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1 de 4 Geração Distribuída Através de Aerogeradores e a Eficiência da Cogeração Luane Schiochet Pinto [email protected] Instituto Federal De Educação, Ciência E Tecnologia De Goiás Programa De Pós-Graduação Em Tecnologias De Processos Sustentáveis PPGTPS Rua 75, nº46. Centro, Campus Goiânia Goiânia/GO, Brasil, 74000-000 Resumo este trabalho tem como objetivo apresentar como funciona a geração de energia elétrica da forma distribuída, os procedimentos para a conexão dos aerogeradores na rede elétrica de distribuição e a eficiência dos sistemas de cogeração. I. INTRODUÇÃO Com o crescente aumento da demanda de energia elétrica e os impactos ambientais a geração distribuída, através de fontes renováveis, vem ganhando destaque no setor elétrico. A geração distribuída no Brasil procura descentralizar as fontes de geração buscando desta forma reduzir perdas de transmissão e distribuição, concentrado assim a geração e consumo no mesmo ponto. Se tratando da eficiência dos processos e sistemas, surgiu o sistema de cogeração que busca utilizar a energia de forma mais eficiente, utilizando uma fonte de geração para gerar simultaneamente energia térmica e elétrica. II. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA A geração de energia elétrica juntamente com as longas linhas de transmissão, estando essas entre as mais extensas do mundo, e de distribuição ocasionam perdas em valores diretamente proporcionais. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME) as perdas associadas a transmissão e distribuição chegam a 15%, quando as cargas são transmitidas a grandes distâncias no sistema interligado [1]. Devido ao problema de perdas na transmissão surgiu o sistema de geração distribuída, também conhecido como geração descentralizada. Segundo Reis “ a expressão geração distribuída tem sido utilizada para caracterizar qualquer forma de geração de energia elétrica localizada próximo ao usuário final” [2]. A geração distribuida é composta por fontes de geração de energia de porte pequeno e geralmente conectadas ao sistema no nível de tensão de distribuição, contribuindo desta forma para aumentar a distribuição geografica da geração. A geração distribuída representada pela autoprodução através de fontes renováveis não hídrica, como biomassa, eólica, resíduos urbanos, entre outras, constituía cerda de 7,01% da geração total de energia elétrica em 2010, conforme pode ser observado na Figura 1. O esperado para 2030 é que essa forma de produção de energia chegue a 8,27% [3]. Figura 1 - Matriz Elétrica Brasileira 2010 e Perspectiva para 2030. Fonte: FRANÇOIS, p. 56 Com relação a energia eólica a utilização de aerogeradores de pequeno porte, de 1 a 100 kW, mostram-se como uma interessante fonte alternativa de geração distribuída [3]. O aerogerador produz energia em corrente continua, para que essa energia seja entregue a rede ou consumida é necessário que a mesma passe por um retificador e por um inversor com a finalidade de transformar essa corrente em alternada. Após a transformação segue para um sistema de proteção, o qual é exigido a fim de proteger o gerador e a

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Artigo sobre geração distrbuida.

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Geração Distribuída Através de Aerogeradores e a Eficiência da Cogeração

Luane Schiochet Pinto

[email protected]

Instituto Federal De Educação, Ciência E Tecnologia De Goiás

Programa De Pós-Graduação Em Tecnologias De Processos Sustentáveis – PPGTPS

Rua 75, nº46. Centro, Campus Goiânia

Goiânia/GO, Brasil, 74000-000

Resumo – este trabalho tem como objetivo apresentar como

funciona a geração de energia elétrica da forma distribuída, os

procedimentos para a conexão dos aerogeradores na rede

elétrica de distribuição e a eficiência dos sistemas de cogeração.

I. INTRODUÇÃO

Com o crescente aumento da demanda de energia elétrica e

os impactos ambientais a geração distribuída, através de

fontes renováveis, vem ganhando destaque no setor elétrico.

A geração distribuída no Brasil procura descentralizar as

fontes de geração buscando desta forma reduzir perdas de

transmissão e distribuição, concentrado assim a geração e

consumo no mesmo ponto.

Se tratando da eficiência dos processos e sistemas, surgiu o

sistema de cogeração que busca utilizar a energia de forma

mais eficiente, utilizando uma fonte de geração para gerar

simultaneamente energia térmica e elétrica.

II. GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A geração de energia elétrica juntamente com as longas

linhas de transmissão, estando essas entre as mais extensas

do mundo, e de distribuição ocasionam perdas em valores

diretamente proporcionais. Segundo o Ministério de Minas e

Energia (MME) as perdas associadas a transmissão e

distribuição chegam a 15%, quando as cargas são

transmitidas a grandes distâncias no sistema interligado [1].

Devido ao problema de perdas na transmissão surgiu o

sistema de geração distribuída, também conhecido como

geração descentralizada. Segundo Reis “ a expressão geração

distribuída tem sido utilizada para caracterizar qualquer

forma de geração de energia elétrica localizada próximo ao

usuário final” [2]. A geração distribuida é composta por

fontes de geração de energia de porte pequeno e geralmente

conectadas ao sistema no nível de tensão de distribuição,

contribuindo desta forma para aumentar a distribuição

geografica da geração.

A geração distribuída representada pela autoprodução

através de fontes renováveis não hídrica, como biomassa,

eólica, resíduos urbanos, entre outras, constituía cerda de

7,01% da geração total de energia elétrica em 2010, conforme

pode ser observado na Figura 1. O esperado para 2030 é que

essa forma de produção de energia chegue a 8,27% [3].

Figura 1 - Matriz Elétrica Brasileira 2010 e Perspectiva para 2030.

Fonte: FRANÇOIS, p. 56

Com relação a energia eólica a utilização de aerogeradores

de pequeno porte, de 1 a 100 kW, mostram-se como uma

interessante fonte alternativa de geração distribuída [3].

O aerogerador produz energia em corrente continua, para

que essa energia seja entregue a rede ou consumida é

necessário que a mesma passe por um retificador e por um

inversor com a finalidade de transformar essa corrente em

alternada. Após a transformação segue para um sistema de

proteção, o qual é exigido a fim de proteger o gerador e a

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rede. Em seguida a energia segue para a residência ou para

um medidor bidirecional, leva este nome pois neste sistema

de geração de energia elétrica existe um fluxo bidirecional de

energia, ou seja, o consumidor pode solicitar energia da rede

como pode entregar energia a rede, no chamado sistema de

compensação o medidor mede tanto a energia gerada quanto

a energia consumida [3].

O sistema de compensação de energia elétrica trata-se de

um empréstimo gratuito de energia do consumidor-gerador à

distribuidora local. Este sistema gera créditos em kWh

quando a energia gerada é superior a demanda da unidade

geradora, tais créditos são utilizados como forma de

abatimento no valor da fatura mensal quando a energia

demandada for menor que a energia gerada, sendo que a

concessionária deverá devolver a mesma quantidade de

energia a unidade consumidora com a mesma qualidade, em

um prazo de 36 meses. Após passar pelo medidor a energia

elétrica produzida é entregue a rede de distribuição, conforme

pode-se observar no esquema da Figura 2.

Figura 2 - Esquema de Geração Distribuída Através de Aerogerador

Fonte: FRANÇOIS, p. 62

A. Vantagens

O principal benefício da geração distribuída é o incentivo à

utilização de fontes de energia renováveis em pequeno porte,

tornando assim a implantação dos sistemas mais rápida e os

ricos de investimentos menores quando comparados a

geração centralizada [4].

Como a energia é gerada no próprio local de consumo, ou

próximo a ele, os investimentos em transmissão e distribuição

são poucos, além de reduzir as perdas nestes sistemas,

melhorando a estabilidade do serviço de energia elétrica [5].

A geração próxima às cargas torna o sistema mais estável e

confiável, pois consegue aliviar sobrecargas auxiliando o

congestionamento do sistema de transmissão, além de manter

a tensão em níveis adequados nos períodos de picos,

proporcionando maior confiabilidade ao sistema ao reduzir as

quedas de tensão e os blecautes. Podendo também diminuir a

dependência do parque gerador com despacho centralizada,

além de funcionar como reserva operativa [1,2].

O impacto ambiental quando se trata da geração distribuída

é muito menor, pois as fontes de geração são de pequeno

porte. Outra vantagem desta forma de geração é que a energia

produzida a mais que a demanda pode ser entregue a

concessionária e utilizada em um período que a demanda seja

maior que a geração [3].

B. Desvantagens

Um problema que vem juntamente com a geração

distribuída é o aumento da complexidade na operação das

linhas de distribuição, são necessários novos procedimentos

para operar, controlar e proteger as linhas, pois as mesmas

possuem fluxo bidirecional. Outros problemas que surgem

com esta forma de geração são maiores níveis de distorção

harmônica na rede, a intermitência de geração quando se trata

da geração eólica, além da dificuldade em operar os níveis de

tensão em carga leve. Deve-se levar em conta o alto custo de

investimento tanto para a modificação das operações quando

para a implantação dos sistemas [3].

III. RESOLUÇÃO NORMATIVA

Conforme a Resolução Normativa N0 482, de 17 de abril

de 2012 a microgeração distribuída é aplicável a unidades

geradoras com potência instalada menor ou igual 100kW e a

minigeração distribuída a unidade geradoras com potência

instalada superior a 100kW e menor ou igual a 1MW. [6]

Tais unidades geradoras podem ser conectadas a rede de

distribuição por meio de instalações de unidade

consumidoras, sendo que as fontes de energia devem ser de

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origem hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração

qualificada [5].

Tanto na micro quanto na minigeração distribuída, o

consumidor é tratado como consumidor-gerador, pois caso a

geração ultrapasse a demanda da unidade consumidora o

excedente é injetado na rede de distribuição sem fins

comerciais, ou seja é uma permuta de energia a ser

consumida pelo mesmo consumidor em outro horário [4,5].

Sendo que desde a publicação da Resolução em 2012 até

março deste ano, foram instaladas 534 centrais geradoras,

sendo 500 com a fonte solar fotovoltaica, 19 eólicas, 10

híbridas (solar/eólica), 4 biogás e 1 hidráulica [7]. Ainda em

maio a ANEEL abriu uma consulta pública para rever as

regras da geração distribuída e estima que o país terá 500 mil

unidades consumidoras com energia solar até 2024, com uma

potência instalada total de 2 gigawatts (GW) [8].

IV. PROCEDIMENTOS PARA CONEXÃO

Para que ocorra a conexão de uma unidade geradora,

chamada de acessante, à uma rede elétrica de distribuição é

necessária a aprovação da concessionaria de energia, ou

acessada. Segundo a Resolução Normativa n0 391 as

unidades geradoras com potência igual ou inferior a 5MW é

necessário apenas o Registro de Central Geradora junto a

ANEEL [9].

Segundo o Módulo 3 do Prodist as unidades de micro ou

minigeração distribuída são obrigatórias apenas as etapas de

solicitação de acesso, que se trata de um requerimento

formulado pelo acessante, onde deve conter o projeto das

instalações de conexão, diagramas, entre outros, e o parecer

de acesso é um documento apresentado pela acessada com as

condições de acesso [10].

Quando se trata da micro e minigeração é dispensável a

assinatura de contratos de uso e conexão da rede, é solicitado

apenas um acordo operativo[11].

V. COGERAÇÃO

Pode-se dizer que os sistemas de cogeração são também

sistemas de geração distribuída, porém o oposto não é

verdadeiro, sendo que a geração distribuída pode ser feita em

regime de cogeração [1]. Segundo Reis “ os sistemas de

cogeração são aqueles em que se faz simultaneamente a

geração de duas formas de energia, a elétrica e a térmica, de

forma sequencial, a partir de um mesmo combustível”, os

combustíveis utilizados para o processo de cogeração

geralmente são derivados do petróleo, gás natural, carvão e a

biomassa [2].

A principal vantagem desse sistema é o aumento da

eficiência de energia adquirida, se tratando de um gerador é

transformado em energia elétrica cerca de 40% do

combustível usado, e o restante 60% de energia é perdida. No

sistema de cogeração 50% desta energia que antes estava

perdida é transformada em energia térmica e a energia

perdida cai para 10%, ou seja, aumenta a eficiência da

energia utilizada [11].

VI. CONCLUSÃO

A geração distribuída no Brasil ainda está em processo de

disseminação, porém ainda são necessários incentivos

governamentais para a fabricação de aerogeradores no país

com o intuito de diminuir os custos de implantação e também

incentivos de financiamentos.

Outro ponto importante que deve ser analisando

cuidadosamente é as linhas de distribuição que ainda não

estão preparadas para o fluxo bidirecional de energia, pois

com a entrada de unidades geradoras a rede irá perder sua

natureza radial e assim deverão ser implantados sistemas de

proteção em ambas as direções.

Com relação a cogeração e a energia eólica a viabilidade

de projetos ainda não está comprovada, pois não foi

encontrada uma forma de conseguir utilizar as massas de

vento para gerar energia elétrica e térmica juntamente.

REFERÊNCIAS

[1] CRUZ, J. L. C. Geração Distribuída. O Setor Elétrico,

Outubro de 2013. Disponivel em:

<http://www.osetoreletrico.com.br/web/aempresa/1121-

geracao-distribuida.html>. Acesso em: 31 de Agosto de

2015.

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[2] REIS, L. B. D. Geração de Energia Elétrica. 2. ed.

Barueri: Manole, 2011. ISBN 978-85-204-3039-2.

[3] FRANÇOIS, D. E.; ALÉ, J. A. V. Geração Eólica, Porto

Alegre, v. Fevereiro, 2013.

[4] ABEE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA

EÓLICA. Incentivos a Barreiras de Geração Distrubuída,

2015. Disponivel em:

<http://www.portalabeeolica.org.br/index.php/noticias/1603-

incentivos-e-barreiras-%C3%A0-gera%C3%A7%C3%A3o-

distribu%C3%ADda.html>. Acesso em: 31 de Agosto de

2015.

[5] INEE - INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA. O Que é Geração Distribuída, 2015.

Disponivel em:

<http://www.inee.org.br/forum_ger_distrib.asp>. Acesso em:

01 de Setembro de 2015.

[6] ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA

ELÉTRICA. Resolução Normativa no 482 de 17 Abril de

2012. Disponivel em:

<www.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf.>. Acesso em: 03

de Setembro de 2015.

[7] ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA

ELÉTRICA. Revisão da norma que trata da micro e

minigeração distribuída está em audiência, 2015. Disponivel

em:

<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/noticias/Output_Noticia

s.cfm?Identidade=8534&id_area=90>. Acesso em: 04 de

Setembro de 2015.

[8] PAMPLONA, N. Aneel propõe ampliar a geração

distribuída. Brasil Econômico, 2015. Disponivel em:

<http://brasileconomico.ig.com.br/brasil/2015-05-06/aneel-

propoe-ampliar-a-geracao-distribuida.html>. Acesso em: 04

de Setembro 2015.

[9] ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA

ELÉTRICA. Resolução Normativa no 391. ANELL, de 15

Dezembro de 2009. Disponivel em:

<http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2009391.pdf>. Acesso

em: 03 de Setembro de 2015.

[10] ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA

ELÉTRICA. Procedimentos de Distribuição de Energia

Elétrica no Sistema Elétrico Nacional - PRODIST: Módulo 3.

ANELL, 14 Dezembro 2012. Acesso em: 03 de Setembro de

2015.

[11] ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA

ELÉTRICA. Micro e minigeração distribuída : sistema de

compensação de energia elétrica. Brasília, p. 28. 2014.

[12] INEE - INSTITUTO NACIONAL DE EFICIÊNCIA

ENERGÉTICA. O que é Cogeração. Disponivel em:

<http://www.inee.org.br/forum_co_geracao.asp>. Acesso em:

05 de Setembro de 2015.