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102 REVISTAGOL gastronomia REVISTAGOL 103 a pâtissière luciana lobo, da Cau Chocolates, comanda as receitas na minifábrica, nos fundos da loja marca registrada: paula de lima azevedo, da sweet brasil, abusa da criatividade em chocolates de formatos diversos todo lugar”, diz patrícia landmann, filha de Cláudia e diretora de marketing da empresa. “mas sem a qualidade e o cui- dado que nós temos”, completa. as trufas continuam sendo o diferen- cial da marca. mas uma série de novos produtos conquistou os clientes. uma das recentes novidades da Chocolat du Jour é um chocolate de origem nacional — amargo, com concentração de 80% de cacau. a imensa maioria das chocolate- rias finas importa a matéria-prima pro- cessada da bélgica ou da frança, países que, por sua vez, importam o cacau bruto geralmente de países da África. o brasil já foi um dos principais pro- dutores mundiais de cacau (em quan- tidade, dizem as chocolaterias, mais do que em qualidade), mas perdeu boa parte de suas fazendas para a vassou- ra-de-bruxa, fungo que devastou plan- tações inteiras no começo dos anos 90. “algumas fazendas estão retomando essa produção, mas agora de forma mais específica, tentando produzir o cacau fino”, conta patrícia. outra marca que aposta na produção nacional é a le bonbon, que nasceu há 15 anos no quintal da casa de Juliana biagi Carvalho, em ribeirão preto, e hoje já tem duas filiais em são paulo, uma delas recém-inaugurada no shop- ping morumbi. metade da produção da le bonbon tem ingredientes nacionais — e os fofíssimos coelhinhos de pelúcia que acompanham alguns dos produtos são frutos de parcerias com ongs. “nós sempre trabalhamos com fazendas que conhecemos. estimular a produção nacional é bom para todo o setor”, diz mario Carvalho, o filho de Juliana que hoje responde pela empresa. Como diz o nome, os bombons são a especialidade da casa, feitos com todo tipo de recheio. o igloo, com recheio de marshmallow, é de longe o mais vendido. a le bonbon também impressiona pela decoração em tons dourados, poltronas e lustres de cristal — que a fazem parecer uma casa francesa — e pelas embala- gens bem cuidadas, como a sacolinha de bombons em forma de cenoura. só faltam falar a apresentação criativa, combinada com o chocolate de qualidade, é uma preocupa- ção constante das chocolaterias butique. e claro que tudo isso influencia bastante no preço final, bem alto em todas elas. na Chocolat du Jour, por exemplo, há desde galinhas dos ovos de ouro (recheadas com ovinhos embrulhados em papel dourado) até ovos de porcela- na recheados de chocolates. uma das mais criativas chocolatières paulistanas é paula de lima azevedo, proprietária da sweet brasil. formada em publicidade, ela abandonou a carreira para se dedicar aos chocolates em 1986. logo de cara, fez de sua loja uma “fábrica de ideias”. “sou uma pessoa criativa e uso o chocolate para colocar isso para fora”, conta, sorridente. seus ovos têm bracinhos, perninhas, véus e tutus, posam lendo jornal ou jogando bola. todos feitos com moldes criados pela própria paula. para even- tos de empresas — as vendas corpora- tivas representam metade do total da marca — ela já inventou até pequenos celulares de chocolate. “você vê muita gente tratando o chocolate como uma joia. eu prefiro fazer coisas divertidas, que façam os olhos das pessoas bri- lharem e despertem nelas a vontade de comer”, conta. dá certo: a sweet brasil tem duas lojas e produz cerca de 3 toneladas de chocolate ao mês. tem

gastronomia - s3images.coroflot.coms3images.coroflot.com/user_files/individual_files/307357_ICGKKzVD… · gens bem cuidadas, como a sacolinha de bombons em forma de cenoura. só

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102 REVISTAGOL

gastronomia

REVISTAGOL 103

a pâtissière luciana lobo,da Cau Chocolates, comandaas receitas na minifábrica,nos fundos da loja

marca registrada: paula de lima azevedo, da sweet brasil,

abusa da criatividade em chocolates de formatos diversos

todo lugar”, diz patrícia landmann, filha de Cláudia e diretora de marketing da empresa. “mas sem a qualidade e o cui-dado que nós temos”, completa.

as trufas continuam sendo o diferen-cial da marca. mas uma série de novos produtos conquistou os clientes. uma das recentes novidades da Chocolat du Jour é um chocolate de origem nacional — amargo, com concentração de 80% de cacau. a imensa maioria das chocolate-rias finas importa a matéria-prima pro-cessada da bélgica ou da frança, países que, por sua vez, importam o cacau bruto geralmente de países da África.

o brasil já foi um dos principais pro-dutores mundiais de cacau (em quan-tidade, dizem as chocolaterias, mais do que em qualidade), mas perdeu boa parte de suas fazendas para a vassou-ra-de-bruxa, fungo que devastou plan-tações inteiras no começo dos anos 90.

“algumas fazendas estão retomando essa produção, mas agora de forma mais específica, tentando produzir o cacau fino”, conta patrícia.

outra marca que aposta na produção nacional é a le bonbon, que nasceu há 15 anos no quintal da casa de Juliana biagi Carvalho, em ribeirão preto, e hoje já tem duas filiais em são paulo, uma delas recém-inaugurada no shop-ping morumbi. metade da produção da le bonbon tem ingredientes nacionais — e os fofíssimos coelhinhos de pelúcia que acompanham alguns dos produtos são frutos de parcerias com ongs. “nós sempre trabalhamos com fazendas que conhecemos. estimular a produção nacional é bom para todo o setor”, diz mario Carvalho, o filho de Juliana que hoje responde pela empresa.

Como diz o nome, os bombons são a especialidade da casa, feitos com todo

tipo de recheio. o igloo, com recheio de marshmallow, é de longe o mais vendido. a le bonbon também impressiona pela decoração em tons dourados, poltronas e lustres de cristal — que a fazem parecer uma casa francesa — e pelas embala-gens bem cuidadas, como a sacolinha de bombons em forma de cenoura.

só faltam falara apresentação criativa, combinada com o chocolate de qualidade, é uma preocupa-ção constante das chocolaterias butique. e claro que tudo isso influencia bastante no preço final, bem alto em todas elas.

na Chocolat du Jour, por exemplo, há desde galinhas dos ovos de ouro (recheadas com ovinhos embrulhados em papel dourado) até ovos de porcela-na recheados de chocolates.

uma das mais criativas chocolatières paulistanas é paula de lima azevedo,

proprietária da sweet brasil. formada em publicidade, ela abandonou a carreira para se dedicar aos chocolates em 1986. logo de cara, fez de sua loja uma “fábrica de ideias”. “sou uma pessoa criativa e uso o chocolate para colocar isso para fora”, conta, sorridente.

seus ovos têm bracinhos, perninhas, véus e tutus, posam lendo jornal ou jogando bola. todos feitos com moldes criados pela própria paula. para even-tos de empresas — as vendas corpora-tivas representam metade do total da marca — ela já inventou até pequenos celulares de chocolate. “você vê muita gente tratando o chocolate como uma joia. eu prefiro fazer coisas divertidas, que façam os olhos das pessoas bri-lharem e despertem nelas a vontade de comer”, conta. dá certo: a sweet brasil tem duas lojas e produz cerca de 3 toneladas de chocolate ao mês. tem