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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JAYME DE ALTAVILA CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CAMPUS III CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA ANA CLÁUDIA SILVA SOUZA VIGIAR E PUNIR: Inquietações acerca do fazer do psicólogo jurídico no acompanhamento das penas alternativas MACEIÓ 2016

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL JAYME DE ALTAVILA CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

CAMPUS III CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

ANA CLÁUDIA SILVA SOUZA

VIGIAR E PUNIR: Inquietações acerca do fazer do psicólogo

jurídico no acompanhamento das penas alternativas

MACEIÓ 2016

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ANA CLÁUDIA SILVA SOUZA

VIGIAR E PUNIR: Inquietações acerca do fazer do psicólogo

jurídico no acompanhamento das penas alternativas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de graduação em Psicologia do Centro Universitário CESMAC sob a orientação da Profª Mestra Rosiete Pereira da Silva.

MACEIÓ 2016

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ANA CLÁUDIA SILVA SOUZA

“VIGIAR E PUNIR”: Inquietações acerca do fazer do psicólogo

jurídico no acompanhamento das penas alternativas

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como

requisito final para obtenção do título de graduação

em Psicologia do Centro Universitário CESMAC sob a

orientação Prof.ª Mestra Rosiete Pereira da Silva.

APROVADO EM: ____/____/______

_____________________________________________

Orientadora: Profª Ms. Rosiete Pereira da Silva

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________

_____________________________________________

_____________________________________________

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Dedico aos que caminharam e batalharam

comigo em busca desta conquista.

Primeiramente a Deus, luz da minha vida,

que nunca me deixa caminhar sozinha;

Maria que sempre me ampara e intercede

por mim junto a Deus; e em especial à minha

mãe, meu exemplo de vida; ao meu esposo,

meu exemplo de paciência; à minha filha

Clarinha, meu exemplo de amor; e à

Thayane, minha eterna dupla, exemplo de

parceria e cumplicidade.

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AGRADECIMENTOS

A Deus toda honra e toda glória! Agradeço a Ele por me permitir mais essa

conquista. Foram muitas lutas, renúncias e realizações. Dedico e agradeço esta à

minha mãe, que é minha maior incentivadora, exemplo de força, paciência e amor; à

minha família, amigos e todos que incentivam e acreditam em meu potencial,

especialmente ao meu irmão Lula e minha cunhada Karla, que não mediram

esforços para cuidar da Clarinha para que eu pudesse participar de eventos da

faculdade; ao meu sobrinho Luiz Wagner, minha fonte de motivação e exemplo de

carinho e lealdade; à minha prima e amiga Érika, que mesmo distante se faz

presente com seu apoio e carinho de irmã mais nova; à minha amiga Cris pela

disponibilidade em querer ajudar; à minha amiga Dudinha, que certamente teria sido

bem mais difícil sem sua ajuda de todas as tardes; à minha sogra, que não tenho

nem palavras para expressar o quanto lhe sou grata por tudo; aos meus amigos pela

compreensão dos momentos de ausência; aos amigos da faculdade, que tornaram a

caminhada mais leve e muito mais feliz, espero poder levar algumas amizades para

o resto da vida, especialmente quero agradecer à minha eterna duplinha “fofis”

Thayane, sua amizade é uma bênção e presente de Deus na minha vida; Philipe,

Itamar, Jardiael, sou muito grata a esse trio de grandes sábios; Renata, Gleyce,

Meire, Moni, Mari, Gal, meu “Boca de Siri”, amo vocês; aos meus mestres, que

compartilharam suas experiências e conhecimentos, tornando essa caminhada mais

rica, ajudando a transformar-me no que sou, sem querer ser injusta, agradeço em

especial a Myrian, Selma, Janne, Lamartine, Felix, Robson, Leandro, Guerda,

Luciano, Dani Botti, Fred, Laura, minha orientadora Rosiete, ao professor Maurício

por proporcionar-me essa experiência, a minha preceptora Manu; ao querido Nil,

sempre pronto a ajudar; à minha analista pelos direcionamentos. Ao meu amado

Claudio pelo amor, dedicação e paciência, sem seu amor e sua ajuda eu não teria

chegado até aqui; em especial agradeço a Clarinha, prova do amor de DEUS, que

chegou na hora certa para me dar forças e mostrar que sou capaz e posso ir além, e

através do seu lindo sorriso, mesmo sem saber, me impulsionou todos os dias a

buscar essa realização. Enfim, a todos que me apoiaram direta e indiretamente e

torceram para que esta conquista se tornasse realidade. Muito Obrigada!

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Conheça todas as teorias, domine todas as

técnicas, mas ao tocar uma alma humana

seja apenas outra alma humana.

(Carl Jung)

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RESUMO

As demandas do judiciário em relação ao psicólogo tem sido cada vez mais frequentes. Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância do psicólogo e da sua atuação no âmbito jurídico no que concerne ao acompanhamento de penas alternativas, através de uma narrativa de experiência. Da mesma forma visa fazer um breve relato das percepções a respeito do campo de estágio que fora explorado no Estágio Supervisionado I com ênfase em processos clínico-jurídicos. Aborda um breve relato sobre a Psicologia Jurídica, a história das punições, sobretudo busca-se uma reflexão acerca da importância das penas alternativas e o papel do psicólogo nesta jornada.

Palavras-chave: Penas Alternativas. Psicologia Jurídica. Atendimento Humanizado.

Punição com Humanização. Psicólogo Jurídico.

ABSTRACT

The demands of the judiciary on the psychologist have been increasingly frequent. This work aims to show the importance of the psychologist and his role in the juridical field regarding the monitoring of alternative sentences, through a narrative of experience. Likewise, it aims to give a brief account of the perceptions regarding the field of internship that had been explored in the Supervised Internship I, with emphasis on clinical-legal processes. It deals with a brief account of Legal Psychology, the history of punishments, and above all, a reflection on the importance of alternative sentences and the role of the psychologist on this journey is sought.

KEY WORDS: Alternative Penalties. Juridical Psychology. Humanized Service. Punishment with Humanization. Legal Psychologist.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 8

2 A PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL E EM ALAGOAS: Breve contexto histórico .......11

2.1 A Interface entre o Direito e a Psicologia ......................................................................13

2.2 O Papel das Instituições de Acompanhamentos de Penas Alternativas ................18

2.3 A Atuação do Psicólogo no Acompanhamento das Penas Alternativas ................20

2.4 Vigiar e Punir Sempre? .....................................................................................................23

3 NARRATIVA DA EXPERIÊNCIA ..............................................................................................27

3.1 Breve contextualização do local .....................................................................................27

3.2 DA TEORIA À PRÁTICA ....................................................................................................32

3.3 OS DELITOS, AS PENAS E OS BENEFICIÁRIOS .........................................................35

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................37

REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................39

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1 INTRODUÇÃO

Narrar algo é contar uma história fictícia, ou passar para o ouvinte algo

que ocorreu de fato, são dois lados de uma moeda. O presente trabalho trata-se de

uma narrativa de experiências. A Narrativa aqui empregada será a de cunho

experiencial, onde serão descritos relatos de uma experiência real, que ocorreu no

estágio supervisionado I em Processos Clínicos Jurídicos, enquanto acadêmica do

curso de Psicologia.

A instituição que aqui será tratada refere-se a uma Instituição de

Acompanhamento de Penas Alternativas, que tem como objetivo precípuo a

fiscalização e o acompanhamento de penas e medidas alternativas.

Para fundamentar este trabalho e consequentemente construir os

próximos capítulos foram feitas pesquisas bibliográficas, afim de buscar um aporte

teórico para tratar dos temas relevantes à esta narrativa. No segundo capítulo

abordaremos brevemente sobre a Psicologia Jurídica, fazendo um passeio na

interface entre Direito e Psicologia, passando pela atuação do psicólogo no

acompanhamento das penas alternativas, passando brevemente pela história das

punições, segundo Foulcalt; no terceiro capítulo iremos abordar sobre a prática em

si, narrando um pouco sobre a experiência do estágio.

Ao falar em experiência, sabe-se que essa é uma fonte inesgotável de

informações, pois, a partir dela, além de extrair fatos da vida do narrador, propicia

também vivenciar a experiência alheia, e por essa característica BENJAMIN firma

que:

A experiência que passa de pessoa a pessoa é a fonte a que recorreram todos os narradores. E, entre as narrativas escritas, as melhores são as que menos se distinguem das histórias orais contadas pelos inúmeros narradores anônimos. Entre estes, existem dois grupos, que se interpenetram de múltiplas maneiras. A figura do narrador só se torna plenamente tangível se temos presentes esses dois grupos. "Quem viaja tem muito que contar", diz o povo, e com isso imagina o narrador como alguém que vem de longe. Mas também escutamos com prazer o homem que ganhou honestamente sua vida sem sair do seu país e que conhece suas histórias e tradições. Se quisermos concretizar esses dois grupos através dos seus representantes arcaicos, podemos dizer que um é exemplificado pelo camponês sedentário, e outro pelo marinheiro comerciante. Na realidade, esses dois estilos de vida produziram de certo modo suas respectivas famílias de narradores (BENJAMIN, 1994, p. 02).

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As experiências que esses dois tipos de narradores obtiveram durante o

tempo em que viveram, os fizeram capazes de narrar suas histórias, e estas ficarão

guardadas para sempre, seja ela sido contada verbalmente, onde quem ouviu as

guardou em seus pensamentos, e se foram escritas ficarão para sempre nas

páginas dos livros, e se acaso foram contadas em meios eletrônicos, tal como um

blog da internet ou rede social, tal narrativa ficará para sempre na rede mundial que

é a internet. Ou seja, a partir da experiência vivida, seja o narrador um conhecedor

de muitas culturas e tradições ou apenas um camponês que viveu toda sua vida em

seu cotidiano, tem as mesmas ferramentas para guardar na história suas

experiências.

Narrar é uma manifestação que acompanha o homem desde sua origem, podendo ser feita oralmente ou por escrito. Refletir sobre o ato de narrar é quase tão antigo quanto o próprio narrar. Platão e Aristóteles iniciaram, na tradição Ocidental, uma discussão sobre a relação entre o modo de narrar, a representação da realidade e os efeitos sobre os ouvintes e leitores, que vem tendo continuidade até os dias atuais (ALBUQUERQUE, et al, 2010, p. 192).

É com esse método, que muitos pesquisadores desenvolveram seus

trabalhos, partindo de uma vivencia prática, relatando suas experiências,

possibilitando um conhecimento que vai além do que se pressupõe tecnicamente, a

partir dessa modalidade de pesquisa, em que o narrador é parte integrante do que

foi contado, onde ele fez parte e muitas vezes foi o principal personagem do que foi

relatado que o torna mais que um mero pesquisador, o torna um contador de sua

história, aquele que a sua própria experiência de vida, seja acadêmica ou pessoal, é

formadora de si mesmo. Partindo desse pressuposto, evidencia-se que:

Falar das próprias experiências formadoras é, pois, de certa maneira, contar a si mesmo a própria história, as suas qualidades pessoais e socioculturais, o valor que se atribui ao que é “vivido” na continuidade temporal do nosso ser psicossomático. Contudo, é também um modo de dizermos que, neste continuo temporal, algumas vivências têm uma intensidade particular que se impõe a nossa consciência e delas extrairemos as informações úteis as nossas transações conosco próprios e/ou com o nosso ambiente humano e natural (OLIVEIRA, 2011, p. 233).

Segundo Spink (2008), para o pesquisador que se utiliza dessa

modalidade de pesquisa, tem em sua prática dois desafios: um é aprender a prestar

atenção a nossa própria cotidianidade, reconhecendo que é nela que são produzidos

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e negociados os sentidos e, segundo, de aprender a fazer isso como parte ordinária

do próprio cotidiano, se portando, dessa forma, como um pesquisador participante, e

requer que ele tenha a habilidade, de repensar muito daquilo que é presumido como

central à boa pesquisa científica.

Nesse desafio, que é posto para o pesquisador de se fazer parte da

pesquisa, o põe diante da trama que ele percorreu até chegar ao ato de narrar a sua

experiência, ao chegar nessa fase o pesquisador para elaborar a narrativa de sua

experiência, deve (re)vivenciar o que experienciou, durante a prática que foi objeto

de sua pesquisa, visto que:

Narrativas performam: criam mundos, propõem relações, atam pessoas por endereçamentos, constroem realidades; imiscuindo-se e se misturando como as materialidades que compõem o cotidiano. Elas não apenas reafirmam mundos, mas fazem parte de um trabalho político que diz dos mundos que queremos ajudar a construir – são mediadoras. Ou melhor, narrativas jogam com mediações e mediadores (GALINDO et al, 2014, p. 300).

Portanto, a narrativa como método de pesquisa, possibilita ao

narrador/pesquisador, elaborar comentários e propicia ao leitor, conhecer de fato o

que ocorreu em sua prática, ou seja, o narrador/pesquisador, a partir de sua

narração irá discorrer, além dos temas específicos ao que estará sendo abordado,

ele também irá descrever fatos inerentes a sua personalidade e aspectos pessoais

que fogem ao padrão, porém, rico em informações e denota a veracidade das coisas

estudadas/narradas.

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2 A PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL: Breve contexto histórico

A psicologia possui diversos campos de atuação, e em todos eles a

demanda vem crescendo cada vez mais. Hoje é notório que há uma maior aceitação

da sociedade em geral em relação a esta ciência. A atuação do psicólogo na área

jurídica surgiu antes da década de 60, ou seja, a profissão de psicólogo ainda nem

era reconhecida. “A Psicologia Jurídica, como campo de conhecimento e de

pesquisa, já existia no Brasil antes mesmo da regulamentação da profissão de

Psicólogo, sendo este o marco que possibilitou a inserção oficial destes profissionais

nas instituições jurídicas.” (Associação Brasileira de Psicologia Jurídica).

Embora tenha sido reconhecida em 1984 e mesmo possuindo inúmeras

demandas nos diversos setores do judiciário, a Psicologia Jurídica ainda está em

ascensão. Muitos magistrados e operadores do direito reconhecem a importância do

psicólogo jurídico, mas ainda há muito a ser conquistado, reconhecido, percorrido.

Alguns operadores do Direito simplesmente ignoram a Psicologia, quando na

verdade deveriam todos trabalharem em conjunto para uma melhor resolução de

muitos casos, visto que a psicologia é uma ciência que tem muito a contribuir, tanto

no âmbito jurídico quanto de forma geral. Ainda há muitos espaços a conquistar,

muitos caminhos a percorrer. Ultrapassando os obstáculos e os casos isolados,

percebemos que o trabalho interdisciplinar do psicólogo jurídico junto com

operadores do direito vem dando cada vez mais certo.

Nota-se que hoje há uma maior aceitação deste profissional nos mais

variados campos, graças aos trabalhos de muitos profissionais competentes que

fazem a diferença e realmente trabalham com propriedade, embasamento e um bom

aporte teórico. Para isso, é primordial que o Psicólogo esteja inserido nas diversas

áreas do saber. “Entende-se como psicólogos jurídicos não só aqueles que

exercem sua prática profissional nos tribunais, mas também os que trabalham com

questões diretamente relacionadas ao sistema de Justiça.” (CREPOP, 2010. P.13).

Portanto, a partir da inserção do Psicólogo nas Instituições Jurídicas,

foram implementadas e implantadas diversas categorias, que só vieram a agrupar

valores para a atuação conjunta, entre o poder judiciário e a ciência psicológica, o

que culminou na contemporaneidade, um trabalho amplo da Psicologia Jurídica.

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A Psicologia Jurídica como um campo de atuação do psicólogo tem-se feito presente nas diversas instituições do direito, como no sistema penitenciário e nos espaços do poder judiciário - Varas de Família e Varas da Infância e da Juventude. Entretanto, esta profícua relação de saberes e fazeres entre a Psicologia, o Direito e demais áreas afins, também tem se concretizado em outros inúmeros espaços. Entre eles, podem ser referidos os Juizados Especiais (Cível e Criminal), as Varas de Penas Alternativas e as Varas Cíveis em geral, assim como outros locais do Poder Judiciário, nos quais já se tem notícias de diversos trabalhos que estão sendo desenvolvidos por psicólogos que atuam em parceria com os operadores do direito, no que diz respeito à necessidade de intervenções específicas do saber psicológico na justiça. Além destes, também vale citar a presença de psicólogos em ambientes das Forças Armadas e Secretarias Estaduais de Segurança, Ministério Público, Escolas de Magistratura e outros (ROEHRIG, et al, 2007, p. 17).

Trazendo para a realidade Alagoana, ao fazer uma análise desse campo de

atuação, encontra-se que a realidade da Psicologia Jurídica é, de certa forma, muito

nova, visto que, a inserção de Psicólogos em um dos principais fóruns da Capital

Alagoana não tem muito tempo desde a sua implantação. Quanto a este fato, cita-se

o seguinte:

Segundo a cartilha do setor de psicologia do fórum de Maceió-AL, o mesmo foi implantado em 2003. No início do setor de psicologia só existia uma sala que era dividida entre a psicóloga e a assistente social e num pequeno espaço, com apenas quatro tipos de testes e dois exemplares de literatura referente à psicologia, onde aconteciam os atendimentos. No decorrer dos anos houve um aumento da demanda de processos enviados pelos juízes ao setor (RAMOS, ZIELAK & TAVARES, 2015, p. 177).

Para a realidade Alagoana, a inserção de Psicólogos para dar conta da

demanda social que se tem nesse fórum, foi de extrema importância para que os

problemas que são levados para os juízes resolverem pudessem ter uma resolução

mais completa, pois, tais resoluções, dependem em parte, dos laudos, pareceres e

relatórios psicológicos, acerca do caso, para que o Juiz tome a atitude mais

assertiva sobre determinado caso. Portanto, pode-se dizer que,

A implantação desse setor teve como principal finalidade atender às demandas das varas de família existentes no fórum da capital e, atualmente, também presta assessoria às varas criminais nos processos onde envolve menores em situação de abuso sexual (RAMOS, ZIELAK & TAVARES, 2015, p. 177).

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Então, pode-se dizer que, esse novo modo de atuação, esse novo

contexto de produções de trabalhos e intervenções psicológicas no Brasil e em

Alagoas, seguem o mesmo padrão de atuação e visa um melhor aparelhamento do

estado e tem o objetivo de humanizar os meios jurídicos existentes.

Quanto às formas de trabalho dos psicólogos nas instituições jurídicas, é

visto que:

Entre as ferramentas utilizadas pelos psicólogos, podemos destacar a perícia. Esta é concebida como exame de situações (relações entre coisas e/ou pessoas) e fatos (ocorrências envolvendo coisas e/ou pessoas), realizado por um especialista ou uma pessoa entendida da matéria que lhe é submetida, denominada perito, com o objetivo de determinar aspectos técnicos ou científicos. Nesse sentido, o setor atua, quando mobilizado pelo juiz, por meio de perícias e avaliações psicológicas, possibilitando também a conciliação familiar das partes envolvidas nos processos (RAMOS, ZIELAK & TAVARES, 2015, p. 178).

Por fim, ao tecer uma análise sobre o breve contexto histórico da

psicologia jurídica no Brasil e em Alagoas, percebe-se que esse ramo da Psicologia

é relativamente novo, levando em consideração a criação do setor de Psicologia em

um dos principais fóruns da capital alagoana ter sido implantado apenas em 2003,

porém, entende-se que a Psicologia Jurídica, no âmbito de suas atuações em

Instituições Jurídicas, tem papel importante nas resoluções de problemas referente

às diversas demandas existentes no contexto Psico-Jurídico.

2.1 A Interface entre o Direito e a Psicologia

Com o passar dos tempos às relações sociais passaram por diversas

mudanças, e tais mudanças acarretaram uma diversidade de problemas ligados às

questões familiares e penais, o que fez com que as instituições judiciárias, não

conseguissem mais dar conta sozinhas das demandas que surgem diariamente,

para tanto foram implementadas ações de cunho psicológico entre as diversas

instituições judiciais existentes no Brasil.

A partir de críticas fundamentadas, quanto ao regime judicial, vigente até

os dias atuais, é possível verificar que as medidas que estas instituições vem

tomando em suas práticas diárias, infelizmente, em sua maioria, não atinge os

objetivos propostos desde sua criação, pois, teoricamente no Sistema Penitenciário

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Brasileiro o objetivo principal é o de ressocializar os sujeitos, porém, como se quer

ressocializar indivíduos que são presos em presídios que não atendem, nem sequer

aos requisitos mínimos de estrutura adequada para abrigar seres humanos?

Ao buscar respostas para essa indagação o que se encontra, são apenas

palavras ao vento e muita teoria acerca de como poderia resolver, porém, o que se

vê na prática, e o que é noticiado diariamente, nos diversos meios de comunicação,

são prisões que desrespeitam e que fogem qualquer critério de ressocialização, o

que faz surgir outro questionamento: para que servem as prisões?

Em praticamente todas as análises produzidas em torno da questão “para que servem as prisões?,” fica claro, desde sempre, que a resposta nos leva para uma constatação empírica de que elas servem para aquilo que talvez esteja mais subliminarmente implicado em cada uma dessas funções instituídas, que é segregar certos indivíduos considerados como parte indesejável da sociedade (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2012, p. 30).

Portanto, a resposta para o primeiro questionamento se dá também na

resposta dada para o segundo, ou seja, na prática o sistema não busca

ressocialização e utiliza as prisões, apenas para tirar de circulação as pessoas tidas

como perigosas para a sociedade, não empregando nenhum aparato que possa de

fato ressocializar os sujeitos que estão encarcerados.

Nesse contexto, o Psicólogo está inserido buscando de alguma forma

exercer o seu papel, porém, esbarram em um trabalho burocrático, que se resumem

a elaborar pareceres, laudos, relatórios, avaliações criminológicas, entre outras

atribuições. Para corroborar tal menção, KOLKER (2004) afirma que:

O dia-a-dia dos psicólogos nas prisões transcorre em meio a centenas de papéis. São infindáveis laudos, relatórios ou pareceres, feitos ou por fazer, e mesmo assim, a qualquer hora que entremos nas galerias, ouviremos dos presos as eternas queixas de que ainda não foram chamados para fazer seus exames. Pudera, as unidades penais de nosso país costumam alojar cerca de 500 presos, algumas atingem a marca dos 1000 e com sorte as equipes técnicas chegam a contar com dois profissionais da área de psicologia. Assoberbados de tarefas disciplinadoras ou de juízos a emitir sobre os presos, a maioria dos psicólogos das unidades prisionais fica impossibilitada de realizar algum trabalho mais transformador nessas comissões ou estabelecer outro tipo de relações institucionais com os demais funcionários, internos e/ou seus familiares (KOLKER, 2004, p. 239).

A interlocução entre Direito e Psicologia vai muito além de um trabalho

técnico. A psicologia possibilita que haja um novo olhar voltado para cada ser, sem

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julgamentos, sem preconceitos, apenas olhar o ser como ele se apresenta,

permitindo assim, maiores conhecimentos a respeito do mesmo. Permite ainda, que

se façam novas reflexões, e dessa forma, abre um leque de possibilidades sobre um

caso. Nessa interseção entre Direito e Psicologia é imprescindível que o psicólogo

jurídico seja capacitado para atuar nos diversos campos, é preciso que ele busque

cada vez mais se aperfeiçoar; não se acomodar, nem se deixar influenciar por

trabalhos rotineiros, errôneos ou acomodados.

As avaliações psicológicas, como as perícias, são importantes, contudo há a necessidade de repensá-las. Justifica-se tal postura porque realizar perícia é uma das possibilidades de atuação do psicólogo jurídico, mas não a única. O psicólogo jurídico pode atuar fazendo orientações e acompanhamentos, contribuir para políticas preventivas, estudar os efeitos do jurídico sobre a subjetividade do indivíduo, entre outras atividades e enfoques de atuação (FRANÇA, 2004, p. 75).

É interessante que ele busque o novo, crie novas formas de trabalhar,

saia da zona de conforto, enfim, que ele seja e faça o diferencial. É importante

ressaltar que neste trabalho não é o psicólogo quem toma as decisões, mas sim o

juiz. A partir do laudo, o juiz decide acatar ou não os indicadores do laudo, mas a

partir do momento em que ele esta de posse de um laudo, ele poderá fazer

julgamento com mais segurança e propriedade.

Na Psicologia Jurídica há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete à Psicologia uma atividade de cunho avaliativo e de subsídio aos magistrados. Cabe ressaltar que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode recomendar soluções para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial; não compete ao psicólogo incumbir-se desta tarefa. É preciso deixar clara esta distinção, reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pelo litígio judicial. (Lago et al, 2009, p. 486)

O psicólogo jurídico, mesmo que o laudo ou parecer seja solicitado pelo

juiz, deve prezar pelos princípios fundamentais e éticos da profissão, ou seja, deve

prezar o sigilo e fazer o repasse somente das informações necessárias.

Outro campo de encontro entre as ciências em questão são as varas de

famílias, que conta a participação da Psicologia nas resoluções diretas e indiretas de

determinados casos. Nessa conjuntura os psicólogos atuam em um cenário, onde os

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personagens são expostos a um nível elevado de stress emocional, visto que, trata-

se de relações afetivas que estão sendo dilaceradas em um processo judicial, o que

se faz necessário uma intervenção psicológica, que devem atender alguns

parâmetros de investigação pautada na escuta clínica, pois:

No atendimento para fins jurídicos, a pessoa pode ter dificuldade para verbalizar espontaneamente seus pensamentos sem censurá-los. A censura nesses casos pode ser extrema, em razão das questões que estão sendo julgadas. São situações nas quais o cliente tem consciência de que seu relato poderá influenciar o desfecho de questões pelas quais luta judicialmente. Se, no decorrer de um atendimento terapêutico, procura-se entender, junto com o paciente, os motivos de tais censuras, no atendimento para fins jurídicos, a censura que se apresenta é algo de que o cliente tem consciência e que, por algum motivo, não deseja expressar, muitas vezes por medo de possíveis prejuízos ao processo jurídico (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010, p. 14).

Em um contexto, onde as relações humanas, a cada dia que se passa

toma novos contornos, fez surgir diversas demandas, que outrora não apareciam

e/ou não eram percebidas, demandas estas, que não basta para obter a resolução,

apenas o conhecimento técnico-jurídico, necessita-se de uma visão além do que se

pode enxergar, é preciso que se tenha um manejo centrado na humanização, é

tratar o ser humano com respeito em sua essência, é saber acolher, é saber ouvir o

que o sujeito está trazendo para o processo judicial, sendo assim, em um contexto

onde existem muitos envolvidos, porém, pouca escuta dos operadores do Direito,

urge a necessidade da implantação de setores de Psicologia para ajudar nas

tomadas de decisões nos fóruns e tribunais de justiça. Desse modo,

Como pode ser evidenciado, o Direito e a Psicologia se aproximaram em razão da preocupação com a conduta humana. O momento histórico pelo qual a Psicologia passou fez com que, inicialmente, essa aproximação se desse por meio da realização de psicodiagnósticos, dos quais as instituições judiciárias passaram a se ocupar. Contudo, outras formas de atuação além da avaliação psicológica ganharam força, entre elas a implantação de medidas de proteção e socioeducativas e o encaminhamento e acompanhamento de crianças e/ou adolescentes (LAGO, et al, 2009, p. 486).

Assim, a psicologia se insere no campo jurídico inicialmente se utilizando

de ferramentas exclusivas de sua formação, e que no decorrer dos tempos adquire

novas formas de atuação e alcança um patamar maior de sua importância, nas

variadas instituições jurídicas.

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De certo a inserção dos psicólogos na esfera jurídica não se deu de uma

hora para outra, e que sua forma de atuação, certamente, não teve mudanças

drásticas, quando se compara o modo de trabalho na seara jurídica e o modo de

trabalho que são produzidos nos campos psicológicos, onde suas atribuições, em

geral são vinculadas a avaliações psicológicas, e tal modo de intervir também é vista

em todas as situações, em que se faz preciso à intervenção de um psicólogo para

resolver determinada demanda judicial.

Assim, iniciou-se um novo caminho na trilha dos psicólogos que ousam

atuar no âmbito jurídico. Partindo desse pressuposto, pode-se justificar o porquê da

inserção desses profissionais nas instituições jurídicas por todo o país, possibilitando

as pessoas que cometerem algum crime, e os que procuram a justiça por motivos

diversos, possam corrigir os seus erros, ou pagar os seus crimes, ou encontrar

soluções para determinados problemas, de uma maneira mais humanizada e que

possa surtir efeitos concretos e positivos.

Tal perspectiva abre espaço adequado e rico para a psicologia adentrar

no meio jurídico, o que possibilita aos profissionais produzir ações de maneira

adequada nos mais variados âmbitos jurídicos, onde eles possam intervir, já que as

relações que se travam nas batalhas judiciais são impregnadas de subjetivações,

que só profissionais que tenham um olhar diferenciado, tais como os psicólogos tem

a habilidade necessária para tentar perceber nas entrelinhas a subjetividade do

outro.

Na interface entre o Direito e a Psicologia existe uma relação de troca

entre os saberes, entre o que é concreto e o que é subjetivo, e nessa relação um

tanto complexa, uma ciência complementa a outra.

A relação entre a Psicologia e o Direito há muito tempo tem sido foco de interesse dos profissionais destes campos do conhecimento. Em produções literárias de séculos passados, encontram-se narrativas de casos verídicos e fictícios que retratam o quanto é complexa a conexão entre a subjetividade e os fatos jurídicos. Obras como Crime e Castigo, de Dostoievski, expõem com clareza a riqueza da mente humana, suas possibilidades de criação e atuação. Dessa forma, explicitam a necessidade de se considerar esta complexidade na análise das situações nas quais o comportamento humano se entrelaça fortemente com as normas vigentes. Pois, o homem é ao mesmo tempo o que elabora as leis e as utiliza nos julgamentos dos fatos e, também, é o que protagoniza o ato jurídico passível de julgamento (ROEHRIG, et al, 2007, p. 21).

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Ao buscar relatos sobre as modalidades de intervenções no campo

jurídico, encontra-se sobre a importância da criação das Instituições de

Acompanhamentos de Penas Alternativas. Nesse cenário a importância do trabalho

do psicólogo demonstra ser possível produzir a partir de uma vivência prática,

Processos Clínicos Jurídicos que possibilita uma melhor forma de fazer um indivíduo

cumprir sua pena.

Enquanto a Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas (VEPMA) tem como tarefa a fiscalização da execução das Penas Alternativas, o psicólogo entra neste sistema com suas atribuições pautadas em características que, em função de sua identidade profissional, colocam-no numa perspectiva diferenciada na relação com a clientela. Como parte deste contexto, suas atribuições estão diretamente voltadas a potencializar o indivíduo, conforme as necessidades verificadas – havendo adesão do jurisdicionado frente à indicação realizada em entrevistas preliminares ou em processo de monitoramento, este é incluído num Programa de Prevenção e Tratamento em Rede Externa –, oferecendo-lhe subsídios para acessar as Políticas Sociais, com prioridade os Serviços de Saúde e Desenvolvimento Mental, no sentido de reforçar as capacidades de autocuidado, autogestão e autocontrole (ROEHRIG, et al, 2007, p. 35).

Essa modalidade de intervenção Psico-Jurídica, é uma das áreas de que

mais tem relevância na sociedade, pois, trabalha diretamente com a ressocialização,

de pessoas que cometeram algum crime, e problemas ligados a segurança é o tema

que mais chama a atenção da população, e por sua relevância social, é que essa

modalidade será tema do próximo capítulo.

2.2 O Papel das Instituições de Acompanhamentos de Penas Alternativas

O problema da criminalidade no Brasil é um dos que mais aflige a

sociedade, pois, é evidente que o sistema penitenciário deixa lacunas enquanto

instituição ressocializadora, o que faz aumentar o número de presos, e estes

acabam lotando as prisões, e estas cada vez mais superlotadas, ao invés de

ressocializar os sujeitos, tornam-se “faculdades do crime” e propiciam aos

indivíduos, de certa forma, conhecimentos acerca de novas formas de praticarem

atos criminosos, e estes sujeitos acabam saindo das prisões prontos para subir de

nível na escala do crime e tornar-se um criminoso de alta periculosidade.

No Brasil, em tempos modernos, vemos que a forma de punir tem sido falha. A maior prova disso está em nosso sistema penitenciário que apenas

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funciona como instrumento de encarceramento e, portanto, não regenera, não reeduca e tão pouco efetua a ressocialização do infrator, fazendo com que saia com mais sequelas e ainda mais violento (PERBONE, [201-?], p. 55 )

Portanto, a partir da evidencia de que os meios de punição existentes não

cumprem o papel que deveriam exercer, surge a pungente necessidade de novas

alternativas para penalizar os sujeitos que se envolvem em algum crime que tem

características que não são tão ameaçadoras à sociedade, nesse viés, a justiça

brasileira tomou a iniciativa de criar instituições que tenham como objetivo punir os

indivíduos envolvidos em crime de baixa periculosidade no cumprimento de penas

alternativas. Sendo assim, essa nova modalidade para o combate do crime surge:

Com maior intensidade a partir de meados do século XX, onde vários estudos têm buscado demonstrar a ineficácia das penas privativas de liberdade e, por decorrência, a crise (ou falência) da prisão como espaço para seu cumprimento. Por esses estudos, mas, sobretudo, pela realidade do sistema penitenciário, é cada vez mais patente que o cárcere tem cumprido somente uma função punitiva, produzindo pouco impacto em termos de prevenção e de ressocialização. O crescimento da criminalidade e as taxas progressivas de reincidência são indicadores desse fracasso da prisão como medida estatal de controle social (PIRES, 2014, p. 205).

Dessa forma, o poder público identificou que era necessário criar novas

concepções e o trabalho nessas novas Instituições Penais, consiste em criar novos

meios de acompanhamento e de aplicação de penas de forma diferenciada dos

modelos existentes. Então, levando em consideração que os tipos de penalidade do

sistema penitenciário no Brasil falharam em seus objetivos primordiais:

A aposta era no sentido de que as penas alternativas contribuiriam para a redução da taxa de encarceramento, além de funcionarem como canais de exercício da cidadania, por meio da conscientização do infrator quanto ao ato cometido, da aproximação entre a vítima e o autor do fato e da possibilidade de reparação do dano causado. Outro impacto vislumbrado era o da minimização do estigma de “criminoso” (IPEA, 2015, p. 08).

É fato que essa medida do Poder Judiciário, não garantiu em sua

execução na prática ser efetivada como preconiza a Lei, por diversos motivos

inerentes aos problemas sócio-politicos, existente no país, no entanto:

Ainda que o sistema alternativo de pena (representado pelas penas alternativas) mereça algumas alterações para que seja aperfeiçoado

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(especialmente no tocante à fiscalização de sua aplicação) ele pune adequadamente os delinquentes não-perigosos, que praticaram delitos de menor potencial lesivo, deixando os estabelecimentos penais para os delinquentes incorrigíveis (ESTEVES, 2008, p. 13).

Pode-se dizer que a implantação de tal programa de ressocialização se

deve ao fato de as penitenciárias do país estarem abarrotadas de presos, onde

muitos deles não foram nem sequer julgados e a gravidade de seu crime por muitas

vezes, não são caracterizados como cruéis e/ou graves.

Portanto, o papel das Instituições de Acompanhamentos de Penas

Alternativas espalhadas pelo país, é o de viabilizar meios para que os sujeitos que

cometeram algum crime que não é considerado “grave” possam pagar seus crimes

por meio de medidas alternativas, objetivando assim, a possibilidade de ter as

prisões menos lotadas, e fazer com que os processos possam correr com mais

rapidez, com esse intuito, esse programa destina-se a por fim uma lacuna existente

no sistema penitenciário Brasileiro, no que tange a sua preocupação em

ressocializar o sujeito, já que, no geral, as penas são o de pagar trabalhando em

uma determinada instituição, ocupando cargos diferentes dos que são acostumados

a trabalharem, de certa forma, determinada Pena Alternativa educa e/ou

conscientiza, tais sujeitos que são implicados e obrigados a pagarem seus crimes

trabalhando, forte ferramenta para a socialização e Ressocialização do ser humano.

2.3 A Atuação do Psicólogo no Acompanhamento das Penas Alternativas

Em um contexto onde as pessoas exigem que os sujeitos que se

envolvem em algum determinado crime seja encarcerado, como os Psicólogos

devem atuar para desmistificar esse fato e fazer entender que as medidas de penas

alternativas é a melhor forma de fazer um indivíduo pagar por seu crime, ao invés de

ser preso com criminosos de alta periculosidade, onde em nada contribui

positivamente para uma possível ressocialização?

Uma forma de fazer com que as pessoas entendam sobre a importância

dessa pena é o psicólogo encontrar meios para demonstrar que:

A ideia apresentada sobre as penas alternativas à prisão é oferecer uma resposta diferenciada para cidadãos que cometeram crimes considerados de leve e médio porte e que por isso não oferecem risco à sociedade, não sendo, portanto, excluídos do convívio social e familiar. Estas penas

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configuram-se, então, como uma medida punitiva, porém de caráter “sócio-educativo”, sem recorrer à privação de liberdade (CARVALHO, 2009, p. 19).

Portanto, para alcançar tal objetivo, cabe ao psicólogo atuar de uma

forma multidisciplinar em conjunto com outros profissionais, ampliando seus

conhecimentos e podendo transitar por vários campos da área social, dessa forma é

visto que a sua atuação modifica a prática usual das instituições e que sua prática

também sofrem modificações, e o tratamento humanizado pautado na prática

psicológica, vem sendo implantada no sistema penitenciário que atualmente está se

utilizando de novas formas de apenar o sujeito. Desta forma entendemos que:

O psicólogo vem trabalhando oficialmente no sistema penitenciário brasileiro desde a década de setenta do século XX. Suas atividades sempre estiveram ligadas à realização de exames e laudos criminológicos em sentenciados, com a finalidade de compor e instruir pedidos que são, em grande parte, de benefícios (CRUCES, 2010, p. 142).

Evidenciam-se pois que os psicólogos estão imbricados desde muito

tempo na seara do sistema penitenciário. Em seus trabalhos eles buscam atender

todos os indivíduos de forma humanizada e trabalhando interdisciplinarmente para

uma resolução mais assertiva da práxis humanista que no início de suas atividades

não eram colocadas em prática, realidade que foi implantada nas instituições de

acompanhamentos de penas alternativas na contemporaneidade. Nesse contexto:

Esse caráter humanista das penas é demonstrada pela possibilidade real de recuperação do indivíduo condenado, através de penas que integre o apenado ao meio social, e o contato direto com seus familiares, em respeito ao direitos da pessoa humana, longe do envolvimento com o crime, e do isolamento social do falido sistema carcerário Brasileiro, que evidencia o empobrecimento social (NUNES, 2009, p. 47).

Para tanto, segundo Oliveira (2009), a atuação do psicólogo em

instituições de acompanhamentos de penas alternativas em sua prática profissional

engloba uma dimensão ético-social, reunindo além de orientações normativas e

procedimentos técnicos, escolhas teóricas e políticas. E o seu trabalho se

desenvolve em um sentido amplo, que trabalha desde o comportamento social até a

subjetividade do sujeito, o que poderá beneficiar os programas de execução de

penas em regime aberto, hoje existentes nas políticas públicas na área criminal,

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propiciando questionamentos e aprimoramento de propostas e estratégias de

intervenção.

No manual de execução de penas e medidas alternativas, consta como função da equipe técnica e, em especial, dos psicólogos, a realização de grupos de recepção e entrevistas individuais com o intuito de: trabalhar ansiedades e expectativas; fornecer informações sobre o serviço de psicologia e serviço social, bem como sobre a pena a ser prestada; indicar aptidões, afinidades e/ou restrições para a execução da prestação de serviço; realizar um trabalho de motivação para o cumprimento da pena, permitindo um melhor aproveitamento da mesma pelo beneficiário (CARVALHO, 2009, p. 77).

Nas atividades diárias que são desenvolvidas nas instituições que

executam as Penas Alternativas, são diversas as ações que são postas em prática e

muitas delas são executadas em conjunto entre os profissionais que fazem parte do

quadro de funcionários da instituição. Quanto a estas ações pode-se dizer que:

As ações do programa concentram-se no atendimento psicológico, social e jurídico do beneficiário. Após ser condenado a penas alternativas o indivíduo [...] é encaminhado para uma instituição parceira onde cumprirá a sentença. O acompanhamento do condenado e a sua reintegração social e produtiva são realizados com encontros, oficinas e seminários promovidos através de parcerias firmadas com entidades da área educacional, de saúde, de direitos humanos e de intermediação de mão de obra (ANDRADE e PEIXOTO, 2007, p. 06).

No contexto institucional, verifica-se que há um trabalho coordenado que

segue um padrão diversificado, que envolvem diversas ações, que em seu cerne

está o desenvolvimento psicoeducacional dos sujeitos envolvidos. Porém,

imprevistos ocorrem em todos os contextos sociais, e pode ser que o sujeito que

está cumprindo uma pena alternativa por algum motivo, queira abandonar suas

obrigações, o que o faria perder seu benefício e poderia até que ter que pagar o seu

crime de outra forma, podendo ir parar no presídio, quanto a esses sujeitos,

Em algumas situações, a organização o desliga do trabalho ou procura a Seção Psicossocial para saber a melhor forma de proceder. A equipe, então, se mobiliza para escutar e acolher o pedido, priorizando, num primeiro momento, o exercício de um trabalho de motivação, de surgimento de demanda de tratamento por parte do sujeito atendido, bem como de sua família, para, posteriormente, encaminha-los a rede especializada existente, visando à continuidade do tratamento e ao término da pena imposta (PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO, 2009, p. 15).

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Assim, evidencia-se que, o papel do psicólogo em instituições de

acompanhamento de penas alternativas vai além de ser apenas um membro de uma

equipe multidisciplinar, até chegar a exercer um trabalho específico de sua área do

conhecimento, que tem como objetivos principais, promover o bom comportamento

social e a busca do entendimento do sujeito enquanto ser social em toda sua

subjetividade.

2.4 Vigiar e Punir Sempre?

Ao buscar na história sobre como se iniciou as formas de castigo e de

punição, encontram-se várias formas de submeter um indivíduo para pagar suas

dívidas perante a sociedade. No encontro de diversas atrocidades que são

encontradas nos livros e na história em geral, sobre prisões, manicômios ou

qualquer outra instituição que visa o encarceramento dos sujeitos por um tempo

determinado ou indeterminado, vê-se que todas as situações cruéis a que os

homens foram submetidos não surtiram o efeito que certamente era esperado, ou

seja, fazer com que os indivíduos que foram submetidos às punições mais cruéis

que um homem pode aguentar servissem de lição para que ninguém cometesse

mais crime algum. Na verdade todas as atrocidades cometidas serviram apenas, de

certa forma, para abrandar as punições e as penas que algumas pessoas são

submetidas. Com o passar do tempo,

A punição vai-se tornando, pois, a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa o campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o abominável teatro; a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens. Por essa razão, a justiça não mais assume publicamente a parte de violência que está ligada a seu exercício. O fato de ela matar ou ferir já não é mais a glorificação de sua força, mas um elemento intrínseco a ela que ela é obrigada a tolerar e muito lhe custa ter que impor (FOUCAULT, 1987, p. 13).

.

O tempo e as pessoas começam a mudarem seus pontos de vista e as

formas de punir os crimes que outrora era passível de morte, começam a ficar mais

“brandos”, ou seja, já não suplicia os corpos, não os flagelam como antes, surgem

outras formas de castigar, em vez de esquartejar, mutilar, arrancar os membros

puxados por cavalos, tocar fogo no corpo em praça pública, entre outras formas.

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As leis que obrigam, que punem, que fazem com que indivíduos

envolvidos com crimes de diversos teores sejam julgados e condenados, são as

mesmas leis que sofrem algumas alterações e passam a legislar para melhorar os

tipos de penas que poderão ser executadas. No livro vigiar e punir, FOUCAULT

(1987), de certa forma, trata sobre as mudanças ocorridas nas formas de apenar um

indivíduo considerado culpado por algum crime:

Os rituais modernos da execução capital dão testemunho desse duplo processo — supressão do espetáculo, anulação da dor. Um mesmo movimento arrastou, cada qual com seu ritmo próprio, as legislações européias: para todos uma mesma morte, sem que ela tenha que ostentar a marca específica do crime ou o estatuto social do criminoso; morte que dura apenas um instante, e nenhum furor há de multiplicá-la antecipadamente ou prolongá-la sobre o cadáver, uma execução que atinja a vida mais do que o corpo (FOUCAULT, 1987, p. 15).

Ou seja, os indivíduos a partir daí começarão a sofrer de outras maneiras,

não corpórea, os indivíduos não pagam mais com o sofrimento de seus corpos aos

crimes por eles cometidos, eles começam a perder sua total liberdade, perdem o

direito de ir e vir, perdem sua identidade; não serão açoitados em praça pública

como no passado, mas também não poderão se libertar da prisão por intermédio de

sua morte, ele ficará sendo apenas um número, um objeto, apenas um criminoso

que ficará encarcerado esperando a morte chegar, ou cumprirá medidas

socioeducativas, ou viverá em regime semiaberto, entre outras formas de cumprir

sua pena, isso se não for assassinado dentro da instituição a que ele ficar detido,

internado, recluso, preso.

Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais duras, sobre o que, então, se exerce? A resposta dos teóricos — daqueles que abriram, por volta de 1780, o período que ainda não se encerrou — é simples, quase evidente. Dir-se-ia inscrita na própria indagação. Pois não é mais o corpo, é a alma. À expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições (FOUCAULT, 1987, p. 18).

Portanto, é o que se vê nos dias atuais, como foi citado acima, não é mais

o corpo físico que é punido, apesar de ainda existir o tão conhecido: Corredor da

Morte, existente em alguns países. O sofrimento psíquico, a perda da liberdade e a

perda de sua identidade são outras formas que os indivíduos são submetidos dentro

de uma instituição. O indivíduo fica sujeito a intervenções de vários profissionais que

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exercem sobre ele o poder de dizer o que ele pode e o que não pode, na verdade

dizem mais o que ele não pode.

Quando se trata de punições, sejam elas brandas ou não, tudo passa por

um viés político, pois, as instituições ditas ressocializadoras são órgãos

governamentais, e estas, devem seguir parâmetros e seguir diretrizes que são

adotadas por esses órgãos, por isso:

Encontrar para um crime o castigo que convém é encontrar a desvantagem cuja ideia seja tal que torne definitivamente sem atração a ideia de um delito. É uma arte das energias que se combatem, arte das imagens que se associam, fabricação de ligações estáveis que desafiem o tempo. Importa constituir pares de representação de valores opostos, instaurar diferenças quantitativas entre as forças em questão, estabelecer um jogo de sinais-obstáculos que possam submeter o movimento das forças a uma relação de poder (FOUCAULT, 1987, p. 87).

Nessa relação de poder, cabem aos institucionalizados não participarem

dessa relação, a eles são colocados apenas à pessoa detentora de tal “poder” em

uma relação em que como diz um dito popular: “manda quem pode obedece quem

tem juízo”. Portanto, surge a convicção de que os sujeitos que vivem em uma

determinada instituição pagando por um delito a que eles tenham cometido, ainda

vivem sendo violentados, tanto física quanto mentalmente, apesar de haver políticas

e leis que proíba esse tipo de atitude.

Instituições que visam o enquadramento de indivíduos que tem o objetivo

de educar, ressocializar, tratar, internar, entre outros termos usados por operadores

do sistema servem, muitas vezes, apenas para favorecer um adoecimento

psicológico, pois, são comuns os seres humanos, quando obrigados a se afastarem

dos seus familiares, amigos, sua comunidade, ou seja, quando obrigado a se

separar do seu convívio social tende a adoecer, sente a falta de seus pares e acaba

adoecendo, primeiro abala seu emocional, desse abalamento, certamente, causará

reações psicossomatizadoras que o adoecerá fisicamente deixando-lhe debilitado o

que poderá ocasionar sua morte ou a antecipação da mesma.

O controle de muitas necessidades humanas pela organização burocrática de grupos completos de pessoas _ seja ou não uma necessidade ou meio eficiente de organização social nas circunstâncias - é o fato básico das instituições totais, Disso decorrem algumas consequências importantes (GOFFMAN, 1974, p. 18).

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Se em um espaço aberto, onde todos teoricamente têm o direito de ser

assistido, não se tem o atendimento adequado, imagina dentro de uma instituição

onde os assistidos são seres humanos que devem pagar por um crime cometido,

onde essas pessoas são vistas como marginais, no sentido pejorativo da palavra,

como indivíduos que, para muitos, não tem o direito de ser cuidado e sim de ser

castigado, o que esperar dessa assistência?

A barreira que as instituições totais colocam entre o internado e o mundo externo assinala a primeira mutilação do eu. Na vida civil, a sequencia de horários dos papéis do indivíduo tanto no ciclo vital quanto nas repetidas rotinas diárias, assegura que um papel que desempenhe não impeça sua realização e suas ligações em outro. Nas instituições totais, ao contrário, a participação automaticamente perturba a sequência de papéis, pois a separação entre o internado e o mundo mais amplo dura o tempo todo e pode continuar por vários anos. Por isso ocorre o despojamento do papel (GOFFMAN, 1974, p. 24).

Aos indivíduos institucionalizados não lhe são facultados o poder de

suspender a obrigatoriedade a que eles são submetidos, o que faz com que eles

percam sua identidade.

É comum ver nos noticiários diários, dirigentes do estado, alegando que

querem buscar uma solução para melhorar a situação dos sujeitos, porém, muito se

fala e pouco se faz para resolver os problemas reais das instituições que buscam a

ressocialização dos sujeitos. O que se ver na maioria dos relatos é que eles seguem

buscando alguma forma de castigar e de punir, nesse viés, utiliza-se do título desse

capítulo: Vigiar e Punir Sempre? É visto no contexto das instituições que o que se

visa na prática, é o ato de vigiar e punir, e muitas das vezes, a vigilância não traz

respaldo nenhum para a punição, porém, o que parece ocorrer é que o estado ainda

continua com a mesma posição de outrora e ainda tem em sua convicção, que se

deve vigiar e punir sempre.

Em certo estágio de sua prisão, o preso pode esperar ser colocado numa cela com aproximadamente outros oito presos. Se inicialmente estiver isolado e era interrogado, isso pode ocorrer logo depois de sua primeira "confissão" ser aceita; no entanto, muitos presos são, desde o inicio colocados em celas coletivas. A cela é usualmente nua, e mal contém o grupo que aí é colocado. Pode haver urna plataforma para dormir, mas todos os presos dormem no chão; quando todos se deitam, todas as polegadas do chão podem estar ocupadas. A atmosfera é de extrema promiscuidade. A vida "reservada" é Impossível (GOFFMAN, 1974, p.36).

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Levando em consideração todas as etapas pelas quais as formas de

punições passaram, é possível perceber que nos dias atuais as penas que estão em

vigor são brandas levando em consideração aos aspectos sofríveis que os seres

humanos foram submetidos. Hoje em dia, se tem os direitos humanos que

“protegem” os indivíduos que cometeram crimes hediondos e muitos crimes cruéis

que vai de contra a razão humana, ou seja, crimes que até animais irracionais se

soubessem o que fazem, certamente não cometeriam, então se compreende que as

leis hoje em dia estão frouxas, onde todos têm direito a isso a aquilo e esquece-se

de exercerem seus deveres enquanto cidadãos.

Ao tecer uma análise sobre as formas de punição que são impostas aos

indivíduos que cometem algum crime, e apesar do acesso as leis estarem mais

democráticas, as pessoas hoje em dia obtêm acesso as informações mais

facilmente, com o advento da internet, dentre outras ferramentas de informações, o

Estado e um grande número de pessoas, acreditam que deve-se vigiar e punir

sempre, porém, há muitas pessoas com um olhar diferente e tem a convicção de

que não se faz necessário está sempre em vigilância e punir com todo o rigor

qualquer infração que acaso o ser humano possa cometer.

3 NARRATIVA DA EXPERIÊNCIA

Neste capítulo iremos discorrer sobre minhas vivências de estágio, assim

como as inquietações e afetações imbricadas neste processo

3.1 Breve contextualização do local

O curso de Psicologia traz várias ênfases a serem escolhidas por meio de

maior identificação pelos estudantes, neste trabalho será tratado com exclusividade

o campo da Psicologia Jurídica e dentro desta perspectiva, teremos um foco nas

vivências de estágio numa instituição de acompanhamentos de penas alternativas

na cidade de Maceió, assim como uma breve contextualização sobre a instituição.

Para facilitar a leitura, ao longo deste trabalho a referida instituição será relatada

como IAP, nome fictício.

Meu interesse nesta ênfase vem desde o início da graduação, e com o

passar do tempo tudo só evidenciava mais a minha vontade de poder conhecer mais

de perto esse universo da psicologia jurídica; este campo tão amplo e tão cheio de

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riquezas. Quando então pude cursar a disciplina psicologia jurídica tive a certeza

que esta seria uma das áreas que certamente eu iria estagiar.

No oitavo período da graduação, já no final do curso, tive a oportunidade,

ainda que muito breve, de ter um contato mais minucioso com a psicologia jurídica.

Vale ressaltar que ao entrar no curso não sabia que tinha esta disciplina na grade

curricular, mas entrei com o pensamento de fazer uma especialização nesta área

após concluir a graduação, pois o meu desejo primordial ao escolher a psicologia

era de quando formada, poder exercer como “Psicóloga Jurídica”.

Não conhecia ainda as diversas áreas da psicologia, tampouco conhecia

nem metade das inúmeras possibilidades que a psicologia jurídica oferece, mas me

encantava pelo âmbito jurídico; me inquietava em poder ajudar o outro; poder

contribuir de uma forma humanizada neste ambiente tão tenso e sombrio. Na minha

visão só existia um campo de trabalho para o psicólogo jurídico, que seria no fórum,

atuando nas varas de família fazendo perícias e avaliações psicológicas; e meu

pensamento era de que eu poderia levar a humanização num trabalho que eu

achava que era super técnico, mecânico e automático.

Ao conhecer de perto o Fórum, vi que muito do que eu pensava estava

completamente errado. O trabalho não era assim tão mecânico, automático e

técnico, e, de certa forma, já havia um pouco da humanização que eu tanto pensava

no trabalho com as perícias e avaliações. O trabalho da psicóloga, que por sinal foi

uma das minhas preceptoras de estágio, era excelente e reconhecido em todo

Estado. Mas foi a partir daí que pude ver o quanto o leque da psicologia jurídica é

extenso, e confesso, fiquei ainda mais instigada por essa área.

Em minhas vivências como estagiária tive a oportunidade de passar por

dois setores e consequentemente, por diversas experiências, o que tornou meu

estágio mais prazeroso, rico e intenso. Mas como citado anteriormente, neste

trabalho me detenho a falar de apenas uma delas, que foi numa instituição de

acompanhamento de penas alternativas (IAP). Lá eles trabalham com “pequenos”

delitos como tráfico, posse e porte de armas, desacato, maus tratos, crimes de

trânsito, racismo dentre outros. A função da IAP é triar, direcionar, fiscalizar e

acompanhar os casos. O juiz encaminha os casos para que sejam designados os

locais de cumprimento de penas, e após averiguações é que cada apenado é

encaminhado para as instituições para o cumprimento das penas determinadas.

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O que mais me encantou na IAP foi a forma de como a psicóloga conduz

cada atendimento. Lá ela tenta realizar o trabalho da maneira mais humanizada

possível, afim de ao menos abrandar possíveis sofrimentos dos quais na maioria das

vezes as pessoas chegam. Ela vai buscar cada pessoa na porta da sala, faz um

bom acolhimento, estabelece um bom rapport, em seguida é feito uma entrevista

semi-estruturada e uma boa observação para poder direcionar em qual instituição o

sujeito estará mais “apto” a frequentar. As penas já vêm impostas pelo juiz. A

psicóloga só vai tentar buscar a melhor maneira para que a punição seja cumprida.

Ou seja, vai buscar direcionar a uma punição com humanização. É feito todo um

acompanhamento para saber se o beneficiário está cumprindo a pena corretamente,

se as cestas básicas são doadas corretamente, etc.

Os maiores desafios da IAP é que precisam estar mais ativos nas

instituições, mas infelizmente não conseguem dar conta, porque o efetivo de

profissionais é pouco para a grande demanda dos casos. São cerca de 114

instituições que eles têm que monitorar, acompanhar, fazer visitas frequentes.

Semestralmente é feito um relatório de todos os processos, verificando as situações

dos beneficiários, em seguida são encaminhados ao juiz.

As instituições de acompanhamentos de penas alternativas trazem

considerável contribuição à sociedade ao atuar no âmbito do poder judiciário, pois

estimulam nas pessoas a capacidade de perceber-se como sujeito social, dotado de

direitos e deveres e a partir desse entendimento, posiciona melhor suas ações para

que possam superar os malefícios sociais. Elas oferecem subsídios técnicos

relativos ao perfil sócio econômico, além de oferecer suporte para que o beneficiário

possa cumprir com responsabilidade a sua pena, sua obrigação para com a justiça

de maneira mais humana, educativa e buscando sobretudo, sensibilizar e orientar

essas pessoas em relação ao não cumprimento das penas; ao cumprimento de

maneira inadequada; às possibilidades de reincidências.

O âmbito forense por si só já remete um clima de tensões. Dessa forma, é

fundamental que o psicólogo acolha os beneficiários de forma humanizada, tornando

o ambiente um lugar tranquilo, com o clima favorável para que ele possa sentir-se

acolhido e a vontade para falar na entrevista. Após o acolhimento, é realizada uma

entrevista psicossocial, onde nela é traçado um perfil para direcionar o beneficiário a

uma instituição. As entrevistas psicossociais tem o objetivo de tentar saber um

pouco mais da história dos beneficiários, buscando subsídios para assim fazer com

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que eles cumpram as medidas punitivas de acordo com suas habilidades, ou seja, a

IAP não vai encaminhar um beneficiário com habilidades em serviços de pedreiro

para uma instituição que está precisando de alguém com habilidades em curativos,

por exemplo. Essas instituições buscam ao máximo fazer com que esses

beneficiários possam cumprir suas penas sentindo-se úteis e habilidosos, de acordo

com cada local designado para o cumprimento das penas.

A IAP não tem o objetivo de julgar ou de questionar as penas, mas de

fazer cumprir as penas determinadas pelos juízes. Atua diretamente com a 11ª Vara

de Execuções Penais. Como função de fiscalizar, a IAP encaminha à vara de origem

quando algum beneficiário não cumpre com suas obrigações, ou seja, caso algum

beneficiário apresente muitas faltas na instituição ao qual foi encaminhado, ele é

advertido e reencaminhado à instituição, se persistir seu processo é remetido à vara

de origem, e dependendo do caso ele pode ate chegar a ser preso. Essa

fiscalização é possível através do recolhimento mensal das frequências. O trabalho

é realizado de forma multiprofissional, onde compõe a equipe psicóloga, assistente

social, advogada, técnicos administrativos e estagiários de psicologia e assistência

social.

A IAP surge como uma alternativa de punição de forma humanizada. Ou

seja, as IAP’s, possibilitam aos beneficiários que cometeram crimes ou delitos de

menor potencial ofensivo uma alternativa ao encarceramento. Isso de certa forma

evita também grandes revoltas na sociedade, quando julgam de forma generalizada

as pessoas e saem abarrotando o sistema prisional. Não estamos para julgar que as

penas e medidas alternativas são justas ou não, mas o fato é que geralmente, os

beneficiários que recebem tais punições não cometeram crimes bárbaros que

causem perigo à sociedade.

Um delito de alguém que cometeu desacato à um policial é

completamente diferente de um delito de alguém que matou um policial. Da mesma

maneira, a justiça vem buscando aplicar suas penas. Não de forma generalizada,

mas de forma que cada um pague pelos delitos que cometeram.

Atualmente, manter na prisão infratores que não apresentem ameaças concretas à sociedade é extremamente inadequado, pois ao longo de suas penas correm o risco de estar transformando-se em indivíduos mais perigosos. Nesse contexto, as penas alternativas não surgem para revolucionar o sistema pena, mas demonstram uma transformação da questão penal (BISCAIA E SOUZA, 2004 s.p.).

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As penas alternativas surgem como um novo método substitutivo da

privação da liberdade da exclusão do convívio familiar e social. Para CARVALHO

(2009), há quem repudie esse método, como também, existem aquelas pessoas que

irão glorificar essa forma de punição. Difícil saber de qual lado ficar, uma vez que,

ambos os lados possuem justificativas plausíveis para cada uma delas. As penas

alternativas existem em sua essência uma bela teoria, que leva a acreditar que

aquele cidadão que foi condenado, seja por qual tenha sido o seu crime cometido,

terá uma “segunda chance” perante o meio judicial de pagar por seus erros sem ter

sua liberdade perdida. Levando também a chance de ser socialmente reeducado,

prestando serviços a instituições públicas, ou pagando, financeiramente falando,

também para esses locais, encarando como uma forma de oportunidade pessoal de

se reerguer enquanto pessoa.

A busca por uma melhor punição não visa apenas o reconhecimento da dignidade humana, visa também que o infrator não reincida em práticas penais reprovadas pela sociedade. Na penalização alternativa, tem se verificado um baixo índice de reincidência criminal, por ter como característica a não retirada de seu apenado da sociedade e tentando, de forma gradativa, que este reconheça seu erro e não volte a delinquir. (PERBONE, [200-?], p. 56)

“A aparição das IAP’s é justificado, no discurso jurídico, como uma

substituição à prisão, visando, além de uma humanização da pena, à redução do

encarceramento” (CARVALHO, 2009 P.19) . Existem vários motivos para a criação

das penas alternativas, elas por si só tentam mostrar os benefícios que trazem a

população em geral, já que a priori tem como objetivo o próprio beneficiário ter a

possibilidade de trocar trabalhos prestados e/ou cestas básicas por sua liberdade.

As pessoas que cumprem as penas alternativas não são as únicas beneficiadas,

uma vez que as instituições que recebem essas pessoas encaminhadas através da

IAP ganham serviços gratuitos realizados pelos beneficiários.

Comparada às penas tradicionais, como a reclusão, as medidas alternativas produzem inúmeros benefícios para a sociedade, gerando economia para os cofres públicos, redução do índice de reincidência e a facilitação da reinserção social, uma vez que não há quebra do vínculo familiar e empregatício do beneficiário. (ALAGOAS, 2015)

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Outro ponto bastante relevante para o campo do judiciário, é que ao invés

de estarem superlotando as prisões, estão prestando serviços de forma gratuita e ao

mesmo tempo sendo reinseridas e reeducadas socialmente, pois, o intuito desses

tipos de punições é também diminuir a população carcerária, embora ainda existam

muitos casos de aumento da população carcerária.

O que se constata é que as penas alternativas não se configuram como um real substitutivo da prisão: a implementação da aplicação deste tipo de pena não é acompanhada de uma redução da população presa; muito pelo contrário, esta população cresce vertiginosamente (CARVALHO, 2009, P.20).

O psicólogo entra com o papel de promover uma reflexão aos

beneficiários da importância social das penas/medidas alternativas, ressaltando que

os mesmos irão cumprir a pena sem o afastamento da convivência familiar, e do

convívio social, também é mostrada a importância dos mesmos beneficiários dentro

da sociedade e que através do trabalho ter-se a oportunidade de cumprirem sua

pena/medida sem serem privados de sua liberdade.

Hoje, o Tribunal de Justiça e a IAP em parceria com o Governo do Estado

de Alagoas e o Governo Federal, estão oferecendo cursos de capacitação aos

beneficiários que queiram se aperfeiçoar ou aprender alguma profissão, além de

uma ajuda de custos para o transporte. E tem projetos para que se estenda também

aos familiares dos beneficiários. Não é algo obrigatório ou imposto. Após a

entrevista psicossocial é oferecido o curso, informando seus benefícios, e o

beneficiário fica a vontade para aceitar ou não. Durante as entrevistas que pude

fazer, muitos beneficiários não aceitavam os cursos por conta de seus horários de

trabalhos. Sim, a maioria dos beneficiários trabalham, levam uma vida “normal”, daí

nota-se mais uma vantagem das penas alternativas. Mesmo as pessoas tendo que

cumprir com uma obrigação, elas podem seguir suas vidas normalmente.

3.2 DA TEORIA À PRÁTICA

Quando um processo é julgado e o réu recebe como sentença o

cumprimento de alguma pena ou medida alternativa, esta sentença é encaminhada

à IAP, em seguida é feita pela advogada do setor uma análise processual e

encaminhada para a psicóloga e/ou assistente social, e é solicitado aos assistentes

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administrativos que encaminhem a carta ao beneficiário, informando dia e hora da

convocação de comparecimento.

No dia marcado, o beneficiário comparece e então inicia o fazer do

psicólogo. Muitas vezes o beneficiário nem sabe o porque de estar ali. Isso porque

as vezes faz anos que este cometeu o delito, e como a demanda do judiciário é

grande, muitas vezes o processo fica parado durante anos. Quando sai a sentença

muitos só tomam ciência dessa forma – através da IAP.

Falando especificamente da IAP de Maceió – Alagoas, a psicóloga tem

toda uma preocupação com o bem estar dos beneficiários. Excluindo assim, toda e

qualquer forma de preconceito quanto ao delito que ele cometeu ou quanto à pena

que ele recebeu. Por estar localizada dentro do fórum, a IAP remete a um ambiente

punitivo, mais formal, mais tenso. Muitos beneficiários chegam com a tensão que o

ambiente jurídico inspira, reproduzindo isso em suas entrevistas quando respondem

da forma mais curta possível, achando que caso falem além do perguntado eles

possam se prejudicar. Já outros, mesmo estando no mesmo ambiente, tendem falar

mais, sentem-se mais a vontade, sentem uma certa liberdade para falarem sobre

suas vidas. Falam inclusive dos motivos e como praticaram os delitos. Ou seja,

muitas vezes a entrevista torna-se um momento psicoterapêutico, visto que, se o

indivíduo mostra-se com necessidade de ser ouvido, o psicólogo deve acolhe-lo e

escutá-lo. Não que vá fazer com este uma sessão de psicoterapia, até porque o

ambiente não favorece, mas que supra sua necessidade de ser ouvido. E caso seja

necessário e aceito, o psicólogo poderá fazer os devidos encaminhamentos. E

falando em encaminhamentos, sentia que há uma necessidade de que sejam feitas

algumas parcerias com clínicas-escolas, com Unidades Básicas de Saúde, afim de

que os encaminhamentos sejam mais diretivos, contribuindo para uma facilidade de

acesso por parte dos beneficiários.

Ao chegar na IAP, o beneficiário é acolhido pela psicóloga, que vai busca-

lo na porta da sala, favorecendo desde já um certo vínculo para que este sinta-se

mais a vontade. Eu achava o máximo esse cuidado dela para com os beneficiários,

esse olhar sem julgar, sem culpabilizar, sem excluir, e assim aprendi a ter esse

mesmo cuidado quando realizava os atendimentos. Em seguida, é realizada a

entrevista psicossocial, semi-estruturada, que tem o intuito de colher o máximo

possível de informações a respeito do beneficiário, conhecer um pouco a sua

história, escutar suas demandas, compreender seus delitos, acolher seus medos,

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angustias, inquietações, ansiedades, revoltas, arrependimentos (ou não), esclarecer

suas dúvidas, etc. É impressionante o quanto a forma de tratar, de olhar o outro

pode influenciar nas entrevistas. As pessoas entravam na sala aparentemente

tensas, recuadas, de poucas palavras, mas eu enquanto estagiária tinha como

premissa básica estabelecer um bom rapport, e após isso era nítido o quanto as

pessoas já mudavam e mostravam-se mais abertas e a vontade para colaborar com

a entrevista.

A entrevista permite que ao fazer os encaminhamentos, estes sejam

feitos da melhor maneira possível. Geralmente o beneficiário é encaminhado para

cumprir a pena num local mais próximo possível de sua casa ou trabalho, a fim de

não prejudica-lo no seu convívio social/familiar e/ou no trabalho, e também como

uma maneira de garantir que este irá cumprir a pena, visto que colocando em locais

mais acessíveis, o índice de abandono é menor.

O encaminhamento se dá através da análise de alguns fatores:

habilidades, local de moradia e horário de disponibilidade, condições físicas e

psicológicas, tipo de delito cometido, etc. Ao se cadastrarem como instituições

acolhedoras, algumas fazem algumas restrições para receber beneficiário, além

disso, os profissionais da IAP tem o cuidado e o bom senso. Por exemplo, não vai

encaminhar para uma escola um beneficiário de vai cumprir PSC por tráfico de

drogas (supõe-se que a escola seria um lugar propício para que ele tivesse recaída

no delito, pondo em risco a integridade de alguns estudantes).

Ao ser encaminhado para as instituições é levado em consideração as

devidas restrições, mas é indicado que não seja especificado no encaminhamento

qual delito tal beneficiário cometeu, afim de evitar possíveis recusas ou preconceitos

por parte das pessoas.

Durante o cumprimento da pena, é feito um acompanhamento para saber

como o beneficiário está na instituição. Esse acompanhamento se dá através de

recolhimento mensal das folhas de frequências das PSC’s (prestação de serviço à

comunidade) e/ou recolhimento das folhas PP’s (prestação pecuniária). Chegando

na IAP inicia-se a contagem de horas e a conferências dos valores das cestas

básicas. As penas são dadas em dias, meses ou anos, mas são revertidas em

horas, pois cada beneficiário cumpre “x” horas por dia, conforme sentença. As

contagens são feitas da seguinte maneira: quantidade de horas a cumprir menos a

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quantidade de horas cumpridas. As horas restantes são feitos os cálculo da mesma

forma com as próximas frequências, até que seja cumprida totalmente a sentença.

É elaborado um relatório semestral sobre o acompanhamento e mandado

para o juiz da vara de cada processo, lembrando que é ele que toma todas as

decisões. Após verificar que algum beneficiário cumpriu pena, é feita uma

declaração de cumprimento de pena, informando ao juiz para que seja dada baixa

no processo.

3.3 OS DELITOS, AS PENAS E OS BENEFICIÁRIOS

Dos processos que chegam à IAP os delitos são os mais variados. Vão

desde briga entre vizinhos ao tráfico de droga; do roubo de passarinho à posse ilegal

de arma de fogo; de desacato à crime de trânsito. Enfim, quando o juiz considera

que tal delito não seja de alto potencial ofensivo, quando a pena não é maior que

quatro anos, quando o beneficiário não oferece riscos à sociedade, então são

aplicadas as penas alternativas.

As penas podem ser: Comparecimento Periódico, Prestação Pecuniária,

Prestação de Serviços à Comunidade. Dependendo do delito e do entendimento do

juiz, o beneficiário pode receber os três tipos de pena, ou dois, ou somente um. Hoje

há uma maior flexibilidade do judiciário quanto ao pagamento de cestas básicas

(prestação pecuniária - PP). Antes, o beneficiário quando recebia uma pena para

pagar cesta básica, ele poderia somente entregar itens que a compõem. Hoje já foi

liberado para o que beneficiário entre em contato com a instituição ao qual foi

encaminhado, informe o valor de sua pena e se informe sobre quais produtos a

instituição precisa naquele mês com aquele valor. Isso foi um grande avanço, pois

nem sempre uma instituição tá precisando de arroz todo mês, por exemplo. As

vezes ela tá com um estoque baixo produtos de limpeza. E aquele beneficiário hoje

pode então levar o que ela realmente precisa. Lembrando que, caso a pena seja o

pagamento de 20 cestas básicas no valor de R$ 50,00 reais cada, o beneficiário

jamais poderá levar a menos do que esse valor. Quanto a isso, a IAP tem um

controle através dos cupons fiscais que o beneficiário deixa na instituição ao deixar a

cesta. Caso o mesmo esqueça ou perca o cupom, não poderá provar que entregou,

sendo necessário que ele pague novamente.

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Na Prestação De Serviços À Comunidade (PSC), o beneficiário é

encaminhado para a instituição na qual irá prestar serviços já designado a

quantidade de dias da semana e horas a serem trabalhadas. No início de cada mês

a IAP passa nas instituições para recolher as frequências e fazer as contagens de

horas. Caso constatem que algum beneficiário faltou demais, pagou horas a menos,

este é chamado para esclarecer o porque das faltas. Muitos sentem-se

desmotivados, ou não conseguem se adaptar no local ou com a função exercida,

mudança de horários, etc. este pode ser reencaminhado para a mesma instituição

ou encaminhado para outra.

Nos comparecimentos periódicos, o beneficiário terá que comparecer na

IAP na quantidade de meses designados na sua remessa. Por exemplo, foi

designado que um beneficiário irá cumprir dois anos de comparecimento bimestral.

Então este deverá ir a cada dois meses assinar o registro de comparecimento. Caso

deixe de comparecer, este também é chamado para se justificar, e seu processo

pode retornar à vara de origem, gerando um novo tipo de pena, podendo até ser

preso caso não cumpra.

Assim como os delitos e as penas, os beneficiários também são variados.

Ou seja, não há distinção de cor, classe social, escolaridade. Se cometeu algum

delito, tem que pagar pelo que cometeu.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O material que foi exposto anteriormente neste trabalho traz a tona todos os

processos e procedimentos que existem na IAP, através de observações feitas por

estagiários encaminhados por uma Instituição de Ensino Superior, para cumprimento

da prática de estágio I supervisionado. O que se pode notar que, frisando no papel

da psicologia dentro do poder judiciário, este profissional tem como objetivo

promover o acompanhamento do beneficiário no cumprimento da determinação

judicial, tendo também caráter educativo e ressocializador contribuindo para a não

reincidência criminal. Através do material teórico levantado para esse trabalho,

observa-se o intuito de se existir um centro que regule as penas alternativas, que

nada mais é que, tentar diminuir a população carcerária no decurso de pessoas que

cometeram crimes que para a justiça é tida como de leve e médio porte, não

gerando problemas a população geral. Porém, em meio algumas referências

levantadas e com base as observações feitas, é possível notar, que ainda haja algo

a fazer para melhoria da IAP, como exemplo dessa afirmação, podemos trazer à

discursão os próprios acompanhamentos aos beneficiários encaminhados às

instituições.

Acredita-se que deveriam ter mais responsabilidades com os

acompanhamentos dos beneficiários, já que dentro do setor foram notados casos

em que existiram várias faltas, e consequentemente vários reencaminhamentos para

a mesma instituição, sem que houvesse uma entrevista com esse cidadão por

exemplo, talvez a IAP necessite de mais cuidados de outras pessoas, não

necessariamente quem encontrasse em seu interior fazendo parte da equipe, mas

sim daqueles que mais tem poder e que menos observam o quanto poderia ser

valorizado o trabalho feito por todos dentro destas Instituições de

Acompanhamentos de Penas Alternativas.

Em cada atendimento que eu fazia, ia fazendo um “link” com algumas

técnicas estudadas, lições aprendidas, histórias de vida relatadas. Lembrava de

cada professor que dizia que um bom acolhimento, um bom “rappor”t e uma boa

escuta poderiam contribuir imensamente para um bom atendimento. E na prática é

realmente isso que acontece.

O outro precisa confiar em mim, pois é a vida ou partes da vida dele que ele

estará falando, confiando a mim, esperando que eu o ajude. Minhas vivências no

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local referido causaram-me um misto de sentimentos, enquanto atendia os diversos

tipos de pessoas, me vinham à mente o quanto cada caso afetava aquelas pessoas,

que muitas vezes reviviam parte de uma história que talvez não quisessem lembrar;

e daí vinha a preocupação maior que era de não poder me aprofundar nas histórias

de vidas daquelas pessoas, eu não queria simplesmente tocar nas feridas delas e

simplesmente deixá-las abertas, queria ir além, mas infelizmente isso era algo

praticamente inviável naquele contexto, naquele local... Eu sei que muitas histórias

ficaram vagando, em busca de ajuda, de soluções, de direcionamentos, só que mais

uma vez, como em muitos casos da nossa vida cotidiana, o sistema nos impede, e o

fazer da psicologia naquele local denota uma lacuna.

O trabalho do psicólogo é um grande desafio, porque a partir do momento que

a gente faz alguns conteúdos emergirem, temos que trabalhar com o emergido. O

psicólogo deve ser continente. Deve olhar para dentro de si e enxergar que cada ser

é único, não se deixar contaminar com as histórias e problemas do outro. O outro é

o outro.

Mesmo com algumas críticas citadas, considero que essa experiência foi

muito importante para a minha formação enquanto pessoa, estudante e quase

psicóloga, e mais, enfatizou ainda mais o meu interesse nesta área. O estágio é

muito enriquecedor. Permite que a gente ponha muitas coisas em prática e avalie

nossa forma de atuação. Mas não consiste somente em o aluno pôr em prática

conteúdos aprendidos, pois cada ser que chega para ser atendido é único. A técnica

que eu uso em uma pessoa pode não funcionar com outra. Temos e devemos atuar

com ética, responsabilidade e humanização, sabendo respeitar os limites e espaços

do outro, sem invadir a sua subjetividade. Sobretudo, temos que estar preparados.

Não podemos despertar conteúdos do outro, dos quais não temos propriedade para

direcionar, ajudar, solucionar.

.

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