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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Curitiba - PR – 04 a 09/09/2017
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Georges Perec e o Monitoramento de Mídias Sociais: algumas aproximações e
possibilidades1
Tarcízio SILVA2
Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP
Resumo
A obra de Georges Perec tem sido reapropriada para diversos outros fins em disciplinas
como sociologia, psicologia e geografia. O presente artigo oferece uma revisão de
algumas dessas reapropriações, com ênfase na pesquisa de viés sociológico e
comunicacional ressignificada com potencialidades e restrições próprias do registro e
resgate do cotidiano nas mídias sociais, incluindo leitura crítica de um estudo de caso.
Palavras-chave: pesquisa; mídias sociais; Georges Perec; cotidiano; monitoramento de
mídias sociais
Pesquisa em Mídias Sociais e a multiplicação dos intérpretes
Fatores como abundância de dados, buscabilidade, exposição de si e ativismos
variados na internet, através da comunicação mediada por computador e, sobretudo,
através das chamadas mídias sociais – ou sites de redes sociais – mudaram as feições de
muitas práticas da pesquisa sobre comunicação e informação desde a virada do século.
Ao longo do histórico de estudos sobre a internet, alguns autores identificam fases
que são essenciais para a compreensão do atual panorama. Scolari (2008) trata dos
discursos acadêmicos e populares sobre as “novas mídias” – denominação que critica no
trabalho – em quatro fases distintas. A primeira, Founding fathers, de 1960 a 1984, foi
caracterizada pelas primerias especulações teóricas sobre comunicação e redes, a partir
de Teoria da Informação, Cibernética e Sistemas. A segunda, Origins, entre 1984 e 1993,
com a exploração dos conceitos de hipertexto, interfaces, realidade virtual através de um
olhar da interação humano-computador ou da CMC. A terceira, Cybercultures, de 1993
a 2000, englobando a popularização e diversificação dos debates entre discurso popular,
acadêmico e crítico. Nestas últimas, em consonância com a popularização da web
1 Trabalho apresentado no GP Comunicação e Cultura Digital do XVII Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento
componente do 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Mestre em Comunicação pela UFBA e estudante de doutorado em Comunicação na UMESP, contemplado por bolsa taxa
CAPES/PROSUP. Diretor de Pesquisa no Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados. email: [email protected]
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comercial, estudos sobre comunidades virtuais, identidades, inteligência coletiva e
sociedade em rede deram o tom do período. Por fim, entre 2000 e 2008, Scolari fala da
fase de Internet Studies, onde tecnologias e fenômenos como a web 2.0 caracterizam
olhares que avançam a matriz teórica anterior e emergem também a aplicação da Análise
de Redes e Teoria Ator-Rede.
De modo relativamente consonante, a intepretação de Fragoso, Recuero e Amaral
(2011) das abordagens teóricas sobre a internet sublinha a visão desta como tecnologia
midiática que gera práticas sociais que podem ser observados a partir de metodologias de
pesquisa qualitativa. A construção dos objetivos de investigação permite entender os
atores sociais, suas práticas e performances perpassadas pela comunicação digital. Com
objetivos similares, a abordagem dos digital methods descrita por Rogers (2013) busca
deslocar definitivamente os conceitos do digital e virtual de uma conceituação que os
opõe ao presencial, físico ou real. Para Rogers, “the issue no longer is how much of
society and culture is online, but rather how to diagnose cultural change and societal
conditions by means of the Internet” (ROGERS, 2013, p.21).
Levantamentos bibliográficos realizados nos principais eventos de comunicação
brasileiros (AMARAL & MONTARDO, 2011, 2012) e trabalho nosso específico sobre
dados em mídias sociais (SILVA, 2015) mostram a relevância crescente destes como
objeto científico na comunicação. Nos últimos 10 anos sobretudo, ocorreu também uma
redistribuição dos métodos digitais que nos leva a examinar "what digitization means for
the distribution of roles in social research between various actors in and outside the
university" (MARRES, 2012, p.145) – aqui nos preocupamos sobretudo como a
abundância de dados aumentou em número os analistas e intérpretes comerciais da
sociedade a partir do digital.
Concomitantemente, crescem as aplicações da literatura do autor francês Georges
Perec à pesquisa e processos investigativos, como provam as publicações do livro
Afterlives of Georges Perec (MCCOSKEN & WILKEN, 2017) e a realização de evento
e edição especial da revista Literaty Geographis (LEE, 2017). Deste modo, procuramos
em seguida levantar e reunir pontos de contato entre Perec e pesquisa nas mídias sociais
como um recurso que pode ser aplicado para trazer inventividades para além do
performado e delimitado pelas ferramentas de monitoramento e mineração de textos
online.
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Georges Perec: experimentação, sociologia e informação
Em suas palavras, na introdução e Pensar/Classificar, Georges Perec (1936-1982)
agrupa sua produção em quatro modos de pensar e lidar com o mundo. Além do
novelístico, aponta o lúdico, o autobiográfico e o sociológico como categorias para suas
obras. Entre exemplares do novelístico, livros como As Coisas (publicado originalmente
em 1965) e Vida: Modo de Usar (publicado originalmente em 1978) estão entre as obras
mais famosas traduzidas para o português. Os quatro modos se confundem ao longo de
sua obra, dos quatro focos que identifica como “the world around me, my own history,
language and fiction” (PEREC, 2008, p.142).
Em As Coisas, a rotina do jovem casal protagonista é descrita de acordo com os
objetos que possuem, compram e desejam, suas visitas a lojas, consumo de espetáculos e
cultura e viagens enquanto uma busca constante de algo que não sabem bem o quê. São
pesquisadores de mercado ainda que não se chamem com a alcunha – chamam-se
psicossociológos e entrevistam indivíduos por toda a França e outros países para descobrir
variadas informações para agências de publicidade. Em um trecho especialmente
significativo, Perec lista questões de pesquisa nas quais os protagonistas se debruçariam:
E durante quatro anos, talvez mais, exploraram, entrevistaram,
analisaram. Por que os aspiradores de trenó se vendem tão mal? O que
pensam, nos meios de extração mais modesta, da bebida preparada com
chicória? [...] Quanto imagina que custa um isqueiro como este? Quais
são as qualidades que exige de um colchão? Pode me descrever um
homem que gosta de massas? [...] E houve o sabão em pó, a roupa que
seca, a roupa que é passada. O gás, a eletricidade, o telefone. As
crianças. As roupas e as roupas de baixo. A mostarda. As sopas em
pacote, as sopas em lata. [...] Os estudantes, as unhas, os xaropes para
a tosse, as máquinas de escrever, os adubos, os tratores, as diversões, os
presentes, a papelaria, a linha branca, a política, as autoestradas, as
bebidas alcóolicas, as águas minerais, os queijos e as conservas, as
lâmpadas e as cortinas, os seguros, as jardinam. Nada do que era
humano lhe foi alheio. (PEREC, 2012, p.26-27)
O influente e prolífico sociólogo americano Howard Becker trouxe a produção de
Georges Perec como exemplo de um dos inúmeros modos de pensar e falar sobre a
sociedade que fogem da restrição da pesquisa acadêmica propriamente dita (Becker,
1998, 2001, 2009). Ao tratar de As Coisas, analisa como o uso do imperfeito e do
condicional na escrita, algo não usual no francês, “transforma a maioria das ações e
eventos em coisas ‘usualmente’ feitas, coisas que aconteceram não apenas uma vez, mas
com frequência, que eram repetidas muitas vezes e passaram e ser esperáveis, coisas que
iam além do ‘isto aconteceu’ da vida cotidiana” (BECKER, 2009, p.293).
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As incursões de Perec nos desafios do OuLiPo (Ouvroir de Littérature Potentiellete
– ou Oficina de Literatura Potencial) fundado pelo escritor Raymond Queneau e o
matemático François Le Lionnais foram monumentais como o romance lipogramático
La Disparition. Este romance, que não usa nenhuma palavra com a letra “e” foi um dos
grandes feitos do OuLiPo e só recentemente traduzido para o português por Zéfere. O
lúdico se confunde com o experimental nos desafios criados no projeto. Entre as
publicações carregadas de características autobiográficas – das mais factuais às ficcionais
– constam W ou le souvenir d’enfance, La Boutique Obscure, que descreve 124 sonhos,
e Je me souviens que reúne 480 lembranças banais, comuns ou quase esquecidas.
Também brincando com os limites do que é digno de nota ou documentação, as
descrições fincadas no presencial, testemunhal e efêmero que compõem o projeto de
Tentativa de Esgotamento de Um Local Parisiense (PEREC, 2016), publicado em 1975,
são frequentemente vistas como modelo e adaptadas por artistas, urbanistas, geógrafos e
pesquisadores variados. Perec documentou, durante três dias, tudo o que via na praça de
Saint-Sulpice, de passantes e veículos a pombos e clima. A busca por um esgotamento de
tudo o que via, porém, acaba por ganhar ares de agrupamento temático e categorias, como
no trecho:
várias dezenas, várias centenas de ações simultâneas, de
microacontecimentos, cada um dos quais implicando posturas, atos
motores, dispêndio de energia específicos:
discussões de dois, discussões de tres, discussões de vários: o
movimento dos lábios, os gestos as mímicas expressivas
modos de locomoção: caminhando, em veículos de duas rodas (sem
motor, a motor), automóveis (carros particulares, carros empresariais,
carros de aluguel, autoescolas), veículos utilitários, do serviço público,
transporte comunitário, ônibus de turismo
maneiras de carregar (na mão, embaixo do braço, às costas)
modos de traço (carrinho de compras)
graus de determinação ou de motivação: esperar, passear, arrastas, errar,
ir, correr para, precipitar-se (em direção a um táxi livre, por exemplo),
procurar, zanzar, hesitar, caminhas com passo decidido
posições do corpo: sentado (nos ônibus, nos carros, nos cafés, nos
bancos)
de pé (nas paradas de ônibus, diante de uma vitrina (Laffont, casa
funerária), ao lado de um táxi (pagando) (PEREC, 2016, pos.184)
Considerada sua obra-prima, baseada em regras que evocam tabuleiro de xadrez e
análise combinatória, A Vida Modo de Usar conta uma intricada miríade de histórias dos
habitantes contemporâneos e passados de um edifício em Paris. Cada um dos 99 capítulos
se debruça sobre um compartimento do prédio, usando objetos, móveis, livros, objetos de
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arte e vestuário para evocar as narrativas que se cruzam com aparente desordem. Os
personagens principais, entretanto, são ligados por puzzles literais na narrativa.
Os habitantes de um mesmo prédio vivem a apenas alguns centímetros
uns dos outros, uma simples divisória os separa, partilham os mesmos
espaços que se repetem ao longo dos andares; fazem os mesmos gestos
ao mesmo tempo, abrir a torneira, dar a descarga, acender a luz, pôr a
mesa, algumas dezenas de existência simultâneas que se repetem de
andar em andar, de prédio em prédio e de rua em rua. (PEREC, 2009,
p.16)
São inúmeras as replicações e iniciativas artísticas inspiradas em suas obras,
sobretudo Tentativa..., Vida modo de Usar e Species of Spaces: fotografia do cotidiano
pessoal em Meu Ponto de Vista de Rotter (2008); exploração do inventário fotográfico e
suas classificações entre documental e artístico em Abreu (2011); Proyecto Calle Real,
de Santiago Bautista (2014), que propõe uma cartografia a partir da fotografia, ilustração
e desenho; colecionismo e fabulação sobre objetos encontrados nas ruas por Santos
(2014); estudos espacio-temporais do cotidiano em quatro praças em Öresund
(KÄRRHOLM, 2015); o exercício de Tramontano (2016) no documentário Espécies de
Espaços; e uso da descrição perecquiana para representar Saravejo para além apenas de
seus símbolos de conflito e violência (RIDING, 2017) apenas para citar algumas.
Evocar estas obras permite-nos deixar claro como Perec buscou produzir “uma
literatura como se fosse um modo de inventariar coisas de nosso dia-a-dia” (ADÓ &
CORAZZA, 2014, p.3). Tendo trabalhado como arquivista em um laboratório de
pesquisa em neuropsicologia, Perec esteve dedicado a se envolver em diversas esferas da
vida com análise, armazenamento e resgate da informação (BELLOS, 2010).
Este programa individual pode ser destacado aqui para além da literatura, também
em seus trabalhos ensaísticos que foram organizados e publicados de forma estruturada
apenas depois de sua morte, sobretudo Pensar/Classificar (2001), Species of Spaces
(2008) e L’Infra-ordinaire. Neste último, o ensaio “Aproximações do Quê?” (2010)
traduzido por Rodrigo Ielpo ao português traz de forma explícita sua proposta de ver além
do extraordinário e do exótico, em busca do infraordinário e endótico:
O que acontece realmente, o que vivemos, o resto, todo o resto, onde
ele está? O que acontece a cada dia e que sempre retorna, o banal, o
cotidiano, o evidente, o comum, o ordinário, o infraordinário, o ruído
de fundo, o habitual, como dar conta disso, como interrogá-lo, como
descrevê-lo? (PEREC, 2010, p.179)
Observar, interpretar, descrever e documentar o que é deixado de lado no dia a dia
para além do que poderia ser visto como noticiável para um público midiático
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generalizado e ir à fundo em determinada cultura materializada em práticas do cotidiano
traz proximidades com algumas metodologias de pesquisa, como a etnografia. Esta
ligação foi observada por Mateus, que diz que
a etnografia traduz-se por uma antropologia do endótico, por um resgate
das coisas simples e vulgares como objectos de legítima análise. É ao
gerar uma distância entre as coisas e o seu ambiente de fundo, é ao
introduzir a surpresa e o estranhamento que essa antropologia do
endótico, dedicada à análise da banalidade quotidiana, pode tornar
significantes as práticas habituais. (MATEUS, 2015, p.85)
A pesquisa qualitativa baseada na observação, resgate e acompanhamento de
fenômenos sociais e seus rastros e traços na internet trouxe a possibilidade de olhar,
através de recursos digitais, para o coditiano – ou o infraordinário - de um modo nunca
antes possível. Concordamos com a afirmação de que “digital mediation spreads out like
a giant roll of carbon paper, offering the social sciences more data than they ever dreamt
of” (VENTURINI & LATOUR,2010, s.p.), mas particularmente aqui queremos trazer à
baila o papel dos novos intérpretes das realidades sociais a partir da abundância de dados,
ferramentas – e demanda por estas interpretações por agentes mercadológicos.
Como podemos pensar em novos modos de olhar para as possibilidades de aprender
sobre fenômenos sociais usando o infraordinário? As ferramentas do chamado “social
listening” – ou monitoramento de mídias sociais em português – que em grande medida
ampliaram aos comunicadores a tarefa de analisar dados no dia dia, paradoxalmente
estariam podando as possibilidades da pesquisa, como aponta Jillian Ney:
The control of social media intelligence initiatives by marketing
functions, the need to focus measurement on marketing output and
active engagement, and the emphasis of social tools on pursuing
marketers are their target customer has led to professionals interpreting
the data who are inexperienced in developing customer or market
insight. (NEY, 2016, p.3)
Partindo do ponto de vista de um praticante e professor de métodos digitais de
pesquisa para alunos interessados em suas possibilidades mercadológicas, proponho a
seguir trazer quatro pontos para o planejamento, interpretação, crítica e evolução de
práticas de pesquisa digital: a primazia do infraordinário, tentativa de esgotamento, o uso
das listas e o jogo com as classificações.
Mídias Sociais, cotidiano e infraordinário
As explorações da sociedade através das mídias digitais com conceitos e
procedimentos perecquianos agruparam-se sobretudo em torno das mídias locativas.
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Lemos, ao citar o projeto “Life: a User Manual” de Michelle Teran, que inverte a lógica
dos mecanismos de CCTV, projetando na rua o que câmeras captam dentro dos prédios,
aponta a mudança de direção: “o que é interno, privado e vigiado por poucos vira externo
e visível para muitos” (2009, p.631). O uso inocente ou estratégico de metadados – como
hashtags - que transformam publicações pessoais em mensagens públicas ou semi-
públicas buscáveis e rastreáveis por interessados abre uma janela a representações de um
cotidiano visto como notável por milhões de usuários das plataformas.
Seguir com a observação do ponto de vista individual “aumentado” pela mídia
locativa social foi a proposta de Licoppe (2015) ao visitar a mesma praça Saint-Sulpice
de Tentativa de Esgotamento de Um Local Parisiense. Abrir o Foursquare, além da adição
de camadas informacionais criadas pelo usuário e pela rede de amigos ou desconhecidos
– traz um aspecto performativo em tempo real, gamificando o registro das experiências.
O “ver de forma plana” de Perec torna-se quase impossível por um lado com a multitude
de outras experiências e direcionamento do olhar que “spills beyond the boundaries of
the sitter’s gaze for those locations which become perceptively available through a
different socio-material chain of mediation” (LICOPPE, 2015, p.19).
Essas mediações socio-materiais do digital vão muito além das possibilidades
próximas ao movimento de quantified self, permitindo explorar múltiplas experiências
individuais ao mesmo tempo. Mas a sumarização não se limita ao estudo de frequências
ou histogramas. Em transformação das milhares de observações individuais registradas
na praça Maidan em Kiev, Ucrânia, durante protestos em 2014, os realizadores do projeto
The Exception and the Everydau: 144 Hours in Kiev comparam a iniciativa ao projeto de
Perec na Saint Sulpice: “we use a rectangle as a frame, and only take into account what
this frame captures. For Perec, it was a window in a café; for us, it’s the rectangle on the
map defined by longitude and latitude coordinates passed to Instagram API”
(MANOVICH et al, 2014, p.84). Entretanto, as similaridades com as propostas de
observação do infra-ordinário neste projeto param aí: estamos falando do excepcional
que foi também documentado por jornalistas e analistas políticos devido a seus impactos.
Mas entre os ensaios, mapas e visualizações resultantes, a perspectiva dos cultural
analytics de Manovich dão pistas para as vantagens do olhar perecquiano para o
pesquisador de mídias sociais. No lugar de mostrar apenas gráficos de colunas ou
histogramas com variáveis discretas que diluem as mensagens (fotos, no caso), o
armazenamento e processamento computacional permite exibir as milhares de fotos
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juntas, organizadas por metadados como geolocalização, hashtags, aspectos visuais ou
outras camadas informacionais adicionadas.
As explorações comerciais de datasets de fenômenos sociais recortados por
mecanismos de coleta como APIs, scraping e softwares de monitoramento comumente
trazem a lógica da quantificação mesmo para temas do cotidiano. Algumas atividades
mundanas previamente notadas apenas por pesquisadores acadêmicos ou comerciais
hiper-especializados hoje são abordadas, pela facilidade de coleta, manipulação de
ferramentas e maior demanda comercial, por consultorias, agências e empresas
especializadas no aspecto material do digital. Para exemplificar um tipo de produto
resultante desta convergência, vamos explorar aqui o estudo “Amor ao Café nas Mídias
Sociais”3, publicado em 2013 em parceria da ferramenta Scup com a consultoria
especializada DP6. A escolha justifica-se pela relevância das empresas. A ferramenta é a
mais usada no Brasil e a consultoria é a mais lembrada em levantamento sobre
“inteligência em mídias sociais” (ZANDAVALLE, 2016).
O estudo Amor ao Café nas Mídias Sociais, criado como estratégia de exibição dos
serviços e funcionalidades da consultoria e ferramenta, representa então um exemplo do
que é produzido comercialmente no Brasil sobre dados, textos e opiniões geradas
espontaneamente por usuários em mídias sociais. No slide chamado de metodologia
podemos ver a especificação de seis itens: Ferramenta; Período; Amostragem; Palavras-
chave; Total de Menções Coletadas; e Taxa de Inválidos. Com uma coleta relevante de
dados – fevereiro de 2012 a janeiro de 2013, resultando em 89.169 postagens, já evoca o
aspecto quantitativo ao incluir a ideia de Amostragem = foram classificadas 1% das
publicações. Entretanto, não explicita o critério ou cálculo amostral específico. No slide
a seguir sublinha os objetivos: “Mapear quantitativamente as menções de café nas redes
sociais de modo que possa servir de parâmetro estatístico aos futuros estudos de Social
Intelligence”; e “Identificar desejos dos consumidores e oportunidades de negócios”
(SCUP, 2013, p.5).
Na Figura 1 podemos ver uma das telas de abertura do relatório, destacando alguns
índices quantitativos, sobretudo o valor 1% do total dos posts que mencionam alguma
marca de café. Com objetivos comerciais, a ênfase esteve neste dado pela sua obviedade
3 O estudo pode ser acessado na íntegra em https://pt.slideshare.net/scup/dp6-social-intelligence-caf-
verso-scup-1-1
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em ser aplicado aos fins de marketing. Se uma mensagem referencia a uma marca como
Pilão ou Café do Ponto o seu valor enquanto marketing boca a boca ou dado que comporá
um gráfico de análise de sentimento, net promoter score ou share de marca está óbvio.
Mas quando não os referencia, qual o valor que possuem? Qual o valor dado aos mais de
80 mil menções espontâneas sobre o café?
Figura 1: Amor ao Café nas Mídias Sociais - dados
quantitativos (SCUP, 2013)
Figura 2: Referência ao consumo social
(SCUP, 2013)
Figura 3: Relação entre café e produtos consumidos em diferentes locais (SCUP, 2013)
O sub-item chamado de Traços de Comportamento no relatório nos indica. O item
possui apenas um slide com o texto que indica que o café também é visto como “produto
de consumo social. O consumo individual é muitas vezes evitado por algumas pessoas, e
caracterizado muitas vezes como depressivo”. Aqui o social é algo a ser apontado como
algo que foi observado, mas não é explicado ou granulado em outras categorias. Ao tratar,
anteriormente, da Starbucks, frequentemente citada em rankings de marcas nas mídias
sociais, há uma elaboração sobre o aspecto da experiência e status em contraposição ao
café “simples e tradicional” feito em casa com marcas populares. Frequência de menção
a cada marca, nuvens de palavras citadas e menções de exemplo vinculadas a cada uma
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delas preenchem os slideshows. O espaço para elaboração dos analistas é subordinado às
visualizações e exemplos anedóticos. A descrição cuidadosa de detalhes que Becker
identifica tanto em Perec poderia avançar a exploração desta base de dados. Sobretudo
quando a partir de uma perspectica que procura produzir “observations that, not fitting
those categories, require us to create new ideas and categories into which they can be
fitted without forcing” (BECKER, 1998, p.85).
Cruzar objetos, entidades e lugares a partir de critérios de co-ocorrência trazem
mais dimensões de exploração dos dados coletados. No relatório, é apresentada
interessante quantificação de quais alimentos e drogas são consumidos durante a
degustação das várias apresentações do café estudadas, exibida como rede na qual cada
aresta apresenta a distribuição que podemos ver na Figura 3.
Podemos, nesta rápida abordagem do estudo realizado pela Scup/DP6 ligar os dados
de mídias sociais referente a um aspecto cotidiano da vida em termos quantitativos, mas
claros desdobramentos em termos de potencialidades. Podemos trazer atividades análogas
às explorações perecquianas em busca de um prazer por “enumerar, inventariar, nombrar
y acumular minuciosamente los detalles del mundo” [...]” (BAUTISTA, 2014, p.34).
Georges Perec precisou acumular experiência de quase 17 anos em primeira mão como
um arquivista e classificador em um laboratório médico-científico para criar sistemas que
resultaram em armazenamento de memórias ou projetos fictícios. Buscou criar “una
técnica de archivar lo que ya no percibimos en este mundo tan cambiante” (BAUTISTA,
2014, p.34), avançando inclusive para explorações autodidatas em lógica computacional
que chegou a ver ser transformadas em obsoletas durante sua vida. Para seus fins
literários, juntou estas lógicas e sistemas a técnicas de colagens (CLEMENS & WILKEN,
2017) que viabilizaram tanto o lúdico das memórias em La Boutique Obscure quanto a
complexidade de projetos como A Vida Modo de Usar.
Se por um lado a profusão tanto de dados sobre o cotidiano quanto de possibilidades
técnico-comunicacionais para armazená-los e codificá-los hoje traria comodidade aos
projetos de Perec (ao mesmo tempo que deixaria seus aspectos técnicos menos notáveis),
parece que testemunhamos crescente plataformização da web que acaba por podar o típico
usuário digital craftsperson típico dos anos 90 e início dos anos 2000 (LOSEY &
MENRATH, 2016). Algoritmos de relevância no Facebook ou recursos editorializados
como o Moments no Twitter tentam trazer para os holofotes o extraordinário. No caso
deste último, temos fatos noticiosos como hard news políticas e econômicas ou o notável
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das celebridades; enquanto as bolhas algorítmicas do primeiro restringem o acesso a
alteridades sejam endóticas sejam exóticas.
Um modo de fugir do processo de padronização é usar as estratégias que artistas já
aplicaram ao procurar reproduzir algumas trajetórias de Perec, que buscou desenvolver
de forma lúdica “methods of urban exploration and observation; classification,
categorisation and taxonomy; spatial inventories and indexes; and geographical and
ethnographic description” (FORSDICK & PHILLIPS 2016 apud LEE, 2017, p.15). As
classificações e taxonomias para identificação e quantificação automática de alguns
elementos nas mensagens coletadas seduz os analistas a mensurar tudo o que pode ser
contado, como vimos. Isto é especialmente importante pois “many social analysis tools
are also ‘black boxed’, allowing little flexibility to conduct analysis not already available
in the system” (NEY, 2016, p.4). Para quebrar este ciclo a literatura de Perec pode ser a
ligação entre o arquivo e as possibilidades da pesquisa qualitativa, sobretudo a de caráter
etnográfico. Ao chamar a produção de Georges Perec de proto-etnográfica, Becker diz
que alcança o objetivo de “covering material culture, kinship and other social relations,
work and technology, beliefs and values, typical careers and lives, and all the other things
ethnographers are enjoined to include in a 'complete' description of a culture” (BECKER,
2001, 66).
O caráter único da conversa online sobre cada tema ligado ao cotidiano nas mídias
sociais requer a criação de categorias de análise bastante específicas para cada fim e
objetivo de pesquisa. A aplicação da Teoria Fundamentada foi vista como uma
possibilidade quase “naturalmente” apropriada para dar conta de organizar parte da
complexidade das conversas online, como apontam diversos autores (FRAGOSO,
RECUERO & AMARAL, 2011; BITTENCOURT, 2017; VAAST &
URQUHART,2017). Como aponta Maciel, os inventários de Perec vão além do prático,
chegando ao excessivo:
“um inventário que – pelo excesso de ordenação e detalhamento – acaba
também por perder sua própria eficácia enquanto procedimento
taxonômico diante da proliferação excessiva dos objetos e detalhes que
se acumulam enquanto “materiais da vida” dos personagens”
(MACIEL, 2004, p.14)
Como ordenar o mundo e um fenômeno social se mesmo “as noções de ordem
espaço/temporal e a própria linguagem mostram-se também incapazes de apreender e
ordenar o mundo” (RIBEIRO, 2006, p.263)? Criticar os procedimentos de um objeto de
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pesquisa como “amor ao café”, ainda que com fins comerciais, pode resultar em infinitas
abordagens. Nas mídias sociais também é possível
olhar para a vida cotidiana por meio de uma espécie de descrição de
associações interativas, de si e dos objetos, transformando os espaços
em que se vive a cotidianidade, como as cidades, em artefatos que
personificam seus textos (ADÓ & CORAZZA, 2014, p.10)
Para o quê se olha ao abrir um software de monitoramento e começar uma análise
buscando entender como as pessoas se relacionam e falam sobre café nas mídias sociais?
Na visão de Pino (2011), a escrita perecquiana serviria também “crítica dos modos de
atenção” do que é olhado e descrito na literatura – e podemos dizer que também na
pesquisa. Tentar “organizar as coisas por tipos ou categorias é pôr ordem a profusão
(multiplicidade de formas e de conteúdos) da realidade” (MEZIÉ, 2016, p.25). Aquela
granularidade que esteve ausente ao se falar do “social” talvez seja sobretudo uma questão
de modos de atenção. Contornar as necessidades explícitas dos leitores potenciais
previstos – gestores das marcas analisadas – pode acabar por ser mais prolífica ao final
do processo por trazer elementos não previstos para além da superfície.
Talvez os projetos de quantified self sejam os melhores exemplos do que a pesquisa
comercial com dados de mídias sociais pode vir a ser dessa convergência entre a quase
obsessiva observação de um pesquisador/redator engajado e as affordances das
plataformas de mídias sociais. Iniciativas de Nicholan Felton e Anna Nicorova4
impressionaram pela dataviz mas também pelo envolvimento extremo na coleta e
observação de dados sobre si. A figura do especialista em dados digitais, analista de
monitoramento quando falamos de mercado, então talvez tenda a se transformar em
especialistas de temas e universos culturais.
Como aponta Lee, “rather than attempting to stake new claims, or to expand and
defend the territory of an academic thesis, his lesson in cultivating varied and mobile
modes of attention generates insights able to produce multiple ways of knowing and
being” (LEE, 2017, p.24). Assim, para Lee, o trabalho de Perec traz também o mérito de
focar no processo ao invés do resultado em si. Esta abordagem traz aproximações com
algumas táticas de thickening propostas por Latzko-Toth, Bonneau e Millette, sobretudo
a coleta manual otimizada e a agile long-term online observation. Os autores propõem
quanto à primeira que é especialmente útil quando “when the boundaries of the ‘field’ are
4 Ver em http://feltron.com/ e http://annanicanorova.com/
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fuzzy, fluid and situated”. Sobretudo em casos onde a coleta é baseada em texto (como
vimos), pois esta torna “ to reach a moving target that cannot be delineated in advance.
These challenges call for a flexible approach by which a corpus is built through
serendipity and bricolage” (2017, p.204). Sobre a segunda, é baseada
on long-term observation of the online phenomenon, jointly with an
agility in following users from one platform to another (from Twitter to
blogs, from blogs to Facebook, etc.). Ethnographers would stay on the
field for a long period of time in order to collect a vast amount of data
about the language, culture, rituals, symbols and values of the
community (LATZKO-TOTH, BONNEAU & MILLETTE, 2017,
p.204).
O objetivo é permanecer envolvido com o objeto de pesquisa de forma ágil mas
temporalmente longo, com o objetivo de reunir anotações, dados, informações,
mensagens e mesmo realizar estímulos para o público, mas sem sucumbir às restrições de
uma ferramenta ou software. É uma observação frequente em um locus que se torna loci.
De forma prescritiva, “pay attention to Perec's consistent search for a method for writing
the everyday that combines sustained observation at local sites with expressive style, form
and medium” (MCCOSKER & WILKEN, 2017, pos.3468).
Se Georges Perec "precisava educar e adequar seu olhar a uma escrita ágil e
econômica para que, no plano das ações simultâneas que tinha à sua frente, conseguir
esquadrinhar, apreender, selecionar e registrar apenas o essencial: o infraordinário"
(SPERANZINI, 2011, p.179) os analistas munidos de ferramentas de coleta,
armazenamento, processamento e visualização de dados sociais digitais não sofrem das
restrições e podem ir além pautados pelos objetivos de pesquisa. Apenas deste modo
pode-se buscar “a new anthropology of the infra-ordinary is a revaluation of banality itself
or the mundane life-worlds that might be discarded or derided in the quest for big social
data and all its intensities” (MCCOSKEN & WILKEN, 2017, pos.3755)
Conclusões e desdobramentos
Vimos neste artigo como o aumento do acesso às obras de Georges Perec, graças
às recentes traduções para o inglês nesta década trouxeram novos olhares de
pesquisadores e artistas sobre os conceitos, procedimentos, experiências e brincadeiras
do autor francês.
A revisão de pontos-chave de sua produção bibliográfica nos quatro modos de
realização alcançados – biográfico, lúdico, novelístico e sociológico – tem sido
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apropriadas para além da arte, abrindo chances de aproximação com abordagens criativas
de pesquisa assim como a formação de posturas que ajudem analistas a desenvolver
regimes de atenção que não sucumbam a rotinas de procedimentos e à plataformização
da web. Recursos como tentativas de esgotamento, produção criativa de listas e descrição
“plana” podem se tornar pontes entre sua literatura e o ensino e adaptação de métodos de
investigação quali-quantitativa do cotidiano expressos nas mídias sociais. Como
desdobramentos, a presente revisão bibliográfica e sua reflexão serão utilizadas pelo autor
como ponto de partida para experimentar as abordagens vistas como recurso didático em
cursos e disciplinas de pesquisa, a ser documentada em publicação futura.
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