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Fundamentos de Microeconomia
Capıtulo 9. Teoria dos jogos e estrategia competitiva
Ciclo Basico 2◦ perıodo / 2012
Graduacao em Ciencias Economicas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 1 / 103
Plano do capıtulo
1 Jogos e decisoes estrategicas
2 Estrategias dominantes
3 Equilıbrio de Nash retomado
4 Jogos repetitivos
5 Jogos sequenciais
6 Ameacas, compromissos e credibilidade
7 Desencorajamento a entrada
8 Leiloes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 2 / 103
Jogos e decisoes estrategicas
Jogo
E uma situacao em que jogadores (participantes) tomam decisoesestrategicas, ou seja, decisoes que levam em consideracao as atitudes erespostas dos outros
Exemplos:
Empresas que competem ao estabelecer precos
Grupo de consumidores competindo no oferecimento de lancespara arrematar uma obra de arte em um leilao
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 3 / 103
Jogos e decisoes estrategicas
Decisoes estrategicas resultam em payoffs para os jogadores
Payoff
Resultados que acarretam recompensas ou benefıcios
Exemplo:
Para as empresas que estabelecem precos, os payoffs sao so lucros
Para aqueles que oferecem lances em um leilao, os payoffsconsistem no excedente do consumidor, isto e, no valor que elesatribuem a obra de arte menos o valor a ser pago
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 4 / 103
Jogos e decisoes estrategicas
Estrategia
Plano de acao ou regra para participar de um jogo
Para as empresas que estabelecem precos, um exemple deestrategia seria: “Manter o preco alto enquanto os concorrentesfizerem o mesmo, mas, caso um deles reduza o preco, baixar onosso ainda mais”
Para um apostador em um leilao: “Oferecer uma lance inicial de$2.000,00 para convencer os outros de que existe a seria intencaode vencer, mas desistir caso os lances ultrapassem $5.000,00”
Estrategia otima
Uma estrategia otima para um jogador e aquela que maximiza o payoffesperado tomando como dado as estrategias dos outros
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 5 / 103
Jogos e decisoes estrategicas
Vamos nos concentrar nos jogos que envolvem jogadores racionais
E racional um jogador que raciocina levando em consideracao asconsequencias de suas acoes
Problema do jogador racional
Se cremos que nossos concorrentes sao racionais e atuam visando amaximizacao de seus payoffs, de que modo devemos levar ocomportamento deles em consideracao ao tomar nossas propriasdecisoes?
Levar em consideracao o comportamento dos competidores nao etao simples quanto parece
Determinar a estrategia otima pode ser difıcil mesmo em condicoesde perfeita simetria e de perfeita informacao
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 6 / 103
Jogos nao cooperativos versus jogos cooperativos
Jogo cooperativo
Aquele no qual os participantes podem negociar contratos vinculativosde cumprimento obrigatorio que lhes permitam planejar estrategias emconjunto
Jogo nao cooperativo
Jogo no qual a negociacao e o cumprimento de contratos vinculativosnao sao possıveis
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 7 / 103
Exemplos de jogo cooperativo
Negociacao entre um comprador e um vendedor em torno do precode um tapete
I O tapete custo $100 para ser produzidoI O comprador atribui o valor de $200 ao tapeteI Uma solucao cooperativa para o jogo e um acordo de venda por
qualquer preco entre $101 e $199I Qualquer acordo maximizara a soma do excedente do consumidor
com o lucro do vendedor
Duas empresas negociando um investimento em conjunto paradesenvolver uma nova tecnologia
I Suponha que nenhuma das duas tenha know-how suficiente paraobter sucesso sozinha
I Se as empresas podem assinar um contrato entre si, dividindo oslucros decorrentes do investimento conjunto
I Torna-se possıvel um resultado cooperativo que beneficiara ambasas partes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 8 / 103
Exemplos de jogo nao cooperativo
Duas empresas concorrendo para determinar independentementeuma estrategia de preco
I Cada uma leva em consideracao os provaveis comportamentos umada outra
I Ambas sabem que, estabelecendo precos menores que a outra,podemo obter fatia maior do mercado
I Mas tambem sabem que, ao faze-lo, correm o risco de iniciar umaguerra de precos
LeilaoI Cada licitante deve levar em consideracao o comportamento dos
outros ao determinar uma estrategia otima para oferecer lances
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 9 / 103
Teoria dos jogos
A diferenca fundamental entre os jogos cooperativos e os naocooperativos esta na possibilidade de negociar e implementar contratos
Nos jogos cooperativos, os contratos vinculativos sao possıveis
Nos jogos nao cooperativos, nao
Iremos considerar principalmente os jogos nao cooperativos
Importante
E essencial compreender o ponto de vista do oponente e (supondo queo oponente seja racional) procurar deduzir de que forma ele(a)provavelmente reagira a suas acoes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 10 / 103
Como comprar uma nota de um dolar (M. Shubik)
Uma nota de um dolar e leiloada, mas de forma pouco usual
O responsavel pelo lance mais alto recebera o dolar em troca dovalor do lance
Entretanto, o responsavel pelo segundo lance mais alto tambemdevera pagar o valor de seu lance – e nada recebera em troca
Se voce estivesse participando desse jogo, qual seria seu lance?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 11 / 103
A aquisicao de uma empresa
Voce representa a Empresa A, a qual esta considerando apossibilidade de adquirir a Empresa T
Voce planeja pagar em dinheiro por todas as acoes da Empresa T,mas nao tem certeza do preco que devera oferecer
O valor da Empresa T depende do resultado obtido por umimportante projeto de exploracao de petroleo
Caso seja bem-sucedido, a Empresa T sob a atual administracaopodera valer ate $100/acao
O projeto pode tambem fracassar e o valor da empresa seria de$0/acao
Todos os valores de acao entre $0 e $100 sao consideradosigualmente provaveis
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 12 / 103
A aquisicao de uma empresa
A Empresa T teria um valor 50% mais alto sob a administracao daEmpresa A
Se seu projeto nao tiver exito, a Empresa T valera $0/acao sobqualquer uma das duas administracoes
Se seu projeto tiver um resultado tal que o valor da empresa sob aadministracao da Empresa T seja P/acao entao a mesma empresateria valor 1, 5P/acao sob a administracao da Empresa A
Essa oferta deve ser feita agora – antes que seja conhecido oresultado do projeto de exploracao
Voce (Empresa A) nao conhecera os resultados do projeto deexploracao quando estiver fazendo a proposta
Mas a Empresa T ja conhecera os resultados quando estiverdecidindo se aceita ou nao a proposta
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 13 / 103
A aquisicao de uma empresa
A Empresa T tambem aceitara qualquer oferta feita pela EmpresaA que seja maior do que o valor (por acao) da empresa sob a atualadministracao
Voce esta considerando a possibilidade de fazer propostas na faixade $0/acao (isto e, nao fazer proposta alguma) a $150/acao
Qual preco por acao voce deveria oferecer pelas acoes da EmpresaT? (Vamos supor que somos neutros ao risco)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 14 / 103
Estrategias dominantes
Estrategia dominante
Estrategia que e otima (melhor escolha entre as possıveis estrategias),nao importando o que o oponente faca
Suponhamos que as Empresas A e B vendam produtosconcorrentes e estejam decidindo se empreenderao ou naocampanhas de propaganda
Cada empresa, contudo, sera afetada pela decisao do concorrente
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 15 / 103
Estrategias dominantes
Supondo que ambas as empresas sejam racionais, sabemos que oresultado do jogo sera
Ambas as empresas investirao em propaganda
Esse resultado e facil de ser determinado, porque as duas possuemestrategias dominantes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 16 / 103
Equilıbrio de estrategias dominantes
Equilıbrio de estrategias dominantes
Resultado de um jogo em que cada jogador faz o melhor que podeindependentemente das escolhas feitas pelos concorrentes
Infelizmente, nem todos os jogos apresentam estrategias dominantespara cada um dos jogadores
O que a Empresa A deve fazer?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 17 / 103
Equilıbrio de Nash retomado
Para determinar o provavel resultado de um jogo, procuraremosestrategias “autoimplementaveis” ou “estaveis”
As estrategias dominantes sao estaveis, mas em muitos jogos umou mais jogadores nao possuem uma estrategia dominante
Equilıbrio em estrategias dominantes
Conjunto de estrategias (ou acoes) no qual cada jogador faz o melhorque pode independente das acoes dos oponentes
Precisamos de um conceito mais geral de equilıbrio
Equilıbrio de Nash
Conjunto de estrategias (ou acoes) no qual cada jogador faz o melhorque pode em funcao das acoes dos oponentes
Uma vez que cada jogador nao possui estımulos para se desviar deseu equilıbrio de Nash, as estrategias sao estaveis
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 18 / 103
Equilıbrio de Nash retomado
No jogo acima, o equilıbrio de Nash consiste em ambas asempresas investirem em propaganda
E um equilıbrio de Nash porque em funcao da decisao doconcorrente, cada empresa estara satisfeita por ter tomado amelhor decisao possıvel e nao tem estımulo para altera-la
Neste jogo existe um unico equilıbrio de Nash mas em outros jogospode nao existir nenhum equilıbrio de Nash, ou existirem varios
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 19 / 103
O problema da escolha de produto
Duas empresas produtoras de cereais matinais defrontam-se comum mercado no qual duas novas variedades de cereais poderao serlancadas com sucesso, desde que cada variedade seja promovidaapenas por uma empresa
Ha mercado para um novo cereal “crocante” e para um novo cereal“acucarado”
Cada uma das empresas dispoe de recursos para lancar apenas umproduto novo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 20 / 103
O problema da escolha de produto
Existem dois equilıbrio de Nash: as empresas desenvolvem cereaisdiferentes
Nao temos meios de saber qual equilıbrio provavelmente resultaraou se algum deles ocorrera
Mesmo se as empresas nao podem entrar em acordo, a Empresa 1poderia, por intermedio de notıcias, revelar que esta prestes alancar o novo cereal acucarado
Nesse caso, a Empresa 2, apos ter sido informada disso, poderiaanunciar planos de lancar o cereal crocante
Dessa forma, um dos dois equilıbrios de Nash estaria sendoselecionado
De forma geral, a medida que um setor se desenvolve, geralmentese desenvolvem formas de “sinalizacao” entre as empresas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 21 / 103
O jogo de localizacao na praia
Voce (V) e um concorrente (C) planejam vender refrigerantes napraiaSe os banhistas estao igualmente espalhados ao longo da praia eandarao ate o vendedor que estiver mais perto, voces dois selocalizarao no centro da praia
Esse e o unico equilıbrio de Nash. Se o concorrente se posicionasse noponto A, voce desejaria se mover para um ponto bem a esquerda dele,onde poderia capturar 3/4 das vendas. Mas o concorrente se moveria devolta para o centro e voce faria o mesmo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 22 / 103
Estrategias maximin
O conceito de equilıbrio de Nash apoia-se muito na racionalidadeindividual
Cada estrategia escolhida pelo jogador dependera nao so dapropria racionalidade como tambem da racionalidade do oponente
Isso pode se tornar uma limitacao
Considere o seguinte jogo:
Duas empresas competem pelas vendas de software de criptografiade arquivos
Hoje a Empresa 1 possui uma fatia maior de mercado
As duas consideram agora a possibilidade de investir em um novopadrao de criptografia
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 23 / 103
Estrategias maximin
“Investir” e uma estrategia dominante para a Empresa 2
Portanto, a Empresa 1 deve esperar que a Empresa 2 invista
Nesse caso, a Empresa 1 fara melhor negocio se investir
As estrategias “investir-investir” formam um equilıbrio de Nash
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 24 / 103
Estrategias maximin
Porem, os administradores da Empresa 1 devem ter certeza que osadministradores da Empresa 2 tenham compreendido o jogo esejam racionais
Caso a Empresa 2 cometesse um “erro” e deixasse de investir, issoseria extremamente prejudicial para a Empresa 1
Se a Empresa 1 esta preocupada com o fato do que osadministradores da Empresa 2 possam nao estar completamenteinformados ou nao sejam racionais
Nesse caso, eles poderiam agir cautelosamente e optar por “naoinvestir”
Tal estrategia e dominada estrategia maximin
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 25 / 103
Estrategias maximin
Estrategia maximin
Estrategia que maximiza o ganho mınimo que pode ser obtido
Seja πi(si, sj) o payoff do jogador i quando ele escolha aestrategia si no conjunto de estrategias Si e o outro jogador jescolha a estrategia sj ∈ SjA estrategia si e maximin se
minsj∈Sj
π(si, sj) > minsj∈Sj
π(si, sj)∀si ∈ Si
Remarque
Toda estrategia dominante e maximin
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 26 / 103
Estrategias maximin
A estrategia maximin da Empresa 1 e “nao investir”
A estrategia maximin da Empresa 2 e “investir”
Uma estrategia maximin e sempre conservadora, porem nao e(sempre) maximizadora de lucros
Observe que, se a Empresa 1 tivesse certeza de que a Empresa 2estava utilizando uma estrategia maximin, ela preferiria investirem vez de dar continuidade a estrategia maximin de nao investir
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 27 / 103
Maximizacao do payoff esperado
Se a Empresa 1 nao tem certeza do que a Empresa 2 fara, mas ecapaz de determinar probabilidades para as possıveis acoes dela,pode utilizar uma estrategia que maximize o payoff esperado
Por exemplo, suponhamos que a Empresa 1 imagine que ha 10%de chance de a Empresa 2 nao investir
Nesse caso, o payoff da Empresa 1 no investimento sera
(0, 1)× (−100) + (0, 9)× (20) = 8
O payoff esperado, caso nao invista, sera
(0, 1)× (0) + (0, 9)× (−10) = −9
Nesse caso, a Empresa 1 deve investir
Por outro lado, se a Empresa 1 imagine que a probabilidade de aEmpresa 2 nao investir seja de 30%, entao ela escolhera naoinvestir
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 28 / 103
O dilema dos prisioneiros
As estrategias “confessa/confessa” formam um equilıbrio de Nash
Observa que a estrategia “confessa” e dominante e entao maximin
Portanto, o mais racional e que cada prisioneiro confesse
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 29 / 103
Estrategias mistas
Ate agora analisamos estrategias puras nas quais os jogadoresfazem uma escolha especıfica ou decidem agir de determinadaforma
I fazer ou nao propagandaI determinar um preco de $4 ou de $6
Ha jogos nos quais nao existe equilıbrio de Nash em estrategiaspuras mas para os quais existe um equilıbrio com estrategias maiselaboradas
Estrategias mistas
Estrategias nas quais os jogadores fazem escolhas aleatorias entre duasou mais acoes possıveis, com base em um conjunto de probabilidadesescolhidas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 30 / 103
O jogo das moedas
Nesse jogo, cada um dos participantes escolhe se mostrara cara oucoroa e ambos exibem as moedas simultaneamente
Se as moedas estiverem com lados iguais (isto e, ambos osjogadores mostrarem cara ou ambos os jogadores mostraremcoroa), o Jogador A ganhara e recebera um dolar do Jogador B
Se as moedas estiverem com lados diferentes, o Jogador B receberaum dolar do Jogador A
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 31 / 103
O jogo das moedas
Para o jogo das moedas nao existe equilıbrio de Nash emestrategias puras
Existe um equilıbrio de Nash em estrategias mistas
Suponha que o Jogador A opta por lancar a moeda ao ar, e assimjoga “cara” com probibilidade 1/2 e “coroa” com probabilidade1/2
Se o Jogador B fizer o mesmo, a estrategia mista do Jogador A e amelhor resposta a estrategia mista do Jogador B
Observe que, embora o resultado do jogo seja aleatorio, o payoffesperado de cada estrategia e zero
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 32 / 103
Sobre estrategias mistas
Suponha que o Jogador A optasse por uma estrategia diferente desimplesmente lancar a moeda no ar
Suponha por exemplo que decidisse mostrar “cara”
Se o Jogador B soubesse disso, ele poderia mostrar “coroa”
Mesmo se o Jogador B nao conhecesse a estrategia do Jogador A,se o jogo fosse feito repetidas vezes, ele poderia eventualmentedescobri-la, escolhendo, entao, uma estrategia capaz de secontrapor a do Jogador A
Nesse caso, o Jogador A certamente alteraria sua estrategia
Apenas quando voce e seu oponente escolhessem “cara” ou“coroa” de forma aleatoria, com probabilidade 1/2, e que nenhumdos dois teria estımulo algum para alterar as estrategias adotadas
Escolhendo diferentes probabilidades (como 3/4 e 1/4) nao geraum equilıbrio de Nash
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 33 / 103
Estrategias mistas e crencas
Uma outra interpretacao das estrategias mistas e relacionada a crencas
O Jogador B tenta entender qual sera a escolha do Jogador A
Se nao existe nenhum candidato “obvio” para a estrategia do Jogador A,o Jogador B pode construir crencas sobre o que faria o Jogador A
Por exemplo, ele pode achar que o Jogador A ira escolher “cara” comprobabilidade 1/2 e “coroa” com probabilidade 1/2
Nesse caso, a estrategia mista do Jogador A nao e uma escolha aleatoriado mesmo, mas representa a crenca do Jogador B sobre as possıveis (ourazoaveis) estrategias do Jogador A
Da mesma forma, uma estrategia mista do Jogador B pode serinterpretada como um crenca do Jogador A sobre as possıveis escolhasdo Jogador B
Um equilıbrio de Nash em estrategias mistas e entao um conjunto decrencas compatıveis com a racionalidade de cada Jogador
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 34 / 103
A guerra dos sexos
Jim e Joan apreciariam estar juntos sabado a noite, mas possuemgostos diferentes para entretenimentos
Jim gostaria de ir a opera, mas Joan prefere assistir a uma lutalivre na lama
Existem tres equilıbrios de Nash, dois em estrategias puras e umem estrategias mistas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 35 / 103
A guerra dos sexos
As estrategias “assistir a uma luta livre” para ambos e umequilıbrio de Nash (em estrategias puras)
As estrategias “assistir a um opera” tambem e um equilıbrio deNash
As estrategias mistas seguintesI Jogador A (Joan) escolha luta livre com probabilidade 2/3 e opera
com probabilidade 1/3I Jogador B (Jim) escolha opera com probabilidade 2/3 e luta livre
com probabilidade 1/3
formam um equilıbrio de Nash em estrategias mistas
Qual sera o resultado do jogo? E difıcil prever: jogando oequilıbrio em estrategias mistas, cada jogador fica com payoffesperado de 2/3, menor do que qualquer payoff dos equilıbrios comestrategias puras. Porem, no equilıbrio em estrategias mistas,nenhum jogador esta favorecido
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 36 / 103
Jogos repetitivos
Nos mercados oligopolistas, as empresas frequentemente seencontram no dilema dos prisioneiros quando devem decidir sobrenıveis de producao ou precos
Na maioria dos casos, as determinacoes de quantidade e preco serepetem continuamente
Na vida real, as empresas praticam jogos repetitivos
Jogos repetitivos
Jogos nos quais as acoes sao tomadas e os decorrentes payoffs saorecebidos varias vezes, de modo consecutivo
Em jogos repetitivos, as estrategias podem se tornar maiscomplexas
A cada repeticao do dilema, cada organizacao podera desenvolveruma reputacao a respeito do seu proprio comportamento e estudaro comportamento dos concorrentes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 37 / 103
Jogos repetitivos
Vamos supor que o jogo abaixo e repetido muitas e muitas vezes:cada empresa anuncia simultaneamente os respectivos precos noprimeiro dia de cada mes
Como definir uma estrategia para o Jogador A?
E um plano de acao que estabelece o que deve fazer (preco baixoou alto) a Empresa A cada vez que tomar uma decisao
A escolha de acao num certo estagio do jogo pode depender dahistoria das jogadas anteriores que forem observadas
O payoff acumulado associado a um par de estrategia e a somadescontada dos payoffs de cada jogo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 38 / 103
Jogos repetitivos
Estrategia tit-for-tat
Estrategia de repeticao na qual o jogador comeca cooperando e depoisresponde de forma igual as jogadas do oponente, cooperando com osoponentes que cooperam e retaliando os que nao o fazem
Se cada jogador optar pela estrategia ti-for-tat (olho por olho,dente por dente), o resultado do jogo e a cooperacao em cadaestagio
Observa que existem varios caminhos fora de equilıbrio associadosa uma estrategia
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 39 / 103
Jogo repetido infinitas vezes
Suponhamos que o jogo seja repetido infinitas vezes
Em outras palavras, meu concorrente e eu repetiremos adeterminacao de precos mes apos mes, para sempre
Nesse caso, cada jogador escolher a estrategia “tit-for-tar” formaum equilıbrio de Nash e implementa cooperacao
A razao e que o ganho esperado decorrente da cooperacaoultrapassa em muito o ganho que poderia ser obtido por meio deuma guerra de precos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 40 / 103
Numero finito de repeticoes
Agora suponhamos que o jogo seja repetido um numero finito devezes, digamos por N meses
Se meu concorrente (Empresa 2) for racional e acreditar que eusou racional, ele raciocinara da seguinte maneira:
I Pelo fato de a Empresa 1 estar praticando a estrategia “tit-for-tat”,eu (Empresa 2) nao deveria vender por menos, pelo menos ate oultimo mes
I Devo vender por menos no ultimo mes, porque entao poderei obteraltos lucros nesse perıodo; nesse momento, o jogo ja tera terminadoe a Empresa 1 nao podera fazer retaliacoes
I Portanto, cobrarei o preco alto ate a chegada do ultimo mes e entaopassarei a vender por menos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 41 / 103
Numero finito de repeticoes
Entretanto, considerando que tambem ja terei (Empresa 1)pensado a mesma coisa, tambem reduzirei o preco no ultimo mes
Certamente, a Empresa 2 pode ja estar imaginando isso e,portanto, sabe que cobrarei menos no ultimo mes
Pelo fato de o mesmo tipo de raciocınio ser aplicavel a cada mesprecedente, a unica forma racional de agir seria que ambospraticassemos um preco baixo em todos os meses
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 42 / 103
A estrategia “tit-for-tat” na pratica
Considerando que a maioria das pessoas nao espera viver parasempre, a estrategia tit-for-tat parece entao ser de pouco valor
Na pratica, entretanto, tal estrategia pode finalmente funcionar ea compreensao pode acabar prevalecendo
Existem duas razoes principaisI A maioria dos administradores nao sabe por quanto tempo estara
concorrendo com seus rivais, e isso tambem serve para tornar ocomportamento cooperativo uma boa estrategia
I O meu concorrente pode ter duvidas com relacao ao grau da minharacionalidade, e achar (mesmo com probabilidade pequena) que euposso estar jogando uma estrategia “tit-for-tat”
Portanto, nos jogos repetitivos, o dilema dos prisioneiros poderater um resultado cooperativo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 43 / 103
Cooperacao oligopolista na industria de medidores deagua
Quase todos os medidores de agua vendidos nos Estados Unidossao produzidos por quatro empresas norte-americanas: RockwellInternational, Badger Meter, Neptune Water Meter Company eHersey Products
A Rockwell tem uma fatia de 35% do mercado, e as outras tres,uma participacao conjunta entre 50% e 55%
A maioria dos compradores de medidores de agua e constituıdapor empresas municipais fornecedoras de agua, que instalam osequipamentos para medir o consumo de agua e cobrardevidamente dos consumidores
As empresas municipais preocupam-se principalmente com aprecisao e a confiabilidade do produto
O preco dos medidores nao e um assunto fundamental e suademanda e muito inelastica
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 44 / 103
Cooperacao oligopolista na industria de medidores deagua
Como novas empresas teriam dificuldade em tomar os clientes dasja estabelecidas no mercado, e criada uma barreira a entrada
A existencia de substanciais economias de escala torna-se umasegunda barreira a entrada de novas empresas
As empresas encontram-se, entao, em um dilema dos prisioneiros
Sera que a cooperacao podera prevalecer?
Ela tem prevalecido
Raramente ocorre uma tentativa de vender por menos, e cada umadelas parece estar satisfeita com a respectiva fatia de mercado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 45 / 103
Concorrencia e acordo no setor aeroviario
Em marco de 1983, a American Airlines propos que todas asempresas aereas adotassem uma tabela uniforme de tarifas tendo amilhagem como base
A taxa por milha dependeria da distancia percorrida na viagem: amais baixa seria de $0,15 (por milha) para voos com percursosacima de 2.500 milhas; haveria taxas maiores para os trajetos maiscurtos; e a taxa mais alta seria de $0,53 (por milha) para viagenscom percursos inferiores a 250 milhas
Por que sera que a American Airlines propos essa estrutura detarifas e o que a tornava tao atraente as demais empresas aereas?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 46 / 103
Concorrencia e acordo no setor aeroviario
O intuito era reduzir a concorrencia de precos e alcancar umarranjo de precos entre as empresas
Acertar precos e ilegal
Em vez disso, as empresas implicitamente acertariam os precos pormeio de um acordo em torno da utilizacao da mesma formula paradeterminar as tarifas
O plano nao obteve sucesso, vıtima do dilema dos prisioneiros
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 47 / 103
Concorrencia e acordo no setor aeroviario
A Pan Am baixou os precos, por estar insatisfeita com a pequenaparticipacao no mercado norte-americano
As empresas American, United e TWA rapidamente baixaramtambem os precos para equipara-los aos da Pan Am, temendo umadiminuicao de suas respectivas fatias de mercado
A guerra de precos teve continuidade e, felizmente para osconsumidores, o plano acabou rapido
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 48 / 103
Jogos sequenciais
Nos jogos que vimos ate aqui, os participantes faziam movimentosao mesmo tempo
Jogos sequenciais
Aqueles em que os jogadores se movem um apos o outro em resposta aacoes e reacoes do oponente
O modelo de Stackelberg de determinacao de nıvel de producao eum exemplo
E mais facil analisar jogos sequencias: a solucao e ponderar sobreas possıveis acoes e reacoes racionais de cada jogador
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 49 / 103
Jogos sequenciais: exemplo
Os dois novos cereais serao lucrativos somente se cada um eintroduzido por apenas uma empresa
O novo cereal acucarado sera um produto mais vendido do que onovo cereal croquante
Suponha que a Empresa 1 possa iniciar mais rapidamente aproducao e lancar primeiro seu cereal
Ao analisar o jogo, a Empresa 1 sabe que a Empresa 2 ira reagirintroduzindo a outra variedade
Consequentemente, a escolha da Empresa 1 e lancar o cerealacucarado
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 50 / 103
Outra forma de representar um jogo
Forma extensiva de um jogo
Representacao de possıveis movimentos de um jogo no formato de umaarvore de decisoes
Para descobrir a solucao do jogo com base na forma extensiva,devemos trabalhar a partir do final: inducao retro-ativa
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Vantagem em ser primeiro
No jogo anterior de escolha do produto, ha uma clara vantagemem ser o primeiro a tomar a decisao
Ao introduzir o cereal acucarado, a Empresa 1 cria um fatoconsumado que deixa a Empresa 2 com praticamente nenhumaescolha
Essa vantagem se assemelha aquela do modelo de Stackelberg dedeterminacao de nıvel de producao
Duas empresas duopolistas se defrontam com a curva de demandade mercado P = 30−Q onde Q = Q1 +Q2 e a producao total
As duas empresas possuam custo marginal igual a zero
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 52 / 103
Vantagem em ser primeiro
Vimos que o equilıbrio de Cournot (equilıbrio de Nash quando asdecisoes sao simultaneas) e Q1 = Q2 = 10, de tal modo que opreco de mercado e P = 10 e cada empresa lucra 100
Se as duas empresas fizessem um acordo para dividir igualmente oslucros, elas produziriam Q1 = Q2 = 7, 5, de tal modo que o precode mercado seria P = 15 e cada empresa lucraria 112,5
No modelo de Stackelberg, no qual a Empresa 1 faz o primeiromovimento, as quantidades de equilıbrio sao Q1 = 15 e Q2 = 7, 5,de tal maneira que P = 7, 50 e os lucros das empresas serao 112,50e 56,25
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Vantagem em ser primeiro
Esses resultados encontram-se resumidos na matriz de payoffabaixo
Ao efetuar o primeiro movimento, a Empresa 1 realizara ummelhor negocio– e a Empresa 2 fara um negocio muito pior
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Ameacas, compromissos e credibilidade
Voltamos a questao da escolha entre produzir o novo cerealacucarado ou crocante
Supomos que ambas necessitem de tempos iguais para engrenar asrespectivas producoes
Nesse caso cada uma das empresas tera estımulo para assumir ocompromisso consigo propria de lancar o cereal acucaradaindependente do que fara a outra empresa
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 55 / 103
Ameacas, compromissos e credibilidade
A palavra chave e compromisso
Se a Empresa 1 simplesmente anunciar que produzira o cerealacucarado, a Empresa 2 tera pouco motivo para acreditar em talaviso
A Empresa 1 poderia simplesmente ameacar a Empresa 2,prometendo que produzira o cereal acucarado mesmo que aEmpresa 2 decida fazer o mesmo
A Empresa 2 tem poucos motivos para crer nessa ameaca, e elapropria poderia fazer a mesma ameaca
Uma ameaca e util quando se pode acreditar nela
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Ameacas, compromissos e credibilidade
A Empresa 1 poderia lancar uma dispendiosa campanhapublicitaria, promovendo o novo cereal acucarado bem antes doseu lancamento
Como ela estara colocando em jogo sua reputacao, e bem provavelque a Empresa 1 decide produzir o cereal acucarada mesmo se aEmpresa 2 fara o mesmo
A Empresa 1 poderia tambem comprar uma grande quantidade deacucar, tornando publico tal compra
A ideia e que a Empresa 1 assuma um compromisso consigopropria de produzir o cereal acucarado
Esse compromisso e um movimento estrategico que induzira aEmpresa 2 a tomar a decisao que a Empresa 1 quer que ela tome,isto e, produzir o cereal crocante
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Ameacas vazias
Suponhamos que a Empresa 1 esteja produzindo computadorespessoais que possam ser utilizados tanto para processamento detextos como para outras tarefas
A Empresa 2 produz apenas computadores dedicados aoprocessamento de textos
As duas empresas podem cobrar um preco alto e ter lucroselevados
Mesmo que a Empresa 2 cobre um preco mais baixo enquanto aEmpresa 1 cobre um preco alto, muitas pessoas ainda adquiriraoos computadores da Empresa 1
Entretanto, se a Empresa 1 passar a cobrar um preco baixo, oslucros de ambas serao reduzidos significativamente
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 58 / 103
Ameacas vazias
A Empresa 1 prefere a situacao onde as duas cobrem o preco alto
Porem, para a Empresa 2, cobrar um preco baixo e uma estrategiadominante
A Empresa 1 poderia ameacar a Empresa 2 de cobrar um precobaixo caso ela optasse por cobrar um preco baixo
Essa ameaca nao e crıvel porque, mesmo quando a Empresa 2cobra um preco baixo, a Empresa 1 tem muito a perder cobrandoum preco baixo
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Compromisso e credibilidade
A empresa Race Car Motors fabrica automoveis e a empresa FarOut Engines Fabrica motores especiais de automoveis
A Far Out Engines vende a maior parte dos motores para a RaceCar Motors, e alguns deles para um limitado mercado
Portanto, ela depende muito da Race Car Motors e toma, por isso,as decisoes de producao em funcao dos planos de producao dessaempresa
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Compromisso e credibilidade
Temos um jogo sequencial no qual a Race Cars e a “lider”
O equilıbrio sequencial e quando a Race Cars decide produzirautomoveis pequenos, levando a Far Out a produzir motorespequenos
A Far Out preferiria convencer a Race Cars a produzir automoveisgrandes
Ela poderia tentar ameacar motores grandes mesmo se a RaceCars produzisse automoveis pequenos
Essa ameaca nao e crıvel porque a melhor opcao da Far Out eproduzir motores pequenos quando a Race Cars produzautomoveis pequenos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 61 / 103
Compromisso e credibilidade
A Far Out poderia tornar sua ameaca digna de credito, reduzindovisıvel e irreversivelmente alguns dos proprios payoffs na matriz e,assim, limitando suas escolhas
A Far Out deveria reduzir os lucros com os motores pequenos
Ela poderia fazer isso encerrando uma parte de sua capacidadeprodutiva para motores pequenos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 62 / 103
Compromisso e credibilidade
Agora, a Race Car sabe que, independentemente do tipo deautomovel que venha a fabricar, a Far Out fabricara motoresgrandes
Assim, a fabricacao de automoveis grandes torna-se nitidamentedo interesse da Race Car
Dessa forma, fazendo um movimento estrategico, queaparentemente a coloca em posicao desvantajosa, a Far Outconsegue melhorar o resultado do jogo
Compromissos estrategicos dessa natureza sao arriscadosI Se a Far Out nao antecipou que existe uma outra empresa que
consegue fabricar motores pequenosI O compromisso de encerrar a capacidade produtiva de motores
pequenos pode levar a Far Out a falencia
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 63 / 103
O papel da reputacao
O desenvolvimento do tipo certo de reputacao podera tambemproporcionar uma vantagem estrategica
Suponhamos que os administradores da Far Out tenham adquiridoa reputacao de ser irracionais – talvez ate malucos
Eles entao ameacam produzir motores grandes,independentemente do que possa fazer a Race Car
Agora a ameaca pode ser digna de credito sem nenhuma outraacao; afinal, nao se pode ter certeza de que um administradorirracional esteja sempre disposto a tomar decisoes que maximizemos lucros
Nas situacoes de jogo, a parte que e vista como (ou que se supoeque seja) meio maluca pode possuir uma vantagem significativa
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 64 / 103
Estrategia de negociacao
O que dissemos sobre compromisso e credibilidade tambem seaplica aos problemas de negociacao
O resultado podera depender da habilidade de cada lado em fazerum movimento estrategico que seja capaz de alterar sua posicaorelativa a negociacao
Consideremos duas empresas que estejam planejando lancar umdentre dois produtos que, por acaso, sejam bens complementaresentre si
A Empresa 1 possui uma vantagem de custo na producao de A,enquanto a Empresa 2 possui uma vantagem de custo na producaode B
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 65 / 103
Estrategia de negociacao
As estrategias “Empresa 1 produz A” e “Empresa 2 produz B”formam um equilıbrio de Nash
Porem, a Empresa 1 preferiria a situacao onde ela produz B e aEmpresa 2 produz A
Suponhamos, entretanto, que as Empresas 1 e 2 estejam tambemnegociando em relacao a um segundo assunto
Aderirem ou nao a um consorcio de pesquisa que uma terceiraempresa esta procurando formar
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 66 / 103
Estrategia de negociacao
Para ambas as empresas, a participacao nesse consorcio enitidamente uma estrategia dominante
A Empresa 1 poderia fazer uma interligacao dos dois problemas denegociacao
Ela poderia anunciar que participara do consorcio somente se aEmpresa 2 concordar em produzir o produto A. Essa ameaca ecrıvel?
Agora a Empresa 2 tem todo interesse em produzir o produto Aem troca de uma participacao da Empresa 1 no consorcio
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 67 / 103
Estrategia de investimento preemptivo da Wal-Mart
A Wal-Mart e uma muitıssimo bem-sucedida cadeia de lojas devarejo e descontos fundada por Sam Walton em 1969
Como sera que a Wal-Mart se saiu bem no que outras empresasfalharam?
A resposta encontra-se na estrategia de expansao da rede
A sabedoria convencional informava que uma loja de descontospoderia obter sucesso apenas se estivesse localizada em cidadescom populacao igual ou maior do que cem mil habitantes
Sam Walton discordou e decidiu abrir lojas de descontos empequenas cidades do sudoeste dos Estados Unidos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 68 / 103
Estrategia de investimento preemptivo da Wal-Mart
Ele abriu 30 lojas em 1970 em pequenas cidades de Arkansas,Missouri e Oklahoma
As lojas tiveram sucesso porque a Wal-Mart conseguiu criar 30“monopolios locais”
As lojas de descontos que tinham sido abertas nas cidades maiorescompetiam com outras lojas de descontos
Outras lojas de descontos perceberam que a Wal-Mart possuıauma estrategia lucrativa e, portanto, a questao passou a ser quemconseguiria chegar primeiro a cada cidade
A Wal-Mart entao se encontrava em meio a uma rodada de jogopreemptivo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 69 / 103
Jogo preemptivo das lojas de desconto
Esse jogo tem dois equilıbrios de Nash
O resultado dependera de quem faz o primeiro movimento
A solucao e atuar preemptivamente, isto e, abrir rapidamente lojasem outras pequenas cidades antes que outra empresa possa faze-lo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 70 / 103
Estrategia de investimento preemptivo da Wal-Mart
Isso e exatamente o que a Wal-Mart fez
Em 1986, a rede ja possuıa 1.009 lojas e obtinha lucros anuais de$450 milhoes
Em 1993, tinha mais de 1.800 lojas e lucro de $1,5 bilhao
Em 1999, tinha 2.454 lojas nos Estados Unidos e outras 729 noresto do mundo, com faturamento annual de $138 bilhoes
Em 2007, a loja tinha 3.800 lojas nos Estados Unidos e outras2.800 espalhadas no mundo
Hoje e o maior empregador privado do mundo, com cerca de 1,6milhoes de funcionarios
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 71 / 103
Desencorajamento a entrada
As barreiras a entrada constituem uma importante fonte de poderde monopolio e de lucros
Elas podem surgir naturalmente: economias de escala, patentes,licencas
Entretanto, as proprias empresas podem, as vezes, desencorajar aentrada de potenciais concorrentes
Para desencorajar a entrada de um concorrente, a empresaestabelecida deve ser capaz de convencer qualquer potencialconcorrente de que sua entrada nao sera lucrativa
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 72 / 103
Um exemplo
Considere um monopolista, Empresa M, estabelecido que sedefronta com a provavel entrada de uma Empresa X
Para entrar no setor, a Empresa X precisa investir $80 milhoes(irreversıveis) na construcao de uma fabrica
Se a Empresa X permanecer fora, a Empresa M podera continuara cobrar um preco alto e a desfrutar dos benefıcios do monopolioobtendo lucros de $200 milhoes
Se a Empresa X entrar no mercado, a Empresa M tem duas opoes
Ela pode atuar de forma “acomodada”, mantendo um preco alto eesperando que a Empresa X faca o mesmo
I Dessa forma, obtera lucros de apenas $100 milhoes, porque tera dedividir o mercado
I A Empresa X obtera lucros de $20 milhoes (100− 80)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 73 / 103
Um exemplo
Ela pode atuar de forma “agressiva”, aumentando a capacidadeprodutiva, produzindo mais e baixando os precos
I Precos mais baixos aumenta a fatia de mercado e aumenta a receitade $20 milhoes
I Entretanto, o aumento da capacidade produtiva custara $50milhoes, reduzindo os lucros para $70 milhoes
I A guerra dos precos vai reduzir a receita da Empresa X de $30milhoes levando a uma perda lıquida de $10 milhoes
Por fim, se a Empresa X ficar de fora, a Empresa M poderiaexpandir a capacidade e baixar os precos
I O lucro lıquido cairia em $70 milhoes ($50 milhoes na capacidadeprodutiva e $20 milhoes nos precos menores)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 74 / 103
Desencorajamento a entrada
A Empresa M pode tentar ameacar entrar em “guerra” caso aEmpresa X optasse por entrar
Essa ameaca nao merece credito
Uma vez que a entrada ja tenha ocorrido, a Empresa M estarapropensa a uma acomodacao, mantendo o preco alto
A Empresa X sabe disso e seu movimento racional sera entrar
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 75 / 103
Desencorajamento a entrada
Mas e se Empresa M puder assumir um compromisso irrevogavelque modificara os incentivos caso a entrada ocorra?
Um compromisso que nao lhe dara outra escolha a nao ser cobraro preco baixo apos a entrada?
Suponhamos que a Empresa M decide investir $50 milhoes agora, enao mais tarde, em capacidade produtiva (esse custo adicionalreduz os lucros)
Agora a Empresa X entende que se optasse por entrar, aEmpresa M optaria por entrar em guerra
Dessa forma, a ameaca passa a ser completamente digna de credito
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 76 / 103
Polıtica de comercio estrategico e concorrenciainternacional
Considere o mercado de aeronaves comerciais
O desenvolvimento e a producao de uma nova linha de aeronavesestao sujeitos a substanciais economias de escala
Nao valeria a pena construir um novo aviao a menos que seestivesse esperando vender muitos deles
Suponhamos que seja economico apenas uma empresa produzir anova aeronave
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 77 / 103
O mercado de aeronaves comerciais
Se a Boeing iniciar antes o processo de desenvolvimento, a Airbusoptara por nao o fazer
Certamente, os governos europeus prefeririam que a Airbusproduzisse a nova aeronave
Sera que eles poderiam alterar o resultado desse jogo?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 78 / 103
O mercado de aeronaves comerciais
Suponhamos que assumam o compromisso de subsidiar a Airbusantes que a Boeing se comprometa a produzir a nova aeronave
Se os governos europeus se comprometerem a destinar um subsıdiode 20 para a Airbus caso ela venha a produzir a aeronave,independentemente do que a Boeing faca, a matriz de payoff seramodificada
A Boeing esta ciente que se mesmo se decidisse entrar, a Airbusira produzir a nova aeronave
Agora a Boeing entende que o melhor e nao produzir
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 79 / 103
O mercado de aeronaves comerciais
Os governos europeus assumiram de fato o compromisso desubsidiar a Airbus, durante a decada de 1980
A empresa teve sucesso no lancamento de diversas aeronaves
Entretanto, a Boeing tambem lancou novas aeronaves, todaslucrativas
Isso porque o trafego aereo comercial cresceu, tornando viavel aproducao de novas aeronaves pelas duas empresas
Os subsıdios dos governos europeus a Airbus foram de $25,9bilhoes
A Airbus nao poderia ter entrado no mercado sem esses subsıdios
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 80 / 103
A DuPont desencoraja a entrada na industria dedioxido de titanio
No inıcio da decada de 1970, a DuPont e a National Leadpossuıam, cada uma, cerca de um terco das vendas de dioxido detitanio nos Estados Unidos, e outras sete empresas produziam orestante
Em 1972, A DuPont considera a possibilidade de expandir suacapacidade
O setor estava sofrendo modificacoes e, por meio de uma estrategiacorreta, tais modificacoes poderiam possibilitar a DuPont obteruma fatia adicional do mercado e passar a dominar esse setorindustrial
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 81 / 103
A DuPont desencoraja a entrada na industria dedioxido de titanio
Tres fatores tinham de ser levados em conta:1 Esperava-se que a demanda futura apresentasse um substancial
crescimento.2 Novas regulamentacoes ambientais seriam implementadas.3 Os precos das materias-primas utilizadas na producao do dioxido de
titanio estavam aumentando
As novas regulamentacoes e os precos mais elevados teriam umsignificativo impacto sobre os custos de producao e possibilitariamque a DuPont passasse a ter uma vantagem de custo
I tanto pelo fato de a tecnologia de producao ser menos sensıvel asvariacoes nos precos das materias-primas
I como pelo fato de as fabricas estarem instaladas em locais quetornavam o despejo dos efluentes corrosivos muito menosproblematico do que para as concorrentes
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 82 / 103
A DuPont desencoraja a entrada na industria dedioxido de titanio
Devido as alteracoes nos custos, a DuPont previu que alguns dosoutros produtores teriam de encerrar as atividades
As empresas concorrentes teriam de “reentrar” no mercado pormeio da construcao de novas fabricas
Sera que a DuPont conseguiria desencoraja-las?
A DuPont considerou a possibilidade de empregar a seguinteestrategia:
I investir aproximadamente $400 milhoes em aumento de capacidadeprodutiva para tentar obter 64% do mercado ate 1985
A ideia era desencorajar os investimentos das concorrentes
As economias de escala e o movimento ao longo da curva deaprendizagem possibilitariam que a DuPont tivesse uma vantagemde custos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 83 / 103
A DuPont desencoraja a entrada na industria dedioxido de titanio
Entretanto, em 1975, as coisas comecaram a ficar difıceis
Como a demanda aumentou muito menos do que o esperado; haviaexcesso de capacidade por todo o setor
Devido ao fato de as regulamentacoes ambientais terem sidoimpostas suavemente, as concorrentes da DuPont nao precisaramfechar suas instalacoes produtivas, conforme se esperava
Por fim, a estrategia da empresa resultou em um processo movidopelo Federal Trade Commission, em 1978, contra a DuPont combase na legislacao antitruste
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 84 / 103
Batalhas de fraldas descartaveis
O setor de fraldas descartaveis nos Estados Unidos e dominado porduas empresas: a Procter & Gamble, com aproximadamente 50%de participacao no mercado, e a Kimberly-Clark, com 30 a 40%
De que forma essas duas empresas concorrem?
Por que outras empresas nao tem conseguido entrar e obter umafatia significativa desse mercado de $4 bilhoes por ano?
Embora haja apenas duas grandes empresas no mercado, aconcorrencia tem sido intensa
Essa concorrencia e feita principalmente em termos de inovacoesredutoras de custos
Consequentemente, ambas as empresas se veem forcadas adespender muito com pesquisa e desenvolvimento (P&D) em umacompeticao para reduzir custos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 85 / 103
Batalhas de fraldas descartaveis
As duas empresas estao em um dilema dos prisioneiros
O investimento em P&D e uma estrategia dominante para ambas
Por que a estrategia “tit-for-tat” nao poderia funcionar ja quetemos um jogo repetitivo?
A razao e que e difıcil detectar quando a concorrente esta“furando” o acordo implıcito
Quando o “furo” e detectado (somente quando a concorrente estalancando um novo produto) ja e tarde demais para lancar umprograma de P&D que pode demorar anos
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 86 / 103
Leiloes
Mercados de leiloes
Mercados em que os produtos sao comprados e vendidos por meio deprocessos formais de lances
Existem leiloes para muitos bens:I obre de arte, direitos de extracao de petroleo, venda de tıtulos do
Tesouro, partes de espectro eletromagnetico (celular), direitos detelevisivos (Champions League, JO), equipamento militar, atumfresco no mercado de Toquio
Leiloes consomem menos tempo que a negociacao individual
E incentivam a competicao entre os compradores, aumentando areceita de quem vende
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 87 / 103
Tipos de leilao
O formato de um leilao, que envolve a escolha das regras sob asquais ele opera, afeta consideravelmente o resultado
O vendedor deseja um tipo de leilao que maximize a receita(esperada) da venda do produto
Leilao ingles (ou oral)
Leilao em que o vendedor solicita ativamente lances mais altos deum grupo de potenciais compradores
O leilao termina quando ninguem oferece um valor maior
O item e vendido ao participante que o ofereceu o lance mais alto
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 88 / 103
Tipos de leilao
Leilao holandes
Leilao em que um vendedor inicia oferecendo o item a um precorelativamente alto que depois e reduzido em quantias fixas ate queocorra a venda
O primeiro participante que aceitar o preco oferecido podecomprar o item por essa quantia
Leilao de lances fechados
Leilao em que todos os lances sao feitos simultaneamente em envelopeslacrados e o vencedor e aquele que oferece maior valor
Leilao de primeiro preco: o preco de venda e igual ao lance maisalto
Leilao de segundo preco: o preco de venda e igual ao segundo lancemais alto
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 89 / 103
Avaliacao e informacao
Leilao de valor privado
Leilao em que cada potencial comprador sabe qual e sua avaliacaoindividual do objeto leiloado mas nao conhece as avaliacoes dos outroscompradores que podem ser diferentes
obra de arte, camisa de um jogador de futebol
Leilao de valor comum
Leilao em que o item a ser leiloado tem o mesmo valor para todos ospotenciais compradores, mas estes nao sabem exatamente ascaracterısticas do objeto, e, por isso, formam estimativas que podemvariar
reserva de petroleo, ativo real (imovel)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 90 / 103
Estrategias
Qualquer que seja o tipo do leilao, cada comprador deve construir umaestrategia
Em um leilao ingles, a estrategia e a escolha do valor em que sedeixara de oferecer lances
Em um leilao holandes, a estrategia e o preco que os indivıduosesperam utilizar para fazer o unico lance
Em um leilao de lances fechados, a estrategia e a escolha do lancea ser colocado no envelope
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 91 / 103
Leiloes de valor comum
Suponhamos que voce e outras quatro pessoas estejamparticipando de um leilao oral para comprar um pote de moedascom 620 moedas (de R$0,01)
O pote ira para o vencedor a um preco igual ao lance mais alto
Os diferentes arrematadores tem as seguintes estimativas: 540,590, 615, 650 e 690
Suponha que o arrematador mais otimista tenha vencido o leilaocom o lance de $6,80
Ele foi vıtima da maldicao do vencedor
Maldicao do vencedor
Situacao em que o vencedor de um leilao de valor comum obtem payoffnegativo por haver superestimado o valor do item e oferecido um lancemaior
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 92 / 103
Leiloes pela internet
Como o eBay conseguiu dominar o mercado de leiloes pelaInternet?
Por que outros sites de leilao (como o do Yahoo ou o da Amazon)nao conseguiram avancar sobre a fatia de mercado do eBay?
A resposta e que os leiloes por Internet estao sujeitos aexternalidades de difusao muito fortes
Se voce quisesse leiloar algumas moedas raras ou cartoes doPokemon, qual site de leilao voce escolheria?
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 93 / 103
Leiloes pela internet
Aquele que tivesse o maior numero de compradores potenciais
Da mesma maneira, se voce estivesse atras de moedas raras oucartoes do Pokemon, voce escolheria o site com o maior numero devendedores
Como foi o primeiro grande site de leilao na Internet, o eBay jacomecou com a maior fatia de mercado, e ela cresceu gracas aexternalidade de difusao
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 94 / 103
Resumo 1.
Um jogo e cooperativo quando os participantes podem secomunicar uns com outros e fazer acordos que tenham de sercumpridos
Caso contrario, o jogo seria nao cooperativo
Entretanto, ao participar de qualquer um dos dois tipos de jogos, oaspecto mais importante da estrategia elaborada e compreender aposicao do oponente (caso ela seja racional), assim como procurardeduzir corretamente a provavel resposta dele as suas acoes
A falta de compreensao da posicao do oponente e um erro comum
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 95 / 103
Resumo 2.
O equilıbrio de Nash e uma combinacao de estrategias em quecada um dos jogadores faz o melhor que pode em funcao dasestrategias dos demais jogadores
O equilıbrio em estrategias dominantes e um caso especial deequilıbrio de Nash; uma estrategia dominante e otimaindependentemente do que possam fazer os demais jogadores
O equilıbrio de Nash baseia-se na racionalidade de cada jogador
A estrategia maximin e mais conservadora, pois maximiza oresultado mınimo possıvel
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 96 / 103
Resumo 3.
Alguns jogos nao apresentam equilıbrios de Nash com estrategiaspuras, mas possuem um ou mais equilıbrios quando sao utilizadasestrategias mistas
A estrategia mista e aquela em que cada jogador faz uma opcaoaleatoria entre duas ou mais acoes possıveis, com base em umconjunto de probabilidades escolhidas
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 97 / 103
Resumo 4.
Estrategias que nao sao otimas para jogos de apenas um lancepodem ser satisfatorias para jogos repetitivos
Dependendo do numero de repeticoes, a estrategia “tif-for-tat”, naqual um jogador age cooperativamente enquanto seu concorrentetambem estiver agindo cooperativamente, podera ser otima paracasos em que haja repeticao do dilema dos prisioneiros
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 98 / 103
Resumo 5.
Em um jogo sequencial, os participantes se movimentam um decada vez; em alguns casos, o jogador que faz o primeiro movimentopossui uma vantagem
Os participantes podem entao estar predispostos a fazerdeterminadas jogadas antes que seus concorrentes facam o mesmo
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 99 / 103
Resumo 6.
Uma ameaca vazia e assim denominada porque aquele que a faztem pouco interesse em executa-la
Se os concorrentes forem racionais, ameacas vazias nao tem valoralgum
Para tornar uma ameaca merecedora de credito, e necessario, emalgumas ocasioes, fazer um movimento estrategico para limitar oproprio comportamento futuro, oferecendo, entao, um incentivopara levar a ameaca adiante
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 100 / 103
Resumo 7.
Situacoes de negociacao sao exemplos de jogos cooperativos
Como ocorre com os jogos nao cooperativos, durante asnegociacoes uma das partes pode obter uma vantagem estrategicaao limitar sua propria flexibilidade
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 101 / 103
Resumo 8.
Para desencorajar a entrada, uma empresa estabelecia deve sercapaz de convencer qualquer empresa concorrente em potencial deque sua entrada nao seria lucrativa
Isso pode ser feito por meio de investimentos, os quais, nesse caso,visam a dar credibilidade a ameaca de que uma entrada serarecebida com uma guerra de precos
As polıticas de comercio estrategico exercidas pelos governospodem algumas vezes ajudar a tingir esse objetivo (isto e, darcredibilidade as ameacas)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 102 / 103
Resumo 9.
Ha varios tipos de leilao, incluindo o ingles (leilao oral de lancescrescentes), o holandes (oral com lances decrescentes) e o de lancesfechado
A probabilidade de o vendedor aumentar sua receita e de ocomprador adquirir um objeto por um preco razoavel depende dotipo de leilao e de os itens leiloados terem o mesmo valor paratodos os potenciais compradores (como no leilao de valor comum)ou valores diferentes para compradores diferentes (leilao de valorprivado)
Victor Filipe (EPGE/FGV) Fundamentos de Microeconomia 2◦ semestre, 2012 103 / 103