Upload
volien
View
215
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
-*_
tribunalde justiçado eslaüo de goiàs
Protocolo n°: 200502555178(JRO)
PODER JUDICIÁRIOComarca deTurvâniaGabinete
SENTENÇA
O Ministério Público do Estado de Goiás ofereceu denúncia imputando
a Juarez Gomes Cardoso Neto a conduta tipificada no art.180, §1°, do CP, e a Wender
Vieira da Silva a conduta tipificada no art. 180, caput, também do Código Penal.
Narra a peça inaugural, com base em Inquérito Policial, que no dia 15
de outubro de 2005, por volta das 21:00 horas, no estabelecimento comercial
denominado "Posto do Juarez", o primeiro denunciado, sabendo ser produto de crime,
adquiriu 20.000 (vinte mil) litros de combustível, em proveito próprio, no exercício de
atividade comercial do referido posto, do qual era responsável à época dos fatos.
Descreve ainda a denúncia que o acusado Wender, na mesma data,
horário e local, transportou 30.000 (trinta) mil litros de combustível, na direção de um
caminhão Mercedes Bens, produto de roubo na cidade de Campos Belos/GO.
A denúncia foi recebida às f.292 dos autos (05.12.2006) e determinada a
citação dos acusados.
.2 Citados, estes apresentaram defesa preliminar às f.302/303 e 426/427
3 por meio de advogados constituídos, argumentando, em suma, que não incorreram na
prática dos delitos descritos.
Durante a instrução foram inquiridas as testemunhas anoladas na
denúncia e nas defesas (f.378; 401/403; 446/450 e 485/487). M/ e^
^»y
Pág. 1de 17 y _
..-• •
\
59
I
tribunal poder judiciário aât+i #{de jUStiça Comarca de Turvânia c/i-vp l '*' \t?doesiado degoiás Gabinete /^\ -cr/
Em alegações finais, o Ministério Público, entendendo comprovadasjas
condutas tipificadas no art.180, do Código Penal, requereu a condenação dos acusados
(f.491/496).
Às f.507/514, a defesa do acusado Juarez postulou pelo reconhecimento
do arrependimento posterior, com redução da pena.
O acusado Wender, por sua vez, postulou em seus argumentos finais,
pela absolvição ou, em caso de condenação, seja reconhecido que o crime se deu na
forma tentada, já que não recebeu o pagamento pelo transporte que estava fazendo
(f.523/527).
É o relatório. Decido.
Presentes as condições da ação penal (CPP, art. 41), bem ainda os
pressupostos processuais de existência e validade.
Trata-se de ação penal intentada pelo Ministério Público em desfavor
de Juarez Gomes Cardoso Neto e Wender Viera da Silva, imputando-lhes a prática dos
crimes de receptação qualificada e receptação, respectivamente.
Verifico, inicialmente, que o processo transcorreu com estrita
observância dos preceitos constitucionais e legais pertinentes a toda e qualquer ação
| penal, apesar das alterações legislativas ocorridas no curso do processo, especialmente
-= quanto à entrada em vigor da Lei 11.719/2008.
Os acusados tiveram oportunidade de se defenderem diretamente e por
defensor habilitado, bem como fora observada, em todo o processo, a garantia da
produção de provas por meios lícitos, como determina a Constituição Federa]. a
. /
... Pág. 2 deJ7
.V
tribunal poder judiciário.de justiça Comarca deTurvâniado estado degoiâs Gabinete
Tecidaitais considerações, concluo que as provas carreadas aos autos
são suficientes para amparar a pretensão punitiva do Estado, conforme passo a declinar
individualizadamente.
Quanto ao acusado Wender Vieira da Silva
Assim dispõe o artigo 180, caput, do Código Penal:
"Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
ser produto de crime, ou influir para que terceiro de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de l(um) a 4 (quatro) anos." (grifou-se).
A materialidade do fato está demonstrada por meio do Auto de Prisão
em Flagrante de f.16/19 e do Termo de Exibição e Apreensão de f.35, não havendo
dúvida de que o crime ocorreu.
No que concerne à autoria do fato criminoso, o acusado Wender,
quando ouvido pela autoridade policial, assim afirmou:
"{...) que no dia de ontem (15/10/05), por volta das 08:00
hs, estava abastecendo seu veículo Monza no Posto de
Gasolina Jaosão, na cidade de Goiânia, quando foi
•o abordado por um homem desconhecido, (...) que lhe1g, perguntou se era motorista de caminhão ou se conhecia
| alguém que fosse; que o interrogando informou que era
!motorista de caminhão, inclusive tinha habilitação para
cargas perigosas (MOPE); que o homem desconhecido
então lhe ofereceu RS 200,00 (duzentos reais) para que
trouxesse um caminhão com o tanque de combustível
para a cidade de Firminópolis e aqui descarregasse a
/
«&JleAè&*'*'Pág.3de 17
.-'..
f.423/425:
tribunalde justiçado estado de go:ás
PODER JUDICIÁRIOComarca deTurvâniaGabinete W rf^
carga de combustível em um Posto de Bandeira Texaco;
(...) que, esclarece o interrogando que perguntou ao
homem desconhecido sobre a nota fiscal do combustível
e este lhe informou que não tinha, (...) que o
interrogando encontrou com CUNHA na cidade de
Nerópolis, para pegar o caminhão, sendo que logo
depois chegou um senhor de idade, de
aproximadamente 50 anos de idade, com cabelos
grisalhos, que conduzia o veículo, e deixou o mesmo com
o interrogando. (...)" (f.16/18).
Assim ainda afirmou em juízo, conforme interrogatório acostado às
"(...) que CUNHA indagou ao interrogando se não
conhecia um motorista, pois ele precisava fazer uma
entrega de combustível e seu motorista estava doente;
(...) que então Cunha mandou-lhe buscar a carreta na
cidade de Nerópolis, indicando-lhe o local; que chegando
a Nerópolis encontrou a carreta com a chave na ignição,
documentos sobre o painel, que não havia qualquer
pessoa nas proximidades; que o contatos com Cunha
eram feitos por celular; (...)."
O acusado não nega que transportava a carreta com o combustível
roubado, afirmando apenas que não suspeitou que se tratava de combustível objeto de
•| crime. Ora, considerando que o acusado exercia a profissão de motorista, sabia ele o
| preço aplicado a fretes intermunicipais, bem como a necessidade de apresentação de
Inota fiscal, tanto é que ele mesmo afirma que chegou a questionar a respeito de sua
existência.
Não bastassem tais constatações, hábeis à comprovação de^que o autor
.'.Jl£Sá h
Pág. 4_de 17 Juiz* Tltr *ê*»WA'
„ •
r-",—
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca de Turvâniado estado de goiás G a b in ete V
K 6FU
f\.
sabia da origem ilícita do combustível, destaco que, de acordo com seu depoimento em
juízo, o caminhão foi deixado em determinado local, sem ninguém por perto, somente
com a chave na ignição. Ora, abandonar um caminhão carregado de combustível, sem
qualquer vigilância, não é uma atitude comum. Pelo contrário, é de se causar bastante
estranheza, o que leva a corroborar o entendimento de que o acusado sabia a origem
da carga.
Quanto à tese da defesa, em suas alegações finais, de que deve a
imputação ser desclassificada para a forma tentada, em razão de não ter recebido o
pagamento combinado, não entendo plausível, na medida em que o artigo não exige,
para consumação, que ao se transportar a coisa produto de crime, que o condutor
obtenha, efetivamente, qualquer vantagem.
Vale dizer, ainda, que não há nos autos qualquer indício ou elemento
que permita concluir tenha o réu agido em legítima defesa ou estado de necessidade,
tampouco há notícia de que o tenha feito em estrito cumprimento de dever legal, nem
que semelhante conduta seja resultado de regular exercício de algum direito.
Ao contrário, o conjunto probatório é lídimo e cristalino no sentido de
ensejar a condenação do réu Wender pela prática do crime de receptação (art. 180,
caput, do Código Penal).
i
!
Ante o exposto, julgo procedente a imputação contida na denúncia,
•Jf para condenar o acusado Wender Vieira da Silva, já qualificado, pela prática da
s conduta descrita no art. 180, caput, do Código Penal.
Quanto ao acusado Juarez Gomes Cardoso Neto.
Assim dispõe o artigo 180, §1°, do Código Penal:
Pág. 5 de 17
tribunal poder judiciário <</% ,.-Ay\de justiça Comarca de Turvânia ^ V5A__—\ J~^do estado cegoiás Gabinete \ SrV
"Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que'sabe
ser produto de crime, ou influir para que terceiro de boa-
fé, a adquira, receba ou oculte:
Pena - reclusão, de l(um) a 4 (quatro) anos.
§1° - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto
de crime:
Pena - reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos. e multa."
A materialidade do fato está demonstrada por meio do Auto de Prisão
em Flagrante de f.20/24 e do Termo de Exibição e Apreensão de f.35, não havendo
dúvida de que o crime ocorreu.
No que concerne à autoria do fato criminoso, o acusado Juarez, quando
ouvido pela autoridade policiai, assim afirmou:
"(...) que na data de ontem (15/10/05), por volta das
08:30hs, recebeu uma ligação de uma pessoa que se
identificou como JAIME dizendo que era funcionário da
empresa Petrosul Distribuidora de Petróleo Ltda; que
JAIME ofereceu ao interrogando 15.000 (quinze) mil)9
O
f| litros de óleo diesel e 5.000 (cinco mil) litros de gasolina;
Ique JAIME ofereceu ao interrogando os combustíveis
pelo mesmo preço em que normalmente é negociado
pelas outras companhias, (...) que JAIME falou que o
combustível então iria sair de São Paulo, e seria entregue
ao interrogando, nesta cidade de Firminópolis naquele
Pág. 6de 17 .*!&!&&'.
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca de Turvâniado estado Cegolas Gabinete
mesmo dia à noite; que JAIME não forneceu nenhum
telefone de contato; que por volta das 20:20hs de ontem
(15/10/2005), foi informado pelo frentista do posto que
o combustível havia chegado, momento em que se
deslocou para o posto de gasolina para receber a
entrega; (...) que perguntado se negociou combustível
com a empresa Petrosul, alegou que certa vez já
negociou preço com esta empresa no ano de 2001,m mas
não fizeram negócio; que perguntado se conhecia
alguma pessoa de nome JAIME que trabalhava na
empresa Petrosul, respondeu que não; que perguntado
se não achou estranhao receber uma ligação no sábado
pela manhã, de uma empresa com que não negocia, de
uma pessoa que não conhece e se identificou apenas
como JAIME, negociado uma carga de combustíveis,
para ser entregue no mesmo dia à noite, sendo que esta
carga segundo JAIME teria dito, sairia de São Paulo, e
que inclusive seria para efetuar o pagamento ao próprio
motorista do caminhão, respondeu que não, pois
acreditou que JAIME era da Petrosul; (...) que
perguntado que, pelo fato de seu posto de gasolina ser
% de bandeira Texaco, teria que adquirir combustíveis
daquela empresa, respondeu que com certeza, mas que
assim não agiu, pois estava com uma pendência perante
a Texaco; (...) que o combustível enviado pela Texaco
para o declarante sempre acompanha nota fiscal e boleto
"3 bancário, sendo que a Texaco sempre envia boleto
J> bancário e, nunca o pagamento é feito ao motorista do
I caminhão; (...) que quanto a verificação de procedênciaIdocombustível que estava adquirindo, tem a informar
que foi descuidado, pois deveria ter conferido a
documentação e a origem do produto que estava lhe
sendo entregue; (...)" (f.20/24).
Pág. 7 de 17
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca deTurvâniado estado de goiás G a b in ete
Assim ainda afirmou em juízo, conforme interrogatório acostada às
f.297/301:
"(...) que são verdadeiras em partes as imputações que
lhes são feitas; (...) que no dia dos fatos, pelo período da
manhã, o interrogando recebeu uma ligação no telefone
do posto de uma pessoa que se identificou como Jaime e
que era o mesmo funcionário da Petrosul, situada em
Paulinha-SP, na qual o posto do Juarez tinha cadastro e
comprava combustível; que essa pessoa de nome Jaime
ofereceu para o interrogando a quantia de 20.000 litros
de combustível sob a justificativa de que este
combustível estava sobrando e o caminhão estava indo
para Barra do Garça; que o interrogando não tinha
conhecimento que o combustível era produto de roubo;
que o interrogando nunca comprou combustível da
empresa Petrosul, mas não tem muita certeza, mas acha
que o administrador anterior, pais do interrogando,
comprou combustível da referida firma; (...) que o
combustível enviado pela Texaco era acompanhado de
nota fiscal e boleto para pagamento no prazo de dois
.^" dias; que o interrogando não se recorda se no veículo
tinha alguma identificação da procedência do
combustível; que quando a compra do combustível era
feita da distribuidora SR o pagamento era feito com a
entrega do cheque ao motorista que entregasse o
j? combustível; que o interrogando, após saber que o2
\
combustível adquirido era produto de roubo, procurou
amenizar os fatos comprando combustível do posto ao
qual o combustível tinha sido roubado."
Assim declarou uma das testemunhas inquiridas:
"EDILON ETERNO PEREIRA: (...) o posto de^còmbustível
pág8del7 j^^JH^3^
tribunal poder judiciário .>> \\jH<=» ilIQfir.a rnmarra Hp Tiirvánis j tl£J£ *~-£H
V rv«*»'de justiça Comarca de Turvánia ( H£ÜZ~~-""^fdo estado de goiás G a b in ete
era bandeirado, bandeira fechada; as vestimentass do
primeiro denunciado eram normais, não apresentava
nenhuma identificação de que o mesmo trabalhava para
alguma distribuidora de combustíveis; o veículo não
apresentava nenhuma identificação de empresa
distribuidora de combustíveis, as plaquetas laterias do
tanque haviam sido raspadas e pintadas de forma que
também não traziam identificação nesse sentido; (...)"
(f.446).
No mesmo sentido declarou a testemunha Vanderlei Alves da Silva,
conforme termo de f.447.
As circunstâncias em que foi adquirido o combustível sugerem, pois, a
qualquer pessoa leiga, a ilicitude do produto, quanto mais a um comerciante que já
havia efetuado outras compras de combustíveis, tendo considerável experiência para
verificar que se tratava de um negócio suspeito. Portanto, inadmissível, para um
comerciante, comprar produto oferecido por um desconhecido e sem conferir a licitude
do que estava adquirindo, como quer fazer crer o acusado. Patente, desse modo, a
configuração da qualificadora insculpida no §1° do art.180 do Código Penal.
Tudo converge para a confirmação de que o réu adquiriu o combustível
sabendo tratar-se de produto ilícito, sobretudo se considerarmos que o Posto era
,. bandeirado, ou seja, que sequer poderia o acusado ter adquirido produto que não fosse--
d fornecido, in casu, pela Texaco.
fNesse sentido:
I "Apelação 1. Receptação dolosa (CP, art.
180, capuf). Alegação de ausência de dolo. Absolvição.
Improcedência. Circunstâncias fáticas que evidenciam o
—•<&* aí ««&Pág. 9de 17 /
i
1
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca deTurvâniado estado ee goias Gabinete
conhecimento pelo acusado da origem ilícita do objeto.
Provas suficientes para ensejar a condenação. Apreensão
das peças subtraídas na posse do réu. Desclassificação
para receptação culposa. Dolo configurado. Condenação
mantida. 1- No crime de receptação, devido ao fato de
não ser fácil a verificação acerca do conhecimento ou
não do agente sobre a origem ilegal do produto, deve-se
considerar as circunstâncias que envolveram o delito.
Diante disso, havendo indícios seguros de que o réu
tinha ciência da origem ilícita da 'reé, a condenação é
medida que se impõe." (TJPR - AC 05281801 - Rei. Des.
Marcus Vinícius de Lacerda Costa - DJ de 06.08.2009).
"Apelação crime. Crime de receptação. Art. 180, § Io, do
código penal. Insurgência quanto a configuração da
materialidade delitiva. Demais elementos dos autos
suficientes para efetiva demonstração de que o
combustível adquirido pelo réu é o mesmo roubado do
caminhão transportado pelo motorista do auto posto
Marcelo Itda. Autoria e materialidade devidamente
comprovadas. Demonstração inequívoca da ciência do
réu sobre a origem ilícita do combustível em razão das
circunstâncias que envolveram o fato. A recurso a que se
nega provimento. 1. No crime de receptação, devido ao
fato de não ser fácil a verificação acerca do
conhecimento ou não do agente sobre a origem ilegal do
produto, deve-se considerar as circunstâncias que
envolveram o delito. Diante disso, havendo indícios
seguros de que o réu tinha ciência da origem ilícita da
'res", a condenação é medida que se impõe." (TJPR - AC
7097670 - Rei. Des. Carvilio da Silveira Filho - DJ de
11.03.2011).
"Embargos infringentes. Roubo qualificado. Prova
Pág. 10 de 17 .;' /
tribunal poder judiciário p-«^ .Jmde justiça Comarca oeTurvânia l v̂ Jdo estadode goiás Gabinete \ -N. •'
colhida na fase inquisitiva. Confirmação pelas provas
obtidas em juízo. Absolvição. Impossibilidade.
Receptação qualificada. Insuficiência de provas.
Absolvição. Impossibilidade. 1. Impossível a absolvição
do condenado quando fica explicita a autoria do fato,
diante das provas constantes da fase inquisitiva e de sua
confirmação pelo acervo obtido em juízo. 2. Para que se
configure a receptação qualificada basta que as
circunstancias indiquem que o agente, em razão das
cautelas que a atividade comercial pressupõe, devia
saber da origem ilícita do produto, sendo suficiente o
dolo eventual. 3. Embargos rejeitados." (TJGO - EI n.
1596-4/96 - Rei. Des. Paulo Teles - DJ de 21.08.2009)
Ademais, em suas alegações finais, o próprio acusado Juarez confessa a
prática do delito, por meio de seu defensor, postulando, tão somente, pela redução da
pena em razão do arrependimento posterior.
Friso também não haver nos autos qualquer indício ou elemento que
permita concluir tenha o réu agido em legítima defesa ou estado de necessidade,
La» tampouco há notícia de que o tenha feito em estrito cumprimento de dever legal, nem
que semelhante conduta seja resultado de regular exercício de algum direito.
Ao revés, o conjunto probatório é lídimo e cristalino no sentido de
^ ensejar a condenação do réu Juarez pela prática do crime de receptação qualificada (art.H=3
I 180, §1°, do Código Penal).
i
Ante o exposto, julgo procedente a imputação contida na denúncia,
para condenar o acusado Juarez Gomes Cardoso Neto, igualmente qualificados, pela
prática da conduta descrita no art. 180, §1°, do Código Penal.
fuurf<mé,
• — -_ —_ . i ,J' t_
I
. .... _Pág.Ude_l7
/•
de justiça Comarca de Turvâniab -^3 do estada de goiás Gabinete
tribunal poder judiciário /f"1
Passo à dosimetria da pena, atenta às diretrizes dos arts. 59 e 60, ambos
do Código Penal.
Nesse ponto, cabe ao Juiz sentenciante definir a qualidade e a
quantidade da sanção penal de acordo com os critérios de necessidade e suficiência da
resposta estatal.
Mais que isso, ressalto que o esforço das conclusões esposadas neste
tópico é inspirado nas advertências sempre atuais do milanês César Bonesana, o
Marquês de Beccaria, em sua conhecida obra datada de 1764 'Dos delitos e das penas',
ao final do livro: "É que, para nãoser um ato de violência contra o cidadão, a pena deve
ser essencialmente pública, pronta, necessária, a menor das penas aplicáveis nas
circunstânciasdadas, proporcionada ao delito e determinada em lei".
De todo modo, adoto o sistema legal, consagrado na doutrina e na
jurisprudência, denominado trifásico, ou seja, a quantidade da pena é definida por uma
análise dos dispositivos que regem a matéria, a ser feita em três etapas, tal como indica
o art. 68 do Código Penal.
Quanto ao acusado Wender Vieira da Silva
Na primeira fase de dosimetria da pena, observo as circunstâncias
judiciais constantes no art. 59, do CP. A culpabilidade, enquanto circunstância judicial,
| significa o grau de reprovabilidade da conduta. No caso, verifico que, sob esse aspecto,
| não há elementos nos autos que autorizem o agravamento da pena.
I Quanto às circunstâncias, não observo fato relevante para amparar a
majoração da pena, porque não se valeu o réu de qualquer situação ou fato especial
que mereça maior reprovação e exceda as do próprio tipo incriminador.
^^j^H^... Pag. I2del7. _•- '
a
i
I
#
tribunal poder judiciário /y "%"<de justiça Comarca de Turvânía ' '$%£_£• "*•do essado de goiás Gabinete \ ••.-*•— j.
Os antecedentes não lhe são desfavoráveis, porquanto não consta
qualquer condenação criminal definitiva anterior que configure causa agravante da
reincidência, única forma de interpretar tal dispositivo em consonância com o princípio
constitucional da não-culpabilidade.
Quanto às demais circunstâncias judiciais, conduta social e
personalidade, dada a extrema abstração desses conceitos e considerando que
estamos submetidos a um sistema de direito penaldo fato, em oposição ao famigerado
'—; direito penal do autor, não há como aferi-las, quiçá para prejudicaro réu.
No que tange às conseqüências do delito, considerando que não
houve ressarcimento do prejuízo experimentado pela vítima do roubo, agravo a pena
em 06 (seis) meses.
Os motivos, que podem ser reconhecidos como favoráveis ou
desfavoráveis ao denunciado na aplicação da pena, são, por um lado, inerentes ao tipo
e, de outro, não há notícias de qualquer justificativa para o delito, respectivamente.
Portanto, mantenho a pena.
Quanto ao comportamento da vítima, em nada contribuiu para a
consecução do delito.
Fixo, assim, a pena-base em 1 (um) ano e 06 (seis) meses.
Ausentes quaisquer agravantes e atenuantes, bem como as causas de
aumento e diminuição, torno definitiva a pena em 1 (um) ano e 06 (seis) meses de
reclusão.
Todavia, compulsando detidamente os autos, percebo que a última
causa de interrupção da prescrição, nos termos do artigo 117, inciso I, do CP^e. deu em
Pág. 13 de 17
I
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca de Turvâniado eslado de goias Gabinete
" \
\
05 de dezembro de 2006, sendo que, observando a pena ora aplicada e o qüi
determina o artigo 109, inciso V, do CP, impõe-se o reconhecimento da prescrição d.
pretensão punitiva estatal.
Ante o exposto, declaro EXTINTA A PUNIBIUDADE em relação ac
acusado Wender Vieira da Silva, pelos fatos narrados nesses autos, com arrimo no incise
IV do art. 107 c/c art. 109, inciso V, ambos do Código Penal.
;*^ . Quanto ao acusado Juarez Gomes Cardoso Neto
Na primeira fase de dosimetria da pena, observo as circunstâncias
judiciais constantes no art. 59, CP. A culpabilidade, enquanto circunstância judicial,
significa o grau de reprovabilidade da conduta. No caso, verifico que, sob esse aspecto,
não há elementos nos autos que autorizem o agravamento da pena.
Quanto às circunstâncias, não observo qualquer fato relevante para
amparar a majoração da pena, porque não se valeu o réu de situação especial que
mereça maior reprovação e exceda as do próprio tipo incriminador.
•
:. *~ Os antecedentes não lhe são desfavoráveis, porquanto não consta
qualquer condenação criminal definitiva anterior que configure causa agravante da
reincidência, única forma de interpretar tal dispositivo em consonância com o princípio
constitucional da não-culpabilidade.
Quanto às demais circunstâncias judiciais, conduta social e
personalidade, dada a extrema abstração desses conceitos e considerando que
estamos submetidos a um sistema de direito penaldo fato, em oposição ao famigerado
direito penal do autor, não há como aferi-las, quiçá para prejudicar o réu.
No que tange às conseqüências do delito, considerando^q-ue não
Pág. 14de 17
tribunal poder judiciário /V-S?Cí^%%r <-. "A
de justiça Comarca de Turvânia £ x-J £\"de estado ae goüs Gabinete FIA*-— -
houve ressarcimento do prejuízo experimentado pela vítima do roubo, agravoa pena
em 06 (seis) meses.
Os motivos, que podem ser reconhecidos como favoráveis ol
desfavoráveis ao denunciado na aplicação da pena, são, por um lado, inerentes ao tipe
e, de outro, não há notícias de qualquer justificativa para o delito, respectivamente.
Portanto, mantenho a pena.
\- . > O comportamento da vítima em nada contribuiu para a consecução
do delito.
Fixo, assim, a pena-base em 3 (três) anos e 6 (seis) meses de
reclusão.
Ausentes quaisquer agravantes e presente a atenuante da confissão
espontânea, reduzo a pena em 06 (seis) meses.
Ausentes, também, causas de aumento ou de diminuição, em especial
pela não comprovação da tese de arrependimento posterior, torno definitiva a pena
* r-V •--' em 03 (três) anos de reclusão.
Atenta ao disposto no art. 33, §2°, alínea c, e remetendo-me aos
argumentos já expendidos quando da análise da fixação da pena-base (CP, art. 59), FTXO
•=? O REGIME ABERTO para inicial cumprimento da pena.
I•—
I Considerando, ainda, que o dispositivo penal impõe também
I reprimenda de multa, condeno o réu ao pagamento de dez (10) dias-multa, arbitrados
em 1/30 do salário-mínimo vigente ao tempo do fato e devidamente atualizado.
Considerando o disposto no art. 44, § 2o do Código Penal,/j5artè final,
Pág. 15 de 17JJ,-./^ %/<&*&»
,.
c.
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca de Turvâniado estndo do goiás Gabinete
te
\
V
v\
;
estando presentes os pressupostos objetivos e subjetivos mencionados no referido
dispositivo legal, substituo a pena privativa de liberdade imposta ao acusado, pelas
penas restritivas de direitos consistentes na prestação de serviços à comunidade e
interdição temporária de direitos, nos termos do art. 46 e 47, inciso IV, do Código Penal.
A prestação de serviços à comunidade dar-se-á junto à entidade
pública, devendo ser as tarefas atribuídas conforme as aptidões do condenado, à razão
de uma hora de tarefa por dia de condenação, fixadas de modo a não prejudicar a
jornada normal de trabalho, conforme disposto no art. 46 e §3°, do Código Penal.
A interdição temporária de direitos consistirá na proibição ao
condenado de freqüentar bares, casas de jogos, prostíbulos e congêneres, conforme
dispõe o art. 47, inciso IV, do Código Penal, pelo tempo de duração da pena.
Condeno ainda o acusado a arcar com as custas do processo.
Após o trânsito em julgado desta sentença, determino as seguintes
providências: a) Seja lançado o nome do réu condenado no rol dos culpados; b) Seja
comunicado ao Tribunal Regional Eleitoral para fins de comando da fase, registrando a
suspensão dos seus direitos políticos, nos termos do artigo 15, III, da Constituição
Federal e da Súmula 09 do Tribunal Superior Eleitoral; c) Igualmente seja oficiado ao
Instituto Nacional de Identificação para as anotações devidas.
| Considerando o nível do trabalho desenvolvido pelo. Defensor Dativo,
| fixo os honorários ao Dr. José Donizete Carneiro Júnior, OAB/GO n° 33.634, em 04
1(quatro) UHD's, a serem pagos pelo Estado na forma da Lei.
Expeça-se certidão, após o trânsito em julgado.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se, pessoalmente, o representante do
- -• .*. ...Pág. 16 de 17
v~>
IdBI
ST
í>
1
tribunal poder judiciáriode justiça Comarca deTurvâniado estado se goiás Gabinete
TuD/ânia723~cle setembro de-2013.Ç}ik*
&**tL*
Luciana Nascimento Silva
Juíza de Direito, em substituição automática
Pág. 17 de 17-..-—-.
\ nx
x OráS
Ministério Público, o advogado de defesa e o acusado, nessa ordem, na forma do ai
390 e seguintes do Código de Processo Penal.