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Fotolivro
Felipe Abreuhttp://felipeabreu.carbonmade.com
A SEQUÊNCIA NA FOTOGRAFIA CONTEMPORÂNEA: UM ESTUDO DA CONSTRUÇÃO DOS FOTOLIVROS GANHADORES DO PRÊMIO APERTURE / PARIS PHOTO
A questão, no entanto, é: será que a própria ideia de produzir obras de arte fotográficasingulares, únicas, não discrepa daquilo que constitui a verdadeira força desse meio deexpressão? Em outras palavras, será que a fotografia é arte da mesma maneira que apintura o é? Uma arte que, em teoria, se traduz na realização, numa única imagem, de tudoaquilo que o artista é capaz de fazer? Ou será a fotografia uma arte de outro tipo, uma arteseriada – como o filme ou o romance – cujo verdadeiro potencial só pode ser plenamenterealizado mediante uma sequência de imagens? Ou seja, não seria a fotografia, em essência,uma arte literária, uma arte em que o fotógrafo não é propriamente um manipulador deformas no interior da moldura fotográfica, mas antes um narrador que se vale de imagensem vez de palavras, alguém que conta uma história? (BADGER, 2015, p. 3)
Esta pesquisa tem como objetivo analisar os processos de sequenciamento (sequencing) e
construções narrativas utilizados na produção de fotolivros no século XXI com foco nas intenções
do autor e na maneira com que o trabalho é recebido pela crítica. Para tanto, o estudo se
concentrará nos livros ganhadores do Photobook Awards Aperture / Paris Photo entre os anos de
2013 e 2015, realizando análise do conteúdo destas publicações, conduzindo entrevistas em
profundidade com os fotógrafos criadores e analisando sua recepção crítica. Com este material
pretende-se identificar técnicas recorrentes ou inovadoras de edição dentro do fazer fotográfico,
além de encontrar possíveis tendências dentro deste universo de fotolivros premiados. Entender
estes processos narrativos se vê necessário para aprofundar o conhecimento no que concerne a
fotografia contemporânea, já que esta tem se apresentado cada vez mais como uma arte sequencial,
se concentrando nas ligações criadas entre as imagens e não só no conteúdo interno de cada uma
delas.
Resumo
Photobook Awards é o maior prêmio da duas principais organizações fotográficas do
mundo. A Aperture e o a Paris Photo. O lema do prêmio é:
“Celebrando a contribuição do livro na evolução da narrativa fotográfica.”
O livro como suporte para fotografia1º livro fotográfico. Publicado em 1843
O livro como suporte para fotografiaExemplos de alguns livros do século XX que avançaram a questão da sequência em livros fotográficos.
O que é o fotolivro?
O termo se consolida no início do século XXI através do trabalho de Martin Parr e Gerry
Badger:
O que é o fotolivro?
Não há um consenso acadêmico exato sobre quais livros existem na atualidade e não há
uma lista extensa dos livros de fotografia mais importantes da história. Foi a partir disto
que a ideia para esta publicação surgiu. Ela não só iria fornecer essa informação básica,
mas também narraria uma nova história da fotografia através da história específica dos
fotolivros. (PARR; BADGER, 2004, p. 5)
O que é o fotolivro?
Um fotolivro é um livro - com ou sem texto - no qual a mensagem principal do trabalho é
carregada através da fotografia. É um livro cujo autor é um fotógrafo ou por alguém
editando ou sequenciando o trabalho de um fotógrafo, ou mesmo um grupo de fotógrafos.
Ele tem um caráter específico, distinto da impressão fotográfica.(…)O fotolivro é criado
por um autor-fotógrafo, criando um trabalho de acordo com a sua visão artística e que
trata o fotolivro como um suporte importante. Um fotolivro deve demonstrar que algo de
mais ambicioso do que um livro ilustrado de fotografia comum foi tentado, e às vezes
alcançado, por seu autor, mesmo que sem consciência. (PARR; BADGER, 2004, p. 6)
O que é o fotolivro?
Nós estávamos preocupados, principalmente, com o fotolivro como uma forma de
expressão por parte daqueles que o produzem, não apenas fotógrafos, mas tipógrafos,
designers gráficos e produtores. Nós estávamos preocupados com a arte da fotografia,
mas também com a arte do livro. Como Ralph Prins escreveu: ‘Um fotolivro é forma de
arte autônoma, comparável com uma escultura, uma peça de teatro ou um filme. As
fotografias perdem seu caráter fotográfico próprio como ‘coisas em si mesmas’ e se
tornam partes, traduzidas em tinta de impressão, de um evento dramático chamado
livro.’ (BADGER, 2010, p. 221)
O que é o fotolivro?
O papel não é apenas um suporte para as imagens mas um elemento ativo que pode ir a
favor ou contra a narratividade proposta pelos autores do livro. A escolha de tipografia,
capa, tamanho e tantos outros elementos ligados à direção de arte carregam uma
profunda importância dentro da criação deste tipo de publicação.
Resumindo
Fotolivro entende-se como uma publicação predominantemente composta de fotografias,
criada por um artista que entenda o livro como formato final de sua criação, ou seja,
como sua obra artística. (ABREU, 2017)
FOTOLIVRO é quando o livro é o formato final e não a fotografia em si.
Em 1964 um professor de ciências da chamado Edwuard Makuka decidiu treinar
a primeira tripulação Africana para viajar ao espaço. Seu plano era usar um
foguete de alumínio para enviar uma mulher, dois gatos e um missionário para o
espaço. Ele criou a Acadêmia Nacional de Ciências da Zâmbia e de Pesquisas
Astronômicas para começar a treinar seus afronautas.
The Afronauts
Fotografia
Um livro sobre a prática de corrida de pombos na região de Valência e
Murcia na Espanha. O jogo consiste em liberar uma pomba (fêmea) e
dezenas de pombos (machos), ganha quem conseguir atrair ela e
conquistar sua atenção.
Palomas al aire
Fotografia
E a América Latina?
E a América Latina?
Esses livros fotográficos quase sempre nos contam histórias – sejam elas baseadas em
fatos reais, sejam elas mera ficção. Tais narrativas às vezes são cristalinas, às vezes
herméticas. Há muitos fotógrafos produzindo livros biográficos. Há também uma
profusão de trabalhos de caráter documental, de um continente politizado, que reflete
sobre a sua própria condição. O retrato e a paisagem – em sua acepção mais esgarçada –
figuram entre os gêneros frequentes. Os livros fotográficos ‘de artista’ ganharam mais
espaço. Continuam sendo raras as iniciativas puramente visuais, que abrem mão, por
completo, do texto. (ANDRADE, 2017, p. 15)
Potencial político
O fotolivro se tornou um produto não só artístico, mas também político no século XXI. A
potência dele como forma de protesto ou de divulgação de pautas jornalísticas se dá pela
sua capacidade de distribuição e alcance que, ainda que mais restrita que canais digitais,
é muito maior do que outras ferramentas artísticas - como exposições por exemplo – e
tem um alcance geográfico potencialmente irrestrito.
Potencial político
Talvez o livro de artista tenha em uma de suas principais vocações tornar-se público. O
ato de publicar em escala miúda ou grandiosa. A força do livro (...) é libertar a arte de seu
isolamento tradicional. (...) Assim, há a retirada da mediação da arte, antes realizada por
espaços institucionalizados, e criam-se outros espaços, outros territórios onde quem
produz, edita e distribui pode ser o próprio artista. E as características como o
nomadismo do livro são elevadas a seu grau máximo. (GRIGOLIN, 2013, p. 52)
A fotografia única, aparentemente tão clara e empática, um pedaço de vida e tempo
tomado do mundo, é de fato notoriamente escorregadia quando se trata de transmitir
qualquer sentido além de ‘aqui está, faço disso o que quiser’. O fotolivro pode não
resolver completamente este problema, mas ao menos ele dá ao fotógrafo a oportunidade
de combinar fotografias e indicar um sentido mais complexo. O fotolivro permite ao
fotógrafo o potencial de contar uma história, a possibilidade de construir uma narrativa.
(BADGER, 2013, p. 16)
Sequenciamento
Ao aproximar a fotografia da literatura – e do cinema – ganha-se no campo da construção
narrativa e passa-se a ver a produção fotográfica não como uma série de imagens
isoladas, dotadas de uma potência interna, mas sim um conjunto coerente, que ganha sua
força pela associação entre cada fotografia, não pela potência individual de cada uma.
Sequenciamento
A maneira com que imagens e texto se vinculam para criar narrativas é crítica para a
sequência fotográfica. Uso a palavra vincular no sentido conceitual, como imagens
mentalmente se unem ou a um texto. A sequência fotográfica combina imagens em uma
ordem específica para criar um contexto para que o sentido seja inferido entre as
imagens. (...) Este vínculo compele o leitor a dar uma única e predominante identidade às
duas imagens e reconhece-las como um todo. Um salto narrativo é requerido para ver as
duas imagens como uma única entidade. Para formar um desfecho, nós pensamos sobre
os motivos que elas estão juntos, apesar de que este processo de pensamento nem
sempre é inteiramente consciente. (SHAW, 2012, p. 1)
Sequenciamento
Exiles é um projeto trans-media sobre sete mulheres que decidem se
mudar dos seus maridos e formar um sociedade alternative para fugir da
constante violência que elas sofriam e encontrar a Liberdade, que tinha
sido negada a elas por seu gênero.
Exile – Eden Bernal
Fotografia
O processo de construção de novos sentidos através da justaposição de imagens é uma
das características centrais dentro da produção de fotolivros.
Sequenciamento
O fotolivro, resumidamente, trata da narrativa, de fazer fotografias contarem uma
história, as dar um sentido relevante. Apesar de terem uma relação aparentemente clara
e concreta com o mundo, fotografias são portadoras de sentido frágeis e escorregadias,
pelo menos além do nível de ‘o que você vê é o que você ganha.’(...) Uma fotografia única
pode expressar muito, mas em um sentido narrativo, ela é como uma palavra única. Sem
outras palavras não é possível haver frases, parágrafos e capítulos. (BADGER, 2010, p.223)
Sequenciamento
American Interiors retrata as repercussões psicológicas da guerra e
serviço militar através de imagens do interior dos carros dos veteranos
de Guerra americanos.
American Interiors - M L CASTEEL
Fotografia
Na Itália o direito ao culto está na constituição, e é válido para todas as
religiões. Entretanto para os 1.35 milhões de muçulmanos no país só oito
mesquitas foram autorizadas a funcionar.
Como consequência a população muçulmana teve que se adaptar e
realizer os cultos em locais improvisados e clandestinos.
Hidden Islam - Nicoló Degiorgis
Fotografia
Esta associação entre a fotografia e a palavra - e igualmente com o plano no cinema -
aponta para um papel renovado da imagem fotográfica não como um objeto único e
completo, mas sim como parte de um todo, de uma sequência narrativa, capaz de
carregar sentidos maiores e mais complexos do que as imagens solitárias. Não se pode
esquecer, porém, que no fotolivro as fotografias não são as únicas responsáveis pelo
processo de transmissão de sentido e pela construção da narratividade da obra.
Costumam aparecer, em diversos exemplos de publicações fotográficos, elementos
gráficos, de texto e memorabilia.
Sequenciamento
Um resgate histórico sobre os métodos de aborto, perigos e as inúmeras
mortes de mulheres que morreram e ainda morrem (50 mil mulheres
morrem por ano) pela falta de uma solução segura.
On Abortion – Laia Abril
Fotografia
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Para se aprofundarhttps://medium.com/@felipeabreus https://entretempos.blogfolha.uol.com.brhttp://blogdojuanesteves.tumblr.comhttp://revistaold.com
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Grupos da P.I.Explicação de 10 min. sobre o fotolivro:Grupo do David – Hidden IslamGrupo da Garnet – Imaginary ClubGrupo do Gabriel Fonseca – You Haven’t Seen their FacesGrupo do Erick e Patrick - Karma
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Grupos da P.I.Textos explicando cada livro está na TESE DE MESTRADO. Link disponível no site.
G.
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matheussiqueira.com/aulas