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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREJ
FACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA TERAPIA COM PREDNISONA EM
CÃES COM DERMATOPATIAS
JACQUELINE SATOMI THO
OURINHOS–SP 2017
JACQUELINE SATOMI THO
AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA TERAPIA COM PREDNISONA EM
CÃES COM DERMATOPATIAS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária das Faculdades Integradas de Ourinhos como pré-requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária
Orientador: Prof. Me Felipe Gazza Romão
OURINHOS-SP 2017
Tho, Jacqueline Satomi Avaliação dos efeitos da terapia com prednisona em cães com dermatopatias. / Jacqueline Satomi Tho – Ourinhos, SP: FIO, 2017. 37f.; 30cm Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Medicina Veterinária) – Faculdades Integradas de Ourinhos, 2017. Orientador: Profº Me. Felipe Gazza Romão 1. Glicocorticoides. 2. Corticoidoterapia. 3. Dermatopatias Alérgicas. I. Avaliação dos efeitos da terapia com prednisona em cães com dermatopatias.
DEDICATÓRIA
À minha família que sempre acreditou em mim e nunca mediu esforços para que eu pudesse chegar até aqui. Mãe, seu cuidado e dedicação me fortaleceram para que eu conseguisse alcançar meus objetivos. Irmãs, o companheirismo e o carinho de vocês, transformou essa caminhada em uma conquista mútua.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por iluminar o meu caminho e guiar meus
passos nessa trajetória. A minha mãe Maria Regina, a quem me espelho, por estar
presente em todos os momentos, me fortalecendo a cada dia para que esse sonho
pudesse tornar-se real. As minhas irmãs Glaucia e Tatiane pela amizade e união
que temos uma com as outras. Cada palavra de incentivo me impulsionava a seguir
determinada com os meus objetivos. Ao meu noivo Luccas pelo apoio, carinho e
paciência nessa caminhada. Foi muito importante poder compartilhar todos esses
momentos com você. Ao meu orientador, professor Felipe, considerado uma
referência para mim, por ser prestativo e atencioso não somente nessa fase final,
mas em grande parte da minha formação, sempre me orientando e incentivando a
buscar a excelência. Às professoras Beatriz e Mariana que estavam sempre
prestativas, prontas a ajudar e me auxiliaram em diferentes etapas desse projeto. Às
técnicas do laboratório, Suelen e Rachel e à minha amiga Nathalia, que me
ensinaram e auxiliaram na realização de todos os testes laboratoriais apresentados
nesse estudo. A todos os funcionários do Hospital Veterinário das FIO, que de
alguma forma me ajudaram ou fizeram-se presentes durante minha trajetória
acadêmica. A todos os professores que construíram através do conhecimento uma
base, para que eu pudesse ser capaz de concluir esse estudo. Aos meus colegas de
classe, pelo auxílio, pelas palavras de carinho, superação e trocas de experiência. A
todos os proprietários que permitiram que eu utilizasse seus cães para realização
desse trabalho.
RESUMO
Os corticosteroides são medicamentos bastante utilizados na Medicina Veterinária principalmente na dermatologia, pelo seu efeito anti-inflamatório e antipruriginoso. Entretanto, seu uso por longos períodos ou em altas doses pode desencadear diversos efeitos colaterais, como poliúria, polifagia e polidipsia, hipertensão, entre outros. Baseando-se nisso, o desafio de seu uso consiste em contrabalançar os efeitos benéficos e as atividades farmacológicas indesejáveis. O objetivo do trabalho foi verificar a presença de efeitos colaterais avaliados pelo método de avaliação clínica e laboratorial em cães com dermatopatias tratados com prednisona em dose anti-inflamatória. Para isso, foram utilizados 11 cães que apresentassem alguma dermatopatia alérgica. Todos esses foram submetidos à terapia com prednisona durante 20 dias, nas doses de 0,25mg/Kg/BID/5 dias, o,25mg/Kg/Sid/5 dias e 0,25mg/Kg/EDA/10 dias. Exames laboratoriais (hemograma, bioquímicos da função renal, função e lesão hepática, glicemia, colesterol, triglicérides, urinálise, UPC e pressão arterial sistêmica) foram realizados em dois momentos (antes e após o tratamento). Após análise dos resultados não foram observadas alterações estatísticas relacionadas à utilização do corticoide entre os dois momentos estudados. Por tanto, conclui-se que a ausência de alterações pode sugerir que a dose e o tempo de tratamento foram seguros, porém estudos com a utilização de prednisona em doses mais altas e com períodos maiores devem ser realizados afim de demonstrar a relação da corticoidoterapia com efeitos colaterais. Palavras-chave: Glicocorticoides; Corticoidoterapia; Dermatopatias Alérgicas; Efeitos Colaterais; Dose-Dependente.
ABSTRACT
Corticosteroids are drugs widely used in veterinary medicine mainly in dermatology, because of its anti-inflammatory and antipruritic effect. However, its use for long periods or in high doses can trigger several side effects, such as polyuria, polyphagia and polydipsia, hypertension, among others. Based on this, the challenge of its use is to counterbalance the beneficial effects and undesirable pharmacological activities. The objective of the study was to verify the presence of side effects evaluated by the clinical and laboratory evaluation method in dogs with dermatopathies treated with prednisone in an anti-inflammatory dose. For this, 11 dogs were used that had some allergic dermatopathy. All of these patients underwent prednisone therapy for 20 days at doses of 0,25mg/Kg/BID/5 dias, o,25mg/Kg/Sid/5 dias e 0,25mg/Kg/EDA/10 dias. Laboratory tests (hemogram, biochemicals of renal function, liver function and lesion, glucose, cholesterol, triglycerides, urinalysis, UPC and systemic arterial pressure) were done at two moments (before and after treatment). After analyzing the results, no statistical changes related to the use of corticosteroids were observed between the two moments studied. Therefore, it is concluded that the absence of alterations may suggest that the dose and the time of treatment were safe, but studies with the use of prednisone at higher doses and with longer periods should be performed in order to demonstrate the relationship of corticoid therapy with Side effects
Key words: Glucocorticoids; Corticoid Therapy; Allergic Skin Diseases; Side Effects; Dose-Dependent.
SUMÁRIO
PARTE I
1 RELATÓRIO DE ESTÁGIO .................................................................................... 11
1.1 UNESP Botucatu- Departamento de clínica médica de pequenos animais ..... 11
1.1.1 Local ......................................................................................................11
1.1.2 Estrutura ................................................................................................11
1.1.3 Atividades desenvolvidas ......................................................................11
1.1.4 Casuística ..............................................................................................12
1.1.5 Avaliação pessoal ..................................................................................14
1.2 UNESP Botucatu- Departamento de moléstias infecciosas ............................ 15
1.2.1 Local ......................................................................................................15
1.2.2 Estrutura ................................................................................................15
1.2.3 Atividades desenvolvidas ......................................................................15
1.2.4 Casuística ..............................................................................................16
1.2.5 Avaliação pessoal ..................................................................................18
1.3 UEL- Departamento de clínica médica de pequenos animais..........................18
1.3.1 Local ......................................................................................................18
1.3.2 Estrutura ................................................................................................18
1.3.3 Atividades desenvolvidas ......................................................................19
1.3.4 Casuística ..............................................................................................19
1.3.5 Avaliação pessoal ..................................................................................20
PARTE II
2 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO .......................................................... 21
2.1 Introdução ....................................................................................................... 21
2.2 Revisão de literatura ....................................................................................... 22
2.2.1 Corticosteroides .....................................................................................22
2.2.2 Corticoidoterapia ....................................................................................24
2.2.3 Efeitos colaterais da corticoidoterapia ..............................................................24
3 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO..............................................................................29
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................32
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACTH Hormônio adrenocorticotrófico
ADH Hormônio antidiurético
ALT Alanina aminotransaminase
BID Bis in die
CHCM Concentração de hemoglobina corpuscular média
CRH Hormônio liberador de corticotrofina
DASPE Doença alérgica à saliva de pulgas e ectoparasitas
dL Decilitro
DTUIF Doença do trato urinário inferior de felinos
EDA Em dias alternados
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético
FA Fosfatase alcalina
FELV Vírus da leucemia felina
FIV Vírus da imunodeficiência felina
GGT Gama glutamil-transferase
Kg Quilogramas
Mg Miligramas
M0 Momento zero
M1 Momento um
mL Mililitros
PIF Peritonite infecciosa felina
RDW Amplitude de distribuição dos glóbulos vermelhos
SID Semel in die
VCM Volume corpuscular médio
VO Via oral
UEL Universidade Estadual de Londrina
UNESP Universidade Estadual Paulista
UPC Relação proteína:creatinina urinária
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária
da UNESP-BOTUCATU, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais ............13
Tabela 2- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária
da UNESP-BOTUCATU, no setor de Moléstias Infecciosas......................................16
Tabela 3- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária
da UEL-LONDRINA, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais...................19
Tabela 4- Potência e equivalência dos corticosteróides sistêmicos. Fonte: Adaptado
de Katz P, 2004..........................................................................................................23
Tabela 5- Principais efeitos colaterais observados com o uso de glicocorticóides.
Fonte: Adaptado Jericó; Andrade, 2008....................................................................25
Tabela 6- Avaliação da pressão arterial sistólica e da glicemia antes e após
tratamento com prednisona em dose anti-inflamatória..............................................29
Tabela 7- Parâmetros hematológicos antes e após tratamento com prednisona em
dose anti-inflamatória.................................................................................................30
Tabela 8- Parâmetros bioquímicos da função renal e hepática antes e após
tratamento com prednisona em dose anti-inflamatória..............................................31
Tabela 9- Avaliação da função renal antes e após tratamento com prednisona em
dose anti-inflamatória.................................................................................................31
LISTA DE FIGURAS
Figura 2- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária
da UNESP-BOTUCATU, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais.............12
Figura 2- Porcentagem dos animais em relação a espécie atendidos durante o
estágio curricular no Hospital Veterinária da UNESP-BOTUCATU, no setor de
Clínica Médica de Pequenos Animais........................................................................14
Figura 3- Classificação dos casos acompanhados durante o estágio curricular no
Hospital Veterinária da UNESP-BOTUCATU, no setor de Moléstias Infecciosa.......17
Figura 4- Porcentagem dos animais atendidos durante o estágio curricular no
Hospital Veterinária da UNESP-BOTUCATU, no setor de Moléstias
Infecciosas..................................................................................................................17
Figura 5- Porcentagem dos animais em relação a espécie atendidos durante o
estágio curricular no Hospital Veterinária da UEL-LONDRINA, no setor de Clínica
Médica de Pequenos Animais............................................................................20
11
1 RELATÓRIO DE ESTÁGIO
1.1 UNESP BOTUCATU- DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA DE
PEQUENOS ANIMAIS
1.1.1 LOCAL
O estágio curricular do mês de Agosto foi realizado no Hospital Veterinário da
FMVZ UNESP, localizado na cidade de Botucatu-SP na área de clínica médica de
pequenos animais, sob orientação da Professora Doutora Maria Lucia Gomes
Lourenço, em 01/08/17 a 31/08/17.
1.1.2 ESTRUTURA
De acordo com a estrutura física do ambiente do hospital veterinário na parte
de pequenos animais havia sala de recepção, duas salas para triagem dos animais,
sendo uma pertencendo a clínica médica e a outra à clínica cirúrgica de pequenos
animais, três ambulatórios de atendimento geral, sala de fluidoterapia, sala de
atendimento emergencial, quatro ambulatórios específicos (dermatologia,
cardiologia, nefrologia e neurologia), além do ambulatório para atendimento
exclusivo de felinos e farmácia.
Haviam oito residentes e quatro professores de clínica médica de pequenos
animais, além dos funcionários e estagiários presentes.
1.1.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Os animais primeiramente passavam pela sala de triagem para avaliação
geral da queixa principal e mensuração de alguns parâmetros como frequência
cardíaca, frequência respiratória, tempo de preenchimento capilar, temperatura
corporal, pulso, comportamento e estado de hidratação. Em seguida, eram
encaminhados de acordo com a queixa principal para diferentes setores.
Eram realizados anamnese e exame físico geral de cada animal em um dos
ambulatórios de atendimento. Os exames complementares eram solicitados de
12
acordo com a suspeita clínica, sendo os mais comumente solicitados hemograma,
bioquímicos de função renal e função e lesão hepática, urinálise, radiografia,
ultrassonografia, eletrocardiograma, ecocardiograma. Se necessário, o animal era
encaminhado para a sala de fluidoterapia ou emergência. Não era permitida
internação no hospital, portanto o proprietário deveria ficar o tempo todo com seu
animal.
Na rotina, os estagiários eram divididos entre os setores (triagem,
atendimento e emergência), mudando de setor diariamente. Na triagem, os
estagiários eram responsáveis por breve anamnese e exame físico. Quando no
atendimento, a função era realizar a anamnese, exame físico, passar o caso para o
residente responsável, auxiliar na coleta de amostras (sangue, urina, fezes), no
preenchimento das requisições e levar as amostras até o laboratório. Já no setor de
emergência, além das funções do atendimento, realizava-se bastante o
monitoramento dos pacientes, aplicações de medicamentos e fluidoterapia nos
pacientes.
1.1.4 CASUÍSTICA
Em média, eram atendidos pela clínica médica de pequenos animais 20 casos
durante o dia. Abaixo, segue a casuística (Figura 1 e Tabela 1) dos casos
acompanhados e o número de animais atendidos (Figura 2).
Figura 1- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UNESP-
Botucatu, no setor de Clínica Médica de Pequenos animais.
33%
6%
4%10%
12%
6%
5%
10%
14%
Patologias do sistema urinárioCardiopatias
Doenças Parasitárias
Doenças infecciosas
Patologias do sistema respiratórioEndocrinopatias
Neoplasias
Outros
Inconclusivo
13
Tabela 3- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da
UNESP-Botucatu, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais.
Patologias Número de casos
Porcentagem
Inconclusivo 13 11,60%
Doença renal crônica 9 8,03%
Doença do trato urinário inferior de felinos (DTUIF) obstrutiva
8 7,14%
Hemoparasitose 8 7,14%
Cistite intersticial felina 7 6,25%
Cardiopatias 6 5,35%
Neoplasias 5 4,46%
Colapso de traquéia 4 3,57%
Pielonefrite 4 3,57%
Acidente com animal peçonhento 3 2,67%
Pancreatite 3 2,67%
Insuficiência renal aguda 3 2,67%
Diabetes mellitus 3 2,67%
Gastroenterite 3 2,67%
Bronquite 3 2,67%
Hepatopatia a esclarecer 3 2,67%
Broncopneumonia 3 2,67%
Epilepsia idiopática 2 1,78%
Intoxicação por chumbinho 2 1,78%
Hipoproteinemia alimentar 1 0,89%
Insuficiência pancreática exócrina 1 0,89%
Doença do disco intervertebral 1 0,89%
Dirofilariose 1 0,89%
Gastroenterite viral 1 0,89%
Urolitíase 1 0,89%
Giardíase 1 0,89%
Coccidiose 1 0,89%
Doença inflamatória intestinal 1 0,89%
Check up 1 0,89%
14
Lipidose hepática 1 0,89%
Vírus da Imunodeficiência felina (FIV)
Vírus da leucemia felina (FELV)
1 0,89%
Hipertireoidismo 1 0,89%
Traqueíte 1 0,89%
Lúpus eritematoso 1 0,89%
Micoplasmose 1 0,89%
Megaesôfago 1 0,89%
TOTAL: 112
Figura 2- Porcentagem dos animais atendidos durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UNESP-Botucatu, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais.
1.1.5 AVALIAÇÃO PESSOAL
O estágio na UNESP-Botucatu no setor de Clínica Médica de Pequenos
Animais foi de grande aprendizagem devido a diversidade de casos na rotina do
hospital. Além disso, os residentes mostravam-se dispostos para esclarecimento de
dúvidas. Um dos pontos negativos desse estágio foi que raramente notava-se a
presença de um professor acompanhando a rotina do hospital e não haviam
reuniões clínicas para discutir os casos acompanhados.
25%
75%
28 GATOS 84 CÃES
15
1.2. UNESP BOTUCATU- DEPARTAMENTO DE MOLÉSTIAS
INFECCIOSAS
1.2.1 LOCAL
No mês de Setembro de 2017 foi realizado o estágio curricular no Hospital
Veterinário da FMVZ UNESP, localizado na cidade de Botucatu-SP na área de
Moléstias Infecciosas, sob orientação do professor Doutor Antonio Carlos Paes, em
04/09/2017 a 29/09/2017.
1.2.2 ESTRUTURA
A estrutura física do setor de Moléstias Infecciosas contava com sala de
recepção, dois ambulatórios para atendimento, sala de emergência, sala de
fluidoterapia, sala de observação e sala para atendimento de animais com
cinomose. Além disso, havia sala para os residentes e sala para necropsia. Haviam
oito residentes e três professores, além dos funcionários e estagiários presentes.
1.2.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Os animais triados para o setor de moléstias infecciosas passavam por
consulta, onde eram realizados anamnese e exame físico geral em um dos
ambulatórios de atendimento. Os exames complementares eram solicitados de
acordo com a suspeita clínica, sendo os mais comumente solicitados hemograma,
bioquímicos (perfil hepático e renal), urinálise, radiografia, ultrassonografia, sorologia
para leishmaniose, PCR para erliquiose e leptospirose. Se necessário, o animal
permanecia internado no local.
Na rotina, os estagiários eram divididos entre os setores (atendimento e
internação), mudando de setor diariamente. No atendimento, as funções designadas
aos estagiários eram realizar a anamnese e exame físico, passar o caso para o
residente responsável, auxiliar na coleta de amostras (sangue, urina e fezes) e no
preenchimento das requisições. Já no setor de internamento, os estagiários ficavam
16
responsáveis por realizar as medicações, alimentação e cuidados gerais dos
pacientes internados.
1.2.4 CASUÍSTICA
Em média, eram atendidos pelo setor de moléstias infecciosas 25 casos
durante o dia. Abaixo, segue a casuística (Tabela 2 e Figura 3) dos casos
acompanhados e o número de animais atendidos (Figura 4).
Tabela 2- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UNESP-Botucatu, no setor de Moléstias Infecciosas.
Patologias Número de casos
Porcentagem
Hemoparasitose 84 35,59%
Inconclusivos 74 31,35%
Gastroenterite viral 24 10,16%
Cinomose 11 4,66%
Leptospirose 4 1,69%
Hepatopatia a esclarecer 4 1,69%
Leishmaniose 4 1,69%
Micoplasmose 3 1,27%
Insuficiência renal aguda 3 1,27%
Anemia hemolítica imunomediada 3 1,27%
Doença renal crônica 3 1,27%
Neoplasia 3 1,27%
FIV 2 0,84%
Intussuscepção 1 0,42%
Corpo estranho 1 0,42%
Peritonite infecciosa felina (PIF) 1 0,42%
Cardiopatia 1 0,42%
Clostridiose 1 0,42%
Papilomatose 1 0,42%
Obstrução do ducto biliar 1 0,42%
17
Pancreatite 1 0,42%
Sinusite 1 0,42%
Cistite 1 0,42%
Verminose 1 0,42%
Hepatite Infecciosa 1 0,42%
TOTAL 236
Figura 3- Classificação dos casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UNESP-BOTUCATU, no setor de Moléstias Infecciosas.
Figura 4- Porcentagem dos animais em relação a espécie atendidos durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UNESP-BOTUCATU, no setor de Moléstias Infecciosas.
58%
11%
31%
INFECCIOSO NÃO INFECCIOSO INCONCLUSIVO
94%
6% 0%
197 CANINOS 12 FELINOS 1 BOVINO
18
1.2.5 AVALIAÇÃO PESSOAL
O estágio na UNESP-Botucatu no setor de Moléstias Infecciosas também foi
de grande aprendizagem. Apesar de ser um setor com menos diversidade na
casuística, foi possível acompanhar e aprender com vários casos. Os residentes
estavam sempre dispostos para o esclarecimento de dúvidas e eram bastante
prestativos. Também foi um estágio de grande aprendizagem prática, pois
participávamos de todas as etapas do atendimento. Os pontos negativos desse
estágio foram a baixa diversidade na casuística e ausência de reuniões clínicas para
discussão dos casos acompanhados.
1.3. UEL- DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS
ANIMAIS
1.3.1 LOCAL
No mês de Outubro de 2017 o estágio curricular foi realizado no Hospital
Veterinário da UEL, na cidade de Londrina-PR na área de Clínica Médica de
Pequenos Animais, sob orientação do professor Mestre Andrei Kelliton Fabretti, no
período de 02/10/2017 a 27/10/2017.
1.3.2 ESTRUTURA
De acordo com a estrutura física o hospital veterinário era dividido em dois
andares, sendo o andar inferior correspondente à secretaria e sala de triagem onde
ficava o professor responsável pela semana de atendimento. No piso superior havia
um local de espera para os proprietários, quatro ambulatórios para atendimento da
clínica médica de pequenos animais, quatro salas de emergência sendo cada uma
delas pertencentes a um setor do hospital, uma sala de procedimentos e uma sala
de internamento. Haviam dez residentes e seis professores, além dos funcionários e
estagiários presentes.
19
1.3.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Os animais triados para o setor de clínica médica de pequenos animais
passavam por consulta, onde eram realizados anamnese e exame físico geral em
um dos ambulatórios de atendimento. Assim como os outros estágios, os exames
complementares eram solicitados de acordo com a suspeita clínica, sendo os mais
solicitados hemograma, bioquímicos (perfil hepático e renal), urinálise, radiografia,
ultrassonografia e microscopia de campo escuro para diagnóstico sorológico de
leptospirose. Em casos mais graves, o animal permanecia internado no local.
Na rotina, os estagiários eram divididos entre os residentes, mudando de
residente semanalmente. Quando estavam na rotina do atendimento, a principal
atividade era realizar a anamnese, exame físico, passar o caso para o residente
responsável, auxiliar na coleta de amostras (Sangue, urina, fezes) e no
preenchimento das requisições. Já na rotina do internamento, ficavam responsáveis
por realizar as medicações, alimentação e cuidados gerais dos pacientes internados.
1.3.4 CASUÍSTICA
Em média, eram atendidos pelo setor de Clínica Médica de Pequenos
Animais 10 casos durante o dia. Abaixo, segue a casuística (Tabela 3) dos casos
acompanhados e o número de animais atendidos (Figura 5).
Tabela 3- Casos acompanhados durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UEL-Londrina, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais.
Patologia Número de casos
Porcentagem
Inconclusivo 9 16,36%
Doença renal crônica 8 14,54%
DTUIF obstrutiva 6 10,90%%
Dermatologia 5 9,09%
Hemoparasitose 5 9,09%
Cistite 3 5,45%
Neoplasia 3 5,45%
20
Gastroenterite hemorrágica 3 5,45%
Cardiopatia 3 5,45%
Cetoacidose diabética 2 3,63
Deficiência de tiamina 1 1,81%
Insuficiência renal aguda 1 1,81%
Cirrose hepática 1 1,81%
Gastroenterite alimentar 1 1,81%
Meningoencefalite granulomatosa 1 1,81%
Diabetes mellitus 1 1,81%
Acidente com animal peçonhento 1 1,81%
Doença pulmonar inflamatória 1 1,81%
TOTAL 55
Figura 5- Porcentagem dos animais em relação a espécie atendidos durante o estágio curricular no Hospital Veterinária da UEL-Londrina, no setor de Clínica Médica de Pequenos Animais.
1.3.5 AVALIAÇÃO PESSOAL
O estágio na UEL também foi de grande aprendizagem pois os professores
sempre estavam presentes para esclarecimento dos casos, além de ter reunião
clínica todos os dias pela manhã, para a atualização do quadro clínico dos pacientes
internados. Entretanto, essa presença dos professores na rotina, fazia também com
que os residentes não tivessem autonomia sobre os casos atendidos.
82%
18%
45 cães 10 gatos
21
2 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
2.1 INTRODUÇÃO
Desde a descoberta da cortisona, por Edward Kendal e Philip Hench, em
1935, um novo capítulo da terapia de inúmeras doenças, principalmente aquelas que
necessitam de imunossupressão ou ação anti-inflamatória, ocorreu tanto na
medicina humana quanto na veterinária (DAMIANI et al., 2001; BOOTHE, 2003).
A corticoidoterapia baseia-se no uso de corticosteroides, que são hormônios
sintetizados pelo córtex da adrenal e classificados em glicocorticoides,
mineralocorticoides e androgênios. A prednisona é um exemplo de corticosteroide
que possui potente efeito anti-inflamatório e imunossupressor sobre quase todos os
sistemas orgânicos (ALLEN et al., 2005). Por poder atuar em diferentes órgãos, é
uma classe de fármacos que requer criteriosa administração, devido a inúmeros
efeitos colaterais causados (GRECCO; BEHREND, 1995).
Os glicocorticóides são utilizados na terapêutica, com variadas finalidades.
Isso inclui principalmente terapia de reposição hormonal, terapias de
imunossupressão, terapia antialérgica e antiinflamatória. Nos tratamentos
antineoplásicos, os glicocorticóides também têm sido muito utilizados,
principalmente associados a outros medicamentos (RANG et. al., 2003).
Os corticosteroides são bastante utilizados na medicina veterinária em
doenças alérgicas e dermatológicas (CALVERT; CORNELIUS, 1990). Recomenda-
se para o tratamento de dermatopatias doses anti-inflamatórias menores que as
imunossupressoras e os corticoides de eleição são a prednisona ou prednisolona
(NAYAK; ACHARJYA, 2008).
Apesar dos seus benefícios, o uso da prednisona pode provocar uma série de
efeitos colaterais. Tanto o uso prolongado de corticoides exógenos como a
ocorrência de hiperadrenocorticismo são capazes de desencadear alterações
clínicas e laboratoriais na espécie canina (SCHERK; CENTER, 2005). Portanto, para
a utilização da corticoidoterapia deve-se considerar todos os riscos e benefícios para
cada paciente em particular (JERICÓ; ANDRADE, 2008).
A ocorrência dos efeitos adversos dos glicocorticoides está associada
principalmente a sua ação metabólica e à administração prolongada ou em altas
22
doses. Geralmente, a aplicação sistêmica provoca danos mais graves aos pacientes
do que a aplicação tópica (MORTIMER; TATTERSFIELD, 2005). Animais tratados
com corticosteroides podem apresentar poliúria e polidipsia, polifagia, aumento da
predisposição à obesidade, hipertensão arterial sistêmica, hiperglicemia e glicosúria,
hiperlipidemia (hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia), dentre outros (JERICÓ;
ANDRADE, 2008).
O objetivo desse trabalho foi verificar a presença de efeitos colaterais por
meio da avaliação clínica e laboratorial em cães com dermatopatias tratados com
prednisona em dose anti-inflamatória.
2.2 REVISÃO DE LITERATURA
2.2.1 CORTICOSTEROIDES
A base do funcionamento do sistema endócrino é a homeostasia, estando a
síntese e a liberação de hormônios na dependência de vários mecanismos de
controle, periféricos ou centrais, na maioria das vezes autorregulatórios ou de
retroalimentação (feedback). Os mecanismos de feedback são a principal forma de
controle fisiológico, especialmente aqueles de retroalimentação negativo, onde o
efeito promovido pelo hormônio suprime sua própria liberação (GARDNER;
SHOBACK, 2007; KRONENBERG et al., 2008).
Os hormônios esteroides são derivados do colesterol e produzidos no córtex
adrenal, ovários e testículos (GOODMAN, 2009). Os hormônios produzidos pelo
córtex adrenal são classificados em glicocorticoides, mineralocorticoides e
hormônios sexuais. O principal glicocorticoide endógeno produzido pelo córtex
adrenal é o cortisol e seu mecanismo de regulação ocorre pelo eixo hipotálamo-
hipófise-adrenal (GARDNER; SHOBACK, 2007; KRONENBERG et al., 2008).
Os corticosteroides são análogos do cortisol e potentes agentes anti-
inflamatórios e imunossupressores. Eles são classificados em mineralocorticoides
quando possuem potência relativa de retenção de sódio, e em glicocorticoides
quando possuem efeitos sobre o metabolismo de carboidratos (deposição hepática
de glicogênio e gliconeogênese) e efeitos anti-inflamatórios. Também são
23
classificados de acordo com a duração de seus efeitos em ação curta, intermediária
e longa (Tabela 4) (ANTI; GIORGI; CHAHADE, 2008).
Tabela 4- Potência e equivalência dos corticosteroides sistêmicos. Fonte: Adaptado de Katz P,
2004.
Potência glicocorticoide
(mg)
Potência mineralocorticoide
(mg)
Meia-vida plasmática (minutos)
Duração da ação (horas)
Ação rápida
Hidrocortisona 20 0,8 90 08-10
Cortisona 25 1 30 08-10
Ação intermediária
Prednisona 5 0,25 60 24-36
Prednisolona 5 0,25 200 24-36
Metilprednisolona 4 0 180 24-36
Triancinolona 4 0 300 24-36
Ação longa
Dexametasona 0,75 0 200 36-54
Os glicocorticoides são capazes de atravessar a membrana celular por
difusão passiva, devido a sua lipossolubilidade, e de se ligarem às proteínas
citoplasmáticas receptoras, localizadas no interior do núcleo, distribuídas por todos
os tecidos, modificando sua expressão gênica (JERICÓ; ANDRADE, 2008).
Os glicocorticoides podem atuar por meio de dois mecanismos de ação,
conhecidos como transativação e transrepressão. O processo de transativação
ocorre quando um complexo glicocorticoide-receptor sofre transformação estrutural e
se torna capaz de penetrar no núcleo celular e se ligar a certas regiões promotoras
de genes, induzindo a síntese de substâncias anti-inflamatórias, lipocortina-1 eIkB e
proteínas que promovem a gliconeogênese. Já o mecanismo de transrepressão
ocorre quando moléculas de glicocorticoides e receptores de glicocorticoides
interagem com fatores de transcrição, por interação proteína-proteína, e promovem
efeito inibitório de suas funções. Pode-se dizer que os efeitos desejados anti-
inflamatórios e imunossupressores dos glicocorticoides ocorrem pelo mecanismo de
transativação e os efeitos adversos estão relacionados com o mecanismo de
transrepressão (ANTI; GIORGI; CHAHADE, 2008).
24
São inúmeros os efeitos farmacológicos dos glicocorticoides. Possuem ação
anti-inflamatória, pela diminuição de eosinófilos e linfócitos circulantes, diminuição
da permeabilidade capilar e formação de edema, decréscimo da produção de
anticorpos e liberação de histamina; diminuição da liberação do ácido araquidônico e
formação de prostaciclinas, tromboxanos e leucotrienos; inibição da atividade de
monócitos e inibição da liberação de pirógenos endógenos. Além disso, aumentam o
catabolismo proteico e lipídico, mantêm a pressão arterial sistêmica devido ao
aumento da sensibilidade às catecolaminas e mantêm integridade das mucosas,
entre outras (BOOTHE, 2003).
2.2.2 CORTICOIDOTERAPIA
As recomendações para utilização da corticoidoterapia envolvem casos de
insuficiência adrenal, doenças autoimunes, doenças gastrointestinais, doenças
oftálmicas, e doenças alérgicas e dermatológicas (CALVERT; CORNELIUS,1990).
O uso de glicocorticoides em doenças alérgicas e dermatológicas é uma
prática comum na rotina clínica veterinária, devido a seu efeito anti-inflamatório e
imunossupressor. As dermatopatias mais comumente tratadas com corticosteroides
são urticária, dermatite alérgica de contato, doença alérgica à saliva de pulgas e
ectoparasitas (DASPE), atopia, e hipersensibilidade alimentar. O principal fármaco
utilizado é a prednisona, que é um glicocorticoide de ação intermediária (NAYAK;
ACHARJYA, 2008).
Os corticosteroides são administrados diariamente ou em dias alternados
(SABIR; WERTH, 2000). É utilizada a prednisona na fase de indução, na dose de
0,5 a 1miligrama(mg)/quilograma(kg)/Semel in die(SID), durante dois a seis dias.
Depois de controlados os sinais clínicos, passa-se para a fase de manutenção, com
a dose de 0,25 a 0,5 mg/kg/SID no início e depois em dias alternados (NAYAK;
ACHARJYA, 2008).
2.2.3 EFEITOS COLATERAIS DA CORTICOIDOTERAPIA
De acordo com Jericó (2006), quando a terapia com glicocorticoides estende-
se por meses ou anos, ou a administração do medicamento é dada em doses que
ultrapassam os limites fisiológicos, a incidência do aparecimento de efeitos
25
colaterais aumenta. Uma mesma dose de corticosteroide pode causar efeitos
colaterais diferentes entre os indivíduos. Isso ocorre provavelmente pelas diferenças
em sua ligação específica com receptores celulares, podendo ser influenciadas por
fatores como genética, idade, sexo e doenças de base. Além disso, o uso
concomitante de outras drogas pode interferir nos níveis séricos de corticosteroides
(GUSTAVSON; BENET, 1985).
Os principais efeitos colaterais do uso de glicocorticoides estão listados na
tabela abaixo (Tabela 5).
Tabela 5- Principais efeitos colaterais observados com o uso de glicocorticoides. Fonte: Adaptado de Jericó; Andrade, 2008.
Efeitos colaterais
Poliúria Polidpsia
Polifagia Predisposição à obesidade
Hipertensão arterial Acúmulo de gordura intra-abdominal
Hiperglicemia Glicosúria
Hipercolesterolemia Hipertrigliceridemia
Hiperadrenocorticismo iatrogênico Hipoadrenocorticismo secundário
Trombocitose Predisposição à infecção urinária
O hiperadrenocorticismo iatrogênico ocorre devido à administração exógena
excessiva de glicocorticoides, geralmente prescritos para controlar distúrbios
alérgicos ou imunomediados, resultando em sinais clínicos clássicos do
hiperadrenocorticismo (FELDMAN; NELSON, 2009).
O hipoadrenocorticismo secundário, resultado de produção inadequada de
hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela hipófise, pode ser causado por terapia
esteroidal crônica (GRECCO, 2007). Isso ocorre pela ação do glicocorticoide em
suprimir a secreção de hormônio liberador de corticotrofina (CRH) e de ACTH
(feedback negativo), resultando em atrofia adrenocortical bilateral. A supressão do
eixo hipotalâmico–hipofisário–adrenal pode ocorrer com doses de prednisona
superiores a 5mg/dia. No entanto, é difícil prever o desenvolvimento ou o grau de
supressão em qualquer indivíduo (CHRISTY, 1988). Dependendo da dose,
preparação e duração do tratamento, a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-
26
adrenal pode persistir durante semanas ou meses mesmo após a término da terapia
exógena (GRECCO, 2007).
Sinais clínicos como poliúria e polidipsia são comumente encontrados em
cães que recebem tratamento com corticosteroides. A polidipsia é definida como a
ingestão superior a 60mL/kg de peso corporal por dia de água e geralmente ocorre
secundariamente à poliúria. A poliúria é definida como a produção de urina superior
a 50mL/kg de peso corporal por dia (FELDMAN, 2009; ALENZA, 2011) e ocorre
devido ao aumento da taxa de filtração glomerular, à inibição da liberação e ação do
hormônio antidiurético (ADH) nos túbulos renais (MOONEY; PETERSON, 2004).
A polifagia, que é o aumento de apetite do indivíduo, ocorre pela diminuição
da concentração de CRH e pelo efeito anti-insulínico do cortisol. Além disso,
pacientes submetidos cronicamente a níveis excessivos de glicocorticoides podem
apresentar hiperglicemia e consequente glicosúria, por ultrapassar os limites de
reabsorção tubular de glicose (HERTAGE, 2011). Isso deve-se aos efeitos deletérios
desses hormônios esteroides sobre o metabolismo de glicose, como aumento da
gliconeogênese hepática, glicogenólise, menor utilização periférica de glicose, além
da ação antagonista sobre à insulina (PINCHBECK, 2014; DE MARCO, 2015).
A distensão abdominal decorre da redistribuição de tecido adiposo no
abdome, da hepatomegalia, da atrofia e fraqueza dos músculos abdominais
resultantes da inibição da síntese proteica e concomitantemente ao aumento do
catabolismo proteico (MOONEY; PETERSON, 2004; HERRTAGE, 2011).
Os glicocorticoides são responsáveis por estimular a lipólise e por promover a
redistribuição de tecido adiposo, que se acumula principalmente em abdome e
fígado (ALENZA, 2011). Além disso, o estímulo da lipólise por glicocorticoides
provoca elevações nas concentrações sanguíneas de lipídeos e colesterol
(hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia)(FELDMAN; ETTINGER, 2010). Deve-se
suspeitar-se de dislipidemias quando as concentrações de colesterol e triglicérides
em cães ultrapassarem 270mg/dL e 150mg/dL respectivamente após jejum
alimentar de 12 horas (SCARTEZINI et.al., 2003; REUSCH, 2015).
A hepatomegalia se deve à esteatose hepática, ao edema e à vacuolização
hepatocelular, secundários ao acúmulo de glicogênio no interior dos hepatócitos
induzidos pelo hipercortisolismo (BEHREND; KEMPPAINEN, 2001).
O uso de corticosteroides pode levar também à hipertensão arterial sistêmica
devido ao aumento da sensibilidade às catecolaminas (MARTINEZ et al., 2005). A
27
hipertensão pode resultar em insuficiência cardíaca congestiva, agravar uma
hipertrofia ventricular esquerda (MOONEY; PETERSON, 2004), além de causar
dano a nível glomerular e proteinúria, devido à hiperfiltração glomerular (SMETS et
al., 2010).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizados 11 (onze) animais da espécie canina com faixa etária de seis
meses a seis anos, atendidos na rotina do serviço de dermatologia do Hospital
Veterinário “Roque Quagliato”. Como critério de inclusão, os animais utilizados
deveriam possuir alguma dermatopatia alérgica que necessitasse de terapia com
glicocorticoides na dose anti-inflamatória e antipruriginosa (0,5mg/kg/SID). Além
disso, foram excluídos animais endocrinopatas ou que haviam sido submetidos à
corticoidoterapia nos últimos 90 dias.
Todos os cães foram submetidos à terapia com prednisona nas doses de
0,25mg/kg/bis in die (BID) durante os cinco primeiros dias, 0,25mg/kg/SID nos cinco
dias subsequentes, e 0,25mg/kg/em dias alternados (EDA) nos 10 dias seguintes,
essa última totalizando cinco administrações. Foram 20 dias de tratamento no total.
Os proprietários foram informados sobre a pesquisa e assinaram termo de
consentimento para participação no estudo.
Foram realizados no dia 0 (M0) e no dia 20 (M1) de tratamento de cada
paciente os seguintes exames: hemograma, função renal (ureia e creatinina), função
e lesão hepática (albumina, alanina aminotransaminase (ALT), fosfatase alcalina
(FA) e gama glutamil-transferase (GGT)), proteína total, glicemia, colesterol total,
triglicérides, urinálise, proteína creatina urinária (UPC) e pressão arterial sistêmica.
As coletas de sangue foram realizadas com animal em jejum de 8 a 12 horas
por venopunção jugular, com prévia antissepsia do local. O sangue foi depositado
em tubos com e sem ácido etilenodiamino tetra-acético (EDTA). Durante a coleta de
sangue, foi utilizada uma gota de sangue total de cada cão para mensuração da
glicemia, efetuada por glicosímetro1 e fitas específicas.
A coleta da urina foi realizada por cistocentese em fêmeas, com prévia
tricotomia e antissepsia na região hipogástrica abdominal, entre as mamas inguinais,
1Glicosímetro da marca Accu-ChekPerfoma®
28
guiada pelo ultrassom. Já em machos, a coleta de urina foi realizada por
cateterismo. Para análise das urinas, foram utilizadas fitas reagentes2.
A pressão arterial sistêmica foi verificada pelo método Doppler3 em membro
anterior esquerdo, sendo que o animal foi mantido contido fisicamente em decúbito
lateral direito.
No laboratório, as amostras de sangue armazenadas em tubos sem
anticoagulante foram centrifugadas por dez minutos em centrifuga4 para obtenção do
soro; após, foram realizadas mensurações séricas dos níveis de triglicerídeos,
colesterol total, ALT, GGT, FA, proteína total, albumina, ureia e creatinina.
Para determinação da UPC, após a obtenção da urina, uma alíquota de cinco
mililitros foi separada para realizar as determinações da proteína e da creatinina.
Essa alíquota foi centrifugada a 3000 rotações por minutos durante cinco minutos e
o sobrenadante depositado em frascos tipo eppendorf e congelados para posterior
análise. Foram utilizados reagentes comerciais5 em fotocolorímetro semiautomático6.
seguindo-se as metodologias recomendadas pelo fabricante.
Para a realização do hemograma, as amostras de sangue armazenadas em
tubos com anticoagulante foram homogeneizadas. A determinação de hemácias,
hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM), concentração de
hemoglobina corpuscular média (CHCM), amplitude de distribuição dos glóbulos
vermelhos (RDW), plaquetas e leucócitos foram obtidas em contador automatizado
de células7. Também foi realizada a contagem diferencial de leucócitos, estimativa
do número de plaquetas e observação da morfologia celular pelo esfregaço
sanguíneo.
Para a determinação de hematócrito e mensuração de proteínas totais pelo
plasma, realizou-se também a confecção de um capilar, onde o mesmo foi
centrifugado em centrífuga de micro hematócrito8.
Todas as variáveis foram inicialmente submetidas ao teste Shapiro-Wilk.
Variáveis com distribuição normal foram comparadas entre grupos por meio de teste
pareado e estão apresentadas como média ± desvio padrão, enquanto as variáveis
2Uriquest Plus. Labtest Diagnóstica S/A, Lagoa Santa-MG .
3Doppler Vascular Caneta Veterinário Medmega DV 610
4Centrífuga CELM Combate®, LS3 Plus, Barueri - SP
5Labtest® - Labtest Diagnóstica S/A, Lagoa Santa-MG
6Analisador bioquímico semiautomático Bioplus BIO-2000
7 Analisador hematológico ABX Horiba®
8 Centrífuga de micro hematócrito Benfer®
29
que não apresentaram distribuição normal foram comparadas por meio de teste de
Wilcoxon e estão apresentadas como mediana (mínimo-máximo).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação ao efeito antipruriginoso do corticoide, o protocolo terapêutico
mostrou-se eficiente na redução do prurido e na redução da inflamação das lesões.
Após o período de tratamento com prednisona, foi observado que houve
diminuição nos valores de pressão arterial sistólica e os valores de glicemia
mantiveram-se sem diferença estatística (Tabela 6). Tal resultado pode ter ocorrido
devido os animais estarem menos agitados na segunda aferição da pressão arterial
sistólica.
Tabela 6- Avaliação da pressão arterial sistólica e da glicemia antes e após tratamento com prednisona em dose anti-inflamatória.
Variáveis M0 M1 P-valor
Pressão arterial sistólica (mmHg)
120 ± 16 107 ± 10 0,0307
Glicemia (mg\dL) 85 ± 8 85 ± 9 0,8895
Segundo Larsen et al. (2003), os glicocorticoides podem causar hiperglicemia
por aumentar tanto a gliconeogênese hepática, como a resposta hepática ao
hormônio gliconeogênico (glucagon). Além disso, possuem efeito antagonista à ação
da insulina, o que resulta em diminuição da captação de glicose no músculo e tecido
gorduroso.
Pacientes humanos com fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes
mellitus, aumento da idade, obesidade e diabetes mellitus gestacional anterior,
possuem maior risco de desenvolver hiperglicemia durante a corticoidoterapia
(HIRSCH; PAUW, 1997). No presente estudo, os animais utilizados não possuíam o
perfil descrito acima, o que pode ter contribuído para a ausência de diferença
estatística entre os momentos avaliados.
Um estudo populacional com mais de 11.000 pacientes humanos descobriu
que o risco de hiperglicemia aumentou substancialmente com o aumento da dose
diária de hidrocortisona. Dessa maneira, pode-se dizer que a magnitude do risco de
30
hiperglicemia aumenta com o aumento da dose de glicocorticoides (GURWITZ et al.,
1994).
Em relação ao exame hematológico, observou-se que não houve diferença
estatística entre os dois momentos avaliados (M0 e M1)(Tabela 7).
Apesar de estudos relacionarem o hipercortisolismo à trombocitose
(KASTELAN et.al., 2009; VAN et.al., 2009), no presente estudo não foi encontrada
diferença significativa na contagem de plaquetas ao final do tratamento com a
prednisona. Tal fato também foi observado em estudo por Klose, et. al. (2011), em
cães com hiperadrenocorticismo.
Tabela 7- Parâmetros hematológicos antes e após tratamento com prednisona em dose anti-inflamatória.
Hemograma M0 M1 P-valor
Hemácias (x10¹²/L) 6,70 ± 0,86 6,85 ± 1,11 0,5645
Hemoglobina (g/dL) 15,9 ± 2,3 16,1 ± 2,4 0,6290
Volume globular (%) 47 ± 6 47 ± 7 0,9497
VCM (fL) 69,8 ± 2,4 68,1 ± 4,1 0,1668
CHCM (%) 33,9 ± 0,7 34,6 ± 1,0 0,0980
RDW (%) 14,9 ± 0,5 15,0 ± 0,7 0,4632
Leucócitos totais (x10⁹\L) 9,6 ± 2,6 8,2 ± 2,6 0,1743
Segmentados (x10⁶\L) 6087 ± 1913 5426 ± 2584 0,4605
Monócitos (x10⁶\L) 529 ± 236 366 ± 221 0,1070
Eosinófilos (x10⁶\L) 798 ± 352 481 ± 347 0,0616
Bastonetes (x10⁶\L) 0 (0-160) 0 (0-84) 0,3750
Linfócitos (x10⁶\L) 1692 (711-6251) 1310 (756-6365) 0,2754
Plaquetas (p\cp\1000x) 14 (7-30) 12 (7-22) 0,5020
Não houveram alterações significativas entre os parâmetros bioquímicos da
função renal e hepática (Tabela 8) entre os dois momentos de avaliação, com
exceção do aumento discreto de albumina.
Aumento discreto de albumina também foi encontrado em estudo realizado
com ratos tratados com dexametasona (1mg/kg de peso corpóreo/intraperitoneal) a
partir de 72 horas de tratamento (SANTOS, 2007).
31
Tabela 8- Parâmetros bioquímicos da função renal e função e lesão hepática antes e após
tratamento com prednisona em dose anti-inflamatória.
Bioquímica sérica M0 M1 P-valor
Proteína total (g/dL) 7,5 ± 1,7 7,2 ± 1,4 0,5313
Triglicérides (mg/dL) 71,0 ± 31,3 77,6 ± 33,3 0,3384
Colesterol (mg/dL) 192,4 ± 58,5 202,9 ± 57,7 0,5641
Ureia (mg/dL) 39,2 ± 9,5 47,1 ± 17,2 0,1585
Creatinina (mg/dL) 0,9 ± 0,3 0,9 ± 0,2 0,5500
Globulina (g/dL) 4,26 ± 1,72 3,55 ± 1,69 0,1224
Albumina (g/dL) 3,45 (1,55-3,89) 3,85 (2,59-4,28) 0,0488
ALT (UI/L) 36 (20-104) 41 (26-125) 0,4258
FA (UI/L) 66 (16-149) 66 (33-182) 0,7852
GGT (UI/L) 7,6 (3,0-15,0) 7,6 (5,4-22,9) 0,1563
Em pacientes humanos com lúpus eritematoso sistêmico, a
hipercolesterolemia está relacionada à dose utilizada no tratamento com
glicocorticoide, sendo que alterações significativas foram observadas somente em
doses de prednisona superiores a 10mg/kg/SID (MACGREGOR et. al., 1992;
LEONG et. al., 1994).
Segundo Ginel et. al. (2002) o aumento da enzima FA pode variar de acordo
com o tipo, dose e tempo de administração dos glicocorticoides. Dessa maneira,
quanto menor a dose de corticoide, menor será o aumento de FA e menos tempo
levará para que essa enzima retorne ao seu valor normal.
Em relação à análise de urina, não houveram alterações significativas
observadas entre os momentos, antes e após o tratamento com prednisona (Tabela
9). Na análise físico-química, a cor, aspecto e odor da urina, presença de leucócitos,
nitrito, proteína, glicose, corpos cetônicos, urobilinogênio, bilirrubina e sangue oculto,
mantiveram-se dentro da normalidade.
Tabela 9- Avaliação da função renal antes e após tratamento com prednisona em dose anti-
inflamatória
Urinálise M0 M1 P-valor
Densidade urinária 1,036 ± 0,018 1,044 ± 0,023 0,0965
pH da urina 6,5 ± 1,2 6,2 ± 0,7 0,5456
UPC 0,11 (0,05-1,14) 0,15 (0,05-1,16) 0,4316
Os efeitos adversos apontados na tabela 5 associados ao hipercortisolismo,
são potência e dose-dependentes. Geralmente são mais evidentes em protocolos
32
com doses imunossupressoras (2 a 4 mg/kg/SID) e menos frequentes em protocolos
com doses anti-inflamatórias (0,5 a 1 mg/kg/SID), ou mesmo em pulsoterapia
(0,5mg/kg a cada 72 horas) (MILLER et. al., 2013). Conforme observado no estudo,
onde não houve diferença estatística nas análises laboratoriais realizadas antes e
após o tratamento com prednisona na dose anti-inflamatória.
No presente estudo, os animais também não apresentaram alterações
laboratoriais significativas, o que foi corroborado por KOUNTZ e CLARK (1997),
devido ao curto período de tratamento com corticoide sistêmico. Esse mesmo fato foi
observado em estudo realizado (FINE et al., 2014) com nove cães saudáveis, que
receberam uma dose alta de prednisona (2mg/kg/SID) por um curto período de
tempo (7 dias). Tais animais tratados tiveram efeitos mínimos, sendo discreto
aumento dos níveis plasmáticos de glicose e proteína total.
Além disso, em estudo para verificar a nefrotoxicidade da prednisona em
felinos na dose de 5mg/kg/SID durante 14 dias, não foram observadas alterações
em relação ao hemograma e os substratos ureia e creatinina (FONSECA et.al.
2012).
Outros estudos avaliando doses mais altas em durações de tratamento
maiores devem ser realizados a fim de demonstrar os possíveis e prováveis efeitos
deletérios da utilização de corticosteroides.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o protocolo terapêutico utilizado no presente estudo mostrou-
se eficaz no controle da inflamação e do prurido e que a ausência de efeitos
colaterais observados entre os dois momentos do estudo podem sugerir que a dose
utilizada e o tempo de tratamento de prednisona foram seguros.
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