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FACULDADE DOUTOR LEOCÁDIO JOSÉ CORREIA - FALEC EDSON PAIVA FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA CIENTÍFICA ESPÍRITA CURITIBA 2010

FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

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FACULDADE DOUTOR LEOCÁDIO JOSÉ CORREIA - FALEC

EDSON PAIVA

FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA

CIENTÍFICA ESPÍRITA

CURITIBA

2010

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EDSON PAIVA

FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA CIENTÍFICA

ESPÍRITA

Monografia apresentada à coordenação de Pós Graduação em Teologia Espírita, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Teologia Espírita da Faculdade Doutor Leocádio José Correia. Orientador: Prof°. Dr. Raul José Fernandes de Oliveira.

CURITIBA

2010

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Dedico para minha família, especialmente

minha esposa e filhos pelo incentivo, amor

e apoio que me ajudaram a trilhar os mais

justos caminhos à frente.

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AGRADECIMENTOS

Ao CREADOR, por nos permitir à vida em processo evolutivo.

A minha esposa e companheira pela paciência e apoio incondicionais que

possibilitaram o êxito desta empreitada.

Ao meu orientador Prof. Dr. Raul José Fernandes de Oliveira por suas

orientações e conselhos que foram vitais para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos professores da Faculdade Doutor Leocádio José Correia - FALEC por

seus ensinamentos e incentivos.

Aos colegas de curso por sua amizade, companheirismo e troca de idéias

que ocorreram durante o curso.

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“A mente que se abre a uma nova idéia

jamais voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein.

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RESUMO

Este trabalho monográfico tem como tema a fotografia Kirlian como técnica auxiliar na pesquisa científica espírita, e gerara uma análise crítica e atual dos trabalhos referentes ao tema de fotografia Kirlian, disponíveis na literatura especializada, nos trabalhos acadêmicos, nos documentos publicados por entidades espíritas; procurando demonstrar a viabilidade do uso do tema de eletrofotografias como elemento auxiliar em pesquisas seguindo uma formatação científica em estudos da fenomenologia espírita. A metodologia utilizada foi de um estudo bibliográfico do histórico e dos artigos publicados por vários autores para determinar o estado atual do conhecimento sobre o tema. Faz-se uma abordagem da técnica denominada como efeito Kirlian de maneira transdisciplinar analisando suas possibilidades como um instrumento auxiliar no estudo de efeitos da fenomenologia espírita tais como: passes, água fluidificada e incorporação mediúnica respeitando a formatação da metodologia científica acadêmica. Palavras-chave: Fotografia Kirlian, eletrofotografias, fenômenos espíritas.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Emissão de elétrons entre placas da alta voltagem .............................. 15 Figura 2: Esquema de uma faísca entre placas de alta voltagem ........................ 16 Figura 3a: Fotografia de descarga corona com gap de 13mm ............................. 17 Figura 3b: Fotografia de descarga corona com gap de 2,5mm e 17,5 kV ............ 17 Figura 4: Emissão de fóton no retorno de elétron excitado .................................. 18 Figura 5: Espectro óptico da luz solar e da descarga corona ............................... 19 Figura 6: Espectro de emissão da descarga corona de N2 + O2 ......................... 19 Figura 7: Esquema de fotografia Kirlian a partir de filme fotográfico .................... 20 Figura 8: Máquina Kirlian modelo 8M ................................................................... 21 Figura 9: Esquema para obtenção de fotografia Kirlian ........................................ 21 Figura 10a: Foto Kirlian de dois dedos com as cores reais .................................. 22 Figura 10b: A fotografia anterior com o processo de inversão das cores ............. 22 Figura 11. Estrutura do filme fotográfico .............................................................. 23 Figura 12: Techinical Data Sheet Konica Color QA Paper Impresa ...................... 24 Figura 13: Spectral sensitivy dayligth film Kodack 64T 6118 ............................... 24 Figura 14: Spectral sensitivy tungsten balancead film .......................................... 25 Figura 15: Spectral sensitivy paper ....................................................................... 25 Figura 16: Dispositivo CCD tipo GVD ................................................................... 26 Figura 17: Placa de exposição com circuito impresso .......................................... 27 Figura 18: Método de fotografia Kirlian usando eletrodo transparente ................. 27 Figura 19: Fotografias usando eletrodo transparente ........................................... 28 Figura 20:Tecido epileteal .................................................................................... 30 Figura 21:Certificado IUMAB ................................................................................ 32 Figura 22: Site do Mandel Institute ....................................................................... 33 Figura 23: Site Bioeletrofotografia ........................................................................ 34 Figura 24: Site Korotkov.org ................................................................................. 35 Figura 25: Banco de teses no site da CAPES ...................................................... 36 Figura 26: Pesquisa na biblioteca digital da Unicamp .......................................... 36 Figura 27: Distribuição temporal dos trabalhos acadêmicos ................................ 37 Figura 28: Instituições que utilizaram o tema Kirlian ............................................ 37 Figura 29: Áreas do conhecimento acadêmico que utilizaram tema Kirlian.......... 38 Figura 30: Titulação obtida com o uso do tema Kirlian ......................................... .38 Figura 31: Titulação obtida com o uso do tema Kirlian nas Instituições ............... 38 Figura 32: Uma das Kirliangrafias usada no trabalho do Dr. Nordenström.......... 39 Figura 33: Lâminas 1, 2, 3 e 4 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .................................... 47 Figura 34: Lâmina 5 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da

eficiência da prática espírita” ............................................................... 47 Figura 35: Lâminas 6, 7, 8 e 9 do trabalho: ”Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .................................... 48 Figura 36: Lâminas 10 e 11 do trabalho: ” Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .................................... 49 Figura 37: Lâmina 12 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação

da eficiência da prática espírita” .......................................................... 49 Figura 38: Lâmina 13 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação

da eficiência da prática espírita” .......................................................... 50

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Figura 39: Lâminas 14, 15, 16 e 17 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .................................... 51

Figura 40: Lâmina 18 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .......................................................... 52

Figura 41: Lâmina 19 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .......................................................... 52

Figura 42: Lâmina 20 do: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” ............................................................... 53

Figura 43: Lâmina 21 do: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” ............................................................... 54

Figura 44: Lâmina 22 do: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” ............................................................... 54

Figura 45: Lâmina 23 do: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” ............................................................... 55

Figura 46: Lâminas 24, 25, 26 e 27 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” .................................... 55

Figura A1.1: Fonte de alta voltagem com disparo manual .................................... 54 Figura A1.2: Circuito para máquina Kirlian utilizando IGBT. ................................. 57 Figura A1.3: Fonte de alta voltagem com frequência variável. ............................. 57 Figura A1.4: Circuito Transistorizado para máquina Kirlian .................................. 58 Figura A1.5: Circuito com MOSFET para máquina Kirlian .................................... 59 Figura A1.6: Circuito “Pirilampo” para máquina Kirlian. ........................................ 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

1.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 11

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 11

2 METODOLOGIA................................................................................................ 13

3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 14

3.1 DESCARGA CORONA ................................................................................... 14

3.1.1 O Espectro da Descarga Corona ................................................................. 18

3.2 O QUE É FOTOGRAFIA KIRLIAN .................................................................. 20

3.3 CORES NAS FOTOGRAFIAS KIRLIAN ......................................................... 22

3.4 CIRCUITOS DE FONTES DE ALTA VOLTAGEM (HV) PARA DISPOSITIVOS

KIRLIAN ................................................................................................................ 26

3.5 DISPOSITIVOS PARA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAIS KIRLIAN ............. 26

3.6 BREVE HISTÓRICO DA FOTOGRAFIA KIRLIAN .......................................... 28

3.7 A PELE DOS SERES VIVOS ........................................................................ 29

3.8 A FOTOGRAFIA KIRLIAN NA ATUALIDADE ................................................ 31

3.8.1 Formatação pseudocientífica das pesquisas referente ao tema Kirlian ....... 31

3.8.2 Estudos científicos feitos nos últimos anos nas Universidades Brasileiras . 36

3.8.3 Estudos científicos internacionais relevantes .............................................. 39

3.8.4 Fotografias Kirlian e Espiritismo .................................................................. 40

3.8.5 Análise de uma pesquisa Espírita feita com fotografias Kirlian .................. 45

4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 59

ANEXOS .............................................................................................................. 61

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1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver um conteúdo científico que aborde com uma visão moderna de

ciência espírita o tema de eletrofotografias em campos de alta voltagem (Fotografias

Kirlian) trata-se de um tema bastante conhecido através de trabalhos

pseudocientíficos, no entanto, necessita de um embasamento científico; para que

possa ser usada como uma ferramenta auxiliar em uma composição transdisciplinar

de pesquisa científica espírita.

1.2 JUSTIFICATIVA

Para evoluirmos do conceito que a ciência espírita trata de um conjunto de

fenômenos dos quais pode inferir um conjunto de afirmações e deduzir

consequências para um conceito mais moderno elaborado como o enunciado por

Cruz (2000) através do espírito de Antonio Grimm que a ciência espírita faz

transdisciplinaridade com as disciplinas do saber científico estabelecido; respeita a

pesquisa aplicada; a metodologia científica e também a estandardização técnica

científica acadêmica, além disto, usa também os conhecimentos auxiliares como

estatística e ferramentas computacionais de análise.

A técnica da fotografia Kirlian apresenta-se como um instrumento que se

aplicado com metodologia científica pode ajudar na pesquisa da fenomenologia

espírita. Praticamente na atualidade existe um consenso que a doutrina ao ser

transplantada da França para o Brasil não sofreu modificações em sua essência

para adaptar-se a uma nova situação social; mas o aspecto religioso tornou-se

preponderante devido à tradição cultural existente em função da miscigenação de

raças que existiu em detrimento aos aspectos filosófico e científico. Esta idéia está

claramente mostrada em trabalhos acadêmicos como o de Stoll (2002).

A interpretação da doutrina espírita no Brasil ocorre segundo a classe social

a qual pertencem às pessoas; sendo que os indivíduos de classe alta por serem

mais intelectualizados tendem a enfatizar as experiências científicas, já o espiritismo

praticado pelas classes menos favorecidas tende as caracterizar-se por um cunho

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fortemente religioso, com ênfase nas práticas terapêuticas.

Parece oportuno que o espiritismo a ser praticado deve seguir as

orientações de Cruz (2004) informando através das mensagens do espírito de

Antonio Grimm, que independentemente de pertencerem a qualquer classe social

deve-se praticar um espiritismo de construção de conhecimento transdisciplinar

eslético; onde pesquisas abordando a metodologia científica devem ser efetuadas

para aumentar a massa crítica de conhecimentos disponíveis para a sociedade e

consequentemente para toda humanidade.

Neste enfoque uma pesquisa obedecendo à metodologia científica sobre o

fenômeno conhecido com fotografia Kirlian ou eletrofotografia em campos de alta

voltagem fornece um contraponto a uma enorme divulgação de pesquisas

pseudocientíficas existentes e também como indicador das causas e mecanismos

envolvidos neste processo, fornecendo elementos para avaliação de sua utilidade

nos processos de pesquisa científica espírita.

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2 METODOLOGIA

1. Fazer um estudo bibliográfico do histórico e dos artigos publicados por

outros autores para determinar o estado atual do conhecimento sobre o tema.

2. Estudar a consistência das teorias explicativas sob a metodologia do

protocolo científico usando também uma abordagem de construtivismo, aplicando

transversalidade de conhecimento procurando atingir o alcance do entendimento na

atualidade.

3. Fazer um estudo em diversas áreas do conhecimento onde esta técnica

está sendo aplicada procurando demonstrar a contribuição introduzida nestes

respectivos campos de saberes.

4. Fazer um estudo relacionando este fenômeno com abordagem feita por

Kardec (2005, p. 251): “O Espiritismo tem por objeto o estudo do elemento espiritual

em suas relações com o elemento material e aponta na união desses dois princípios

a razão de uma imensidade de fatos até então inexplicados”. Verificando as

possíveis contribuições que possam ser geradas para o conhecimento espírita.

5. Procurar determinar a utilidade prática desta técnica no processo de

fortalecimento da pesquisa científica espírita moderna contribuindo para afastar os

antigos conceitos atrelados ao espiritismo como caracterizado por um cunho

fortemente religioso, com ênfase nas práticas terapêuticas.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 DESCARGA CORONA

Descarga Corona no entendimento dos autores Halliday, Resnick e Walker

(2007, p. 794) é explicada como a ação de um campo elétrico nas proximidades de

um condutor com diferença de potencial suficientemente forte para provocar que

alguns elétrons sejam retirados das moléculas de ar. Isso faz com que estas

moléculas de ar fiquem ionizadas, aumentando assim a capacidade do ar para

conduzir corrente elétrica. O brilho observado (ou descarga corona) resulta da

recombinação de elétrons livres com as moléculas de ar ionizado.

Explicando com mais detalhes pode-se entender por efeito corona como

uma descarga luminosa que resulta na ionização do ar na presença de um campo

elétrico suficientemente forte nas proximidades de um condutor capaz de exceder

certo valor crítico.

Na atmosfera terrestre, como em qualquer amostra de gás, encontram-se

dispersos naturalmente certos número de íons e elétrons produzidos por processos

naturais como a radiação cósmica, radiação térmica, radioatividade natural etc.

Estes processos naturais estabelecem certo número estacionário de íons,

pois ao mesmo tempo em que novos íons são criados outros se extinguem

naturalmente pelo processo de recombinação. Estes elétrons e íons são chamados

de portadores primários de carga. A taxa natural destes íons na atmosfera terrestre

segundo esta publicado no artigo Corona Discharges: Fundamentals and diagnostics

da faculdade de Física Aplicada da Universidade de Eindhoven (1994, p. 3) é

normalmente baixa da ordem de 1 elétron/mm3 o que leva a produção de uma

densidade natural de elétron da entre 103 a 106. Isto implica que vai haver uma certa

demora para que um elétron esteja posicionado na região correta onde existe um

forte campo elétrico resultando um tempo entre 1ns até alguns milissegundos para

que se inicie o processo de descarga corona.

Quando o campo elétrico existente é suficientemente forte e ultrapassa um

valor crítico os portadores primários existentes no gás atmosférico vão sofrer

aceleração gerando através de choques com outros átomos das moléculas do ar

íons que vão provocar um efeito avalanche proporcionando a formação de uma

corrente entre os eletrodos.

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O campo elétrico atua fortemente sobre estas partículas carregadas,

separando-os, e impedindo a sua recombinação, e também acelerando-as, dando a

cada um delas certa quantidade de energia cinética. Novos íons são criados por

colisão destas partículas carregadas aceleradas com átomos neutros. Estes, então,

irão passar pelo mesmo processo que os separa gerando uma avalanche de

elétrons e íons positivos como apresentado na figura 1.

Outro processo que pode fornecer elétrons é o descolamento dos íons

negativos sob influência do campo elétrico. Este efeito pode ser importante quando

os íons de uma descarga anterior ainda estão presentes. Ela ocorre na auto-

repetição das descargas no efeito corona.

Figura 1: Emissão de elétrons entre placas da alta voltagem. Fonte: Iovine (1994, p. 19).

Os íons positivos devido a sua elevada massa têm uma velocidade 100

vezes menor do que os elétrons e viajam em direção ao pólo negativo (anodo),

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enquanto os íons negativos que são os elétrons viajam em direção ao pólo positivo

(catodo), formando o que denominamos de faíscas como apresentado na figura 2.

A condução pode ser contínua formando um arco ou ser pulsada gerando

faiscamento.

Figura 2: Esquema de uma faísca entre placas de alta voltagem Fonte: Iovine (1994, p. 20).

Recentes pesquisas feitas com medições ópticas laser de descargas em

pressão atmosférica com radicais livres oxidrila, moléculas de óxido nitroso, ozônio,

oxigênio, nitrogênio atômico, e nitrogênio gasoso com descargas corona pulsadas

em dispositivos com barreira dielétrica geram fotografias como as mostradas nas

figuras 3 a e 3 b.

Além de informações indispensáveis para o desenvolvimento de sistemas de

decomposição de poluentes atmosféricos; estas imagens mostram a exatidão do

esquema da descarga corona apresentada na figura 2.

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Figura 3a: Fotografia de descarga corona com gap de 13mm. Fonte: Optical Diagnosis of Pulsed Streamer Discharge under Atmospheric Pressure (2007, p. 1). Site:< www.iesj.org/html/service/ijpest/vol1_no2_2007/IJPEST_Vol1_No2_ 03_pp123-129.pdf> Figura 3b: Fotografia de descarga corona com gap de 2,5mm e 17,5 kV. Fonte: Branching of Streamer Type Corona Discharge (2007, p. 3). Site: <http://homepages.cwi.nl/~ebert/GD2002.pdf>

Estas descargas corona podem ser positivas ou negativas, no caso das

descargas positivas os elétrons criam uma avalanche na parte interna da faísca que

fica recoberta por uma nuvem de íons positivos como apresentado na gravura da

figura 2. As descargas coronas negativas são mais complexas, iniciam-se do mesmo

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modo que a negativa, mas forma-se apenas uma pequena faísca inicial a qual em

um processo de liberação de fótons que vão excitar o gás próximo gerando novos

íons e elétrons secundários que vão manter o processo devido ao forte campo

eletromagnético que vai atrair estes íons para os eletrodos.

Em ambos os casos na parte interior da descarga corona formam-se plasma

altamente ionizado responsável pelo processo de excitação de elétrons que ao

decaírem para suas órbitas normais emitem fótons segundo os processos de colisão

de elétrons e absorção de fótons.

A luz é gerada pelo processo de emissão de fótons no decaimento de

elétrons excitados para uma órbita estável nos átomos apresentada na figura 4.

Figura 4: Emissão de fóton no retorno de elétron excitado. Fonte: Os Fundamentos da Luz Laser (2001, p. 7). 3.1.1 O Espectro da Descarga Corona

Como a atmosfera terrestre é formada por uma mistura gasosa chamada ar,

tem em sua composição 78% de nitrogênio e 21% de oxigênio, a descarga corona

excita principalmente átomos destes dois gases.

Esta descarga apresenta-se para o olhar humano com uma coloração azul-

violeta. O espectro de emissão do nitrogênio está predominantemente na parte

ultravioleta entre 280 e 450 nanômetros.

A figura 5 mostra um comparativo entre o espetro de emissão do sol e de

uma descarga corona.

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Figura 5: Espectro óptico da luz solar e da descarga corona Fonte: Condition Monitoring of In-Service Nonceramic Insulators and Underground Cables (2001, p. 10). Site:< http://www.pserc.org/cgi-pserc/getbig/publicatio/ reports/2002report/ gorur_nci_report.pdf>

Os átomos excitados do gás atmosférico emitem energia

predominantemente no espectro ultravioleta. Pode-se observar claramente na figura

6 que a emissão tem máximos de energia na região espectral do ultravioleta (abaixo

de 400nm).

Figura 6: Espectro de emissão da descarga corona de N2 + O2. Fonte: Optical emission spectroscopy of surfatron generated plasma in Air + O2 and N2 + O2 mixtures (2005, p. 3). Site:< http://old-www.cwi.nl/projects/icpig05/cd/D:/pdf/06-178.pdf>

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3.2 O QUE É FOTOGRAFIA KIRLIAN

Fotografia Kirlian, também chamada de Eletrofotografia, Eletrografia,

Bioeletrofotografia e Imagem de Descarga Eletromagnética (EDI); tem este nome em

homenagem aos pesquisadores Russos Seymon e Valentina Kirlian que trabalharam

no desenvolvimento deste método por mais de 30 anos.

A fotografia Kirlian usa alta voltagem e baixa corrente elétrica para a

obtenção de uma imagem em filme fotográfico ou mais recentemente em

dispositivos Charge-Coupled Device (CCDS) que são circuitos integrados sensores

de imagens muito utilizados em câmaras digitais.

O objeto a ser fotografado fica em contato com o pólo negativo e o pólo

positivo da alta voltagem fica conectado a um eletrodo condutor isolado próximo ao

filme que irá registrar a descarga corona formada nas bordas do objeto fotografado

como mostra o diagrama esquemático da figura 7.

Figura 7: Esquema de fotografia Kirlian a partir de filme fotográfico Fonte: Iovine (1994, p. 30).

Este método é apropriado para filme fotográfico, mas tem a desvantagem da

sensibilidade do filme à luz obrigando que a tomada da imagem eletro fotográfica

seja executada em câmara escura ou que o dispositivo que contém o filme e os

eletrodos esteja protegido por um aparato que impeça a entrada de luz como o

apresentado na figura 8 abaixo, onde a cobertura de plástico negra contendo uma

entrada com elástico por onde o braço é inserido para que os dedos se posicionem

sobre o filme na execução das fotografias; mas mantém o dispositivo com o filme

fotográfico protegido da luz ambiente.

A figura 8 mostra uma máquina Kirlian comercializada no Brasil que opera

conforme o método apresentado na figura 7.

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Figura 8: Máquina Kirlian modelo 8M Fonte:<http://www.bioeletrografia.com.br/index.php?q=MaquinasKirlianbioeletrograficas.html>

Outra abordagem mostrada na figura 9 que resolve este problema é o

procedimento que em uma câmara escura fotográfica (com presença de luz

vermelha) utilizar-se do recurso de enveloparem-se pedaços de papel fotográfico em

plástico negro opaco à luz e guardados para posterior uso em exposições no

sistema de alta voltagem em presença de luz ambiente, o que facilita muito ás

experiências.

Figura 9: Esquema para obtenção de fotografia Kirlian a partir de papel fotográfico Fonte: Método desenvolvido pelo autor desta monografia.

Usando-se este método obtêm-se as cores invertidas com apresentado na

figura 10a, em relação ao processo onde o filme é revelado e posteriormente este

negativo do filme transfere a imagem para o papel fotográfico; mas este problema é

facilmente resolvido utilizando-se um escâner que consegue inverter ás cores no

processo de digitalização da imagem como apresentado na figura 10b.

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22

Figura 10a: Foto Kirlian de dois dedos do aluno feito pelo método que utiliza papel fotográfico escaniada com as cores reais Fonte: Feita pelo autor desta monografia. Figura 10b: A fotografia anterior escaniada com o processo de inversão das cores Fonte: Feita pelo autor desta monografia. 3.3 CORES NAS FOTOGRAFIAS KIRLIAN

Muitas cores são visíveis nas fotografias Kirlian, mas uma descarga Corona

apresenta predominantemente tons azul-violáceos, então o mecanismo de formação

das outras cores como vermelhos, verdes, azuis pode ser entendido pela estrutura

de fabricação dos filmes e papéis fotográficos.

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Os filmes e papéis fotográficos possuem camadas sensíveis a diferentes

faixas de comprimentos de onda, camadas sensíveis a luz azul, a luz verde e a luz

vermelha, além de camadas de filtros apresentados nas figuras 11 e 12.

No caso da fotografia Kirlian a ionização dos gases contidos no micro-clima

entre o filme e objeto fotografado forma uma grande quantidade de radiação no

espectro Ultra-Violeta que excita os cristais dos sais de prata contidos na camada

mais interna do filme que absorvem e remitem esta radiação absorvida em outros

comprimentos de onda que vão excitar as camadas sensíveis às respectivas faixas

de comprimento de onda respectivas às cores básicas do substrato fotográfico.

O tempo de exposição com alta frequência também influencia no resultado

das cores na fotografia Kirlian, pois as diferentes camadas do filme são

sensibilizadas ao longo do tempo.

Figura 11: Estrutura do filme fotográfico Fonte: Iovine (1994, p. 45).

Em um trabalho de pesquisa deve-se prestar atenção ao tipo do filme ou

papel fotográfico utilizado, pois dependendo da escolha o resultado da tonalidade

das cores obtidas nas fotografias será alterado. Um filme fabricado para exposições

à luz do dia terá uma reprodução de cores diferentes de uma fotografia do mesmo

objeto nas mesmas condições de voltagem, frequência e tempo de exposição se o

filme utilizado for um filme próprio para fotografias com flash, isto é preparado para

exposição à luz de lâmpadas de flash; ou ainda de um filme para slides.

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Figura 12: Techinical Data Sheet Konica Color QA Paper Impresa Fonte: Techinical Data Sheet Konica Color QA Paper Impresa Fonte: < http://ca.konicaminolta.com/products/paper/pdf/A7imp.pdf>

Cada tipo de filme é fabricado com uma sensibilidade a uma diferente

temperatura de cor, os filmes para flash são balanceados para uma temperatura de

cor de 3200 graus Kelvin enquanto os filmes para exposição à luz do dia são

balanceados para uma temperatura de cor de 5400 graus Kelvin; como apresentado

nas figuras 13, 14 e 15.

Figura 13: Spectral sensitivy dayligth film Kodack 64T 6118 Fonte: Iovine (1994, p. 43).

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Figura 14: Spectral sensitivy tungsten balancead film Fonte: Iovine (1994, p. 44).

Figura 15: Spectral sensitivy paper Fonte: Techinical Data Sheet Konica Color QA Paper Impresa Type A7 (2007, p. 3). Site:< http://ca.konicaminolta.com/products/paper/pdf/A7imp.pdf>

Outros tipos de filmes como os contidos nos cartuchos Polaroid, filmes em

preto e branco e papel fotográfico preto e branco também podem ser utilizados para

Page 27: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

26

se obter fotografias Kirlian, as deve sempre levar-se em conta as respectivas

respostas espectrais destes materiais fotográficos. Além destas opções mais

recentemente tem sido utilizados dispositivos Charge-Coupled Device (CCD) para

obtenção de fotografias Kirlian. O exemplo da figura abaixo ilustra um dos

dispositivos CCD apresentados no site do Dr. Konstantin Korotkov para obtenção de fotografias Kirlian, tratadas como imagens tipo Gás Discharge Visualization (GDV)

através de descargas Corona.

O dispositivo usa um eletrodo de vidro transparente condutivo ligado à fonte

de alta tensão acima do elemento CCD que são circuitos integrados sensores de

imagens que irá fazer a captura da imagem, e está apresentado na figura 16.

Figura 16: Dispositivo CCD tipo GVD Fonte: <http://kirlianresearch.com/> 3.4 CIRCUITOS DE FONTES DE ALTA VOLTAGEM (HV) PARA DISPOSITIVOS

KIRLIAN

Uma fonte de alta voltagem e baixa corrente com freqüência variável é

necessária para o método de fotografias Kirlian. Maiores informações sobre seu

funcionamento e circuitos estão descritos no anexo 1.

3.5 DISPOSITIVOS PARA EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAIS KIRLIAN.

O dispositivo de exposição mais simples apresentado na figura 17, pode ser

construído em uma placa condutora ligada ao gerador de alta tensão e isolada por

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27

uma placa de vidro; a placa condutora pode ser um pedaço de chapa de metal ou

ainda um pedaço de placa de circuito impresso não corroída. Este dispositivo exige

que as fotografias sejam feitas em câmara escura para não velar o filme fotográfico.

Figura 17: Placa de exposição com circuito impresso Fonte: Iovine (1994, p. 75).

A placa condutora para o dispositivo também pode ser um pedaço de vidro

condutivo, ou uma folha de plástico condutivo com uma camada à base de óxido

metálico transparente. O Maior problema deste tipo de material é o alto preço e a

dificuldade de se obter; mas existe uma opção economicamente viável que produz o

mesmo efeito, trata-se de um reservatório de vidro contendo um eletrodo condutor e

solução salina. Este método é apresentado nas figuras 18, 19.

Figura 18: Método de fotografia Kirlian usando eletrodo transparente Fonte: Iovine (1994, p. 105).

Page 29: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

28

Figura 19: Fotografias usando eletrodo transparente e câmara 35mm feitas pelo aluno em 11/02/1982 a primeira com flash e a segunda no escuro Fonte: Feitas pelo autor desta monografia em 11/02/1982 a primeira com flash e a segunda no escuro.

3.6 BREVE HISTÓRICO DA FOTOGRAFIA KIRLIAN

A bibliografia tradicional dentre os quais pode-se citar os autores Thelma

Moss em 1979 e Jhon Iovine em 1994, creditam a descoberta da fotografia Kirlian

aos russos Semyon e sua esposa Valentina Kirlian em 1939 e durante mais de 10

anos contribuíram para o seu desenvolvimento na antiga União Soviética em

colaboração com o físico Victor Adamenko.

Historicamente há registros de imagens eletrográficas desde 1777 através

do físico alemão Georg Cristoph Lichtemberg, mas estas imagens ainda não podiam

ser gravadas devido ao fato do processo fotográfico ainda não ter sido descoberto.

Em 1892 aparecem os primeiros registros gravados através de Narkovitz e

ficaram conhecidas como Eletrografias ou Efluviografias.

Em 1880 Nicola Tesla fotografa muitos efeitos de descargas corona obtidas

através da bobina de Tesla.

As descobertas dos Kirlian só apareceram ao conhecimento do mundo

ocidental em 1970 com a publicação do livro “Descobertas Psíquicas na Cortina de

Ferro”. Nos Estados Unidos os primeiros estudos foram feitos pela doutora Thelma

Moss em associação com Kendall Jhonson que publicaram um livro intitulado

“Probability of the Impossible” em 1974.

No Brasil em 1981 o engenheiro Hernani Guimarães Andrade divulgou

amplamente a pesquisa de fotografias Kirlian e difundiu a técnica publicando na

Page 30: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

29

Revista Planeta; o projeto de construção de uma máquina Kirlian projetada pelos

engenheiros Luiz Otávio Saraiva Ferreira e Eduardo Tavares Costa da Unicamp

(ANDRADE, 1981).

No site Milholmes cursos e equipamentos bioeletrográficos (2009), existe

uma descrição da história da bioeletrografia creditando a invenção da fotografia

Kirlian ao Padre Roberto Landell de Moura no ano de 1904 e também creditando as

primeiras fotografias Kirlian modernas no Brasil ao Físico Newton Milholmes no ano

de 1968. O primeiro livro do professor Milholmes intitulado Fotos Kirlian – Como

Interpretar (MILHOLMES, 1983) é muito posterior a data anunciada no site.

Em 1985 o físico Russo Konstantin Korotkov professor da Universidade de

São Petersburgo, com uma equipe daquela Universidade, descobre que o efeito

Kirlian é o resultado da ionização de gases e vapores emanados pela nossa pele,

através dos poros. Batizou então a técnica Kirlian como Gas Discharge Visualization

(GDV) ou, simplesmente, Técnica GDV.

No ano de 1987 foi fundada a União Internacional de Medicina e

Bioeletrografia Aplicada (IUMAB), que tem sede na Finlândia e declara-se como o

órgão máximo da bioeletrografia no mundo.

No ano de 2000 é realizado em Curitiba, no Brasil, sob os auspícios da

IUMAB, o V Congresso Mundial de Kirliangrafia, e foram declarados e reconhecidos

como mundialmente oficiais, três “padrões” de máquinas Kirlian:

1. Padrão Peter Mandel (Alemanha);

2. Padrão Newton Milholmes (Brasil);

3. Padrão Koonstantin Korotkow (Rússia).

Os dados históricos referentes ao IUMAB e o V Congresso Mundial de Kirliangrafia

realizado em Curitiba em 2000, estão disponíveis no texto IUMAB brief history

(KOROTKOV, 2010).

3.7 A PELE DOS SERES VIVOS

Todos os animais e vegetais dispõe de recobrimento superficial que contém

poros por onde existe passagem de gases. No caso dos vegetais, principalmente as

folhas que são muito utilizadas em fotografias Kirlian, tem poros para troca gasosa

na realização da fotossíntese e também para emissão de vapor de água para a

regulação térmica.

Page 31: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

30

Já os animais têm pele que é um órgão com poros e funções diferentes dos

vegetais, no caso dos seres humanos a pele tem duas camadas principais

denominadas de epiderme e derme, fortemente unidas, contendo abaixo dela outra

camada denominada de hipoderme que tem a função de unir a pele ao resto do

corpo, cuja estrutura está mostrada na figura 20.

Figura 20: Tecido epitelial Fonte:< http://www.cdb.br/prof/arquivos/76236_20090711123751.pdf>

Trata-se de um órgão versátil com inúmeras funções e componentes, mas o

que é muito importante no efeito Kirlian são as suas glândulas e a sua porosidade

que propiciam uma troca gasosa com o meio ambiente e criam um micro-clima entre

a pele e o sistema da fotografia Kirlian influenciando diretamente na formação das

cores e tamanho dos halos nas fotografias.

Não existem estudos efetuados com metodologia científica relacionando

esta troca gasosa que forma o micro-clima entre a pele e o sistema de alta-voltagem

e estados emocionais e de saúde das pessoas e sua influência na coloração

diferenciada das descargas corona, registradas nas fotografias Kirlian; tampouco

existem estudos que apliquem a metodologia científica academicamente aceita na

pesquisa de fenômenos espíritas como o passe e influência do médium pela

entidade do polissistema espiritual.

Page 32: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

31

3.8 A FOTOGRAFIA KIRLIAN NA ATUALIDADE

3.8.1 Formatação pseudocientífica das pesquisas referente ao tema Kirlian

A partir da década de 1980 a fotografia Kirlian passou a ser amplamente

divulgada como meio para trabalhos em diagnósticos em terapias alternativas e

muitos outros usos; mas sempre como um produto onde a pessoa interessada irá

comprar um equipamento e literatura à respeito ou ainda inscrever-se em um curso

de treinamento com custo.

A máquina e a técnica foram mercantilizadas como forma de obtenção de

ganhos financeiros. Atualmente é muito divulgado a União Internacional de Medicina

e Bioeletrografia Aplicada (IUMAB) que promove e incentiva pesquisas e congressos

na área. Mas na realidade é a união de três grupos empresariais que operam

comercialmente o produto fotografia Kirlian.

A IUMAB definiu três padrões mundiais para fotografias Kirlian, mas destes

padrões só se pode comprar seus equipamentos não se sabe qual a tensão,

freqüência além de forma de onda que operam. Na verdade trata-se de uma forma

de proteção dos participantes desta associação.

Em uma rápida passada nos sites de empresas credenciadas no IUMAB

pode-se observar ofertas de venda de máquinas para fotografias Kirlian e cursos

além de outros produtos com livros, apostilas e softwares (KOROTKOV, 2010).

Nas figuras 22, 23 e 24 deste trabalho pode-se observar que nos sites

ligados a estes três padrões exemplos desta visão comercial do efeito Kirlian. O

documento certificador de Selma Milholmes como representante oficial do IUMAB no

Brasil apresentado na figura 21 é assinado por Koonstantin Korotkow.

O rigor exigido em pesquisas científicas não é o principal objetivo destas

organizações que divulgam fortemente o processo Kirlian, mas que na prática

acabam afastando os pesquisadores sérios devido aos segredos comerciais

empregados.

O Dr. Koonstantin Korotkow atua no meio acadêmico de seu país, mas não

se obteve muitos dados a respeito do rigor científico que ele aplica em seus

trabalhos.

Page 33: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

32

Figura 21: Certificado IUMAB Fonte:< http://bioeletrografia.com.br/index.php?q=Selma-Milhomens.html>

Esta atitude mercantilista apresentado nas figuras 22, 23 e 24 dos membros

da IUMAB não é atrativa para pesquisadores sérios que desejam trabalhar dentro do

rigor científico.

Page 34: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

33

Figura 22: Site do Mandel Institute Fonte:< http://www.esogetics.com/english/esogetic_holistic _medicine.html>

Page 35: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

34

Figura 23: Site Bioeletrofotografia Fonte:< http://www.bioeletrografia.com.br/>

Page 36: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

35

Figura 24: Site Korotkov.org Fonte: <http://korotkov.org/index.php?optioncomcontent&taskview&id16&Itemid=140>

Sem uma atitude séria e ética dos pesquisadores do fenômeno Kirlian

publicando seus trabalhos para que a comunidade tenha conhecimento deles e

possa gerar críticas e sugestões o processo será com desconfiança e dificilmente

sairá da marginalidade para poder ser considerado parte integrante do

Page 37: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

36

conhecimento aceito pela comunidade acadêmica e científica.

3.8.2 Estudos científicos feitos nos últimos anos nas Universidades Brasileiras

Os dados utilizados foram coletados no site da Capes e de bibliotecas

digitais das universidades e estão apresentados nas figuras 25 e 26.

Figura 25: Banco de teses no site da CAPES Fonte: <http://servicos.capes.gov.br/capesdw/Pesquisa.do;jsessionid= BA45A2CD08E775D5A4BC770E43C30B0A.VSRV41?autor=&tipoPesqAutor=T&assunto=KIRLIAN&tipoPesqAssunto=T&ies=&tipoPesqIes=T&nivel=&anoBase=>

Figura 26: Pesquisa na biblioteca digital da Unicamp Fonte: <http://libdigi.unicamp.br/document/results.php?words=KIRLIAN>

Page 38: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

37

No Brasil o uso da técnica Kirlian em trabalhos acadêmicos se iniciou na

década de 90 e teve seu auge entre 1998 e 2002 com uma retomada em 2004; mas

que observando os dados coletados há indicações de pesquisadores que já tinham

obtido o grau de mestrado até o ano 2000 agora retomaram o tema em teses de

doutorado, como apresenta a figura 27.

Figura 27: Distribuição temporal dos trabalhos acadêmicos usando a técnica Kirlian

Por instituição de ensino nota-se a abordagem do tema no Rio Grande do

Sul, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro indicando a

abordagem do tema somente na região Centro-Sul do país (vide figura 28).

Figura 28: Instituições que utilizaram o tema Kirlian

Ao observar por área de cursos a área de engenharia foi a que mais

produziu trabalhos com o uso da técnica Kirlian, ressaltando que no curso de

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

UFRJ UFSC U.F. PELOTAS UNICAMP U.F.VIÇOSA FURB UFRS

0

0,5

1

1,5

2

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

Page 39: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

38

engenharia agronômica esta abordagem foi utilizada fortemente em trabalhos que

usaram conjuntamente a homeopatia no tratamento de espécimes vegetais, como

apresenta a figura 29.

Figura 29: Áreas do conhecimento acadêmico que utilizaram o tema Kirlian

A seriedade da abordagem do tema Kirlian fica demonstrada através de uma

taxa de 80% dos trabalhos terem conseguido êxito na obtenção da titulação dos

graus de mestrado e doutorado, como está apresentado nas figuras 30 e 31, em

Figura 30: Titulação obtida com o uso do tema Kirlian Figura 31: Titulação obtida com o uso do tema Kirlian nas Instituições instituições de ensino reconhecidas.

0

0,5

1

1,5

2

UFRJ UFSC U.F.PELOTAS UNICAMP U.F.VIÇOSA FURB UFRS

DOUTORADO30%

MESTRADO50%

LATU SENSU10%

TCC10%

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

UFRJ UFSC U.F.PELOTAS UNICAMP U.F.VIÇOSA FURB UFRS

Page 40: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

39

3.8.3 Estudos científicos internacionais relevantes

Internacionalmente o médico Dr. Björn E. W. Nordenström com sua pesquisa

sobre Circuitos Elétricos Biologicamente Fechados (Biologically Closed Electric

Circuits), que iniciou-se na década de 1950 e vem até nossos dias com repercussão

mundial inclusive gerando uma pesquisa executada pelo médico Dr. Paulo Luiz

Farber, que culminou em sua Tese de doutorado sobre o tema na Faculdade de

Medicina da USP, intitulada: “Avaliação da atividade elétrica uterina em ratas Wistar

prenhes e não prenhes induzida por eletroacupuntura e da influência do sistema

nervoso central e dos circuitos elétricos biologicamente fechados” (FARBER, 1998).

Esta pesquisa está desenvolvendo uma nova tecnologia para combate ao

câncer e tem ao longo do tempo obtido muitos sucessos. No trabalho do Dr. Björn

Nordenström estão claramente visíveis e explicadas às fotografias Kirlian utilizadas

no âmbito da sua pesquisa como apresentado a figura 32.

Figura 32: Uma das Kirliangrafias usada no trabalho do Dr. Nordenström Fonte: <http://www.krebspatient.de/krebspatient/literatur/bjoern_e_nordenstroem1. htm# Foreword>

Page 41: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

40

O Dr. Nordenström pesquisou o potencial elétrico em tecidos com tumores

diferentes além do potencial elétrico em tecidos sadios; os tecidos lesionados

apresentam um potencial elétrico negativo ou positivo em comparação com o tecido

sadio. Então ele formulou uma teoria onde os vasos sanguíneos além das funções

normais de transporte de sangue gases e nutrientes teriam uma função adicional de

transporte iônico aonde a força para este transporte viria dos potencias elétricos dos

tecidos adjacentes.

Como as paredes das veias possuem uma resistência elétrica

aproximadamente 100 a 150 vezes maior do que a do plasma sanguíneo, então os

vasos podem funcionar como “cabos” condutores de íons (FARBER, 2000).

Nordenström postulou que os organismos vivos possuem uma rede de

transmissão de corrente elétrica e eletromagnética podendo ser formada pelas

veias, artérias ou capilares e interstícios Circuitos Elétricos Vaso Intersticiais (CEVI);

e ao aplicar potenciais elétricos contrários aos obtidos em tecidos tumorais (que

apresentam potencial diferente de zero forçando a eliminação do potencial no tecido)

criou uma técnica de combate ao câncer de eficiência comprovada.

3.8.4 Fotografias Kirlian e Espiritismo

Quando Kardec codificou o espiritismo na França imperava uma atmosfera

anticlerical e progressista que influenciou muitos cientistas a aderirem ao

Espiritismo.

Lewgoy (2006, p. 159) destaca:

Nesses primeiros tempos, a participação pioneira de cientistas em experimentos espíritas, como Camille Flammarion, Paul Gibier, Ernesto Bozzano, Charles Richet, Cesar Lombroso e William Crookes firmou referências científicas que o tempo foi convertendo em referências emblemáticas a chancelar a autoridade das crenças espíritas.

A abordagem científica do tema era fortemente defendido por estes nomes

de grande influência no seu tempo e em épocas posteriores; após este período e

também com o advento do espiritismo no Brasil houve uma mudança de enfoque

nos meios espíritas.

O movimento espírita ao ser introduzido no Brasil adaptou-se uma nova

situação social ficando preponderante seu aspecto religioso devido à tradição

Page 42: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

41

cultural existente em função da miscigenação de raças que existiu em detrimento

aos aspectos filosófico e científico.

A retomada de um espiritismo que contemple também a parte de pesquisa

científica tem sido, ao longo do tempo, tentada por diversas vias espíritas,

principalmente a partir do final do século passado em instituições como a Sociedade

Brasileira de Estudos Espíritas (SBEE) em Curitiba ou através de autores como J.

Herculano Pires em suas obras que apontam para a importância do espiritismo

praticar uma cogência do conhecimento abordado em seus estudos a integração

entre Ciência, Filosofia e Religião.

Cruz (2004, p. 9) informa:

O Espiritismo, sendo a Terceira Revelação, terá que estudar, pesquisar, e integrar a ciência, a filosofia e a religião, um conceitos conjuntos, que viabilizem ao homem a possibilidade de respostas às suas perguntas existenciais. [...] criando um conjunto pensamento-forma que integra o indivíduo à massa crítica emergente dos diversos segmentos da pesquisa e do pensamento.

De duas décadas antes do final do século XX para cá diversos autores

espíritas têm mencionado o tema do efeito Kirlian, em abordagens, como um

elemento auxiliar para comprovação da fenomenologia espírita, pode-se citar:

Emanuel através de psicografia de Francisco Cândido Xavier em uma coletânea de

entrevistas publicadas em um livro intitulado “A Terra e o Semeador” (1975, p. 18)

no item número 35 intitulado: ”A prova científica dos fenômenos espirituais”.

P – É sempre a modéstia de Chico Xavier. Como você explica que até hoje nenhum cientista tenha feito uma prova científica, unanimemente aceita, dos fenômenos espirituais? R –... encontramos sempre um conflito aparente entre ciência e religião. A religião caminha para Deus, ensinando, a ciência caminha para as novidades de Deus, estudando. As discussões se formam e a prova experimental do espírito do ponto de vista científico é sempre mais difícil. Mas essa prova está sendo organizada pela própria ciência nos dias de hoje. Por exemplo, as provas fotográficas com a chamada câmara Kirlian, descoberta por um casal de estudiosos no norte da Europa, câmara essa que já está produzindo resultados muito promissores no Instituto de Parapsicologia aqui no Brasil, especialmente aqui em São Paulo, sob a direção do nosso distinto patrício Dr. Hernani Andrade enseja esperança muito grande para essa prova científica a ser unanimemente aceita.

Posteriormente, o Dr. Hernani Guimarães Andrade através de muitos

estudos e chegou a formular uma teoria intitulada Modelo Organizador Biológico

Page 43: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

42

(MOB) como uma proposta para explicar cientificamente como um corpo energético

organiza o corpo biológico nos seres vivos.

Pires aborda o tema em três obras de sua autoria, no livro “A Agonia das

Religiões” (1989, p. 62) em um capítulo intitulado: O Corpo – Bioplásmico, ele

informa:

As câmaras Kirlian, de fotografias sobre campos imantados de alta freqüência elétrica, foram descobertas por acaso pelo casal Kirlian, e os cientistas soviéticos mais atilados logo perceberam o seu alcance. Adaptando a poderosos microscópios eletrônicos conseguiram descobrir, no interior dos corpos uma estrutura de plasma físico constituída de partículas atômicas, que se apresentava como um corpo básico sustentador da vida.

Em seu livro de 1985 intitulado: Pedagogia Espírita (1985, p. 34), Pires volta

ao tema no capítulo intitulado: “Nascimento de Educação Espírita”, onde usa o tema

como uma evolução dos conceitos científicos a se contraporem ao materialismo de

Comte.

No mesmo instante em que o homem conseguiu ver, pela primeira vez na História, a face oculta da Lua, os cientistas soviéticos (logo eles) conseguiram, em suas pesquisas com a câmara Kirlian, na Universidade de Alma Ata, nos confins do Cazaquistão, próximo à fronteira chinesa (bem escondidos nas selvas) ver e fotografar o corpo espiritual do homem. E conseguiram mais, em experiências com moribundos, pesquisando o fenômeno da morte, constatar que esse fenômeno só ocorre quando o corpo bioplástico (como o chamaram) se retira do corpo carnal, que então e só então se cadaveriza.

E finalmente no livro: ”Educação para a Morte”, Pires ao abordar o tema

sobre a morte no capítulo 2 intitulado: “Conceito atual da Morte” (1996, p.16) aborda

o tema da seguinte forma:

As provas obtidas por Raul de Montandon na França, com fotos à luz infravermelha, mostraram que a morte de pequenos animais por éter liberava, nos que haviam morrido, uma forma semelhante ao corpo morto. Essas provas foram confirmadas pelas fotografias recentes da câmara Kirlian ajustadas a microscópios eletrônicos de grande potência, por cientistas soviéticos, na Universidade de Kirov. Ao mesmo tempo, os pesquisadores materialistas conseguiam ver e fotografar o corpo espiritual do homem, nas pesquisas com moribundos, no momento da morte.

E no capítulo 3 deste mesmo livro onde discute o tema “Os vivos e os

mortos” (1996, p. 27) Pires informa o seguinte:

Page 44: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

43

Nos Estados Unidos chegou-se ao extremo da divulgação científica de um documento lançado por instituições científicas, declarando que as descobertas produzidas pelas câmaras Kirlian, de fotografias paranormais, não passam do conhecido efeito corona. E Rhine, o grande confirmador da Ciência Espírita, foi posto à margem dos meios científicos oficiais, apesar de seu sucesso em todas as Universidades do mundo.

Finalmente no capítulo denominado: ”Psicologia da morte” (1996, p. 120),

Pires destaca:

A designação científica de bioplásmico o define em sua natureza e em suas funções. Bio, porque é vida, corpo vital, e plásmico porque é constituído por um plasma físico, elemento formado de partículas atômicas livres, não ligadas a nenhuma constelação atômica, a nenhum átomo. Esse corpo, que foi fotografado pelos russos, através de câmaras Kirlian de fotografias paranormais, apresenta-se brilhante e transparente como se fosse de vidro. As pesquisas com vegetais e animais, em Kirov, provaram que esse corpo rege todas as funções do corpo carnal e oferece uma visão total do estado de saúde, doença ou aproximação de estados mórbidos do corpo carnal.

Inúmeros autores espíritas usam o fenômeno Kirlian em seus trabalhos

como elemento auxiliar de hipótese para a comprovação científica da existência do

perispírito como o professor Rui Paz em seu artigo “O espiritismo perante a ciência”

(2009, p. 258), discorre sobre as dificuldades apontadas por Gabriel Delanne sobre

o tema da comprovação científica da mediunidade e perispírito e via uma nota de

rodapé nos informa o seguinte: “Esta afirmativa esperançosa de Delanne já parece

confirmada com a verificação do corpo bioplasmático que os soviéticos descobriram,

ou melhor, redescobriram com auxílio das câmaras Kirlian”.

As principais abordagens de autores espíritas em documentos publicados

em sites na Internet sugerem o uso do tema no estudo do perispírito, do passe, da

água fluidificada e finalmente como auxiliar na comprovação do fenômeno mediúnico

e até como comprovação científica da existência da Aura. Em seus artigos, alguns

menos esclarecidos e informados afirmando tratar-se o Efeito Kirlian de prova

científica que respalda os seus textos, sem preocuparem-se em conhecer o assunto

com profundidade. Estes são mais perniciosos, pois produzem um enorme

desserviço a causa Espírita apresentando-se com conhecedores de um assunto

sobre o qual não tem conhecimentos sólidos e publicando seus pontos de vista

pessoais como textos embasados em trabalhos de pesquisa.

Outros autores apresentam o assunto em seus textos citando fontes

bibliográficas e apresentado coerência de conhecimentos usando o efeito Kirlian,

Page 45: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

44

mas explicando claramente qual a posição aceita pela comunidade científica sobre

as teorias que procuram explicar o fenômeno. Estes autores mostram claramente

que o efeito Kirlian ainda nos dias atuais é explicado por diferentes teorias que são

defendidas por diferentes grupos de pesquisadores sem que haja um consenso à

respeito do tema em curto espaço de tempo, ou ainda, antes que surjam novas

pesquisas e teorias adicionais mais conclusivas e com correta formatação científica

para aumentarem o conhecimento aceito sobre o assunto.

O Informativo Panorama Espírita nº 6 de fevereiro de 2008 vinculado ao

Movimento Espírita de Divinópolis e Região com tiragem de 2.000 exemplares cujo

editor responsável é o Sr. Joamar T. Gontijo, publica um vocabulário espírita de

autoria de Sérgio Dias Beliano onde explica o vocábulo Aura.

Aura [do latim aura]: Emanação fluídica do corpo humano e dos demais corpos. A aura é uma radiação que cobre todo o corpo físico, através dele são evidenciadas as emanações da parte física, mental e emocional [...]. Ele é dividido em três zonas distintas: 1) Aura Magnético (emanações do magnetismo das células do corpo físico); 2) Radiação das Emoções do Períspirito do ou Corpo Emocional; 3) Radiações do Corpo Mental. Hoje, com o desenvolvimento das máquinas Kirlian de fotografia da aura, foi conseguida uma prova material aos ainda céticos.

Mesmo tratando-se de um instrumento de divulgação doutrinária sem a

pretensão de possuir formatação acadêmica é de muito pouca responsabilidade do

editor e do autor do vocabulário publicar-se que foi conseguida uma prova material

da existência da Aura Humana; informação esta sem fontes que a possam

respaldar.

Esta explicação apresentada para o vocábulo Aura no informativo Panorama

Espírita está coerente com a explicação feita para o fenômeno por Newton

Milholmes em sua obra de1983 intitulada: ”Fotos Kirlian – Como Interpretar”, mas

este mesmo autor poucos anos depois reconheceu seu erro nesta interpretação e

aderiu à explicação do Dr. Konstantin Korotkov, fato este exposto em suas obras

posteriores. Este acontecimento só identifica a falta de conhecimento por parte do

organizador do vocabulário publicado.

No Anuário Espírita publicado pelo Instituto de Difusão Espírita (LUCENA et

al., 2005, p. 154) cita pesquisas feitas pelo Dr. Bernard Grad sobre os efeitos

causados na água por um magnetizador húngaro de nome Coronel Skar Stabany e

conclui que a água magnetizada pelo passista em análises por espectrografia no

Page 46: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

45

infravermelho apresentou significativas alterações. O ângulo de ligação atômica foi

ligeiramente alterado. Mais adiante na página 157 comenta as pesquisas feitas pelo

pesquisador russo Dr. Konstantin Korotkov em análises de água feitas com

bioeletrofotografias geradas por tecnologia Kirlian Gas Discharge Visualization

(GVD).

Korotkov analisou água de torneira contidas em 2 garrafas, uma delas

magnetizada pelo médium curador Allan Chumak, gerando 10 imagens GVD de

20ml da água magnetizada e da água de controle. O experimento mostrou que a

água magnetizada apresentou um halo energético muito maior do que nas fotos da

água de controle.

A Sociedade de Educação Espírita da Bahia, publicou um documento

intitulado: “Kirliangrafia, corpo bioplásmico e perispírito” (MASCARENHAS, 2009)

contendo informações corretas sobre o Efeito Kirlian com informações bastante

detalhadas sobre o efeito corona e os detalhes técnicos do funcionamento da

técnica citando como pesquisadores desta técnica no Brasil o Sr. Wilson Pickler e o

Sr. Hernani Guimarães Andrade.

O documento observa que no movimento espírita brasileiro houveram

afirmativas categóricas que os russos haviam confirmado cientificamente a presença

do perispírito, mas que este assunto merece maiores questionamentos. Cita como

hipótese viável que a energia envolvida na ionização do ar para o efeito corona

tenha um efeito semelhante sobre o fluido vital. Lembra que não podemos afirmar

que o corpo bioplásmico e o perispírito são a mesma coisa, e portanto, este tema

deve ser abordado com cautela em palestras espíritas.

Os textos citados neste tópico mostram que parte do Movimento Espírita

Brasileiro aborda o tema da técnica Kirlian em documentos e artigos relacionados

com estudos da fenomenologia espírita principalmente no que se refere ao passe e

magnetização da água além do perispírito e o próprio fenômeno da mediunidade em

si; mas este material infelizmente não apresenta a devida metodologia e formatação

científica.

Page 47: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

46

3.8.5 Análise de uma pesquisa espírita feita com fotografias Kirlian

Destaca-se o título do trabalho escolhido para uma análise que representa a

média de vários que foram localizados disponíveis na internet: “Experimentos para

busca da comprovação da eficiência da prática espírita”, de autoria de Paulo da Silva

Neto Sobrinho que apresenta um enfoque antigo referenciando-se aos estágios

iniciais da fenomenologia espírita como uma forma de comprovação (NETO, 2005).

Atualmente um enfoque menos abrangente e mais específico que utilize a

metodologia científica contendo as etapas de observação e experimentação

seguidas de análise que gere uma hipótese para formular elencos de testes

experimentais a serem executados promovendo uma base de dados que analisados

permitam a formulação de um modelo explicativo deve ser empregado neste tipo de

estudo.

Este trabalho está claramente dividido em uma pequena introdução teórica

muito fraca e sem referências seguida da apresentação de um primeiro experimento

com finalidade de fornecer elementos para a comprovação da mediunidade e de um

segundo experimento visando a efetividade do passe.

O trabalho apresenta para cada um dos experimentos uma conclusão de

autoria do seu autor; mas trata-se de uma pesquisa exploratória gerando uma coleta

de dados e informações sobre o fenômeno Kirlian e a mediunidade e o passe sem

grande teorização sobre o assunto sugerindo uma hipótese comprobatória para a

mediunidade e para o passe.

As lâminas 1,2, 3 e 4 apresentadas na figura 33 trazem um sucinto relato da

história da pesquisa do casal Kirlian na União Soviética no final da década de 1960.

Não existe nenhuma referência a obra intitulada “Experiências Psíquicas

além da cortina de Ferro” (OSTRANDER; SCHROEDER, 1970); nem às pesquisas

relatadas em livros como “O Corpo Elétrico” (MOSS, 1986) que foram executadas na

Universidade da Califórnia; e foram os maiores vetores de divulgação do fenômeno

das fotografias Kirlian em todo o mundo.

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Figura 33: Lâminas 1, 2, 3 e 4 do trabalho Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita Fonte:<http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

A lâmina 5 apresentada na figura 34 apresenta uma fotografia Kirlian

ilustrativa sem identificação ou especificação alguma da data em que foi tirada em

que condições e de quem tirou tal fotografia.

Figura 34: Lâmina 5 do trabalho Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

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As lâminas 6, 7, 8 e 9 mostradas na figura 35 apresenta a máquina Kirlian e

o processo de manipulação do filme fotográfico para se obter as fotos, mas sem

qualquer informação à respeito do modelo do aparato.

Figura 35: Laminas 6, 7, 8 e 9 do trabalho Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita Fonte:< http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/>

Nesta parte termina a introdução da pesquisa de Paulo da Silva Neto

Sobrinho que esta sendo analisada e em seguida apresenta o relato do primeiro

experimento procedido para comprovação da Mediunidade por acompanhamento

com fotografias Kirlian.

A figura 36 apresenta as lâminas 10 e 11, na lâmina 10 é apresentado o

título do primeiro experimento da pesquisa analisada. Na lâmina 11, está

identificados o local e data onde o experimento foi efetuado além dos pesquisadores

participantes. Não existe identificação do médium nem das entidades espirituais que

cooperaram ou a respeito de quantas pessoas acompanharam estes trabalhos.

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Figura 36: Lâminas 10 e 11 do trabalho: “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte:< http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

O objetivo descrito é observar se a tecnologia de fotografias Kirlian pode

mostrar alterações no halo apresentado entre uma fotografia do médium em estado

normal em relação a fotografias obtidas durante o trabalho espírita.

A lâmina 12 apresentada na figura 37 descreve o processo de obtenção das

fotografias do dedo do médium, primeiro da foto de controle e depois das fotos com

influência de diferentes entidades espirituais que não foram identificadas.

Figura 37: Lâmina 12 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

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A lâmina 13 apresentada na figura 38 exibe a fotografia Kirlian do dedo do

médium em estado normal e que será utilizada como elemento de comparação. Na

pesquisa também não foi feita nenhuma outra fotografia de pessoas diferentes ali

presentes para serem usadas como elementos de comparação.

Foi tirada uma única fotografia do médium em estado normal e em um único

momento para servir como elemento de controle.

Figura 38: Lâmina 13 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

Este fato enfraquece a pesquisa pois deveriam ser feitas várias fotos de

controle e em datas diferentes para poder-se avaliar quais as variações que podem

existir em um grupo de fotografias somente do médium, e também de outros não

médiuns como elementos de controle.

As lâminas 14, 15, 16 e 17 apresentadas na figura 39 mostram fotografias

Kirlian do dedo do médium sob influência de diferentes entidades espirituais.

Nestas fotografias podem-se notar claramente diferenças consideráveis nos

halos coloridos apresentados entre a fotografia de controle e as demais.

Não existe nenhuma identificação das entidades espirituais que colaboraram

com o trabalho de pesquisa. Este processo de pesquisa utilizou somente um

médium em uma única seção, e foi concluída sem que se fizessem outras séries de

fotografias com outros médiuns e mesmo em diferentes datas.

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Figura 39: Lâminas 14, 15, 16 e 17 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

A lâmina 18 apresentada na figura 40 mostra a conclusão da pesquisa que

está sendo analisada, e inicia informando que o presente trabalho não atende a

formatação de uma pesquisa científica; e conclui que existem reais diferenças nos

halos das fotografias mostradas nas lâminas 14, 15, 16 e 17 indicando a fotografia

Kirlian como um método válido para comprovar a influência de entidades espirituais.

O que depõe contra o trabalho é que Paulo da Silva Neto Sobrinho chega a

uma grande conclusão fracamente apoiado em uma única e pequena série de

fotografias em um único experimento de 10 minutos usando um único médium. A

pesquisa também conclui sem maiores explicações que em alguma fotografia, sem

identificar claramente qual, está demonstrada a influência de uma energia negativa.

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Figura 40: Lâmina 18 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

E o fato que mais chama atenção é que a conclusão do trabalho de Paulo da

Silva Neto Sobrinho (2005) não apresenta nenhuma explicação de como se chegou

ao enunciado dos conteúdos.

A lâmina 19 apresentada na figura 41 é o título da segunda parte da

pesquisa, que visa fazer um acompanhamento do passe com fotografias Kirlian.

Figura 41: Lâmina 19 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte:< http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

Na lâmina 20 apresentada na figura 42 a identificação com data do local

bem como do grupo de pesquisadores, mas novamente não identifica como e por

quantas pessoas o passe é aplicado nem traz informação alguma sobre o

compartimento onde o passe é executado. Ainda na mesma lâmina está explicado o

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objetivo da pesquisa que é de “Buscar a comprovação se a ‘aura’ de um paciente

poderia sofrer alguma alteração em razão da aplicação de passes”.

Neste objetivo está identificado claramente um grave erro, pois não existe

nenhuma comprovação científica que uma fotografia Kirlian registre dados da aura

de uma pessoa. O objetivo correto para esta pesquisa seria o de registrar influências

que o passe pode produzir no corpo biofísico da pessoa que participou do passe.

Figura 42: Lâmina 20 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

Este erro de usar a técnica de fotografias Kirlian como registro da aura das

pessoas é muito comum em uma enormidade de artigos publicados na internet

postados por pessoas que se denominam espíritas e em alguns casos até em sites

de grupos espíritas. Algum dia, pesquisas poderão comprovar ou não esta

afirmação, mas enquanto várias pesquisas sérias e embasadas não indicarem esta

comprovação é muito temerário afirmar.

A lâmina 21 apresentada na figura 43 mostra na fotografia Kirlian o halo da

pessoa identificada apenas como paciente sem dado algum sobre idade, sexo,

condição de saúde etc., antes do início da aplicação dos passes. E já aparece uma

conclusão da identificação de uma presença espiritual negativa sem qualquer

explicação de como este dado foi obtido além da imagem.

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Figura 43: Lâmina 21 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

A lâmina 22 apresentada na figura 44 mostra a indicação da prescrição de

um trabalho semanal de evocação de espírito em uma reunião mediúnica e

posteriormente aplicação de passe.

Figura 44: Lâmina 22 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/>

A lâmina 23 apresentada na figura 45 mostra a fotografia do halo do

paciente no final do trabalho da primeira semana após o passe.

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Figura 45: Lâmina 23 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/ >

Nas lâminas subsequentes 24, 25, 26 e 27 apresentadas na figura 46 estão

mostradas as imagens da segunda à quarta semana do acompanhamento do

tratamento.

Figura 46: Lâminas 24, 25, 26 e 27 do trabalho “Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita” Fonte: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestras_slides/>

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Na lâmina 27 apresentada no canto inferir direito da figura 46 referente a

última semana aparece uma conclusão pelo pesquisador Paulo da Silva Neto

Sobrinho (2005) que a pessoa é portadora de paranormalidade devido a coloração

amarela presente, mas não mostra nenhuma outra fotografia de halos de outras

pessoas portadoras de paranormalidade ou cita alguma bibliografia que o apóie

nesta conclusão ou ao menos outras imagens de comparação obtidas de médiuns

identificados para poder ser feita uma comparação visual das imagens.

Novamente na segunda metade do trabalho de Paulo da Silva Neto Sobrinho

(2005) observa-se a mesma fragilidade de espaço amostral da pesquisa muito

reduzido, insuficiente para se poder embasar qualquer pesquisa séria. Faltou aos

pesquisadores paciência para, em épocas diferentes, com pacientes diferentes fazer

novas séries de fotografias. Outro problema que nota-se no trabalho, é a não

existência de informação alguma sobre o estado de saúde do paciente, o que pode

gerar efeitos enormes nos halos obtidos nas fotografias Kirlian.

Outro ponto a observar é da prática espírita da década de 1950 quando

passava-se diretamente para o enfoque de influências espirituais negativas como a

explicação sem a abordagem de diferentes possibilidades e de um estudo levando

em conta o que o paciente estava causando a si mesmo.

Este tipo de trabalho contribui enormemente para a descredibilidade da

fotografia Kirlian como instrumento válido e sério de pesquisa.

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4 CONCLUSÃO

Conforme demonstrado no item 3.8.2 (Estudos científicos feitos nos últimos

anos nas Universidades Brasileiras) há uma satisfatória taxa de sucesso em

trabalhos universitários metodologicamente corretos abordando a técnica do efeito

Kirlian, como elemento importantíssimo no desenvolvimento de seus trabalhos de

pesquisa, o que demonstra a viabilidade de que se produzam trabalhos acadêmicos

abordando fenomenologia espírita usando a técnica Kirlian, mas observando-se a

devida formatação e procedimentos científicos o que não foi feito com sucesso até

agora.

A maioria dos trabalhos espíritas disponíveis na internet seguem o formato

do trabalho apresentado no item 3.8.5 (Análise de uma pesquisa Espírita feita com

fotografias Kirlian) que rapidamente chegam a uma conclusão sem fundamentação

teórica adequada ou metodologia de pesquisa adequada, mas deve-se entender que

esta mentalidade deve mudar para que se possam produzir trabalhos persistentes e

de qualidade acadêmica comprovada além de abrangerem pesquisas com longa

duração, por uma ou mais equipes interdisciplinares, que possam levar em conta a

enorme complexidade da fenomenologia abordada, utilizando a correta formatação

científica acadêmica exigida em um trabalho de pesquisa.

O que mostra a atualidade do pensamento de Kardec exposto na sua obra

intitulada Gênese (2005, p. 19) onde o autor afirma que o espiritismo deve proceder

do mesmo modo que a ciência acadêmica, e que a ciência só progrediu rapidamente

depois de adotar o método experimental e que esta técnica poderia perfeitamente

ser aplicada em temas metafísicos o que indicaria a coerência de estudos com uma

abordagem científica utilizando a técnica Kirlian para pesquisas no campo da

fenomenologia espírita.

O que é completamente corroborado pelo texto do Irmão Grimm através do

médium Cruz (2004, p. 21):

O espiritismo, sendo a manifestação da Doutrina dos espíritos, necessariamente terá que se estruturar e trabalhar, teórica e praticamente, com a ciência, a filosofia e a religião, numa visão de contextualização de macrocultura [...] e a cultura científica, e todo o consequencial complexo da tecnologia, implementada pela metodologia científica.

A revisitação de conceitos é necessária sempre, e o tema de fotografias

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Kirlian precisa ser revisitado, mas observando-se a necessidade que as novas

pesquisas sejam executadas observando o rigor da metodologia científica, e é

importante que não sejam esquecidos os preceitos filosóficos que evitarão

mercantilização podendo gerar benefícios para a humanidade.

Informa-nos o Irmão Grimm através do médium Cruz (2004, p. 122):

O Espiritismo entende que aparecerá, com muita força, no meio da ciência oficial, o conceito de uma nova epistemologia da ciência tendo em vista o alcance do domínio crítico em algumas áreas através dos conceitos e das expressões práticas da complexidade.

Conclui-se pela viabilidade da abordagem do tema Efeito Kirlian como

elemento auxiliar na moderna pesquisa com formatação transdisciplinar da fenomenologia Espírita que se mostra coerente e possível, respeitando-se a correta metodologia científica.

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59

REFERÊNCIAS ANDRADE, H. G. Projeto de construção de uma máquina Kirlian projetada pelos engenheiros Luiz Otávio Saraiva Ferreira e Eduardo Tavares Costa da Unicamp, Revista Planeta, n°. 111, 1981. CRUZ, M. R. Cadernos de Psicofonias de 2000. Pelo espírito de Antonio Grimm. Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, 2001. ______. Cadernos de Psicofonias de 2004. Pelo espírito de Antonio Grimm. Curitiba: Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas. 2005. FARBER, P. L. Avaliação da atividade elétrica uterina em ratas Wistar prenhes e não prenhes induzida por eletroacupuntura e da influência do sistema nervoso central e dos circuitos elétricos biologicamente fechados. Tese de doutorado Faculdade de Medicina da USP, 1998. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5139/tde-28012008-102716/> Acesso em: 19 fev. 2009. ______. Os circuitos elétricos biologicamente fechados (CEBF). 2000. Disponível em: <http://www.medicinacomplementar.com.br/pdf/cebf.pdf> Acesso em: 19 fev. 2009. HALLLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física, v. 3: eletromagnetismo, 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. Disponível em: <http://filespump.com/hallidayresnickandwelkerfundamentalsofphysicsthedition.html> Acesso em: 03 jul. 2009. IOVINE, J. Kirlian Photography A Hands-on Guide. Allentown: Tab Books. 1994. JUNG, C. F. Metodologia científica ênfase em pesquisa tecnológica. Disponível em: <http://www.jung.pro.br/moodle/file.php/9/MetodologiaCientificapdf> Acesso em: 07 jan. 2009. KARDEC, A. Obras póstumas. 21. ed. Araras: IDE, 2005.

______. A gênese. 14. ed. Araras: IDE, 2005. LEWGOY, B. Representações de Ciência e Religião no Espiritismo Kardecista. Antigas e Novas Configurações. Civitas - Revista de Ciências Sociais, v. 6, n. 2, jul-dez 2006. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index/ civitas/article/File/60/60> Acesso em: 23 mar. 2009. LUCAS, M. Equilíbrio total através da parapsicologia. 2. ed. São Paulo: Almed, 1991. MASCARENHAS, A. Kirliangrafia, corpo bioplásmico e períspírito. Disponível

Page 61: FOTOGRAFIA KIRLIAN COMO TÉCNICA AUXILIAR NA PESQUISA.pdf

60

em: <www.gruposeeb.com.br/textos/kirliangrafia.pdf> Acesso em: 05 abr. 2010. MILHOLMES, N. Fotos Kirlian – como interpretar. São Paulo: Ibrasa, 1983. ______. A mente uma energia cósmica atuante. São Paulo: Ibrasa, 1992. MOSS, T. O corpo elétrico. São Paulo: Cultrix, 1986. NETO, P. S. S. Experimentos para busca da comprovação da eficiência da prática espírita, 2005. Disponível em: <http://www.paulosnetos.net/artigos/palestrasslides> Acesso em: 29 jun. 2009. ______. Aura. 2009. Disponível em: <http://www.paulosnetos.net/attachments/053Auracontra-argumento.pdf> Acesso em: 05 abr. 2010. PAZ, R. Gabriel Delanne - O Espiritismo perante a ciência. Disponível em: <http://ruipaz.pro.br/textos/mediunico/espiritismo_ciencia.pdf> Acesso em: 21 mar. 2009. PIRES, J. H. A agonia das religiões. 3. ed. São Paulo: Paidéia, 1989. Disponível em: <http://www.scribd.com/doc/5017537/Herculano-Pires-Agonia-das-Religioes> Acesso em: 05 abr. 2010. ______. Pedagogia espírita. Sorocaba; Eicel. 1985. Disponível em: <http://www.meiovirtual.net/cosmica/livros/herculanopires/herculanopirespedagogiaespirita.pdf> Acesso em: 23 abr. 2010. ______. Educação para a morte. São Bernardo do Campo: Correio Fraterno, 1996. Disponível em: <http://www.meiovirtual.net/cosmica/livros/herculanopires/herculano pireseducacaoparaamorte.pdf> Acesso em: 23 abr. 2010. OSTRANDER, S.; SCHROEDER, L. Experiências psíquicas além da cortina de ferro. São Paulo: Cultix, 1970. XAVIER J.; Ademir L. Como se deve entender a relação entre o espiritismo e a ciência. Grupo de Estudos Avançados Espíritas. Disponível em: <http://www.ieja.org/portugues/Estudos/Artigos/p_cienesp.pdf> Acesso em: 23 mar. 2009. XAVIER, F. C. A terra e o semeador. Pelo espírito de Emmanuel. Araras: Difusão Espírita, 1975.

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61

ANEXO 1

FONTES DE ALTA VOLTAGEM (HV) E FREQUÊNCIA VARIÁVEL PARA

DISPOSITIVOS KIRLIAN.

O funcionamento do circuito é baseado no acionamento da chave SW1.

Quando ela é acionada um potencial de 135 volts (67,5 volts de cada bateria) é

fornecido ao enrolamento primário (aproximadamente 10 espiras) da bobina Tesla

que carrega o capacitor C1, a forma de onda da carga do capacitor C1 é amplificada

no secundário da bobina (milhares de espiras de fio fino) gerando um pulso de alta

voltagem. No desacionamento da chave SW1 o primário da bobina é conectado ao

potencial de terra provocando a descarga do capacitor e gera-se um novo pulso de

alta tensão no secundário da bobina.

Acionando-se e desacionando-se seguidamente o interruptor SW1 obtêm os

pulsos de alta tensão necessários para poder fazer fotografias Kirlian, como

apresentado na figura A1.1.

Figura A1.1: Fonte de alta voltagem com disparo manual Fonte: Iovine (1994, p. 30).

Na prática usa-se no lugar da bobina de tesla dispositivos mais facilmente

encontrados no comércio como bobinas de ignição automotivas ou transformadoras

de saída horizontal usados em TVs com tubos de raios catódicos.

O elemento de chaveamento dependendo do projeto pode ser um transistor,

Mosfet de potência ou ainda um SCR como o circuito apresentado na figura A1.2.

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Figura 18: Fonte de alta voltagem com freqüência variável Figura 2: Circuito para máquina Kirlian utilizando IGBT. Fonte: site - Images Scientific Instruments Inc Figura A1.2: Circuito para máquina Kirlian utilizando IGBT. Fonte: < http://www.imagesco.com/science/high-voltage/HV-power-supply.html>

Na figura A1.22 vê-se um circuito alimentado com 12 a 24 Volts em corrente

contínua que utiliza um temporizador universal NE55 como fonte de frequência

variável de 200HZ a 400HZ, com forma de onda retangular que excita um IGBT que

faz o chaveamento da bobina através de um buffer inversor CD4049. A alta

voltagem é conseguida através de uma bobina de ignição automotiva de 6 volts. A

empresa Images Scientific Instruments inc. comercializa este dispositivo pela

internet através de seu site co o código HVPS-01.

Figura A1.3: Fonte de alta voltagem com frequência variável Fonte: < http://www.imagesco.com/science/high-voltage/HV-power-supply.html>

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63

O circuito da figuraA1. 4 é de autoria de Tony van Roon e apresenta um

circuito utilizando transistores para o chaveamento da bobina de alta tensão.

Figura A1.4: Circuito Transistorizado para máquina Kirlian. Fonte: <http://www.sentex.net/~mec1995/circ/hv/kirlian/kirlian.html> Acesso em: 21 jan. 2008.

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O circuito apresentado na figura A1.5 está publicado no livro Kirlian

Photography a Hands-on Guide do autor Jhon Iovine.

Figura A1.5: Circuito com MOSFET para máquina Kirlian Fonte: Iovine (1994, p. 72).

D1=10 diodos Zener de 20 volts ligados em série. IC2=CD4069

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A revista Planeta em sua edição nº 111 publicou o circuito apresentado na

figura A1.6 de autoria dos engºs. Luiz Otávio Saraiva Ferreira e Eduardo Tavares

Costa, da Unicamp.

Figura A1.6: Circuito “Pirilampo” para máquina Kirlian. Fonte: Planeta nº 111(1981, p.8)