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Gens Seminarii Nº 3 1

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2 Junho 2008

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EEEEEDITORIALDITORIALDITORIALDITORIALDITORIAL

O Seminário São José da Arquidiocese de Mariana celebrou, com grande alegria egratidão a Deus, durante os dias 09 a 12 de abril de 2008, o jubileu áureo sacerdotal

do Cônego Jadir Trindade Lemos, destaque da capa e deste número de Gens Semi-narii. O Côn. Jadir reside no Instituto de Teologia do Seminário São José há 41 anos e,somando-se os períodos de dedicação ao Seminário Menor e ao Maior, é formador eprofessor do Seminário de Mariana há mais de 49 anos. A maior parte do atual clero daArquidiocese de Mariana o teve como formador. O Côn. Jadir fez o Seminário Menor eparte do Maior em Mariana, cursando a Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana eresidindo no Pontifício Colégio Pio Brasileiro. Foi ordenado presbítero em Roma no dia 13de abril de 1958. Depois de breve passagem por Conselheiro Lafaiete, como VigárioParoquial da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, veio para Mariana, dedicando oseu fecundo ministério à formação dos futuros sacerdotes e atendendo a comunidadespróximas, especialmente a Pe. Viegas (Distrito de Mariana) e à Paróquia de Nossa Se-nhora do Pilar em Ouro Preto, sempre muito estimado por todos.

A missa de ação de graças pelo jubileu de ouro do Côn. Jadir, celebrada no dia 12 deabril, foi presidida pelo Arcebispo Dom Geraldo Lyrio Rocha e teve como pregador DomFrancisco Barroso Filho, Bispo Emérito de Oliveira e colega de Seminário do Côn. Jadir,contando com a participação de numerosos padres, dos seminaristas, religiosas, dos fami-liares e vários amigos, além do Presidente da AEXAM, Helvécio Trindade. A festa foiprecedida por tríduo com celebrações eucarísticas presididas, respectivamente, pelo Rei-tor do Seminário, pelo Diretor do Instituto de Filosofia e pelo Vigário Geral da Arquidioce-se de Mariana, sendo pregadores os seus contemporâneos e colegas de Seminário: Mon-senhor Pedro Terra, Monsenhor Flávio Rodrigues Carneiro e Cônego José Feliciano daCosta Simões. Publicamos neste número de Gens Seminarii uma preciosa entrevistaconcedida pelo jubilando aos nossos seminaristas, os textos preparados pelos pregadorese várias fotos do evento. Assim, reiteramos o nosso louvor a Deus, doador de todos osbens, renovamos o reconhecimento, estima e gratidão do Seminário São José ao benemé-rito Côn. Jadir e prestamos um serviço à história do Seminário de Mariana. Aplicam-se aoCôn. Jadir as palavras da Sagrada Escritura: Os mestres brilharão como brilha o firma-mento, e os que convertem os outros, como estrelas, perpetuamente (Dn 12,3). OCôn. Jadir nos ensinou e ensina para a vida conforme o lema de seu longo e devotadomagistério: Non scholae sed vitae discimus.

Registramos ainda a alegria da retomada das ordenações presbiterais em nossa Arqui-diocese de Mariana. No próximo número publicaremos fotos e notícias dos seis novospadres que Dom Geraldo Lyrio Rocha estará ordenando até agosto de 2008: Luiz Robertoda Silva, Armando Godinho, Anderson José do Nascimento, Janer Cirilo, Anderson Eduar-do de Paiva e Luiz Martins Neiva. Congratulamo-nos com a Diocese de Divinópolis pelosseus oito novos padres neste ano do jubileu de ouro de sua criação, sendo que três fizerama teologia em Mariana: Pe. Davi Teixeira, Pe. José Renilson da Silva e Pe. Ulysses CésarNogueira Alvim. E alegramo-nos também com a Diocese de Paracatu que tem entre osquatro novos padres deste ano um que cursou a teologia em Mariana: Pe. Antônio Marcí-lio da Silva. A todos desejamos santo e frutuoso ministério!

Pe. Lauro Sérgio Versiani Barbosa

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4 Junho 2008

EXPEDIENTE

I. Seminários de Mariana

II. AEXAM

III. GS 58

Impresso na

Tiragem: 2000 exemplares Distribuição gratuita

RESPONSÁVEIS

Pe. Lauro Sérgio Versiani BarbosaReitor do Seminário São José

Rua Cônego Amando 57Caixa Postal 11

35420-000 Mariana, MGTel. (31) 3557-1140 e 3557-1170

E-mail:

Helvécio Antônio TrindadePresidente

Av. Prudente de Morais, 290, Sala 1.101, Cidade Jardim

30380-000 Belo Horizonte, MGTel. (31) 3296-7985

E-mail:

Mons. Raul Motta de OliveiraRegistro de Jornalista: Nº 1788, MPTS-DR

36090/71Seminário Diocesano Nossa Senhora do

RosárioAv. Pres. Tancredo Neves 3460, Zacarias

35300-101 Caratinga, MGTel. (33) 3321-2276 e 9983-1644

E-mail:

Editora Dom Viçoso

[email protected]

[email protected]

[email protected]

Rua Cônego Amando, 131 - Mariana - MGTel.: 31 3557-1233 - [email protected]

SSSSSUMÁRIOUMÁRIOUMÁRIOUMÁRIOUMÁRIO

EditorialPe. Lauro Sérgio Versiani Barbosa ............................... 3

EspecialJesus Cristo fez de nós um reino de sacerdotes ......... 5Nota de Esclarecimento ................................................ 7

Seminários de MarianaEntrevista - Cônego Jadir Trindade Lemos .................... 8Homilia do Monsenhor Pedro Terra ................................ 12Homilia do Monsenhor Flávio ........................................ 14Homilia do Dom Francisco Barroso Filho ....................... 17Missão na Amazônia ..................................................... 21O Presbítero a partir do Vaticano II ............................... 25

AEXAMPalavra do Presidente ................................................... 32Convite para o Encontro ................................................ 33Convite do Anfitrião ....................................................... 34Programação do Encontro ............................................. 35Palestrantes .................................................................. 36Informações sobre o Encontro ...................................... 38Mariana Eclesiástica ..................................................... 40O amor de Beatriz ......................................................... 41Cipotânea ou Céupotânea ............................................. 42Banda Santa Cecília ...................................................... 45Prestação de Contas ..................................................... 47Assuntos Financeiros .................................................... 50

GS 58Conversando com os amigos ....................................... 53Ano Jubilar do Grupo Sacerdotal de 1958 ..................... 54O 44º Encontro do GS 58 em Aparecida / SP ............... 55Depoimentos sobre o 44º Encontro ............................... 59Jubileus Sacerdotais ..................................................... 61“Haec meminisse olim juvabit” ..................................... 62Os “Jubilosos” de 2008 .................................................. 64Correspondências / Notícias ......................................... 65Publicações recebidas .................................................. 70GS 58 na Revista Época ............................................... 72Necrológio ..................................................................... 74Palavra Final .................................................................. 76

Páginas ColoridasJubileu de Ouro Sacerdotal do “Côn. Jadir Lemos” ...... 2Flashes do 44º Encontro do GS 58 ............................... 79

Nossa CapaFoto do Cônego Jadir Trindade Lemos, por ocasião daCelebração do Jubileu de Ouro Sacerdotal.

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Jesus Cristo fez de nós umreino de sacerdotes

Por insondável desígniode Deus, tenho a graça es-pecial de celebrar, pela pri-meira vez, a solene liturgiada bênção do óleo e consa-gração do santo crisma, nes-ta histórica e venerável Sémarianense. Alegro-me emestar aqui, nesta Basílica deNossa Senhora da Assun-ção, Catedral Metropolitanade nossa Arquidiocese,acompanhado pelos presbí-teros, diáconos, religiosos(as), seminaristas e repre-sentantes das paróquias denossa Igreja particular, bem como dos de-mais irmãos leigos e leigas de Mariana evisitantes que vêm de outras localidadesdeste Estado, de outras partes de nosso Paíse até do exterior, atraídos pela beleza daSemana Santa nesta aurífera região dos In-confidentes.

Nesta liturgia, também chamada deCelebração da Unidade, recordamos o quenos diz o Concílio Vaticano II ao definir adiocese como “porção do povo de Deus,que se confia aos cuidados pastorais de umbispo, ajudado por seu presbitério, para queunida ao seu Pastor e reunida por ele noEspírito Santo por meio do Evangelho e daEucaristia, constitua uma Igreja particular,na qual está e opera verdadeiramente aIgreja de Cristo, una, santa, católica e apos-tólica” (CD 11).

Este mistério expressa-se de maneirasublime, nesta Missa da Unidade que esta-mos celebrando.

Homilia de D. Geraldo Lyrio Rocha, na Sé de Mariana,por ocasião da Missa da Unidade, no dia 20 de março de 2008

Como os ouvintes da si-nagoga de Nazaré, diante daextraordinária e fascinantefigura do Senhor Jesus, tam-bém nós temos “os olhos fi-xos nele” (Lc 4,20). Com re-novado ardor missionárioqueremos proclamar que Je-sus Cristo “é a testemunhafiel, o primeiro a ressuscitardos mortos, o soberano dosreis da terra. Ele é o Alfa eo Ômega, aquele que é, queera e que vem, o Todo-Po-deroso” (Ap 1,5.8), comonos disse o livro do Apoca-

lipse.“Hoje se cumpriu esta passagem da Es-

critura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21)diz-nos o Senhor. Realizam-se plenamenteas palavras do profeta Isaías: Ungido peloEspírito, Jesus vem “anunciar a Boa-novaaos pobres; proclamar a libertação aos pre-sos, e aos cegos a recuperação da vista;libertar os oprimidos e proclamar um anoda graça do Senhor” (Lc 4,18). Estas pala-vras iluminam e ampliam o tema da Cam-panha da Fraternidade deste ano: FRA-TERNIDADE E DEFESA DA VIDA. Oque nos diz o Profeta, nos leva, com reno-vada motivação, a assumir em nossa práti-ca pessoal e em nossa ação pastoral o su-gestivo lema: ESCOLHE, POIS, A VIDA(Dt 30,19).

Caríssimos irmãos presbíteros,Dirijo-lhes minha palavra amiga e mi-

nha saudação fraterna. De coração, agra-

D. Geraldo Lyrio

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6 Junho 2008

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deço-lhes a acolhida em nossa Arquidioce-se. Quero reafirmar-lhes meu desejo sin-cero de estar ao lado de cada um comopai, irmão e amigo. Contem comigo nashoras certas e incertas, nos momentos ale-gres e nas situações difíceis, no êxito e nasadversidades.

O vínculo sacramental que nos une sejaalimentado sobretudo pela Eucaristia, e tes-temunhado por uma vida de comunhão afe-tiva e efetiva. Tenho certeza de que pode-rei contar com a fraterna colaboração, asolícita ajuda e a generosa compreensãode cada um dos meus queridos irmãos nosacerdócio ministerial, meus indispensáveiscolaboradores no serviço pastoral. Tenhocerteza que poderei também sempre con-tar como a preciosa ajuda dos zelosos ededicados irmãos diáconos.

Na caridade de Cristo, dirijo a cada ir-mão presbítero meu apelo à vida em co-munhão fraterna e unidade pastoral. Nin-guém pode viver isolado. Fazemos parte docorpo presbiteral. E como membros do úni-co Corpo de Cristo, devemos ser o sinalvisível da unidade de nossa Igreja particu-lar. A dinâmica da comunhão é um proces-so que exige conversão e não tem pontofinal enquanto peregrinamospelos caminhos da história.

Neste dia em que os ir-mãos presbíteros renovamsuas promessas sacerdotais,recordo as sábias palavrasdo Concílio Ecumênico Va-ticano II: “Pelo sacramentoda Ordem, os presbíterossão configurados com Cris-to Sacerdote, como ministrosda Cabeça, para a constru-ção e edificação do seu Cor-po que é a Igreja, enquantocooperadores da Ordemepiscopal. Já pela consagra-ção do batismo, como todos os fiéis, recebe-ram o sinal e o dom de tão insigne vocação e

graça para que, até na fraqueza humana, pos-sam e devam alcançar a perfeição segundoa palavra do Senhor: ‘Sede, pois, perfeitos,como vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt 5, 48)”(PO 12).

Maria, Mãe de Cristo Sumo e EternoSacerdote, nos sustente com sua contínuaproteção materna, sobretudo quando o ca-minho se torna árduo e o peso do cansaçose faz sentir. Que ela nos reanime sempree conserve em nós a alegria de servir a seuFilho Jesus e ao Povo santo de Deus confi-ado aos nossos cuidados de pastores.

Caríssimos fiéis cristãos leigos e leigas,A todos os assinalados com o dom da

graça batismal, aplicam-se as palavras doProfeta: “Vós sois os sacerdotes do Senhor,chamados ministros de nosso Deus”.

Recorda-nos o Documento da CNBB in-titulado Missão e Ministério dos Cristãos Lei-gos e Leigas: “Aderindo a Cristo sacerdotepor meio da fé, deixando-se purificar por seusangue e santificar pela oferta do seu corpo,entrando no movimento do seu sacrifício, oscristãos se tornam capazes de dar a Deusum culto autêntico, que consiste na trans-formação de sua existência pela caridade

divina. Por sua participaçãono único sacerdócio de Cris-to, o povo de Deus da novaAliança é conjuntamente sa-cerdotal. (...) O sacerdóciocomum é, pois, um sacerdó-cio conferido a todos os ba-tizados enquanto professame vivem a fé” (cf. CNBB,Doc. 62, n. 74).

“A Jesus, que nos ama,que por seu sangue nos li-bertou dos nossos pecadose que fez de nós um reino,sacerdotes para seu Deuse Pai, a ele a glória e o po-

der, em eternidade” (Ap 1,5-6).Amém!

Sé de Mariana

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A propósito da matéria publicada pelo jor-nal “Estado de Minas”, na seção “Política”,às páginas 8 e 9, no dia 25 de maio, em nomeda Arquidiocese de Mariana, sinto-me no de-ver de pontuar algumas imprecisões e equí-vocos, que exigem adequada explicação. Apre-sento estes esclarecimentos na esperança decontribuir para um enfoque mais construtivoda questão.

1) Ao contrário do que afirma a matéria,não existe nenhuma carta do Arcebispo deMariana e Presidente da CNBB “retaliando aentrada dos sacerdotes na briga pelas prefei-turas e câmaras municipais”. O que fez DomGeraldo Lyrio Rocha, em seu pronunciamen-to ao final do XVIII Encontro de Presbíterose Diáconos da Arquidiocese de Mariana, rea-lizado em Cachoeira do Campo, nos dias 22 a25 de abril, foi tornar público para o seu cleroo posicionamento oficial dos Bispos dos Es-tados de Minas Gerais e Espírito Santo, queformam o Regional Leste II da CNBB. Emsua última assembléia, o episcopado mineiroe capixaba refletiu sobre o importante mo-mento político das próximas eleições munici-pais e, retomando as orientações da carta pu-blicada em idênticas circunstâncias em 2004,reafirmou a posição da Igreja a respeito daatuação político-partidária de ministros orde-nados. Aliás, a carta dos bispos do Leste IInão inova nos critérios apresentados, mas re-toma as normas disciplinares prescritas pelocódigo de Direito Canônico e as reflexõespastorais contidas em vários documentos daCNBB. Ao ler e comentar o referido texto,Dom Geraldo Lyrio Rocha deixou claro queassume como sua posição pessoal tudo o quejá havia sido aprofundado e aprovado pelosBispos do Regional Leste II. Quem conheceo espírito de discernimento, a serenidade dejuízo e a magnanimidade de coração do Arce-bispo de Mariana sabe que ele não é homemde retaliações e tem demonstrado grande ca-rinho e atenção para com os padres.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

2) A restrição no uso de ordem, ou seja,no exercício das atividades sacerdotais não éuma imposição arbitrária de Dom GeraldoLyrio Rocha, mas é uma norma da Igreja, ci-tada pela própria reportagem, sobejamenteconhecida por todos os padres e diáconos esempre aplicada nos casos previstos.

3) Causa estranheza e indignação a insinu-ação de que Dom Luciano Mendes de Almei-da dava apoio aos clérigos que desejavam as-sumir mandatos políticos. Trata-se de umainverdade que fere a memória de um grandehomem de Deus, sempre fiel em orientar oseu clero e o povo da Arquidiocese de Maria-na de acordo com as diretrizes da Igreja Ca-tólica e em comunhão com o Papa e os Bis-pos. Prova disso, é a carta por ele dirigida àscomunidades da Arquidiocese de Mariana, nocontexto das últimas eleições municipais, em15 de agosto de 2004. Ali Dom Luciano dei-xou clara a sua posição contrária à candidatu-ra de padres e determinou que os eventuaispadres candidatos deveriam deixar a respon-sabilidade da paróquia e ter a sua atuação mi-nisterial restrita.

4) Assim sendo, a postura prudente deDom Luciano Mendes de Almeida e suas sá-bias orientações são mantidas e reafirmadaspor Dom Geraldo Lyrio Rocha. O Presbitériode Mariana, integrado por mais de duzentospadres, está feliz com as diretrizes claras eseguras do seu estimado Arcebispo e assu-me, em comunhão e solidariedade com ele, ocompromisso de levar adiante a missão evan-gelizadora que nos é confiada. Como padrese diáconos, queremos contribuir para a cons-trução de uma sociedade justa, fraterna e so-lidária, assumindo a dimensão política da fé,através da formação de cidadãos conscientese leigos comprometidos com o bem comume atuantes na política partidária.

Mariana, 28 de maio de 2008Monsenhor Celso Murilo Sousa Reis

Vigário Geral da Arquidiocese

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8 Junho 2008

Itinerário

Nasci em Barra Longa, onde vivi todaa infância até os 12 anos. Com quase 13anos vim para o Seminário Menor em 1945.Aí fiquei 3 anos, depois passei um ano forapor motivo de saúde, retornando depoisnovamente aos estudos.

Em 1952 iniciei o curso de filosofia emMariana. Após seu término, fui mandadopara Roma por Dom Helvécio Gomes deOliveira e pelos formadores, onde fiz a Te-ologia e o Mestrado num período de 4 anos.Fui ordenado em Roma pelo Cardeal Tra-glia, na Igreja Santo Agostinho, aos 13 deabril de 1958. Depois de ordenado fiqueiainda alguns meses em Roma, voltandopara o Brasil em novembro de 1958.

De fevereiro a julho, trabalhei como vi-gário paroquial na Paróquia Nossa Senho-ra da Conceição, em Conselheiro Lafaie-te. Na época, o pároco era o Cônego Mo-reira. Depois fui chamado para trabalharno Seminário Menor por Dom Oscar deOliveira, onde atuei como Professor deHistória Religiosa, Latim e outras matéri-as, de agosto de 1959 até o fim de 1966.

Com a saída dos lazaristas do Seminá-rio Maior, Dom Oscar convidou-me para

EntrevistaCônego Jadir Trindade Lemos é filho de Antônio

de Carvalho Lemos e Maria Alexandrina Trindade.Nasceu em Barra longa, aos 11 de agosto de 1932.É cônego do Cabido Metropolitano de Mariana,vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora doPilar em Ouro Preto, juiz no Tribunal Eclesiástico,e professor no Seminário São José.

lecionarSagradaEscritu-ra. As-sim, comecei minha caminhada nesta casade Teologia em 1967 e aqui estou até hoje.“Isso quer dizer que eu não sou profes-sor, eu estou professor”.

Infância

Minha infância foi bastante pobre. Éra-mos 10 irmãos. Papai era alfaiate e traba-lhava, com dificuldade, para sustentar afamília. Sempre fui uma pessoa doentia.Não muito bem alimentada. Era um meni-no muito tímido. Fiz o chamado grupo pri-mário em Barra Longa, durante 4 anos.

Nesse tempo, o Pe. José Epifânio Gon-çalves, vigário de Barra Longa, chamou-me para ser coroinha. Já o ajudava por doisanos quando me disse: “Você vai para oSeminário.” E, então, eu obedeci. Assim,entrei para o Seminário, com os meus qua-se treze anos de idade. Desse modo, co-meçou meu itinerário vocacional.

Posso dizer que o grande motivador daminha vocação sacerdotal, além da minhaprópria família que era cristã e da comuni-

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dade de Barra Longa que era de uma fémuito viva, foi o vigário Pe. Epifânio.

Seminário

Quando entrei no Seminário, o reitor erao Padre José Trombert, que começava na-quele ano como reitor, e o Bispo, DomHelvécio Gomes de Oliveira.

Em primeiro lugar eu agradeço muito aDeus, pois grande parte da minha vida pas-sou-se no Seminário, num clima muito bom,convivendo com colegas maravilhosos, queformavam uma verdadeira família. Tudoisso foi muito proveitoso espiritualmente.Vivi momentos muito bons, e praticamentea vida inteira foi bonita, posso assim dizer,na convivência com os formadores e semi-naristas. Era uma vida da qual eu gostavae gosto. Jogava bola com os seminaristas,fazia passeios. Hoje estou aposentado.

De outra parte, minha vida se reduziupraticamente a uma vida silenciosa. Deusnão me deu o dom da voz, nem da prega-ção. E eu procurei compensar esses limi-tes por outros modos.

Família

Quando estava no Seminário, íamos àcasa somente uma vez por ano. Estando emRoma, a comunicação era feita por cartas,de modo que ficava preocupado sem sabero que estava acontecendo em casa.

Ordenação

Quando me ordenei, fiz uma mensagemna Rádio Vaticana, avisei em Barra Longao dia e a hora que seria e, então, minhafamília, como também o povo, pôde ouvir amensagem. Na minha ordenação não ha-via ninguém da família, e de Mariana, láestava o meu amigo José Antônio, que seordenou dois anos depois de mim. O Pe.

Terra ajudou-me muito em Roma, masquando fui ordenado ele já não estava maislá. Éramos 100 ordenandos de diversasnações. Foi meu colega de turma o Pe.Geraldo Magela, que foi diretor da PUC-MG, além de outros do Rio de Janeiro eSão Paulo.

Trabalho paroquial

Quando fui para Lafaiete, primeira pa-róquia onde atuei, me senti “no ar”. Estavacompletamente por fora da situação daArquidiocese, pois estava voltando deRoma. Minha sorte é que lá havia dois co-adjutores, Pe. Jair e eu. Lá, o que fiz prati-camente foi celebrar e administrar os sa-cramentos e ministrar algumas aulas dereligião num ginásio.

Durante quase 30 anos fui administra-dor paroquial em Sumidouro, Padre Viegas.Foi uma comunidade que me fez muito bem.A vida deles tinha a Igreja como centro,era um povo solidário. Lá introduzi a missadominical, apesar de Dom Oscar dizer:“Padre, basta uma vez por mês.” Quandolá comecei não havia luz, nem estrada. Euia a cavalo, pois o Seminário tinha uma bes-ta que era do vigário Pe. José Alves, quedepois foi bispo de Montes Claros. Eu pe-gava a besta depois do almoço e ia tranqüi-lo. Era até uma viagem gostosa. Aprendiandar a cavalo por causa disso. Eu cami-nhei muito com este povo. No meu tempoé que foi inaugurada a luz e a televisão. Fizuma caminhada gratificante e familiar comeles. Quando cheguei lá, a Igreja tinha ca-ído e as primeiras missas foram rezadasfora da Igreja. Fizemos algumas campa-nhas e reconstruímos a Igreja com a garrado povo. Além disso, incentivei a banda, in-troduzi os coroinhas e organizei a cateque-se. Montei uma Biblioteca, com a ajuda daseditoras católicas, para a Paróquia e para a

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catequese. Para lá eu ia aos sábados à tar-de e voltava aos domingos à noite. Então,praticamente, batizei muita gente. Quandovieram para se casar aqueles que eu já ti-nha batizado, vi que era um sinal de que erahora de sair. Pedi então a Dom Oscar paraeu deixar a paróquia porque o povo já esta-va precisando de “sangue novo”. Foi quan-do o Pe. Natali me substituiu.

Durante mais de 10 anos atendi tam-bém Cachoeira do Brumado, Barro Bran-co e Miguel Rodrigues. Ia sempre a Sumi-douro e a mais uma das comunidades emcada final de semana.

Ao contrário de Sumidouro, em Cacho-eira passei por situações muito difíceis. In-clusive a mãe da Honorina, Dona Irene, eracatequista lá, ajudando-me bastante naadaptação com o povo.

Depois que saí de Sumidouro, passei aficar só no Seminário, continuando a aju-dar o Cônego Simões, em Ouro Preto.Desde 1967, sempre celebrei em Ouro Pre-to. Em 1968 adquiri um fusquinha e, porisso, podia celebrar às 7h em Sumidouro eàs 10h em Ouro Preto. Cônego Simões eeu íamos muito a Belo Horizonte, saíamossempre, tanto que nos apelidaram de Cos-me e Damião. Agora, ao contrário, sou ca-seiro demais!

Todos esses trabalhos me fizeram muitobem. O contato com o povo, com os maissimples e pobres me trouxe grande cresci-mento espiritual e pastoral. Cresci bastante!

DesafiosDesafiosDesafiosDesafiosDesafios

O meu problema, sobretudo, foi a difi-culdade de ter ido como seminarista paraRoma. Sem nenhuma experiência, isso metirou o contato com os colegas. Naqueletempo não havia facilidade de comunica-ção, faltava maior organização ou integra-ção entre o bispo e o presbitério. Sei que

acabei me sentindo isolado de muitos cole-gas e do presbitério. Isto me fez sentir muitafalta da convivência amigável com os co-legas. No Seminário, o que sempre me aju-dou foi a convivência com os colegas. NoSeminário Menor auxiliei os lazaristas, comquem aprendi muito, e depois, aqui, no Se-minário Maior, os diocesanos, quando elereabriu em 1967.

Em segundo lugar, eu sempre fiqueimuito preocupado, quase que angustiado,por ter sido professor improvisado de Sa-grada Escritura. Este foi um grande desa-fio também.

Dom Oscar reabriu o Seminário demodo improvisado. Fui nomeado professorde Sagrada Escritura sem ter sido antesconsultado. No dia da reunião fui chamadoa Sumidouro para atender um doente. Fuia pé e debaixo de chuva. Quando retornei,já eram por volta das 14:00h, de modo queperdi a reunião com Dom Oscar. Então, fuiinformado que me nomearam professor deEscritura. Levei um susto, perdi o sono.Mas, Deus deu um jeitinho pra gente ir ca-minhando.

Eu estava apenas com a minha matériado curso Teológico, que em Roma foi mui-to simples no que se referia à parte bíblica.Eu estava como que desarmado. Mas, decerto modo, isto acabou sendo bom paramim, objetivamente, pois aprendi bastantelecionando. É como diz o provérbio latino:“Docendo Discitur”; ou seja, ensinandose aprende. Então, eu aprendi com os alu-nos, caminhei com eles. Enquanto eu ensi-nava estava aprendendo mais ainda, se éque eu ensinava. Eu tenho um problemamuito sério de memória. Minha memória,infelizmente, é muito reduzida e hoje, prati-camente, não gravo mais nada. Tudo o queleio agora, eu esqueço logo depois. Na ver-dade, por todas estas coisas, sempre me

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senti inseguro em relação ao magistério noSeminário. Mas aqui estou por obediência.Já havia pedido a Dom Luciano duas ve-zes para deixar o Seminário por razões pes-soais e também para dar lugar para os maisnovos. Mas Dom Luciano não me atendeu,foi me deixando aqui mesmo. Agora, achoque não saio mais, só morrendo (risos).

Diretor de estudos

Numa época fui diretor de estudos pormais ou menos 4 anos, não como nos tem-pos de hoje. Era encarregado também deajudar a formar a Biblioteca. Então sem-pre ia a Belo Horizonte, praticamente de15 em 15 dias, para conseguir livros paraos alunos. Era um serviço que eu gostava,mas que me sacrificava. A gente perdia odia inteiro. Consegui diversos livros para aBiblioteca. Era o tempo “das vacas ma-gras”. Não havia muita verba para a Bibli-oteca. Uma vez Dom Oscar me concedeu3000 cruzeiros para a Biblioteca e eu, en-tão, entreguei a quantia para o reitor, Pe.Geraldo Majela Reis, mas acontece que elegastou o dinheiro com outras coisas e eufiquei a “ver navios”, não podendo adquiriros livros que queria.

Bodas de Ouro

Eu queria esta comemoração de outromodo, algo mais simples, num lugar maistranqüilo, uma espécie de um retiro, este éo meu jeito de ser, meio eremita. Mas, Pe.Lauro pediu para celebrar pelo menos umamissa de ação de graças no dia 12 e eu aceitei,mas depois ele complicou muito. Inventou oTríduo e também Dom Geraldo quis algomais solene... Deus sabe das coisas.

Mensagem

Na formação do Seminário eu levo mui-

to em conta, sobretudo, dois momentos fun-damentais, chamados dever de estado: ora-ção e estudo, como já dizia Santo Tomásde Aquino. O resto vem de acréscimo. Istome valeu bastante. Como seminarista se-gui sempre esta orientação, até mesmoporque não havia, como agora, a pastoralnos finais de semana, de modo que existiamais tempo de recolhimento e estudo. Eraestudo e aula, aula e estudo. Isso me aju-dou porque pude ler muito, o que me enri-queceu espiritualmente.

Pensamentos

“Non scholae sed vitae discimus.”“Para quem ama a Deus tudo coopera

para o bem.”Tudo o que acontece na nossa vida é

graça.

Data das Ordens

Tonsura: Igreja de São Marcelo (Roma),aos 15 de janeiro de 1956.

Menores: Ostiário e Leitor: Igreja Basíli-ca de São Paulo (Roma), aos25 de fevereiro de 1956 / Exor-cista e Acólito: Igreja de SantoInácio (Roma), aos 28 de outu-bro de 1956

Subdiaconato: Basílica de São João deLatrão, aos 21 de dezem-bro de 1957

Diaconato: Basílica de São João de La-trão, aos 04 de março de 1958

Presbiterato: Igreja de Santo Agostinho(Roma), aos 13 de abril de1958 (Oitava da Páscoa).

Entrevista realizada pelos seminaristas:Euder Daniane Canuto Monteiro

Geraldo Dias Buziani

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12 Junho 2008

Seminário Maior São José, Mariana,09 de abril de 2008

Celebrar o Jubileu áureo do cônego Ja-dir em uma comunidade de teólogos e fi-lósofos é um acontecimento, cujo signifi-cado vai além das circunstâncias aciden-tais de tempo e de lugar. Há na efemérideum desígnio divino, que não pode e nãodeve ser ignorado. TUDO É GRAÇA...Tudo deve ser considerado sob a luz daDivina Providência.

Pe. Jadir - O SacerdoteFoi no domingo da Oitava da Páscoa, o

domingo “Quasi modo” do dia 13 de abrilde 1958, em meio aos cânticos maviosos eacordes sonoros do órgão, que ressoavampelas naves da Igreja de Santo Agostinho,na Cidade Eterna, que o jovem teólogo re-cebeu a imposição das mãos do bispo auxi-liar de Roma, D. Traglia, mãos que àquelaaltura de sua vida já se tinham pousadosobre a cabeça de cerca de 3000 néo-sa-cerdotes. Padre Jadir se transformara emum Outro Cristo. E no dia seguinte, no al-tar da Cátedra da Patriarcal Basílica de SãoPedro oferecia pela primeira vez o santosacrifício eucarístico.

Pio XI, na encíclica “Ad Catholici Sa-cerdotii”, recordava que “o gênero huma-no sempre sentiu necessidade de ter sa-cerdotes, ou seja, de homens que por mis-são oficial a eles confiada fossem os medi-adores entre Deus e os homens, e, destamediação, a que são inteiramente consa-grados, fizessem dela o objetivo de sua vida:constituídos para oferecer a Deus públicasorações e sacrifícios em nome da socieda-

HOMILIA DO MONS. PEDRO TERRA POR OCASIÃO DO JUBILEUDE OURO SACERDOTAL DO CÔNEGO JADIR TRINDADE LEMOS

de, uma vez que também ela, enquanto tal,tem a obrigação de prestar a Deus cultopúblico e social, de reconhecer Nele o seusupremo Senhor e primeiro princípio, ten-der para Ele como seu fim último, agrade-cer-lhe, propiciá-lo, pedindo perdão.”

Com efeito, é no sacerdócio de Cristoque a espiritualização do culto no Novo Tes-tamento tem seu fulcro e sua expressão.Este sacerdócio, realidade sobre--humanae eterna, possuidora de suma eficácia sal-vífica, compendia os mistérios da encarna-ção, paixão, morte e ressurreição do Filhode Deus que se fez Filho do homem.

A nova religião de Cristo exigia um novosacerdócio. O Cristianismo exclui os sacri-fícios visíveis e cruentos de vítimas simbó-licas e coloca no centro da sua fé e do seuculto um único sacrifício: a crucificação deCristo, e um único sacerdote: Jesus, que seimola a si mesmo pela redenção dos peca-dores.

É sempre oportuno recordar a famosadefinição da essência do sacerdócio que nosé fornecida pela Carta aos Hebreus (5,1):“Ex hominibus assumptus, pro hominibus

Monsenhor Pedro Terra

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constituitur in iis quae sunt ad Deum, utofferat dona et sacrificia pro peccatis.” Opadre é o mediador que oferece a Deusoblações e vítimas em nome do povo e, dasua parte, Deus o escolhe para comunicaraos homens os seus dons de graça, miseri-córdia e de perdão. É neste tipo de media-ção que se entende a suma excelência dosacerdócio católico. Daí a conclusão daCarta aos Hebreus: “Ne quisquam sumitsibi honorem, sed qui vocatur a Deo... Sicet Christus non semetipsum clarificavit utponfifex fieret...”

Revestido de tão grande dignidade, Pa-dre Jadir, na manhã do dia 14 de abril de1958, se dirigiu ao altar da Cátedra da Ba-sílica de São Pedro para efetuar a sua pri-meira oferta sacrifical! Eu que conhecia deperto a unção mística do jovem coirmão,pude, à distância experimentar o fervorcom que pronunciou pela primeira vez aspalavras consacratórias: Hoc est enim Cor-pus meum... Ele tinha profunda consciên-cia de que estava definitivamente inseridono sacerdócio de Cristo. Por meio da uniãohipostática, o Verbo penetra e possui a almae o corpo de Jesus e os consagra.. Quandoo Filho de Deus se fez carne, Ele se apos-sou totalmente desta humanidade. Portan-to, concluem os teólogos, o momento daconsagração sacerdotal de Jesus foi o mo-mento da encarnação: exatamente naque-le instante Cristo foi selado indelevelmentecomo único e eterno mediador entre o ho-mem e Deus. “Sobre ele foi derramado umóleo de alegria” (Hb 1,9): “Unxit te Deus,Deus tuus, oleo exultationis”, pois aquelaunção infinitamente santa foi o próprio Ver-bo Divino.

Participando no sacerdócio de Jesus,Padre Jadir estava consagrado sacerdote,segundo a ordem de Melquisedec. “Até o

fim dos tempos, todo poder de mediaçãoque na terra os sacerdotes recebem seráuma participação do sacerdócio do Cristo,porque Ele é a fonte única de cada sacer-dócio que glorifica Deus como ele deseja”(Beato Dom Marmion, em Cristo, Ideal dosacerdote).

Pe. Jadir - O amigoEu era já quartanista no salão dos me-

ninos e, de minha memória, nunca se es-vaiu o momento em que me deparei, pelaprimeira vez, com a figura tênue, quasetransparente e angelical que chegara aovelho seminário de Nossa Senhora da BoaMorte no início do mês de março de 1945.Lembro-me dele gritando entre os gárruloscolegas: “Quem encontrou o meu apite?..”

Não fui designado para ser o aluno, anjoda guarda do Jadir, mas senti por ele certodever fraterno de proteção, sentimento que,no decorrer dos meses, desapareceu, quan-do a timidez dele se transformou em com-batividade manifestada nas corajosas joga-das das inflamadas partidas de futebol. Naprática de esportes, “homo internus” se re-velou: bom desportista, aluno disciplinado,seminarista piedoso e aplicado, filósofo inte-ligente, julgado capacitado para enfrentar asingentes barreiras didáticas de uma Pontifí-cia Universidade Gregoriana de Roma.

E foi intensa minha alegria de novamen-te, desta vez em terras estrangeiras, naCidade Eterna, receber o companheiro dediocese e passar a ele as experiências jáadquiridas nos difíceis anos anteriores. Oambiente intelectual era confuso: idéias emluta, estavam em jogo modernidade e tra-dição, mudanças e conservação, comoagir? De que lado ficar? In omnibus cari-tas! Espírito de oração é fundamental. HomoDei! Homo orationis! Estas eram as mar-

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cas do Jadir naqueles idos pre-conciliares.Enquanto alguns se chocaram, o Jadir con-tinuou o mesmo aluno dócil, temente aDeus, confiante nos superiores, amigo detodos! Venceu. Formou-se o sacerdote, apessoa que hoje nós admiramos e amamos.

Não há necessidade de descrever paravocês, que com ele convivem, as virtudeshumanas, cristãs e sacerdotais com queDeus ornou nosso homenageado. Seria fe-rir sua natural e reconhecida modéstia.Apenas digo: vocês estão terminando o lon-go período de formação para o sacerdócio:“Inspice et fac secundum exemplum”. Vo-cês têm diante de vocês um precioso mo-delo: olhem e façam igual! Tenho certezade que vocês, como eu, não saberíamos oque mais admirar no cônego Jadir: suamodéstia, seu fervor quase místico, o espí-rito de oração, o profundo amor à Igreja eà diocese, ao Cristo e à SS. Virgem? Seusdotes intelectuais e seu cabedal científico?

Na realidade, o cônego Jadir é um dompara o Seminário. Mas também o seminá-

rio é um dom para o cônego Jadir. Esteseminário tomou-se o seu lar, a sua família.

ConclusãoVocês, jovens futuros sacerdotes, preci-

sam aprender a valorizar os padres anciãose os anciãos padres... O clero diocesanodeveria ser como uma família. Nesta famí-lia clerical, como nas demais famílias, os maisvelhos devem ser considerados como “bibli-otecas vivas”, “arquivos ricos”, que contêmexperiências importantes, guardando sabe-doria, escrínios de um patrimônio valiosíssi-mo de testemunhos humanos e espirituais.Como uma parábola, eles lembram aos jo-vens que a vida sacerdotal tem início e temfim. Chega à sua plenitude adquirindo valo-res não efêmeros e superficiais, mas sólidose profundos. São autênticas e valiosas jói-as... E ninguém, em sã consciência, joga foraum anel de brilhantes.

Por tudo isto e muito mais, temos motivoe dever de agradecer a Deus os dons quenos concedeu e concede na pessoa do cô-nego Jadir. Te Deum laudamus!

Dando início a minha modesta fala,poderia eu desatender à grata su-gestão da liturgia desta missa, mis-

sa comemorativa precisamente do jubileude sacerdócio do estimado Côn. Jadir, queé sabidamente um biblista conceituado, po-deria eu não aludir às apropriadas leiturasque ouvimos? Absit! Respondo com aque-la enfática negativa que tanto agradou aoApóstolo usar na sua argumentação quan-do escreveu aos Romanos. Absolutamen-te! Sinto-me obrigado a não me distanciardos quadros que a Sagrada Escritura nos

HOMILIA DO MONSENHOR FLÁVIO

Monsenhor Flávio Carneiro Rodrigues

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oferece, contemplando primeiramenteaquele diácono Filipe que, no segundo Li-vro de Lucas, nos é pincelado como umexegeta atento e atencioso com o eunuco,exegeta competente e feliz em comentarum escrito santo. Tenho necessariamenteque encarecer este abençoado ensejo! Es-tou certo de que o Côn. Jadir, numa facetade seu apostolado, se mirou no espelho da-quele Filipe da Samaria que, dócil ao im-pulso do Espírito e à voz do Anjo, se colo-cou no caminho do etíope, viajou, enfren-tou um deserto, correu atrás do carro da-quele ministro graduado da Rainha de Can-dace e aceitou com júbilo estudar com eleIsaías, Isaías filho de profeta, Isaías o prín-cipe dos profetas... É sim muito fácil en-xergar a pessoa do Côn. Jadir na figuradaquele evangelizador, que foi um daque-les sete primeiros eleitos para o diaconato.Também o nosso homenageado acreditouna virtude da palavra divina, encantou-secom sua sabedoria e se dispôs em sua vidade magistério a saboreá-la e prestimosa-mente a fazê-la entendida e amada. Aquantos alunos, eunucos propter regnumcoelorum, já não valeu o Côn. Jadir com amaestria de suas aulas, com o acerto desuas ponderações e com o fruto de seusestudos e pesquisas. Aquele Filipe é bem opatrono, o modelo dos missionários preo-cupados em oferecer a verdade, é um pa-radigma dos especialistas da Sagrada Es-critura, ele é íntimo do Côn. Jadir, é um dasua turma. Este pessoal ilustre aprendeubem aquela divina lição, deixada no cami-nho para Emaús na tarde de um celebérri-mo domingo. A interferência deste Filipeaqui foi uma bonita sintonia: ficou tão bem,tão harmoniosa a evocação de seu nome ede seu trabalho na festa do biblista Côn.Jadir.

Mas, apesar de muito meritório o seumagistério de ciência bíblica e de teologiadogmática, estamos nós empenhados nes-ta conjuntura a aplaudir não tanto o belodesempenho de seu professorado e sim,mais, muito mais, a decência do seu sacer-dócio. E então é preciso esquecer um pou-co a imagem de Filipe que passa a ficarofuscada com o brilho exuberante da divi-na Pessoa do Senhor Jesus, aqui introduzi-do pela leitura do evangelho. Sai o diáconoe entra o Sacerdote, o Sumo Sacerdote daNova Lei. A segunda leitura nos propõeaceitar, crer, adorar o Cristo Eucarístico, oPão vivo descido do céu, o genuíno e legíti-mo Sacerdote, o Sacerdote por excelência!Ele próprio se apresenta como o pão davida: o maná antigo não garantiu a sobrevi-da dos nossos maiores, mas o Pão do céunos assegura a vida eterna! E é então àsombra do Divino Sacerdote que agora nósqueremos espiar para o dileto amigo Côn.Jadir. Mais do que professor e erudito nosLivros Santos, nós todos admitimos, semfazer favor algum e sem agredir a verda-de, admitimos sensibilizados que o nossoestimado Cônego soube ser, nestes cinqüen-ta anos passados, sobretudo um sacerdote,soube ser padre autêntico, primeiramentepadre, padre sempre padre. Agradecemosmuito o seu exemplo, a sua substanciosacontribuição para a Igreja de Mariana, paraa formação de candidatos ao sacerdócio,para a felicidade espiritual de todo o povode Deus. Quanto aplauso merece o seusacerdócio, a sua piedade no altar, a suaseriedade e persistência na oração. É simo Cônego um digno oficial e ministro doAltar de Deus, um digno profissional daoração. É gratificante contemplar a suacaminhada, os desertos que encarou comoo Filipe dos Atos, as corridas que empre-

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endeu para o Sumidouro e para Ouro Pre-to, no seu fusquinha muito mais valente doque o veículo do etíope graduado, corridasunicamene atrás das almas, para levar-lhesa palavra de Deus e a Eucaristia.

(Tive o privilegio de viver perto doCôn. Jadir desde criança. Ele chegouao seminário um ou dois anos depois demim. E lembro-me sempre de que, desdeseminarista, já era ele admirado comopromissor levita, estimado pelos profes-sores e respeitado pelos colegas. Era umseminarista certinho, bem comportado,corta nos estudos. (Nós tínhamos entãoum vocabulário próprio: “Corta”, nonosso linguajar, qualificava aquele alu-no bem sucedido, avaliado com notas al-tas). Desta forma, é antiga a minha in-veja com o valor e a virtude do Côn.Jadir, isto vem de longe: a propósito,confesso que tive um seminário menorbem atribulado: era sempre vigiado, re-preendido e punido pelas autoridadesda casa. Não tive sorte alguma com dis-ciplinários, regentes, corregedores edeões! Esta categoria de profissionaisjamais teve a menor complacência co-migo. E me machucavam muito com a su-prema maldade da proibição do futebole de nadar no tanque. Fui sempre umincompreendido! Eu era de menor masnão tinha respeitados meus direitos cons-titucionais. Até hoje perplexo eu me per-gunto, por quê ? Mas depois de madurareflexão, atinei com uma possível expli-cação, pelo menos em parte: eu pagavao preço de ser muito amigo de uns cole-gas ouro-pretanos... Esta ligeira recor-dação é apenas para ilustrar e compro-var o justo apreço que sempre acompa-

nhou o nome do Côn. Jadir, desde a suapuerícia e juventude, apreço que se avo-lumou consideravelmente depois de or-denado padre. E que padre ?!.)

O exemplo de um sacerdócio deste qui-late é tão válido e conveniente aos nossosdias que nos mostram às vezes padres di-vididos: sabemos de padres políticos, pa-dres fazendeiros, padres somente profes-sores, padres preponderantemente psicó-logos, padres um pouco comerciantes e atépadres costureiros...Tentam todos estes sejustificar às vezes, que, no exercício destasprofissões paralelas, conseguem tambémoferecer algum serviço sacerdotal. Mas, nofundo, são mentiras estudadas, refinadasque não escondem muito o real motivo, overdadeiro objetivo de uma renda financei-ra mais pingue.

Bem sei eu que não tenho autoridadealguma para criticá-los, não sou exemploneste particular como não o sou, nunca fuinem posso sê-lo em todos os outros: nãoescondo que lecionei muitos anos em Uni-versidade e Escola Estadual, muito embo-ra tentasse não descurar meu trabalho deIgreja: aulas nos seminário, encargos nacúria e regência de uma paróquia. Mas navida do Côn. Jadir é obrigatório, é impera-tivo reconhecer que Ele só quis ser padre,sempre padre. Não lhe faltaram, na certa,convites e oportunidades repetidas paraocupar com proficiência cátedras vistosase outros ministérios bem remunerados e elesempre os recusou por ser radicalmente fielao seu ideal sacerdotal.

Faz tanto bem a gente admirar exem-plos edificantes de sacerdotes que se es-meram na formação sacerdotal, padres quese desvelam nas paróquias, no atendimen-

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to aos fiéis, padres que se entregam exclu-sivamente à Igreja. É um belo espelho opadre de dedicação exclusiva, o padre, comodizem os ingleses, full time, o tempo todo,de medida integral. É para aplaudir o beloexemplo de um padre padre! Como já dis-se uma vez para os meninos lá da filosofia,esta expressão aqui usada é uma repetiçãode palavras, que inclui primeiramente umsubstantivo e depois um adjetivo: o subs-tantivo indicando um estado, uma gradua-ção e o adjetivo, uma qualificação, umaclassificação. Falando também agora paraseminaristas, repito-lhes o voto de que, àimitação do Côn. Jadir, todos sejam padrespadres, padres não só no substantivo mastambém no adjetivo. Sejam todos padres,

made in Mariana, tipo Pe. Jadir!Tenho duas últimas palavras, uma para

o Côn. Jadir e outra para o Pe. Lauro.Côn. Jadir, lemos no seu sacerdócio um

lindo poema de generosa dedicação à Trin-dade. O seu sacerdócio foi e é uma liberalbênção para a Igreja de Deus, um valiosoornato do nosso seminário, honra e patri-mônio do nosso clero marianense. Ad mul-tos multosque annos!

E minha palavra para o Pe. Lauro é umapública e enérgica repreensão: para feste-jar o jubileu áureo de sacerdócio do Côn.Jadir, tríduo é muito pouco, no mínimo de-veria ser uma novena.

Mariana - 10/04/2008

Coube–me a honrosa incumbênciade fazer a saudação ao ilustre ho-menageado de hoje, Cônego Jadir

Trindade Lemos, cujo Jubileu Áureo Sacer-dotal, com alegria, celebramos. Atribuo ahonra do convite para tão agradável missão,ao laço de profunda e sincera amizade queme une ao querido colega de Seminário e,hoje, colega no Sacerdócio.

Éramos, ainda crianças, quando nos co-nhecemos, lá no vetusto Seminário de Nos-sa Senhora da Boa Morte. Convivemos, porlongos anos, partilhando espaços e, sobretu-do, vida, nas salas de aulas, nos corredoresda casa, nas mesas do refeitório, nos pátiosdo recreio, no campo de futebol e, sobretu-do, nos bancos da artística e acolhedoraCapela do Seminário, onde a Senhora daAssunção, de braços abertos, acolhia a to-dos, indicando- nos o Seu Filho Jesus comomodelo para os futuros sacerdotes.

Deixemos, por ora, essas reminicênci-

HOMILIA DE DOM FRANCISCO BARROSO

as e passemos a apresentar, antes de tudo,em rápidas pinceladas, o perfil do nossohomenageado de hoje:

Cônego Jadir nasceu em Barra Longa,aos 11 de agosto de 1932, filho de AntônioJosé de Lemos e Maria Alexandrina Trin-dade. Fez o curso primário em sua Terranatal. Em Mariana, cursou Humanidade e

Dom Francisco Barroso Filho, Dom Geraldoe Cônego Jadir

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Filosofia. Em Roma, na Gregoriana, cur-sou Teologia, tendo feito o Mestrado, emTeologia Dogmática. As duas primeirasOrdens Menores, Ostiário e Leitor, lhe fo-ram conferidas, na Igreja Basílica de SãoPaulo, em Roma, no dia 25 de fevereiro de1956. E as duas outras, Exorcista e Acóli-to, no dia 28 de outubro do mesmo ano, naIgreja de Santo Inácio, também, em Roma.O Subdiaconato e o Diaconato se realiza-ram na Basílica de São João de Latrão, emRoma. E, no dia 13 de abril de 1958, naIgreja de Santo Agostinho, em Roma, rea-lizou-se a Ordenação Sacerdotal do nossoquerido Côn. Jadir. De volta ao Brasil, ini-ciou o exercício do seu Ministério Sacer-dotal, em Cons. Lafaiete, como Vigário Co-operador, na Paróquia de Nossa Senhorada Conceição. Logo depois, foi transferidopara Mariana, como Professor do Seminá-rio, onde vem dedicando toda a sua vidaSacerdotal, à formação dos candidatos aoSacerdócio. Nobre e difícil ministério queo Côn. Jadir tem exercido, no silêncio, aexemplo de Maria, Rainha e Mãe dos Vo-cacionados. Quantos Sacerdotes, desta ede outras dioceses, foram alunos do queri-do mestre Côn. Jadir!

Na convivência diária com o Jadir, to-dos nós, seus colegas de seminário, já po-díamos perceber que se tratava de umapessoa privilegiada: inteligente, bondoso,sempre atencioso e prestativo, sabendo di-vidir, com os seus colegas, os talentos, osdons que Deus lhe concedeu. Nas aulas,foi, sempre, o primeiro aluno. Grande lati-nista, escrevia os discursos, em elegantelatim, de estilo clássico, para o Simões, nos-so querido colega, com muita graça, dis-cursar no aniversário natalício do saudosoPadre Aristeu Matos, nosso professor delatinidades. No futebol, o Jadir era um atle-

ta imbatível: driblava muito bem, era veloz,dava passes com perfeição e era o artilhei-ro do nosso time, que disputava, com gar-ra, o campeonato interno do Seminário. Ébom lembrar que a nossa turma do quintoano era muito unida. Trabalhávamos, estu-dávamos, rezávamos e nos divertíamos, emperfeita unidade e solidariedade, vivendoaquele “Quam bonum et jucundum habita-re fratres in unum.” Tanto no SeminárioMenor, quanto na Filosofia, que fizemos,juntos, o Jadir se destacava, sobretudo naespiritualidade. Homem de oração, eraCongregado Mariano e membro do Círcu-lo de Mariologia.

Não pedi licença ao Côn. Jadir para te-cer-lhe essas loas que, por certo, vêm ferir-lhe a modéstia. Mas o fiz fundamentadon‘Aquele que disse: “brilhe a vossa luz diantedos homens, para que vendo as vossas boasobras, glorifiquem o Pai que está no Céu”.

Magnificat anima mea Dominum! Aminha alma glorifica o Senhor!

Não há, sem dúvida, momento maisoportuno para demonstrar a nossa alegria,a nossa gratidão a Deus, por estes 50 anosde vida sacerdotal, do que este momentoda celebração eucarística, pois que Euca-ristia significa ação de graças. E é exata-mente para estas comemorações festivasde ação de graças que, aqui nos reunimos,nesta Capela de São José, para nós, tãoevocativa.

Nada mais justo que incluir nesta sau-dação uma prece de exaltação, de louvor aJesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote,presente na Eucaristia. Exaltação e louvorao Côn. Jadir que, nestes 50 anos de vidasacerdotal, soube, tão bem, honrar e glori-ficar o Sacerdócio Católico, continuação doSacerdócio de Cristo. O Sacerdote, medi-ante a Ordenação Presbiteral, está unido,

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de forma singular e excepcional, à Euca-ristia. Podemos, até mesmo, afirmar que oSacerdote é aquilo que é, de certo modo, apartir da Eucaristia.

As palavras e a ação de cada sacerdo-te celebrante são ecos das palavras e daação do próprio Cristo, na Quinta FeiraSanta: “Fazei isto em memória de mim”.Com efeito, o Sacerdote oferece o SantoSacrifício da Missa “in persona Christi”, istoé, em nome de Cristo, fazendo as vezes deCristo, na específica e sacramental identi-ficação com o Sumo e Eterno SacerdoteJesus Cristo, autor e principal sujeito desteSeu próprio sacrifício.

Nesta celebração festiva de hoje, va-mos louvar a Deus pela graça destes 50anos de vida sacerdotal do Côn. Jadir eaproveitar a oportunidade para renovar, jun-tamente com ele, os nossos compromissossacerdotais, assumidos no dia da nossaOrdenação. É este, sem dúvida, o momen-to oportuno para recordarmos, com o ho-menageado, aquele dia que, na história pes-soal da própria vida, ficou marcado, parasempre, o início do serviço que prestamosna Igreja de Cristo (“Tu es Saderdos inaeternum”).

Aproveitamos, pois, este momento ím-par do Cinqüentenário de Ordenação doquerido Côn. Jadir, para reanimar, em nós,a graça da nossa Ordenação Sacerdotal,reabrindo o coração para o Espírito Santoe redescobrindo aquela amizade a que Cris-to nos chamou:”Já não vos chamo servos,chamei-vos amigos”(Jô.15,15).

Ao celebrarmos os 50 anos de vida sa-cerdotal do Rev.Sr. Côn. Jadir, redescobri-mos aquela realidade que constitui a essên-cia do Sacerdócio: Aquilo que confere, acada sacerdote, a plena identidade e au-tenticidade no serviço sacerdotal e que dá,

a cada Padre, a possibilidade de ir e darfrutos e a força para que este fruto sejaduradouro (Jo.15,16).

Podemos afirmar que, nestes 50 anosde vida sacerdotal, Deus louvado, o Sr. Côn.Jadir não enterrou os talentos que Deus lheconcedeu, mas os fez frutificar. Com efei-to, além de trabalhar na formação de futu-ros sacerdotes, o Sr. Côn. Jadir demonstrao seu zelo sacerdotal, quando atende à Pa-róquia de Pe. Viegas e à Paróquia do Pilar,em Ouro Preto, como Vigário Paroquial.

Em uma época de tanta contestação eaté de defecções no Clero, quando o mundomaterialista interroga sobre o valor, o senti-do do sacerdócio ministerial, agradecemosa Deus o poder celebrar, com alegria, esses50 anos de vida sacerdotal do Côn. Jadir. 50anos que coroam um fecundo trabalho apos-tólico de quem se consagrou, de quem dooua sua vida no ideal sacerdotal.

É sempre com grande alegria que cele-bramos um Jubileu sacerdotal, pois a pró-pria celebração é já um testemunho públi-co de perseverança e de fidelidade. E comoisto faz bem ao nosso povo que tem umapredileção especial para com os sacerdo-tes! E como isto faz bem aos nossos voca-cionados, aos nossos seminaristas e aosPadres que estão, ainda, iniciando a suacaminhada!

Aqui reunidos por motivo destas festi-vidades que marcam os 50 anos de vidasacerdotal do Sr. Côn. Jadir, nos seja con-cedido perceber cada vez mais perfeita-mente, o amor de Cristo que ultrapassa qual-quer conhecimento. E que nele e por Ele,possamos ser repletos de toda plenitude deDeus na nossa vida e no nosso serviço sa-cerdotal (Ef.3,19).

Queremos saudar o nosso homenagea-do pela juventude do seu Sacerdócio. Sim,

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juventude, apesar dos seus 50 aos de vidasacerdotal; juventude, apesar de ser cha-mado Presbítero, desde o dia da sua Orde-nação. Com efeito, conservamos a juven-tude de nosso sacerdócio, pois nossa voca-ção sacerdotal é sempre jovem, sempreatual, porque se alimenta incensantemen-te, na sempre nova seiva da graça de Deus.(João PauloII).

Na pessoa do Padre, é Jesus mesmoque continua abençoando, consagrando,comunicando e, quando preciso, até mes-mo denunciando.

É por isto que o Sacerdote, convicto deque foi chamado e escolhido por Deus, viveo seu ideal sacerdotal cheio de otimismo eesperança. De otimismo, porque sente-seapoiado por Aquele que o escolheu; de es-perança, porque a nossa fidelidade ao Evan-gelho está acima de nossas opções pesso-ais, certo de que haverá de prevalecer aunidade visível da Igreja que tem a assis-tência constante do Espírito Santo.

O Papa João Paulo II, numa carta aosSacerdotes, por ocasião da Quinta FeiraSanta de 1998, afirmou que o Espírito San-to não deixa de reservar uma especial aten-ção aos que receberam a Sagrada Ordem,para uma adequada realização do seu exi-gente ministério.

Assim, por entre as alegrias e as can-seiras, os sofrimentos e as esperanças doMinistério, o Sacerdote aprende a confiarna vitória final do amor, graças à pereneação do Paráclito que, apesar das limita-ções dos homens e das instituições, leva aIgreja a viver em plenitude o mistério daunidade e da verdade.

Por isto, ele sabe que pode confiar nopoder da Palavra de Deus que supera todaa palavra humana e na força da graça que

vence os pecados e as falhas dos homens.Isto tona-o forte, apesar da fragilidade hu-mana, no momento da provação e pronto avolver, de boa vontade, ao Cenáculo, onde,perseverando na oração com Maria e comos irmãos, pode reencontrar o entusiasmonecessário, para retomar o peso do serviçoapostólico.

O Sacerdote é chamado constantemen-te, a confrontar o seu fiat, com o fiat deMaria, deixando-se conduzir, como Ela, peloEspírito. E a Virgem ampara- lo-á, nas suasopções de pobreza evangélica e fa-lo-á dis-ponível para escutar, humilde e sinceramen-te, os seus irmãos, tornando-o capaz deservir os irmãos com luminoso discernimen-to, para os educar nos valores evangélicose induzi-los a buscar, com solicitude, ascoisas do alto.

Acompanhado por Maria, o Sacerdotesaberá renovar, todos os dias, a sua consa-gração. E com o mesmo espírito de Maria,a Mulher Eucarística, na totalidade de suavida, queremos, a convite do Papa JoãoPaulo II, reler aquele cântico de Maria, oMagnificat, em perspectiva Eucarística.

Com efeito, como o cântico de Maria,também a Eucaristia, que ora celebramos,é, primeiramente, louvor e ação de graças.

Ao ensejo destas Bodas de Ouro Sa-cerdotais do Côn. Jadir, queremos, pois, di-zer, com Maria: “Minha alma glorifica oSenhor e meu espírito exulta de alegria emDeus meu Salvador”. Este cântico de Ma-ria, vem muito a propósito, quando recor-damos as maravilhas operadas por Deus,ao longo da história desses 50 anos de vidasacerdotal do Côn. Jadir.

Só nos resta, agora, recitar: “Magnifi-cat anima mea Dominum”. A minha almaengrandesce o Senhor.

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JUNTOS NO CAMINHO...

1. Quem somos?

Eu sou Claudinei Lourenço de Souza, eeu sou João Paulo da Silva, nós somos doisjovens seminaristas da Arquidiocese deMariana – MG. Concluímos o 4º Períododo Curso de Teologia, e partilhamos com aequipe de formadores de nosso Seminárioo desejo de fazeruma experiênciamissionária na re-gião Norte do Bra-sil como parte denosso processoformativo. Acredi-tamos que essaexperiência podenos ajudar muitono processo deamadurecimentodas motivaçõespara a vida sacer-dotal, além de fortalecer em nós a disposi-ção para abraçar um estilo de vida maisaustero no qual, a exemplo de nosso sau-doso e amado Dom Luciano Mendes, Amare Servir ao próximo, sobretudo o mais po-bre, seja nossa maior alegria! A equipe deformação de nosso seminário nos ajudou adiscernir esse desejo e na pessoa de nossoestimado arcebispo Dom Geraldo e de nos-so amigo reitor Pe. Lauro tomou as inicia-tivas e não poupou esforços para viabilizara concretização do desejo. E assim no dia06 de janeiro de 2008, por ocasião da Festada Epifania do Senhor recebemos em nos-sa Catedral a Bênção de envio das mãosde nosso estimado pastor Dom Geraldo coma recomendação de que viéssemos em

nome da Arquidiocese de Mariana da qualrecebemos todo apoio, amparo e acompa-nhamento, de modo especial na pessoa denosso reitor Pe. Lauro. Aqui estamos...

2. Onde estamos?

Nós estamos na diocese de Santarém,esta diocese que nos acolheu de braçosabertos. Desde o momento em que pisa-

mos nesta abenço-ada terra, DomEsmeraldo nos re-cebeu mui atenci-osamente e ao lon-go do tempo queestamos aqui temse revelado umverdadeiro discí-pulo do Mestre Je-sus, cuja simplici-dade de vida e dis-posição para ser-vir, ocupando-se

desde as tarefas mais simples até aquelasque são próprias de um bispo, isso nos esti-mula e questiona como vocacionados. Fa-lando em acolhida e atenção não podemosdeixar de registrar aqui a presença frater-na e carinhosa do reitor do seminário SãoPio X e vigário geral desta diocese Pe. Jai-me, além do Pe. Alaelson, de todos os se-minaristas, funcionários, demais padres queconhecemos, enfim, todos nos acolhem fra-ternalmente. Na primeira etapa desta ex-periência missionária Deus nos agracioucom a Paróquia do Sagrado Coração deJesus em Fordlândia, integrante da Dioce-se de Santarém – PA. Nesta Paróquia, fo-mos acolhidos pelo Pe. Walter que desde oprincipio se mostrou muito solícito, amigo,

MISSÃO NA AMAZÔNIA

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companheiro. Pessoa simples, muito traba-lhador, cujo estilo de vida abnegado nos ins-pira e interpela. Esta paróquia tem a maiorparte de suas 49 comunidades situadas àsmargens do Rio Tapajós, o qual é a via detransporte e fonte de sustento para a re-gião. A Paróquia está dividida em duas Mini-áreas que por sua vez se subdividem emdistritos, totalizando 13 distritos. Os traba-lhos pastorais são articulados com o fortee necessário apoio dos guerreiros Catequis-tas. Em razão da carência de Padres, sãoeles que levam adiante os trabalhos nascomunidades, geralmente o Padre não con-segue visitar mais que três vezes por anocada comunidade. A Evangelização nestaregião tem muita influência dos frades fran-ciscanos, pois foram eles quem, por muitosanos, catequizaram os povos desta regiãoos quais têm em suas culturas muitos tra-ços de herança indígena. Da herança fran-ciscana destacamos as devoções popula-res, o festejo do Santo, a valorização doMinistro Ordenado e sinais de uma cate-quese que se valeu da pedagogia do medo.Enfim, aí está um esboço do berço que nosacolheu e que nós, desde o início, admira-mos e agora já aprendemos a amar e aquerer bem.

3. O que fazemos?

A nossa experiência está alicerçada naconvivência saudável e amiga com o Pe.Walter nos momentos de oração em co-mum, nas visitas às comunidades, na exe-cução dos trabalhos e afazeres diários.Convivência com as equipes catequéticas,com as famílias que visitamos e tantas quenos hospedaram. Tivemos a oportunidadede visitar várias comunidades, nas quaisvisitamos as famílias, com atenção especi-al para os idosos, doentes, mais pobres com

quem partilhamos a alegria da Fé em co-mum, as experiências de anos de dedica-ção e serviço à comunidade. Em todas ascomunidades que passamos visitamos asescolas e no final da tarde celebramos jun-tos a Palavra que nos alimenta e dá vida.Enfim, não fizemos nada de extraordinário,simplesmente partilhamos do dia-a-dia davida deste povo simples, acolhedor, solidá-rio com quem muito aprendemos e juntospartilhamos o que cada qual vive no segui-mento de Jesus Cristo.

4. Frutos do Evangelho que sa-boreamos!

A convivência com este povo queridonos possibilitou condividir vários frutos doEvangelho. Começamos pelo forte senti-mento religioso que se soma à nossa con-vicção de que somos criados por Deus epara a vida em Deus. Daí a necessidadede que nossa presença como Igreja sejacada vez mais respeitosa com as pessoas,pois estas são portadoras da experiênciacristã, ainda que esta seja tematizada emtermos que inicialmente podem nos pare-cer estranhos. O jeito de viver das comuni-dades em geral testemunha que o vermedo consumismo, da posse, não encontrousolo fértil por aqui. As pessoas vivem demodo simples, “a cada dia bastam suas pre-ocupações.” Para nós isso soa como umtestemunho profético diante da sociedadecapitalista e atualiza o Reino de Deus paranós. Toda essa densidade de valores doEvangelho ganha corpo no protagonismodos leigos que se empenham na realizaçãodas Semanas Catequéticas, na celebraçãosemanal do Culto, na reza do Oficio Divinodas Comunidades, no festejo do padroeiro,na implantação do dízimo como caminhode autonomia e fonte de auto-sustento para

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a Paróquia, isso sem falar na escola decomunhão e partilha que a experiência dodízimo possibilita.

5. Testemunhos de Vida!

Em todas as comunidades pelas quaispassamos, nós encontramos catequistas quesão verdadeiros heróis, pela perseverançae dedicação a serviço da Evangelização.Poderíamos descrever vários exemplosdeste gênero de pessoas simples, que namaioria das vezes nem puderam estudar,mas cujo testemunho fortalece nossa Fé enos encoraja na caminhada, porém esta éuma experiência que está ao alcance detodos nós, nos interpelando para que deadmiradores destas maravilhas passemosa protagonistas das mesmas. Registramosaqui alguns casos para que nos sirvam dereferências e incentivo.

Raimunda Pessoa é moradora da vilade Fordlândia. Hoje com 66 anos, ela teveum problema sério de diabete e em decor-rência da doença teve as duas pernas am-putadas, perdeu a memória e agora vai len-tamente aprendendo as coisas com a ajudados netinhos. Ficamos impressionados coma capacidade de superação desta senhora,com sua Fé inabalável. Ela que antes foraDiretora da Escola de Fordlândia, agoraaprende o alfabeto com a ajuda dos netos.Tudo isso com uma alegria que a todos con-tagia.

Maria Eunice é moradora da comuni-dade de Daniel de Carvalho. Também teveamputados parte do pé e uma das pernas,além de ter perdido a visão. Seu entusias-mo nos contagiou em um daqueles dias emque não estávamos muito dispostos. Fica-mos encantados com sua confiança emDeus e no modo tão carinhoso e afetuoso

com que fala de Deus e com Deus, semfalar em sua convicção de católica feliz erealizada.

Zé do Chapéu é morador da comuni-dade de Santa Luzia. O que nos chamou aatenção é seu jeito simples de viver, o modoalegre e acolhedor com que se relacionacom as pessoas. Soma-se a isso sua gran-de sabedoria, aberta à vida, pois esta é co-locada a serviço da comunidade e da Pa-róquia. É impressionante sua visão de mun-do, a capacidade de fazer uma leitura críti-ca da realidade. E a cada dia opta pelomenos favorecido e levanta sua voz contrao cruel capitalismo.

6. Realidades que desafiam...

No campo religioso destacamos a ca-rência de Padres que impossibilita o acom-panhamento mais sistemático junto às co-munidades e a presença de sinais de umacompreensão dos Sacramentos como um“poder mágico”. E ainda desafios que nãosão novidade como o fato do forte senti-mento religioso nem sempre se traduzir emparticipação eclesial. Pareceu-nos que oSacramento do Matrimônio mereça umaatenção especial, talvez por causa de tra-ços culturais, heranças indígenas, são mui-tos os casos de casais que vivem juntos enão buscam o Sacramento. No campo so-cial destacamos o grande consumo de be-bidas alcoólicas em muitas das comunida-des, o alto índice de mães “solteiras, inclu-sive jovens na faixa de 16 anos. Constata-se ainda a presença de empresas, fazen-deiros, madeireiros cujo único objetivo é omaldito lucro, e para conseguirem seu ob-jetivo ameaçam, expulsam famílias, são vi-das que são oprimidas em nome do falaci-oso progresso. Finalmente, no campo polí-

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tico, ainda é presente o uso da política, dobem comum em benefício próprio. Aquiloque é direito do cidadão lhe é oferecidocomo migalha, como favor e a conta-go-tas. São estas algumas das realidades quenos desafiam e interpelam.

7. O que levamos?

Nós que estamos vivendo esta experi-ência missionária acreditamos que os pri-meiros destinatários da mesma somos nósClaudinei e João Paulo. E tudo o que te-mos vivenciado ao longo desse tempo sótem feito fortalecer esta convicção. Poisesta experiência nos permite refletir e dis-cernir sobre a vocação de cada um de nós,nos ensinando que o verdadeiro sentido davida está na doação e na dedicação aosoutros, em especial, ao menos favorecido.São muitas as oportunidades de fortaleci-mento da Fé, de amadurecimento das mo-tivações, de cultivo das muitas e boas ami-zades e da presença dos apelos e questio-namentos que Deus suscita em nossos co-rações. De modo especial nos questiona-mos, como Igreja, o que podemos fazerpara amenizarmos as contradições que en-fraquecem nosso testemunho e comprome-tem nossa comunhão eclesial, como o fatode termos num mesmo país dioceses comum clero numeroso e outras que sobrevi-vem sabe Deus lá como, isso sem falar nascondições de infra-estrutura para o traba-lho de Evangelização. É preciso que seja-mos mais ousados na solidariedade para quenosso testemunho seja fortalecido. Outraexperiência que sai fortalecida é a de quenós não precisamos de muita coisa parasermos felizes, ao contrário do que os mei-os de comunicação em massa vendem, osegredo da felicidade não está na posse,mas na doação, sobretudo, de si mesmo.

No âmbito dos relacionamentos, da convi-vência afetiva temos oportunidade de ex-periências que nos ajudam a amadurecer ea integrar sempre mais a dimensão huma-no-afetiva no horizonte do amor cristão. Aconvivência entre nós nos ensina a parti-lharmos as alegrias, os desafios e os fra-cassos na certeza de que juntos somosmais. Enfim, levamos o amor fortalecido erenovado neste tempo de Páscoa e conti-nuamos com a certeza de que “ELE estáno meio de nós!”

O Amor...

“Quando o Amor chama, Sigam-no,mesmo que tenha caminhos pedregosos eíngremes. E, quando lhes fala, CreiamN’ele mesmo que sua voz possa dissiparos sonhos de vocês, como o vento nortedevasta o Jardim. Pois da mesma formaque o Amor exalta vocês, assim os crucifi-ca, e da mesma forma que os faz amadu-recer, assim os podará. Ele entrega vocêsao seu fogo sagrado para que sejam pãosanto da mesa de Deus. Tudo isso realiza oAmor em vocês, para que conheçam o se-gredo do coração de vocês e possam tor-nar-se um fragmento do coração da Vida.O Amor não dá nada além de si próprio enada colhe senão a si mesmo. O Amor nãopossui nem desejaria ser possuído, porqueo amor é suficiente ao Amor. E não pre-tendam dirigir oAmor porque, seos encontrar dig-nos, será Elequem os conduzi-rá. O Amor dese-ja somente con-sumar-se!” (Gi-bram Kahlil Gi-bram)

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Depois de ouvirmos a abordagemhistórica do Monsenhor FlávioCarneiro Rodrigues sobre a Arqui-

diocese de Mariana e a apresentação denossa realidade pastoral pelo Pe. MarceloMoreira Santiago, vamos considerar bre-vemente a visão do ministério presbiteral apartir do Concílio Vaticano II. Vejamos aperspectiva descortinada pelo Vaticano II,os seus desdobramentos e desafios atuais,e, finalmente, o contexto de nossa Arquidi-ocese de Mariana ao celebrar o seu cente-nário.

O Concílio Vaticano II foi, no dizer doPapa João Paulo II, a grande preparaçãosuscitada pelo Espírito Santo para a entra-da da Igreja no terceiro milênio. Refletindosobre si mesma e sobre a sua relação como mundo, a Igreja encontrou no mistério doCristo a sua razão de ser e agir. O ministé-rio presbiteral foi iluminado pela reflexãosobre a origem, natureza e missão da Igre-ja. A eclesiologia do Vaticano II achou oseu equilíbrio teológico no reconhecimentodas raízes trinitárias da Igreja. As imagensda Igreja como Povo de Deus, Corpo deCristo e Templo do Espírito, tiveram a suasíntese na eclesiologia de comunhão. Osoito capítulos da Lumen Gentium foramcomparados pelo Cardeal Martini com oitobem-aventuranças:

Bem-aventurada és tu, Igreja, porquemistério!

Bem-aventurada és tu, Igreja, porquepovo de Deus!

Bem-aventurada és tu, Igreja, por tua

O PRESBÍTERO A PARTIR DO VATICANO II1

Pe. Lauro Sérgio Versiani Barbosa

hierarquia!Bem-aventurada és tu, Igreja, por teu

laicato!Bem-aventurada és tu, Igreja, por tua

santidade!Bem-aventurada és tu, Igreja, por

teus religiosos e religiosas!Bem-aventurada és tu, Igreja, por teu

destino eterno!Bem-aventurada és tu, Igreja, por tua

mãe Maria!A raiz de todas as bem-aventuranças é

a primeira: a Igreja é mistério de comunhão.Radicada na Trindade, a Igreja é “ouvintee servidora da Palavra” (Karl Rahner), “lu-gar no qual se encontram não só os enun-ciados da fé, mas a realidade que eles anun-ciam” (Henri De Lubac). O Cardeal J.Ratzinger em sua exposição sobre a com-preensão da Igreja hoje, realizada no Riode Janeiro em 1990, apresenta a Igrejacomo vocacionada para a comunhão e falade uma eclesiologia de comunhão fundadana eucaristia. Há uma convergência paracompreender a Igreja sempre em relação,o que trouxe conseqüências para a visãodo presbítero. Da Igreja sociedade perfei-ta passou-se à compreensão da Igreja íco-ne da Trindade, mistério de comunhão.

É interessante observar também que oPapa Bento XVI na homilia do dia 08 dedezembro de 2005, comemorando os 40anos do encerramento do Concílio Vatica-no II, retomando um pensamento de HansUrs von Balthasar e evocando os PapasJoão XXIII e Paulo VI, sublinha a dimen-

1 Texto apresentado no XVI Encontro Arquidiocesano de Presbíteros e Diáconos em Cachoeira do Campo no dia 08de março de 2006, dentro de painel comemorativo dos 100 anos de elevação da Igreja de Mariana a Arquidiocese.

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são mariana da Igreja como orientadora docaminho do Vaticano II e chave teológicade sua correta leitura. Com efeito, a Vir-gem Maria foi apresentada no capítulo con-clusivo da Lumen Gentium totalmenteimersa no mistério do Cristo e da Igreja.Recordava o Papa Bento XVI o discursode Paulo VI por ocasião da promulgaçãoda Lumen Gentium, quando declarou Ma-ria Santíssima Mãe da Igreja e seguiu-se aespontânea reação dos padres conciliaresque repentinamente se levantaram de suascadeiras e aplaudiram de pé. Explica o PapaBento XVI que o novo título dado por Pau-lo VI e arraigado na Tradição iluminou aestrutura do ensinamento sobre a Igreja.Ou seja, toda a dimensão petrina, instituci-onal da Igreja, deve ser compreendida noseio da dimensão mariana que é mais am-pla e comporta a doce e forte ação do Es-pírito Santo que nos configura a Jesus Cristopara a glória do Pai.

O Pe. Vítor Galdino Feller em recentepalestra no Encontro Nacional da OSIB,ocorrido em Atibaia, São Paulo, em janeirode 2006, desenvolveu precisamente esteargumento ao tratar da formação presbite-ral à luz da eclesiologia do Vaticano II.Usando a lente de von Balthasar, o Pe.Galdino Feller fez uma leitura do perfil/prin-cípio mariano da Igreja do Vaticano II e aformação presbiteral que me pareceu per-tinente e fecunda. Cita von Balthasar re-fletindo sobre a Lumen Gentium:

“Não deveríamos em nossas refor-mas, manter o olhar fixo em Maria, nãocertamente para multiplicar festas, de-voções ou até mesmo definições maria-nas, mas simplesmente para aprender adiscernir o que é a Igreja, o que é, narealidade, o espírito eclesial e o verda-deiro comportamento eclesial? (...) Sem

a Mariologia, o cristianismo impercep-tivelmente corre o risco de se tornar de-sumano. A Igreja se torna funcionalis-ta, sem alma, uma empresa em contínuomovimento, sem repouso, tornada des-conhecida por aqueles que a projeta-ram. E como neste mundo masculino tudoo que nós temos é uma ideologia quetoma o lugar de outra, tudo se tornapolêmico, crítico, amargo, sem humor,pesado – sobretudo pesado – e as pes-soas e o povo fogem de uma Igreja as-sim”.

Podemos nos questionar se, por vezes,não exageramos na indispensável necessi-dade organizativa da Igreja (a dimensãopetrina da organização pastoral) em detri-mento da espiritualidade e da mística, pró-prias da dimensão mariana e, portanto, pneu-mática da Igreja. Que relação existe entreo perfil mariano e o perfil petrino-ministeri-al da Igreja? Como exercemos o “poder”que nos foi confiado? Uma compreensãomariana do ministério presbiteral nos levaa uma atitude humilde, comunitária e cole-giada. Não se trata só de ser para os ou-tros, mas de ser com os outros. Lembre-mo-nos de Santo Agostinho, citado inclusi-ve na Pastores Dabo Vobis (PDV 20),adaptando-o à nossa condição: “Para vóssou bispo, convosco sou cristão. Aquele éo nome de um cargo assumido, este de gra-ça; aquele é um nome de perigo, este umnome de salvação” (Sermo 340,1: PL38,1483). Trata-se de ser irmão entre ir-mãos. As atitudes marianas de disponibili-dade, serviço, seguimento, discrição, devemser cultivadas.

A Igreja do Vaticano II é entendida comomistério, comunhão e missão, o que confe-re à identidade presbiteral um caráter rela-cional: com a Trindade Santa, dentro da

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comunhão presbiteral, para servir à IgrejaPovo de Deus e atrair todo o mundo para oCristo Salvador. A missão é de Jesus Cris-to enviado pelo Pai e não nossa. Somosconfigurados ao Cristo Pastor na potênciado Espírito para a missão. Na mensagemfinal do Sínodo de 1990 os bispos sintetiza-ram de forma muito feliz a identidade dosacerdócio ministerial, o que foi transcritopelo Papa João Paulo II na Pastores DaboVobis: “A nossa identidade tem a sua fontemais remota na caridade do Pai. Ao Filho,por ele enviado, Sumo Sacerdote e BomPastor, estamos unidos sacramentalmentecom o sacerdócio ministerial por ação doEspírito Santo. A vida e o ministério do sa-cerdote são a continuação da vida e da açãodo próprio Cristo. Esta é a nossa identida-de, a nossa verdadeira dignidade, a fonteda nossa alegria, a certeza da nossavida”(PDV 18).

O espírito do Vaticano II na compreen-são da relação da Igreja com a história con-creta da humanidade é expresso admira-velmente nas palavras introdutórias daGaudium et Spes: “As alegrias e as espe-ranças, as tristezas e as angústias dos ho-mens de hoje, sobretudo dos pobres e detodos aqueles que sofrem, são também asalegrias e as esperanças, as tristezas e asangústias dos discípulos de Cristo; e nãohá realidade alguma verdadeiramente hu-mana que não encontre eco no seu cora-ção” (GS 1). De forma coerente, discor-rendo sobre os presbíteros no mundo, afir-ma o Decreto Presbyterorum Ordinis: “Ospresbíteros assumidos dentre os homens eestabelecidos em favor dos homens em suasrelações com Deus, para oferecerem donse sacrifícios pelos pecados, vivem com osdemais homens como com irmãos (...) OsPresbíteros do Novo Testamento, por vo-

cação e pela sua ordenação, de certo modosão segregados no seio do Povo de Deus,não porém para se separarem, seja do Povoseja de qualquer homem, mas para se con-sagrarem totalmente à obra para a qual oSenhor os assume. Não poderiam ser mi-nistros de Cristo, se não fossem testemu-nhas e despenseiros de outra vida que nãoa terrena, mas nem sequer poderiam serviraos homens, caso se mantivessem alheiosa sua existência e condições de vida”(PO3). E mais adiante o mesmo Decreto Pres-byterorum Ordinis em seu nº 3, retoman-do o Apóstolo Paulo, aponta para qualida-des humanas, certamente sustentadas pelagraça, que permitem ao presbítero cumprira sua missão: “Para alcançar tal meta mui-to contribuem as qualidades que gozam demerecida estima na convivência humana,como sejam, a bondade de coração, a sin-ceridade, a coragem e constância, o culti-vo vigilante da justiça, a delicadeza e ou-tras que o Apóstolo Paulo recomenda quan-do diz: ‘Tudo o que é verdadeiro, nobre, jus-to, puro, amável, honroso, tudo que podehaver de bom na virtude e no louvor huma-nos, eis o que haveis de pensar’ (Fl 4,8)”.

Assim vemos que o Vaticano II cami-nhou para uma imagem mais humana e, emcerto sentido, menos sacral do presbítero.Paulo VI e João Paulo II são concordesem afirmar que o caminho da Igreja passapelo homem. E Dom Hélder Câmara emconferência feita em Roma em 1965 e ci-tada no texto da Comissão Nacional dePresbíteros, preparatório para o 11º Encon-tro Nacional de Presbíteros (2006), teste-munha o espírito do Concílio que se respi-rava então: “Nós os Reverendíssimos, te-mos necessidade de uma reverendíssimareforma. Cumpre-nos chegar, ao menos: aconfigurar-nos, à luz do Vaticano II, e à

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escuta do povo de Deus, ao perfil do sa-cerdote para este fim de século. Qual seráo tipo de sacerdote que os católicos e osnão católicos, os crentes e os descrentes,gostariam de conhecer e de encontrar? Omundo, sobretudo dos nossos dias, exige dosacerdote que ele seja autêntico, que eleseja sacerdote. Nada de virtudes sobrena-turais que não se baseiem em virtudes na-turais: seja o sacerdote veraz, leal, reto. (...)O mundo não deseja sacerdotes que, preo-cupados com serem modernos, sejam fá-ceis, levianos, equívocos. O mundo temnecessidade de sacerdotes que, com a gra-ça divina, cheguem a ser santos, mas deuma santidade tanto mais verdadeira quantomais amável, mais aberta, mais simples. Omundo deseja sacerdotes que nos apresen-tem Deus como Ele é: largo, grande, bom,e que em vez de ter medo de ser superadopelo homem, como o melhor dos pais ale-gra-se com as vitórias e as conquistas deseu filho pródigo, o homem”. Como se podeconstatar, tudo dentro do melhor espírito doBeato Papa João XXIII, que não queriacondenações, mas falar ao homem de seutempo e de Paulo VI, o homem do diálogo,da Encíclica Ecclesiam Suam (1964).

Podemos pensar o ministério presbite-ral em termos de estrutura e em termos defigura, para tomar de empréstimo a lingua-gem do teólogo Bernard Sesboüé, SJ. Aestrutura é permanente e tem a sua origemem Jesus Cristo. A figura é sempre provi-sória e depende de situações históricas.Com o Concílio Vaticano II, deixava-se afigura do padre tridentino, restritamente vin-culado aos sacramentos, fruto do contextopolêmico da reforma protestante, para afigura do padre, que, sem perder a sua fun-damental vinculação aos sacramentos (PO5), se torna, sobretudo, o pastor-animador

da comunidade.A espiritualidade do presbítero a partir

do Vaticano II é caracterizada pela carida-de pastoral que, na radicalidade evangélicado seguimento e configuração a Jesus Cris-to Cabeça e Pastor da Igreja, leva o pres-bítero à caridade obediente, casta e pobre(PDV 27-30). A caridade pastoral se ali-menta especialmente da eucaristia (PO 14)e impele o presbitério ao zelo apostólico.Mais do que aquilo que é feito pelo presbí-tero, o que caracteriza a caridade pastoralé o “dom total de si mesmo à Igreja, à ima-gem e com o sentido de partilha do dom deCristo” (PDV 23). Assim a caridade pas-toral define mais o sentido do ministérioordenado do que a descrição do que com-pete ao presbítero em termos de tarefas.Estas últimas podem estar mais ligadas àsfiguras históricas, pertinentes, mas passa-geiras, enquanto a caridade pastoral remon-ta à missão do próprio Cristo celebrada naeucaristia como sacramento de sua auto-doação salvífica. A caridade pastoral dizrespeito ao espírito que deve perpassar oministério ordenado. Podemos dizer que setrata de um espírito mariano para retomar-mos a reflexão anterior. O Concílio Vati-cano II, livre do contexto polêmico deTrento, pode tratar da estrutura do minis-tério ordenado sem restringi-lo à sua figu-ra histórica.

Mas, atenção, as figuras do ministérionão são desprezíveis, são concretizaçõeshistóricas necessárias da estrutura do mi-nistério ordenado. O Vaticano II chamou anossa atenção para os “sinais dos tempos”,para a situação do homem concreto, so-bretudo dos pobres e sofredores como lem-brávamos acima. A Igreja na América La-tina, especialmente com Medellín e Pue-bla, procurou atualizar para o nosso con-

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texto e com uma mensagem profética designificado universal as exigências da evan-gelização a partir do Vaticano II.

Sabemos que o ministério ordenado en-frentou momento difícil no período pós-con-ciliar. Certamente havia já antes uma criselatente. Da crise patente também se po-dem fazer classificações. Passou-se doproblema da identidade do presbítero parao da qualidade de vida dos presbíteros e osproblemas relacionados ao processo forma-tivo. Muito se discutiu, estudos foram e sãofeitos, documentos foram produzidos. Ouseja, a crise foi e tem sido produtiva. OsEncontros Nacionais de Presbíteros, quecomeçaram vinte anos depois do ConcílioVaticano II, registram em suas temáticas ediscussões a trajetória do ministério pres-biteral no Brasil nos últimos anos. O textoda Comissão Nacional de Presbíteros(CNP), preparatório para o 11º EncontroNacional (2006), traz uma boa resenha dosencontros anteriores com os respectivostemas tratados. O tema atual é “Missiona-riedade e Profetismo do Presbítero, na Igre-ja e no Mundo, à luz do Concílio VaticanoII”. Dele falaremos para concluir, mas como olhar voltado para a nossa Igreja Parti-cular de Mariana.

Celebramos os 100 anos como “Arqui-diocese”. Primaz de Minas, entre as seisprimeiras do país, com uma bela históriaainda há pouco evocada pelo MonsenhorFlávio Carneiro Rodrigues, Mariana rece-beu a distinção como reconhecimento peloseu frutuoso passado. Fazer memória des-se passado é reconhecermo-nos devedo-res dele e comprometidos com o seu lega-do. Um dos traços característicos da visãodo presbítero a partir do Vaticano II é oforte sentido de pertença à Igreja Particu-lar (PDV 31). A eclesiologia de comunhão

do Vaticano II encarece o valor da IgrejaParticular não apenas do ponto de vistaorganizacional-disciplinar, mas como espa-ço espiritual-pastoral que imprime fisiono-mia vocacional ao presbítero. A Igreja Par-ticular deve estar atenta ao que lhe diz oEspírito, deve ser fiel ao Evangelho, ter aEucaristia como o seu centro vital, deveviver a comunhão sob a presidência do Bis-po diocesano e estar adequada ao seu es-paço sócio-cultural específico. Ouvimos hápouco o Pe. Marcelo Moreira Santiago fa-lar de nossa organização e desafios pasto-rais, tão bem retratados em nossas assem-bléias pastorais e encontros de presbíterose diáconos. Quantas iniciativas e realiza-ções de grande alcance evangelizadoraconteceram nestes cem anos da Arquidi-ocese de Mariana e, particularmente, nes-te fecundo pastoreio de Dom Luciano Men-des de Almeida? Como não reconhecê-lo?

Mas a celebração dos cem anos da Igre-ja de Mariana como Arquidiocese, além dagratidão e louvor que devemos a Deus, dojusto reconhecimento aos que nos prece-deram, deve nos levar a olhar para o futuroe avaliar a nossa conduta na linha da missi-onariedade e do profetismo à luz do Vati-cano II. Aqui não há lugar para “estrelis-mos” e “voluntarismos”, a tarefa é comu-nitária, colegial e de discernimento espiri-tual. Devemos usar os instrumentos de quedispomos em nossa Igreja Particular comum espírito renovado, profético e missio-nário, em comunhão e guiados pelo nossoBispo que tem o mandato missionário e pro-fético maior, próprio, não delegado, recebi-do de Deus através da plenitude do Sacra-mento da Ordem, como evidenciou a teo-logia do Vaticano II.

Assim, coloquemo-nos em atitude deescuta, abertura e disponibilidade, dentro do

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espírito mariano mencionado. O que diz oEspírito à nossa Igreja Particular de Mari-ana a partir da trajetória percorrida, do co-nhecimento da realidade que temos, dossofrimentos do nosso povo? Quais são osdesafios atuais? Como está a nossa fideli-dade à Palavra de Deus na catequese emseus diversos níveis, nos grupos de refle-xão ou círculos bíblicos, nas comunidadeseclesiais de base, nas paróquias, pastorais,movimentos e associações? Qual o lugarda eucaristia em nossa vida pessoal e navida de nossas comunidades? Que vivên-cia temos da Liturgia da Igreja? Como vi-vemos a comunhão eclesial com o bispo, opresbitério, os diáconos, os religiosos e asreligiosas, os leigos? Como funcionam osnossos conselhos e assembléias nos diver-sos níveis? Assumimos um planejamentopastoral comum, decidido nas instânciasdeliberativas que possuímos? Que sensibi-lidade temos para a realidade sócio-cultu-ral e eclesial da nossa Arquidiocese deMariana? Conhecemos a nossa história,valorizamos as tradições e a religiosidadepopular, naturalmente com as purificaçõesexigidas pelo evangelho? Quais são as ale-grias e esperanças, tristezas e angústias denosso povo, sobretudo dos mais sofredorese pobres? Que posicionamentos somos cha-mados a assumir diante das exigências dajustiça e da caridade? Exercemos o nossoministério presbiteral de forma colegiada econfigurados ao Cristo Pastor?

O nosso profetismo está diretamente li-gado ao anúncio corajoso da Palavra deDeus. Temos que nos sentir profundamen-te interpelados e comprometidos com estaPalavra. Anunciamos a Palavra de Deuscom paixão, deixando-nos também trans-formar por ela? Os nossos diáconos exer-cem o seu ministério na linha do serviço,

configurando-se ao Cristo Servo, que nãoveio para ser servido, mas para servir? Nalinha do profetismo do Concílio Vaticano II,que restaurou o diaconato permanente (LG29), não deveríamos buscar uma figura deministério diaconal que priorizasse o servi-ço da caridade, ao invés de uma funçãopastoral, muitas vezes substitutiva do mi-nistério presbiteral? A função do diácononão é de pastoreio, mas de serviço. Nãoseria mais profético e coerente com o es-pírito do Vaticano II, os diáconos, vincula-dos ao bispo e em comunhão com os pres-bíteros, exercendo um serviço particular naordem da Caridade e servindo também, masem segundo plano, no âmbito da Liturgia edo anúncio da Palavra? E a nossa relaçãocom os leigos? Respeitamos a vocação lai-cal e fomentamos o protagonismo dos lei-gos na evangelização e na sociedade? In-centivamos os leigos a assumirem o seupapel na vida política, social e cultural, ouos deixamos restritos às tarefas intra-ecle-siais?

A pertença à Igreja Particular não re-duz o horizonte da nossa missão, pois parti-cipamos da missão universal confiada porCristo aos apóstolos (PO 10; PDV 32). Naperspectiva da eclesiologia de comunhão,devemos ter solicitude por todas as Igrejase por todo o mundo, de acordo com o man-dato missionário do Senhor (Mt 28,16-20;Mc 16,15-16; Lc 24,45-48; Jo 20,21-23; At1,8). Devemos nos interrogar como Arqui-diocese de Mariana tão agraciada porDeus: temos realmente dado a nossa ge-nerosa contribuição missionária às Igrejasmais necessitadas, para além dos casosconhecidos de irmãos corajosos que admi-ramos?

Colocarmo-nos seriamente todas estasquestões e outras que podemos formular é

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situarmo-nos na perspectiva profética emissionária da Igreja do Vaticano II e desua visão do presbítero. É colocarmo-nosnuma espiritualidade de comunhão. Aidentidade e a realização do presbíteronão podem ser pensadas fora da comu-nhão. O presbítero será feliz e realizadode acordo com a sua relação com a Trin-dade Santa, com o presbitério e com acomunidade a que deve servir. Sendo nãosó “para os outros”, mas “com os outros”,será feliz na comunhão, nas dores e ale-

Referências Bibliográficas

BENTO XVI, Homilia no 40º Aniversário do Encerramento do Concílio Vaticano IIe Solenidade da Imaculada Conceição, Roma, 2005.

COMISSÃO NACIONAL DE PRESBÍTEROS, Missionariedade e Profetismo doPresbítero, na Igreja e no Mundo, à luz do Concílio Vaticano II, Texto preparatóriopara o 11º Encontro Nacional de Presbíteros, Brasília, CNBB, 2005.

CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, Petrópolis, Vozes, 1968.

FELLER, V.G., A Formação Presbiteral à luz da Eclesiologia do Vaticano II, OSIB,2006 (mimeo).

FORTE, B., A Igreja Ícone da Trindade, São Paulo, Loyola, 1987.

JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Pastores Dabo Vobis, São Paulo, Paulinas,1992.

MARTINI, C. M., A Igreja: Meditações sobre o Concílio Vaticano II para os Leigosdos Conselhos Pastorais, São Paulo, Loyola, 1987.

RATZINGER, J., Compreender a Igreja Hoje, Petrópolis, Vozes, 2005.

SESBOÜÉ, B., Não tenham medo – Os ministérios na Igreja de hoje, São Paulo,Paulus, 1998.

grias da comunidade eclesial, associadoao mistério pascal de Jesus Cristo.

Certamente a missão é maior do queas nossas forças. Peçamos a Maria, Mãede Deus e da Igreja, que nos sustentecom a sua oração e exemplo para assu-mirmos a sua atitude profética e missio-nária de comunhão, expressa no Magní-ficat, que queremos entoar ao Deus Tri-no como gratidão e compromisso ao ce-lebrarmos os cem anos da Arquidiocesede Mariana.

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32 Junho 2008

Informativo

ANO IX - JUNHO DE 2008

16

Prezado aexano,

Este é o terceiro número da nossarevista Gens Seminarii.

Como você pode ver, estamosconseguindo dar continuidade ao projeto deunificação das notícias dos Seminários, daAEXAM, do GS 58 e agora também daCúria de Mariana.

A sua impressão e encaminhamentoforam feitos pela Gráfica Dom Viçoso, emMariana, atendendo a razões estratégicase financeiras. É importante ressaltar aprestativa e interessada participação do seudiretor, Cônego João Ribeiro, e o dedicadoempenho do seu gerente, Jair DuarteFerreira, ambos aexanos como nós.

Neste número a parte da AEXAMadquire uma conotação mais administrativa,burocrática e legal. Há de se prestaremcontas das sempre generosas eprovidenciais contribuições que são feitaspelos associados. Assim, você poderáacompanhar a sua utilização através dasPrestações de Contas devidamenteverificadas pelo Conselho Fiscal.

Na seção “Canteiro” alguns colegasdesfilam seus dotes literários, inventivos ou

narrativos, carregados de uma emoçãocontagiante.

Pois é, aproxima-se o nosso XVIIEncontro Anual em Mariana que,acreditamos, terá uma presençaespetacular dos aexanos. Será nos dias 12e 13 de julho próximo e você certamentefará parte deste evento.

Programe-se, reservando acomodaçãono Seminário Maior ou em algum hotel/pousada da cidade, tal como forem o seuinteresse e conveniência.

Desejo que você tenha uma agradávelleitura e boas lembranças.

Um grande abraço,Helvécio Antônio da Trindade

Presidente da AEXAM

Palavra do Presidente

ASSOCIAÇÃO DOS EX-ALUNOSDOS SEMINÁRIOS DE MARIANA

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Convite

Temos muito prazer em convidá-lo para o nossoXVII Encontro Anual em Mariana, nos dias

12 e 13 de julho de 2008.A sua presença vai fazer a diferença para seus amigos eantigos colegas de Seminários, numa confraternização

muito agradável, descontraída, alegre e proveitosa.Sua esposa e filhos serão muito bem-vindos.

Estamos organizando este Encontro Anual com muitocarinho para que você tenha o prazer de ter comparecido

e queira voltar no próximo ano.Programe-se, convide algum ex-colega com quem tenha

contato, faça dessa ida a Mariana uma oportunidade derever pessoas, coisas e lugares que, de alguma maneira,

fizeram e fazem parte da sua vida.Vamos encher os corredores dos Seminários de vozerio e

muita alegria!Esperamos você lá de coração aberto.

Diretoria da AexamBiênio 2006- 2008

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34 Junho 2008

Convite do anfitriãoPrezados Ex-Alunos dos

Seminários de Mariana, Paze Bem!

O Seminário São José daArquidiocese de Mariana osaguarda com alegria para oencontro anual da AEXAMque acontecerá nos próximosdias 12 e 13 de julho no Ins-tituto de Teologia, conformea boa tradição já firmada. Esse encontropossibilita a confraternização, a reflexãoe a troca de idéias, momento de oração egratuidade, o cultivo da memória agrade-cida, a abertura serena para o futuro atra-vés do compromisso renovado com a vi-vência cristã. A alegria do convívio, mar-ca registrada dos encontros anteriores,

depende da adesão e boadisposição de cada um. Oencontro anual e a AEXAMpoderão ser mais enriqueci-dos com a criatividade e pro-postas dos participantes apartir do horizonte comumque nos irmana: a fé cristã eo imperativo missionário doanúncio e testemunho da pes-

soa de Jesus Cristo e dos valores do Evan-gelho em nossas famílias, comunidades esociedade.

Bem-vindos membros da família dosSeminários de Mariana!

Pe. Lauro Sérgio Versiani BarbosaReitor do Seminário São José

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Encontro AnualProgramação doEncontro Anual12 e 13 de julho de 2008Seminários Menor e Maior de Mariana

Dia 12 de julho – sábado:

• às 10h00 – Saída do ônibus deBelo Horizonte para Mariana

• até 12h00 – Chegada dosaexanos, familiares econvidados ao Seminário Maior- lanche de boas-vindas- identificação dos participantes

do Encontro- entrega das contribuições

para o Memorial Físico- acomodação para quem forficar no Seminário Maior

• às 12h30 – Almoço norefeitório do Seminário Maior

• às 14h00 – Início do Encontrono antigo Seminário Menor comvisita rápida às instalações

• às 14h30 – Abertura na Capelado Seminário Menor

• às 15h00 – Visita guiada aoantigo Palácio dos Bispos

• às 15h30 – Reunião decongraçamento dos aexanos noauditório do ICHS com destaque

para:- Assembléias Gerais Ordinária

e Extraordinária (30 minutos)- “Ganhando com as perdas”– Dr. Ewaldo A. D’Assunpção

- “Causos de uma viagem” –Marco Túlio Vieira Torres

• às 19h00 – Encerramento dareunião

• até 20h30 – Intervalo• às 20h30 – Jantar festivo

Dia 13 de julho – domingo:• até 9h00 – Café da manhã no

refeitório do Seminário Maior• às 9h30 – Concentração em

frente à catedral para a entradados aexanos

• às 10h00 – Missa solenecelebrada pelo arcebispo DomGeraldo Lyrio e concelebrada

por bispos e sacerdotes, comcanto gregoriano e o som do

órgão da catedral• às 11h30 – Caminhada em

grupo até o Seminário Maior• às 12h00 – Foto tradicional na

escadaria• às 12h30 – Almoço de

encerramento do Encontro• às 14h30 – Volta pra casa a

tempo de assistir ao clássicoAtlético x Cruzeiro.

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36 Junho 2008

Evaldo A. D’Assumpção nasceu em CampoBelo-MG, no dia 15 de março de 1938. Formou-se em medicina pela UFMG no dia 8 dedezembro de 1963, passando a dedicar-se àcirurgia plástica. Em 1967 foi para Houston,Texas (EUA) onde fez estágio nestaespecialidade, na Cronin and Brauer Clinic.Retornando ao Brasil, foi convidado a criar,organizar e depois chefiar a Clínica de CirurgiaPlástica e Queimados do Hospital de ProntoSocorro de Belo Horizonte, que mais tarde setransferiu para o Hospital João XXIII. Foitambém um dos fundadores do primeiroHospital de Cirurgia Plástica de Belo Horizonte,tendo formado dezenas de cirurgiões plásticosbrasileiros e sul-americanos. Foi presidente daregional mineira da Sociedade Brasileira deCirurgia Plástica, assumindo diversos cargosna SBCP-Nacional, inclusive o de Editor,durante quatro anos, da Revista Brasileira deCirurgia Plástica. Participou de inúmeroscongressos nacionais e internacionais daespecialidade e publicou mais de uma centenade trabalhos científicos. Em 2007 foi promovidoa Membro Emérito da SBCP e teve o seu nomedado ao prêmio concedido anualmente por estasociedade ao melhor trabalho de pesquisaapresentado em seus congressos.

Autor de diversos livros e artigos em jornaise revistas leigas, tornou-se membro daSociedade Brasileira de Médicos Escritores, daqual foi, por duas vezes, seu presidente. Em1981 tomou posse como Membro Titular daAcademia Mineira de Medicina, da qual é oseu presidente no triênio 2006/2008. Foiagraciado com a Palma Acadêmica, maiordistinção da Academia a seus membros.

Em 1982 foi convidado a ser professor deética profissional da PUC-MG, sendoposteriormente nomeado por concurso.

Em 1978 começou sua formação emTanatologia, tornando-se o pioneiro destaciência no Brasil. Publicou diversos livros

Palestrantes do Encontro

sobre este tema, além de inúmeros artigos emrevistas médicas e leigas, e jornais. Em 1991fundou e presidiu a Associação Brasileira deTanatologia, que alguns anos depois veio a sedissolver. Em 1998 fundou o Departamento deTanatologia da Associação Médica de MinasGerais, que se transformou na Sociedade deTanatologia de Minas Gerais, da qual foi duasvezes presidente. Nos anos de 1999 a 2001organizou e coordenou o Curso de ExtensãoUniversitária em Tanatologia, da Faculdade deCiências Médica de MG.

Hoje dedica a maior parte do seu tempo aoque denomina Biotanatologia, proporcionandoem seu consultório, no Núcleo Fênix, suportepsicológico a pessoas enlutadas e a enfermosgraves e seus familiares.

Ligado à Igreja Católica, durante o regimemilitar no país foi vice-presidente da Comissãode Direitos Humanos da Arquidiocese de BH.Foi presidente do Movimento de Cursilhos deCristandade e hoje coordena a Pastoral do Lutona Paróquia de Santo Inácio de Loyola, nacapital mineira. Em 2008 foi empossado comoum dos Coordenadores do recém-criadoConselho Arquidiocesano Pró-Vida, ligado àBioética e à defesa da vida.

Participa do grupo permanente doprograma Em Diálogo da TV Horizonte, quepertence à Arquidiocese de BH.

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Marco TúlioVieira Torres, paramuitos Tulinho,nasceu na cidade deRio Casca no dia 08de setembro de 1952.Mas lá não ficoumuito tempo. Meninoainda, mudou-se comseus pais GesnerGabriel Torres, coletor estadual, e MariaMazarelo Vieira Torres, professora primária,para a vizinha Santo Antônio do Grama. Foi láque começou os seus estudos no GrupoEscolar, onde terminou o primário.Nesseperíodo, aos oito anos, ficou órfão de mãe,falecida no parto de sua 6a. irmã. Em 1964 foiencaminhado pelo Padre Russo para oSeminário Menor de Mariana, onde fez aadmissão, ou melhor, o CP, e completou o 4o

ano. Em 1968 deixou o seminário para fazer umaexperiência no mundo, conhecer o outro lado,tal como ele mesmo diz. Em Belo Horizonte,aprovado no vestibular de Física, iniciou ocurso em março de 1972, quando começou adar aulas, inicialmente de matemática e depoisde física. Fez isto durante 35 anos o que foideterminante na sua vida. Em 1979 casou-secom Valéria de Abreu e Silva e juntos até hojecuidam dos filhos João e Nina.

Em 1990, através de concurso público,ingressou no Tribunal de Contas do Estado deMinas Gerais onde trabalha.

Tem a saudável mania de ir diariamente aoMercado Central de Belo Horizonte e o conceitoecológico de não dirigir (nem se preocupou emaprender) para não poluir e complicar o trânsito.

Dotado de um agradável senso de humor,às vezes presenteia os ouvintes comexpressões e casos muito engraçados.

Os destinos de suas viagens não são osconvencionais. Uma vez visitou durante algunsdias uma tribo indígena e, no mês passado,embrenhou-se na floresta amazônica, navegounos rios da região e quase montou no lombode búfalo na Ilha de Marajó.

E estas e outras coisas ele vai nos contarno nosso Encontro.

EXPEDIENTE

AEXAM - Associação dos Ex-Alunos dos Seminários deMarianaSede: Rua Cônego Amando, 57 - Seminário São José -Mariana/MG com Escritório Administrativo à AvenidaPrudente de Moraes, 290 - sala 1101 - Cidade Jardim -30.380-000 - Belo Horizonte/MG - (31) 3296-7985site: www.aexam-mg.org.bre-mail: [email protected]

DIRETORIAPresidente: Helvécio Antônio da Trindade

Belo Horizonte – 1958/63Vice-Presidente: José Amilar da Silveira

Ipatinga – 1956/601º. Secretário: Vicente Geraldo Gonçalves

Belo Horizonte – 1952/582º. Secretário: Antônio Idalino de AraújoTimóteo – 1958/611º. Tesoureiro: Marco Túlio Vieira Torres

Belo Horizonte – 1964/682º. Tesoureiro: Márcio Adelmo GuimarãesCarandaí – 1979/81Diretor Social: Olavo de Oliveira Camelo

Mariana e BH – 1960/64

CONSELHO FISCALConselheiro: Emanuel Paulo Rocha

Ipatinga – 1957/66Conselheiro: Raymundo Lopes Rodrigues

Rio de Janeiro – 1953/58Conselheiro: José Maria Cunha

Santo André/SP – 1957/62Suplente: José Geraldo Ribeiro

Ipatinga – 1959/64Suplente: Afonso Mariano Lopes

Belo Horizonte – 1959/65Suplente: João Batista Lima

Belo Horizonte – l957/66

ASSESSORESDe Imprensa: Monsenhor Raul Motta de Oliveira

Caratinga – 1948/58Especial: Paulo Roberto Magalhães

Vitória – 1958/66Especial: José Ferrer Carvalho

Belo Horizonte – 1963/65

COLABORADORESAdair Eustáquio Moreira, Geraldo Eustáquio Ferreira,Sebastião de Sousa Burgareli, Maria Esther Lacerda eCelso Cota Neto.

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38 Junho 2008

Informações sobre o Encontro1a – Alimentação e hospedagem:

Acreditamos que, tal como no ano passado,alguns aexanos, sensibilizados com oprojeto de se levar a Mariana um númeroainda maior de ex-alunos dos Seminários,poderão fazer uma contribuição financeira,tornando menos onerosa a estada de todos.

Essa generosa atitude possibilitará quetoda a alimentação durante o encontro sejagratuita para o aexano e um(a)acompanhante. O acompanhanteexcedente pagará R$ 10,00 (dez reais) porrefeição.

O valor de R$ 20,00 (vinte reais) pordiária será o único ônus para aquele quese hospedar no Seminário Maior e que serárepassado integralmente à sua direção.

Quem optar por essa hospedagem deveconfirmá-la com boa antecedência. Sedeixar para fazê-la lá, no dia do Encontro,pode correr o risco de não encontrar lugar.

Esta confirmação será feita com aHonorina, no Seminário Maior, pelo [email protected] outelefone (31) 35571140.

Importante: As acomodações sãomodestas, em quartos sem banheiro, epodem ser individuais ou para duaspessoas.

O hóspede deverá levar seus objetosde uso pessoal e roupas de cama e banho(exceto cobertor), pois o Seminário Maiornão tem condições de disponibilizá-las emrazão do Retiro dos Padres da Arquidioceseque acontecerá na semana anterior aoEncontro.

Deve lembrar-se de que em Mariana fazum frio cortante nessa época. Logo,agasalho pesado não pode faltar.

Outras opções de hospedagem:Àqueles que preferirem instalar-se commais conforto e privacidade informamosalguns estabelecimentos no centro deMariana. Veja:

Pousada Solar dos CorrêaRua Josafá Macedo, 70 - (31) 35572080

Pousada ChafarizRua Cônego Rego, 149 - (31) -35571942

Pousada da ChácaraRua Amélia Alves, 81 - (31) 35572750

Hotel ProvidênciaRua Dom Silvério, 233 - (31) 35571444

Hotel CentralRua Frei Durão, 8 - (31) 35571630

Pousada Passo do CarmoRua Mons. Horta, 13 - (31) 35581100

Hotel MullerAv. Getúlio Vargas, 34 - (31) 35571188

Pouso da TypographiaPça Dr. Gomes Freire, 220 - (31) 35582730

Pousada Contos de MinasRua Zizinha Camelo, 15 - (31)35585400.

2a – Traslado a Mariana: Novamentehaverá um ônibus de 40 lugares para otraslado de ida-e-volta a Mariana, semcusto algum para o passageiro.

Esta generosa oferta é do mesmoaexano que a fez no ano passado.

Esse ônibus sairá do Terminal JK, à RuaRio Grande do Sul nº 856 (próximo à PraçaRaul Soares), em Belo Horizonte,pontualmente às 10 horas, para umachegada espetacular ao Seminário Maioràs 12 horas.

Este horário de saída possibilitaráconexões para quem vier de outrascidades. É só adequar o horário dechegada ao Terminal JK.

Aqueles que aderirem a esse transportedeverão comunicar-se com o Walter Araújode Freitas (Waltinho) pelos telefones (31)34674994 – 88634994 ou pelo [email protected].

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Gens Seminarii Nº 3 39

É aconselhável fazê-lo rapidamentepara garantir o seu lugar, pois a prioridadeserá para os 40 primeiros que semanifestarem, inclusive com um(a)acompanhante. Após o dia 05 de julho asvagas não preenchidas serão oferecidasaos convidados do nosso Encontro.

A volta a Belo Horizonte será nodomingo, dia 13 de julho, às 14h30.

Observação: Acreditamos que o númerode reservas será maior que a capacidadedo ônibus. Haverá uma lista de espera emrazão de alguma desistência. Aliás, quemconfirmar antecipadamente e, por algummotivo não for utilizar a reserva, por favor,libere-a imediatamente para que outrapessoa possa ir seu lugar.

3a – Presenças convidadas: Há exatoscinquenta anos 25 seminaristas terminaram

o Curso Teológico no Seminário Maior,quando se ordenaram padres, ecomemoram o seu Jubileu Sacerdotal nesteano. É o Grupo Sacerdotal de 1958 – o GS58 – que, aexanos todos, tanto nos honra eserá homenageado durante o Encontro.

Foram também convidados alguns ex-alunos do seminário Eucarístico de BeloHorizonte, do Caraça e do Enfrades,contemporâneos nossos de estudos erezas, ainda que em casas diferentes.Vamos recebê-los com o carinho e aatenção que merecem.

4a – Programação: Pretendemoscumprir o cronograma da Programação doEncontro Anual apresentado nesta revistae para isto contamos com a colaboraçãodos participantes. Todas as providênciaspara que ele seja muito agradável estãosendo tomadas.

Memorial Físico da AEXAMAo lado da biblioteca do Seminário Maior, numa sala gentilmente cedida pelo reitor

Padre Lauro Sérgio Versiani Barbosa, foi inaugurado no último Encontro Anual o MemorialFísico da AEXAM.

É um espaço onde objetos, livros e vestimentas usados ou utilizados pelos entãoseminaristas estão expostos à visitação. Há paramento de missa e outras vestimentas, umaltar e seus objetos complementares, livros didáticos e de orações, fotografias e quadros.

Constituído por doações, o Memorial pretende manter vivas as “coisas” dos Seminários.Recentemente o Monsenhor Flávio Carneiro doou quadros com fotos de todos os ex-

reitores do antigo Seminário Menor. Já estão expostos e poderão ser vistos.Se você tiver algum objeto, livro e fotografia que possam fazer parte do acervo, leve-

os quando for ao Encontro. Essa colaboração vai tornar ainda mais valiosa,sentimentalmente, a exposição.

ESPAÇO DE CONVIVÊNCIAÀ chegada dos participantes do Encontro haverá um espaço para fortes abraços,

gostosas gargalhadas, degustação de queijos, vinho, cachacinha amiga e outros petiscos,com direito a sinuca e jogos de mesa.

Escolhemos o salão que fica atrás da recepção do Seminário Maior.Como existem entre nós artistas do livro e da música, da pintura e da escultura, do

artesanato e de outras habilidades, reservamos lá uma área chamada “feirinha”, onde osseus produtos poderão ser expostos e comercializados.

Se você é um artista, traga a sua obra. Quem sabe sai um negocinho!...

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40 Junho 2008

Mariana foi a primeira capital e o primeirobispado de Minas e as lideranças religiosasque, através dos tempos, estiveram à frente daArquidiocese marianense, sempre participarame se destacaram no debate e na busca desoluções para as grandes questões das MinasGerais e do Brasil.

A tradição dos Seminários, da Cúriamarianense e a trajetória dos sacerdotesformados em nossa cidade são tão importantesque se confundem com a própria história docrescimento do município e da consolidaçãodos valores e da cultura do povo de mineiro.

Criada em 1745 pelo papa Bento XIV apedido do Rei de Portugal Dom João V, acircunscrição religiosa sob a responsabilidadedesta Arquidiocese alcançava, durante osséculos XVIII e XIX, todo o território de Minase, hoje, abrange 79 municípios com mais de ummilhão e duzentos mil habitantes. Isto dá oelevado grau de importância desta Instituição,tanto no passado quanto no presente.

As relações da Igreja com os governosmudaram, mas a Cúria marianense mantém asua importância como referência nopensamento e na discussão dos temas queafetam a vida da comunidade e na sua atuaçãoem defesa dos mais pobres, na luta por justiçasocial e na sua missão de orientação dos fiéispara a prática da cidadania cristã com ofortalecimento de valores como a fraternidadee solidariedade.

A relevância dos Seminários e da Cúriamarianenses continua tão significativa que os

nossos Arcebispos vêm acumulando apresidência da CNBB. É o caso do saudosoDom Luciano Mendes de Almeida e do atualtitular Dom Geraldo Lyrio Rocha. Além do mais,não só em Mariana, sede da Arquidiocese, masno território arquidiocesano encontra-se omaior acervo histórico e artístico do Brasil comrelevância para o barroco, perenizando gênioscomo Aleijadinho, Mestre Athaide, VieiraServas, Mestre Piranga, Castro Lobo e LoboMesquita. Em geral esse patrimônio pertenceou está sob a guarda da Igreja.

Por tudo isso, o município de Mariana tema consciência exata do seu dever de apoiarorganizações como a AEXAM – Associaçãodos Ex-alunos dos Seminários de Mariana,constituída de cidadãos que tiveram a felicidadede haurir, na mais límpida fonte de cultura eeducação, formação bastante para colocá-losa serviço da Igreja e da Pátria, vinculando-osinexoravelmente a Mariana.

A presença e a vitalidade do ensino religiosoem Mariana influencia na qualidade da educaçãoe traz visibilidade sempre positiva a nossacidade. Todos nós marianenses nosorgulhamos e temos gratidão pela contribuiçãoque os Seminários propiciam à nossa cidade eregião.

A TRADIÇÃO DOS SEMINÁRIOSCelso Cota Neto

Prefeito Municipal de Mariana

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Gens Seminarii Nº 3 41

A Gens Seminarii destina este espaço às manifestações literárias que, guardadas emgavetas ou na memória de um computador, estão à espera de um editor.

A arte e a cristividade de seus autores são aqui expostas para a satisfação de seus“milhares” de leitores.

Envie-nos os seus escritos – crônicas, contos, poemas, depoimentos, críticas etc. –para que possamos publicá-los nestas páginas, sempre à sua disposição!

Eis alguns:

ELA colecionava conchas sem conhecer omar. Ele jogava bilhar e não sonhava. Ela vestiacamisolas de cetim. Ele bebia uísque puro. Elafazia ioga, ele tomava analgésico pela manhã.Eles se amaram por uma eternidade, até que umdia ele virou anjo e fugiu do altar. Ela,persistente, continuou a amá-lo. Seu cheiroimpregnado roubava-lhe beijos, entre o sono edelírios de saudade. Ele tatuou o amor no seucotidiano e na alma.

José vive no corpo e nos olhos de Beatriz.Ela, por certo, guarda esse grande amor, entrebeija-flores, a lua e o cheiro de jasmim. Quandotudo parece ficar escuro, quando a noite tomaacento, ela corre pra janela e, com os olhos nocéu, avista sua estrela. Acolhe o vento que vemda ladeira da praça, aproxima suave, traz emsurdina cantos gregorianos e, ao lado daausência, Beatriz decompõe sua lembrança.

Beatriz e José trocaram cartas e afetos,

amigos e recordações. Às vezes eram amigosde cuidar, de espiar também. Ele era solto, ela,comprometida. Eles eram dois – pra gente, umamor.Viajavam fazendas e deslizavam asfalto,juntando os pés num destino só. Era bonito opar, maduro e solto. Era também feito maracujá,doce e azedo. Aos domingos, iam ao cinema.Ele gostava de sorvete de pistache, ela preferiapastel frito com caldo de cana. Ele lhe dava flor,e ela, colo pra amar. Ele, distante, telefonava.Ela, com doçura, tecia remendos e curava seusarranhões. Um dia de fevereiro, José foi embora.Partiu de repente, numa rodovia de desencanto.Beatriz chorou. O tempo os ludibriou. Levoupro lado de lá, além do corpo, das mãos e dosbeijos, seu amor.

Entre brisa de primavera, entre um ano eoutro, ela tinha sempre o que guardar.Aguardava o tempo e, dentro de uma caixa demúsica, acolhia a espera.

O AMOR DE BEATRIZMaria Esther Lacerda,

amiga de um aexano

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42 Junho 2008

Tudo era duplo:dois amores, duas casas,dois colchões, dois isso, dois aquilo, doiscaminhos, dois pratos, duas toalhas, doiscorpos – às vezes um só – anel solitário,silêncio, um lado da cama vazio, um lugarguardado, um chinelo, um encontro marcado –desencontro – dos sonhos, dos caminhos, dosamigos, das palavras, do par – um amor quaseperfeito.

Meia-noite, meia-página, meia-lua. Metadeda história, metade da vida, metade do tempo,metade da laranja, metade de dois – um só –amor inteiro. Tudo feito prosa em poesia de um

Adair Eustáchio Moreira Estudou nos Seminários Menor e Maior de

1954 a 1966 É professor e dono de sítio em Cipotânea/MG

verso.Nesse tempo sem par, ela espia a ladeira e

reza na igreja do Rosário. Levanta cedo, comprapão e faz um só café.

Pela torre da igreja de Mariana o ventorepassa feito passarinho, o tempo pendura nosino parado e triste como os olhos de Beatriz.Tudo desfeito, quando chove: a rosa, as pregasdo vestido, não o amor de Beatriz.Lacerda, Maria Esther, in Homem de Cama eMesa ou Qualquer Amor, Ilustrações de AnaViola, Coleção Palavra e Arte, Alegoria, 1ªEdição, 2007, p.107/108

Qual pedra preciosa incrustada nas escarpasdo Morro das Pedras, na confluência dos riosEspera, Brejaúba e Xopotó, situa-se a pequeninae simpática cidade mineira de Cipotânea.

Cipotânea foi fundada pelos bandeirantesem 07 de agosto de 1711, dia consagrado nocalendário católico a São Caetano, tambémconhecido como o santo da DivinaProvidência. Por localizar-se às margens doXopotó (rio do cipó amarelo), o arraial recebeuo nome de São Caetano do Xopotó. A regiãoera conhecida também por Sipotaua, Xopotó,Xipotó ou Sipotana. Foi o 1o arraial do Vale doXopotó, pertencente a Guarapiranga (hojePiranga) e daí a primazia do nome. Mais tardetornou-se distrito de Alto Rio Doce. Em 1938mudou sua denominação para Cipotânea e em1953 foi elevado à categoria de cidade.

Possui terras férteis, principalmente àsmargens dos três rios, ainda não poluídos. Apopulação vive da pecuária e agricultura, comênfase na produção de milho e feijão. Muitasvezes me embeveci mirando as águas

translúcidas e cristalinas do Xopotó e fazendo-lhe um clamoroso apelo com uma das mais belasmúsicas deste país: “Rio, caminho que anda,o mar te espera, não corras assim. Ah! Quantaspedras levaste, outras deixaste, sem vida e semamor”. E as águas descem murmurantes esaudosas, pois o Xopotó anseia tornar-secaudaloso, chamar-se Piranga, depois recebero delicioso nome de Rio Doce, até lançar-seansioso nas águas infindas do Atlântico.

O arraial de São Caetano do Xopotó tornou-se conhecido e tornou-se manchete dos jornaisdo Brasil inteiro no episódio conhecido como“Cristo nas Escolas”. No governo do presidenteVenceslau Brás, o governo de Minas, porinfluência malsã da Maçonaria, baixou umdecreto proibindo emblemas religiosos emandando tirar a imagem de Cristo das salasde aula de todo o Estado. O arraial de Cipotâneafoi o único a protestar em Minas Gerais.Mandou uma carta de protesto com 205signatários, manifestando a sua repulsa ao vilato e, em represália, entronizando solenemente

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CIPOTÂNEA OU CÉUPOTÂNEA

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as imagens do Cristo crucificado nas duas salasde aula da localidade. O ímpio governo vingou-se: exonerou o professor Leandro Werneck e aprofessora Dona Alzira e fechou a escola. Apopulação não se entregou. Abriu a escola emoutro lugar e pagava para educar os filhos.

Cipotânea ficou conhecida como “Terra deBispos e Padres” pela fecundidade devocações sacerdotais e religiosas.

Lembrando o brado do evangelista ao falardo nascimento do Salvador, um eloqüenteorador bradou, um dia, na Matriz de SãoCaetano: “E tu, Cipotânea, pequenina entreas cidades de Minas Gerais, és um celeirofecundo de vocações sacerdotais e religiosas.”

De fato, uma paróquia de sete mil almas jáforneceu ao apostolado clerical cinco bispos emais de cinqüenta padres, alguns vivos e outrosjá falecidos.

Os cinco bispos estão todos vivos e trêsdeles com o sinete “AEXAM” como nós. Sãoeles: D. José Nicomedes Grossi (AEXAM – 93anos); D. Antônio Afonso Miranda(Sacramentino – 88 anos); D. José Heleno(AEXAM – 81 anos); D. Hélio Heleno (AEXAM– irmão de D. José Heleno – 73 anos) e D. GetúlioTeixeira Guimarães (Verbo Divino – 71 anos).

Para justificar ou explicar essa graça tãoinédita, a maioria atribui ao fato do entranhadoamor dos Cipotaneanos ao SantíssimoSacramento da Eucaristia e à ardente veneraçãoao padroeiro São Caetano, o santo da DivinaProvidência.

Também na área civil, os cipotaneanos têmfama de estudiosos, inteligentes e eficientes.São muitos profissionais liberais, como profes-sores, médicos, engenheiros, advogados, bio-químicos e outros que enaltecem o nome desua terra e são figuras de destaque no meiointelectual de Minas e do Brasil.

Outra forma de divulgação do nome deCipotânea é o artesanato com palha de milho.Conhecida como a “Terra do Milho”, osmoradores incineravam a sua palha ou adistribuíam ao gado. Numa época em que ascasas eram de sapé, sem aposentadoria na zona

rural e com uma agricultura primitiva, a fomegrassava e os esmoladores mostravam oscorpos raquíticos, as mãos cadavéricas e osolhos lacrimejantes e pedintes. A ProvidênciaDivina trouxe então da distante Caratinga umapóstolo autêntico - o santo Padre José Geraldodas Mercês. Alto, forte e esbelto, era ex-capelãoda Santa Casa de Ouro Preto, fraco emadministração e em oratória, mas forte emgenerosidade e desprendimento. Meu queridopai, ainda vigoroso, lúcido e de andarapressado, que em 05 de agosto completarácem anos de idade, foi auxiliar do Padre JoséGeraldo e também Juiz de Paz e primeiro prefeitoeleito e empossado em Cipotânea. Ele contaque Padre Zé Geraldo não abria a carteira paradar esmola: entregava-a ao pobre para abri-la.Era um pobre servindo o outro. Consta que eleandava de ceroula por baixo da batina e, àsvezes, dormia de sobrepeliz, porque dava ascalças e as camisas, também ganhas, aos pobresmais necessitados.

Foi o santo Padre Zé Geraldo que em umade suas enfadonhas homilias dominicais disse:- “Tem muita gente pedindo esmola emCipotânea. Ontem eu vi duas senhorastecendo palha e fazendo cesta na Vila doCarmo. Façam o mesmo!”

As mulheres xopotoenses, aliadas àcriatividade dos homens, trouxeram a dignidadehumana ao município. Cestas, bolsas de feiras,maletas universitárias, cortinas, tapetes, abat-jours, porta-pães, porta-jóias, porta-revistas,cadeirinhas etc., saem diariamente da cidade.

Hoje mais de trinta oficinas montam aspeças de eucalipto para serem cobertas depalhas pelas mãos habilidosas das artesãs. Oíndice de emprego disparou para cima, a rendafamiliar subiu, as casas de sapé deram lugar àscasas de laje, iluminadas e cobertas comantenas parabólicas. Passageiros de ônibus,baús e outros veículos levam a sua arte,deixando o dinheiro que proporciona saúde edignidade humana. Hoje o artesanato em palhajá transpôs o Atlântico e é vendido naAlemanha, França e Itália. Tem ótima aceitação

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pela qualidade e por não ser poluente, pois,mesmo depois de longo uso, ele é incineradosem poluir e se transformar em adubo orgânico.

Idéia santa de um santo, Padre Zé Geraldodas Mercês!

Cipotânea tem duas festas anuais de granderepercussão: A “Festa do Milho e doArtesanato”, na segunda semana de julho, e aapoteótica “Festa do Padroeiro São Caetano”no dia 07 de agosto.

Graças a Deus e a seus filhos xopotoensesou não xopotoenses a vida em Cipotânea segueseu curso normal e agradável, como as águascristalinas dos três rios, Espera, Brejaúba eXopotó.

Uma noite destas, mirando a lua imponentedo alpendre da minha casa, ouvi em alto e bomsom o grito alegre de um transeunte:“Cipotânea, terra dos meus encantos: muitafé por todo o lado e paz por todos os cantos!”.

O cipotaneano não é bairrista, mas tem umamor extremado e entranhado à sua querida“Terrinha”.

Há algum tempo, em uma das festasconcorridas da cidade, eu me emocionei muito,depois de sessenta e cinco anos de idade, aover alguns carros chegando à cidade com umpequeno decalque. Nele um céu azul eestrelado, enfeitado pela lua e galáxias e, embaixo, um único dizer: CÉUPOTÂNEA.

Ainda não consegui localizar o feliz autordessa façanha para cumprimentá-lo pela felizcriatividade e abraçá-lo fortemente, dizendo-lhe este refrão: “Quem ama meus filhos, adoçaa minha boca; quem ama minha terra, enaltecemeu coração.”

Talvez esse conterrâneo criativo, tenha,como eu, cantado a plenos pulmões o Hino deCipotânea, antes tão cantado e respeitado nasfestas e nas Escolas, hoje engavetado eescondido em livros carcomidos de traças ouem partituras musicais amareladas eesquecidas.O hino de Cipotânea, diz, em seucomeço: “Cipotânea, ó Terra Querida, Eu nãosei a que te comparar: Se à bela harmonia dosAstros Ou se às ondas revoltas do mar!”

Conterrâneo amigo, agora fica uma dúvida:chamamos nossa querida e pequenina terra deCipotânea ou Céupotânea? Proponho umaconciliação, sem escarcéu: No mapa serásempre Cipotânea, mas em nosso coraçãoxopotoense será Céupotânea, pois “aqui é olugar onde a terra encontra o céu”!

Conterrâneo presente, valorizemos nossaterra! Conterrâneo ausente, incentivemos osencontros dos Cipotaneanos Ausentes!

Quanto a mim, só tenho a requerer: “- Aquieu nasci, aqui quero morrer”.

Você que não conhece nossa Cipotânea, dê-nos a honra de sua presença.

De coisas materiais não temos muito aoferecer: os hotéis são sem estrelas, a estradaainda não é asfaltada e não há o confortomoderno, mas temos o aconchego do mineiro,as montanhas lindas a saudá-lo dizendo “uai”,águas cristalinas batendo palmas à sua chegadae muito calor humano e hospitaleiro.

“Se vens à nossa terra com Deus nocoração, senta-te à nossa mesa e come do nossopão”.

Aqui também você receberá o abraçoredentor do “Cristo das Escolas” e a proteçãocarinhosa de São Caetano, o Santo da DivinaProvidência.

Bem-vindo à terra da Fé, das Vocações, doArtesanato e do calor Humano!

Queremos vê-lo e abraçá-lo emCIPOTÂNEA OU CÉUPOTÂNEA!

Ateliê RESTAUR’ARTE“A arte de restaurar”

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A Banda Santa Cecília sempre foi uma dasmais belas tradições do antigo Seminário deMariana e representa uma das mais queridaslembranças de minha adolescência. Sua salade ensaios, situada logo ali, perto do Salão deEstudos dos Menores, ao lado da não menosfamosa Malaria/Boticaria, sempre se enchia desons logo após o almoço, horário previsto paraos ensaios. Como este horário eracostumeiramente também o tempo reservadopara o “ranca” – atividade de que eu,decididamente, não gostava – ficava por ali, deolhos compridos nos colegas que ensaiavamsob o comando do Padre Otacílio. Masninguém me convidava.

Na verdade, no início daquele 1958, quemarcara minha entrada para o Seminário, aBanda amargava um recesso obrigatório, pois,além de faltarem instrumentos, os poucosexistentes estavam estragados. Padre Otacílio,que integrara como trombonista a corporaçãonos tempos de seminarista menor, agorasacerdote recém-ordenado, fora designado paratrabalhar no Seminário, com a incumbência derecuperar a Banda Santa Cecília. Vivíamos,então, na comunidade, uma campanha comvistas à aquisição de novos instrumentos erecuperação dos estragados. Lembro-me terparticipado da campanha, escrevendo cartapara a senhora Marianne Meyers, esposa dogerente da Belgo Mineira, solicitando recursos,e dela obtendo polpuda contribuição.

Muito tímido, enchi-me de coragem e pedipara participar – talvez porque me julgasse commais direito depois de minha bem sucedida

empreitada junto à Usina de minha cidade. Via,embevecido, o Newton e o Amilar tirando sonsmarciais de seus trombones, e decidi que iriatocar trombone. Padre Otacílio - sei lá por quecargas d’água – mirou-me nos olhos e disse,incisivo: “- Trombone, não! Você tem cara é depistonista! Vai tocar é piston!”

Mesmo não sendo o instrumento quequeria, fiquei feliz e logo me posicionei ao ladodos outros pistonistas: Dimas Ribeiro, JoãoBatista Cunha e Ubiratan Neves. E foi assimque iniciei um belo aprendizado musical que seestendeu aos tempos de regente de CantoGregoriano e trompetista da Orquestra doSeminário Maior, desembocando, temposdepois, no Coral Monlevade, de minha cidade,que integrei por muitos anos.

Resgatando ainda essas vivências musicaisque embalaram minha adolescência e vêmprojetando suas luzes sobre toda a minha vida,recordo com alegria a estréia na Banda SantaCecília, alguns meses e muitos ensaios depoisque o Padre Otacílio decidiu que eu seriapistonista: a festa de reinauguração da Banda.Foi por ocasião da Festa do Reitor. Padre Ézio,exímio musicista, havia composto a “Marchada Restauração” que marcou o reinício dasatividades da Banda. A marcha foi executadaem partes: cada parte ilustrava trecho de umrelato, feito pelo Padre Álvaro, contando ahistória da recuperação da banda. Terminado orelato, em magnífico “da capo”, executamosintegralmente a peça.

Não obstante a alta rotatividade de seuelenco, a Banda sempre abrilhantou com

Geraldo Eustáquio Ferreira (Dadinho)Estudou nos Seminários Menor e Maior de 1958 a 1966

É professor aposentado e responsável pelo Elo Litúrgicoda Diocese de Itabira e Coronel Fabriciano.

Faz Pesquisa Histórica em João Monlevade onde reside.

BANDA SANTA CECÍLIA

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qualidade e competência as festas doSeminário, executando dobrados e peçasfamosas como a “Cruz de Honra”. No entanto,aquele grupo que a integrou, à época darestauração, marcou época e deixou saudade.

Vamos tentar registrar, em memorialístico “dacapo”, os nomes de seus integrantes, explícitose implícitos na fotografia que ilustra estamatéria.

Clarineta: João Batista Lima, Hélio Petrus Viana, Francisco Nunes, Vicente Roque Dutra, Venício Gonçalves,Márcio Baeta, e Messias Heleno; Trombone: José Newton Garcia de Araújo, Jonil Luís de Souza e JoséAmilar da Silveira; Piston: João Batista Cunha (enc.), Geraldo Eustáquio Ferreira, Ubiratan Neves Ataíde eDimas José Ribeiro; Trompa: Héliton Dias de Oliveira; Sax : José Raimundo Nunes, José Geraldo MartinsFerreira, José Sávio e José Rocha; Saxofone: José Raimundo Pessoa e Miguel Arcanjo Vital; Bombardino:Aristides Junqueira e José Celso Cenachi; Baixo Tuba: (?) e José Januário; Percussão: Adair EustáquioMoreira (Pratos), Laudilei Coelho Mariano (enc.) (Caixa surda), Rubens Antônio Bracarense de Almeida(Tarol) e Otacílio Jacinto da Cunha (Bombo) e Maestro: Padre Otacílio Fernandes de Ávila, que, regendo,não está na foto.

Sebastião de Sousa BurgareliEstudou no Seminário Menor de 1957 a 1960.

É empresário do comércio de Belo Horizonte ondereside.

Só por amor

Quando o amor nos brotar do coração,E a tudo... e a todos se doar...Como a água que brota e sai do chão,E se doa a quem dela precisar...

Quando sentirmos ímpetos de amar,Mesmo sem ter alguém a nos sorrir,Como os pássaros sentem de cantar,Ainda que ninguém os possa ouvir...

Se pudermos amar só por amor,Sem buscar recompensa, nem louvor,Sem nada mais, em troca, esperar...Quando formos capazes de entenderQue o amor é a razão do nosso ser,Nós saberemos o que é AMAR.

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Prestação de ContasPrezado aexano,Apresentamos para seu conhecimento a Prestação das Contas da Associação, devidamente

verificadas pelo Conselho Fiscal, referentes aos períodos de 01/09/2006 a 31/12/2006 e01/01/2007 a 31/12/2007, cuja aprovação será o objeto da AGO a se realizar no dia 12 de julho de 2008,conforme os termos do Edital de Convocação igualmente publicado nesta revista.

Como você poderá verificar no Edital de Convocação também naquela data haverá a eleição danova diretoria para o biênio 2008-2010.

Todos os associados da AEXAM poderão candidatar-se e para tal deverão apresentar a suainscrição até dez (10) minutos antes do início da AGE.

Participe! Dê sua colaboração! Renove!A Diretoria

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FUNDO ENCONTRO – 2007Igualmente apresentamos a apuração dos recursos recebidos para o Fundo Encontro.A diretoria da AEXAM

contou com a generosa colaboração financeira de alguns associados e pôde realizar o Encontro Anual de 2007 emque somente se pagaram R$ 20,00 (vinte reais) pela diária de quem ficou hospedado no Seminário Maior, cujaarrecadação lhe foi repassada.

RECEITA DAS DOAÇÕES PARA O FUNDO ENCONTROPatrocinadores do Encontro em Mariana

1) Silvério Bragança (João Monlevade) 2) Helvécio Antônio da Trindade (Belo Horizonte) 3) Luciano Franco Tolentino Amaral (Brasília) 4) Afonso Mariano Lopes (Belo Horizonte) 5) Raymundo Lopes Rodrigues (Raimundinho) (Rio de Janeiro) 6) Vicente Nolasco Costa (Vila Velha/ES) 7) José Eustáquio Hemétrio de Menezes (Belo Horizonte) 8) Luiz Flaviano Furtado (São Paulo) 9) Vicente Gomes Pinto Coelho (Rio Casca)10) Odilon Gomes Dutra (Volta Redonda)11) José Maria Gomes (Belo Horizonte)12) Márcio Adelmo Guimarães (Carandaí)13) Luiz Marcos Cúrcio (Carandaí)14) Luiz Gonzaga Pessoa (Belo Horizonte)15) Márcio Oliveira de Araújo (Diduia) (Belo Horizonte)

Total arrecadado: R$ 5.650,01 (cinco mil seiscentos e cinqüenta reais e um centavo).

DEMONSTRATIVO DAS DESPESAS PARA O ENCONTRO ANUAL02/07 – Compra crachás, cartões e envelopes – Kalunga R$ 46,7704/07 – Reunião preparatória para Encontro R$ 43,2307/07 – Compra presentes p/funcionários Seminário Maior R$ 40,0006/07 – Diagramação de folhetos da Missa e retratos R$ 290,0006/07 – Lavagem de batina e outras peças R$ 43,0010/07 – Confecção de placas de homenagens R$ 112,0011/07 – Compras diversas para alimentação R$ 125,7611/07 – Cópias de cartões de agradecimentos “fundo encontro” R$ 6,2513/07 – Recuperação de livros para Memorial R$ 65,0013/07 – Confecção de placa para Memorial R$ 30,0013/07 – Compra de mandioca R$ 10,0014/07 – Compra no Empório da Lingüiça – alimentação R$ 33,9414/07 – Compra no Frigorífico Alvorada – alimentação R$ 64,7614/07 – Despesas com refeição da diretoria em Mariana R$ 52,0014 07 – Estacionamentos diversos R$ 7,0015/07 – Presentes aos palestrantes (CDs+livro)-Pessoa/Flaviano/Âng.Oswaldo/Dom Geraldo R$ 100,0015/07 – Conta de telefone fixo R$ 57,7714/07 – Compra no Apoio – pelo José Maria Gomes R$ 100,0014/07 – Gratificação ao funcionário do ICHS R$ 50,0015/07 – Pagamento aluguel de “rechauds” – Mariana R$ 70,0015/07 – Pagamento serviços cozinheira – Aparecida R$ 200,0016/07 – Hospedagem no Seminário Maior R$1.560,0016/07 – Compras: carnes+supermercado+floricultura+aluguéis pratos R$1.200,0016/07 – Mão de obra: cozinheiras, recepção, limpeza e serviços gerais R$ 580,00

Sub-total: R$ 4.887,48Arredondamento: R$ 0,52TOTAL: R$ 4.888,00

Total gasto para a realização do Encontro: R$ 4.888,00 (quatro mil, oitocentos e oitenta e oito reais)O saldo de R$ 762,01 (setecentos e sessenta e dois reais e um centavo) foi utilizado na complementação do valorde R$ 4.215,00 (quatro mil duzentos e quinze reais), que foi a parte da AEXAM para a edição e postagens da revistaGens Seminarii nº 2, expedida no final de dezembro de 2007, conforme recibos.

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50 Junho 2008

Assuntos FinanceirosPrezado aexano,A AEXAM depende da contribuição financeira de seus associados para que possa se manter e cumprir o queestabelece o seu Estatuto Social.Assim, a sua colaboração é muito importante. Sugerimos o valor de R$ 50,00. Porém, faça-a, se e quantopuder!Para este pagamento não se emitem mais boletos bancários, pois foram criadas alternativas menosonerosas e mais eficientes, todas de fácil execução. Veja:1a – Através do site www.aexam-mg.org.br você pode emitir o próprio boleto bancário e fazer o pagamentopela internet ou a ir a uma agência bancária, tendo em mãos o boleto impresso. Para emitir o boletobancário faça o seguinte:

a) Entre no site da AEXAM (www.aexam-mg.org.br) e clique em “pagamento on line”b) Preencha os campos, coloque o valor do pagamento, marque “boleto bancário” na bolinha

apresentada e clique em “efetuar pagamento”.c) Será mostrado o boleto bancário em seu nome. Leia as instruções para pagamento e escolha a que

melhor lhe convier:- pagar via internet ou na agência bancária mais próxima com o boleto impresso por vocêObservação: Se você for cliente do Bradesco, a sua melhor opção é “transferência entre contas”(no site do Bradesco). Siga os passos que já conhece.

2a – O pagamento também poderá ser feito ainda pela internet, através de DOC bancário para uma dascontas abaixo:

AEXAM – Associação dos Ex-Alunos dos Seminários de MarianaCNPJ nº 02.683.870/0001-38Bradesco (237) – Agência 2148-2 – conta corrente nº 21606-2Brasil (001) – Agência 3495-9 – conta corrente nº 10469-8

3a – Outra forma de pagamento é utilizar um dos modelos a seguir. Preencha-o, recorte-o e leve-o a umaagência do banco escolhido onde fará o depósito em nome da AEXAM. Neste caso, por favor, informe-nospor telefone, carta ou e-mail o dia e o valor do depósito, para que possamos fazer as anotações devidas.

Ao contribuir o aexano faz com que a sua Associação tenha o tamanho e a importância que ele acha quedeva ter.

EDITALTodos os associados da AEXAM – Associação dos Ex-Alunos dos Seminários de Marianaestão convocados para participarem das Assembléias Gerais Ordinária e Extraordinária ase realizarem no dia 12 de julho de 2008, a partir das 15 horas, no auditório do ICHS/UFOP, cedido para tal fim, localizado nas dependências do antigo Seminário Menor da BoaMorte, na cidade de Mariana, com a seguinte pauta:Assembléia Geral Ordinária: –Aprovação das contas da Associação referentes aos períodos de 01/09/2006 a 31/12/2006e 01/01/2007 a 31/12/2007. Assembléia Geral Extraordinária: 1- Ratificação da aprovaçãodo novo texto do Estatuto Social da Associação, elaborado de acordo com a Lei 10.406, de 10de janeiro de 2002; 2 - Eleição da nova Diretoria para o biênio julho/2008 a julho/2010.Todo associado tem direito a concorrer e para tal deverá registrar-se até dez (10) minutosantes da AGE.As Assembléias Gerais serão instaladas com a presença mínima de vinteassociados; 3 – Outros assuntos de interesse da Associação. Mariana, 12 de junho de2008.

Helvécio Antônio da Trindade - Presidente

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52 Junho 2008

XVI ENCONTRODA AEXAM

14 e 15 de julho de2007

O que é boma gente repete.

Esperamos você lá!

Chegadas

Sessão lítero-musical Jantar festivo: uma mesa quase100% eclesiástica

Missa solene na Catedral Almoço de domingo

Banda do Sumidouro

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Conversando com os amigosMeu caro irmão e amigo.

!Como vimos fazendo há quase 43 anos

(o GS nº 1 é de agosto de 1965), estamos che-gando até você, com mais este número do GS 58, trazendo notícias dos colegas, umas ale-gres outras tristes. A principal notícia hoje é a do nosso Encontro em Aparecida, no início deste nosso ano jubilar. Sim! Em 2008, cele-bramos nosso jubileu áureo sacerdotal!

!O Helvécio Trindade, presidente da

AEXAM (Associação dos Ex-alunos dos Se-minários de Mariana), quer nos homenagear no encontro de 12 e 13 de julho, e inventou um nome para nós: “ ”. E ele expli-ca: “A palavra 'jubiloso' tem aqui uma nova conceituação: etimologica-mente, 'júbilo' vem do latim 'jubilum', grande contenta-mento, e 'jubileu' de 'jubilae-us', o qüinquagésimo aniver-sário de alguma coisa. Parti-cularmente, neste caso, aque-le que está muito contente porque há cinqüenta anos fez alguma coisa que norteou o sucesso da sua vida é, pois, um 'jubiloso'!” Desde já agra-decemos, em nome de todos os colegas de 58, esse cari-nho dos .

Este nº 113 do GS 58, inserido na nº 3, está sendo impresso na Edito-

ra Dom Viçoso, de Mariana. Até hoje, apenas um número do GS 58 foi impresso fora de Ca-ratinga, o nº 72 (1982). Eu estava super-atarefado com os trabalhos do jornal 'Diretri-zes” e a coordenação pastoral. O se ofereceu para nos ajudar e o fez lá em Ati-baia, onde ele imprimia o seu jornal '

'. Foi o único GS composto em lino-tipo! Já pensou? Aqui era tipo a tipo!

A Editora Dom Viçoso, cujo chefe é o Cô-nego João Ribeiro, vai cobrar apenas R$ 3.100,00, pelos 2 mil exemplares com 72 pá-ginas, semelhantes em tudo aos dois primei-ros números. Ficou combinado assim: A re-vista terá normalmente 72 páginas, assim dis-

tribuídas: 20 para os Seminá-rios, 20 para a AEXAM e 20 para o GS 58; mais 6 para a

, como notícias da Cúria e cidade de Maria-na, palavra do Sr. Arcebispo ou algo especial; mais as 2 pá-ginas do Editorial e Sumá-rio/Expediente; e as 4 pági-nas da capa. Este número 3 te-ria na capa o jubilado Côn. Ja-dir, a página 2 colorida por conta do Seminário, a 71 para o encontro do GS 58 e a últi-ma para a AEXAM ou algum

Laudetur Iesus Christus

Te Deum laudamus

aexanos

Gens Seminarii

Bragança

Horinha de Folga

GS Especial

jubilosos 1.

A nova capela da sepultura dos bispos,no Santuário de Aparecida

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54 Junho 2008

Vamos contar com detalhes, logo à frente, como foi a abertura do nosso Ano Jubilar, em Aparecida, com o 44º Encontro do GS 58. Antes, porém, falemos um pouco dos jubi-landos.

Éramos 29 seminaristas, que terminamos o 4º ano de teologia, no Seminário São José, em 1958. De 8 dioceses: Mariana, Pouso Ale-gre, Campanha, Leopoldina, Porto Nacio-nal/GO, Bragança/SP, Valença/RJ e Caratin-ga. De Mariana, cinco se ordenaram dia 30 de novembro. A maioria se ordenou em de-zembro (19). Por motivo de doença, idade ou “gancho”, cinco ficaram para ordenar-se em 1959. Quando, após 5 anos (dezem-bro/1963), fizemos o 1º Encontro da turma, em Aparecida, todos ainda estávamos vivos e exercendo o ministério. Naquele mesmo mês, falece, de acidente, o Pe. Vicente Car-valho e, no mês seguinte, o Pe. Natalino Zuc-catto ( ...)

Tínhamos combinado, ainda no Seminá-rio, de fazermos aquele encontro em Apare-

cida, quando completássemos cinco anos de padre. Faltaram seis. Mas foi maravilhoso! Queríamos nos encontrar de cinco em cinco anos: o segundo encontro seria em Mariana, em 1968. O “velho” Otávio, porém, insistiu que não demorássemos tanto. Tinha medo de não estar vivo lá. Então, marcamos um se-gundo encontro para Belo Horizonte, em 1966. E, daí para frente, pegou o costume de fazermos o nosso encontro anual: em julho, dezembro, fevereiro e até nos firmarmos em janeiro.

Depois de alguns anos, o grupo resolveu acolher o então Pe. Moacir Matias (hoje Mon-senhor), na turma de 58. Explico-me: ele era da nossa turma, mas durante a teologia, ficou doente (tuberculoso), teve de parar os estu-dos e perdeu 1 ano, terminando o curso na tur-ma de 59. Por isso que costumamos falar ago-ra que nosso GS tem 30 padres, incluindo o Moacir.

Poderíamos contar também como sendo do nosso grupo, o Côn. Jadir Trindade. Ele

repentina mors

Ano Jubilar do Grupo Sacerdotal de 1958

comercial. As despesas (tanto da confec-ção gráfica, como as postais) seriam dividi-das entre a AEXAM e o GS 58. Temos gasto mais de dois mil reais de correio. Caso consi-gamos algum comercial, seu valor seria aba-tido nas despesas, antes de reparti-las. Da-tas da publicação: junho e novembro, no má-ximo até dia 15. Para isso, entregaremos os originais à Dom Viçoso 1 mês antes. Se en-tregar diagramado (como a AEXAM e o GS 58 estão fazendo), bastam 15 dias. A expe-dição (trabalho de conferir e atualizar os en-dereços, de etiquetar e levar ao correio) esta-rá a cargo de uma equipe do Seminário São

José. Assim, o serviço ficará bem dividido e caminhará melhor, se Deus quiser!

Caro amigo, desculpe-me o lero-lero e bom proveito na leitura!

2.

3.

4.

Ofertas para as despesas do GS 58Mons. João Faria 20,00, Mons. Benedito 50,00,

Mons. Luís Arantes 70,00, Mons. Vicente Gomes 70,00, Mons. Falabella 70,00, Pe. Carlinhos 50,00, Pe. Ângelo Márcio 50,00, Mons. Victor Arantes 100,00, Pe. Messias 20,00, Pe. João Batista 30,00, Pe. João Nalon 500,00, Pe-dro Pereira de Almeida 300,00, Dom Eurico dos Santos Ve-loso 100,00, José Guilherme 50,00, Mons. Aldorando Men-des dos Santos 80,00. Total: R$ 1.560,00.

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Gens Seminarii Nº 3 55

foi estudar em Roma, atrasou a ordenação, sendo ordenado em 1958. Seu jubileu de ou-ro foi agora, dia 13 de abril. Tornou-se capa desta n° 3. Para nossa honra, quem falava que pertencia ao GS 58 era o nos-so querido e saudoso Dom Luciano, pois fora de fato ordenado em 1958.

Na década de 70, tempo da crise pós-conciliar, veio a debandada: Nove deixaram o ministério (Geraldo Lopes, Olau, Juarez, Mauro, Maurílio, Samuel, Nogara, Bueno e Lobo). Só o Lobo não se casou. Aos poucos, o time do Vicente e do Natalino, lá no céu, foi crescendo: Lourival (1977), Bueno (1991), José Renato (1993), Marciano (1996), Arge-miro (1998), Píula (2001), Otávio e Nogara (2002), Lobo (2003), Amaury (2004) e Ari-

matéia (2005). Se Deus quiser (cf. Tg 4, 15), dez iremos celebrar o jubileu de ouro este ano e um, ano que vem.

Na nº 4, a sair em novem-bro próximo, Deo volente, publicaremos os programas dos jubileus com mais detalhes. Temos as datas: Jair (30/11), Geraldo Vicen-te, Torres e eu (7/12), Benedito e Lélio (8), Fa-ria (14), Arantes (15), Pogeto (20), Vicente Gomes (28) e, em 2009, Moacir (8/12).

Estamos é pedindo a todos os colegas no sacerdócio e a todos os amigos e amigas para rezarem por nós, ajudando-nos a agradecer a Jesus a grande graça de participarmos no seu Sacerdócio ministerial, vivido, bem ou mal, Deus o sabe, nestes 50 anos!

Gens Seminarii Gens Seminarii

Na Casa de Hospedagem São Canísio, de 7 a 10 de janeiro de 2008, realizamos nosso 44º Encontro, já iniciando a celebração do nosso Jubileu de Ouro sacerdotal, juntinho da Mãe do Céu.

A Casa de Hospedagem São Camilo fica

perto do Santuário de Aparecida, mas tive-mos de dar várias voltas para achá-la. O Pe. Luís Duque (Luís Alberto Duque de Lima), que chegou primeiro, foi informado lá na por-taria que ali não havia nenhum encontro mar-cado para esta data. Foi preciso chegar o Luís Arantes (Mons. Luís Vieira Arantes), mos-trar à Irmã a nossa revista, com a foto da Casa

30 Participantes!

O 44º Encontro do GS 58 em Aparecida/SP

O GS 58 ainda no Seminário. Faltam aqui Bueno, Juarez e Lourival

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56 Junho 2008

de São Camilo, para ela aceitar. O problema é que a outra irmã que combinara com ele, ha-via viajado às pressas, e se esquecera de dei-xar reservada a casa para nós. Tudo acertado, começaram a chegar os participantes:

1. De , além do Pe. Luís Du-que, veio o sempre presente, Mons. Miguel Falabella de Castro. No dia seguinte, chegou o Pe. Alex (Pe. Alexandrino Augusto Ribeiro Gomes de Pinho). Pe. Wagner Portugal es-creveu, justificando sua ausência, por moti-vo de doença.

2. De , Mons. Luís Arantes e, depois, Mons. Juvenal Vaz Guimarães, Mons. Jair dos Santos Pinto e o irmão dele. Mons. Moacir Matias Marques está impossi-bilitado de viajar, por motivo de doença. Mons. Geraldo Vicente da Costa passou-nos um telegrama: “Mesmo ausente, acompanho encontro companheiros e colegas. Congratu-lações.”

3. De Mons. Vicente Pe-reira Gomes, Mons. João Aparecido de Faria, Mons. Benedito Marcílio Magalhães, Mons. Júlio Perlatto e o nosso querido Geraldo de Souza Meirelles. Nosso colega Pe. Sebastião Pereira dal Poggetto não pôde vir: está passando mal, com apenas 20% de visão.

4. De foram comigo: Dom Hé-li G l H l P J é d C Li

mo, dia 9, os ova / José Joãoças Ferreira To

8. De marães da Silv

Ao todo, 3gas que vieramBasílica de Apdo Mons. VicJubileu de ouPe. João PereAntônio José los Ribeiro Nalela e Mons. Vgança, o Pe. João Batista Fcio, de Belo HTivemos aindcom um telefoe-mail.

Na noite dmuito cansadpara programtre 7h30 e 8 hseguida, reunida Sagrada Famos celebrar. de São Galvão

Juiz de Fora

Campanha

Pouso Alegre:

Caratinga,

São

Programação

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Gens Seminarii Nº 3 57

pessoas, onde estava acontecendo um retiro para 300 seminaristas. Numa oportunidade dada pelos pregadores, Dom Hélio, Mons. Fa-labella e eu lhes falamos sobre o GS. Visita-mos em seguida a Igreja de São Galvão, em Guaratinguetá. Dali fomos ao Convento dos Oblatos de Cristo Sacerdote, do Pe. Baleeiro, onde fomos acolhidos pelo Pe. Onofre José Caetano, OCS, que já participou de vários en-contros do GS 58, chegando até a descrever em versos um deles, lembram-se? Pe. José Geraldo Fontana, que naquele dia completa-va 14 anos de sacerdote, presidiu a Eucaris-tia. Tivemos, depois da missa, delicioso e abundante lanche, no refeitório.

As despesas com as duas Van, que nos le-varam a esses passeios, possibilitando ficar-mos mais juntos, foram depois divididas en-tre todos (R$ 18,00 cada). O Geraldo Meire-les foi o nosso tesoureiro. Também as bebi-das das refeições foram pagas em comum. A hospedagem ficou por R$ 70,00 a diária.

Na reunião da noite, combinamos o horá-rio de sair para o Santuário. Embora perto, ire-mos de carro, para ganharmos tempo. Quem desejar o DVD da missa, é só encomendar an-tes. Custa R$ 15,00.

Dia 9: Laudes às 7h15, café às 7h30 e saí-da às 8 h. Foi grande a nossa alegria, quando encontramos muitos outros colegas, lá no Santuário: Pe. Cordeiro, Pe. Carlinhos, Pe. Rogério Vilela, Mons. Victor Arantes, Pe.

Messias e Pe. João Batista. Concelebraram ainda conosco Pe. Ângelo Márcio, de BH, e Pe. Pedro, orionita. Dom Hélio Gonçalves Heleno, Bispo Diocesano de Caratinga, pre-sidiu, Mons. João Faria proclamou o evange-lho e eu fiz a homilia (não podia passar de 6 minutos, acho que fiz com 5). Ladeavam o Sr. Bispo, Mons. Benedito Marcílio e Mons. Miguel Falabella. Certamente, essa Missa, transmitida pela Rede Vida e TV Aparecida, foi o ponto alto do nosso Encontro.

Dali, em vários grupos, subimos à torre e visitamos o museu, a nova capela do túmulo dos Bispos, o local das aparições de Nossa Se-nhora, o shopping, etc.

Na reunião da tarde (15 h), começamos a sondagem de locais para o próximo encontro do GS 58. Apareceram três: Roseira, onde ce-lebramos ontem; Conservatória, no Estado do Rio; e Mariana. Ficou de trocarmos idéias e votarmos à noite hoje.

Lembramos as datas nos nossos jubileus áureos este ano, todos em dezembro: Mons. Benedito, dia 8; Mons. João Faria, 14; Pe. Poggetto, 20; Mons. Vicente Gomes, 28; Mons. Luiz Arantes, 7, mas irá comemorar dia 15; Mons. Geraldo Vicente e eu, 7.

E começamos a ouvir as experiências dos participantes, a começar dos que estão vindo pela primeira vez. , de Caratinga, tem 2 meses de padre: ordenou-se dia 28 de outubro último. é de São

Missa no Santuário de Aparecida

Datas dos Jubileus

Pe. Adair

Dr. Geraldo Silva

O Grupo após a Missa, em Roseira

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58 Junho 2008

João del Rei, estudou no Seminário Menor de Mariana de 55 a 59. Tem 49 anos de casa-do, 5 netos, é professor mestre na PUC/SP. Dará entrevista na Rede Vida, sobre biogené-tica, dia 18 de fevereiro, às 20h30.

, o Alfredinho, e sua esposa, Dª Maria Jo-sé, são nossos amigos de muito tempo. Nos encontros do GS que fizemos nas praias do Estado do Rio, eles é que foram nossos anfi-triões, junto com seu irmão, o nosso sempre lembrado colega, Pe. Argemiro Brochado Ne-ves. Rio das Flores, onde Pe. Argemiro foi pá-roco, é terra do Edir Macedo, informou-nos o Alfredinho.

À noite, no Salão, com 23 participantes, fi-zemos logo a eleição para escolha do local pa-ra nosso próximo encontro. Houve 1 voto em branco, 3 para Conservatória e, para Maria-na, 19! Pedido de todos: um passeio ao Cara-ça, na quarta-feira.

Marcado então:

Em seguida, fomos ouvir as notícias e ex-periências dos colegas presentes e ausentes. Pe. Alex, agora, é vigário de Piau. Maria José da Silva está preparando nova edição do livro d M A i M L i A t d

nos notícia dodotal), o planoiz de Fora. Mode paróquia Sãtificação de Mís Duque celecaminhando cfeira, adoraçãO sino não pMons. João Fcontinua atende Nossa SenSeminário. Peda diocese dehá 3 anos e mDom Hélio, covisitas pastoraDeixou-nos a tonsura: “Nadmim o que ele

CelebramoApós o café, onos sobre a suSão Pedro CancontemporâneParticipou domuitos colégiEvangelho ped t i t

Dr. Alfre-do

Mariana ganhou em disparada

Último dia doo 45º Encontro do GS

58, Deo volente, será de 5 a 8 de janeiro de 2009, em Mariana, MG, no Seminário São José.

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Gens Seminarii Nº 3 59

Mons. Vicente Gomes:

Mons. Luís Arantes:

A Casa de Hospeda-gem São Canísio.

Aqui estamos bem instala-dos nessa casa (hotel), dirigida pelas Irmãs Canisianas, num ambiente confortável e tran-qüilo, bem próximos à basílica nova. Aqui tu-do contribuiu para uma boa realização de nos-so encontro. Praticamente estávamos só nós e um casal de romeiros que logo partiu. Para obter maiores informações, conversei com Ir. Marta, na recepção. Disse-me ela que a Congregação das Irmãs de São Pedro Caní-sio, fundada na Suíça, enviou as primeiras Irmãs para o Brasil por volta de 1951. Antes, tinham passado por lá dois padres redentoris-tas, que se interessaram pelo carisma da Con-gregação que era dedicar-se à Boa Imprensa, como se dizia na época. Isso foi antes da guer-ra. Depois, só em 1951 é que passou por lá o então Frei Paulo Arns (futuro Cardeal Arns), que as incentivou a virem para o Brasil. Foi assim que, em julho daquele ano, chegaram a Aparecida as primeiras três Irmãs Canisia-nas, que passaram a se dedicar à gráfica do jornal “Santuário da Aparecida”, vivendo aqui o seu carisma. Mais tarde, quiseram am-pliar mais o seu trabalho pastoral e pensaram em como dar um apoio aos inúmeros romei-ros que vêm a Aparecida. Para esse fim, cons-truíram esta casa para hospedagem de romei-ros, inaugurada em 1975. Ela tem quatro pi-sos (um andar térreo mais três andares), po-dendo acolher até 140 hóspedes. O terceiro an-dar, no começo, foi re-servado para residência das Irmãs (clausura). Mais tarde, foi erguido atrás um outro prédio para residência das Irmãs, sendo hoje, tam-

bém, a Casa Provincial. Outros pormenores que foram favoráveis para nós: o estaciona-mento nos fundos para os carros, um eleva-dor, um amplo salão para convenções (que in-clusive serviu para reuniões da CNBB, por ocasião do CELAM em Aparecida no ano passado) e a capela, embora as Irmãs tenham colocado à nossa disposição a capela do con-vento que é mais ampla. As Irmãs foram mui-to acolhedoras e atenciosas. Na pessoa da Ir. Berenice, superiora, queremos agradecer a to-das. Hoje a Congregação Canisiana no Brasil dedica-se também a obras sociais, missões populares e promoção das famílias e conta com 65 Irmãs, em onze casas situadas em vá-rios lugares, inclusive em Minas Gerais (Sa-bará e Uberaba). Também a Casa Geral da Congregação passou a ser no Brasil. A espiri-tualidade da congregação é eucarística, mari-ana e missionária.

Em Aparecida, aos pés da Rainha e Padroeira do Brasil, viemos agra-decer a Deus o nosso Sacerdócio, com cin-qüenta anos de serviço à causa do Reino. Fo-ram dias abençoados pelo carinho da Mãe que nos acolheu com alegria, temos certeza. Na Basílica Nacional, concelebramos quase trinta sacerdotes de várias dioceses. Deixa-

Depoimentos sobre o 44º Encontro

Os casais de Vassouras, na Basílica de Aparecida

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60 Junho 2008

mos aqui a nossa eterna gratidão a Deus pe-los nossos cinqüenta anos de Sacerdócio, nas mãos daquela de quem recebemos todas as graças de Deus.

Foi o “Encontro” come-morativo do nosso Ano Jubilar. Tivemos um número reduzido de sacerdotes, mas não dei-xou de cumprir o seu objetivo e ter o brilho de todos os anos. Tivemos a honra de ter a parti-cipação de nosso contemporâneo de seminá-rio, Dom Hélio Heleno, Bispo de Caratinga. Do GS 58 5 presenças, todos monsenhores: Raul Motta de Oliveira, Luís Vieira Arantes, Vicente Pereira Gomes, Benedito Marcílio Magalhães e eu.

A presença de Dom Hé-lio muito contribuiu para o êxito deste encon-tro. O Dr. Alfredinho muito nos alegrou com seus casos interessantes e sua prolixidade. Agradeço a Deus e à Nossa Senhora Apareci-da em ter podido participar deste encontro.

Este en-contro nos lembra a união que Nosso Senhor Jesus Cristo tinha com as pessoas, e nos transmite o espírito de unidade e fraternidade dos irmãos. Para nós jovens, este encontro foi uma ótima oportunidade de discernimen-t i l d di b i

sempre acolheço, para renovOrdenação.

mais uma vezcontro de pesdades, das madiferentes idaços prestadosvidas. E essaspletam e nos dos por uma mtivo, por uma vir e amar... Smuita força palos da vida emgria para sommissionário. Obrio, a organizderar de Mondesta vez, a lidade de liderafez crescer. Pados, nos seus 5

to se imolandoN ti id d

Mons. João Faria:

Geraldo Meirelles:

Jovens Elton, Marcelo e Michael:

Casais de Va

Dr. Geraldo S

João (Nego), Mres) e Laudelin

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Gens Seminarii Nº 3 61

Cônego José Feliciano da Costa Si-mões.

Mons. Juvenal Vaz Gui-marães Filho.

Mons. Licínio Fernandes de Oliveira:

Já demos notícias do seu jubileu áu-reo, celebrado com Dom Barroso, em Ouro Preto, dia 1º de dezembro. O jornal , de Mariana, trouxe sua biografia.

Nasceu em Ouro Preto, MG, aos 18/12/1931, filho de Bianor Simões Coelho e Ga-briela Baeta da Costa Simões. Começou seus estudos em Ou-ro Preto e, aos 8 anos, após o fa-lecimento de seu pai, foi mo-rar com o tio em BH, onde ter-minou o curso primário, no Co-légio Batista. Fez o 1º e 2º anos no Seminário Coração Eucarístico de Jesus. Após es-se período, veio para Mariana, onde terminou o curso no Se-minário Menor e cursou Filo-sofia e Teologia no Seminário Maior São José. Foi ordenado presbítero a 1/12/1957, por Dom Daniel, então bispo coad-jutor em Mariana.

Como padre, exerceu seu ministério em diversas paróquias, ora como coadjutor, ora como substituto. Dentre elas, Nossa Senhora da Conceição de Ouro Preto, Acesita, Mer-cês, Ponte Nova, Entre Rios de Minas e Santa Cruz do Escalvado.

A convite de Dom Oscar, assumiu o en-cargo de professor e coordenador disciplinar do Colégio Arquidiocesano de Ouro Preto. Foi sub-capelão militar e coadjutor de Nossa Senhora do Pilar, onde continua exercendo seu ministério. Durante esse período, dedi-cou-se também à arte e à cultura, buscando conhecimentos através de cursinhos em di-versos países, como Itália, França, Espanha e Chile.

No governo de Tancredo Neves, foi con-

selheiro do Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Histórico (IEPHA). Atualmente, é representante da Arte e Cultura da América Latina da UNESCO e conselheiro do Patrimônio Histórico Nacional.

Também já de-mos notícias do jubileu dele, em nº 2, dia 1º de dezembro. Recebemos um “santinho” dele todo sorriden-te, tendo no verso: Lembrança do Jubileu áureo sacerdotal, em 1/12/2007, na Paróquia de São José, São João del Rei. Te De-um laudamus!

70 anos de orde-nação, dia 8/12/2007, em Paula Cândido.

“Apresento-me ao Sr. como ex-aluno do velho, venerável e saudoso Seminário Menor de Mariana, desde 3 de março de 1928 até 9 de dezembro de 1933. Aos 3 de março de 1934 ficamos, provisoriamente, instalados no Antigo Palácio dos Bispos, até 15 de agos-to, quando se deu a soleníssima inauguração do Novo Seminário Maior São José, com capacidade de acolher mais de cento e cin-qüenta alunos. Hermes e Rivadávia de Cara-tinga, filhos de pai fogueteiro, deixando o Seminário do Caraça, transferiram-se para serem nossos colegas de 2º ano ginasial, em 1929. Hermes já lá no céu e seu irmão Rivadávia, também, devem se lembrar do

Pastoral ad hoc

Gens Seminarii

Escreveu-nos esta como-vente carta (15/4/2008), de pró-prio punho, enchendo duas pá-

ginas! Obrigado, Mons. Licínio, pelo seu exemplo de sacerdote. Parabéns!

Jubileus Sacerdotais

Mons. Juvenal

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62 Junho 2008

acidente sofrido no pós-festas da inauguração do Novo Se-minário. O acidente trouxe-lhe a impossibilidade de atin-gir o seu ideal: um defeito fí-sico notável. (Uma bomba lhe rebentou a mão). Padre Riva-dávia, anos depois, contou-me: A Cúria Romana deu pa-recer negativo para a ordena-ção do Hermes, mas o Papa Pio XII foi favorável. Orde-nou-se um ano depois. Resultado da grande devoção de ambos a Nossa Senhora.

Os seminaristas vindos de Campanha, Pouso Alegre e também de Juiz de Fora e Vi-tória, engrossaram nossas turmas. Éramos 8 diáconos de Mariana e 10 das Sufragâneas. Minha ordenação, com mais outros 4, acon-teceu no dia 8 de dezembro de 1937. Os ou-tros 3, por motivo de idade, ficaram para abril de 1938. Em nossa Arquidiocese, sou eu o padre mais idoso dentre nosso clero. Cinco anos depois de mim estão o Cônego José Ri-velli, de Braz Pires e Cônego Nelson Marot-ta, de Dores do Turro e Silveirânea.

Assumi a Paróquia de São José do Barro-

so, to comEm70 anoangmópredosEspmo

Monsenhocartão, portadcais a mim destim explicatiUAC.

Muito obdê, com espece alegria.”

Na 1ª partSeminário Sãhomenagens dotal, acontecna véspera.

Cônego Jadir

“Haec meminisse oli

Mons. Licínio

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Gens Seminarii Nº 3 63

mido. Justo por isso a estes duplamente feli-cito: pelo Jubileu e pela Perseverança. "

". E que cheguemos to-dos ao termo da jornada, posto que diferentes sejam os caminhos percorridos: "

".Incrível, como o tempo passa!... Agora dá

prá compreender a mensagem das "Velhas Árvores" de Olavo Bilac, ou de "Somos aque-las Palmeiras" do Moacir. Envelheçamos rin-do... como as fortes Palmeiras vão crescen-do, levando a Boa Nova aos que padecem. " ".

Nunca mais voltei a Mariana e, depois do primeiro encontro em Aparecida, a maioria há vinte anos não os vejo. Por isso imagino-os ainda com o mesmo semblante da juventu-de, ninguém careca, nenhum barrigudo, to-dos fisicamente atletas. O espelho me con-testa, mas aprendi do Magister Boyer que "

". Vitória à imaginação, portanto.Nossa turma foi sempre destacada, talvez

por ter sido a mais numerosa e heterogênea de toda a história do Seminário Maior São Jo-sé. Tinha de tudo, de intelectual a artista. Inclusive hoje, tem de tudo e mais um pouco. Nunca vi ninguém tão nervoso quanto minha excelência, nenhum tão “enxedor” (com x mesmo”) como o Marciano ( ), tão palhaço como o Piula, tão animador co-mo o Poggetto, tão dinâmico como o Raul, tão entusiasta como o Argemiro, tão comuni-cativo como o Lélio, tão “Meu Amigo” como o Torres... tão unidos como o GS-58.

Vinte e cinco anos. Trinta Padres. Perse-verantes, Laicizados, Recolhidos (na Casa do Pai). Padres, Cônegos e Monsenhores. Ne-

nhum. Nenhum Bispo até agora.. Até agora, sim, pois não creio seja tarde demais. Na pri-meira Sagração não faltarei. Até lá, e sem tar-dança.

Enfim, como são insondáveis os desígnios do Senhor! A grande lição deste tempo foi que aprendi melhor a aceitar Deus nos acon-tecimentos, e a concluir que para Ele o acaso não existe. Um acontecimento novo é sem-pre sinônimo de uma Nova Providência, cuja dimensão quase sempre nos escapa no mo-mento. “Não foi ele nem seus pais que peca-ram, mas isto aconteceu para que Deus fosse glorificado”. “ ”

Parabéns a todos. Quero dizer aos Trinta pelos Vinte Cinco. São Graças acumuladas de diversos modos, que um dia se converte-rão em Glória, “...

”.Estamos ainda distantes para nos aplicar

as loas do “ ”. Mas, com a cons-tância dos Fortes, confiança dos Humildes e audácia dos Santos, acreditamos já ter mar-cado digna Passagem, para hoje recordar e ter saudades. “

!

Do-minus conservet eos

reposita est mihi corona justitiae

Evangelizare pauperibus misit nos

major quam praemissae conclusio non vult

nolite implere!

In infirmitatibus meis...

et omnibus qui diligunt Adventum Ejus

De Senectute

Haec meminisse juvabit”. Te Deum laudamus

Concelebrantes, ainda na sacristia do Santuário de Aparecida

Dr. Geraldo Silva, Pe. João Batista e Pe. Messias

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Deixaram o ministério, mas são também“Jubilosos” de 2008:1.

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“Jubilosos” falecidos:1.

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PADRE JAIR RODRIGUES DE CASTRO: Dio-cese de São João del Rei. (Data do Jubileu: 30/11/2008). Endereço: Praça Dom Assis 76, CEP 36345-000 LAGOA DOURADA/MG. Tel. (32) 3363-1222.MONS. GERALDO TORRES: Diocese de Porto Nacional. (7/12/2008). Praça da Matriz de S. Antônio s/n, CEP 77402-011 GURUPÍ/TO. Tel. (63) 3312-2335.MONS. GERALDO VICENTE COSTA: Diocese da Campanha. (7/12/2008). Endereço: Rua Dom Inocêncio Engelke 605, CEP 37160-000 CAMPOS GERAIS/MG. Tel. (35) 3853-1209.MONS. LUÍS VIEIRA ARANTES: Diocese da Campanha. (7/12/2008). Endereço: Rua Cel. Oswald 65, CEP 37450-000 AIURUOCA/MG. Tel. (35) 3344-1264 / 3344-1241.MONS. RAUL MOTTA DE OLIVEIRA: Diocese de Caratinga. (7/12/2008). Endereço: Caixa Pos-tal 57, CEP 35300-970 CARATINGA/MG. Tel. (33) 3321-2824 / 3321-2276 / 9124-4900. E-mail: MONS. BENEDITO MARCÍLIO MAGALHÃES: Arquidiocese de Pouso Alegre. (8/12/2008). Endereço: Caixa Postal 326. CEP 37550-000 POUSO ALEGRE/MG. Tel. (35) 3421-6544 (res.), 3421-6544; 3423-8029.MONS. JOSÉ LÉLIO MENDES FERREIRA: Dio-cese de Bragança Paulista. (8/12/2008). Ende-reço: Rua Bocaína, 91, Santa Libânia. CEP 12900-000 BRAGANÇA PAULISTA/SP. Tel. (11) 4033-5121 (res.), 4034-0136.MONS. JOÃO APARECIDO DE FARIA: Arquidi-ocese de Pouso Alegre. (14/12/2008). Endere-ço: Rua Bueno Brandão 367, CEP 37550-000 POUSO ALEGRE/MG. Tel. (35) 3422-4996.PADRE SEBASTIÃO PEREIRA DAL POGGET-TO: Arquidiocese de Pouso Alegre. (20/12/ 2008). Endereço: Rua Professor Augusto Lages 83, CEP 37780-000 CALDAS/MG. Tel. (35) 3735-2551 / (35) 9977-4689.MONS. VICENTE PEREIRA GOMES: Arquidio-

cese de Pouso Alegre. (28/12/2008). Endereço: Praça Cel. Luiz Venturelli 55, CEP 37795-000 ANDRADAS/MG. Tel. (35) 3641-1110 (res.), 9959-2207. E-mail: cvpgomes@ andradas-net.com.br

GERALDO LOPES DE SOUZA: Arquidiocese de Mariana. (30/11/2008). Endereço: QS A 9, Ca-sa 5. CEP 72015-090 TAGUATINGA/DF.Dr. OLAU DE SALLES FILHO: Arquidiocese de Mariana. (30/11/2008). Endereço: Rua Vicente Solaris de Andrade 56, Gameleira. CEP 30510-200 BELO HORIZONTE/MG. Tel. (31) 3334-0646.JUAREZ ALVES AUGUSTO: Diocese de Leo-poldina. (7/12/2008). Endereço: Rua Álvaro San-tos 61, apt. 402, Vila Paris. CEP 30380-680 BELO HORIZONTE/MG. Tel. (31) 3324-7266.Dr. MAURÍLIO MATIAS MARQUES: Diocese da Campanha. (8/12/2008). Endereço: Rua Dr. Ernesto Coelho Neto, 533, S. Teresa. CEP 37410-000 TRÊS CORAÇÕES/MG.SAMUEL AURELIANO DA SILVA: Diocese de Porto Nacional. (8/12/2008). Endereço: SQS 311, Bloco G, apt. 510, Asa Sul. CEP 70364-070 BRASÍLIA/DF.

PADRE VICENTE DE PAULO CARVALHO: Arquidiocese de Mariana. (30/11/2008). Fale-ceu dia 21/12/1963.PADRE NATALINO GOTARDELLO ZUC-CATTO: Arquidiocese de Pouso Alegre. (25/12/2008). Faleceu dia 29/1/1964.CÔN. JOSÉ RENATO PEIXOTO VIDIGAL: Arquidiocese de Mariana. (20/12/2008. Faleceu dia 25/10/1993.MONS. JOAQUIM MARCIANO DE OLIVEIRA: Diocese da Campanha. (7/12/2008). Faleceu dia 30/9/1996.

[email protected]

Os “jubilosos” de 2008(Ordem cronológica do Jubileu)

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8.

9.

São do curso, mas fazem o jubileu áureo em 2009 - Vivos:

1.

2.

Falecidos:1.

2.

3.

4.

MONS. ARGEMIRO BROCHADO NEVES: Dio-cese de Valença/RJ. (7/12/2008). Faleceu dia 20/5/1998).CÔN. GERALDO MARTINS PAIVA: Arquidioce-se de Mariana. (30/11/2008). Faleceu dia 26/8/2001.PADRE OTÁVIO LOURENÇO SANTANA: Arqui-diocese de Pouso Alegre. (7/12/2008). Faleceu dia 15/1/2002.ÂNGELO LÁZARO NOGARA: Arquidiocese de Pouso Alegre. (21/12/2008). Faleceu dia 10/10/2002.PADRE JOSÉ AMAURY CARNEIRO: Arquidio-cese de Pouso Alegre. (8/12/2008). Faleceu dia 23/5/2004.

MAURO DE QUEIROZ: Diocese de Leopoldina. (5/4/2009). Endereço: Rua Manuel Soares Se-

bastião, 158, Interlagos. CEP 04775-160 SÃO PAULO/SP.MONS. MOACIR MATIAS MARQUES: Diocese da Campanha. (8/12/2009). Endereço: Pr. Major Domingos de Carvalho, 46. CEP 37002-970 VARGINHA/MG. Tel. (35) 3221-2961 (telefax) / 3221-2058 (pabx).

PADRE LOURIVAL DE SALVO RIOS: Diocese de São João del Rei. (29/6/2009). Faleceu dia 26/11/1977.JOSÉ BUENO: Arquidiocese de Pouso Alegre. (5/7/2009). Faleceu dia 28/7/1991.JOSÉ ANTÔNIO LOBO: Arquidiocese de Pouso Alegre. (5/7/2009). Faleceu dia 30/8/2003. CÔNEGO JOSÉ DE ARIMATÉIA DE PINHO: Arquidiocese de Mariana. (14/3/2009). Faleceu dia 19/6/2005.

Recebemos os votos de Feliz Natal 2007 e Ano Novo 2008 de: Dom José Belvino do Nascimento; José Amilar da Silveira; Paró-quia São José, Itajubá; Geraldo Meireles; Antônio Carlos Faria Paz, Carona Brasil, Se-bastião Burgarelli. Retribuímos com alegria a todos!

(Vespasiano, 10/7/ 2007): Com um cartão, pedindo orações, en-viou-me três folhas xerocadas da lista de to-dos os alunos do Seminário Menor de Maria-na, com data de 23 de março de 1952. Só o 1º ano tinha 62 alunos! Total 188.

(E-mail, 13/12/2007): Nossos votos de um Natal muito feliz e rico de bênçãos do Pai. Transmita esta mensagem também, por favor, ao Mons. Levy, Pe. Bore-li e ao Pe. Léssio. Com carinho, seus amigos: Ivanir, Maristela, Saulo Paulo, Juninho e Lo-rena.

(BH, 18/12/2007): Quero lhe agradecer o convite para o retiro dos padres da Diocese. Bem po-deria celebrar meu jubileu de ouro com esse retiro. Estou necessitado disto. Seria, além do mais, mais um passo nesse difícil retorno. Infelizmente, não me é possível aproveitar es-ta hora. Peço-lhe confie-me às orações des-ses irmãos, dos quais não conheço mais do que 4 ou 5. Sou (somos?) realmente um so-brevivente que a misericórdia de Deus tem mantido aqui. Preciso muito das orações. Pa-ra sair, a decisão foi rápida, veio-me à mente diante dos impasses de minha vida. Agora, pa-ra voltar, é duro. Não tenho apego a nada nem a pessoa alguma que me segure. Sempre fui desapegado e dedicado. Não é por aí. Tenho medo de mim e dos outros. Eu sou eu. Não me mudei em outro.

Encontrei o José Silvério Chaves, irmão do Abel. Mudou muito. Descarregou aquela revolta. Pediu-me para receber as publica-

Henrique Vasconcelos

José Ivanir Américo

Pe. José Jésus Gomes Araújo

Correspondências / Notícias

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66 Junho 2008

ções (quando falamos, ainda havia o GS 58). Anotei o endereço dele em um papel. Foi no ônibus. O tempo passou e me esqueci de co-municar a você. E perdi o endereço. Você tem algum jeito de atendê-lo e ligá-lo ao movi-mento?

Dia 22 de dezembro, dia em que o Jésus celebrava seu jubileu de ouro sacerdotal, fui a BH. Conversei com Dom Walmor, que ligou para ele, dando-lhe os parabéns. Passei umas horas com o jubila-do. Rezamos juntos. Ficou feliz.

(Rio de Ja-neiro, 19/12/2007): Estou Feliz porque tenho em mãos o nosso , com bela tradução “Família do Seminário. Tocaram-me especialmente as fotografias dos dois seminários, e o mundo de história que eles trazem. Ao contemplar a representação dos seminaristas, vejo-me aí nos meus 13 anos, iniciando a grande caminhada de Joel Firmino Pinto, vestido de batina, a 1ª vez. Este fato suscitou em Vermelho Novo um grande comentário: o Joel não será mais vereador, vai deixar de ser político para ser padre, já está vestido de padre lá no semi-nário de Mariana! E é verdade, para hoje e para sempre, espero em Deus. Em seguida, aparecem as fotos dos dois grandes saudosos seminários de Mariana. Quanta história está aí dentro! Vê-se a Mariana do grande arcebispo Dom Helvécio Gomes de Oliveira, de Dom Daniel Tavares Baeta Neves e de Dom Oscar, Dom José Alves Trindade, do Mons. Castilho, Cônego Cota, Cônego Braga e outros. Aí está Mariana, com este mundo de riquezas, com o seu clero jovem e promissor. Ver tudo isto é relembrar a his-tória do Joel, o Dom Columba, formado nes-ses dois seminários, com base para enfrentar as universidades européias. Chega a Roma e é-lhe sugerido passar pela bateria de exames para freqüentar as universidades da Itália. Terminados os exames, o examinador chefe

disse: Tudo bem? Eu lhe dou a nota 9,5. Aí um dos coordenadores protestou: Como po-de, um exame perfeito, com latim mara-vilhoso, domínio total da matéria, por que não a nota 10? Então o examinador chefe disse: o que eu disse está dito! Então um outro coordenador gritou: “Protesto! Nós aprendemos que o erro se corrige onde ele se encontra, e por que não agora?” Passa um mês em visita a Paris e lhe sugerem fazer lá também uma bateria de exames. Aprovação total e nota 10! Início do meu trabalho na Europa: Itália, Bélgica (onde trabalhei um mês na Abadia de Maredsous, a abadia do meu padroeiro, Dom Columba Marmion). Sugeriram-me então ir à Rússia comunista. Na fronteira, mandaram-me tirar a veste monacal. Agradeci e não fui. Dei alguns cur-sos em Paris. Despedi-me da Europa, com a promessa de voltar a Paris, para aprofundar as palestras, o que foi feito, graças a Deus.

(Valadares, 24/12/2007): Estou residindo em Governa-dor Valadares, há mais ou menos um ano e meio. Vou sempre a Caratinga, porque ainda tenho lá a minha casa para vender. Vou ter que ficar aqui, até no final da vida, porque a família adora a cidade. A cidade é realmente acolhedora, mas o calor... Hoje, 24 de de-zembro, desejo-lhe um feliz Natal. Nas suas orações, lembre-se do Cupertino.

(Juiz de Fo-ra, 9/1/2008): Dia 17 de dezembro pp., passei por uma cirurgia para extrair cálculos renais, em São Paulo, SP. Depois viajei dia 20, para Boa Esperança, onde continuei fazendo fisi-oterapia, para problemas que estou tendo nas pernas. Aproveitei esses dias todos para ficar na companhia de meu pai na fé e amigo, Mon-senhor Victor Arantes, que, no último dia 7, se tornou pároco emérito. Não me foi possí-vel, desta vez, participar do encontro do GS 58.

Nota do redator:

Gens Seminarii

Dom Columba Firmino Pinto

Dr. José Vicente Cupertino

Pe. Wagner Augusto Portugal

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Gens Seminarii Nº 3 67

Pe. Pedro Paulo (Pepê).

Pe. Werner, CSSR

Dr. Geraldo José Guimarães da Silva

Helvécio Trindade

Pedro Pereira de Almeida

Dom Eurico dos Santos Veloso

E-mail (8/1/2008): Celebro nestes dias por vocês. Abençoado 2008 para o Sr. e todo o pessoal do GS 58.

(Araraquara, 9/1/2008):Embora tenha sido através da televisão em Aparecida, fiquei feliz em revê-lo. Gostei da sua pregação: curta, clara e prática. Gravei e agora estou enviando como um presente de Nossa Senhora e do seu amigo a partir das missões. A gravação é de amador. Talvez com uma nova edição fique como o senhor merece.

(SP, 11/l/2008): No Encontro do GS 58, tive o pra-zer de constatar a presença de nossa Igreja vi-va. Nosso Encontro foi de oração, humilda-de, caridade, zelo pastoral e, principalmente, de acolhida de todos os participantes, ale-gres, felizes e esperançosos em Cristo. Mara-vilha das maravilhas! Saímos todos confor-tados no Senhor e irmanados na Eucaristia. Que esses encontros se repitam sempre!

Geraldo Tibúrcio de Almeida (São João del-Rei), José Rocha (São João del-Rei), Vicente Nolasco Costa, João Bosco Pimenta, Geral-do Vale, José Duarte Mulano, José Guilher-me Alves (Sabará), Sebastião Itamar de Queiroz, Roberto Gomes Guimarães (Cam-pos), Geraldo Majela, Humberto Cota Araú-jo (Fuinha), de Nova Era, Vicente Zeferino (Dores do Turvo), Hélio Penaforte Vale (Itabira), Geraldo Penaforte Vale (Itabira), Erich Manjud Maluf (Acesita), Felisberto Egg de Resende (Lagoa Dourada), Hélio Gonçalves Heleno (Cipotânea), José Olegá-rio, José Viana Moreira (Cipotânea), Geraldo Sérvulo Araújo (Dionísio), Helvécio Pires Araújo, Edmar Rodrigues (Lagoa Dourada), Murilo Silveira, Marino Costa Silva, Moacir Miranda (São João del-Rei).

(BH, 11/1/2008) Espero que tenha feito uma boa viagem de retorno a Caratinga. Foi muito agradável e confortante o nosso encontro lá pelas bandas de Apareci-da. Rosana e eu viemos contando casos e lem-brando fatos dos dois dias de convivência que lá tivemos. Obrigado por isto!

(Barbacena, 18/1/2008). Estou-lhe enviando a lembrança da comemoração das festas de minhas (nos-sas) “Bodas de Ouro” e também o livrinho da cerimônia religiosa. A missa foi celebrada pe-lo padre Wellerson. Participou o nosso amigo aqui de Barbacena, o diácono Rodolfo Andrade. Também numerosos conterrâneos e amigos que lotaram a Igreja Matriz do Bom Pastor de Barbacena. Estou fazendo chegar às mãos de V. Revma. um cheque do Banco do Brasil. Desejo me filiar à “AEXAM” e pe-ço-lhe a gentileza de me informar a data do encontro da AEXAM. Por favor, mande-me notícias de nosso amigo, Dom José Heleno e também do saudoso e querido amigo, e pro-fessor, padre Efraim Solano Rocha.

(Juiz de Fo-ra, 21/1/2008): Recebi a Revista “

”, para nós o sempre GS-58. Digo-lhe, com sinceridade, com saudosismo. Contudo, como sempre aconteceu, faço uma interrup-ção nas minhas ocupações ordinárias e dedi-co-me o tempo necessário para o conheci-mento das notícias do GS-58 e agora, as de-mais, embora sem muito entusiasmo, pois, são os de tempos e de pessoas que não conhe-ci.

Infelizmente, não tenho tido condições de participar dos encontros do Grupo, pois, coincidem com outras obrigações pessoais assumidas mas que não dependem somente de mim. Feliz foi a idéia de dar continuidade ao GS-58 com a revista “ ”. Assim as raízes continuam com um “enxer-to” de novos galhos, mas com o mesmo sa-

Enviou-me, por e-mail, os nomes de colegas que deixaram, no seu caderno de poesias, alguma recordação (1949-1955):

Gens Semi-narii

Gens Seminarii

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68 Junho 2008

bor. Contudo, não se pode perder o assunto principal do GS-58, enquanto algum mem-bro do grupo existir.

No que se refere à contribuição financei-ra, julgo importante não depender de esmola, de verbas ocasionais, mas de algo permanen-te, com que se pode contar sempre. Assim, su-giro: colocar o preço de sua assinatura. Dei-xar livre a opção de uma contribuição maior. Não ficar dependendo somente ou na maior parte dos membros do GS-58, pois já são pou-cos e já têm as suas necessidades maiores de sobrevivência (os remédios não são baratos, já são eméritos, etc.). Julgo que os membros da AEXAM deverão assumir mais a revista. Cem assinaturas a 50,00 reais, no mínimo, ca-da uma, ajudaria muito, acredito eu. Envio-lhe uma contribuição de R$ 100,00. No mais, desejo-lhe um ano de 2008 com muitas bên-çãos de Deus sob a proteção de Maria, nossa Mãe.

(Ouro Preto, 30/1/2008): Agradeço-lhe o envio do “pe-queno-grande” GS-58, desde a sua criação, até à sua metamorfose em “ ”, por todos nós aplaudida. Foi um instrumento que manteve a unidade entre nós, ex-alunos do querido e inesquecível Seminário de Mari-ana. Você sabe quanto eu prezo a unidade. Tanto é verdade que fui procurar, para lema do meu episcopado, uma mensagem bíblica que falasse de unidade. E a encontrei, em Efé-sios 4, 13: “ ”, para a unidade da fé.

Você merece todo o nosso aplauso, Mons. Raul, pela sua vitoriosa iniciativa, ho-je coroada de êxito, com a valiosa colabora-ção do Seminário de Mariana e da AEXAM. Desse trio perfeito, que lembra também a Trindade Santa, só poderia surgir a "Revista

," que já nasceu forte e bem acolhida por todos que temos o privilégio de recebê-la. Em sinal de minha gratidão, so-bretudo pelo número 2 da Revista

que destacou, de maneira generosa, o Jubileu Áureo Sacerdotal do Cônego Simões e meu, incluo uma modesta ajuda, para cola-borar na manutenção da nossa Revista que es-tá primorosa.

Infelizmente, não me foi possível parti-cipar do encontro do GS-58, em Aparecida, como era meu desejo, pois a data prevista co-incidiu com um retiro espiritual que fui cha-mado a orientar, em Valença, do dia 7 ao dia 15 de janeiro, para os Religiosos Orionitas. Se Deus quiser, no dia exato de suas Bodas de Ouro Sacerdotais, eu pretendo estar pre-sente, fazendo uma unidade, toda especial, com você e seus colegas de turma, todos eles, tão amigos. Juntos, agradeceremos a Deus por lhes ter concedido a graça de um sa-cerdócio fecundo, a serviço do Reino.

(San-tana dos Montes, 12/2/2008): Primeiramen-te, gostaria de agradecer muito pela tão im-portante “ ”. Estou escreven-do a fim de, novamente, mudar de endereço. E quero, muitissimamente, continuar rece-bendo tão sublime revista. Gostaria de man-dar uma contribuição em dinheiro. Para isso, preciso de sua conta bancária.

(São Jorge d'Oeste, 16/2/2008): De vez em quando passo horas e horas lendo o GS-58 e agora a

. Como é gratificante rememorar os idos das Minas Gerais, do Seminário, dos cole-gas, das cidades etc., o Caraça sempre na me-mória! Já estive visitando o túmulo do Pe. Pe-dro Sarnel. Em novembro pp., novamente ti-ve que me internar nos hospitais de Cascavel, pois o minguinho do pé esquerdo estava bri-gando com o seu vizinho. Graças a Deus, es-tou bem recuperado. Caso contrário, aconte-ceria como o do pé direito, que levou a perna ao cemitério e agora ando com uma prótese.

Na agenda anotei a ida a Aparecida, no

Dom Francisco Barroso Filho

Padre Vicente de Paulo Souza Nunes

Padre João Nalon

Gens Seminarii

in unitatem fidei

Gens Seminarii

Gens Semi-

narii

Gens Seminarii

Gens Semina-rii

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Gens Seminarii Nº 3 69

início de janeiro. O homem propõe mas Deus dispõe. Contudo estive unido nos mementos da Santa Missa. Em princípio de novembro pp., estive com mais uma romaria ao Santuá-rio Nacional, completando a 50ª romaria de nossa Paróquia, desde que me encontro aqui.

Amanhã, dia 17/2/2008, Dom José Antô-nio Peruzzo, nosso bispo diocesano, estará aqui para dar posse ao novo Pároco de São Jorge. Tive a graça de iniciar a paróquia no dia 1º/1/1965, completando 43 anos e 47 dias de Pároco. O meu substituto será o Pe. Nori José Broch, catarinense, palotino, que agora se tornou diocesano. Vou continuar no mes-mo lugar, como Vigário Paroquial. São mui-tas as recordações: alegrias, dificuldades, vi-tórias, derrotas, em todo este tempo... Valeu a pena! No primeiro ano de trabalho, foram fei-tos quase 500 batismos. No ano findo, não al-cançamos os 50. A agricultura está se esvazi-ando, os jovens só pensam de morar nas cida-des. “ ”... Espero que, ten-do menos obrigações, possa tirar umas folgas e, por quê não, rever as Alterosas? Estou envi-ando minha modesta colaboração no valor de R$ 500,00. Ad Jesum per Mariam: Salve o sesquicentenário das aparições em Lourdes!

(Maria-na, 11/3/2008): Com o apreço e a estima de sempre, em comunhão de orações e amizade, faço minhas as palavras desta bênção irlan-desa: "Que o caminho seja brando aos teus pés. / O vento sopre leve em teus ombros. / Que o sol brilhe cálido sobre tua face, as chu-vas caiam serenas em teus campos. / E até que eu, de novo, te veja, Deus te guarde na palma de Sua mão.”

(Ipatinga, 28/3/2008): Giscelle e Felipe nos convida-ram para seu casamento neste dia. Ela é filha de Japhé Roque de Souza e de Maria das Gra-ças Souza de Andrade; ele, filho de José Ami-

lar da Silveira e de Sandra Mara Aguiar da Sil-veira. Parabéns!

(telefonema, 9/4/2008): Está vindo de Aparecida. Agradeceu cartão de Páscoa. Pedi-lhe representar-me também no jubileu do Jadir.

(Go-iânia, 10/4/2008): Obrigado pelo seu cartão com a fraterna mensagem com augúrios de Páscoa. Eu me encantei com sua memória, uma expressão de caridade, lembrando-se do velhinho daqui de Goiás, este colega do lon-gínquo 49, em Mariana. Já pensei em partici-par dos encontros programados pelo GS 58. Certamente me faria um bem imenso. Receio que me sentiria um estranho no ninho. Mas, quem sabe? Mesmo no entardecer da vida, não seria impossível acontecer, pois sei que estaria sempre entre irmãos muito queridos. Caríssimo Mons. Raul, Deus o guarde sem-pre assim: fraterno, atencioso, irradiando a bela caridade sacerdotal. Vai uma simbólica contribuição para os custos do GS 58 (R$ 80,00).

(Mariana, 14/4/2008): Envio-lhe estes dois textos: um sobre o "Pároco" e outro sobre os "10 Man-damentos do Sacerdote". Foram escritos com o simples desejo de colaborar com nos-sos seminaristas, em seus estudos, e em sua formação. Aproveito o ensejo, para agrade-cer, também, a Revista " ". Co-mo sempre, elaborada com muita arte, pri-mando pelo conteúdo e pelo bom gosto. Para-béns por esta iniciativa! Va-mos transcrever, se couber neste número da

, o maravilhoso capítulo “Espiritualidade do Pároco” e ainda os “10 mandamentos do Sacerdote”.

(Não coube. Fica para o próximo número, se Deus quiser).

O tempora, o mores

Gens Seminarii

Nota do Redator:

Gens Seminarii

Padre Marcelo Moreira Santiago

José Amilar da Silveira

Côn. Agostinho

Mons. Aldorando Mendes dos Santos

Padre José Cassimiro Sobrinho

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70 Junho 2008

(EXTRAÍDO DO TRABALHO “O PÁROCO”)

Pe. José Cassimiro SobrinhoProfessor no Seminário de Mariana

OPároco deve santificar-se no exercí-cio do seu ministério. Esta é a espiri-

tualidade própria do padre diocesano. Cum-

A ESPIRITUALIDADE

DO PÁROCO

Dom José Carlos de Lima Vaz S.J.(Bispo emérito de Petrópolis - Rio deJaneiro, 21/01/2008). Caro Pe. Lauro, Paz!Agradeço de coração o Gens Seminarii.Recebi em Santa Rita nos dias em queestou me submetendo ao ritual, hoje tãocomplicado, do pré-operatório para acirurgia dos olhos (catarata) que devo fazerno final do mês. Para mim a revista foi umcolírio especial. Li tudo e só posso felicitarmeu jovem conterrâneo, o caro MonsenhorRaul e o pessoal da AEXAM pela feliziniciativa de reunir numa só publicação oSeminário, a AEXAM e o GS 58. Gosteimuito de excelente crônica da posse de DomGeraldo, da notícia da ordenação diaconalem Saramenha, do seu trabalho sobre aVocação Sacerdotal. Mas para mim, éóbvio, o ponto alto foi o registro, em textos(Mons. Flávio e Dom Belvino) e fotos, doJubileu de Ouro Sacerdotal dos meusqueridos Dom Barroso e Cônego Simões -glórias da nossa Ouro Preto! Confirmominha ida para o Retiro dos Seminaristasde Mariana. Se tudo der certo deverei estarem Ouro Preto ajudando o Simões naQuarta-feira de Cinzas, dia 6 e no dia 7estarei em Mariana às suas ordens! Umabraço amigo e fraterno em união eorações,

prir, com fidelidade, sua missão. Preparar-se, mediante o estudo e a oração, para ahomilia e para os outros tipos de pregação.Lembrando-se de que deve ensinar não asua sabedoria ou opiniões pessoais, mas apalavra de Deus, guardada e interpretadapelo Magistério Eclesiástico. O povo temdireito de aprender a sã doutrina.

Celebrar a Santa Missa e administraros Sacramentos e Sacramentais, com fé,piedade, amor e devoção. Sem pressa e semimprovisações. Seguindo, com obediênciafilial, as determinações litúrgicas, amana-das da competente autoridade da Igreja.Atento ao princípio: Lex orandi, lex cre-dendi.

Acolher bem os paroquianos, como opai acolhe os filhos. Cultivar, para isso, asqualidades do Bom Pastor, Jesus Cristo, quenão veio para ser servido, mas para servire dar a vida por suas ovelhas.

Preparar-se para a Santa Missa evalorizar o momento de ação de graças.Preceder os fiéis, na visita ao SantíssimoSacramento, fazendo dela uma extensão daCelebração Eucarística (Eccl. de Euch.,25).

Aproximar-se, com freqüência doSacramento da Penitência, que purifica ocoração e fomenta a espiritualidade; fazer,quotidianamente, o exame de consciência;ter um bom diretor espiritual; não se es-quecer da meditação, todos os dias, e re-servar um espaço de tempo para uma boaleitura espiritual.

Recitar a Liturgia das Horas, comoum compromisso sagrado, assumido comDeus e com a Igreja, no dia da ordenação

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Gens Seminarii Nº 3 71

diaconal. É o pastor rezando por suas ove-lhas. Além de ser um substancioso alimen-to espiritual é, ainda, uma questão de justi-ça para com o povo de Deus, entregue aosseus cuidados.

Cultivar uma serena e sadia devoçãoa Nossa Senhora, de quem o Sumo Sacer-dote, Jesus Cristo, recebeu não só a vidacorporal e a fisionomia, mas, também, ostraços da ternura, da bondade, do acolhi-mento e do amor.

Considerações finais

1. Na estrutura atual da Igreja, a funçãode Pároco é essencial para a vida daIgreja Particular, que deve ser, necessa-riamente, dividida em Paróquias. E, naparóquia, “o Pároco deveria ser um íco-ne da presença do Cristo histórico. É aexigência da configuração a Cristo queressalta esse compromisso prioritário”(Presb., pastor e guia, 19).

2. Diante da riqueza teológica e jurídica dopároco, nada justifica que algumas pa-róquias sejam regidas por Administrado-res Paroquiais, cujo oficio é, por si mes-mo, provisório. Alguém que dirige umaparóquia vaga, até que seja nomeado seunovo pastor. Cargo semelhante ao doAdministrador diocesano. Função inte-rina.

3. Da função paterna do pároco deriva suanecessária estabilidade, na paróquia.Desta depende o exercício eficaz do seutríplice múnus e de sua dinâmica admi-nistração, tanto no campo espiritual quan-to no temporal. Daí, a sábia advertênciado legislador, determinando que o Páro-

co seja nomeado, como norma geral, portempo indeterminado.

4. Sempre que o bem da Igreja e a salva-ção das almas o exijam, o Pároco deveestar sempre disponível para prestar seufrutuoso trabalho em outras paróquias ououtros ofícios. A transferência visa a boaorganização da Diocese, a distribuiçãoeqüitativa das funções e o bem do seuclero. E tudo isso tem, como objetivo, aevangelização: tornar Jesus Cristo co-nhecido e amado, para que o mundo sejasalvo.

5. E é no âmbito das paróquias, que acon-tece, normalmente, o contato mais ime-diato da Igreja com todo o povo. Daí,nasce a importância do Pároco. Nele tor-na-se presente Jesus Cristo, como ca-beça de seu Corpo Místico, o Bom Pas-tor, que cuida de cada ovelha (Id. 29).

6. No exercício de sua missão pastoral, opároco deve cuidar-se para não cair noperigo do “funcionalismo”. Como pastorpróprio, ele não é um funcionário que de-sempenha um papel e oferece serviçosa quem os pede. Como homem de Deus,ele exerce, de modo integral, o seu mi-nistério (Ib., 22).

7. De tudo isso se pode concluir que o pa-dre diocesano se realiza, plenamente, nasua função de Pároco. Antes de assu-mir qualquer outro compromisso, naIgreja Particular, deveria passar, primei-ro, por esta gratificante experiência sa-cerdotal.

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72 Junho 2008

Presbítero, Discípulo e Missionário de Jesus Cristo na América Latina.

Notas Históricas

Procura do eterno presente:

Bodas de Ouro de Pedro e Ana Maria.

Planejamento 2008 e A Medalha,

É o texto-base para o 12º Encontro Nacional de Presbí-teros, acontecido de 13 a 19 de fevereiro de 2008, em Itaici. Dom Anuar Battisti, arce-bispo de Maringá/PR, presidente da Comis-são Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada; e Pe. José Pietrobom Rotta, Presidente da Comissão Nacional dos Presbíteros, na Apresentação, agradeceu a contribuição de Pe. José Oscar Beozzo, que elaborou o texto, com muito carinho e muita competência. Após um estudo do tema passando pelos 4 evangelhos, analisa-se a vida do presbítero hoje, a pas-toral, a acolhida, a oração e contemplação, a caridade pastoral, a vida de comunidade, ser povo de Deus, as bem-aventuranças. Mara-vilhoso, o estudo do Presbítero nas Confe-rências Gerais do Celam, a partir do Concílio Plenário Latino-americano, em 1899. E ao falar das Pastorais Coletivas, o autor sa-lientou a importância da Pastoral Coletiva de 1915, muito conhecida de nós mais antigos: “Síntese amadurecida e prática das quatro reuniões anteriores (1901,1904,1907 e 1911), tornou-se um precioso pastoral, concisa e elegante, que revela a pena privilegiada de Dom Silvério Gomes Pimenta, arcebispo de Mariana, membro da Academia Brasileira de Letras”.

(de Goiânia), por Mons. Nelson Rafael Fleury, com 146 páginas. No Prefácio, Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, arcebispo emérito de Goiânia, faz-nos uma biografia laudatória de Mons. Fleury, ex-aluno do Seminário São José, de Mariana, on-de concluiu o curso de filosofia e fez teolo-gia, terminado em 1950. No capítulo sobre a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, fala so-

bre os dois padres, nossos ex-colegas de Ma-riana, Cônego Alberto Mendes e Cônego Aldorando Mendes dos Santos, curas da Cate-dral, de 1969 a 1984. “Cônego Alberto era go-iano de Buriti Alegre. Fez seus estudos no Se-minário Santa Cruz/GO e em Mariana/MG. Cônego Aldorando é mineiro, de Uberlândia, mas veio criança para Goiânia. Fez seus estu-dos no Seminário Santa Cruz, no Seminário de Mariana e concluiu Teologia em Via-mão/RS.” Conta-nos seus trabalhos pastora-is. E o jubileu de prata de Mons. Aldorando, aos 2/3/1983; e sua transferência, em 1984, a pedido dele, para a paróquia de Itauçu.

outro livro de Oiliam José, 142 páginas, 2008, BH. O autor, já nosso conhecido, é membro da Academia Mineira de Letras. É o seu 32º livro publica-do! Abrangem as áreas de História (10), His-toriografia (2), Biografia (3), Sociologia (4), Literatura (2), Etnologia (1), Poesia (2), Me-mórias (1) e Religião (7).

Ca-derno de celebração eucarística. Ele, Pedro Pereira de Almeida, foi seminarista em Mari-ana. Celebrou, em Barbacena, aos 4/2/2007 os 50 anos de seu casamento com Ana Maria Milagres de Almeida: 8 filhos e 6 netos. Para-béns do GS 58.

Paróquia Nossa Senhora das Graças da Medalha Mila-grosa, Brasília, DF. Caderno muito bem ela-borado, 36 páginas, com toda a programação pastoral do ano, com ilustração a cores para cada mês. E um lindo programa da Semana Santa. O pároco foi disciplinário do GS 58, em Mariana, Pe. Luiz de Oliveira Campos CM (nosso Pe. Luiz Gonzaga) e o vigário pa-

vade-mecum

Publicações Recebidas

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roquial, Pe. Getúlio Grossi CM (que já pre-gou missões em Caratinga). “A Medalha” é o jornal da Paróquia. O número de março de 2008 trouxe dados biográficos de Pe. Getúlio Mota Grossi: nascido em Silveirândia/MG, a 15/11/1930. Estudou em Petrópolis. Ordena-ção Sacerdotal (31/7/1955). Cursos: licenci-atura em filosofia (Paris 1961-1963), Medi-cina (Juiz de Fora 1969-1973), especializa-ção em Cirurgia Geral (São Paulo 1976-1977). Ministério: Diamantina, Mariana, Pe-trópolis, São Paulo, Cametá/PR, Jacutin-ga/MG, Carinhanha/BA e Campina Ver-de/MG.

lan-çado em outubro de 2007, do aexano Fábio Madureira, formado em letras na Universi-dade Federal de Minas Gerais e especialista em educação. O livro tem como subtítulo “Energia Material Humana e Sexualidade”. Na obra, diz Ellen Cristie, ele destaca que o ser humano só conseguirá vencer a angústia e a infelicidade dos tempos modernos se re-conquistar, coletivamente, a consciência so-bre a própria energia material e recuperar o conhecimento gerado pela sabedoria popu-lar, desprezada pelo modelo de racionalidade mecânica que hoje impera como expressão máxima da cultura patriarcal. Fábio Madure-i i t t ONG “S i”

cantinho do “do jornal ou dno envelope: Centro - 8821tura anual do jtor: Prof. Gil9983-5537, e-

Calafate, BH40 (jan./fev./mação Internacdada por São primeira fundcomposta hojgações religiovimentos). Ponhecida comoDamas) da Capaíses, com 2mente femininRoma uma Asgadas, sendo esileira Marlei

Jorário, Itajubá,páginas. O pára, celebrou sdia 22/1/2008

Racionalidade da Sabedoria Popular,

Informativo

Fatos e Fé:

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74 Junho 2008

GS 58 na Revista A revista ÉPOCA, Nº 505, de 18/1/2008,

publicou matéria de Nelito Fernandes, com o título provocativo “Quando casar é pecado”. Traz depoimento de vários padres que deixa-ram o ministério, inclusive do nosso colega Mauro de Queiroz. Aqui apenas alguns tópi-cos.

A organização Rumos, que reúne os sa-cerdotes que deixaram o ministério, estima haver no Brasil 8 mil padres que se casaram. No mundo, eles seriam 150 mil. É um núme-ro expressivo. Pelos dados do Vaticano, há 400 mil padres em atividade.

A saída do ministério costuma ser dramá-tica para quase todo padre. “Deixar a batina não é como trocar de emprego, sair de um banco e ir para o outro. É deixar para trás uma opção de vida, os votos feitos, o comprometi-mento assumido”, diz o psicanalista João Ba-tista Ferreira. Para Armando Holyzewski, presidente da associação Rumos, o celibato deveria ser opcional. O Reitor da Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutor em Direito Canônico, Pe. Jesus Hortal diz que o celibato segue o ensinamento de Cristo, que o teria defendido para dar mais li-berdade à pregação. “Jesus exortou os prega-dores a permanecerem célebes como ele, a se-guir seu exemplo para ter disponibilidade completa para a pregação.” Hortal afirma que os padres precisam de dedicação exclusi-va e não podem perder tempo com questões familiares quando têm assuntos da Igreja a tratar. “É uma medida disciplinar e uma ques-tão de prudência.”

O Pastor da Igreja Batista, Clemir Fernan-des diz: “O trabalho pastoral envolve aconse-lhamento familiar. Como alguém que não constituiu família pode falar sobre casamen-to?” Hortal afirma que esses argumentos não são válidos. “Um médico precisa já ter sofri-do a mesma doença para poder tratar o paci-ente?”

“A pedofilia na Igreja é conseqüência di-

restaurar a antiga Rede Mineira de Viação: prevê-se o “Trem Turístico Conservatória a Santa Isabel do Rio Preto”, semanalmente.

nº 54 (jul. a set. 2007). A JOC comemorou 50 anos de peregrinação de 185 jocistas a Roma, em 1957. Saíram do Rio dia 31/7/1957 e chegaram a Roma em 20/8! Dia 20/8, encontro com o Papa Pio XII. Eram jovens trabalhadores do mundo inteiro! Os 50 anos dessa ida da JOC a Roma, com Pe. Agostinho Pretto, foram comemorados no Rio, dia 31/7/2007, no edifício João Paulo II, ao lado do Palácio São Joaquim. NB - A JOC me traz muitas lembranças dos meus primei-ros anos de padre, em Caratinga. Antes de ser reitor do seminário, dava assistência aos jo-vens trabalhadores. Um grupo daqui foi a Pe-trópolis, em 1961, para um Congresso Inter-

nacional da JOC, com a presença do funda-dor, Pe. Cardjin.

De Pe. Efraim Solano Rocha, 224 páginas, Editora Dom Viçoso, Mariana. Todo em papel e policro-mia. Com várias dezenas de fotos. Pe. Efraim foi pároco em Urucânia, de 1954 a 1961. O li-vro, num português castiço, compõe-se de inúmeras lembranças de pessoas de Urucâ-nia do seu tempo. Gostoso de ler. Termina com uma galeria de fotos do seu Jubileu de Ouro Sacerdotal, quando a cidade o homena-geou, dia 22/11/1997. - O lançamento acon-teceu em Urucânia, no Salão construído por ele e agora reformado, dia 26/3/2008. Tive a alegria de estar presente e abraçar o nosso an-tigo professor no Seminário Menor.

ANPB Informa: Urucânia Graciosa.

couché

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reta do celibato”, afirmou Arnaldo Jabor, ex-semina-rista, num artigo publicado no jornal O Globo. Hortal rebate. “Isso é uma estupidez sem ta-manho. A pedofilia não se dá exclusivamente entre pessoas célebes, dá-se também entre os casados. Aliás, a imensa maioria dos pedófilos é casada”, diz.

Doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma, Paulo Fernando Car-neiro de Andrade afirma que o celibato pode ser revisto porque não é um dogma da Igreja, mas uma disciplina ecle-siástica. Segundo ele, em dois episódios, pa-dres casados puderam exercer o sacerdócio na Igreja Católica. Os papas Pio XII e João Paulo II ordenaram pastores anglicanos casa-dos que se converteram ao catolicismo e vira-ram padres. O celibato, diz Andrade, vale ape-nas para a Igreja latina. Na Ucrânia e no Líba-no, padres católicos podem ser casados, por-

que a Igreja Católica do Ori-ente permite.

Foi inconformado com o celibato que o padre Mauro Queiroz, hoje com 75 anos,

diz que deixou a batina. Ele é da turma de 58, casou-se com Maria Regina em 1974 e hoje têm três filhos. “Não me arrependo. O futuro de um padre é muito triste. Ele não tem famí-lia, não tem quem cuide dele na velhice.”

Não é bem assim, Mau-ro. Não tenho medo nenhum de morrer de-samparado. O nosso povo tem um carinho imenso com os padres, graças a Deus!

Os padres casados costu-mam citar o exemplo da turma de 1958 do seminário de Mari-ana, Minas Gerais, para mos-trar como o casamento de sa-cerdotes afeta o catolicismo. Dos 29 formandos daquele ano, sete morreram, oito se ca-saram e 14 continuam exer-cendo o ministério.

Nota do Redator:

Mauro e Maria Regina

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76 Junho 2008

NecrológioDom Estêvão Bettencourt

Faleceu dia 14 de abril, aos 89 anos. Foi sepultado no claustro do Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro. Nome civil: Flávio Estêvão Tavares Bettencourt. Nasceu a 16/9/ 1919, no Rio de Janeiro. Pais: Antônio de Souza Bettencourt e Maria Tavares Bettencourt.

Um dó não termos espaço para transcrever tudo o que so-bre ele escreveu Pe. Pascoal Rangel SDN, em O Lutador, de 1º a 10/5/2008. Vamos resumir: Começou seus estudos em Paris, onde viveu dos quatro aos quase nove anos. Regressando ao Brasil,

continuou o curso no Colégio S. Bento (Rio de Janeiro). A convivência com os benediti-nos acabou por levá-lo a consa-grar a vida totalmente a Deus se-gundo o carisma dos monges. Dominava o grego, o latim, o francês, o inglês e o alemão. Enviaram-no para Roma, a fim de doutorar-se em Filosofia e Teologia. No ano de 1945, vol-tou ao Brasil. Tinha 26 anos ape-nas. Mas encontrou o seu queri-do Mosteiro de São Bento, no

Rio, num dos seus momentos de maior vitali-dade. Dom Abade Tomás Keller vivia um ins-tante luminoso. Uma porção de jovens uni-

Turma de 55, no 2º ano de teologia. Antônio das Mercês é o destacado.

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versitários, médicos, advogados, engenhei-ros haviam escolhido o Mosteiro para viver sua entrega a Deus, descoberto através do Movimento Litúrgico. Nesse ambiente, Dom Estêvão começou entusiasticamente sua mis-são no Brasil. Foi professor, catequista, es-critor, pregador. Gostaríamos de chamar aten-ção para o admirável trabalho de catequista, não só através do Curso por correspondência “ ”, mas da publicação men-sal da revista “ ”, cuja coleção é uma verdadeira enciclopédia, redigida só por ele. Comentava os livros polê-micos que estavam nas listas dos mais vendi-dos. Sua capacidade de ler e se informar era espantosa. Leiam os seus dois livros mais ela-borados: “

” e “ ” e ve-jam, por vocês mesmos, se ele não merece respeito.

Faleceu, em Juiz de Fora, na madrugada de 8 de maio, aos 75 anos, o Pe. Antônio das Mercês Gomes. A Celebração de Exéquias foi presidida por Dom Eurico dos Santos Ve-loso. Fora internado dia 6 de maio, já com sin-tomas do infarto. De acordo com a certidão de óbito, ele faleceu de parada cardíaca.

Pe. Antônio das Mercês Gomes nasceu em 24/9/1932. Fez Seminário Menor em Juiz de Fora e Mariana; curso de filosofia e de teologia no Seminário São José, em Mariana (1948-1955); e foi orde-nado sacerdote em 11/12/1955. Atu-ou nas cidades de Bias Fortes e Rio Novo. Notabilizou-se no trabalho apostólico das , um verdadeiro reavivamento da fé, pre-gando a Palavra de Deus e a inserção pastoral em todos os recantos de nos-so Brasil. Atualmente prestava aten-dimento na Casa das Irmãs Filhas da Santíssima Virgem Imaculada de Lourdes.

Deu um grande testemunho de dis-

cípulo-missionário de Jesus Cristo, disse Dom Eurico.

Faleceu dia 21 de maio, Cônego Martinho Reis Pereira Gaio, internado desde o dia 1º, na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fo-ra, depois de uma grave cirurgia cardíaca. Nascido em Juiz de Fora, a 6/1/1925. Fez Fi-losofia (1964-1965) e Teologia (1966-1969), no Seminário São José, Mariana. Recicla-gem Teológico-Pastoral (1984), reciclagem Pastoral Familiar (1985). Foi ordenado pres-bítero no dia 26/6/1949. Locais onde atuou: Paróquia Nosso Senhor dos Passos, Rio Pre-to; Paróquias Nª Sª de Lourdes, Nª Sª Apare-cida, Nª Sª da Conceição e São Benedito, to-das em Juiz de Fora; Paróquia de São João Nepomuceno e Paróquia São Sebastião, Chá-cara/MG. Cargos na Arquidiocese de Juiz de Fora: Professor e Diretor Espiritual do Semi-nário Arquidiocesano Santo Antônio, Coor-denação Pastoral (1966-1969 / 1980-1982), Assistente Eclesiástico Diocesano da J.D.C.

Dia 4 de maio do ano passado faleceu seu irmão, Pe. José Pereira Gaio. O GS nº 2 pu-blicou depoimento do próprio Pe. Martinho Gaio sobre ele. Deixamos ao outro irmão, o Diácono Antônio Pereira Gaio e a todos os fa-miliares, bem como à Arquidiocese de Juiz de Fora, o nosso abraço amigo.

Mater EcclesiaePergunte e Responderemos

Para entender o Antigo Testamen-to Para entender os Evangelhos

Jornadas Cristãs

Padre Antônio das Mercês Gomes

Cônego Martinho Gaio

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78 Junho 2008

Meu caro irmão e amigo. Por bondade de Pe. Lauro, estouramos o limite de nossas páginas nesta nº 3. Em vez de 20, ocupamos 24! E ficou ainda muita coisa para o próximo número, como a reportagem sobre o centenário de nascimento de Dom Delfim Ribeiro Guedes, acontecido dia 2 de maio; a Carta do 12º ENP aos Presbíteros; aquele estudo do Pe. José Cassimiro, tão bem feito; etc. Também peço perdão aos nossos missivistas, ter sido obrigado a resumir as correspondências.

Queríamos aqui fazer uma prestação de contas dos dois números da .

: Gráfica R$ 3.500,00 + Correio R$ 1.646,17. Total das despesas: R$ 5.146,17. Receita: AEXAM: R$ 1.000,00 + 750,00 +

824,00 = R$ 2.574,00. Recebi de ofertas: R$ 1.090,00. Total da Receita: R$ 3.664,00. Déficit: R$ 1.482,17. Gráfica R$ 4.450,00 + Correio R$ 2.332,75. Total das despesas: R$ 6.782,75. Receita: AEXAM: R$ 2.225,00 + 1.166,00 = 3.391,00. Recebi de ofertas: R$ 350,00 + 1560,00 = R$ 1.910,00. Total da Receita: 5.301,00. Déficit: R$ 1.481,75.

Meu gesto final neste nº 3, é um grande abraço a todos vocês, com muita alegria E um pedido: Rezem por nós, jubilandos de 2008, uma Ave Maria. Ajudem-nos a agradecer a Deus por todas as graças recebidas nestes 50 anos. Obrigado por tudo. Em Jesus e Maria,

Gens Seminarii

Gens Seminarii

Gens Seminarii

in Domino.

Nº 1

Nº 2:

Mons. Raul Motta de Oliveira-

A União Apostólica do Clero (UAC) esta-rá realizando, na Casa de Retiros São José, em BH, a sua 1ª Assembléia Nacional, de 14 a 17 de julho próximo.

Teremos a presença, se Deus quiser, de Mons. Júlio Botía, que vem de Roma só para isso. Aprofundaremos as contribuições da UAC, o seu jeito mais que secular de aproxi-mar os padres, como consta no Estatuto, em seu nº 1: “A União Apostólica do Clero é uma associação aberta a ministros ordenados dio-cesanos, que se empenham na ajuda recípro-ca, para realizar em plenitude a vida segundo o Espírito, mediante o exercício do ministé-rio. A sua nota característica consiste em pri-vilegiar a fraternidade que promana do Sa-cramento da Ordem, com a finalidade de fa-vorecer no clero e na Igreja uma vida de co-munhão, inspirada no modelo dos apóstolos com Cristo, imersa na comunhão da Trinda-de e expressa na caridade pastoral”.

Será estudado, com a ajuda de um asses-

sor, um pouco da Pastoral Presbiteral, segun-do o e as novas

. Estamos convidando você, padre dioce-

sano ou diácono, para vir participar dessa 1ª Assembléia da UAC, se possível junto com mais algum padre ou diácono ou, melhor ain-da, com o seu Bispo. Trazendo a sua contri-buição e suas experiências na pastoral pres-biteral.

A UAC Diocesana está radicada na Igre-ja particular, a serviço de todo o seu clero, em comunhão com o próprio Bispo. Pode ser constituída com um mínimo de cinco mem-bros. Deve ser ereta e aprovada pelo Bispo. Só depois, é agregada à UAC Internacional (Estatuto, nº 39-40).

Estamos pedindo suas orações e de todo o seu Presbitério por essa 1ª Assembléia Na-cional da UAC-Brasil. Desejosos que seu Presbitério seja cada vez mais unido, mais amigo, mais participativo, mais samaritano, mais santo. Com a bênção da Virgem Mãe.

Documento de Aparecida Di-retrizes Gerais da CNBB

Assembléia Nacional da UAC

Palavra final

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80 Junho 2008