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Jennifer é uma grande comunicadora! Meu desejo é que todas as mulheres possam ler Garota Perfeita para ajudá-las a serem bastante cautelosas com o que sonham. E toda mulher madura que lê esse livro certamente será encorajada a ficar satisfeita com quem é e com a sua aparência. –Stephen Arterburn Fundador e Presidente, New Life Ministries Toda mulher lida com o desejo de ser “perfeita” e com as inseguranças que aparecem quando percebem que nunca poderão se comparar com aquela ima- gem perfeita projetada em nossa mente. Honestamente, Jennifer Strickland nos leva à sua jornada pelo mundo das grandes modelos. Enquanto eu lia o livro, o meu coração se quebrantava pela Jennifer de dezessete anos, à medida que ela enfrentava situações que nenhuma adolescente deveria enfrentar. Assim que eu terminei de ler esse livro, eu procurei a minha filha adolescente e a lembrei de que é linda... do jeito que ela é. Obrigado Jennifer, por ter investido seu tempo e tido coragem para escrever este livro tão importante. Ele poderá salvar inú- meras vidas! –Holly Wagner Fundador, Godchicks Conferences Esse é um dos livros mais honestos e autênticos que eu já li. A vida de Jennifer é um milagre, e a sua mensagem é convincente. A primeira coisa que eu fiz após ler o livro foi entregá-lo às minhas três filhas. Eu recomendo o livro e a minha amiga Jennifer Strickland. –Jim Burns, PHD Presidente, Homeword O livro Garota Perfeita, de Jennifer Strickland, irradia uma luz forte nas trevas do mundo da moda. A história de Jen como uma jovem fascinada pela foto- grafia e pela carreira de modelo abriu os meus olhos para a realidade da vida de muitas garotas que vemos nas revistas e nos outdoors. Eu recomendo que toda garota leia este livro. Aprenda com as experiências de Jen – sucessos e erros – e leia o que ela passou a pensar sobre beleza, “perfeição”, sobre o fato de lidar com expectativas e exigências elevadas, e sobre a experiência da verdadeira liberdade. –Becky Baumgartner Presidente, Friends of Bethany Hamilton Foundation Jennifer escreve com bastante honestidade sobre a sua jornada em um mundo no qual o valor é determinado pela aparência. A garota na foto era bonita, mas o preço era uma alma vazia, oca. Bem no seu interior, sentada à mesa, ela sus- surra a palavra “Deus” e é apresentada Àquele que pode amá-la profundamente e libertá-la da “perfeição”. Poucos viverão no mundo em que ela viveu, mas

Garota Perfeita

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  • Jennifer uma grande comunicadora! Meu desejo que todas as mulheres possam ler Garota Perfeita para ajud-las a serem bastante cautelosas com o que sonham. E toda mulher madura que l esse livro certamente ser encorajada a ficar satisfeita com quem e com a sua aparncia.

    Stephen ArterburnFundador e Presidente, New Life Ministries

    Toda mulher lida com o desejo de ser perfeita e com as inseguranas que aparecem quando percebem que nunca podero se comparar com aquela ima-gem perfeita projetada em nossa mente. Honestamente, Jennifer Strickland nos leva sua jornada pelo mundo das grandes modelos. Enquanto eu lia o livro, o meu corao se quebrantava pela Jennifer de dezessete anos, medida que ela enfrentava situaes que nenhuma adolescente deveria enfrentar. Assim que eu terminei de ler esse livro, eu procurei a minha filha adolescente e a lembrei de que linda... do jeito que ela . Obrigado Jennifer, por ter investido seu tempo e tido coragem para escrever este livro to importante. Ele poder salvar in-meras vidas!

    Holly WagnerFundador, Godchicks Conferences

    Esse um dos livros mais honestos e autnticos que eu j li. A vida de Jennifer um milagre, e a sua mensagem convincente. A primeira coisa que eu fiz aps ler o livro foi entreg-lo s minhas trs filhas. Eu recomendo o livro e a minha amiga Jennifer Strickland.

    Jim Burns, PHDPresidente, Homeword

    O livro Garota Perfeita, de Jennifer Strickland, irradia uma luz forte nas trevas do mundo da moda. A histria de Jen como uma jovem fascinada pela foto-grafia e pela carreira de modelo abriu os meus olhos para a realidade da vida de muitas garotas que vemos nas revistas e nos outdoors. Eu recomendo que toda garota leia este livro. Aprenda com as experincias de Jen sucessos e erros e leia o que ela passou a pensar sobre beleza, perfeio, sobre o fato de lidar com expectativas e exigncias elevadas, e sobre a experincia da verdadeira liberdade.

    Becky BaumgartnerPresidente, Friends of Bethany Hamilton Foundation

    Jennifer escreve com bastante honestidade sobre a sua jornada em um mundo no qual o valor determinado pela aparncia. A garota na foto era bonita, mas o preo era uma alma vazia, oca. Bem no seu interior, sentada mesa, ela sus-surra a palavra Deus e apresentada quele que pode am-la profundamente e libert-la da perfeio. Poucos vivero no mundo em que ela viveu, mas

  • muitos precisam ouvir a sua mensagem, sobre a tragdia de ser capturada na busca pela aparncia e de perder o lugar onde a verdadeira vida, alegria e paixo realmente repousam.

    Nancy OrtbergAntiga Professora de Escola Bblica, Willow Creek Community

    Church

    Garota Perfeita a viagem de uma garota pelas promessas vazias da perfeio feminina e por uma vida de liberdade, alegria e esperana abundantes.

    Allie Marie SmithFundadora, Wonderfully Made

    Uma histria sincera, terna e poderosa! A voz de Jennifer fisgou meu corao e eu no consegui me separar do livro at termin-lo. Se voc deseja ser a garota que Deus criou, dentro dessas pginas voc encontrar um mapa em direo terra da liberdade. Voc tambm pode se libertar, ser curada e surfar nas ondas dos seus sonhos! Jennifer uma luz que irradia coragem e graa, um exemplo para mulheres de todas as idades.

    Christina DimariAutora, Ocean Star

    Garota Perfeita uma leitura inspiradora. Atravs das experincias absurdas e desagradveis de Jennifer na bela indstria da moda, ela compartilha o quanto essa indstria a deixou vulnervel e vazia, e que somente o Senhor pode preen-cher o vazio em nossas vidas e curar nossos coraes. Ela nos ensina que Deus criou cada garota de maneira nica, e que se no somos perfeitas aos olhos do mundo, somos perfeitas aos olhos de Deus. Eu amo a maneira como a Jennifer tece a sabedoria dos versos da Bblia em cada captulo desse livro. Este um livro maravilhoso para todas as garotas.

    Shannon McIntyreApresentadora de TV, On Surfari

  • Todos os direitos em lngua portuguesa reservados por:

    2010, BV Films Editora Ltdae-mail: [email protected] Visconde de Itabora, 311 Centro Niteri RJCEP: 24.030-090 Tel.: 21-2127-2600www.bvfilms.com.br / www.bvmusic.com.br

    expressamente proibida a reproduo deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito.

    Garota PerfeitaOriginalmente publicado em ingls por Excel BooksA Strang Company600 Rinehart RoadLake Mary, Florida, 32746 www.strangdirect.com

    Diretor de Arte: Bill JohnsonArte da capa: Amanda PotterFotos: Mike Blanchot

    Copyright 2008 by Jennifer StricklandGirl PerfectAll Rights ReservedTranslated and used by permission of Strang Communications Company

    Editor Responsvel: Claudio RodriguesCoeditor: Thiago RodriguesDiagramao: Cora FigueiredoTraduo: Daiane Rosa Ribeiro de OliveiraReviso de Texto: Mitsue Siqueira da Silva Stella Rodrigues Rosemberg Ariana Ftima Chrisostomo Baptista ISBN 978-85-61411-49-71 edio Novembro/2010Impresso: PromoveClassificao: Vida Crist/Testemunho

    Available in other languages from Strang Communications, 600 Rinehart Road, Lake Mary, FL 32746 USA, Fax Number 407-333-7100 www.strang.com

    Impresso no Brasil

  • Para Shane,Porque voc acreditou que eu era capaz.

    Eu amo voc, sempre e para sempre.

  • A g r a d e c i m e n t o s

    Eu nunca acreditei que ns passamos sozinhos pela vida. Mas nos momentos mais solitrios da minha vida, eu no fazia ideia de que Deus estava ali comigo. Pai, muito obrigada pelo infinito amor que o Senhor me revelou atravs do Seu Filho. Jesus, obrigada por morrer por mim, por me salvar e me libertar. Eu amo o Senhor alm dos limites do meu corao e mal posso esperar para v-lO um dia, face a face.Mame e papai: se no fosse pelo fato de vocs me deixarem livre nes-te mundo, eu nunca descobriria o verdadeiro significado da liberdade. Obrigada pelo apoio incondicional, mesmo quando foi difcil ouvir-me falando a verdade. A grande coragem de vocs tocar e transformar vidas alm dos nossos sonhos mais extravagantes! Obrigada do fundo do meu corao.Linda e Larry: quando me casei com Shane, sabia que estava adquirin-do uma joia; mas no sabia que por trs dele havia um grande tesouro. A f de vocs sempre foi o meu farol, minha rocha e meu refgio. Sou extremamente agradecida pelo amor sacrificial de vocs, pelas incont-veis horas investidas em ns e em nossos filhos, e pela certeza de que Deus me chamou para ser uma voz para Ele. Sem vocs, isso no seria possvel. Obrigada.

    Olivia e Zach: a mame ama vocs com um amor eterno. Sejam fortes e corajosos. Nunca fiquem com medo de compartilhar suas fra-quezas, para que a fora de Deus brilhe atravs de vocs. Lembrem-se, no h condenao para aqueles que esto em Cristo Jesus. Pela alegria presente em Jesus, Ele aguentou a cruz. Vocs, meus queridos filhos, so a alegria. Vocs so a minha alegria.

    Meu irmo, Greg: nos momentos mais escuros da minha vida, foi a lembrana da gente enquanto criana que me fez acreditar que a garoti-nha encontraria o caminho de volta para casa.

    vi

  • Kristen e Kelly: obrigada por confiarem em Deus e em mim. Jean e Bob: obrigada por me conduzirem em orao. Ele respondeu

    alm do que poderamos imaginar.Tricia, Arielle e Jill: a amizade de vocs carrega a marca da verdade;

    quando eu me desviei, vocs sempre foram fiis. Que lindo exemplo de amor vocs so.

    Stacy: de uma garota perfeita para outra, este livro para voc, irm. Greg Johnson: voc meu produtor, mas, acima de tudo, meu he-

    ri por acreditar em uma nova escritora e uma nova voz em uma nova gerao. Voc tambm acreditou que eu era capaz. Obrigada pela sua coragem!

    Lori e Jim Kennedy: obrigada por tudo o que vocs fizeram para tirar esse projeto do papel e visualiz-lo.

    Kristen Smith, Megan Carter, Wendy Sylvester, Lori Kennedy e Ka-tie Hickey: amigas iguais a vocs no existem.

    Ao meu grupo de orao: vocs foram ouvidos! Obrigada.Caris, Rashelle e o nosso grupo Tenha Amigas Verdadeiras: vocs

    me inspiraram a acreditar que a mudana contnua e a f so verdadei-ramente possveis para a gerao de vocs. Obrigada!

    Para Debbie Marrie, Donna Hilton, Deborah Moss e Brba-ra Dycus minhas irms em Cristo que derramaram seus coraes na realizao desse projeto: obrigada por utilizarem o dom de vo-cs para ajudar a realizar os sonhos de uma jovem garota; e para to-dos da Strang: vocs so inspirao para aqueles que temem ou-vir o Esprito por medo do que pode acontecer! Bravo! Bravo!

    Finalmente, ao Shane o meu prncipe nesta Terra, que veio mon-tado em um cavalo feroz: obrigada por sempre lembrar-me de viver a minha mensagem e caminhar em humildade e graa. No h outro lugar que eu mais ame estar do que em seus braos. Voc um instrumento vivo do amor de Deus em minha vida.

    vii

  • N o t a d o A u t o r

    Todos os acontecimentos descritos nesse livro so verdadeiros. Al-gumas identidades foram mudadas para proteger a privacidade das pessoas envolvidas. Os fotgrafos escolhidos para apresentar fotos para esse livro no

    esto, de maneira alguma, relacionados aos fotgrafos que me trataram com mediocridade enquanto eu era modelo. Eu decidi no pedir per-misso para utilizar as fotos de fotgrafos que, de alguma maneira, me desrespeitaram. Ao invs disso, os fotgrafos cujos nomes aparecem nos crditos da sesso de fotos foram profissionais, pessoas honestas que me trataram com muito respeito.

    Agradeo em especial a Giorgio Armani, Tombolini, NafNaf, Vo-gue italiana, Bella, Jordache, Sergio Caminata, Marco Glaviano, Fabio Coppi, Zee Wendell, Jim Bonner e Tony Aquilano, os quais, sem reser-vas, apoiaram meus esforos de ajudar jovens mulheres.

    viii

  • n d i c e

    Prefcio por Stephen Arterburn ...............................................xiIntroduo ..................................................................................i

    1 A Afirmao Perfeita ..........................................................9 Garotos e Sexualidade

    2 A Aceitao Perfeita ........................................................35 Garotas, Inveja e o Jogo da Comparao

    3 A Imagem Perfeita ...........................................................57 Tornando-se Real

    4 O Corpo Perfeito ..................................................................79 Distrbio Alimentar, Insatisfao e Luta por Controle

    5 A Aparncia Perfeita ......................................................101 Moda, Orgulho e a Verdadeira Beleza

    6 O Sonho Perfeito ...........................................................121 Dinheiro e Sucesso

    7 A Fuga Perfeita ..............................................................151 Solido, Drogas e Suicdio

    8 O Caminho Perfeito .......................................................173 O Caminho Largo e o Caminho Estreito

    9 A Satisfao Perfeita ......................................................195 O caminho para a Cura

    10 A Liberdade Perfeita .....................................................213 Um Lindo Mosaico

    Notas ..................................................................................225Apndice: Linha do Tempo da Carreira de Modelo de Jennifer Strickland ............................................................................226

  • Deixou, pois, a mulher o seu cntaro, e foi cidade, e disse queles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Porventura no este o Cristo? E muitos dos samaritanos daquela cidade creram nele, pela palavra da mulher, que testificou: Disse-me tudo quanto tenho feito.

    Joo 4:28-29, 39

  • P re f c i o

    Aps ter contribudo para o livro Every Young Womans Battle [A Batalha de Toda Jovem] com Shannon Ethridge, eu entendo melhor do que nunca que a nossa cultura traou uma armadi-lha para a sua gerao de jovens meninas.

    Para muitas sentirem a aprovao que desejam, preciso, de alguma maneira, alcanar um alvo irreal de perfeio. Uma vez que perfeio um ideal inalcansvel, voc est destinada ao fracasso. Enquanto to-dos ns ansiamos ser amados e aceitos por quem realmente somos, sua gerao est presa a padres que as rejeitam por causa das suas imper-feies, corroendo ento o precioso valor de Deus que somente Ele pode dar.

    Distrbios alimentares, depresso, suicdio, drogas, ficadas cada vez mais frequentes e dio por si mesmas so apenas alguns sintomas reve-ladores que essas garotas voc ou suas amigas esto sofrendo com uma cultura que exige que sejam algo que nunca foram criadas para ser: impecveis.

    A mdia, claro, inunda voc com imagens de corpos perfeitos, ten-tando enganar severamente a quem puder com a crena de que a per-feio possvel e de que a beleza exterior se iguala a satisfao interior. Photoshop, aplicaes de Botox e cirurgias plsticas fazem a garota normal, com aparncia real, se sentir menos bonita e, portanto, menos capaz de ser amada. Muitas garotas inconscientemente desejam que um mundo cruel satisfaa o simples desejo do amor incon-dicional... apenas para ter em troca um coro de vozes de condenao ou um silncio mortal.

    Garota Perfeita chega no momento em que as garotas mais precisam. Ele reconhece e simpatiza com os anseios do corao de toda garota: anseios de serem valorizadas e aceitas mais que seus corpos, e desejos

    xi

  • Garota Perfeitaxii

    profundos pela aceitao perfeita, pela imagem perfeita, pelo sonho per-feito. Este um livro que veio na hora certa: a ex-modelo profissional Jennifer Strickland, desvela as armadilhas que a nossa cultura est lan-ando nas garotas.

    De uma vez por todas, ela rompe as iluses dessa gerao sobre bele-za e satisfao medida que descreve com detalhes agonizantes a mis-ria gerada com o fato de ser uma garota imperfeita em um mundo que exigiu dela nada menos que perfeio. Ao expor o dio por si mesma por detrs das mscaras que ela vestia, ela revela o corao de Deus para todas as garotas aprisionadas por padres que no podem alcanar.

    Essa gerao precisa ouvir de algum que j esteve l! Ao finalmente dar voz s faces da perfeio que encontrada nas revistas, Jennifer abafa as vozes com o trovo ressoante da verdade de Deus: a melhor escolha que as garotas tm buscar se libertar das correntes que as pren-dem. Como observa Jennifer, a liberdade possvel na Terra, mas a per-feio reservada apenas para o cu.

    Este livro visa jogar uma nova luz em uma antiga questo: todos necessitamos do amor. Mais do que precisar de um corpo perfeito, ou de uma aparncia perfeita, ou da imagem perfeita, precisamos do amor perfeito. Afinal, o amor a nica coisa que durar para sempre; ele , nas palavras de Jennifer, a nica perfeio que encontraremos.

    Voc ou algum que conhece precisa, no apenas ler este livro, mas verdadeiramente guard-lo no corao e no esprito. Eu oro para que ele ilumine verdades que voc ainda desconhece.

    Stephen ArterburnApresentador de new Life Live!

  • I n t ro d u o

    Alguma de vocs sente-se pressionada a ser perfeita? Pergunto para uma sala repleta de garotas com semblantes curiosos. Den-tre as vinte e cinco garotas, vinte e trs levantam suas mos. Te-nho vontade de chorar. Sinto vontade de gritar. Tenho vontade de bater os ps e cortar os pulsos. Ao invs disso, entro em uma turbulncia em meus pensamentos ao pensar como a expectativa de ser perfeito ab-solutamente ridcula, e como todas precisam livrar-se dessa fria, agora!

    Descobri ento, que deveria escrever um livro sobre a busca da per-feio, para falar intimamente com essa gerao sobre isso. Eu sabia que era preciso fazer isso, sim. Mas eu nunca senti essa vontade do fundo do meu corao at o momento em que vi a face dessas garotas. Rostos amveis e sem rugas, com olhos largos, inquisitivos, e s vezes cortantes, e suas mos, erguidas, buscando.

    Como assim? Eu perguntei.Assim como as garotas da escola, que sabem todas as respostas corre-

    tas, elas mal podem esperar para serem novamente chamadas. A presso vem da mame, do papai, das notas, esportes, aparncia, sucesso, conquis-tas, do seu prprio corpo, da f delas, e essa presso tem deixado algumas delas enlouquecidas. Parece que elas tm duas escolhas: ou internalizam e lutam contra isso, ou fogem completamente desse propsito.

    Entretanto, presas na armadilha dos corpos adolescentes, elas preci-sam viver neste mundo elas tm escolas, famlias e o futuro diante de-las. Ento a presso a realidade delas. Assim como quando colocamos excesso de presso em qualquer coisa, a impresso que temos a de que tal coisa vai explodir.

    E se explodir, haver vazamento e rachaduras. Haver lgrimas. Haver gritos. Haver gemidos. As mscaras cairo

    e a verdade vir a tona sendo verdade que, elas so imperfeitas e an-seiam ser amadas como so.

    1

  • 2 Garota Perfeita

    Este livro, garotas, para vocs. a maneira que encontrei de prote-ger vocs enquanto permitem que tudo acontea. a maneira encontra-da de dizer a vocs que a liberdade possvel como eu me libertei da perfeio, verdadeiramente na esperana de que vocs permitam que Deus desfaa as cadeias que lhes aprisionam.

    Quando ainda uma garotinha, repousando sob o cobertor de madrugada, meus olhos tremiam abertos e fixos nos trabalhos de mscaras pendura-dos sobre a janela do lado oposto minha cama. Em todo lugar que eu ia quando criana, queria comprar uma mscara para levar pra casa para acrescentar minha coleo. Eu adorava a perfeio de suas macias fa-ces de porcelana, lgrimas desenhadas em bochechas levemente coradas, lbios pressionados e congelados no tempo. Quando as minhas amigas iam passar a noite comigo, todos aqueles olhos vazios encarando-as as assustavam demais. Essas coisas so assustadoras, elas diziam. Mas eu no achava; eu adorava as minhas mscaras. Eu as achava perfeitas, apa-rncias imutveis que eram... lindas.

    Desde quando eu era apenas uma garotinha, saltando e rolando so-bre a grama verde esmeralda que servia de cobertor gigante para o nosso jardim, sou fascinada pela perfeio. Eu adorava me esconder nos tron-cos arqueados dos grandes carvalhos, brincar no riacho que corria atrs da margem do nosso gramado e assistir o sol refletir na gua como se existissem diamantes derramados sobre as rochas. Eu costumava deitar na grama quente, que fazia ccegas, e olhar para a silhueta das folhas do carvalho contra o cu incandescente. E, mesmo que eu soubesse que no devia, eu sempre tentava olhar diretamente para o sol apenas por um momento para que pudesse ver a luz brilhando com toda a sua fora.

    A minha me diz que eu sempre quis as coisas perfeitamente ajus-tadas roupas ntimas cuidadosamente dobradas nas gavetas e sapatos alinhados no guarda-roupa. Eu queria cada fio de cabelo no lugar e fazia

  • Introduo 3

    bico se no estivessem. Na escola, eu gostava de 10 e no de 9,5 ou 9,8, e era capaz de ter ataques de choro se eu no alcanasse o que esperava.

    Assim como muitas garotas, eu gostava da ideia de ser amada. Eu queria que os garotos gostassem de mim, que as meninas fossem mi-nhas amigas e que meus pais e professores me aprovassem. No fundo do meu corao, eu queria o que toda garota nesse mundo quer: paz, amor e felicidade. Minhas melhores amigas e eu costumvamos colocar os smbolos dessas palavras em nossas anotaes, armrios e capas de livro: smbolos de paz, coraes e smiles. Era tudo o que queramos da vida. Eu mal sabia que iria cruzar o globo em busca desses ideais em um mundo que no podia me proporcionar o que eu buscava. S depois desse mun-do me esmagar, me estapiar e fazer com que eu alcanasse o fundo de mim mesma, que eu descobri que paz, amor e felicidade estavam, todo esse tempo, bem ao meu alcance; eles estavam bem ali, no meu jardim.

    A caminho da concluso do Ensino Fundamental, eu era esquisita da cabea aos ps. Os meus longos braos e pernas ficavam no caminho enquanto eu corria e brincava. Eu usava um aparelho grande e grosso ligado a um arco que agarrava no meu cabelo crespo, que crescia a cada minuto mais parecido com um ninho de passarinho. Para completar, eu quebrei os dois cotovelos quando ca do alto do nosso trailer, enquanto brincava de As Panteras, ento eu tive que ir escola usando faixas e ataduras duplas. Vamos apenas dizer que ningum me achava uma gracinha!

    Como eu era um tanto estabanada, a minha me tentou de tudo para me ajudar a ganhar equilbrio dana, sapateado, bal, tudo o que eu detestava e o meu pai tentou softbol, mas eu no conseguia acertar ou pegar, de jeito nenhum, uma bola sequer que vinha em minha direo, ento isso no tinha graa para mim. Por fim, a minha me ouviu falar de um cursinho de modelo em uma escola bastante charmosa em nossa regio e me matriculou. Para a supresa de ns duas, eu amei!

    Com o tempo, tirei o aparelho, meu cabelo cresceu e eu fiquei mais alta. A escola de modelo se tornou um mundo no qual eu me encaixava um lugar onde eu descobri algo em que era boa. Eu treinava postura,

  • 4 Garota Perfeita

    eu caminhava sobre uma rampa com uma lista telefnica na cabea, tinha aulas de maquiagem e at de ficar em p como um manequim em uma vitrine. Nos anos seguintes, enquanto as minhas amigas se preocu-pavam com a liderana de torcidas, aulas de dana e torneios de vlei, eu ia para as aulas de modelo, castings e ensaios fotogrficos.

    Aos dezessete anos, eu fiquei com o corao partido por causa de um amor de escola que havia terminado, me sentindo rejeitada e odiada por muitos no colgio, desejando apenas sumir. Parece que o meu ticket para a liberdade veio quando eu recebi um contrato de modelo de uma agente mundialmente reconhecida, Nina Blanchard, e uma bolsa para a Universidade da Califrnia do Sul. Certamente o futuro seria promissor e eu no encontraria problemas em conciliar a escola e a carreira de modelo. Eu viajei para a Europa na semana seguinte formatura do Ensino Mdio. Eu estava com dezessete anos e sozinha em Hamburgo, Alemanha. Eu no queria voltar para a faculdade; eu queria ir Paris, Nova York e Milo com as outras modelos, em busca do meu sonho.

    Mas durante algumas ligaes chorosas para meu irmo e minha agente, eu decidi voltar para casa. Os quatro anos seguintes foram um furaco trabalhando na Europa durante o vero, morando na Alema-nha, Paris, Grcia, Austrlia e Milo; e ento voltando Los Angeles para estudar durante o outono, gravar comerciais de TV, campanhas pu-blicitrias, catlogos e aulas. Eu cresci rapidamente.

    Eu vivia em um mundo que se baseava na perfeio. Se eu no estivesse perseguindo a perfeita aceitao das pessoas na indstria de modelos, eu estava buscando a completa aceitao das pessoas na facul-dade. Quando eu no buscava o corpo perfeito para a empresa, eu estava buscando a nota perfeita, a redao perfeita ou a classificao perfeita.

    Sem perceber, eu passei os prximos dez anos buscando essa perfei-o que tanto me atraa quando eu era criana, como se ela fosse trazer a satisfao que eu desejava. Acreditando nas mentiras sobre beleza, amor e felicidade que o mundo conta para as mulheres, eu sa em busca da perfeio at ela quase me matar: o tamanho perfeito, a forma perfeita, a imagem perfeita, a aparncia perfeita, a aluna perfeita, a filha perfeita, o

  • Introduo 5

    caminho perfeito, a fuga perfeita. Mais tarde, mesmo aps abandonar a carreira de modelo aos trinta e trs anos, eu tentei ser uma crist perfei-ta. E isso resultou em querer ser uma esposa perfeita que administrava uma casa perfeita, at que isso tambm quase me destruiu. Somente aps dez anos vivendo uma vida de f que eu finalmente percebi isso. Aqui no o den no h perfeio aqui.

    A perfeio existe apenas no cu. Ao nos render a essa verdade, po-demos encontrar liberdade aqui na Terra, liberdade das mentiras que nos levam a crer que somos menos, porque somos todos menos perfeitos.

    Nenhuma vez, em todos os meus anos de modelo, eu senti que pode-ria alcanar os padres do mundo ao meu redor. Eu tambm nunca me senti essa pessoa perfeita que a carreira exigia de mim o tipo de garota que sempre aparentava estar bem por fora, independente de como ela se sentisse por dentro. Esse nunca foi o meu ponto forte. Meu rosto ge-ralmente entrega o modo como estou me sentindo, de tal modo que, al-gumas vezes, a minha expresso me colocou em situaes complicadas!

    Mas, a fim de comportar-me como modelo, eu precisei aprender a vestir as mscaras. E eu aprendi. Eu vesti muitas mscaras. Eu as ves-ti to bem que nem os meus prprios pais as percebiam. Quando eu abandonei a carreira e a indstria da moda, em busca de uma vida mais autntica, descobri que a minha me tinha um grande espao na parede da nossa casa, em que se encontravam fotos minhas fotos de ensaios fotogrficos, pginas de revistas, anncios e capas de revistas.

    Furiosa, eu exigi que ela retirasse todas aquelas fotos. Naturalmente, ela estava confusa; a exposio representava o orgulho que meus pais tinham da carreira da filha. Mas eu sabia algo que eles no sabiam aquelas fotos eram apenas mscaras, e as histrias por trs de algumas delas eram muito amargas at mesmo para retransmiti-las quela altura do campeonato.

    No auge da minha carreira, desfilando nas passarelas para Giorgio Armani, em Milo, eu percebi que por trs do verniz, eu havia me tor-nado uma concha vazia. Eu literalmente sa das luzes da passarela para a escurido da vida nos bastidores, e isso foi como uma venda retirada dos

  • 6 Garota Perfeita

    meus olhos. Pela primeira vez, eu pude ver claramente. Ao meu redor, os belos rostos e corpos esculpidos pareciam manter prisioneiros dentro deles. possvel que o vazio que eu via nas modelos a minha volta fosse apenas um reflexo do vazio existente em minha prpria alma, mas o importante que eu vi.

    Porm, eu no queria encarar essa situao; eu trabalhei duro para chegar aonde cheguei. Ento, o ritmo frentico da elite fashion se tor-nou meu prprio ritmo viajando de pas a pas, de emprego a emprego, de ensaios fotogrficos cadeira de maquiagem, academia, e ento o ciclo se iniciava mais uma vez. A minha vida girava continuamente em torno de si mesma, como se eu estivesse presa a um tornado do qual eu no conseguia escapar. Eu queria ser libertada de toda essa presso a presso de ser perfeita mas eu no fazia ideia de como sair e que dire-o tomar, ou a quem recorrer. Eu era uma prisioneira, e as correntes que me prendiam eram, na verdade, correntes reais que eu mesma coloquei em mim.

    Sem sada, a minha vida foi sugada to rapidamente, como em uma descarga, que eu nem percebi que isto estava acontecendo. Com o tem-po, esse redemoinho me atirou para fora. Quando eu aterrisei, todos os sentimentos de inadequao cavaram seu caminho para fora do meu corao e apareceram no meu rosto e no meu corpo. Eu no podia mais esconder o vazio interior.

    Foi nesta poca quando eu estava, como dizem, pele e osso, usando drogas, pensando em suicidar-me, completamente confusa e sozinha, que eu descobri um amor perfeito que preencheu as cavernas do meu corao. Esta foi a maior descoberta da minha vida: um amor que lavou todas as imperfeies. Este amor me levou de volta quele estgio ino-cente, quando eu no me importava com o que as pessoas iriam pensar, e eu passei a caminhar em liberdade. As correntes que entrelaavam minha alma foram quebradas continuamente, uma a uma. O amor me libertou.

    A leitura deste livro lhe proporciona um vislumbre do que, na reali-dade, foi a minha vida como modelo profissional. Porm, mais impor-tante do que dar a voc uma passagem para os bastidores do mundo da moda, eu desejo compartilhar as lies que aprendi pelo caminho. por

  • Introduo 7

    esta razo que voc perceber que cada captulo traz consigo um prin-cpio chave, e dentro desse captulo eu compartilho vrias experincias que me levaram a entender esse princpio e o papel que ele desempe-nhou em minha jornada rumo liberdade. Isso significa que as minhas histrias nem sempre so organizadas na ordem que aconteceram, ao invs disso, so agrupadas em relao ao tpico discutido em cada ca-ptulo. Uma linha do tempo de toda a minha carreira como modelo foi includa como apndice no final deste livro, e o meu desejo que ela seja uma ferramenta til durante a leitura deste livro.

    Apesar deste livro conter flashes da histria da minha carreira, na verdade, ele no sobre mim. Ele sobre voc aquela garota dentro de voc que certa vez caminhou com tanta liberdade ou, pelo menos, desejou caminhar. Ele diz respeito quela sua parte inocente que ainda deseja um pouco mais que paz, amor e felicidade. para voc que eu escrevo para a pequena garota dentro de voc que se encontra nesta jornada em busca da perfeio.

    Esteja voc em busca do amor perfeito, do corpo perfeito ou de uma sada perfeita, existe algo que nos une: todos ns sofremos para encon-trar aquilo que satisfar os desejos do nosso corao. E, l no ntimo, todos ns desejamos um vasto e feroz rio de amor, que flua em ns e atravs de ns, para nos conduzir por este tumultuado lugar chamado Terra.

    Somente aps as minhas mscaras perfeitas carem da parede da minha mente e se quebrarem em milhares de pedaos que Deus pde juntar em meu jovem corao, formando um mosaico ainda mais bonito do que antes. So os pedaos das minhas iluses perdidas que eu trago at voc nas pginas deste livro. E olhando para o mosaico que Deus criou usando os cacos do meu corao quebrado que eu creio que voc ser capaz de ver quem Ele originalmente nos criou para ser.

    Voc uma garota perfeita como eu? Uma garota que deseja um amor perfeito em um mundo imperfeito? Eu acredito que voc seja. Porque, como diz Jack London, todos ns somos feitos da mesma estrutura in-compreensvel, do mesmo p csmico e maravilha1. Sim, somos feitos da mesma matria, minha amiga. E desejamos a mesma liberdade. Eu

  • 8 Garota Perfeita

    convido voc a embarcar nessa jornada comigo, de mos dadas, como duas Dorothys na estrada para Oz. Essa estrada de tijolos amarelos pode contar com algumas deformaes, voltas, subidas, descidas e certamente um tornado ou dois, mas, com o tempo, nos conduzir de volta para casa, para o nosso jardim, onde existem tesouros esperando por ns... e onde , verdadeiramente, o nosso lugar.

  • C a p t u l o 1

    A AFIRMAO PERFEITA

    Garotos e Sexualidade

    lgumas vezes voc est absolutamente linda e outras vezes totalmente feia nunca no meio termo, diz o fotgrafo sem rodeios, o seu rosto

    escondido atrs de uma grande lente negra. Ele diz isso como se eu fosse um objeto, uma amostra que ele examina no laboratrio.

    Aps as fotos ele pede para eu abrir o roupo para que ele veja os meus seios.

    Isso no raro na Europa. Muitas vezes me pediram para expe-rimentar sutis e roupas ntimas em frente a um grupo de pessoas. E na Europa, garotas aparecem de topless na Vogue, Elle e Marie Claire, s para citar algumas revistas. Elas fazem topless na praia, por incrvel que parea. Ento, para eles, isso normal.

    Mas eu sou americana. Para mim, isso no normal; isso me deixa extremamente desconfortvel. Certamente, essa no foi a edu-cao que eu recebi, nem reflete a maneira como fotgrafos e agen-tes me tratam na minha terra natal. Porm, este o meu terceiro perodo de trabalho na Europa, ento eu estou acostumada a isso.

    Como eu sou estpida, eu abri o meu roupo. uma pena que eles sejam to pequenos, ele diz sarcasticamen-

    te enquanto eu amarro o meu roupo, j arrependida do que havia feito. Italianos gostam de mulheres com seios grandes.

    9

    A

  • 10 Garota Perfeita

    Eu recordo que a maioria dos fotgrafos com quem trabalho est simplesmente fazendo o seu trabalho. De dez fotgrafos, nove so legais, homens profissionais. Mas, medida que a fumaa do seu ci-garro preenche o ar, eu percebo que este cara no to legal.

    Lanando uma defesa incontestvel em minha mente, eu pen-so sobre como eu intencionalmente perdi peso antes de vir a Milo. Recm-formada na faculdade, eu estava finalmente livre para tra-balhar na Europa por quanto tempo eu quisesse, e eu queria muito estar nas passarelas. Eu precisava ser magra como um lpis, ento, o que eu podia fazer?

    Eu me afastei de tudo: comida, lcool, gordura, calorias. E todos os dias eu corria como uma louca na praia. E acho que at perdi a minha feminilidade l na praia, porque no havia restado muito de mim. No que isso importasse. Eu nunca fui o tipo de modelo de biquini mesmo nunca tive corpo para isso.

    Imediatamente, eu odeio o fotgrafo por ter falado comigo des-sa maneira. O que eu deveria ter feito era sair dali, mas eu no fiz. Eu simplesmente engoli, como vinha engolindo coisas por tantos anos, vestindo a mscara que diz: Eu sou forte, o que voc diz no significa nada para mim. Isso no tem impacto na maneira como me vejo.

    A verdade que eu me odeio tanto quanto o odeio. Eu me odeio por desejar tanto a aceitao a ponto de me expor a essa cobra. Eu me odeio porque o verdadeiro motivo de ter vindo nesse estdio foi simplesmente para fazer um ensaio fotogrfico, fazer belas fotos para uma revista popular local que deseja me usar no segmento de maquiagens deles sabe, aquelas fotos em que vemos uma garota la-vando o rosto, aplicando corretivo, fazendo as sobrancelhas, e coisas desse tipo. Sem dvida, eu no esperava que ele me pedisse para abrir meu roupo e me oferecesse maconha aps as fotos.

    Mais tarde, enquanto ele me leva para casa, debaixo de um tem-poral, em seu pequeno carro europeu deslizando pelas ruas, eu abro a janela.

  • A Perfeita Afirmao 11

    A sua maquiagem e o seu cabelo ficaro molhados, ele adverte. Eu no me importo, digo amargamente, colocando o meu rosto

    na direo do vento. Eu quero ficar molhada. Sinto-me suja. Estou drogada, com raiva e muito longe de casa.

    Ao voltar ao meu apartamento, eu tomo um banho escaldante, retirando furiosamente a minha maquiagem. medida que as gotas de gua caem sobre o meu pescoo e ombros cansados, eu inclino a minha cabea e deixo as lgrimas carem. Eu quero que a gua leve o que eu fiz. Eu quero lavar essa nvoa que esmaga a minha cabea. Porm, mais do que tudo, eu quero que a gua leve as suas palavras embora: Algumas vezes linda... outras feia... uma pena que sejam to pequenos.

    Mal sabia eu que essas palavras iriam se enraizar to profunda-mente em meu corao que eu me sentiria como uma imbecil todas as vezes que as roupas no se adequassem ao meu corpo. Constante-mente eu sentiria medo de parecer feia se eu pegasse o caminho erra-do, e acabaria indo de pessoa a pessoa em Milo, para buscar aquele sinal de aprovao que eu acreditava que iria me afirmar.

    Por enquanto, em p sob as gotas do banho quente, eu tentava fazer com que a gua levasse tudo aquilo embora. De forma que eu pudesse levantar no dia seguinte, vestir a mscara novamente, e fingir que as coisas que ele disse sobre mim no me incomodavam nem um pouco.

    O Que Realmente Desejamos

    Afirmao: validar, confirmar; declarar positivamente; afirmar, expressar dedicao a.

    O mundo nos diz que a nossa afirmao vem dos homens. Se um homem diz que voc bonita, ento voc . Se um cara diz que voc inteligente, ento voc . Se ele est atrado por voc, ento voc vale a pena. Voc validada. Por outro lado, se um homem diz que voc no o tipo de garota com quem se marca

  • 12 Garota Perfeita

    um encontro, ou que voc feia, estpida ou detestvel, ento nisso que voc vai acreditar.

    Por que no dizer at mesmo que o mundo exige que os nos-sos valores venham da nossa capacidade de seduzir? Em outras palavras, se somos sexualmente atraentes, somos tudo. Somos explosivas. Se no somos, ento no valemos muito.

    fato que em nossa sociedade, as nossas garotas se sentem pressiona-das a parecerem mais velhas e sexualmente atraentes. A primeira vez que senti isso, eu tinha apenas dez anos de idade. Eu cheguei ao hotel, segurando a mo da minha tia. Quando eu analisei a piscina, repleta de modelos com longas pernas, que usavam salto alto e biquinis, fotgra-fos bajulando-as, imediatamente me senti inadequada. Os biqunis das modelos eram preenchidos por quadris bem alinhados e arredondados. medida que elas saam da gua, pequenas gotas se aderiam sua pele oleosa e bronzeada. Elas eram to artificiais, to mulheres.

    Mas o fotgrafo no parecia preocupado com o fato de eu ser uma criana. Primeiro, ele me colocou em frente a uma cascata, posando com um leo gigante de pelcia. Mas quando ele tirou o animal e eu fiquei de p, usando o meu traje de banho com estampa de arco-ris que se es-ticava ao redor do meu peito liso como uma panqueca, eu de repente me senti constrangida pelos finos pelos brancos em minhas pernas, pelo meu corpo de menina e a minha incapacidade de ser sexualmente atraente.

    Mais tarde, ele me fez escalar uma rvore e olhar para baixo em direo cmera para um close-up. Maravilhosa!, ele exclamou. Voc parece ter dezoito anos nessa foto! Perfeito, perfeito. Ento, click, click, click e desligou a cmera.

    E foi assim. Eles iriam me aplaudir quando eu parecesse uma mulher, quando eu fosse sexualmente atraente, mais velha do que era, e quando eu fosse algo que, no momento, realmente no era.

    Voc pode no ter estado em frente a uma cmera como eu estive, mas provavelmente voc experimentou sentimentos de constrangimen-

  • A Perfeita Afirmao 13

    to semelhantes a este, quando se comparou a garotas fisicamente mais maduras ou a jovens mulheres. um fato da vida que as garotas s so validadas se parecerem mais velhas do que so pelo menos at alcanar-mos os trinta anos, quando a sociedade comea a nos dizer que devemos parecer mais jovens! Mas, deixando isso de lado, quando se trata de ga-rotas, o mundo tende a estar com pressa de transform-las em mulheres.

    Em resposta, medida que as garotas que respondem ao mundo em que vivemos, buscando validao e famintas por afirmao, ns temos pressa de ganhar curvas, de menstruar, de nos tornarmos adorveis e prontas para nos tornarmos namorveis e desejveis. Depois, devemos nos casar, ter filhos, ter a casa mais bonita, e a lista continua crescendo. Por qu? Porque queremos ser rotuladas como boas o suficiente, belas, ou melhor, perfeitas.

    No fundo eu era apenas uma colegial que

    desejava ser aplaudida, ouvir algum di-

    zer que fiz um bom trabalho ou que me

    amava!

    Uma Rpida Palavra a Respeito dos Meus Pais

    Antes de me aprofundar nessas histrias, preciso fazer uma ressalva a respeito dos meus pais que permanecem em todo o livro: eles sabiam muito pouco do que verdadeiramente acontecia por trs das cenas na indstria de modelos. Havia trs razes para isso:

    Primeiro, eles eram ingnuos e ignorantes sobre o negcio; segundo, eles negavam eles no queriam acreditar que algum poderia tentar tirar

  • 14 Garota Perfeita

    proveito da menininha deles ento, eles no perguntavam pelos deta-lhes. Eles consideravam as minhas oportunidades como modelo raras e excitantes e, em resumo, eles queriam que eu tivesse sucesso; terceiro, eu nunca contei para eles o que acontecia nos bastidores. Se eu contasse, talvez eu tivesse adquirido um passaporte de sada muito mais cedo.

    Pode ser de grande ajuda compreender que a minha me foi criada em uma famlia que no permitia que ela tivesse grandes sonhos na vida, ento, a ltima coisa que ela queria fazer era oprimir meus sonhos. Ela queria que eu experimentasse coisas que ela nunca teve a chance de ao menos considerar para ela mesma. Tanto ela quanto o meu pai foram criados em lares nos quais simplesmente no havia uma boa comuni-cao. No mnimo havia pouca comunicao honesta sobre os assuntos mais pesados. Havia um tipo de cdigo de silncio herdado na gerao deles, ento eles foram ensinados a no falarem sobre problemas consi-derados particulares.

    A nossa casa era bastante cativante e moral. Os meus pais me amavam profundamente, e ainda amam. Eu acredito, contudo, que eles fizeram escolhas muito infelizes em no me protegerem mais ou em no mante-rem uma comunicao mais ntima comigo, sobre as situaes nas quais eu me metia. Mas, na poca, eu queria o sucesso tanto quanto eles que-riam para mim, ento eu vesti aquelas mscaras que os impediam de ver a verdade.

    Alm disso tudo, a minha agente, Nina Blanchard, tinha uma reputao incrvel de integridade e esse status era merecido. Ela era, e , altamen-te respeitada na indstria, e ela sempre garantiu aos meus pais que os agentes em outros pases fariam o que estivesse ao alcance deles para cuidarem de mim. Eu morei com Nina, em sua manso em Hollywood, por um vero, e a verdade , ela tomava conta de ns, modelos, como um falco. Mas quando o assunto era os agentes estrangeiros, era uma verdadeira farsa.

  • A Perfeita Afirmao 15

    Os meus agentes pela Europa deixavam as modelos irem a todos os lugares e fazerem tudo o que quisessem. E eles nunca disseram uma palavra sobre as nossas escolhas de estilo de vida, contanto que nos apre-sentssemos lindas para o trabalho.

    Em meu primeiro ensaio fotogrfico, a minha me quis ir comigo, mas isso no era chique na carreira e ento eu recusei a sua presena. Eu tinha dezessete anos de idade e tinha uma opinio muito forte, e eu simples-mente jogava diante dela aquilo que eu queria fazer.

    Repetidas vezes, mame e papai me deixaram viajar sozinha para a Eu-ropa. Meus parentes faziam uso daquilo que acreditavam ser a sabedoria popular com relao a mim: ela tem cabea; ela tira excelentes notas na escola; ela esperta; ela ficar bem.

    Se voc hoje perguntar a minha me se ela faria tudo isso novamente, os seus olhos se encheriam de lgrimas, o seu semblante cairia e ela diria: Absolutamente no! No, nunca. Nunca, nunca, nunca! Eu nunca deixaria ela ir sozinha!

    Mas isso agora. E o que passou no pode mais ser modificado.

    O mundo no apenas diz que a nossa validade tem origem em nossa capacidade de seduzir, mas ele tambm espera que exercitemos essa se-xualidade independente de podermos lidar com as repercusses de nos tornarmos sexualmente ativas. No dia em que eu assinei um contrato de modelo com a Agncia Nina Blanchard, Nina me enviou a um fotgrafo de Hollywood para saber como eu me saa em filmes.

    O fotgrafo me disse para levar um short, um vestido preto justo que mostrasse o meu corpo, meia-cala e sapatos pretos, assim como tudo o mais que eu quisesse vestir. Quando cheguei em seu apartamento,

  • 16 Garota Perfeita

    ele me mostrou um quadro de cortia com fotos pregadas com tachas. Apontando para a foto de uma mulher que usava um vestido preto cur-to, e que estava de p com as pernas abertas, e punhos serrados como se estivesse a ponto de esmurrar algum, ele me disse para representar daquela maneira.

    Eu olhei para a mulher na foto e ela era uma MULHER; com seios grandes e firmes, pernas musculosas e um ar confiante em seus olhos e eu pensei comigo: Eu nunca tive este comportamento! Eu era apenas uma MENINA de uma cidade simples com maneiras sim-ples. Eu no achava que poderia ter este poder magntico em filmes, essa sexualidade envolvente. Mas era exatamente isso o que ele queria. Claro, com o meu desejo de agradar, eu disse a ele que faria o meu melhor.

    Tiramos poucas fotos em seu telhado e escada, e ento ele me pediu para vestir o vestido preto justo. medida que ele me conduzia pela cal-ada, do lado de fora do seu apartamento, alguns garotos assobiaram do outro lado da rua. Com o meu tronco exposto no frio, cotton preto, per-nas cobertas por meia-cala e salto alto, de mos dadas com o fotgrafo que tinha o dobro da minha idade eu me senti como uma prostituta. Eu sussurrava repetidamente para mim mesma que eu era uma modelo, no uma meretriz, e havia diferena.

    Esta foi uma batalha que continuaria martelando em minha cabea pelos prximos seis anos, uma vez que inmeros homens me vestiam da maneira como queriam e me fotografavam. No, eu nunca cheguei nem perto de vender meu corpo como as prostitutas fazem. Na verdade, a maior parte do meu trabalho era bem americano: Eddie Bauer, Jorda-che, Oil of Olay, e assim por diante.

    Quando olhei para trs, contudo, eu percebi que havia permitido que meu rosto e o meu corpo fossem vendidos e comprados por um preo. Eles eram usados para o que quer que estivessem tentando vender na-quele momento roupas, carros, maquiagens e depois eram jogados fora quando o objetivo fosse alcanado ou quando alguma garota mais bonita aparecesse. Enquanto isso no incomoda algumas modelos, inco-modava o meu corao de menina.

  • A Perfeita Afirmao 17

    Mas naquele dia na calada em Hollywood, eu ainda no fazia ideia do que o fotgrafo estava tentando fazer quando me colocou de costas para a parede, gentilmente afastou os meus braos do meu corpo e afas-tou dos meus ombros os meus cachos suaves e loiros para que cassem como cascata pelas minhas costas. De volta rua com a sua cmera nas mos, ele me disse para imitar a garota na foto que ele havia me mostra-do fazendo pose de furiosa, sexy, ousada.

    Recostado no meio da rua, disparando os flashes em minha direo medida que eu sorria e me apoiava contra a parede, ele continuou me di-zendo para me esticar mais, parecer mais brava, afastar as minhas pernas um pouco mais, e um pouco mais e ainda mais um pouco... e seguindo as suas instrues, eu afastei. Passando os meus braos em volta das minhas costas, inclinando-me um pouco para frente sobre um salto, e olhando para a cmera, passando por aquele que tirava as fotos, eu mergulhei na escurido que existia ali. Eu mergulhei diretamente naquele mundo.

    Seria um tnel longo e sinuoso. Enquanto eu ainda era jovem e ino-cente, eles tentavam extrair a sexualidade de dentro de mim. Levou mui-to tempo para eu compreender isso, neste mundo, sexo dinheiro... sexo poder... sexo o que eles querem.

    Como voc pode imaginar, a situao ficou ainda mais obscura e perigosa com o passar dos anos, porque eu me via constantemente em lugares onde ficava sozinha com homens muito mais velhos do que eu. Os homens, na maioria das vezes, eram muito cuidadosos para fazer tudo parecer inocente para quem via do lado de fora, mas do lado de dentro muitos deles queriam algo mais.

    Aps completar a graduao aos vinte e um anos, eu fechei contrato com a Ford Models New York e a Fashion Model Management, em Milo, e viajei para a Itlia para fazer revistas e desfiles. Eu estava h alguns dias no pas quando fiz um trabalho de seis pginas para uma revista popular. Nas fotos, eu vestia saias de l, blusas brancas e suspen-srios um clssico uniforme de colegiais.

    Os clientes desejavam que eu fosse jovem e cheia de vida, ento eu passei o dia sorrindo, pulando e at danando no palco em frente cmera. Eles

  • 18 Garota Perfeita

    decidiram me dar a capa da revista e, no final do dia, a equipe realmente me aplaudiu eu acho que essa foi a primeira e nica vez que isso aconteceu!

    Aps as fotos, eu caminhava em um corredor levemente iluminado em direo sada do prdio. No havia ningum por perto. Sentindo-me tima pelo dia de trabalho, eu levava a minha bolsa pendurada em meus ombros e um leve salto em meus passos. Ento, de forma inespe-rada, eu senti a forte mo de algum segurar meu antebrao. Assustada e chocada, eu me virei e encarei um homem a quem eu havia visto no local onde foram realizadas as fotos do dia. Ele me segurou com muita fora. As linhas profundas do seu rosto cauterizaram-se em minha memria. O corredor atrs dele era longo, vazio, sem vida.

    Eu tentei perguntar o que ele queria, e mesmo no falando ingls, ele me mostrou com gestos que queria sexo. O homem era no mnimo dez anos mais velho que o meu pai!

    Revoltada apenas de imaginar tudo isso, eu tentei me afastar, mas ele agarrou meus braos com mais fora. Com toda a minha fora, eu me soltei dele e corri pelo corredor, desesperada para encontrar uma porta aberta. Eu empurrei a primeira e vi que estava aberta. Olhando para trs, eu vi a sua silhueta imvel no corredor. Eu desci as escadas correndo em direo rua.

    Uma vez na escurido da rua, eu andei apressada por todo o cami-nho at o metr, o meu corao acelerado. Ento, no trem, eu mantive a minha cabea baixa; eu no queria que as pessoas vissem o quanto eu estava abalada. Enfrentando a rua obscura em direo ao meu aparta-mento, finalmente cheguei porta de casa, destranquei-a, ao entrar bati de volta para fech-la e a tranquei. A prxima coisa que eu fiz foi ir para o chuveiro e tentar lavar tudo o que aconteceu.

    O mundo parece apreciar a inocncia, acre-

    ditar em sua pureza e beleza e, ao mesmo

    tempo, ele mal pode esperar para acabar

    com ela.

  • A Perfeita Afirmao 19

    Mesmo agora, todas as vezes que eu vejo aquelas fotos, eu vejo o rosto daquele homem. Nas fotos daquele dia, eu parecia feliz e livre, jovem e inocente. No interior eu era exatamente como uma colegial que desejava ser aplaudida por algum, ouvir algum dizer que fiz um bom trabalho ou que me amava! Mas para aquele homem, a minha afirmao s viria se eu o agradasse.

    dessa maneira que o mundo v as garotas e a sexualidade. E h tan-tos outros exemplos como esse que eu poderia compartilhar com vocs. Mas a histria a seguir mostra o quanto o nvel disso tudo baixou quo perverso, complicado e desonesto o desejo de alguns homens pode se tornar.

    Na primeira semana que eu estive em Milo, fiz um ensaio foto-grfico que foi muito bom. Eu tirei algumas para o meu book com um fotgrafo que falou muito bem a meu respeito para a agncia.

    Algumas semanas mais tarde, ele pediu para eu retornar.Desta vez, sem eu saber, ele combinou com o meu agente e com o

    dono do estdio para assistirem ao ensaio fotogrfico. Naquela manh, quando acordei, eu tinha uma espinha enorme na

    bochecha esquerda, e eu sabia que o fotgrafo no ficaria nem um pouco feliz em saber disso.

    Quando eu cheguei ao estdio, me sentei na cadeira para maquia-gem e fechei os meus olhos entregando a minha pele ao maquiador. Aps uma hora de transformao do meu rosto, ele comeou a colar clios postios em mim, um a um, continuamente, acidentalmente deixando cair cola em meus olhos. Tentei aguentar, mas quando ele terminou os meus olhos estavam vermelhos como uma beterra-ba e a mscara estava escorrendo. Ento, ele comeou a frisar o meu cabelo.

    Voc est frisando o meu cabelo? Eu perguntei. Ele falou alguma coisa com o fotgrafo em italiano, e o fotgrafo

    tentou me garantir que cabelos frisados eram a ltima moda ou eu no havia visto Claudia Schiffer com os cabelos frisados na capa desse ms da Vogue?

  • 20 Garota Perfeita

    No, eu pensei, Eu realmente no me importo com a aparncia da Claudia Schiffer na capa da Vogue! Eu estou parecendo uma idiota. A minha pele estava plida como porcelana; os meus olhos estavam ensan-guentados e iluminados com sombra amarela; os meus cabelos pareciam telhas; e eu parecia uma Barbie demente. Eu no parecia em nada co-migo mesma. Mas claro, eu no poderia dizer nada eu precisava fazer o meu trabalho.

    Eu perguntei se eu poderia me vestir, na esperana de as roupas con-triburem com a minha situao. Mas, para a minha surpresa, no havia estilista no ensaio. Eu odiava trabalhar em lugares onde no havia esti-listas, onde eles simplesmente queriam vestir qualquer coisa. Isso no era profissional.

    No tem roupas? Eu perguntei. O que isso?Relaxe, bella, disse o fotgrafo, mostrando algumas peas de malha

    rosa que eles pretendiam amarrar em volta do meu corpo. Agora, muitos de vocs devem estar pensando que essa seria a hora

    de sair correndo. Bom pensamento. Mas voc deve compreender, eu era uma modelo. Este era o meu trabalho. E eu tinha o meu agente me vigiando.

    Ento, medida que eles grampeavam o tecido em volta do meu corpo desnudo, eu me mantive o mais graciosa possvel, certificando-me de estar completamente coberta. Eles me fizeram subir uma escada, tiraram algumas fotos e depois acenderam um baseado.

    medida que eles ficavam mais doides, me fizeram sentar e posar em uma cama branca.

    Eu tentei, mas me senti muito estranha. O fotgrafo ficou bufando algo sobre ter que mudar a luz por causa

    da minha espinha. Ento, quando o cenrio estava pronto, ele subiu at o topo da escada e disparou os flashes em minha direo.

    Deite-se, ele disse, e aps alguns instantes, Aja como se voc esti-vesse fazendo sexo com um homem.

    Com ele suspenso acima de mim, na escada, e com os outros homens de p ao redor da sala, assistindo-me com os braos cruzados, me senti

  • A Perfeita Afirmao 21

    como um pequeno animal cercado por um bando de coiotes avistando sua presa.

    Eu me torci e contorci sob os flashes. Eu no me sentia nem um pouco sexy. Eu me sentia estranha e sendo julgada, sob um microscpio, como a figura de uma varetinha que no era capaz de exibir um senti-mento de sensualidade, independente do quanto ela se esforasse. Eu simplesmente no podia fazer aquilo e eu disse isso a eles.

    Um a um, eles perderam o interesse e comearam a se afastar. Quando as fotografias terminaram, eu mal podia esperar para sair

    dali. Enquanto eu andava em direo sada, o fotgrafo estava mor-dendo um grande sanduche de rosbife, e o suco estava escorrendo pelo seu queixo. Ele mal olhou para mim.

    Oh, ciao, bella, ele disse, acenando para mim como se dissesse: Agora que acabamos de te usar, voc pode ir.

    Eu sabia que no atingi s expectativas, e eu no me importava. Eu s queria esquecer tudo o que aconteceu, lavar a maquiagem, lavar as palavras, purificar-me de tudo.

    Eu precisava desesperadamente sair de Milo naquele final de sema-na. Eu tinha um trabalho para fazer em Veneza nas semanas seguintes, ento decidi chegar mais cedo, pois eu sempre amei Veneza e queria v-la novamente eu j tinha estado l com minha famlia em uma viagem que fiz na infncia. Damien, o editor de uma revista francesa, que decidiu ser meu agente na Europa, me proibiu de ir sozinha, ento ordenou que seu filho fosse meu guia e garantisse a minha segurana.

    Enquanto espervamos pelo trem, o filho de Damien disse: Eu ouvi falar sobre as fotos de ontem.

    Ouviu?Voc se lembra daquela janela do lado direito da sala?, ele pergun-

    tou.Sim.Voc sabia que eles armam aquelas sesses de fotos para as garotas,

    aquelas sesses sem roupas e sem estilistas, e que existem homens do outro lado da janela assistindo voc enquanto fumam seus cigarros? Eles

  • 22 Garota Perfeita

    querem ver at onde vocs so capazes de ir naquela cama branca para tirarem proveito de vocs. Eles fazem isso com todas as garotas novas. assim que as coisas funcionam por aqui.

    Ele deu um trago profundo em seu cigarro. Ele era fotgrafo. Ele sabia o que estava falando.

    Parecia que eu havia levado um soco no estmago. Mesmo j tendo trabalhado quatro veres como modelo na Europa, nada semelhante a isso aconteceu comigo antes.

    Por falar nisso, ele continuou ironicamente, voc acha mesmo que vai conseguir um homem assim?

    Assim como?, eu perguntei. Assim! Olhe para voc! ele disse zombando de mim. Voc muito

    magra. Voc acha que isso atrai um homem? Voc nem se parece mais com uma mulher.

    Naquele momento, eu no era uma pessoa; eu era uma coisa. Uma coisa que eles usaram para entretenimento prprio, para o prprio pra-zer. Uma coisa posta sob um microscpio, que eles descartaram quando no agradava mais. Eu no era filha de ningum, irm de ningum, ami-ga de ningum. Eu no era nada alm de uma coisa em um mundo de coisas, e a minha nica afirmao vinha de ser sexualmente atraente.

    A princpio, os homens da profisso ficavam intrigados com a minha inocncia; eles amavam os cabelos angelicais, a pele de porcelana, os olhos vivos e brilhantes, os sorrisos puros e o riso fcil. Depois, eles que-riam extrair a sexualidade de mim, eles queriam encontrar uma mulher dentro da garota e, por fim, queriam um pedao dela. Eles queriam tirar. Com o passar dos anos, eu comecei a sentir-me como se eu estivesse constantemente me defendendo deles, at finalmente ficar to exausta a ponto de mal poder lutar.

    Ento, talvez aquela foto tirada quando eu tinha dez anos de idade tenha sido o incio da perda da minha inocncia aquele momento quando eu descobri o que eles verdadeiramente queriam de mim: sexo. Se a minha tia soubesse, ento, que esta profisso iria consequentemente engolir viva a sua pequena sobrinha, ela me mandaria imediatamente

  • A Perfeita Afirmao 23

    para casa e diria minha me, que estava de cama nessa ocasio, que no haveria mais nada disso. Mame teria dito: OK. Ento isso. Mas como elas iriam saber?

    A vergonha continua a nos tragar cada vez

    mais at que os olhos no carreguem mais

    brilho, o riso desaparea e a liberdade seja

    apenas algo que existe nos sonhos.

    Naquela mesma semana, o filho de Damien enviado para me pro-teger tirou vantagem de mim para o seu prprio prazer.

    Eu estava dormindo na cama de um albergue, quando ele subiu, sem ser convidado.

    No, no. No! Eu falava enquanto ele se retorcia em cima de mim. Pare, pare!

    Mas ele no parou. Eu sabia que ele podia me ouvir, mas ele no escutava. Ele queria e ponto final. E eu me tornei to fraca que a minha voz foi abafada pelos seus gemidos.

    A minha alma deixou o meu corpo sem vida. Eu sentia como se eu houvesse desaparecido. Aquela garotinha, que corria livremente, agora estava morta, vazia e completamente ausente.

    O mundo parece apreciar a inocncia, acreditar em sua pureza e be-leza e, ao mesmo tempo, ele mal pode esperar para acabar com ela. Uma vez que a fascinao e a trama desaparecem, o mundo avana para rou-bar a inocncia de outra pessoa.

    Ns, garotas, somos destinadas a carregar a vergonha, independen-te de sermos, ou no, responsveis pelo que aconteceu. E a vergonha continua a nos tragar cada vez mais at que os olhos no carreguem mais brilho, o riso desaparea e a liberdade seja apenas algo que existe nos sonhos.

  • 24 Garota Perfeita

    Hoje eu acredito que a perda da minha inocncia tenha sido a pior parte. Como se no bastasse a violao fsica, houve tambm uma lenta e desnuda violao mental, emocional e espiritual.

    Este foi verdadeiramente o fim do meu incio e o incio do meu fim.

    Do Meu Mundo para o SeuCertamente, essas coisas no acontecem apenas na indstria de mode-los. As minhas experincias so apenas um reflexo dos valores susten-tados pelo mundo. No Ensino Mdio, na faculdade e da por diante, a inocncia no considerada maneira. As garotas maneiras so as sensuais. Elas se vestem de forma atraente, o corpo delas sexualmente desenvolvido e, na maioria dos casos, elas esto ocupadas exercitando essa sexualidade.

    Claro, existe uma linha muito tnue entre ser chamada de maneira e ser chamada de vulgar. Ser maneira significa que voc mantm re-laes sexuais, mas no muitas e no com muitos homens. Ser vulgar significa que voc foi descoberta voc mantm relaes sexuais com vrios homens e as pessoas comentam.

    Na poca do meu Ensino Mdio e faculdade, voc era bastante anor-mal se no estivesse tendo relaes sexuais. Sexo era simplesmente outra forma de mostrar afeto. Sexo era a maneira de ser aprovada por um cara. Sexo era uma maneira de dizer que voc no era mais uma garotinha, mas uma mulher. Se um cara dissesse que amava uma garota e cer-tamente se ela o amasse tambm era esperado que ela se relacionasse sexualmente com ele. Essa era a expectativa e a regra. Por outro lado, no era incomum as garotas se relacionarem sexualmente com mais de um homem. Aps a primeira vez, era fcil para elas passarem de um cara para outro, de mo em mo. Essas garotas ou passavam por vrios rompimen-tos ou dormiam com quem quer que fosse que prestasse ateno nelas.

    Essa a verdade: garotas que se relacionam sexualmente com algum que amam e garotas que fazem sexo com quem mal conhecem as garotas maneiras e as vulgares esto na verdade buscando a mesma

  • A Perfeita Afirmao 25

    coisa. Ambas tm exatamente o mesmo anseio em seu corao, elas an-seiam por amor afirmao, aceitao, aprovao e afeto. Toda garota no mundo est em busca da afirmao perfeita elas esto em busca de algum que diga: Eu adoro voc. Eu amo voc demais. Eu gosto de voc exatamente como . Eu aceito voc assim e eu quero embeber voc com o meu afeto.

    Estranhamente, o nosso mundo ensina que o sexo uma maneira de alcanar essa afirmao, mas na verdade isso uma mentira. Ele fracas-sa. Se voc passar de garoto em garoto, o seu anseio nunca ser satisfeito. Voc terminar se sentindo rejeitada, usada, odiada e suja; como uma coisa em um mundo de coisas. A sua fome por amor aumenta mais do que nunca, e o seu nvel de vergonha parece sem fim.

    No outro extremo, se voc se apaixona profundamente e entrega tudo a ele (no estou aqui me referindo a casamento), voc acaba perdendo mais de si mesma, para comear. Aos quinze anos, eu me apaixonei por um menino hipnoticamente lindo, de dezesseis anos, da mesma escola que eu. Tornamo-nos melhores amigos e eu fiz o que acreditava que devesse ser feito quando algum ama voc tanto interior quanto exte-riormente eu derramei meu corao, minha fora, alma e, consequen-temente, meu corpo naquele relacionamento.

    Que montanha-russa. Se eu no estivesse com medo de estar grvida ou de contrair uma doena sexualmente transmissvel das suas antigas parceiras, ento eu estava com medo da relao terminar e ele ir em-bora levando o meu corao. Quando ele estava me amando com sua ateno e afeto, eu estava feliz. Quando ele demostrava muita amizade e flertava com alguma outra garota, eu ficava deprimida, insegura, triste e com medo de perd-lo. Eu esperava que ele preenchesse os anseios do meu corao o anseio por uma aceitao incondicional e um amor que nunca nos abandona. Mas ele era apenas um garoto; ele no poderia preencher aquele lugar de anseio que havia dentro de mim.

    s vezes eu me via com a cabea encostada em seu peito e simples-mente deixando as lgrimas rolarem.

    Por que voc est chorando?, ele perguntava.

  • 26 Garota Perfeita

    Eu no sei, eu sussurrava. Eu no sei. Mas agora eu sei. A minha inocncia havia sido perdida e eu no

    podia mais recuper-la. Eu no conseguia entender por que esse garoto, esse relacionamento, no preenchia o vazio do meu corao. Eu achava que, ao entregar tudo a ele, eu ganharia; mas se havia algo que eu no podia ignorar era a perda irreparvel.

    Aps quatro anos de altos e baixos, o relacionamento terminou e eu simplesmente desmoronei. Nas manhs, eu ficava deitada na cama, enterrada sob as cobertas, meu corpo pesado como se estivesse preso a correntes. Eu no queria mais me levantar para ir escola; eu no queria levantar para nada. Eu s queria chorar e chorar e chorar e chorar at o meu cabelo ficar encharcado com as lgrimas.

    Mesmo tendo dezoito anos e trabalhando como modelo em Paris, eu deitava sob as cobertas enquanto a chuva batia contra a vidraa, e deixa-va as lgrimas rolarem. Eu podia ouvir a conversa das modelos no quarto ao lado, mas eu no queria me juntar a elas. Ao invs disso, eu deitava na cama e lia livros sobre budismo, tentando encontrar algum tipo de paz.

    Eu no me importava com a entrevista com as modelos que acon-teceria naquele dia ou com a festa daquela noite. Eu me importava em ser amada, enquanto meu corao parecia estar se partindo. Eu tentei relaxar, como os livros sugeriam; experimentar a proposta da no ne-cessidade e do no desejo, pregada pelo budismo e que me atraiu ao mesmo. Eu achava que os livros sugeriam que no precisar de nada me libertaria do sofrimento e me traria a paz.

    Toda garota no mundo est em busca da

    afirmao perfeita elas esto em busca de

    algum que diga: Eu adoro voc. Eu amo

    voc demais. Eu gosto de voc exatamente

    como voc .

  • A Perfeita Afirmao 27

    Mas isso no funcionou. Quanto mais eu queria no precisar ou no querer, mais eu precisava e mais eu desejava e mais eu ansiava por algu-ma coisa que preenchesse o vazio na minha alma.

    Eu terminei na mesma situao na faculdade, porque a necessidade emocional de ser completada no ia embora e eu pensava que um homem fosse capaz de preencher esse vazio. Eu achava que encontrar o meu prncipe encantado seria o incio do meu feliz para sempre. Mas foi exatamente o oposto; o meu amor da faculdade foi outra montanha-russa que partiu o meu corao, me fez chorar sob os cobertores, triste, furiosa e desejando um amor que simplesmente no me abandonasse.

    Esse rompimento me deixou em uma situao muito pior do que o primeiro. A minha felicidade foi mais uma vez amarrada a um cara, que no podia retribuir. Ento, certo dia, o cara e a minha felicidade se foram.

    Eu sabia que eu era mais do que meu corpo. Eu sabia que valia mais que a minha sexualidade. Eu acreditava que tinha muito mais para ofe-recer ao mundo do que simplesmente a minha carne. Eu tinha ouvido a campanha Diga No. Nas aulas de educao sexual, eu vi fotos de gravidez, verrugas genitais e camisinhas. Meu Deus, todos na escola sa-biam que precisvamos dizer no. Mas o que eu no sabia, o que eu no entendia, era: por que no? Eu no fazia ideia de qual era o meu valor na rea espiritual.

    Muitos anos mais tarde, recuperando a minha f em Deus e estudan-do a Bblia pela primeira vez, eu descobri o por que no. Primeira Joo 3:1 diz que quando colocamos a nossa f em Cristo, Deus derrama em ns o Seu incrvel amor ao nos chamar de filhos. Ns somos Suas filhas! (Veja tambm Joo 1:12.) Deus deseja que conheamos e confiemos no profundo amor que Ele tem por ns (1 Joo 4:16).

  • 28 Garota Perfeita

    Eu imagino que voc possa no crer na Bblia, mas eu lhe peo para dar uma chance a ela. A sua sabedoria transformou a minha vida e me deu princpios espirituais para seguir. Mais do que tudo, ela tem sido a minha fonte infinita de direo em um mundo que tem mensagens confusas e contrrias demais para anunciar.

    Biblicamente falando, o seu valor no est ligado maneira como os homens veem voc ou a sua sexualidade. Ele est ligado ao fato de que Deus lhe formou no ventre da sua me Ele criou voc (Salmos 139:13). Portanto, voc a obra preciosa das Suas mos e a filha amada e querida do Seu corao. Quando a Bblia diz: Quo grande amor nos tem concedido o Pai, Deus est lhe dizendo que Ele deseja ser a fonte da sua afirmao, a fonte que preenche seus anseios, ento no busque essa afirmao compartilhando a sua sexualidade antes de se casar. Em poucas palavras, Deus deseja proteger a sua sexualidade para que ela no a conduza por estradas de enxaquecas.

    A sua sexualidade no uma coisa ruim; ela no vergonhosa. O livro de Gnesis diz que Deus chamou a sua criao de boa, ento a sexualidade que Ele colocou em nosso corpo usada da maneira como ele nos diz para usar tambm boa (Gnesis 1:27-31). Quando Ado e Eva se relacionaram sexualmente pela primeira vez, no havia vergo-nha no Jardim do den (Gnesis 2:24-25). A vergonha no entrou em cena at Satans, na forma de uma serpente, os convencer a no ouvir a nica regra de Deus; ento, a Bblia nos diz, que eles estavam nus e en-vergonhados (Gnesis 3:7-8). A vergonha veio da desobedincia a Deus. Ao invs de observarem as Suas regras como limites para os protegerem, eles as enxergaram como muito delimitadoras.

    No foi a sexualidade que foi vergonhosa; foi a desobedincia. Mas o fato de a sexualidade no ser algo ruim, no significa que ela

    seja algo que deva ser utilizado para se afirmar. Como voc pode ver em minha situao, isso no preencheu o meu anseio de ser validada; ao invs disso, a sexualidade me deixou desejando ainda mais um amor verdadeiro que no me ferisse.

    A Palavra de Deus que nunca muda independente do quanto as normas culturais mudem continua definindo o sexo como algo para

  • A Perfeita Afirmao 29

    unir os casais comprometidos e gerar filhos. Claro, o nosso mundo hoje aceita o sexo quase to livremente quanto o beijo de boa noite. Enquan-to ele tenta nos dizer que o valor de uma mulher est ligado a sua capa-cidade de seduzir, Deus no diz isso. Ele valoriza voc porque Ele ama voc com um amor eterno e perfeito. Esse amor perfeito deseja apenas o que melhor para voc. Como seu Pai, Ele deseja levantar voc e no derrubar; fortalecer o seu corao, e no parti-lo.

    A Bblia descreve o seu corpo como um templo: um lugar santo, especial, sagrado. Ele no foi criado para ser um lugar onde qualquer um possa entrar e pegar o que quer e depois seguir o seu caminho feliz. O seu corpo foi criado para ser uma terra santa. O seu corpo ima-go dei que significa feito imagem de Deus. Ele criao e reflexo de Deus e deve ser tratado como tal, independente do que o mundo diga.

    Ao encorajar voc a proteger o seu corpo, Deus est tentando pro-teger a filha que Ele ama. Acima de tudo, Ele deseja proteger o seu corao. Em 1 Corntios, Paulo explica: Todas as coisas me so lcitas, mas nem todas as coisas convm. Todas as coisas me so lcitas, mas eu no me deixarei dominar por nenhuma (1 Corntios 6:12). Em outras palavras, Deus lhe deu livre arbtrio Ele deixa voc escolher. Voc pode ter relaes sexuais, compartilhar o seu corpo com quem voc escolher, voc pode at usar o seu corpo como uma fonte para tentar se afirmar pelos homens todas essas so escolhas e opes para voc. Mas isso no significa que ser benfico. O ponto principal : isso poder lhe ferir no final.

    Por que o seu corao se parte to gravemente quando esses relacio-namentos terminam? Imagine um corao destrudo: um corao ver-melho, feito de carne, partido ao meio por uma fenda irregular. Quando voc se relaciona sexualmente com algum, voc se torna uma s carne com aquela pessoa; ambos esto unidos como um s (Gnesis 2:24; 1 Corntios 6:12-20). Ento, quando o relacionamento termina e voc vai em uma direo e ele em outra independente de ser aps uma noite ou dez anos a carne do seu corao se parte.

  • 30 Garota Perfeita

    Se isso acontecer repetidas vezes, voc consequentemente carregar as feridas desses relacionamentos para dentro do relacionamento com seu marido porque o pecado sexual aquele que, na verdade, voc carrega dentro do seu corpo (1 Corntios 6:18). Ento, voc no apenas entrega a seu marido um corpo que j foi explorado por outros homens, mas tambm um corao que j foi vrias vezes despedaado. No final das contas, voc se arrepender das escolhas que fez para compartilhar seu corpo com outros e desejar ter guardado seu corpo para aquele com quem passar toda a sua vida.

    Quando meu marido, Shane, e eu comeamos a namorar, estvamos com vinte e poucos anos e no conhecamos muitas pessoas que se guar-davam para o casamento. Para alguns, parecamos loucos, mas ns dois sofremos as consequncias das nossas escolhas infelizes do passado; agora, queramos fazer as coisas maneira de Deus. Ns aprendemos da maneira mais difcil que os Seus caminhos so os melhores. Mas isso no foi fcil!

    Ns ramos loucos um pelo outro e estvamos apaixonados. Quando as linhas da pureza sexual se estremeciam e ns comevamos a discutir quo longe era longe demais, Shane retrocedia da linha at estarmos absolutamente certos de que estvamos sendo puros. Aps nossos encon-tros, ele me dava um rpido beijo de boa noite, ento citava uma palavra das Escrituras que salvava nosso relacionamento: Fuja! Ento, ele se virava e ia para casa! Isso sempre nos fez dar risadas e ainda faz mas funcionou.

    Fuja vem de 1 Corntios 6:18, que diz: Fugi da prostituio. Este o melhor conselho que eu posso lhe dar. Fuja do exerccio da sua sexu-alidade fora do casamento.

    Antes de se entregar, encontre algum que creia que voc preciosa o suficiente para primeiro se comprometer com voc para a vida toda. Espero sinceramente que ele proteja voc como Shane me protegeu. Ele fez com que eu me sentisse digna de ser esperada. Ele fez com que eu me sentisse como se o meu valor estivesse baseado em muito mais do que simplesmente a minha carne. Voc pode imaginar que alvio isso representou aps a minha vida na indstria de modelos?

  • A Perfeita Afirmao 31

    Voc tambm merece isso. Voc preciosa. Voc amada por Deus. Esta sua afirmao. Esta sua validao.

    Shane e eu compartilhamos um relacionamento saudvel um com o outro e ns fomos abenoados com dois lindos filhos. Eu no fao pouco caso desse presente e creio que meus filhos sejam um resultado direto de honrar a Deus com o nosso corpo durante o namoro e noivado. Ento, essa uma escolha que voc faz. No final das contas, ao escolher fazer as coisas maneira de Deus em um mundo que zomba dos Seus limites protetores, voc descobrir que as Suas bnos sero suas. Voc tambm descobrir que a sua afirmao nunca depender de algo to transitrio como seu poder sexual ela vem de Deus, uma fonte que nunca muda e nunca deixa de amar voc.

    Est na PalavraAqui est a boa notcia: atravs de Eva vieram os filhos Caim, Abel

    e Sete. Caim e Abel pereceram por causa da inveja e do assassinato. Mas Deus prometera que, atravs de Sete, viria um redentor, que removeria para sempre a nossa vergonha e nos levaria de volta para o jardim, em comunho com Ele.

    Essa foi a promessa de um Salvador. Quando Jesus veio, Hebreus 12:2 diz: Olhando para Jesus, autor e consumador da f, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se destra do trono de Deus, eliminando o nosso pecado de uma vez por todas. Mesmo tendo eu carregado a vergonha por mui-to tempo em meu corao, eu entendi que no precisamos carregar a vergonha. Jesus se tornou vergonha por ns para podermos ser libertos dela.

    Jesus veio para restaurar os coraos partidos; Ele veio para libertar os cativos. Se voc est preso pelo pecado sexual, se voc ainda est car-regando essa vergonha ou tem um corao partido, destrudo, entregue--o a Ele. Foi para isso que Ele veio, foi por isso que Ele morreu, foi por essa razo que ele ressuscitou para nos dar uma nova vida!

  • 32 Garota Perfeita

    Os meus versculos favoritos dizem: Olharam para ele, e foram ilu-minados; e os seus rostos no ficaram confundidos (Salmos 34:5, nfa-se acrescentada pelo autor). No dia em que caminhei pelo corredor da igreja para casar-me com Shane, eu era pura, livre e radiante no por causa do que eu fiz, mas por causa do que Jesus fez por mim. A f nele removeu para sempre a minha vergonha, substituindo-a com luz, espe-rana e um futuro.

    Voc precisa da afirmao perfeita? Voc precisa de algum que diga: Voc especial, voc preciosa, voc bela? Isaas 43:4 diz que uma vez que voc preciosa e amada por Deus, Ele dar homens em troca da sua vida. Ou seja, Ele entregou Seu Filho que foi espancado, golpeado, aoitado, rejeitado, acusado e, por fim, pregado em uma cruz. Isso no aconteceu para que voc seja condenado e acorrentado, mas para que voc seja liberto!

    Se esse no o principal gesto de amor, eu no sei qual . Esse no um amor que deseja tirar, mas um amor que d, d e d. Isso, minha ami-ga, um amor que jamais acaba, jamais vai embora e no deixa voc an-siando por mais. Ao invs disso, ele preenche esse vazio at transbordar.

    Enfim, este um amor que nos lava, lava e lava at estarmos com-pletamente limpos novamente.

    Todas as coisas me so lcitas, mas nem todas as coisas convm. 1 Corntios 6:12 grifo do Autor

    E criou Deus o homem sua imagem: imagem de Deus o criou; ho-mem e mulher os criou.

    Gnesis 1:27, grifo do Autor

    Ou no sabeis que o vosso corpo o templo do Esprito Santo, que habita em vs, proveniente de Deus, e que no sois de vs mesmos? Porque

  • A Perfeita Afirmao 33

    fostes comprados por bom preo; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo. 1 Corntios 6:19-20, grifo do Autor

    Vinde ento, e argui-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornaro brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornaro como a branca l.

    Isaas 1:18, grifo do Autor