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A revista

A Gazeta Feminina nasceu para fazer história. É uma revista virtual quinzenal, que aborda assuntos de interesse não apenas femi-nino. Feita para todos os públicos, vai além do batom, falando sobre o que acredita, quebran-do paradigmas e superando preconceitos. Os assuntos da revista são organizados por seções. A seção “A mulher maravilha” aborda perfis de mulheres que fazem diferença na so-ciedade e comportamento. “À moda da casa” traz matérias sobre moda a estilo, em que você é quem dita as tendências. “O circo brasileiro” traz textos de cunho po-lítico, com reflexões sobre os acontecimentos que ocorrem ou repercutem no cenário nacio-nal. Já os nossos “Correspondentes” trazem os fatos que ocorrem em vários lugares do país e do mundo. “Mais uma dose” é sobre aquilo que quere-mos sempre mais: música, cinema, literatura, teatro, exposições, enfim, cultura! “Desfrute!” vem para tratar de diversão, com matérias so-bre viagens, passeios e tecnologia. “Camisa 10” é o nosso espaço para falar aquele que faz o coração bater mais forte: o futebol. Já a seção “Furou o disco!” aborda aqueles temas que nós não cansamos de repetir: amor, amizade, cotidiano, família, entre outros as-suntos. Entre! Sinta-se à vontade! A Gazeta Femi-nina é a sua segunda casa.

A Gazeta Feminina é formada por:

Ana Paula Souza - Editora-chefe, colunista e designer do layout

Brisa Libardi, Victor Passarelli,

Bruna Rodrigues, Erica Lima,

Marcela Castro, Susana Berbert e

Lucas Coelho - Colunistas

Daniel Morbi-Fotógrafo e colunista

Thiago Formigoni, Naira Mattia e Carol Siqueira - Fotógrafos

Sofia Calabria - Designer da capa e contra-capa

Gabriela Fachin - Assistente de layout

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A mulher maravilha

À moda da casa

O circo brasileiro

Correspondentes

Mais uma dose

Desfrute!

Camisa 10

Furou o disco!

A equipe Nesta edição

ContatosTelefone: (11) 4323 - 2197E-mail: [email protected]: @gfemininaFacebook.com/gazetafeminina

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A mulher maravilha A mulher maravilha

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Dona Zica - Uma paixão em verde e rosaPor Ana Paula Souza

A Estação Primeira de Mangueira é uma escola de samba essencial-mente feminina. Isso pode ser nota-do não apenas em função das tona-lidades que lhe compõem a bandeira ou porque grandes damas do sam-ba, como Alcione e Beth Carvalho, são mangueirenses rosa choque. Na

verdade, o aspecto de feminilidade se deve, principalmente, ao fato de que entre os principais nomes de sua história está o de uma mulher que se tornou um dos maiores símbolos da cultura nacional. Trata-se de Dona Zica, “A mulher maravilha” dessa edi-ção da GF.

O desfile da verde e rosa é um dos mais aguardados do carnaval cario-ca. Quando a bateria inicia as batu-cadas, “Todo mundo te conhece ao longe/ Pelo som dos seus tamborins/ E o rufar do seu tambor”. E então, mesmo quem não faz parte da torci-da da escola, entoa o coro do refrão do Hino de Exaltação à Mangueira: “Chegou, ô, ô, ô/ A Mangueira che-gou, ô, ô”. Grande parte do carisma da escola se deve à atuação de Dona Zica na comunidade. Desde 1929, ano do primeiro carnaval da Estação Primeira, até 2003, quando faleceu, Dona Zica viveu pela verde e rosa.

Sua paixão pelo samba e pela fo-lia era previsível desde o berço: a mangueirense nasceu no dia 06 de fevereiro de 1913, um domingo de carnaval. Viveu o tempo em que a festa começava em dezembro, com as batalhas de confete, e estendia-se até fevereiro. Nos dias de desfiles de blocos, a família dormia fantasiada, para pular o carnaval já ao amanhe-cer.

Naquela época, o morro da Man-gueira contava com vários blocos, os quais vieram a se reunir sob o nome de Bloco dos Arrengueiros. Mais tar-de, liderado por Angenor de Oliveira, o Cartola, o grupo mudou de nome e, assim, nascia a Estação Primeira de Mangueira, cujo título e cores foram escolhidos por Cartola. O nome “Es-tação Primeira” se deve ao fato de que, a partir da Central, a Manguei-ra era a primeira estação onde havia samba e onde se recebiam passagei-ros. Já o verde e rosa foram escolhi-dos por serem os mesmos do rancho Arrepiados, escola que havia sido criada pelo pai de Cartola quando a família do compositor morava em Laranjeiras.

Desde a fundação da Mangueira, Dona Zica contribuiu para o cresci-mento da escola, seja organizando as famosas feijoadas ou se fazendo pre-sente na organização e no momento dos desfiles. Em entrevista ao pro-grama Roda Viva, em 14 de fevereiro de 1994, afirmou que sua emoção ao

Dona Zica, um dos nomes mais importantes da história da Mangueira

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desfilar pela Mangueira era sempre igual àquela que havia sentido na pri-meira vez em que sambou pela verde e rosa.

A Estação Primeira, além de ter sido o cenário de sua devoção ao samba, também foi o plano de fundo para o seu casamento com Carto-la. Dona Zica e o compositor foram criados juntos, mas, quando jovens, tinham em comum apenas o amor pela Mangueira. Cartola se casou com outra mulher, mais velha do ele, e Dona Zica também teve um pri-meiro matrimônio. Passaram muitos anos sem se ver, e quando se reen-contraram ambos eram viúvos. Apai-xonaram-se e subiram ao altar quan-do já estavam com mais de 40 anos. Ao longo de mais de duas décadas de casamento, Dona Zica foi muito mais do que a companheira de Cartola: foi, na verdade, o incentivo para que ele continuasse a cantar, e muitas mú-sicas do compositor foram feitas em homenagem a ela. Entre os clássi-cos compostos por Cartola para sua musa, estão “As Rosas Não Falam” e “Tive Sim”.

Além de ter sido importante para a fundação e consolidação da Man-gueira, uma das mais tradicionais e populares escolas de samba do país, amada de Norte a Sul por milhões de brasileiros, o casal também é rele-vante por ter criado o famoso bar Zi-cartola, o qual, apesar de ter existido apenas por pouco mais de um ano, foi fundamental por ter promovido o ressurgimento da Velha Guarda do samba e por ter servido de espaço para o começo da carreira artística de alguns dos principais nomes da mú-sica popular brasileira, entre os quais os compositores Paulinho da Viola e Zé Keti.

Dona Zica esteve ao lado de Car-tola até o falecimento do cantor, em 1980. Após a perda do esposo, conti-nuou atuante na Mangueira. No en-tanto, frustrava-se com os rumos do carnaval. Indignava-se, por exemplo, com a cobrança de ingressos para que as pessoas assistissem aos desfi-les e com a falta de amor de alguns compositores às escolas no momen-to de criar os sambas-enredo. Porém, apesar dessas insatisfações, não dei-

xava de defender a verde e rosa, fa-zendo questão de estar presente em todos os desfiles, mesmo nos últimos anos de sua vida, em que sua saúde inspirava cuidados redobrados.

Seu falecimento em 2003 foi con-siderado uma perda irreparável para o carnaval carioca por todas as es-colas. Por isso, dez anos após a sua partida e no ano em que completa-ria o centenário, aquela que foi uma das grandes damas da verde e rosa é homenageada no Centro Cultural Cartola, no Rio de Janeiro, com a ex-posição “Dona Zica – Da Mangueira e Do Brasil”, em cartaz até o dia 29 de abril. No entanto, anualmente, o

Em sentido horário: retrato de Dona Zica; a mangueirense torcendo pela escola; e, por fim, ao lado de Cartola

carnaval lhe homenageia da melhor maneira que Dona Zica poderia espe-rar: com o entusiasmo da torcida nas arquibancadas, que levanta, samba e aplaude quando a Estação Primeira de Mangueira entra na avenida.

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Só o rock salvaPor Marcela Castro

Preciso confessar: eu já dancei atrás de trio elétrico. Já dancei axé, coloquei a mão no joelho e fiz core-ografia ridícula com É o Tchan. Gritei “chiclete,chiclete, quero chiclete, chiclete” e achei isso a coisa mais le-gal do mundo. Pirei o cabeção com a “dança da manivela” do Asa de Águia. Mas a vida precisa ser vivida

e tudo que está ruim pode tentar melhorar. Como? Com música, com sangue, com caveiras, com chifri-nhos em noites de guitarra! Com muito rock, muito rock ’n’ roll, baby, yeah!!!!! Sim, não tenho vergonha do meu passado, mas eu encontrei o riff, eu encontrei a luz!

Tudo começou assim: eu era mo-leca, sapeca e magra ( que saudade de ser magra). E estranha. Dizem que “gente que não presta atrai gen-te que não presta”. Acho que tinha tanta esquisitice que acabei atraindo os amigos mais bizarros que poderia ter. E foi com eles que tudo começou. Com eles, pude sair do caos baiano e enveredar pelas trevas. Sinceramen-te, depois de ouvir Gustavo Lima e Michel Teló, ainda não consigo en-tender o porquê de chamarem o rock de música das trevas. Calma, nada satanista, estou falando das trevas do metal.

Agora, muita calma nessa hora. Ninguém começa por Slayer. É pre-ciso dosar. Eu devia ter uns 12 anos quando me apaixonei pela primeira vez e foi esse amor que me fez enve-redar pelo rock. Quem era? Jon Bon Jovi. Ei, sem riso. Eu imaginava que, um dia, casaria com ele pra que ele cantasse “Always” só pra mim. Mas eu era pré-adolescente, também ou-via a boyband do momento... É de se

esperar que eu tivesse esse compor-tamento. Comecei a comprar revis-tas numa era sem wallpaper, a pregar posteres na parede, até que...mudei de amor. Saí do cabelo farofa para a dancinha ridícula em cima do palco. Bandanas, gritinhos, poses e uma cartola me fizeram mudar de banda e de amor. Agora, Axl Rose. Como eu gostava daquela bermuda apertadi-nha. E cantava todas as músicas bem melosinhas que eu conseguia gravar nas minhas fitas. E sim, para o leitor desavisado, eu disse fitas. E foi esse amor que fez minha vida mudar...

Tudo bem, você fã de boa músi-ca vai me satirizar, dizer que troquei seis por meia dúzia, mas devo aler-tar: você está errado. Se você tiver menos de 30, mais errado ainda. Na era paleolítica, uma revista não vi-nha sempre com o mesmo artista, mas com vários. E fã que é fã não comprava só os vinis, os cd’s, os k7’s, comprava também todas - repito, to-das - as publicações e, no meio delas, a revelação. Qual? Calma, ansiedade

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engorda! Só precisas saber que pro-curava GN’R, mas achei algo muito melhor.

Sabe, já tinha cantado “Patien-ce” e “November Rain”, clássicos do Guns, zilhões de vezes. Na boa, já não tinha mais lágrima de adolescen-te pra chorar, nem dor de cotovelo pra curar quando vi aquele boneco tosco, estranho e diabólico. Please, minha geração é de pouca fé e mui-to punk, dark, black - tudo junto e misturado -; tudo que soava à con-testação era lucro certo e foi nesse cenário que conheci o Iron Maiden. Santa revista! Grande Eddie! Graças a ele, passei a me vestir toda de preto, a usar correntes compradas numa - à época - loja rock n’ roll da minha cida-de, a Ná Figueredo, onde encontrava todos os colares e anéis de caveira, num tempo em que o agora famoso Alexandre Hertchovich era apenas um aspirante. Que saudades.

Mas, voltando ao Iron, posso dizer que esses britânicos abriram as por-tas do rock na minha existência. Por eles, conheci outros grupos nota dez que me fizeram bater cabeça. Inclu-

sive os brasileiros. Essas revistas so-bre rock são ótimas mesmo. Quando ouvi “Chaos AD”, do Sepultura, pulei de regozijo. Até hoje cantarolo aque-las “suaves” melodias. E quando des-cobri o Nirvana, então? “Smells like a teen spirit” foi um hino, é um hino, é um clássico, é eterno.

E pensar que eu já dancei forró. Mas o rock salva.

Quando cheguei à universidade, comecei a frequentar um bar sujo, mas de cerveja barata . É de lá que trago ótimas recordações regadas a muita birita e U2, The Smiths, Pearl Jam, Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii... E o tempo foi passando... As impressões daqueles dias ficaram para sempre em minha memória. Ainda não consigo entender como eu pude ser diferente. E foi por ter con-seguido sair do que impunham como diversão que pude encontrar o amor.

Nesse tempo, pensei que minha vida pudesse se tornar pano de fundo pra alguma baladinha do Coldplay, mas conheci meu rockstar favorito, meu maridíssimo, apaixonado por rock progressivo, heavy, trash, po-

wer metal. E tudo ficou melhor. Sem eles - o rock e o marido - tudo seria diferente. Quem sabe eu gostasse de sertanejo universitário, de cabelo louro cinza - mesmo eu sendo negra - e de saia florida com blusa verde marca-texto. Como é bom gostar de roupa preta, das minhas caveiras e dos meus cd’s.

Sabe, curtir rock é o que há de bom. Não importa de você começou com Massacration ou com Rush; se

foi com Yes ou Manowar.O importan-te é ser salva com Led Zeppelin, com Beatles, com Pink Floyd! Tem que ba-ter cabeça com AC/DC!

A vida precisa ser vivida e tudo que está bom só pode melhorar. Daqui a alguns anos, continuarão dizendo que o rock está morto, que o mundo é poser e blá-blá-blá. Mas tudo bem, eu já encontrei meu riff perfeito, já posso andar em busca da guitarra de prata.

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As blogueiras acabarão com as revistas de moda?Por Bruna de Alencar

além da relativa diminuição das dis-tâncias globais, a democratização da informação.

O fator responsável pela grande popularização dos blogs de moda é exatamente a quebra de conceitos e regras que são dessa área. As bloguei-ras que, na grande maioria das vezes, recebem produtos de inúmeras lojas, dão uma visão e uma alternativa de como as pessoas podem adaptar os visuais da passarela para às ruas em conformidade com os seus corpos e estilos. Outras vezes testam produ-tos e – com a credibilidade de um ve-lho amigo – os indicam ou não para os seus milhares de leitores.

Para entender o tamanho do im-pacto na indústria, deve-se atentar para o psicológico dos leitores desses veículos digitais. São pessoas que, em algum nível, confiam, se inspi-ram e almejam a vida do blogueiro, seja por sua vida social, sua carreira profissional ou, pura e simplesmente, pelo tamanho do guarda-roupa.

Os blogs de moda derivam de uma ocupação relativamente nova, a de “coolhunting”. Nos anos 90, as gran-des empresas de moda mostraram--se preocupadas em descobrir qual seria a nova tendência antes de seus concorrentes e ir atrás do que seria a nova moda, o “cool”. A partir daí deri-vou-se a ferramenta ‘LOOK DO DIA”. Até então, as internautas eram me-ninas que tentavam ascender social-mente por meio de suas críticas ao mundo da moda e da beleza. E, ain-da que algumas realmente falassem

Elas possuem um público maior e mais diversificado do que o de muita revista de moda. Tudo que usam e indicam vira sucesso de vendas. São as “gatekeepers” da indústria da in-dumentária e da beleza. Elas, as blo-gueiras, vêm ameaçando um império de poder, luxo, glamour e ostentação como poucos um dia ousaram fazer.

O conceito de blogueira surgiu após 1997, quando foi criado o blo-gger. Rapidamente, a ideia de um diário online ou de uma simples pági-na onde as pessoas pudessem tratar com propriedade (?) de qualquer as-sunto e dar sua opinião de forma in-formal logo se popularizou no mundo inteiro.

Anteriormente, moda era um es-paço restrito a um determinado gru-po e classe social. Quem escrevia, analisava e ditava tendências eram as pessoas que estudaram moda ou jornalistas que possuíam grande fa-miliaridade com o assunto, somente. O advento da internet proporcionou,

com propriedade sobre os assuntos, isso não representava um perigo para as vendas. Porém, tudo mudou pela prática de expor diariamente como e, mais precisamente, onde se vestir.

A publicidade, especializada em sanar ambições por meio do consu-mismo, viu nos blogs um ambiente a ser explorado. Há alguns tão famosos que ditam tendência com a mesma segurança da revista americana Vo-gue, cuja editora é a respeitadíssima Anna Wintour.

Revistas versus Blogs: o duelo entre a máquina de escrever e a internet

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À moda da casa À moda da casa

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A relevância destes veículos e seu “poder” frente à mídia já foi notado e está até sendo ranqueado. O site americano Signature, famoso por cobrir as novidades e tendências do mundo moderno avalia desde 2009 blogs de beleza e de moda, e divulga um ranking com os 99 blogs de moda mais influentes do mundo. Esse ranking é atualizado a cada tempora-da, sendo a última lista de setembro de 2012. A avaliação é determinada de acordo com os seguintes critérios: número de acessos, ranqueamento da página (número de links internos e externos), número de links que a página principal do blog está ligada, links IPs exclusivos ( números de visi-tantes conectados ao blog), ativida-de no Facebook, atividade no Twitter e alexa (cassificação de sites por seu trafego e alcance). Por meio desses quesitos, conclui-se que os blogs têm papel relevante na vida de suas leitoras e que são capazes de movi-mentar outros sites, redes sociais, a publicidade e a indústria da moda e da beleza.

Muito se tem discutido a respeito do o fim da mídia impressa, mas ela permanece entre nós, ainda que seja em menor tiragem. O mesmo deve acontecer com as revistas de moda. As blogueiras causaram e continuam causando um grande impacto nas re-dações do mundo todo, mas as revis-ta já se consolidaram como um meio de arte. Muito provavelmente os pa-trocinadores passaram a investir da mesma maneira ou até mesmo em quantias maiores nos blogs, mas isso não significa a morte das publicações impressas.

As revistas de moda estão consoli-dadas como meio de difusão de arte, e não há nada que possa ser capaz de mudar isso. Talvez esse seja o capítu-lo final da história das grandes revis-tas: ter em meio as suas matérias de comportamento, saúde e beleza um editorial que faça o leitor guardá-la carinhosamente como um objeto de arte pela grandiosidade da fotogra-fia.

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O circo brasileiro O circo brasileiro

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Palhaçadas inesquecíveis - Políticos e suas políticas tortasPor Brisa Libardi

O mês de fevereiro mal começou e já pudemos perceber que será um mês, no mínimo, estranho. As notícias do Carnaval se misturaram com as manchetes que anunciavam Renan Calheiros presidente do Senado. O responsável pela criação do “Renangate” (apelido dado ao escândalo de corrupção envolvendo o senador, em 2007) foi eleito para sentar em uma das cadeiras mais importantes do Brasil. Mesmo após as inúmeras denúncias de corrupção e de ser acusado inclusive pelos crimes de peculato e falsidade ideológica, Calheiros conseguiu 56 votos para ser eleito. Sem dúvidas, esse fato entra para a história da política brasileira como mais uma palhaçada inesquecível. Mas se engana quem pensa que é somente o nome Renan

Calheiros que continua existindo e, inacreditavelmente, perdurando nos corredores da política nacional.

O famoso ex-presidente da Repúbica, Fernando Collor de Mello, que sofreu um impeachment em 1992, é atualmente Senador da República pelo Estado de Alagoas (coincidentemente o mesmo Estado que Renan Calheiros). Tem-se a dúvida de que o povo tem memória curta ou se quem o elegeu não foi às ruas, na década de noventa, exigindo a expulsão do Caçador de Marajás. Dúvidas à parte, sabe-se que é – pelo menos – constrangedor saber que uma figura ilustre como Fernando Collor de Mello ainda “dá pitacos” em Brasília. E José Sarney? Um dos nomes mais conhecidos no Brasil, Sarney

está por todos os lados. Atualmente, é Senador pelo Estado do Amapá e até o ano de 2012 ocupava a cadeira que o famigerado Renan Calheiros assumiu há pouco mais de uma semana. Algumas línguas, inclusive, dizem que “trocaram seis por meia dúzia” na questão Sarney-Calheiros. No ano passado, também voltou a ser Presidente da República por alguns dias, cumprindo “exigências constitucionais”. E, para fechar os exemplos curiosos de Senadores da República que nós, como brasileiros e eleitores, elegemos, está o nome de Jáder Barbalho. Ele já foi vereador, deputado federal, governador e inclusive ministro. Com uma carreira política infestada de escândalos de corrupção e outras coisas mais graves, Jáder, nas eleições de 2010, recebeu quase 1.8 milhões de votos para Senador. A Lei da ficha-limpa o considerou inapto para assumir o cargo, inclusive por ter renunciado, em 2000, ao cargo de Senador após denúncias de desvio de dinheiro em

instituições como a SUDAM. Mas a ficha-suja de Jáder não perdurou por muito tempo e o famoso paraense assumiu o cargo. A Lei da Ficha Limpa não valeu para as eleições de 2010 e Jáder se beneficiou.

Não é apenas a situação desses quatro nomes anteriormente citados que são verdadeiras palhaçadas políticas. Em todas as eleições, assumem pessoas que deveriam estar longe da política. Que são eleitas não porque o povo tem “memória curta”, mas porque nós não somos ensinados a votar. E, como democracia é democracia e tem que ser cumprida, pessoas de índole duvidosa continuam a assumir cargos pelo voto legítimo do povo. Enquanto isso, é construída na mente de muitos brasileiros uma imagem péssima da capital federal. Em quem se pode colocar a culpa por isso? Pobre Niemeyer: quando projetou Brasília não esperava que a cidade fosse abrigar tantas falhas.

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Ciclo de falhas é o verdadeiro culpado pela tragédiaPor Brisa Libardi

O dia 27 de janeiro já está marcado na história de nosso país. Ninguém esperava, de certo, que no primeiro mês do ano de 2013 o Brasil fosse presenciar uma tragédia imensurável como foi o incêndio na boate Kiss, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Não foi preciso estar no local do incêndio, ou morar em Santa Maria ou até mesmo conhecer alguma das vítimas para se emocionar diante de tamanha desgraça. Jornais de todo o mundo noticiavam o que acabara de ocorrer. A Presidenta Dilma cancelou sua viagem ao Chile para ir até Santa Maria acompanhar a tragédia. Famosos e não-famosos

diziam-se chocados com tudo o que estava acontecendo. Nos jornais, nas rádios em programas de televisão e nas redes sociais não se falava em outra coisa. Foi um domingo de clima pesado.

Entretanto, passado o primeiro momento, de choque e surpresa, começaram a surgir as primeiras indagações sobre o porquê do incêndio e o que havia, de fato, contribuído para a morte de tantos universitários dentro da boate. Hoje, praticamente duas semanas após o ocorrido, sabe-se que os extintores de incêndio não funcionavam, que só havia uma única porta que dava acesso à rua – o que dificultou a saída das vítimas -, que o teto da boate era revestido por uma espuma inadequada e rapidamente inflamável e que, segundo suspeitas policiais, o incêndio começou após a banda “Gurizada Fandangueira” se utilizar de um artefato pirotécnico que atingiu o teto da boate.

Na semana após o incêndio, o que mais se via pelas cidades brasileiras era a “onda de vistorias” realizada pelo Corpo de Bombeiros em restaurantes, bares e boates. Vários estabelecimentos foram fechados por não se adequarem às normas de segurança. Pela primeira vez, por causa de tamanha catástrofe na cidade gaúcha, as autoridades começavam a se preocupar com a segurança da vida noturna brasileira. A antiga frase que diz que “o povo só tranca a porta de casa depois que ela é assaltada” encaixou-se perfeitamente no que estava acontecendo. Milhares de estabelecimentos funcionando irregularmente, com estrutura inadequada, e esperou-se pela morte de mais de 200 jovens estudantes para que providências começassem a ser tomadas. Será que estão esperando acontecer algo parecido em postos de gasolina - onde muitos elegem o lugar para beber e fumar - para também começarem a

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tomar as providências necessárias? Como justificar tamanha inércia das autoridades que são responsáveis por fiscalizar a situação de funcionamento desses lugares?

O incêndio na boate gaúcha levantou inúmeras questões. É revoltante, ainda, saber que os hospitais não possuíam sequer suporte para tamanha demanda de vítimas. São inúmeros os relatos em que afirmou-se que muitas vítimas foram atendidas no chão dos corredores, que não havia médicos suficientes para atender quem dava entrada nas emergências dos hospitais e que, se não fossem os voluntários que se ofereceram para ajudar, não seriam poucas as vítimas que teriam morrido por falta de atendimento médico.

Após todo o ocorrido, fica a pergunta: de quem é a culpa pela tragédia em Santa Maria? Será que é de quem se utilizou de efeitos pirotécnicos dentro da boate? A culpa deveria ser atribuída aos donos da boate Kiss, que não se preocuparam com o revestimento adequado

do ambiente e com a eficiência do funcionamento das saídas de emergência? Ou a responsabilidade é de quem não utilizou da forma correta de sua autoridade e deixou que uma boate mal estruturada pudesse funcionar?

A verdade é que a culpa de um está associada à culpa de outro. Não há somente um grupo de pessoas responsáveis pelo que aconteceu. Todo um ciclo de falhas levou à tragédia.

As investigações ainda não terminaram e a tragédia ainda não foi totalmente elucidada. Resta, agora, esperar para ver sobre quem cairá a culpa e conviver com a notícia de que 238 universitários perderam suas vidas e 65 permanecem internados em hospitais.*

(*Dados obtidos até o fechamento da edição da Gazeta Feminina no dia 07/02/2013)

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Correspondentes Correspondentes

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Três vidas que encheram minha almaPor Susana Berbert

Tirei uma foto de Adriano em um culto à noite: ele orava, seus olhos estavam fechados em direção ao céu e suas mãos estavam levantadas. Quando o culto terminou, fui apre-sentada a ele, que, animado, logo convidou o nosso grupo para conhe-cer seu trabalho em uma pedreira, a maior fonte de renda da cidade de Tomar do Geru. Era início de sema-na, e combinamos o encontro para sexta-feira, na parte da manhã.

Quando chegamos ao local, a pai-sagem branca ao fundo e a sequidão das árvores me deram a impressão de estar em um rigoroso inverno, idéia contrariada pelo calor desérti-co. As vozes dos trabalhadores ecoa-vam por aquele lugar, não mais bai-xas do que os barulhos dos martelos sobre os grandes pregos fincados nas rochas. Aqueles sons formavam uma música: dura, seca, áspera... Como o som da vida.

Adriano foi ao nosso encontro, nos contou um pouco sobre o dia de tra-

balho dos homens na pedreira e nos levou até o local onde estava traba-lhando para mostrar como as pedras são manuseadas. “É simples”, nos disse, “você precisa apenas achar a veia da rocha”. Assim, em poucas marteladas, a pedra se quebrou em dois pedaços quase que perfeitamen-te retangulares, e ele as colocou em um monte que havia ao seu lado.

Enquanto ele martelava, olhei as suas mãos. Mãos grossas, sujas, ca-lejadas. Mãos dispostas, mãos sofri-das, mãos cheias de histórias. Mãos estendidas ao próximo e que não se importavam de trabalhar... As mãos que eu vi adorando a Deus.

Na tarde daquele mesmo dia, en-contrei Adriano na sala da dentista,

pois ele havia ido buscar sua nova prótese. Eu o cumprimentei e ele se sentou na cadeira, enquanto aguar-dava. Nesse tempo, comentei sobre o seu trabalho e sobre o quanto eu havia ficado impressionada com a força que era necessária, dando-lhe os parabéns. Adriano, sentado, com aquelas mesmas mãos cheias de ca-los e machucadas sobre as pernas, disse que, para ele, aquele trabalho, difícil, debaixo do sol quente e rea-lizado com uma roupa pesada, era uma honra. Disse também que sabia que ele não ganhava muito, cerca de 1000 reais por mês para sustentar toda sua família, mas que, para a rea-lidade daquele local, ele era abenço-ado. Adriano, com um sorriso que era visto até em seus olhos, também me contou que ele amava a Deus e que sabia que todos os dias seu sustento vinha Dele. Eu, sentada na cadeira ao seu lado, não tive muito o que falar. Fiquei calada, ouvindo aquele ho-mem agradecer pela vida. Simples, humilde, batalhador diário, homem

Adriano na pedreira e suas mãos calejadas. Fotos da matéria: Susana Berbert

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Correspondentes Correspondentes

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de fé que não tem quase nada... E que me ensinou sobre quase tudo.

Célia estava no corredor do hospi-tal quando a encontrei. De pé, com as mãos sobre os lábios, conversava com meu irmão, João, na frente da sala de nossa dentista. Ele segurava um livro, pequenininho, que continha o evangelho de João, e o entregou para ela. Mesmo sem saber ao certo o que diziam, continuei observando os dois, com a câmera na mão, à dis-tância. Célia, para deixar o corredor, caminhou em minha direção. Pedi para que ela parasse e perguntei se poderia tirar uma foto. Ela riu, com uma das mãos sobre os lábios, e fez “não” com a outra. Foi quando vi que Célia não tinha dentes.

Ela se sentou no banco ao lado e começamos a conversar. Com um hu-mor cheio e com uma voz firme, me contou que havia deixado sua pró-tese, sem vários dentes e já antiga, para ser restaurada, e havia voltado ao hospital, naquele dia, para retirá--la. Depois de um tempo, a prótese, enfim, chegou. Olhei para seu rosto e perguntei: Agora posso tirar a foto,

Célia? Ela sorriu, e dessa vez não usou as mãos. E o sorriso mostrou quem era a verdadeira Célia: aquela da voz firme, e não a que escondeu o rosto, envergonhada. E seu sorriso foi tão grande que não deixou apare-cer a tonalidade verde de seus olhos. Verde casado com mel. Verde como as folhas das árvores que agora esta-vam secas... Verde como a esperança de cada coração do sertão.

Quando vi Nilsa pela primeira vez, ela pedalava uma bicicleta sob o sol quente da tarde sergipana. Eu ainda não conhecia seu nome, não sabia sobre sua história e nem a cor de seus olhos. Tirei uma foto, distante, quan-do ela passou perto do lugar onde eu estava: eu havia achado bonito a pai-sagem, a iluminação e a mulher sob as duas rodas… Mas ainda não sabia que bonito mesmo era o seu coração.

Em meu último dia de viagem fui acompanhar a entrega das próteses aos moradores e Nilsa foi a última a entrar na sala. Eu não percebi que ela era a senhora sobre a bicicleta que eu havia visto há alguns dias. Tímida, quase sem mover seus lábios para

falar, nos cumprimentou e sentou--se na cadeira. A prótese chegou, ela a colocou, e eu perguntei se poderia tirar uma foto. Nilsa mal sorriu, pa-recia constrangida, envergonhada. Apenas olhou para a câmera com aqueles olhos claros. Agradeci, e ela nos disse adeus. Após alguns minu-tos, eu também me retirei da sala e andei até o fim do corredor. Foi quan-do vi Nilsa abraçando um de nossos voluntários. Ela chorava. Olhei bem para seus olhos… Eles estavam ain-da mais verdes com as lágrimas. Eles estavam ainda mais bonitos. A fitei por alguns segundos e perguntei: “o choro dessa vez é de alegria, não é?”, e recebi como resposta um abraço. Abraço forte, abraço trêmulo, abraço que encheu com mais vida, a minha

vida. Abraço que me fez entender, ainda mais, o porquê de Deus amar tanto o sofrido, tanto o excluído e o rico... De coração.

Naquele dia descobri que Dona Nilsa tem três filhos, é deficiente físi-ca e por não conseguir andar direito, locomove-se de bicicleta. Descobri também que há alguns anos ela pa-rou de receber sua aposentadoria e que quase não tem dinheiro para nada, vivendo com a renda de traba-lhos que faz como costureira e com a ajuda que recebe do bolsa família. Descobri também que, quando Nilsa soube que o “Nossa Missão” iria até a sua cidade, ela chorou. Chorou de alegria, chorou de gratidão... Chorou pela graça.

Revendo minhas fotos, encon-trei aquela da senhora andando de bicicleta. A imagem, grande, ficou embaçada. Mesmo assim olhei a paisagem, a rua, a cor forte daquele dia. Olhei a senhora e vi roupas seme-lhantes a que Nilsa usava. Olhei seus pés e vi que eles eram tortos. Olhei o rosto e vi que era ela. Rosto que eu nunca vou me esquecer.

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Intervalo fotográfico Intervalo fotográfico

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Por Anna Clara SoaresPor Anna Clara Soares

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Alternativas para o carnavalPor Bruna de Alencar

Fevereiro é um mês que divide opiniões. Ou você gosta por causa do carnaval, ou não. Não tem meio termo. Para aqueles que desejam fugir do barulho da avenida, nós selecionamos alguns lugares na capital paulista que podem fazer a sua festa.

BECO 203: Casa noturna de shows e danceteria localizada na rua Augusta,

conhecida pelo público alternativo. Os frequentadores, que têm entre 18 e 30 e poucos anos, vão ao Beco em busca da mistura do tradicional Classic Rock ou de Indie Rock. Para a programação de Carnaval, o local tem em sua agenda o Open Bar + Festa Fantasia, na segunda de Carnaval. Na playlist temos The Strokes, The Vaccines, Florence & The Machine, The Black Keys, The Wombats, The Kooks, The Killers, Franz Ferdinand, Arctic Monkeys e muito mais.

I N F E R N O CLUB: O clube, que é tanto espaço para shows quanto

danceteria, já tem um público fiel: os indies. A programação, que privilegia as vertentes do rock, traz diferentes bandas ao palco. No dia 11 de fevereiro, acontece o tradicional Carnaval do Inferno. O uso de fantasias é opcional e haverá premiação para os três melhores fantasiados. Na pista o melhor do rock, pop, alternativo, disco e flash house.

OUTS - Club t r a d i c i o n a l p a u l i s t a n o . Localizado no baixo Augusta,

o Outs junta os apaixonados pelo velho, bom e clássico Rock n Roll. O club também é espaço para reunir os amigos e conversar no bar ou ao show de bandas cover.

STUDIO SP: A história do Studio SP está vinculada com a trajetória de uma nova cena

musical, que se consolida no pais dia após dia. A casa lançou, formou público ou mantém residências fixas de nomes como Instituto, Hurtmold, Eddie, Cansei de Ser Sexy, Tulipa Ruiz, Bonde do Rolê, Otto, Mombojó entre outros. O ambiente é decorado com arte urbana, através de exposições fixas e eventuais. Na sexta-feira, dia 08 de fevereiro, o STUDIO recebe a manda Móveis Coloniais de Acajú.

CAFÉ PIU-PIU - A fórmula do Café Piu Piu é simples: oferecer d i v e r s i d a d e

musical e cultura. O café, que tem apresentações de bandas de rock, traz o som dos anos 60 até o atual.No fim de semana haverá apresentação de bandas.

AlOCA - É uma das boates mais alternativas da região. Po p u l a r i z o u - s e

por juntar o público GLBT. O som varia entre o pop, disco e o electro. No sábado, dia 09 de fevereiro, o club terá a Festonna cuja playlist principal são os hits de Madonna.

Sites:

http://www.beco203.com.br/

http://www.infernoclub.com.br/

http://www.clubeouts.com.br/

http://www.studiosp.org/

http://www.cafepiupiu.com.br/

http://aloca.com.br/blog

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Folia cinematográficaPor Érica Lins

Carnaval tá aí! “Explode coração na maior felicidade”! Ih, não gosta de folia? Você não é o único. Para quem prefere uma vasilha de pipoca e uma pilha de filmes para curtir no feriado enquanto os outros se espremem correndo atrás do trio, aqui vão algumas dicas:

1 - O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook): Em cartaz nos cinemas e indicado a 8 Oscar, incluindo o de melhor filme, a história de Pat Solitano Jr. (Bradley

Cooper) merece a sua atenção. O protagonista retorna à sua casa após oito meses de internação em uma instituição psiquiátrica e se vê obrigado a lidar com o seu passado, o que inclui o relacionamento cheio de altos e baixos com sua ex-mulher, que se recusa a vê-lo por medo de que ele sofra outro surto psicótico. No meio de tudo isso, ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma mulher agressiva e abalada pela morte do ex-marido que mudará a vida de Pat significativamente.

Aí você se pergunta: sério que estão recomendando um filme desses para assistir em pleno carnaval? Sim, é sério. A trama, que tinha tudo para ser um dramalhão de primeira, surpreende pelos seus vários momentos de humor e por mostrar que o amor acontece aos poucos, nos detalhes de cada dia, ao contrário do que as comédias românticas de sempre tentam nos fazer acreditar.

2- Liz and Dick: Estrelando Lindsay Lohan e Grant Bowler como um dos casais mais célebres que Hollywood já viu, o filme retrata a história de amor de Elizabeth Taylor e Richard Burton, que chegaram a contracenar juntos 11 vezes, em clássicos como “Cleópatra” e “Quem tem medo de Virginia Woolf?”

Longe de ser um conto de fadas, o relacionamento do casal foi marcado por brigas, traição e várias separações. No entanto, um detalhe é evidente: eles eram loucos

um pelo outro. A história nos leva a refletir sobre o poder que um grande amor tem sobre a nossa vida, nos levando a construir coisas boas que provavelmente não conseguiríamos sozinhos e a sacrificar outras para que se possa seguir em frente. A atriz dos olhos cor de violeta e o conquistador irremediável fizeram fortuna juntos, tiveram filhos e chegaram a beirar a miséria gastando mais do que tinham. Lindsay Lohan nem parece ela mesma, de tão impecável que é a sua atuação como Liz. Você não vai se arrepender.

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3 - Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot): A comédia de 1959, dirigida pelo genial Billy Wilder e com atuações de Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon, é uma ótima alternativa para quem quer se divertir sem sair de casa nesse carnaval. Curtis e Lemmon interpretam dois músicos que resolvem sair da cidade porque testemunharam um crime. Sua única opção é tocar em uma banda formada por várias cantoras, mas para isso eles são obrigados a se vestir de mulher. Um deles se apaixona pela vocalista (Marilyn), o que provoca várias situações engraçadas.

Essa obra-prima merece ser vista em qualquer época do ano, por ser leve e extremamente divertida, fugindo dos clichês do gênero e nos fazendo perceber que comédia é bem mais que cascas de banana, jatos d’água e guerra de comida.

4 - Woody Allen: Um Documentário: Quem não gosta de saber da vida de seus ídolos, que atire a primeira pedra. É por isso que a iniciativa de Woody ao permitir, pela primeira vez, que sua vida fosse documentada foi tão comemorada por seus fãs. Destaque para a parte inicial do filme, em que Woody Allen e seus familiares relembram momentos da infância do diretor.

O cineasta começou escrevendo piadas para jornais, depois começou a se apresentar em stand up, até que começou a atuar, dirigir e fazer o roteiro de seus filmes. Tornou-se um dos ícones do cinema, ganhou 4 Oscar, influenciando sua geração e as próximas, apesar de suas obras não serem sucesso de bilheteria. O filme conta com depoimento de vários atores (Diane Keaton, Antonio Banderas, Scarlett Johansson, Penélope Cruz) e outros profissionais que trabalharam com Allen e se derretem em elogios a ele.

5- As Mulheres do Sexto Andar (Les femmes du 6ème étage): Impossível esquecer esta comédia francesa que assisti no cinema da Livraria Cultura, sem muitas expectativas antes da sessão. A

trama se passa na França dos anos 60 e retrata um tradicional casal de classe média, Jean-Louis Joubert (Fabrice Luchini) e Suzanne (Sandrine Kiberlain), que leva uma vida sem muita emoção, até contratar uma empregada espanhola que leva a tia e outras familiares para morar com ela no 6º andar do prédio.

Com o tempo, elas se tornam próximas de Jean-Louis e fazem com que o patrão veja a vida de outra forma e aprenda a se divertir mais. Ele chega a se apaixonar por uma delas, mas será que esse amor é possível? Depois de diversas situações inesperadas, música, romance e muito bom humor, o final não deixa a desejar. Vale a pena assistir.

Nada como uma boa sessão de filmes para recarregar as baterias, não é? Se você vai ficar em casa, se esbaldar nos blocos de rua ou sambar na frente da televisão, não interessa: cada um tem o seu jeito de aproveitar o carnaval. Mas quando quiser se distrair e estiver no clima de ficar em casa, não deixe de seguir as nossas sugestões. Boa diversão!

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Sambando com os livrosPor Anna Vitória Rocha

Estou contando os dias para o carnaval e odeio folia. Odeio bagunça, odeio multidões, odeio música alta tocando na rua e depois do segundo desfile, acho todas as escolas iguais. Só que, por outro lado, eu amo o carnaval. Uma semana de feriado para os felizardos que conseguiram enforcar o resto da semana depois da quarta-feira de cinzas e eu, felizmente, me enquadro nesse grupo. Pretendo usar esses preciosos dias para me confinar em casa e descansar tudo que a greve das universidades não me deixou relaxar nesse verão. Para me fazer companhia, livros, por favor, uma infinidade deles! Escolhi cinco opções para você, que por ventura se identificou com meu espírito recluso e idoso e nesses dias de diversão e folia só quer saber de mergulhar por completo num mundo diferente e ter como companhia os personagens mais bacanas, envolventes e apaixonantes do mundo.

Morte súbita – J.K. Rowling: Até quem não é fã da saga Harry Potter vai ter dificuldades em não se envolver com o primeiro romance da autora depois

desde o fim da saga do Menino que Sobreviveu. No novo livro, Rowling nos leva a conhecer a vida pública e privada de Pagford, um pequeno vilarejo no interior da Inglaterra, que é abalado pela morte súbita de Barry Fairbrother, protagonista ausente do livro. Misturam-se às questões políticas do lugar os conflitos internos entre os personagens, e o resultado da combinação caminha para um desfecho cáustico, que aguardamos com expectativa graças à atmosfera de tensão que ela tão bem consegue estruturar. Os habitantes da cidade são interessantes, complexos, moralmente ambíguos e um tanto

quanto irresistíveis. Ainda que não seja possível botar a mão no fogo por ninguém, logo somos tomados por apego irracional que faz com a gente se importe com o destino deles, seja ele bom ou ruim, e é isso que nos leva por exatas 501 páginas sem perceber o tempo passar.

Meio intelectual, meio de esquerda – Antonio Prata: Para ler numa sentada só, durante uma tarde de preguiça, para as pessoas se perguntarem o que te levou a ficar rindo sozinha diante de um livro. Essa coletânea

de crônicas, a maioria publicada inicialmente em sua antiga coluna no jornal Estado de São Paulo, reúne os melhores trabalhos desse incrível escritor que é o Antonio Prata, que desde a época que escrevia para

adolescentes na Capricho já mostrava ao que veio. Ele trata do cotidiano de forma peculiar, muitíssimo bem humorada e com uma sensibilidade das mais lindas, que vai te fazer limpar aquela lágrima no canto dos olhos por conta de um texto sobre escovas de dente que começou muito engraçado e terminou arrepiando e fazendo chorar.

O amor nos tempos do cólera – Gabriel García M a r q u e z : Para quem é acostumado a associar o universo literário do

colombiano ao realismo fantástico e às histórias com personagens de mesmo nome, meninas que sobem ao céu e cidades que somem pelos ares vai se surpreender com a normalidade desse romance, na medida em que

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um livro do Gabo pode ser normal. O livro nos apresenta a Florentino Ariza, um então jovem meio excêntrico e soturno que se apaixona por Fermina Daza, com quem tem um breve envolvimento por meio de cartas e juras de paixão que acabam tão rapidamente quanto começam. Florentino, no entanto, nunca esqueceu a moça e passa o resto de sua vida, literalmente, apaixonado por ela. A intensidade e plenitude desse sentimento vai te fazer suspirar e sorrir à toa, assim como a prosa gostosa e bem elaborada do escritor, que nos presenteia com um final incrível, desses que só ele consegue inventar.

Alta fidelidade – Nick Hornby: L e i t u r a obrigatória para fãs de música e cultura pop no geral, esse livro é narrado em primeira pessoa

por Rob Fleming, um cara aficionado por discos que encontra neles o norte de sua vida, até perceber estar indo

pra lugar nenhum – ou nenhum lugar bom. Buscando mudar, ou quase sendo arrastado para a mudança, ele resolve ir atrás de todas as namoradas que lhe renderam os fins de namoro mais traumáticos e terríveis para tentar entender o que, afinal, há de errado consigo. Nick Hornby tempera seu personagem com inúmeras referências a livros, filmes e muita música, e acompanhar Rob na construção de top 5 sobre os mais diversos temas é viciante e delicioso. Embora seja um livro bem engraçado, existe um que de profundidade aí, que pode, eventualmente, te levar a fazer os mesmos questionamentos que o protagonista, mas com relação à sua própria vida.

Capitães da areia – Jorge Amado: Figurinha marcada nas leituras o b r i g a t ó r i a s das escolas e v e s t i b u l a r e s , Capitães da Areia é um livro que todo mundo

devia dedicar um tempo pra ler e se

apaixonar. Mesmo quem já leu por conta do colégio devia ler de novo, sem aquela obrigação chata de ter que aprender pra fazer prova, porque ele merece ser apreciado com leveza, delícia e amor no coração. Até quem não é fã de carnaval vai querer dar um pulinho em Salvador, porque Jorge Amado descreve a cidade de um modo tal que até essa que vos escreve, que nunca se interessou muito pelo local, fechou o livro querendo arrumar as malas e correr pra lá. A gangue de meninos de rua

Esse foi o especial da GF para aqueles que não curtem o carnaval. Mas, se essa é a sua época preferida do ano, se o seu negócio é dar voltas pelo trio e dançar como se não houvesse amanhã, não se preocupe. É só virar a página e você poderá conferir a seleção de atrações que a gente trouxe para você se divertir nesse carnaval. Vista a sua melhor fantasia, capriche no brilho e, literalmente, “Desfrute!”.

que rouba dos ricos pra sobreviver mostra uma realidade dura que se torna poética pelas palavras doces e a atmosfera mágica construída, que transforma anti-heróis em quase príncipes, guerreiros apaixonantes talvez, e definitivamente amigos próximos do leitor. Eles são crianças, adolescentes bestas e adultos por obrigação, tudo ao mesmo tempo, o que torna a leitura um caldeirão que mistura esse monte de emoções intensas e verdadeiras que cativam logo nas primeiras páginas.

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Imagine: Mais de 500 mil pessoas andando atrás de um trio elétrico pelas ruas do Rio de Janeiro, em um desfile com uma duração de mais de três horas e sem nenhum registro de ocorrência, segundo a Polícia Militar. A façanha, alcançada no ano passado, é uma das muitas do histórico do Monobloco, grupo que, desde 2000, vem fazendo roqueiros, funkeiros, forrozeiros, enfim, gente de todas as tribos, dançar ao ritmo de uma verdadeira bateria de escola de samba.

Em todo mês de fevereiro, no fim de semana seguinte à terça-feira de carnaval, o Monobloco promove um desfile que encerra a programação de rua do carnaval carioca. Ano após ano, o número de foliões aumenta, e 2013 não deve fugir à regra. A explicação para todo esse estrondoso e crescente sucesso está na receita adotada pelo grupo: animação em todos os momentos e um repertório que agrada a gregos e troianos.

decepcionar: o que não falta é funk no repertório do Monobloco, entre os quais se destacam o “Endereço dos Bailes” e o popularíssimo “Rap da Felicidade”.

Atrás do Monobloco só não vai quem já morreuPor Ana Paula Souza

Como todo bom grupo de carnaval, o Monobloco traz as tradicionais marchinhas e os sambas-enredo que até hoje fazem muita gente sambar na avenida. Entre os pontos altos dos shows, estão as interpretações de “Peguei um Ita no Norte” (Explode coração/ Na maior felicidade/ É lindo o meu Salgueiro/ Contagiando e sacundindo essa cidade), “O Amanhã” (Como será o amanhã?/ Responda quem puder/ O que irá me acontecer?/ O meu destino será como Deus quiser) e “É Hoje” (É hoje o dia/ Da alegria/ E a tristeza/ Nem pode pensar em chegar).

Para você que frequenta shows de rock, há uma guitarra no meio dos tamborins, e você nem precisa pedir “toca Raul”, pois o roqueiro também faz parte do setlist do Monobloco. Se o seu negócio é

dançar juntinho, eles fazem a sua felicidade cantando de Luiz Gonzaga a Alceu Valença. Agora, se o que você curte mesmo é ir rebolando até o chão, também não há porque se

Os integrantes do grupo Monobloco

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No setlist do grupo, ainda há espaço para canções de muita gente: Tim Maia, Elza Soares, Jorge Aragão, Paralamas do Sucesso, O Rappa, Barão Vermelho, Jorge Ben Jor, Cidade Negra, entre outros. Se você gostou, se animou e quiser ir se aquecendo para o grande desfile, que ocorrerá no dia 17, preste atenção na agenda dos rapazes. Nos dias 08 e 15 de fevereiro, o Monobloco irá se apresentar na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Além disso, o grupo

também irá se apresentar em Ouro Preto (08/02), Luís Correa (09/02), Brasília (10/02), Pompéu (11/02), Votuporanga (11/02), São Lourenço (12/02) e Florianópolis (12/02).

Se você me permitir deixar um pouco de lado a objetividade jornalística, querida leitora e querido leitor, permita-me também fazer uma pequena observação: desde a primeira vez em que ouvi uma interpretação do Monobloco, mais especificamente a da canção “Descobridor dos Sete Mares”, tornei-me fã imediata do grupo. Na primeira oportunidade que tive, fui conferir um show deles e lhe digo sem hesitar: foi um dos shows mais empolgantes que eu já assisti. Não, eu não tenho samba no pé, mas é realmente impossível não tentar arriscar ou não ser feliz sambando em um show deles. Por isso, vá, se jogue no ritmo dos tamborins, e descubra porque, anualmente, mais de 500 mil pessoas vão às ruas do Rio de Janeiro comemorar o carnaval com o Monobloco.

Imagem aérea de trecho do desfile do Monobloco

Shows do Monobloco

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Com o feriado de Carnaval se aproximando, muitos dos que moram em São Paulo só pensam em fugir do caos refugiando-se em algum canto isolado do Brasil. Outros preferem descer ao litoral para aproveitar com os pés na areia. Alguns, no entanto, preferem ir a grandes cidades onde o carnaval é uma atração turística: Salvador, Rio de Janeiro, Manaus, Olinda, Recife, entre muitas outras. O que pode vir como uma surpresa é que São Paulo também é uma cidade com tradição em blocos carnavalescos, escolas de samba, samba de rua. Apesar de ofuscado

Em 2012, por exemplo, a letra da marchinha dizia: “é o fim do mundo, meu bem, você que sabe: até quando aturar esse Kassab!”.

Juntando diversão, liberdade e protestos, o Carnaval paulistano fica, há mais de 30 anos, mais animado com as qualidades trazidas pelo bloco Vai Quem Qué. Se estiver por terras paulistanas nesse Carnaval, não perca a chance de conhecer esse bloco de rua, artigo em extinção nessa era de megalomania do Carnaval de “avenidas do samba”. Aposto que se você for em uma noite, vai querer voltar na seguinte. E no ano que vem. Bom Carnaval!

Vai Quem QuéPor Ana Paula Souza

pelos grandes centros do Carnaval no Brasil, São Paulo também tem opções muito legais para quem gosta de pular Carnaval. Uma delas é o tradicional bloco Vai Quem Qué.

Há 33 anos, foliões paulistanos vão atrás desse bloco pelas ruas da Vila Madalena. Criado durante o período da ditadura militar, inicialmente a intenção dos dois criadores era atrapalhar o oficial Carnaval da Avenida Tiradentes (os dois haviam sido barrados). O objetivo inicial não foi cumprido, mas o bloco continuou saindo pelas ruas da cidade desde

então e, cada vez, consegue juntar maior quantidade de pessoas.

O mais legal é que o bloco sai em todos os quatro dias de Carnaval (começando no sábado), não existe traje obrigatório e ninguém precisa ter samba no pé: basta querer se divertir e aproveitar a festa que, querendo ou não, é uma das maiores tradições do Brasil. Como o nome mesmo já diz, vai quem quer se divertir.

Além de trazer diversão durante o Carnaval, as letras das marchinhas do bloco também podem ter conotação política, em forma de protesto.

Bloco de carnaval Vai Quem Qué

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Meu Deus que jogo chato! Confesso que dormi no sofá antes do fim do primeiro tempo e acordei apenas após o gol de Fred. Como o trabalho de Scolari nem começou direito e mais para frente vão dizer que criticar depois que a vaca foi pro brejo é fácil, vou malhar a Seleção agora enquanto ainda tenho fervor

O retrocesso da SeleçãoPor Lucas Coelho

da derrota, mas a incerteza do futuro. Mas, antes, quero esclarecer uma coisa.

A maneira como terminei meu texto na última edição da Gazeta Feminina meu deixou incomodado. Quando disse que acreditava que Felipão fosse colocar os nossos

melhores jogadores em campo e em condições, acho que minha crítica ficou muito subliminar. Então, aí vai o que realmente penso: do trabalho de Felipão, eu não espero nada. Não espero ver uma Seleção jogando o fino da bola, não espero ver um legado pós “Familia-Scolari” e não espero um futebol convincente da equipe. Nós iremos depender basicamente do talento de nossos jogadores na Copa de 2014. E isso já nos credencia como candidatos ao título. Nesse quesito, acho que Felipão tem condições de fazer o “arroz com feijão” e pelo menos não entrar no caminho do talento, como fez Dunga em 2010 ao não convocar Neymar e Ganso.

Com isso esclarecido, agora posso retornar à minha critica. A seleção brasileira piorou. Que Mano não estava pronto ainda para treinar o Brasil, isso já havia ficado claro. Mas ele começou a esboçar uma equipe, que marcava pressão, que tinha

Neymar como falso centro-avante, que se movimentava bastante e jogava em velocidade. Vimos na partida contra a Inglaterra que não iremos ter mais nada disso. Os camisas 9 ficaram escondidos no meio dos zagueiros, os meias ficaram restritos ao meio, os volantes não terão tanta liberdade para aparecerem na frente e a marcação pressão, se acontecer, vai ser resultado de desespero e não de treino.

Luis Fabiano não existiu no jogo. Fred até melhorou o jogo porque saía mais da área para fazer tabelas, mas também ficou a maior parte do tempo isolado. Neymar buscou jogo, mas não conseguiu render diante da forte marcação inglesa e a falta de movimentação brasileira. Ronaldinho Gaúcho, para variar, se conteve do lado esquerdo do campo, pegando pouco na bola e tentando lançamentos em vão. Oscar ficou totalmente perdido em campo.

Neymar queria o jogo, mas não conseguiu render

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Isso é culpa dos jogadores? Acho que não. Fred e Luis Fabiano não se limitam a serem postes em seus clubes, Ronaldinho tem jogado bem como meia armador no Galo e Oscar vinha comandando o meio de campo da Seleção até Mano sair. Paulinho e Ramires pouco apareceram no ataque como elemento surpresa e as laterais não foram opção em momento algum.

Defensivamente a equipe foi uma lástima, apesar de individualmente o zagueiro Dante ter sido uma grata

surpresa. A organização ali estava precária, sem o mínimo de cuidado com o ataque inglês. Walcott deitou e rolou nas costas de Adriano no primeiro tempo, porque Ramires não marcava. Depois, Felipão colocou Paulinho por ali e corrigiu isso, mas Walcott continuou bem nas jogadas individuais. Para completar, nosso ilustre Daniel Alves fez mais uma partida completamente inútil.

Depois de tudo isso, você deve se perguntar: como eu digo que o Brasil ainda tem chances na Copa,

se eu penso que nada disso irá mudar? Porque na Copa é diferente. É superação. E se juntarmos raça, talento e o mínimo de organização, nós somos muito fortes. Para a Copa de 2002, a Seleção se classificou com muito custo, ficando atrás do Equador e empatada com o Paraguai. Com Felipão como técnico, fomos eliminados da Copa América de 2001 por Honduras! Nada disso importou quando chegou a Copa do Mundo de 2002. O penta foi conquistado

graças ao talento dos jogadores, especialmente Ronaldo e Rivaldo (para provar meu argumento, assista ao vídeo). O Palmeiras, rebaixado, conquistou a Copa do Brasil ano passado graças ao talento de Barcos e o de Marcos Assunção batendo faltas e escanteios (assista ao vídeo). Acredito que o Brasil pode, eu disse PODE, ser campeão em 2014 graças ao grande talento de nossos jogadores, e não à interferência técnica de Luiz Felipe Scolari.

Lucas melhorou o time quando entrou. Deveria ser titular

Júlio César salvou o Brasil com grandes defesas

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Furou o disco! Furou o disco!

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My Hips Don’t LiePor Bruna Rodrigues

Queridas leitoras e queridos leito-res, sinto-me engrandecida por ter essa oportunidade de escrever para vocês. Depois de uma leitura turbu-lenta de Goethe (meu último texto), acho que um pouco de bom humor não faz mal a ninguém. Comentá-rios à parte, ao pensar em um tema para esse texto, a única coisa que mais batucava em minha mente era justamente o carnaval e aquele abor-recimento que vem junto com ele. Aí você me pergunta: mas qual o pro-blema dessa tão gloriosa festividade? Eu lhe respondo: para quem não caiu do berço e começou a sambar, todas as dores de cabeça possíveis!

Sinto em lhe dizer, mas, quando o quesito é samba no pé, gingado, sen-sualidade ao dançar, todos os jurados do mundo, inclusive os de sapateado irlandês, me dariam as piores notas. Não é exagero, juro! Meus passos são quase uma mistura de poste em meio a tornados com um boneco de Olin-da. Realmente, o caso é bem sério

Em meio a essa grande frustração de minha vida, o que me conforta é saber que esse pesar não é só meu - sofrer sozinho é para os fracos. Tanto que tenho certeza que existe alguém aí que está me lendo e que possui tanta graça ou leveza quanto uma girafa com espasmos. E falando em animais, queria muito saber se dan-çar deveria ser uma habilidade inata ao ser humano e se ele dela depen-de, sei lá, como se fosse algo pareci-do com a dança do acasalamento ou coisa do gênero. Se for esse o caso, sinto que serão falhas as tentativas em passar nossos genes para frente.

Depois desse pensamento pessi-mista, o que mais me revolta é o fato de gostar de dançar. Sim, muitas e muitas vezes tentei negar esse dese-jo crescente, falando que não preci-sava disso e que era besteira. Porém, toda vez que ouço algo parecido com Shakira ou Beyoncé, a vontade de me jogar na pista aumenta, mas a ti-midez (e o bom senso, é claro) deixa tudo isso mais difícil.

As festas e baladas estão aí para não me desmentir. O incrível é que toda pessoa que sabe que não possui talento para ser a próxima Globeleza ou Carlinhos de Jesus sente que essa ocasião é quase uma cilada. As horas e mais horas gastas tentando pare-cer decente vão por água a baixo na primeira rebolada, e o simples fato de abrir uma pista de dança torna--se algo inaceitável, sob o risco de ou ser levado para um hospício ou para alguma ambulância. Devido a isso, preferir os cantos mais escuros e ina-bitáveis é natural a essa espécie.

E voltando ao assunto inicial, até o pular carnaval pode ser feito de modo esquisito. Não adianta: ser um péssimo dançarino não é uma fase, mas sim uma condição de vida. E é por isso que, quando ouço a primeira batida no tamborim, o nervosismo se apodera de minha pessoa.

Mesmo possuindo esse poder de acabar qualquer evento, não é esse o pior de todos os males. Se a mãe

de vocês, assim como a minha, ao invés de passar açúcar passou gesso em seus quadris, aprendam a encarar isso, a pagar um curso de dança ou a aceitar a falta de jeito. Até porque não há um modo certo de dançar. O certo é se divertir.

Cena clássica de dança do filme “Pulp Fiction”, dirigido por Quentin Tarantino

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