras para piano solo de Villa-

Lobos, Ginastera, Guastavino e Guarnieri.

Como solista, Fabio Martino interpreta

concertos de Prokofiev, Rachmaninov,

Beethoven, Bach, Schumann, Medtner,

Mozart, Bartók, entre tantos outros, acom-

panhado por importantes orquestras como

Osesp, Petrobras Sinfônica, Filarmônica

de Minas Gerais, Badische Staatskapelle,

filarmônicas de Stuttgart e de Câmara

Tcheca, sinfônicas da Rádio da Baviera,

de Berlim e de Shenzhen.

Na temporada 19/20 destacam-se

concertos com a Staatskapelle Weimar,

Filarmônica de Stuttgart, sinfônicas

de Nurenberg, Munique e Schleswig-

Holstein, nas salas Meistersingerhalle,

Herkulessaal, Liederhalle, Eroica-Saal

e Verdi. Estará na China, no Brasil,

na Alemanha e na Áustria, em dois

concertos de Ano Novo na Festspie-

lhaus de Salzburgo.

Críticos já comparam Fabio Martino com

Nelson Freire, Martha Argerich, Claudio

Arrau e Sviatoslav Richter e o relacio-

nam inclusive com Vladimir Horowitz.

FABIO MARTINO

FOTO

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INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 3 flautas, 3 oboés,

3 clarinetes, clarone, 3 fagotes,

contrafagote, 4 trompas,

3 trompetes, 3 trombones,

tuba, tímpanos, percussão,

harpa, pianos, cordas.

ED ITORA

Edição do compositor

SÃO PAU LO , B R A S I L , 1 987

Martim BUTCHERPor volta dos dezoito anos, Martim Butcher se viu

imerso num ambiente impregnado pela canção e

pelo violão. Embora seduzido pela performance, sua

timidez o fez refugiar-se nos estudos de harmonia e

na análise da relação entre texto e música. Como a

música, o texto, mais precisamente a literatura, ocu-

pou desde cedo um lugar importante em seu univer-

so artístico. O contato com a obra de Marcel Proust,

aos quinze anos, teve enorme impacto em sua vida,

levando-o a optar pela ênfase em literatura francesa

durante a graduação em Letras na USP. Embora não

tenha concluído o curso, Butcher permaneceu atrelado

ao gênero literário e ao trabalho de figuras híbridas,

como Chico Buarque, cuja obra coabita suas primeiras

investidas como compositor. Embora seu elo com a

literatura lhe pareça mais natural do que seu vínculo

com a música, Butcher oficializou sua relação com a

música ao mudar-se para a Argentina a fim de estudar

composição musical na Universidade Nacional de La

Plata. Ali, a orientação de Luis Menacho, a compreen-

são técnica e estética de Mariano Etkin e o estímulo

moral e empreendedorismo do professor de música

eletroacústica Federico Jaugueriberry foram cruciais

para a consolidação de seu percurso composicional.

Profundamente consciente de seu processo de forma-

ção, Butcher resiste à associação linear entre afini-

dades estéticas e linguagem musical. Assim, embora

aprecie a escrita orquestral de Mahler ou a postu-

ra profissional de Etkin, não atribui a eles nenhum

impacto direto sobre sua estética

musical. Uma exceção a essa regra

seja, talvez, György Ligeti, cuja obra

admira e cuja influência se expres-

sa principalmente na forma como

manipula texturas de modo a fazer

com que as linhas ganhem, como

diz, “certa espessura”.

Os dilemas em relação à responsa-

bilidade do músico em um mundo

de crises políticas fizeram com que

o vencedor do Festival Tinta Fresca

de 2018, pela obra Stretching before

and after, se visse dividido em rela-

ção ao tema da obra encomendada

pela Filarmônica. Inicialmente, viu-

-se atraído pela ideia de uma obra

de coloração mais política. À medi-

da que o trabalho se desenvolveu,

Butcher percebeu, no entanto, que

compunha “uma música pacífica,

marinha”. Memória do Cardume ecoa

as descrições do escritor argenti-

no Juan José Saer de fenômenos

como a chuva, os rios, os ventos em

campos floridos, que o compositor

descreve como “fenômenos visuais

em que as unidades mínimas não

fazem exatamente o mesmo gesto,

mas terminam sendo compreendidas

dentro do movimento de uma unida-

de maior: o cardume.” A obra busca

então explorar tal metáfora dentro

de uma forma rapsódica, através de

seções contrastantes que se suce-

dem ao arbítrio do compositor. É,

no entanto, em sua microforma que

a metáfora ganha força, conferindo

unidade à obra. Como no cardume,

em que um peixe pode ser visto

isoladamente ou como elemento

de um grupo, os instrumentos são

trabalhados em suas individualida-

des e como membros dos naipes,

tocando sempre de modo ligeira-

mente defasado, a fim de que suas

identidades melódicas se fundam

em massas sonoras mais espes-

sas. Acelerações e desacelerações,

movimentos ascendentes e descen-

dentes, adensamentos e rarefações

e mesmo momentos mais estáticos

submergem o ouvinte nesse percurso

sonoro evocativo de um cardume.

IGOR REYNER Pianista,

Mestre em Música pela Universidade Federal

de Minas Gerais e Doutor em Literatura

pelo King’s College London.

20 1 9 1 4 M I N U TO S

Memória do CardumeEncomenda

Estreia mundial

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INSTRUMENTAÇÃO

2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes,

2 fagotes, 4 trompas,

2 trompetes, 3 trombones,

tímpanos, percussão, cordas.

ED ITORA

Kalmus

PARA OUV IR

CD Rachmaninoff plays

Rachmaninoff – The 4 piano

concertos – Philadelphia

Orchestra – Eugene Ormandy;

Leopold Stokowski, regentes –

RCA Victor – 1994 (2 CDs)

PARA ASS IST IR

USSR State

Symphony Orchestra –

Vassily Sinaisky, regente –

Mikhail Pletnev, piano

Acesse: fil.mg/rpiano1

PARA LER

Sergei Bertensson; Jay Leyda –

Sergei Rachmaninoff: a lifetime

in music – Indiana University

Press – 2009

Sergei Rachmaninoff –

Rachmaninoff’s recollections

told to Oskar von Riesemann –

Macmillan – 1934

ONEG, RÚSSIA , 1873 BEVERLY HILLS, ESTADOS UNIDOS, 1943

Sergei RACHMANINOVO Concerto para piano nº 1 possui o vigor e a energia

próprios de Rachmaninov. Trata-se de uma obra de

juventude que o autor compôs aos dezoito anos de ida-

de, enquanto ainda aluno do Conservatório de Moscou.

A estreia, apenas do primeiro movimento, deu-se em

17 de março de 1892, no Conservatório, com a orques-

tra de alunos sob a regência do diretor, Vasily Safonov,

com Sergei Rachmaninov ao piano. A versão que hoje

conhecemos é de 1917, após a extensiva revisão que

Rachmaninov fez do Concerto, meses antes de deixar

a Rússia. A nova versão foi apresentada pela primeira

vez em Nova York, em 1919, pela Sociedade Sinfônica

Russa sob a direção de Modest Altschuler, tendo igual-

mente o compositor como solista.

O intenso diálogo entre o piano solista e a orquestra

é a marca registrada do primeiro movimento (Vivace),

com a brilhante escrita virtuosística típica do com-

positor. No segundo movimento (Andante), os temas

confiados ao piano, que reina praticamente absoluto,

são de um lirismo ímpar, apenas encontrados nas

mais belas páginas do próprio Rachmaninov. O ter-

ceiro e último movimento (Allegro vivace) é feito de

esfuziante energia. Música intensa, cheia do entu-

siasmo da juventude, que o compositor soube manter,

mesmo após as severas revisões realizadas na obra.

Apesar do enorme sucesso alcançado no século XX

– tanto por seus concertos como por suas sinfonias,

sua música para solista, música de

câmara, óperas e música litúrgica

–, Rachmaninov foi relativamente

negligenciado pelos estudos musi-

cológicos ocidentais, em razão do

preconceito vigente, que o considera-

va um compositor ultraconservador,

um homem do século XIX vivendo

em pleno século XX. Em um sécu-

lo praticamente todo dividido entre

“progressistas” e “conservadores”,

as melhores considerações foram

sempre reservadas aos ditos “mo-

dernos” e a sua música de caráter

experimental e revolucionário, en-

quanto as conquistas de seus anta-

gonistas eram atenuadas, por serem

eles avaliados, de antemão, como

“menos originais” que seus pares.

A concepção de que a música de

Rachmaninov pertence ao século

XIX é um daqueles erros históricos

que acabaram tornando-se verda-

des absolutas de tanto ser repe-

tidos. Na verdade, Rachmaninov

jamais se preocupou com as os-

cilações da moda e procurou ape-

nas seguir seu próprio caminho

individual. Sua música foi nada

mais que a expressão sincera de

sua personalidade, seus sentimen-

tos e ideias. Escreveu sobre seus

contemporâneos: “A nova música

parece vir não do coração, mas da

mente. Seus compositores pensam,

ao invés de sentir. Eles não têm

a capacidade de fazer obras en-

cantadoras, como dizia Hans von

Bülow. Eles advogam, protestam,

analisam, argumentam, calculam e

experimentam – mas não encantam”.

Se a música de Rachmaninov é

realmente ultrapassada, o mesmo

poderia ser dito do gosto de seus

milhões de admiradores ao longo

de todo o século. Para a crítica

especializada, seriam todos um

pouco démodés. Mas, sem dúvida,

que música encantadora!

GU ILHERME

NASC IMENTO Compositor, Doutor

em Música pela Unicamp, professor na

Escola de Música da UEMG, autor dos

livros Os sapatos floridos não voam

e Música menor.

1 890/ 1 89 1 , R E V I SÃO 1 9 1 7 , V E RSÃO F I N A L 1 9 1 9 27 M I N U TO S

Concerto para piano nº 1

em fá sustenido menor, op. 1

Última apresentação:

3 de jun / 2014

Fabio Mechetti, regente

Boris Giltburg, piano

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INSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 3 flautas, 2 oboés,

corne inglês, 2 clarinetes,

2 fagotes, 4 trompas,

3 trompetes, 3 trombones,

tuba, tímpanos, cordas.

ED ITORA

Kalmus

PARA OUV IR

CD Nielsen – Symphonies

Nos.1-6 – London Symphony

Orchestra – LSO – 2018

PARA ASS IST IR

Estonian Festival Orchestra –

Paavo Järvi, regente

Acesse: fil.mg/

ntemperamentos

PARA LER

Robert Simpson – Carl Nielsen,

Symphonist – Kahn & Averill

– 1986

SORTELUNG, D INAMARCA, 1865 COPENHAGEN, D INAMARCA, 1931

Carl1 90 1 / 1 902 3 2 M I N U TO S

NIELSENHá sempre uma certa ambiguidade nos compositores que

viveram a virada dos séculos XIX e XX, principalmente

naqueles advindos da periferia dos grandes centros

culturais europeus. Nestes casos, há um certo conflito

entre a necessidade de afirmação de uma linguagem

nacional e a dívida com a herança romântica, alemã

ou francesa, conforme o caso. Desse conflito nascem

sínteses únicas, originais, que às vezes se configuram

em uma escola nacional, outras vezes em estilos indi-

viduais bem peculiares. A tendência de se resumir a

música dessa época e desses recortes geográficos a

um nacionalismo às vezes exótico e não completamente

assumido é por demais redutora. Cada caso é particular

e precisa ser tomado em suas próprias especificidades.

Nessa perspectiva, há poucos parâmetros possíveis de

comparação entre, por exemplo, a Escola Espanhola, de

Albéniz e Granados, e a Tcheca, de Smetana e Dvorák,

por exemplo. Tampouco é possível resumir a uma mesma

e indistinta amálgama nomes, que, mesmo oriundos

de regiões próximas, têm caminhos expressivos bem

distintos, como, por exemplo, Grieg, Sibelius e Carl

Nielsen. Se houver, entre eles, medidas de comparação,

essas se dão mais por oposição que por semelhanças.

Paradoxalmente, porém, Carl Nielsen é considerado o pai

da Escola Dinamarquesa, e Maskarade, sua ópera cômica,

é, para os dinamarqueses, o que A noiva vendida, de

Smetana, é para os tchecos. No entanto, sua linguagem

é muito menos pintada de exotismos que a de Grieg e

recorre menos a citações do que a de

Sibelius. Ao ouvinte desavisado, ela

pode causar um certo desconforto,

justamente por não oferecer o tipo

de previsibilidade que se esperaria,

seja de um compositor “nacionalista”,

seja de um compositor exemplarmente

romântico, seja, ainda, de um compo-

sitor que buscasse fundir ambas as

tendências. É aí que reside o paradoxo

de Nielsen: sem subserviência aos

modelos hegemônicos, sem, tam-

pouco, render-se ao encantamento

das particularidades do folclore, atento

às mudanças de seu tempo, mas

seguro de sua linguagem, ele acaba

por abrir um caminho possível para

a música na Dinamarca que tem,

sem dúvida, um importante grau de

independência e de originalidade.

Nielsen compôs seis sinfonias, cujas

cronologias cobrem praticamente

toda a sua carreira. A segunda delas,

dedicada a Ferruccio Busoni, foi

estreada em 1902 pela Sociedade de

Concertos Dinamarquesa, conduzida

pelo compositor. O subtítulo – Os

quatro temperamentos – faz alusão,

ao mesmo tempo, a uma pintura con-

templada pelo compositor em uma

estalagem rural de sua terra natal e

aos quatro temperamentos humanos,

certamente representados na pintura,

descritos por Hipócrates. Na ordem

em que aparecem na Sinfonia, são

eles: Colérico, Fleumático, Melancólico

e Sanguíneo. A organização estabe-

lecida por Nielsen revela certa ironia,

porque relaciona, aos procedimentos

da sinfonia clássica, os conceitos do

Patrono da Medicina.

Embora seja tentador procurar perce-

ber, nisso, um conceito programático,

mesmo a despeito de certos elementos

descritivos, é muito mais interessante

o reconhecimento de uma linguagem

original e sólida, construída entre o

ocaso de uma era e a aurora de outra.

MOACYR L ATERZA

F ILHO Pianista e cravista, Doutor

em Literaturas de Língua Portuguesa,

professor da Universidade do Estado

de Minas Gerais e da Fundação de

Educação Artística.

Sinfonia nº 2, op. 16,

“Os quatro temperamentos”Primeira apresentação

com a Filarmônica

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t emporada 20 20

Filarmônica, nosso encontro na Música.

5 anos da Sala Minas Gerais57 concertos em 5 séries48 artistas convidadosFestival Beethoven

CONHEÇA A PRO GRAMAÇÃO E ASSINE.

fases de assinaturas troca

A T É 1 3 / N O V

Apenas para Assinantes da Temporada 2019 que, na fase de Renovação, indicaram a intenção de troca.

* O período poderá ser reduzido caso os assentos disponíveis para assinaturas se esgotem.

novas assinaturas *

D E 1 6 / N O V / 1 9

A T É 2 6 / J A N / 2 0

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ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA

Regente Associado

MARCOS ARAKAKI

Diretor Artístico e Regente Titular

FABIO MECHETTIOscip — Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

Lei 14.870 / Dez 2003

OS — Organização Social

Lei 23.081 / Ago 2018

* principal ** principal associado *** principal assistente **** musicista convidado

PRIMEIROS VIOLINOSRommel Fernandes –

Spalla associado

Ara Harutyunyan –

Spalla assistente

Ana Paula Schmidt

Ana Zivkovic

Arthur Vieira Terto

Joanna Bello

Laura von Atzingen

Luis Andrés Moncada

Roberta Arruda

Rodrigo Bustamante

Rodrigo M. Braga

Rodrigo de Oliveira

Wesley Prates

SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *

Hyu-Kyung Jung ***

Gideôni Loamir

Jovana Trifunovic

Luka Milanovic

Martha Pacífico

Matheus Braga

Radmila Bocev

Rodolfo Toffolo

Tiago Ellwanger

Valentina Gostilovitch

VIOLASJoão Carlos Ferreira *

Roberto Papi ***

Flávia Motta

Gerry Varona

Gilberto Paganini

Katarzyna Druzd

Luciano Gatelli

Marcelo Nébias

Mikhail Bugaev

Nathan Medina

VIOLONCELOSPhilip Hansen *

Robson Fonseca ***

Camila Pacífico

Camilla Ribeiro

Eduardo Swerts

Emília Neves

Lina Radovanovic

Lucas Barros

William Neres

CONTRABAIXOSNilson Bellotto *

André Geiger ***

Marcelo Cunha

Marcos Lemes

Pablo Guiñez

Rossini Parucci

Walace Mariano

FLAUTASCássia Lima *

Renata Xavier ***

Alexandre Braga

Elena Suchkova

OBOÉSAlexandre Barros *

Públio Silva ***

Israel Muniz

Maria Fernanda Gonçalves

CLARINETESMarcus Julius Lander *

Jonatas Bueno ***

Ney Franco

Alexandre Silva

FAGOTESCatherine Carignan *

Victor Morais ***

Francisco Silva

TROMPASAlma Maria Liebrecht *

Evgueni Gerassimov ***

Gustavo Trindade

José Francisco dos Santos

Lucas Filho

Fabio Ogata

TROMPETESMarlon Humphreys-Lima *

Érico Fonseca **

Daniel Leal ***

Tássio Furtado

TROMBONESMark John Mulley *

Diego Ribeiro **

Wagner Mayer ***

Renato Lisboa

TUBASEleilton Cruz *

Rafael Mendes ****

TÍMPANOSPatricio Hernández

Pradenas *

PERCUSSÃORafael Alberto *

Daniel Lemos ***

Sérgio Aluotto

Werner Silveira

HARPAClémence Boinot *

TECLADOSAyumi Shigeta *

GERENTE

Jussan Fernandes

INSPETORAKarolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Risbleiz Aguiar

ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi

ASSISTENTESClaudio Starlino

Jônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro

MONTADORESHélio Sardinha

Jussan Meireles

Klênio Carvalho

FORTISSIMO Novembro nº 21 / 2019

ISSN 2357-7258

Editora Merrina

Godinho Delgado

Edição de texto

Berenice Menegale

Capa Alchemic approach

to four humors in relation

to the four elements and

zodiacal signs, ilustração

de Leonhart Thurneisser

O Fortissimo está

indexado aos sistemas

nacionais e internacionais

de pesquisa. Você pode

acessá-lo também em

nosso site.

Este programa foi

impresso em papel doado

pela Resma Papéis.

CONSELHO ADMINISTRATIVOPresidente Emérito

Jacques Schwartzman

Presidente

Roberto Mário

Gonçalves Soares Filho

Conselheiros

Angela Gutierrez

Arquimedes Brandão

Berenice Menegale

Bruno Volpini

Celina Szrvinsk

Fernando de Almeida

Iran Almeida Pordeus

Ítalo Gaetani

Marco Antônio Pepino

Mauricio Freire

Octávio Elísio

Sérgio Pena

DIRETORIA EXECUTIVADiretor Presidente

Diomar Silveira

Diretor

Administrativo-

financeiro

Joaquim Barreto

Diretor de

Comunicação

Agenor Carvalho

Diretora de

Marketing e Projetos

Zilka Caribé

Diretor de Operações

Ivar Siewers

EQUIPE TÉCNICAGerente de

Comunicação

Merrina Godinho

Delgado

Gerente de

Produção Musical

Claudia da Silva

Guimarães

Assessora de

Programação Musical

Gabriela de Souza

Produtor

Luis Otávio Rezende

Analistas de

Comunicação

Carolina Moraes Santana

Fernando Dornas

Lívia Aguiar

Renata Romeiro

Analistas de

Marketing

Eventos — Lívia Brito

Projetos — Lilian Sette

Relacionamento —

Itamara Kelly

Assistente de

Marketing e

Relacionamento

Henrique Campos

Assistente

de Produção

Rildo Lopez

Auxiliar

de Produção

Jeferson Silva

EQUIPE ADMINISTRATIVAGerente

Administrativo-

financeira

Ana Lúcia Carvalho

Gerente Contábil

Graziela Coelho

Gerente de

Recursos Humanos

Quézia Macedo Silva

Analistas

Administrativos

João Paulo de Oliveira

Letícia Cabral

Secretária Executiva

Flaviana Mendes

Assistente

Administrativa

Cristiane Reis

Assistente de

Recursos Humanos

Jessica Nascimento

Recepcionistas

Meire Gonçalves

Vivian Figueiredo

Auxiliar Contábil

Pedro Almeida

Auxiliar

Administrativa

Geovana Benicio

Auxiliares de

Serviços Gerais

Ailda Conceição

Rose Mary de Castro

Mensageiro

Douglas Conrado

Jovem Aprendiz

Sunamita Souza

SALA MINAS GERAISGerente de

Infraestrutura

Renato Bretas

Gerente de Operações

Jorge Correia

Técnicos de Áudio

e de Iluminação

Daniel Hazan

Diano Carvalho

Assistente Operacional

Rodrigo Brandão

Page 10: FORTISSIMO Nº 21 / 2019 · Sinfonia nº 2, op. 16, “Os quatro temperamentos” Allegro collerico Allegro comodo e flemmatico Andante malincolico Allegro sanguineo 07/11 08/11 Presto

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19 nov, 20h30 F I L A R M Ô N I C A E M C Â M A R A

24 nov, 11h C O N C E R T O S PA R A A J U V E N T U D E

28 e 29 nov, 20h30 P R E ST O E V E LO C E

5 e 6 dez, 20h30 A L L E G R O E V I VA C E

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