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GABARITO - LISTA STEFÂNIA 3ª SÉRIE E CURSO 1. (Enem 2017) No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela igreja. MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto. 2011 (adaptado). Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a) a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado. b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército. c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior. d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial. e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material. Resposta: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Às vésperas do Golpe de 1964, a Igreja Católica, preocupada com o apoio popular às tendências comunistas, buscou apoiar mudanças materiais no campo para impedir o aumento de ideais revolucionários comunistas no país. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] O Comunismo de inspiração soviética era ateu e, por isso, era bastante criticado e combatido pela Igreja Católica. Por considerar que a população pobre é mais sensível a esse tipo de teoria política, o texto aponta que a Igreja, naquele momento histórica, foi favorável ao golpe militar. 2. (Enem 2017) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII em 1789, precisamente que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o iluminismo. FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado). Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a a) modernização da educação escolar. b) atualização da disciplina moral cristã. c) divulgação de costumes aristocráticos. d) socialização do conhecimento científico. e) universalização do princípio da igualdade civil. Resposta: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] O pensamento citado no comando da questão pertence ao Iluminismo, filosofia na qual racionalismo, liberalismo, naturalismo e igualdade civil eram exaltados e defendidos, em oposição clara ao Antigo Regime. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] Podemos dividir os direitos de cidadania em três tipos: civis, políticos e sociais. No contexto europeu, podemos dizer que os primeiros a serem universalizados foram os civis, e isso se iniciou justamente no período histórico que o texto da questão analisa. Assim, os legisladores da época se preocupavam com a questão da propriedade, da liberdade e da igualdade, mas ainda não com o sufrágio universal (direitos políticos) nem com a universalização do ensino (direitos sociais). 3. (Enem PPL 2016) A eugenia, tal como originalmente concebida, era a aplicação de “boas práticas de melhoramento” ao aprimoramento da espécie humana. Francis Galton foi o primeiro a sugerir com destaque o valor da reprodução humana controlada, considerando-a produtora do aperfeiçoamento da espécie. ROSE, M. O espectro de Darwin. Rio de Janeiro: Ziai 2000 (adaptado). Um resultado da aplicação dessa teoria, disseminada a partir da segunda metade do século XIX, foi o(a) a) aprovação de medidas de inclusão social. b) adoção de crianças com diferentes características físicas. c) estabelecimento de legislação que combatia as divisões sociais. d) prisão e esterilização de pessoas com características consideradas inferiores. e) desenvolvimento de próteses que possibilitavam a reabilitação de pessoas deficientes. Resposta: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] A ideia de eugenia foi utilizada em diversos momentos como justificativa para a adoção de práticas violentas contra determinadas populações. Como exemplo, podemos citar as práticas nazistas na Alemanha, que tinham como intenção produzir uma raça superior e exterminar as inferiores. [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Baseada no princípio de aprimoramento racial, a eugenia serviu como base ou pretexto para diversos regimes que pautavam suas políticas na ideologia da supremacia racial. Sendo assim, o extermínio de grupos considerados inferiores por esses regimes foi uma das consequências da eugenia. 4. (Enem (Libras) 2017) Todos os anos, multidões de portugueses e de estrangeiros saem nas frotas para ir às minas. Das cidades, vilas, plantações e do interior do Brasil vêm brancos, mestiços e negros juntamente com muitos ameríndios contratados pelos paulistas. A

GABARITO - LISTA STEFÂNIA 3ª SÉRIE E CURSO · A qual aspecto da vida no Brasil colonial ... Cerca do ano 111 d.C. ... Este data mais ou menos do século XVI e difundiu-se a partir

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GABARITO - LISTA STEFÂNIA – 3ª SÉRIE E CURSO

1. (Enem 2017) No período anterior ao golpe militar de 1964, os documentos episcopais indicavam para os bispos que o desenvolvimento econômico, e claramente o desenvolvimento capitalista, orientando-se no sentido da justa distribuição da riqueza, resolveria o problema da miséria rural e, consequentemente, suprimiria a possibilidade do proselitismo e da expansão comunista entre os camponeses. Foi nesse sentido que o golpe de Estado, de 31 de março de 1964, foi acolhido pela igreja. MARTINS, J. S. A política do Brasil: lúmpen e místico. São Paulo: Contexto. 2011 (adaptado). Em que pesem as divergências no interior do clero após a instalação da ditadura civil-militar, o posicionamento mencionado no texto fundamentou-se no entendimento da hierarquia católica de que o(a) a) luta de classes é estimulada pelo livre mercado. b) poder oligárquico é limitado pela ação do Exército. c) doutrina cristã é beneficiada pelo atraso do interior. d) espaço político é dominado pelo interesse empresarial. e) manipulação ideológica é favorecida pela privação material. Resposta: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Às vésperas do Golpe de 1964, a Igreja Católica, preocupada com o apoio popular às tendências comunistas, buscou apoiar mudanças materiais no campo para impedir o aumento de ideais revolucionários comunistas no país. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] O Comunismo de inspiração soviética era ateu e, por isso, era bastante criticado e combatido pela Igreja Católica. Por considerar que a população pobre é mais sensível a esse tipo de teoria política, o texto aponta que a Igreja, naquele momento histórica, foi favorável ao golpe militar. 2. (Enem 2017) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi no século XVIII — em 1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e das mentalidades: o iluminismo. FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado). Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção de pensamento que tem como uma de suas bases a a) modernização da educação escolar. b) atualização da disciplina moral cristã. c) divulgação de costumes aristocráticos. d) socialização do conhecimento científico. e) universalização do princípio da igualdade civil.

Resposta: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] O pensamento citado no comando da questão pertence ao Iluminismo, filosofia na qual racionalismo, liberalismo, naturalismo e igualdade civil eram exaltados e defendidos, em oposição clara ao Antigo Regime. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] Podemos dividir os direitos de cidadania em três tipos: civis, políticos e sociais. No contexto europeu, podemos dizer que os primeiros a serem universalizados foram os civis, e isso se iniciou justamente no período histórico que o texto da questão analisa. Assim, os legisladores da época se preocupavam com a questão da propriedade, da liberdade e da igualdade, mas ainda não com o sufrágio universal (direitos políticos) nem com a universalização do ensino (direitos sociais). 3. (Enem PPL 2016) A eugenia, tal como originalmente concebida, era a aplicação de “boas práticas de melhoramento” ao aprimoramento da espécie humana. Francis Galton foi o primeiro a sugerir com destaque o valor da reprodução humana controlada, considerando-a produtora do aperfeiçoamento da espécie. ROSE, M. O espectro de Darwin. Rio de Janeiro: Ziai 2000 (adaptado). Um resultado da aplicação dessa teoria, disseminada a partir da segunda metade do século XIX, foi o(a) a) aprovação de medidas de inclusão social. b) adoção de crianças com diferentes características físicas. c) estabelecimento de legislação que combatia as divisões sociais. d) prisão e esterilização de pessoas com características consideradas

inferiores. e) desenvolvimento de próteses que possibilitavam a reabilitação de

pessoas deficientes. Resposta: [D] [Resposta do ponto de vista da disciplina de Sociologia] A ideia de eugenia foi utilizada em diversos momentos como justificativa para a adoção de práticas violentas contra determinadas populações. Como exemplo, podemos citar as práticas nazistas na Alemanha, que tinham como intenção produzir uma raça superior e exterminar as inferiores. [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] Baseada no princípio de aprimoramento racial, a eugenia serviu como base ou pretexto para diversos regimes que pautavam suas políticas na ideologia da supremacia racial. Sendo assim, o extermínio de grupos considerados inferiores por esses regimes foi uma das consequências da eugenia. 4. (Enem (Libras) 2017) Todos os anos, multidões de portugueses e de estrangeiros saem nas frotas para ir às minas. Das cidades, vilas, plantações e do interior do Brasil vêm brancos, mestiços e negros juntamente com muitos ameríndios contratados pelos paulistas. A

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mistura é de pessoas de todos os tipos e condições; homens e mulheres; moços e velhos; pobres e ricos; fidalgos e povo; leigos, clérigos e religiosos de diferentes ordens, muitos dos quais não têm casa nem convento no Brasil. BOXER, C. O império marítimo português: 1435-1825. São Paulo: Cia. das Letras, 2002. A qual aspecto da vida no Brasil colonial o autor se refere? a) À imposição de um credo exclusivo. b) À alteração dos fluxos populacionais. c) À fragilização do poder da Metrópole. d) Ao desregramento da ordem social. e) Ao antilusitanismo das camadas populares. Resposta: [B] O texto apresenta uma das características do Ciclo do Ouro no Brasil Colonial: o fluxo migratório para a região das minas e o consequente aumento populacional na região sudeste da Colônia. 5. (Enem 2017) Estão aí, como se sabe, dois candidatos à presidência, os senhores Eduardo Gomes e Eurico Dutra, e um terceiro, o senhor Getúlio Vargas, que deve ser candidato de algum grupo político oculto, mas é também o candidato popular. Porque há dois “queremos”: o “queremos” dos que querem ver se continuam nas posições e o “queremos” popular... Afinal, o que é que o senhor Getúlio Vargas é? É fascista? É comunista? É ateu? É cristão? Quer sair? Quer ficar? O povo, entretanto, parece que gosta dele por isso mesmo, porque ele é “à moda da casa”. A Democracia. 16 set. 1945. apud GOMES. A.C.; D’ARAÚJO, M. C. Getulismo e trabalhismo. São Paulo: Ática. 1989. O movimento político mencionado no texto caracterizou-se por a) reclamar a participação das agremiações partidárias. b) apoiar a permanência da ditadura estadonovista. c) demandar a confirmação dos direitos trabalhistas. d) reivindicar a transição constitucional sob influência do governante. e) resgatar a representatividade dos sindicatos sob controle social. Resposta: [D] O movimento citado no texto é o queremismo. Tal movimento, articulado por Vargas junto às massas populares, visava defender a permanência de Vargas no poder ou a transição de governo através da batuta varguista. 6. (Enem (Libras) 2017) TEXTO I Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram denunciados como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez

a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram, mandei executá-los, pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma. Correspondência de Plínio, governador de Bitínia, província romana situada na Ásia Menor, ao imperador Trajano. Cerca do ano 111 d.C. Disponível em: www.veritatis.com.br. Acesso em: 17 jun. 2015 (adaptado). TEXTO II É nossa vontade que todos os povos regidos pela nossa administração pratiquem a religião que o apóstolo Pedro transmitiu aos romanos. Ordenamos que todas aquelas pessoas que seguem esta norma tomem o nome de cristãos católicos. Porém, o resto, os quais consideramos dementes e insensatos, assumirão a infâmia da heresia, os lugares de suas reuniões não receberão o nome de igrejas e serão castigados em primeiro lugar pela divina vingança e, depois, também pela nossa própria iniciativa. Édito de Tessalônica, ano 380 d.C. In: PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: textos e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000. Nos textos, a postura do Império Romano diante do cristianismo é retratada em dois momentos distintos. Em que pesem as diferentes épocas, é destacada a permanência da seguinte prática: a) Ausência de liberdade religiosa. b) Sacralização dos locais de culto. c) Reconhecimento do direito divino. d) Formação de tribunais eclesiásticos. e) Subordinação do poder governamental. Resposta: [A] No primeiro texto, cristãos são perseguidos no Império Romano. No segundo texto, não cristãos são os condenados. Ou seja, o que permanece nas duas fases históricas romanas é a ausência de liberdade religiosa. Em ambas as épocas, os romanos eram obrigados a seguir a religião imposta pelo Estado. 7. (Enem PPL 2017) O garfo muito grande, com dois dentes, que era usado para servir as carnes aos convidados, é antigo, mas não o garfo individual. Este data mais ou menos do século XVI e difundiu-se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de 1750. BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano. São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado). No processo de transição para a modernidade, o uso do objeto descrito relaciona-se à a) construção de hábitos sociais. b) introdução de medidas sanitárias. c) ampliação das refeições familiares. d) valorização da cultura renascentista.

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e) incorporação do comportamento laico. Resposta: [A] A época retratada no texto é a de transição da Era Medieval para a Era Moderna. Nessa fase, a partir do Renascimento e do Absolutismo, uma série de costumes e práticas foram renascidas ou recriadas, criando novos hábitos sociais, em especial junto à nobreza e à burguesia. 8. (Enem PPL 2016) TEXTO 1 Embora eles, artistas modernos, se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho que a arte anormal. De há muitos já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios. Essas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti. Sejam sinceros: futurismo, cubisrno, impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos da arte caricatural. LOBATO, M. Paranoia ou mistificação: a propósito da exposição de Anita Malfatti. O Estado de São Paulo, 20 dez.1917 (adaptado). TEXTO II Anita Malfatti, possuidora de uma afta consciência do que faz, a vibrante artista não temeu levantar com os seus cinquenta trabalhos as mais irritadas opiniões e as mais contrariantes hostilidades. As suas telas chocam o preconceito fotográfico que geralmente se leva no espírito para as nossas exposições de pintura. Na arte, a realidade na ilusão é o que todos procuram. E os naturalistas mais perfeitos são os que melhor conseguem iludir. ANDRADE. O. A exposição Anita Malfatti. Jornal do Commercio, 11 jan. 1918 (adaptado). TEXTO III

A análise dos documentos apresentados demonstra que o cenário artístico brasileiro no primeiro quartel do século XX era caracterizado pelo(a) a) domínio do academicismo, que dificulta a recepção da vertente

realista na obra de Anita Malfatti. b) dissonância entre as vertentes artísticas, que divergiam sobre a

validade do modelo estético europeu. c) exaltação da beleza e da rigidez da forma, que justificavam a

adaptação da estética europeia à realidade brasileira. d) impacto de novas linguagens estéticas, que alteravam o conceito

de arte e abasteciam a busca por uma produção artística nacional. e) influência dos movimentos artísticos europeus de vanguarda, que

levava os modernistas a copiarem suas técnicas e temáticas. Resposta: [D] O período retratado no texto coincide com o movimento da Semana de Arte Moderna (1922) que trouxe consigo o conceito de antropofagia artística e cultural. Tal conceito defendia a formação de uma arte brasileira a partir de conceitos internacionais, sempre buscando valorizar as características nacionais. 9. (Enem 2016) O coronelismo era fruto de alteração na relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. Nessa concepção, o coronelismo é, então, um sistema político nacional, com base em barganhas entre o governo e os coronéis. O coronel tem o controle dos cargos públicos, desde o delegado de polícia ate a professora primária. O coronel hipoteca seu apoio ao governo, sobretudo na forma de voto. CARVALHO, J. M. Pontos e bordados: escritos de história política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998 (adaptado). No contexto da Primeira República no Brasil, as relações políticas descritas baseavam-se na a) coação das milícias locais. b) estagnação da dinâmica urbana. c) valorização do proselitismo partidário. d) disseminação de práticas clientelistas. e) centralização de decisões administrativas. Resposta: [D] O Coronelismo – base das políticas da República Oligárquica – desenvolvia-se a partir de uma rede de clientelismo, na qual presidente, governadores e coronéis trocavam favores para alcançar seus objetivos políticos. 10. (Enem PPL 2016) No aniversário do primeiro decênio da Marcha sobre Roma, em outubro de 1932, Mussolini irá inaugurar sua Via dell Impero; a nova Vida Sacra do Fascismo, ornada com estátuas de César, Augusto, Trajano, servirá ao culto do antigo e à glória do Império Romano e de espaço comemorativo do ufanismo italiano. Às

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sombras do passado recriado ergue-se a nova Roma, que pode vangloriar-se e celebrar seus imperadores e homens fortes; seus grandes poetas e apólogos como Horácio e Virgílio. SILVA, G. História antiga e usos do passado: um estudo de apropriações da Antiguidade sob o regime de Vichy. São Paulo: Annablume, 2007 (adaptado). A retomada da Antiguidade clássica pela perspectiva do patrimônio cultural foi realizada com o objetivo de a) afirmar o ideário cristão para reconquistar a grandeza perdida. b) utilizar os vestígios restaurados para justificar o regime político. c) difundir os saberes ancestrais para moralizar os costumes sociais. d) refazer o urbanismo clássico para favorecer a participação política. e) recompor a organização republicana para fortalecer a

administração estatal. Resposta: [B] O regime fascista de Mussolini tinha como característica o nacionalismo exaltado. Logo, o uso de figuras históricas importantes do passado romano ajudava a fortalecer a imagem da Itália fascista. 11. (Enem 2ª aplicação 2016) Quando surgiram as primeiras notícias sobre a presença de seres estranhos, chegados em barcos grandes como montanhas, que montavam numa espécie de veados enormes, tinham cães grandes e ferozes e possuíam instrumentos lançadores de fogo, Montezuma e seus conselheiros ficaram pensando: de um lado, talvez Quetzalcóatl houvesse regressado, mas, de outro, não tinham essa confirmação. PINSKY, J. et. al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). A dúvida apresentada inseria-se no contexto da chegada dos primeiros europeus à América, e sua origem estava relacionada ao a) domínio da religião e do mito. b) exercício do poder e da política. c) controle da guerra e da conquista. d) nascimento da filosofia e da razão. e) desenvolvimento da ciência e da técnica. Resposta: [A] A dúvida citada no texto mostra a importância que o fator religioso tinha para a civilização asteca. A crença no mito da volta de Quetzalcoátl fez o imperador asteca Montezuma demorar a reagir à invasão espanhola nas terras do atual México. 12. (Enem 2015) Iniciou-se em 1903 a introdução de obras de arte com representações de bandeirantes no acervo do Museu Paulista, mediante a aquisição de uma tela que homenageava o sertanista que comandara a destruição do Quilombo de Palmares. Essa aquisição,

viabilizada por verba estadual, foi simultânea à emergência de uma interpretação histórica que apontava o fenômeno do sertanismo paulista como o elo decisivo entre a trajetória territorial do Brasil e de São Paulo, concepção essa que se consolidaria entre os historiadores ligados ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo ao longo das três primeiras décadas do século XX. MARINS, P. c. G. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes e a tradição da retratística monárquica europeia. Revista do LEB, n. 44, tev. 2007. A prática governamental descrita no texto, com a escolha dos temas das obras, tinha como propósito a construção de uma memória que a) afirmava a centralidade de um estado na política do país. b) resgatava a importância da resistência escrava na história

brasileira. c) evidenciava a importância da produção artística no contexto

regional. d) valorizava a saga histórica do povo na afirmação de uma memória

social. e) destacava a presença do indígena no desbravamento do território

colonial. Resposta: [A] Na chamada República Oligárquica, o estado de São Paulo buscava ocupar um lugar de hegemonia na política nacional, uma vez que já comandava a economia brasileira devido ao ciclo do café. Assim, o uso da figura do bandeirante nas obras de arte foi uma forma de legitimar essa hegemonia. 13. (Enem 2015) Bandeira do Brasil, és hoje a única. Hasteada a esta hora em todo o território nacional, única e só, não há lugar no coração do Brasil para outras flâmulas, outras bandeiras, outros símbolos. Os brasileiros se reuniram em torno do Brasil e decretaram desta vez com determinação de não consentir que a discórdia volte novamente a dividi-lo! Discurso do Ministro da Justiça Francisco Campos na cerimônia da festa da bandeira, em novembro de 1937. Apud OLIVEN, G. R. A parte e o todo: a diversidade cultural do Brasil Nação. Petrópolis: Vozes, 1992. O discurso proferido em uma celebração em que as bandeiras estaduais eram queimadas diante da bandeira nacional revela o pacto nacional proposto pelo Estado Novo, que se associa à a) supressão das diferenças socioeconômicas entre as regiões do

Brasil, priorizando as regiões estaduais carentes. b) orientação do regime quanto ao reforço do federalismo,

espelhando-se na experiência política norte-americana. c) adoção de práticas políticas autoritárias, considerando a contenção

dos interesses regionais dispersivos. d) propagação de uma cultura política avessa aos ritos cívicos,

cultivados pela cultura regional brasileira. e) defesa da unidade do território nacional, ameaçado por

movimentos separatistas contrários à política varguista. Resposta:

GABARITO - LISTA STEFÂNIA – 3ª SÉRIE E CURSO

[C] O período do Estado Novo foi marcado por crescentes centralização e fortalecimento do poder em torno de Getúlio Vargas. Assim, a bandeira nacional representa o Estado centralizado em torno de Vargas, enquanto as bandeiras estaduais são queimadas para mostrar a falta de importância dos interesses regionais. 14. (Enem PPL 2015) Em 1881, a Câmara dos Deputados aprovou uma reforma na lei eleitoral brasileira, a fim de introduzir o voto direto. A grande novidade, porém, ficou por conta da exigência de que os eleitores soubessem ler e escrever. As consequências logo se refletiram nas estatísticas. Em 1872, havia mais de 1 milhão de votantes, já em 1886, pouco mais de 100 mil cidadãos participaram das eleições parlamentares. Houve um corte de quase 90 por cento do eleitorado. CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado). Nas últimas décadas do século XIX, o Império do Brasil passou por transformações como as descritas, que representaram a a) ascensão dos “homens bons”. b) restrição dos direitos políticos. c) superação dos currais eleitorais. d) afirmação do eleitorado monarquista. e) ampliação da representação popular. Resposta: [B] A exigência da alfabetização para ser eleitor acabou por restringir a participação popular no direito ao voto. 15. (Enem 2015) TEXTO I Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987. TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.

Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura. Resposta: [E] [Resposta do ponto de vista da disciplina de História] No primeiro texto, na afirmação “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo” podemos notar uma conotação de bravura em referência aos sertanejos. Já no segundo texto, na afirmação “que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses” podemos notar uma conotação de loucura em referência aos sertanejos. [Resposta do ponto de vista da disciplina de Português] O texto I, excerto da terceira parte da obra “Os sertões”, de Euclides da Cunha, descreve a luta dos sertanejos que, destemidamente enfrentam a morte, não se rendem e são exterminados de forma sumária. O texto II, de Henrique Macedo Soares, militar na última expedição contra Canudos, descreve o grupo como um bando de fanáticos liderado pelo peregrino Antônio Conselheiro, acreditando que ele poderia libertá-los da situação de extrema pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida. Assim, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da bravura e loucura, como se afirma em [E]. 16. (Enem PPL 2017) TEXTO I

TEXTO II Ao ser questionado sobre seu processo de criação de ready-mades, Marcel Duchamp afirmou:

GABARITO - LISTA STEFÂNIA – 3ª SÉRIE E CURSO

– Isto dependia do objeto; em geral, era preciso tomar cuidado com o seu look. É muito difícil escolher um objeto porque depois de quinze dias você começa a gostar dele ou a detestá-lo. É preciso chegar a qualquer coisa com uma indiferença tal que você não tenha nenhuma emoção estética. A escolha do ready-made é sempre baseada na indiferença visual e, ao mesmo tempo, numa ausência total de bom ou mau gosto. CABANNE, P. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido. São Paulo: Perspectiva, 1987 (adaptado). Relacionando o texto e a imagem da obra, entende-se que o artista Marcel Duchamp, ao criar os ready-mades, inaugurou um modo de fazer arte que consiste em a) designar ao artista de vanguarda a tarefa de ser o artífice da arte

do século XX. b) considerar a forma dos objetos como elemento essencial da obra

de arte. c) revitalizar de maneira radical o conceito clássico do belo na arte. d) criticar os princípios que determinam o que é uma obra de arte. e) atribuir aos objetos industriais o status de obra de arte. Resposta: [D] A imagem de uma roda de bicicleta sobre um banco de madeira e o conceito de Marcel Duchamp sobre o processo de criação das suas obras expresso no texto II permitem concluir que, para o autor, vinculado ao movimento estético do dadaísmo, a arte baseava-se no acaso, na desordem e em objetos de pouco valor, desconstruindo, assim, conceitos da arte tradicional. Assim, é correta a opção [D]. 17. (Enem 2017) TEXTO I

TEXTO II Na sua produção, Goeldi buscou refletir seu caminho pessoal e político, sua melancolia e paixão sobre os intensos aspectos mais

latentes em sua obra, como: cidades, peixes, urubus, caveiras, abandono, solidão, drama e medo. ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável. Revista de Arte, Mídia e Política. Acesso em: 24 abr. 2017 (adaptado). O gravador Oswaldo Goeldi recebeu fortes influências de um movimento artístico europeu do início do século XX, que apresenta as características reveladas nos traços da obra de

a)

b)

c)

d)

GABARITO - LISTA STEFÂNIA – 3ª SÉRIE E CURSO

e) Resposta: [A] A imagem que reproduz uma gravura de Oswald Goeldi constante no texto I, assim como o artigo publicado na Revista de Arte, Mídia e Política sobre o mesmo autor revelam características da sua obra carregada de alusões aos dramas existenciais em que a morte, solidão e medo são presença constante. Desta forma, deduz-se que foi fortemente influenciado pelo movimento estético do Expressionismo, vanguarda europeia do início do séc. XX a que está vinculado Alfred Kubin. Assim, é correta a opção [A]. 18. (Enem 2017)

A obra de Rubem Valentim apresenta emblema que, baseando-se em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da a) simplificação de formas da paisagem brasileira. b) valorização de símbolos do processo de urbanização. c) fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia. d) alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional. e) composição simétrica de elementos relativos à miscigenação

racial. Resposta: [C] A utilização constante de elementos geométricos, cores primárias e fotomontagem na representação de signos e emblemas que têm

como referência o universo religioso de Rubem Valentim (principalmente do candomblé e da umbanda) revela influência do construtivismo, movimento estético inserido no contexto das vanguardas europeias do início do século XX. Assim, é correta a opção [C]. 19. (Enem (Libras) 2017)

Pertencente ao Romantismo, a obra de Victor Meirelles caracteriza-se como uma a) descrição dramática da guerra. b) inclinação ao retrato nacionalista. c) estilização das revoltas populares. d) construção da identidade brasileira. e) representação das obras francesas. Resposta: [B] A vinculação da obra de Victor Meirelles ao Romantismo, movimento estético predominante na segunda metade do séc. XIX quando ainda estava presente a euforia proveniente da Independência do país, permite deduzir que se trata de uma representação nacionalista. A reconstrução visual de eventos históricos importantes como a batalha travada entre o Exército da Holanda e os defensores do Império Português no Morro dos Guararapes visa à exaltação da nacionalidade, como se afirma em [B]. 20. (Enem 2016) Texto I

Texto II Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como acontece com pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído. DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1985.

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Na imagem e no texto do romance de Marguerite Duras, os dois autorretratos apontam para o modo de representação da subjetividade moderna. Na pintura e na literatura modernas, o rosto humano deforma-se, destrói-se ou fragmenta-se em razão a) da adesão à estética do grotesco, herdada do romantismo

europeu, que trouxe novas possibilidades de representação. b) das catástrofes que assolaram o século XX e da descoberta de uma

realidade psíquica pela psicanálise. c) da opção em demonstrarem oposição aos limites estéticos da

revolução permanente trazida pela arte moderna. d) do posicionamento do artista do século XX contra a negação do

passado, que se torna prática dominante na sociedade burguesa. e) da intenção de garantir uma forma de criar obras de arte

independentes da matéria presente em sua história pessoal. Resposta: [B] Na imagem que reproduz a obra de Francis Bacon, estão representadas as metamorfoses de um rosto ferido ou deformado, representativo do nível de angústia psicológica reveladora do questionamento existencial do autor. No texto de Margarite Duras, o personagem narrador parte de uma observação sobre o rosto marcado pelas rugas para refletir sobre a destruição que se operou nele. Ou seja, os dois autorretratos afastam-se das formas clássicas de reprodução objetiva da realidade e apontam para o modo de representação da subjetividade moderna, amplamente analisada à luz das teorias psicanalíticas de Freud. A menção aos contextos sociais e políticos das tragédias humanas que assolaram o século XX também valida a opção [B]. 21. (Enem PPL 2016)

A pintura Napoleão cruzando os Alpes, do artista francês Jacques

Louis-David, produzida em 1801, contempla as características de um estilo que a) utiliza técnicas e suportes artísticos inovadores. b) reflete a percepção da população sobre a realidade. c) caricaturiza episódios marcantes da história europeia. d) idealiza eventos históricos pela ótica de grupos dominantes. e) compõe obras com base na visão crítica de artistas consagrados. Resposta: [D] O retrato equestre de Napoleão Bonaparte, pintado pelo artista francês Jacques Louis-David em 1801, mostra uma visão fortemente idealizada da verdadeira passagem do personagem histórico pelos Alpes. Napoleão está sobre um corcel grande e forte de larga crina, olha de frente e segura o cavalo só com uma das mãos para mostrar liderança política e firmeza no objetivo de derrotar os austríacos em Itália. Nas pedras em que assentam as patas do cavalo, lê-se Napoleão Bonaparte e mais dois heróis, Aníbal e Carlos Magno, associando o imperador a grandes generais do passado. Assim, é correta a opção [D]. . 22. (Enem 2015) da sua memória

mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu

ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998. Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela a) interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica

racional. b) reestruturação formal da palavra, para provocar o estranhamento

no leitor. c) dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das

lembranças. d) fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das

lembranças. e) renovação das formas tradicionais, para propor uma nova

vanguarda poética. Resposta:

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[D] A característica principal do Concretismo é a ruptura do conceito tradicional do verso para definir o poema como conjunto de elementos que estruturam a mensagem através de signos verbivocovisuais, (valorização do conteúdo verbal, sonoro e visual, através do aproveitamento do espaço do papel), permitindo a possibilidade de diversas leituras através de diferentes ângulos. No poema “da sua memória”, a fragmentação de palavras dispostas na vertical dá origem a uma coluna estreita em que os termos precisam ser interligados para manterem o nexo semântico primitivo. Se aliarmos essa disposição gráfica ao título do poema, podemos inferir que o poema se caracteriza pela fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças, como se afirma em [D]. 23. (Enem 2017) A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura. HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os pré-socrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado). O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a) a) número, que fundamenta a criação dos deuses. b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos. c) água, que expressa a causa material da origem do universo. d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal. e) átomo, que explica o surgimento dos entes. Resposta: [E] Demócrito é considerado um dos pensadores pré-socráticos, que, em linhas gerais, buscavam compreender a natureza e sua origem. Para ele, a origem das coisas está no átomo, o menor e indivisível elemento dos entes. 24. (Enem (Libras) 2017) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por alguém é imediatamente real para essa pessoa. KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado). O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de a) alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência. b) justificar a veracidade das afirmações com fundamentos

universais.

c) priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas. d) preservar as regras de convivência entre os cidadãos. e) analisar o princípio do mundo conforme a teogonia. Resposta: [C] O grupo ao qual Protágoras é associado é o dos sofistas, que consideravam não existir verdade absoluta, mas uma diversidade de pontos de vista acerca da verdade, ou seja, existiriam apenas verdades relativas. 25. (Enem PPL 2017) A definição de Aristóteles para enigma é totalmente desligada de qualquer fundo religioso: dizer coisas reais associando coisas impossíveis. Visto que, para Aristóteles, associar coisas impossíveis significa formular uma contradição, sua definição quer dizer que o enigma é uma contradição que designa algo real, em vez de não indicar nada, como é de regra. COLLI, G. O nascimento da filosofia. Campinas: Unicamp, 1996 (adaptado). Segundo o texto, Aristóteles inovou a forma de pensar sobre o enigma, ao argumentar que a) a contradição que caracteriza o enigma é desprovida de relevância

filosófica. b) os enigmas religiosos são contraditórios porque indicam algo

religiosamente real. c) o enigma é uma contradição que diz algo de real e algo de

impossível ao mesmo tempo. d) as coisas impossíveis são enigmáticas e devem ser explicadas em

vista de sua origem religiosa. e) a contradição enuncia coisas impossíveis e irreais, porque ela é

desligada de seu fundo religioso. Resposta: [C] Para o autor do texto, a inovação da reflexão filosófica aristotélica acerca do enigma é a admissão do caráter paradoxal inerente a ele, na medida em que associa coisas impossíveis, em uma relação de contradição, para formular algo sobre coisas reais, sendo a alternativa [C] a única que expressa essa ideia. 26. (Enem (Libras) 2017) Os filósofos concebem as emoções que se combatem entre si, em nós, como vícios em que os homens caem por erro próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los. Concebem os homens, efetivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem. ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril Cultural, 1973. No trecho, Espinosa critica a herança filosófica no que diz respeito à idealização de uma a) estrutura da interpretação fenomenológica.

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b) natureza do comportamento humano. c) dicotomia do conhecimento prático. d) manifestação do caráter religioso. e) reprodução do saber tradicional. Resposta: [B] Espinosa, no texto, critica a tradição filosófica que trata a natureza dos modos de agir humanos a partir de uma concepção idealizada, afastando-se, dessa forma, da realidade que condiciona o comportamento dos indivíduos, ideia presente na alternativa [B]. 27. (Enem PPL 2017) A crítica é uma questão de distância certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se propaganda. Esta arrasa o espaço livre da contemplação e aproxima tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do nariz quanto o automóvel que sai da tela de cinema e cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E, do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e fachadas a uma observação crítica completa, mas dá apenas a sua espetacular, rígida e repentina proximidade, também a propaganda autêntica transporta as coisas para primeiro plano e tem um ritmo que corresponde ao de um bom filme. BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense – 1900. Belo Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado). O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o procedimento de análise crítica em virtude do(a) a) caráter ilusório das imagens. b) evolução constante da tecnologia. c) aspecto efêmero dos acontecimentos. d) conteúdo objetivo das informações. e) natureza emancipadora das opiniões. Resposta: [A] O texto reflete a percepção dos pensadores do movimento filosófico da Escola de Frankfurt, do qual Walter Benjamin é um dos mais importantes representantes, acerca do modo como as estruturas capitalistas manipulam a produção cultural, a fim de dominar a produção do pensamento social. A Teoria Crítica, a partir da qual Walter Benjamin analisa a propaganda, destaca o caráter espetacularizado que os objetos assumem, o que dificulta a análise autônoma e objetiva do que é exibido, levando à uma percepção ilusória das imagens. Uma possível dúvida poderia surgir a partir da proposta da alternativa [B], no entanto, o que dificulta a prática do pensamento crítico não é o avanço tecnológico em si, mas a apresentação dessa tecnologia de forma distorcida em relação à realidade. 28. (Enem (Libras) 2017) O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não

unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987. Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em a) declínio cultural. b) segregação racial. c) redução da hierarquia. d) totalitarismo dos governos. e) modelagem dos indivíduos. Resposta: [E] Para Foucault, as formas de poderes existentes na sociedade impõem modificações nos modos de agir dos indivíduos, a partir da coação de seus corpos, transformando-os em corpos úteis e passíveis de sujeição. Desse modo, incorporam-se características disciplinadoras nos corpos através do controle e do adestramento que mede, corrigi e hierarquiza corpos em um processo que modela indivíduos. 29. (Enem (Libras) 2017) TEXTO I Aquele que não é capaz de pertencer a uma comunidade ou que dela não tem necessidade, porque se basta a si mesmo, não é em nada parte da cidade, embora seja quer um animal, quer um deus. ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002. TEXTO II Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos. ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1995. Associados a contextos históricos distintos, os fragmentos convergem para uma particularidade do ser humano, caracterizada por uma condição naturalmente propensa à a) atividade contemplativa. b) produção econômica. c) articulação coletiva. d) criação artística. e) crença religiosa. Resposta: [C] Retomando a reflexão clássica em relação ao espaço público e à política, Hannah Arendt desenvolve a ideia de mundo comum, que corresponde ao espaço em que estamos em companhia dos outros e onde há um interesse comum, ou seja, onde há um articulação

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coletiva. 30. (Enem 2016) Texto I Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne. HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado). Texto II Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se? PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado). Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das a) investigações do pensamento sistemático. b) preocupações do período mitológico. c) discussões de base ontológica. d) habilidades da retórica sofística. e) verdades do mundo sensível. Resposta: [C] Heráclito e Parmênides apresentam visões opostas sobre uma mesma questão: “o que é o ser?”. Enquanto o primeiro defende a volatilidade, o segundo afirma a imutabilidade. Tal questionamento ontológico é a base das discussões pré-socráticas, ainda que as respostas para essa pergunta sejam diversas. 31. (Enem PPL 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: "Este objeto que estou vendo agora tem tendências para assemelhar-se a um outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior". Assim, para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente. PLATÃO, Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica a) estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos

distintos. b) comparar o objeto observado com uma descrição detalhada dele. c) descrever corretamente as características do objeto observado. d) fazer correspondência entre o objeto observado e seu ser. e) identificar outro exemplar idêntico ao observado. Resposta:

[D] Os objetos, segundo Platão, existem de forma perfeita no mundo das ideias. Assim, tudo aquilo que vemos e sentimos são coisas que têm correspondência a algo que existe nesse plano. 32. (Enem 2ª aplicação 2016) Ninguém delibera sobre coisas que não podem ser de outro modo, nem sobre as que lhe é impossível fazer. Por conseguinte, como o conhecimento científico envolve demonstração, mas não há demonstração de coisas cujos primeiros princípios são variáveis (pois todas elas poderiam ser diferentemente), e como é impossível deliberar sobre coisas que são por necessidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque aquilo que se pode fazer é capaz de ser diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas ou más para o homem. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980. Aristóteles considera a ética como pertencente ao campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se dos outros saberes porque é caracterizada como a) conduta definida pela capacidade racional de escolha. b) capacidade de escolher de acordo com padrões científicos. c) conhecimento das coisas importantes para a vida do homem. d) técnica que tem como resultado a produção de boas ações. e) política estabelecida de acordo com padrões democráticos de

deliberação. Resposta: [A] A ética, dentro do pensamento filosófico aristotélico, constitui uma prática racional e livre, sendo por isso diferente dos demais saberes apontados no texto. 33. (Enem PPL 2015) Na sociedade democrática, as opiniões de cada um não são fortalezas ou castelos para que neles nos encerremos como forma de autoafirmação pessoal. Não só temos de ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações, como também devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões. A partir dessa perspectiva, a verdade buscada é sempre um resultado, não ponto de partida: e essa busca inclui a conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia. SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001 (adaptado). A ideia de democracia presente no texto, baseada na concepção de Habermas acerca do discurso, defende que a verdade é um(a) a) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como agente racional

autônomo. b) critério acima dos homens, de acordo com o qual podemos julgar

quais opiniões são as melhores.

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c) construção da atividade racional de comunicação entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso.

d) produto da razão, que todo indivíduo traz latente educativo. e) resultado que se encontra mais desenvolvido nos espíritos

elevados, a quem cabe a tarefa de convencer os outros. Resposta: [C] O autor destaca, no texto, o papel da comunicação entre indivíduos como fundamental na busca pela verdade, o que está de acordo com a concepção de Habermas de racionalidade comunicativa, a qual pressupõe o diálogo coletivo como caminho intelectual para obter verdades. Assim, o conhecimento verdadeiro se daria a partir da troca de argumentos baseados na razão, na qual o mais bem fundamentado prevaleceria.