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    CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TRANSPORTE FERROVIÁRIO DE CARGAS

    INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

    ACADEMIA MRS 

    ALEXANDRE DA SILVA LEONARDO

    Uma Contribuição para a Melhoria do Processo de Análise dos Dados Coletados naInspeção da Via da MRS 

    Rio de Janeiro

    2006 

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    A CONTRIBUIÇÃO PARA A MELHORIA DO PROCESSO DE ANÁLISE DOS

    DADOS COLETADOS NA INSPEÇÃO DE VIA DA MRS

    Monografia apresentada no curso de Especialização em Transporte

    Ferroviário de Cargas

    Nome do autor: Alexandre da Silva Leonardo

    Orientador: Prof. Carlos Alceu Rodrigues 

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeço à minha ex-esposa Alessandra, as minhas filhas Bárbara e Beatriz, pela

    compreensão, paciência durante os estudos e elaboração de todo o trabalho a

    seguir apresentado e compreensão pelo tempo subtraído do convívio familiar, a

    MRS Logística S.A pela oportunidade, ao meu gerente Fernando César de Moura e

    Silva,meu tutor Walter Vidon Júnior e meu orientador Carlos Alceu Rodrigues, pelo

    apoio e encorajamento contínuos na pesquisa, aos demais Mestres da casa, pelos

    conhecimentos transmitidos, pelo apoio institucional e pelas facilidades oferecidas e

    também aos amigos Guido e Oswaldo pelo encorajamento e incentivo para a

    execução desse trabalho. Aos professores Luiz Francisco Muniz da Silva e Jorge

    Goudene Spada, pelo tempo dependido no auxílio e orientação desse trabalho.

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    De uma maneira geral, os brinquedos documentam como o adulto se coloca

    com relação ao mundo da criança”.

    Walter Benjamin

    SUMÁRIO

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    6

    Lista de figuras Pág.: 6

    Definições Pág.: 9

    1. Introdução Pág.: 12

    2. O Processo de coleta de dados da MRS Pág.: 15

    3. O Processo de análise dos dados Geométricos da Via Pág.: 30

    4. Críticas ao processo de análise da MRS Pág.: 35

    5. O programa Vampire Pág.: 41

    6. Modelo Proposto Pág.: 46

    7. Conclusões Pág.: 50

    8. Referências Bibliográficas Pág.: 53

    9. Anexos Pág.: 54

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    Lista de Figuras 

    Figura 01 TrackSTAR – Veículo de Avaliação de Via - MRS Pág.: 17

    Figura 02 Medição de Bitola Pág.: 18

    Figura 03 Medição da Wide Gage Pág.: 19

    Figura 04 Defeito de Variação de Bitola – Gage Change Pág.: 19

    Figura 05 Forças Aplicadas pelo Eixo Aplicador de Cargas Pág.: 20

    Figura 06 Câmeras e Lasers Medindo o Deslocamento Lateral dosTrilhos

    Pág.: 21

    Figura 07 Eixo Aplicador de Cargas na Posição de Viagem Pág.: 21

    Figura 08 Defeito de Nivelamento Longitudinal Pág.: 22

    Figura 09 Parâmetros de Geometria de Linha Pág.: 23

    Figura 10 Defeito de Alinhamento Pág.: 24

    Figura 11 Demonstração do Empeno Pág.: 25

    Figura 12 Gráfico de Insp. Geométrica de Linha Emitido pelo

    TrackSTAR

    Pág.: 26

    Figura 13 Medição de Bitola e Desgaste de Trilhos Pág.: 28

    Figura 14 Gráfico de Desgaste de Trilhos Pág.: 29

    Figura 15 Tabela de Limites de Segurança da MRS Pág.: 31

    Figura 16 Relatório de Exceções Emitido pelo TrackSTAR Pág.: 32

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    Figura 17 Relatório de Prospecção de Dormentes Gerado com Dados

    Coletados pelo TrackSTAR

    Pág.: 33

    Figura 18 Gráfico de Desgaste de Trilhos Gerado pelo TrackSTAR Pág.: 34

    Figura 19 Gráfico de Insp.Geométrica de Linha Emitido pelo

    TrackSTAR no Demetro/BH

    Pág.: 36

    Figura 20 Rock & Roll Crosslevel ou Balanço de Via Pág.: 37

    Figura 21 Efeito Dinâmico de Desnivelamento Longitudinal Pág.: 38

    Figura 22 Efeito Dinâmico de Desnivelamento Transversal Pág.: 38

    Figura 23 Gráfico emitido pelo TrackSTAR no local do descarrilamento Pág.: 40

    Figura 24 Gráfico do Vampire com Dados Colhidos na Linha São Paulo Pág.: 42

    Figura 25 Gráfico do Vampire com Dados Colhidos na Linha São Paulo Pág.: 43

    Figura 26 Gráfico do Vampire Mostrando o Momento do

    Descarrilamento

    Pág.: 43

    Figura 27 Gráfico do Vampire Mostrando o Momento do

    Descarrilamento

    Pág.: 44

    Figura 28 Gráfico para Análise pelo Ponto de Vista da FRA Pág.: 46

    Figura 29 Gráfico Demonstrativo dos Limites da FRA Pág.: 47

    Figura 30 Gráfico Emitido pelo Transport Canadá Pág.: 48

    Figura 31 Forças Atuantes nos Rodeiros Pág.: 61

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    9

    Figura 32 Gráfico de Alívio de Forças nos Rodeiros Pág.: 65

    Figura 33 Inspeção do TrackSTAR Antes do Acidente no túnel 20 Pág.: 71

    Figura 34 Inspeção do TrackSTAR Após o Acidente no túnel 20 Pág.: 72

    Figura 35 Croquis da Situação dos Vagões Descarrilados no Interior do

    Túnel 20 

    Pág.: 76

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    Definições

    Federal Railroad Administration (FRA)  – Criada pelo Departamento de

    Transporte do Governo dos EUA, com o propósito de promulgar e implantar os

    regulamentos de segurança das ferrovias, programas de assistência administrativa

    para as ferrovias, conduzir recursos e desenvolvimento sustentado de melhorias de

    segurança e política nacional de transporte ferroviário; prove a reabilitação do

    corredor nordeste de serviços ferroviários de passageiros. Hoje a FRA é uma das

    dez agências dentro do Departamento de Transporte do governo dos Estados

    Unidos, concernido com o transporte intermodal.

    Association of American Railroad (AAR)  – A AAR tem como membros as

    maiores ferrovias de carga dos Estados Unidos, Canadá e México, assim como a

    Amtrak. Baseada em Washington, DC, a AAR é voltada para manter as ferrovias da

    América do Norte seguras, rápidas, eficientes, saneadas e tecnologicamente

    avançadas.

    Transportation Technology Center, Inc (TTCI) – Subsidiário da AAR, o TTCI é

    uma organização de referência mundial em recursos de transportes e uma

    organização para testes, provendo soluções para a indústria ferroviária na América

    do Norte e no mundo. Com escritório central perto de Puelo, Colorado, o TTCI

    possui um laboratório com altíssima tecnologia para desenvolvimento e vias para

    vários tipos de experimentos.

    Transport Canada (TC)  – Órgão do governo do Canadá, responsável por

    desenvolver e administrar políticas, regulações e serviços para um melhor sistema

    de transporte para o Canadá e os canadenses. Que seja seguro, eficiente,confortável, integrado e com ambiente amigável.

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    Track Safety Standards (TSS)  – Conjunto de regras que todas as ferrovias

    americanas devem seguir. Nele estão definidos os parâmetros de geometria de via

    e seus limites, itens de superestrutura de via, modelos de inspeções e as

    penalidades que as ferrovias podem sofrer caso não cumpram as normas descritas

    no TSS.

    Velocidade Máxima Aurtorizada (VMA) – Velocidade máxima permitida para um

    determinado trecho da via, definida pelas suas condições, do material rodante e

    segurança operacional.

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    RESUMO 

    A presente Monografia procura apresentar uma nova abordagem para análise e

    avaliação das condições de defeitos de geometria da linha. Tradicionalmente esses

    defeitos são analisados individualmente, comparando os valores medidos com os

    valores de tolerâncias predefinidos. A ação isolada de cada um desses defeitos sãoseparadamente avaliadas e definidas pelas principais instituições internacionais, tais

    com: “Federal Railway Administration (FRA), “Transport Canada” (TC),

    “Transportation Technology Center, Inc” (TTCI), “American Railway Engineering and

    Maintenance of Way Association” (AREMA) e “Association of American Railroads”

    (AAR). A FRA, utiliza os valores contidos nas normas do “Track Safety Standards

    Part 213” ( TSS-Padrões de Segurança da Via Parte 213), que determinam os

    valores aceitáveis para os parâmetros de geometria de Via utilizando0 valores

    limites pré-definidos que são comparados com os coletados na Via pelos veículos

    avaliadores. Após alguns descarrilamentos ocorridos na MRS Logística S.A ( 6 na

    Linha de São Paulo e 2 na Ferrovia do Aço), causando prejuízos acima de R$ 30

    milhões, verificou-se que essa abordagem é muito simplificada para prevenir

    acidentes ocasionados pela interação Veículo x Via, tais como os anteriormente

    mencionados. A MRS utiliza o padrão da FRA, que tem se mostrado pouco eficaz

    na prevenção de acidentes. O trabalho propõe uma nova forma de avaliar esses

    defeitos com base na análise de sucessivas variações do parâmetro nivelamento

    longitudinal e seus efeitos nos movimentos oscilatórios dos vagões.

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    1 – Introdução

    A maior parte das ferrovias brasileiras, por sua idade, possui características

    técnicas que se refletem negativamente na operação, revelando urgência por

    modernização. Os recursos disponíveis, porém, não são suficientes para um

    programa completo nesse sentido e, portanto, devem ser canalizados para

    alternativas mais viáveis, que permitam melhorar o desempenho operacional, dentro

    das restrições existentes. A eficiência do modal ferroviário está intrinsecamenteligada ao estado de manutenção da via permanente.

    O problema de conseguir uma via permanente tão satisfatória quanto possível

    domina as preocupações dos engenheiros ferroviários do mundo inteiro. Este

    problema é um dos mais complexos que se apresentam cotidianamente nas

    estradas de ferro, quer elas sejam de carga ou urbana de transporte de

    passageiros. Tudo que possa contribuir para minimizá-lo representa, na prática, por

    menor que seja, uma economia de milhares de reais.

    O desenvolvimento tecnológico impulsiona a produção de locomotivas e trens

    unidades cada vez mais potentes, pesados e velozes, quebrando-se sucessivos

    recordes de velocidade, quantidade de vagões rebocados e toneladas tracionadas

    por trem. A utilização dessas possibilidades é condicionada à qualidade das vias

    existentes, que, se não forem adequadas, podem impedir às empresas ferroviárias

    de aproveitá-las ao máximo. O problema moderno das estradas de ferro é,

    sobretudo, um problema de manutenção da via permanente em padrões de

    qualidade e custo compatíveis com os resultados operacionais esperados.

    Garantir a segurança do tráfego, reduzir as avarias no material rodante e na

    própria via, aumentar a velocidade comercial e a capacidade de produção e reduzir

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    ao mínimo o custo da conservação da via permanente são problemas do cotidiano

    dos engenheiros ferroviários brasileiros. 

    Uma vez implantada, uma ferrovia começa a se degradar pelo uso e pela ação do

    meio ambiente. Esta degradação se fará sentir nos materiais e serviços que

    compõem a superestrutura ferroviária tão mais acelerada quanto maior for sua

    utilização e mais agressivo for o meio ambiente.

    Este fato irá causar um crescimento em desigualdade na superestrutura da via e

    o aumento nas cargas dinâmicas por ela suportada no ponto em que a geometria se

    degrada. A qualidade geométrica da Via deve ser definida em relação ao tipo de

    tráfego e das composições que por ela circulam. Esse grau de desigualdade no

    plano vertical (transversal e longitudinal ) irá variar ao longo da via dependendo

    principalmente do comportamento diferencial da infra-estrutura motivada pelas

    forças dinâmicas das rodas.

    A qualidade da geometria da superestrutura ferroviária é um fator importante na

    determinação da velocidade e condições de segurança da circulação dos veículos

    ferroviários. A qualidade da manutenção da geometria da via influencia

    sobremaneira a capacidade de produção ferroviária.

    Tradicionalmente, na MRS, a manutenção de via permanente ferroviária é

    executada preventivamente, de modo sistemático e dentro de critérios predefinidos.

    A aquisição do carro registrador de parâmetros da via permanente TrackSTAR

    propiciou uma evolução das técnicas convencionais de conservação da

    superestrutura, porém sua utilização mais generalizada está ligada a manutenção

    corretiva e ao conceito de controle do estado da geometria da linha. 

    Ele analisa a qualidade da geometria da via a partir da medição de diversos

    parâmetros os quais são considerados defeitos quando sua amplitude ultrapassa os

    limites de segurança predefinidos.

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    As variações das amplitudes desses parâmetros provocam movimentos

    oscilatórios nos veículos ferroviários que podem, dependendo de sua intensidade,

    provocar seu descarrilamento. Quanto maior a amplitude maior será a intensidade

    com que o veículo será excitado e é com base neste princípio que são

    estabelecidas as tolerâncias de segurança dos diversos parâmetros.

    Como veremos no decorrer deste trabalho, algumas parâmetros cujas amplitudes

    não excedem os limites de segurança e por isso não são identificados como defeitos

    pelo TrackSTAR, podem gerar, em função do número de vezes com que se repetem

    (freqüência), um efeito harmônico onde as intensidade (amplitude) das excitações

    provocadas nos veículos por cada um somam-se. Esse tipo de irregularidade dageometria da via pode provocar o descarrilamento do veículo.

    O objetivo desse trabalho é propor um método para identificação dessas

    irregularidades da via de forma simultânea ao seu registro efetuado pelo veículo

    TrackSTAR, relacionando-as, junto com os demais defeitos encontrados, em um

    relatório de exceção para que as equipes de manutenção possam melhorar sua

    atuação preventiva e tornando o processo de análise da geometria da via mais

    eficiente.

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    2 – O Processo de Coleta de Dados da MRS

    Para efeito de análise, a linha da MRS é sub-dividida em 3 (três) trechos em

    função de sua idade e de suas características geométricas a saber:

    •  Linha do Centro: linha centenária com curvas de raios apertados e fortes

    rampas;

    •  Linha São Paulo: linha também centenária, mas com rampas e curvas

    suaves;

    •  Ferrovia do Aço: com pouco mais de uma década em operação é uma linha

    moderna com rampas suaves e curvas com raios superiores a 1.000 m, com

    muitos túneis e viadutos.

    Esses trechos, por sua vez são subdivididos em núcleos de via permanente de

    aproximadamente 100 km de extensão.

    Neles são executas inspeções trimestrais com veículo de avaliação de via

    TreckSTAR que utiliza o método da Federal Railroad Administration (FRA) paraavaliar os parâmetros geométricos medidos.

    2 .1 – O Equipamento Utilizado

    O veículo de avaliação de via - TrackSTAR é um equipamento   rodoferroviário,

    que pode circular sob os trilhos ou sob os pavimentos das estradas. Desenvolvido

    no início da década de 90, nos EUA, pela Holland Company (Holland) em conjunto

    com a Burlington Northen Santa Fé (BNSF) é homologado pela FRA e seu processo

    tem certificação ISO 17026.

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    Ele é um veículo auto-propulsor montado sob a plataforma de um caminhão

    volvo, modelo VHD64b, de três eixos e de fabricação americana, equipado com um

    sistema Hi-Rail (rodo-ferroviário). Ele faz uma avaliação das condições da via

    permanente com a aquisição simultânea de dados sobre a geometria da linha, a

    medida de bitola dinâmica com carga lateral (avaliação da fixação de dormentes) e

    o desgaste dos trilhos. Foi desenvolvido com o intuito de suprir a necessidade de

    avaliação da via pela BNSF que dependia dos carros de inspeção da FRA e da AAR

    para realizar esse serviço.

    Dotado de um sistema inercial, que registra toda a geometria da via e suas

    imperfeições, gerando relatórios para as equipes de manutenção e de um conjuntode câmeras e lasers, que fazem à medição da bitola da via e a coleta dos dados de

    desgaste de trilhos.

    O TrackSTAR, possui um eixo central que aplica forças na Vertical e Horizontal,

    para medir a resistência da Via. Essa medição resulta em um parâmetro muito

    importante para as ferrovias, chamado de Gage Restraint Measurement System -

    GRMS (Sistema de medição da resistência da Bitola). Muito utilizado para detectar

    problemas no conjunto Dormentes x Fixação.

    Existem hoje 10 equipamentos em funcionamento nos EUA, 1 no Canadá e 1 no

    México, além do da MRS, no Brasil. Os órgãos regulamentadores americanos

    possuem seus próprios equipamentos de inspeção de via que são utilizados para

    inspeção, porém são apenas ferroviários. 

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    Figura 01: TrackSTAR – Veículo de Avaliação de Via

    Fonte: MRS Logística S.A

    2.2 – Parâmetros de Geometria de Linha

    O veículo registrador de via TrackStar mede ou calcula os seguintes parâmetros

    referentes:

    1 - à Bitola, que é a distância entre os trilhos direito e esquerdo medida a 16mm

    abaixo do topo do boleto do trilho.

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    Figura 02: Medição de Bitola

    Fonte: CP Rail- Guidelines for Track Defects & Reports•  GRMS UTG: medida da bitola não carregada registrada pelo Rail Profile a frente

    do veículo;

    •  GRMS LTG: medida da bitola sob carga de 6.800 Kg para baixo e 4.500 Kg entreos trilhos registrada pelo Split Axle;

    •  GRMS DGAG: diferença entre o valor da bitola medida com carga e sem carga(UTG-LTG);

    •  GRMS GWR: estimativa da diferença entre o valor da bitola medida com e semcarga caso fosse aplicada uma força lateral de 7.312 kg entre os trilhos

    •  GRMS PLG: estimativa da bitola carregada caso fossem aplicadas uma força

    vertical de 15.081 kg e lateral 10.968 kg entre os trilhos.•  WIDE GAGE : a bitola correspondente a distância entre os trilhos direito e

    esquerdo medida a 16mm do topo do trilho. Defeito de Wide Gage é medidosobre o ponto máximo de abertura da bitola, incluindo o desgaste de trilhos.

    •  TIGHT GAGE - Igual a Wide Gage porém o resultado é negativo (fechamento debitola, inclui o escoamento do trilho).

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    Figura 03: Medição da Wide Gage

    Fonte: CP Rail- Guidelines for Track Defects & Reports

    •  GAGE GHANGE - variação rápida de bitola numa base de aproximadamente de20 metros.

    Figura 04: Defeito de variação de bitola – Gage Ghange

    Fonte: CP Rail- Guidelines for Track Defects & Reports

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    Para se analisar a resistência da via é necessário observar a forma dinâmica de

    como o TrackSTAR aplica cargas verticais e horizontais na via, produzindo, a todo

    instante, um esforço dinâmico que possui L/V entre 0.6 e 0.7, simulando (ensaio não

    destrutivo) as cargas que a via necessita resistir.

    O GRMS é um dado muito importante para a ferrovia. Hoje no Brasil somente a

    MRS utiliza esse dado. Ele é muito útil para a detecção de problemas no conjunto

    Dormente x Fixação, permitindo detectar placas quebradas, grampos com grande

    deformação plástica, ou no caso de fixação rígida, tirefonds quebrados ou

    laqueados. Esse dado também é muito útil na prospecção de dormentes.

    Esse dado é obtido através de um eixo que aplica forças na Vertical e Horizontal,

    medindo o deslocamento horizontal do trilho através de um conjunto de câmera e

    laser. Esse deslocamento é medido e comparado com a bitola da linha naquele

    ponto sem as forças, daí se tem o quanto o trilho se deslocou lateralmente. 

    Figura 05: Forças Aplicadas pelo Eixo Aplicador de Cargas

    Fonte: MRS Logística S. A

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    Figura 06: Câmeras e Lasers medindo o deslocamento lateral dos Trilhos

    Fonte: MRS Logística S.A

    Figura 07: Eixo Aplicador de Cargas na posição de Viagem

    Fonte: MRS Logística S.A

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    2 - ao Nivelamento Longitudinal, que é a distância vertical que um ponto qualquer,

    situado sobre a superfície de rolamento de um trilho, tem de uma reta formada, por

    outros dois pontos, sendo um antecedente e outro, subseqüente a ele, conforme

    mostrado na figura 8. Medido em ambos os trilhos, direito e esquerdo, dá-se o nome

    de base de medição do nivelamento à distância entre os dois pontos que definem a

    reta.

    Figura 08: Defeito de Nivelamento Longitudinal

    Fonte: CP Rail- Guidelines for Track Defects & Reports

    •  SLUFR 3: superfície do trilho esquerdo medida numa corda de 11 pés (3,35m);

    •  LSURF 20 (FRA): superfície trilho esquerdo medida numa corda de 62 pés

    (18,90m);•  RSURF 3: superfície trilho direito medida numa corda de 11 pés (3,35m);

    •  RSURF 20: (FRA); superfície trilho direito medida numa corda de 62 pés(18,90m);

    •  DIP (DEPTH - Profundidade) - Quando ambos os trilhos sobem ou descem juntos em um mesmo local sob ação de carga (dormentes laqueados).

    3 - ao Nivelamento Transversal, que é a distância vertical que um ponto qualquer

    sobre a superfície de rolamento de um trilho tem em relação a outro ponto

    perpendicular a ele e situado na superfície de rolamento do outro trilho.

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    Figura 09: Parâmetros de Geometria de Linha

    Fonte: Investigação de Causas e Prevenção de Descarilamentos – Walter VidonJúnior

    •  JOINT (juntas): Defeito que se apresenta em vias com juntas alternadas;

    •  XLEVEL - Desnível entre trilhos em um ponto em segmento tangente;

    •  SUPER XLV - Desnível excessivo entre trilhos em um ponto de trecho em curva(superelevação), no pior ponto;

    •  REVERSE X – Ponto onde o trilho direito está baixo numa curva para esquerdaou o trilho esquerdo está baixo numa curva para direita;

    •  OVER ELEV (Overelevation) - é quando existe um excesso de superelevação,calculado em função do grau e velocidade permitida na curva. Estas áreas da viasão notadas no gráfico (strip chart) e no Relatório de curva, onde o desequilíbrioirá aparecer;

    •  UNB XLV - Defeito causado por baixa superelevação.

    •  UNBALANCE - defeito encontrado na composição de curva, velocidade eelevação (superelevação insuficiente).

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    4 - ao Alinhamento, que é a distância horizontal que um ponto qualquer, situado na

    lateral do boleto de um trilho, tem de uma reta formada por outros dois pontos,

    sendo um subseqüente e outro, antecedente, conforme apresentado na figura 10.

    Medido em ambos os trilhos, direito e esquerdo, dá-se o nome de base de medição

    do alinhamento à distância entre os dois pontos extremos.

    Figura 10: Defeito de Alinhamento

    Fonte: CP Rail- Guidelines for Track Defects & Reports

    •  UNB ALN (Alignment swing) - defeito causado pela alternância de alinhamento;

    •  ALIGN 20 - mede o alinhamento direito e esquerdo para uma corda de 20

    metros.

    5 – ao Empeno, que é uma ocorrência na linha extremamente importante sob o

    aspecto da segurança. Considerando quatro pontos sobre a superfície de rolamento

    dos trilhos, dois em cada trilho, formando um retângulo, define-se como empeno a

    distância vertical de um dos pontos ao plano formado pelos outros. O empeno deve,

    evidentemente, ser medido sob carga; ele tem sentido quando relacionado com sua

    base de medida. Esta base corresponde também à base utilizada para as

    tolerâncias a serem usadas. Dá-se o nome de base de medição à distância entre os

    dois pontos situados em um mesmo trilho.

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    Ele pode também ser definido como a diferença de nivelamento transversal

    entre dois pontos, numa tangente ou dentro de uma curva circular. O Empeno é um

    defeito natural, que ocorre dentro da espiral da curva por perda aleatória do

    Nivelamento Transversal.

    Figura 11: Demonstração do empeno

    Fonte: Investigação de Causas e Prevenção de Descarilamentos – Walter VidonJúnior 

    •  TWIST - Diferença entre duas superelevações medida numa base de 10 metros.Corresponde ao pior valor verificado nos ponto situados ao final da base tendocomo referência os pontos iniciais situados 10 metros atrás;

    •  WARP 10 - Diferença entre duas superelevações medida numa base de 10metros. Corresponde ao pior valor verificado nos ponto situados no início dabase tendo como referência os pontos finais situados 10 metros a diante.

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    •  WARP 20;XX - Diferença entre duas superelevações medida numa base de 20metros. Corresponde ao pior valor verificado nos ponto situados no final da base

    tendo como referência pontos anteriores situados a XX metros do início da basede medição.

    TANK CAR - resultado da combinação de warp e align. este defeito serve para

    indicar as condições gerais da via.

    Durante as inspeções, o TrackSTAR registra em arquivo próprio os valores dos

    parâmetros medidos emitindo, on-line, em forma de gráfico o resultado dessas

    medições, permitindo uma visão geral da via inspecionada. Emite também, um

    relatório de exceção onde são registrados todos os valores dos parâmetros que

    ultrapassam as tolerâncias predefinidas. 

    Figura 12: Gráfico de Inspeção geométrica de linha emitido pelo TrackSTARFonte: MRS Logística S.A

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    2.3 – Desgaste de Trilhos

    O desgaste dos trilhos é medido por um conjunto de câmeras e laser. O facho delaser emitido incide sobre o trilho e é coletado pela câmera que envia a imagem

    para uma placa processadora instalada no computador. Ao todo são utilizados 4

    conjuntos para a medição do desgaste dos trilhos.

    Essa medição de dados é feita a cada 30 cm, sendo armazenados os dados a

    cada 5 mts. Essa medida pode ser visualizada durante a inspeção, em um monitor

    instalado dentro do TrackSTAR, e pode ser manipulada através de programas

    específicos, que permitem a visualização dos trilhos de todo o trecho inspecionado

    sem a necessidade de ser feita uma nova inspeção na Via.

    Os principais parâmetros medidos referentes aos trilhos da Via, são:

    •  Desgaste Vertical;

    •  Desgaste Horizontal;

    •  Distância do Centro do Trilho ao Ponto de Bitola;

    •  Ângulo de Desgaste no Ponto de Bitola;

    •  Rebarba no Ponto de Bitola;

    •  Área do Boleto;

    •  Perda de Área do Boleto.

    Esses dados são utilizados para a prospecção de trilhos e tem uma precisão de

    décimos de milímetros e podem, ainda, ser exportados como arquivos de extensão

    xls, o que permite uma melhor manipulação, permitindo o uso de filtros e outras

    funções do programa Excel.

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    Figura 13: Medição de Bitola e Desgaste de Trilhos

    Fonte: LPGMS Equipment Operation Manual Tube 2-10

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    Figura 14: Gráfico de Desgaste de TrilhosFonte: MRS Logística S.A

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    3 – O Processo de Análise dos Dados Geométricos da Via

    A análise do estado das condições da geometria da via consiste em comparar os

    parâmetros medidos com valores de tolerâncias pré-estabelecidas. O

    estabelecimento dessas tolerâncias retrata situações limites definidas em valores

    máximos atingíveis de cada parâmetro no nível considerado.

    No caso específico da MRS são utilizados dois tipos de limites, um de segurança,

    que aponta as correções que devem ser executadas imediatamente, e outro de

    manutenção, que aponta as correções que podem ser executadas de forma

    programada.

    De modo geral, os dados coletados são analisados somente sob a ótica da

    segurança apontando a necessidade de manutenção corretiva do trecho porém,

    alguns núcleos de via, por conta própria, já utilizam os limites de manutenção para

    analisar esses dados e assim gerar sua programação de serviços de manutenção

    preventiva.

    A MRS adota os valores propostos pela FRA para definir seus limites de

    segurança. Essa decisão fundamenta-se no fato do veículo TrackSTAR ter sido

    desenvolvido para medir os parâmetros geométricos da via segundo as

    recomendações propostas pela FRA, além da via permanente da MRS possuir

    características semelhantes as das ferrovias americana.

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    Figura 15: Tabela de Limites de Segurança da MRS

    Fonte: MRS Logística S.A

    Assim, simultaneamente ao processo de registro da via o programa de análise do

    TrackSTAR identifica os pontos da via onde os valores dos parâmetros medidos

    ultrapassam os limites de segurança gerando um relatório onde relaciona esses

    pontos em exceção. Alem desse relatório e para facilitar a localização desses

    pontos para as equipes de manutenção, o TrackSTAR deixa uma marcação de cor

    vermelha na via.

    As exceções de segurança devem ser corrigidas imediatamente, pois, nestes

    pontos, é alto o risco de descarrilamentos. 

    O gráfico da inspeção e o relatório de exceções são entregues ao Supervisor do

    trecho ao final da inspeção para que ele possa tomar as medidas necessárias.

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    Figura 16: Relatório de Exceções emitido pelo TrackSTAR

    Fonte: MRS Logística S.A

    Alem desse relatório sobre o estado da geometria da via o TrackStar emite outros

    relatórios indicando o estado dos dormentes e dos trilhos que por não serem objeto

    de análise desse trabalho não serão abordados.

    Todo o plano de manutenção corretiva da via da MRS, é baseado nos relatórios

    emitidos pelo TrackSTAR. 

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    Figura 17: Relatório de Prospecção de Dormentes gerado com dados coletados peloTrackSTAR

    Fonte: MRS Logística S.A

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    Figura 18: Gráfico de Desgaste de Trilhos gerado pelo TrackSTAR

    Fonte: MRS Logística S.A

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    4 – Críticas ao Processo de Análise da MRS

    O processo hoje em uso na MRS analisa, de forma independente, cada

    parâmetro medido identificando aqueles cujos valores ultrapassam as tolerâncias

    predefinidas. Não leva em consideração a atuação simultânea de mais de um

    parâmetro na circulação dos veículos nem a influência da repetição sucessiva e

    próxima de um mesmo parâmetro.

    De fato existe uma interdependência entre esses parâmetros que não ocorrem

    isoladamente como é o caso do nivelamento longitudinal, nivelamento transversal,

    empeno e torção. A ocorrência de um deles provoca, necessariamente, a existência

    dos demais. Outro fato importante e que nem sempre podemos eliminá-los

    completamente como no caso das curvas circulares e espirais de transição onde

    sua ocorrência se dá, de forma controlada, por imposição de projeto.

    A figura 19 ilustra esse problema onde a inserção e retirada da superelevação

    nos trechos de curva espiral de transição provocam variações nos parâmetros

    empeno, nivelamento longitudinal e transversal.

    Estudos avançados mostram que a ocorrência de variações bruscas e sucessivas

    do nivelamento pode causar efeitos harmônicos nos movimentos dos veículos, em

    particular no que se refere ao balaço transversal, e desta forma provocar seu

    descarrilamento mesmo que eles tenham valores inferiores aos limites de

    segurança. 

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    Figura 19: Gráfico de Inspeção geométrica de linha emitido pelo TrackSTARno Demetro/BH

    Fonte: MRS Logística S.A

    Esses mesmos estudos mostram que um vagão “Short Gôndola”, utilizado no

    Brasil, quando excitado tem freqüência natural da ordem de 3 - 6 Hz. Assim, ao

    receber um “input” devido a uma variação brusca do nivelamento da via, o vagão

    pode balançar até 6 vezes em um segundo. Também significa dizer que o sistema

    de suspensão do vagão tem de estar apto a amortecer e eliminar esse movimento

    em 1 segundo.

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    A ocorrência de novas excitações, dentro do tempo de influência da primeira

    excitação, pode gerar harmônicos fazendo com que os efeitos dos demais inputs

    venham a se somar ao do primeiro podendo seu valor global ser maior que 5 vezes

    o valor inicial, (Roney,1993 em Vidon,2004). Esse fenômeno também é conhecido

    como “Rock & Roll Crosslevel” ou simplesmente “Balanço da Via”.

    Além disto, deve ser considerado que a suspensão dos veículos podem não estar

    funcionando corretamente, o que pode ampliar sobremaneira esse fenômeno

    gerando riscos inaceitáveis para a operação

    Essas irregularidades podem acarretar um efeito danoso para o conjunto veículo

    x via, pois dependendo da intensidade e repetibilidade podem criar o alívio de rodas

    ou variação na carga vertical estática e, conseqüentemente, provocar

    descarrilamentos, sem que o grau de criticidade dessas irregularidade seja

    detectado pelo atual programa de análise do veículo de avaliação da geometria da

    Via da MRS. 

    Figura 20 : Rock & Roll Crosslevel ou Balanço da Via

    Fonte: Causes, Analysis and Prevention of Empty Tank Car Derailmts, RailSciences Inc.

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    Figura 21: Efeito Dinâmico do Desnivelamento Longitudinal

    Fonte: Walter Vidon Júnior 

    Figura 22: Efeito Dinâmico do Desnivelamento Transversal

    Fonte: Walter Vidon Júnior 

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    Esse problema não é identificado pelo método utilizado pela FRA e

    conseqüentemente pela MRS, porém algumas ferrovias utilizam um método

    específico para identificá-lo, ou seja, a partir de uma simulação da circulação de seu

    vagão tipo, identificam as características mínimas de uma seqüência de variações

    do nivelamento longitudinal a partir do qual os efeitos dos harmônicos gerados

    podem acarretar riscos inaceitáveis para a operação ferroviária.

    De posse dessas características (amplitude do parâmetro, quantidade de

    ocorrência e distância entre elas), que definem o tipo de assinatura desses defeitos,

    pode-se desenvolver uma sub-rotina a ser acrescentada ao programa de análise do

    TreckSTAR e assim possibilitar a sua detecção e melhorar o processo de análise dageometria da via. 

    Esse tipo de defeito contribuiu para 2 sérios descarrilamentos ocorridos em

    Fevereiro de 2004 na MRS , mais precisamente na Ferrovia do Aço, quando seu

    tráfego ficou suspenso por quase um mês, causando sérios prejuízos para a

    Empresa.

    A Figura 24 , mostra o relatório emitido pelo TrackSTAR do trecho onde

    ocorreram esses acidentes. Pode-se constatar que a amplitude dos parâmetros

    nivelamento longitudinal e empeno estão abaixo dos valores definidos como limites

    de segurança. Por esse motivo não foram identificados como defeitos e

    conseqüentemente, não foram programadas manutenção corretiva para o trecho o

    que motivou o acidente. Em anexo apresenta-se o relatório da Investigação da

    Causa de um dos Descarrilamento.

    Procedimento semelhante ao descrito anteriormente é utilizado pelo “Transport

    Canada – TC” para análise dos dados coletados da geometria de via, identificando

    seqüência de amplitudes do nivelamento longitudinal capazes de gerar harmônicose relacionando-as no relatório de exceção para que sejam corrigidas pelas turmas

    de manutenção. 

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    Figura 23: Gráfico emitido pelo TrackSTAR no local do descarrilamento

    Fonte: TrackSTAR – MRS Logística S.A

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    5 – O Programa Vampire

    Esse programa é comercializado pela AEA Technology Rail´s Dynamics, e é

    utilizado por ferrovias em vários locais do mundo incluindo, Reino Unido, França,

    Espanha, Itália, Alemanha, Austrália, Japão, Coréia, Hong Kong, América do Norte

    e fabricantes de veículos, também utilizado para auxiliar na investigação de

    descarrilamentos, como utilizado pela MRS.

    O programa Vampire foi também utilizado pela MRS para determinação de

    pontos problemáticos na linha de São Paulo, aonde haviam descarrilamentos quase

    que quinzenalmente. Foi detectado que a via possuía uma série de irregularidades e

    que somadas com problemas de um determinado tipo de vagão, causavam os

    descarrilamentos.

    O programa Vampire permite a criação de modelos virtuais de trens, ou usar os

    modelos padrões de vagões e simular o tráfego deles em uma via real com seus

    dados coletados ou uma via com traçado virtual previamente desenhado.

    Esse trem virtual tem uma instrumentação virtual, que permite simular quase todo

    aspecto do comportamento do veículo para se estudar em detalhe. Esse

    comportamento pode também ser visto em uma animação da corrida teste. Nessa

    animação se tem acesso ao comportamento do veículo e seu impacto na via sem a

    necessidade de ser executada uma corrida com o veículo na via. 

    Isso permite o desenvolvimento de veículos, levantamento do layout da via, a

    manutenção pode ser otimizada e os problemas de performance podem ser

    investigados a baixo custo. Freqüentemente problemas potenciais são identificados

    e resolvidos na fase de projeto.

    Como desvantagem esse programa apresenta a restrição de só poder simular a

    circulação de um único tipo de vagão por vez e não poder ser rodados

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    simultaneamente ao registro da linha. Estes fatos dificultam sua aplicação de forma

    rotineira pela manutenção, pois dependem de registro prévio da linha além da

    necessidade de simular todos os tipos de vagões que circulam no trecho para

    identificar os pontos onde deverão ser programadas as intervenções de

    manutenção.

    A seguir são mostrados alguns gráficos de uma simulação executada pela MRS,

    na linha São Paulo, utilizando o software Vampire da AEA, sendo detectados várias

    anomalias na Via e verificado que um modelo de vagão ao trafegar nessa linha

    descarrilava, devido à soma das anomalias da Via e as anomalias nele presentes.

    A geometria da linha é um fator limitador de velocidade operacional, pois não

    adianta se ter uma geometria perfeita, grandes tangentes, curva de raios longos, se

    existe uma grande quantidade de defeitos de alinhamento e nivelamento na Via. É o

    caso da linha São Paulo (Saudade /RJ x Itaquaquecetuba /SP), aonde a

    superestrutura é deficiente e é necessário que se faça intervenções periódicas para

    a manutenção da linha.

    Figura 24: Gráfico do Vampire Com Dados Colhidos na Linha São Paulo

    Fonte: Real Time Vampire Derailment Risk Indicator – MRS Logística

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    Figura 25: Gráfico do Vampire Com Dados Colhidos na Linha São Paulo

    Fonte: Real Time Vampire Derailment Risk Indicator – MRS Logística

    Figura 26: Gráfico do Vampire Mostrando o Momento do Descarrilamento

    Fonte: Real Time Vampire Derailment Risk Indicator – MRS Logística

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    Figura 27: Gráfico do Vampire Mostrando o Momento do Descarrilamento

    Fonte: Real Time Vampire Derailment Risk Indicator – MRS Logística

    Os defeitos de geometria da linha são os que alteram ou destroem um dos quatro

    parâmetros geométricos da linha. Eles podem ser agrupados em duas principais

    famílias e se deterioram isolados ou simultaneamente, alterando a relação L/V e

    provocando momentos de descarrilamentos.

    1ª Família – Defeitos que alteram a força lateral ( L ) : Defeitos de alinhamento,

    curvatura e bitola;

    2ª Família – Defeitos que alteram a força vertical ( V ) : Defeitos de nivelamento

    longitudinal, superelevação, empeno/Torção 

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    A qualidade da linha é um fator decisivo na determinação da velocidade dos

    veículos ferroviários. A MRS utiliza os parâmetros da FRA para a determinação dos

    limites dos defeitos da linha. Existe um Procedimento Gerencial, dividindo a malha

    em vários pontos, e segundo a geometria da Via, foi definida uma Velocidade

    Máxima Autorizada (VMA), para cada ponto da malha. Com base na VMA de cada

    ponto a MRS adequou aos limites da FRA, pois o TrackSTAR ( veículo de avaliação

    de linha), é totalmente baseado no modelo da FRA.

    Esses limites estão definidos no TSS e foi feita uma conversão do Sistema

    Imperial (usado nos EUA) para o Sistema Métrico (usado no Brasil), sempre

    utilizando o critério de segurança.

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    6 – Modelo Proposto

    A proposta desse trabalho é modificar o método de identificação das imperfeições

    da via. Essa nova forma seria uma junção dos dois métodos acima apresentados,

    ou seja, como cada método tem sua vantagem e desvantagem, o que se propõe é

    que se junte as vantagens de cada uma dessas formas e criar um método que

    possa definir a melhor forma de executar uma manutenção preventiva ou corretiva

    da via.

    O modo da FRA compara o valor medido da imperfeição da via com uma tabela

    de valores definidos, já o modelo do TC mede a variação de valores dos efeitos

    criados por essa imperfeição, esses dados juntos podem ajudar por demais na

    manutenção da via. 

    Figura 28: Gráfico para análise pelo ponto de vista da FRA

    Fonte: Curso de Via Permanente Ferroviária -FCA

    Se utilizarmos o valor determinado pelo método da FRA junto com o determinado

    pelo método do TC, teremos a medida real da imperfeição da via, mostrada pelo

    comprimento da onda. A determinação dessa medida mostrará o quanto essas

    imperfeições causam danos ao conjunto via x vagão e propiciam o aparecimento

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    dos chamados efeitos harmônicos que são grandes causadores de sérios

    descarrilamentos. A amplitude dessas ondas mostra o efeito sofrido pelos veículos

    quando passam por sobre as imperfeições da via.

    Ao analisarmos o gráfico da FRA, verifica-se que os desnivelamentos muito

    próximos, apesar de isoladamente cada um gera pulsos de pequena intensidade, o

    conjunto pode, por efeito harmônico, ter seus valores individuais somados gerando

    pulsos de grande freqüência e com intensidade quase constante provocando

    balanços e, consequentemente, o alívio de rodas. Porém como esses

    desnivelamentos têm um tamanho pequeno, não ultrapassam os limites de

    segurança estabelecidos e não são identificados como defeitos pelo programa doTrackSTAR e deste modo não são relacionados para serem objeto de correção no

    plano de manutenção da Via.

    Figura 29: Gráfico demonstrativo dos Limites da FRA

    Fonte: TrackSTAR – MRS Logística S.A

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    Observa-se no gráfico anterior uma quantidade excessiva de pequenos

    desnivelamentos na via cujas amplitudes estão aquém dos limites definidos pela

    FRA (47mm, os apontados no gráfico acima medem aproximadamente 15 a 20mm),

    portanto são desconsiderados pelas equipes de manutenção. Porém, ao analisar

    esses mesmos desnivelamentos pela definição de comprimento de onda,

    provavelmente se verificará que seus efeitos geram riscos inaceitáveis de

    descarrilamento e por isso devem ser relacionados como objeto de manutenção no

    referido trecho analisado.

    Por definição, no TC, quando se observa mais do que 3 eventos com amplitude

    acima de 15 mm é necessária uma correção desse ponto ou o estabelecimento derestrição de velocidade no trecho onde foram detectados esses defeitos afim para

    evitar descarrilamentos. 

    Figura 30: Gráfico emitido pelo Transport Canada

    Fonte: CP Rail -Track Eval. Cars - Guidelines for Track Defects & Reports

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    Para que tais ocorrências sejam identificadas como defeitos pelo programa de

    análise do TrackSTAR é necessário definir corretamente a partir de que amplitude e

    intervalo elas devem ser identificadas como defeito. Esses valores pode ser obtidos

    com a utilização do programa Vampire utilizando-se como dados de entrada os

    valores dos parâmetros geométricos medidos pelo TrackSTAR, as características

    dos vagões que circulam no trecho e a velocidade de operação.

    Definida a características do evento, será necessário o desenvolvimento de uma

    sub-rotina para os programas que colhem e criticam os dados de Geometria de Via.

    O que pode ser feito em conjunto com as empresas especialistas que já possuem

    experiência nesse tipo de desenvolvimento.

    Afim de se assegurar que os resultados esperados sejam alcançados, propõem

    se que seu desenvolvimento tenha o acompanhamento de especialistas em análise

    e desenvolvimento de sistemas, em análise de via permanente e de usuários final

    desses programas.

    A implementação dessa proposta de analise das imperfeições da via permanente,

    levará a identificação mais adequada e precisa dos pontos que necessitam de

    correção geométrica, inclusive daquelas pequenas imperfeições que o modelo da

    FRA não identifica como defeito e que, por repetição, podem causar harmônicos

    prejudiciais a circulação dos veículos. 

    Assim, todos os pontos que oferecem risco a circulação dos veículos serão

    relacionados nos relatórios de exceção e irão compor os planos de manutenção da

    via, aprimorando sua manutenção preventiva e corretiva, gerando ganhos de

    qualidade a partir da detecção das pequenas imperfeições antes que elas ganhem

    grandes proporções e possam causar gravíssimos acidentes como os que foram

    mencionados.

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    7 – Conclusão

    Uma reflexão sobre o conteúdo do trabalho elaborado nos capítulos anterioresleva à elaboração de um conjunto de conclusões a seguir apresentadas:

    •  O programa de análise e identificação de defeitos geométricos da via do

    veículo TrackSTAR não detecta pequena imperfeições, cujas amplitudes e

    freqüência podem causar descarrilamentos. Embora medidas e apresentadas

    graficamente não são identificadas como defeito por estarem abaixo dos limites de

    tolerância aplicados;

    •  A ocorrência de acidentes em locais onde o veículo registrador TrackSTARnão identificou defeitos tem gerado alguns questionamentos do tipo; O veículo de

    avaliação não inspecionou esse ponto?; Por que esse ponto não foi identificado?;

    Por que não foi feita manutenção nesse local?; A calibração desse veículo está

    OK?; e muitas outras mais, e sendo muito difíceis de serem respondidas; 

    •  Embora, após as inspeções realizadas por esses veículos, as equipes de

    planejamento da manutenção façam um pente fino nos relatórios emitidos para

    poder detectar essas imperfeições e incluí-las no plano de manutenção, nem

    sempre conseguem identificar todos os pontos. E esse processo trabalhoso e

    dispendioso é executado de forma empírica por um especialista e traz consigo um

    alto grau de subjetividade, pois depende única e exclusivamente da vivência

    adquirida pelo técnico ao longo dos anos de trabalho;

    •  A analise dos dados utilizando o conceito de comprimento de onda,

    apresenta um resultado mais preciso embora sua aplicação seja mais cara e

    demorada pois não podem ser realizadas simultaneamente ao registro das linha e

    são específicas para cada tipo de veículo;

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    •  A utilização do programa Vampire da AEA, que reproduz as condições da via

    e simula os vagões circulando com todas as características físicas, para o universo

    de vagões existentes na MRS permitirá a identificação das características de

    amplitude e freqüência das variações do nivelamento a serem classificadas como

    defeitos para o conjunto de veículos analisados;

    •  Essas informações possibilitarão desenvolver uma sub-rotina para o

    programa de identificação e análise dos defeitos de geometria da via do veículo

    TreckSTAR permitindo que esses defeitos sejam identificados e relacionados nos

    relatórios de exceção simultaneamente ao registro da via;

    •  As equipes de manutenção ganharão mais credibilidade quando passarem a

    executar serviços em todos esses pontos evitando desastres;

    •  A manutenção preventiva da Via terá um ganho significativo através de um

    planejamento mais adequado que direcionará as equipe de trabalho mais

    eficientemente, eliminando além dos pontos que ultrapassam as tolerâncias de

    segurança, sucessão de pequenas imperfeições cuja ação poderão provocar

    descarrilamentos;

    •  A implementação de utilização de tolerâncias de manutenção

    simultaneamente ao procedimento proposto, possibilitará a utilização do veículo

    TrackSTAR como um instrumento da manutenção preventiva da via possibilitando o

    planejamento mais eficiente da correção das imperfeições da via antes que as

    mesmas tomem proporções que possam comprometer a circulação dos trens e todo

    o processo produtivo da companhia.

    Finalmente, por tudo até aqui apresentado, conclui-se pela necessidade de se

    implementar essa nova forma de analisar as imperfeições da via proposta, devendo

    os dados coletados nas inspeções serem analisados simultaneamente a seu

    registro permitindo identificar, além dos valores dos parâmetros geométricos que

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    ultrapassam as tolerâncias predefinidas, aquelas situações onde a ocorrência

    sucessiva de defeitos de nivelamento possam provocar, através de efeitos

    harmônicos, movimentos oscilatórios nos veículos ferroviários com altas

    probabilidade de descarrilamento e, desta forma, melhorar o atual processo de

    analise da geometria da via da MRS.

    Formatado: Inglês (EUA)

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    8 – Referências Bibliográficas

    CP Rail – Track Evaluation Guide for Track Defects & Reports,1996;

    Holland – Track Awareness Workshop,2000;

    TTCI - Effect of Track Twist on Vehicle Dynamic Performance, 1998;

    University of Pretoria - Rail-Wheel Interaction and Metallurgy Course,1993;

    BNSF – Track Measurement Report Explanation Guide, 2005;

    RFFSA – Superelevação, Curva de Transição e Velocidades Máximas, ConceitosBásicos, 1984;

    Rail Sciences Inc – Cause, Analysis and Prevention of Empty Tank Car Derailments,

    2000;

    Rodrigues, C.A., Contribuição ao Planejamento da Manutenção Preditiva da

    Superestrutura Ferroviária, Tese de Doutorado, Programa de Engenharia de

    Transportes – PET - COPPE – UFRJ, 2001.

    Track Safety Standards Part 213 – Subpart A to F, Class of Track 1-5, Includes

    Defects Codes, 2005;

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    9 - Anexos

    Relatório de Investigação da Causa de Descarrilamento

    Referência: P2- 10, Km 50 + 600 (Túnel 20) Ferrovia do Aço

    Data do relatório: 01/06/2004

    Principal Investigador: Walter Vidon Júnior e Fernando César Moura e Silva

    Participantes: Várias equipes da MRS: Superint. NP/RJ (Robson e Saulo), Equipedo Simulador (Alexandre, Cordeiro e Valmir), Equipe CCO - Via (Régis), Equipe do

    TRACKSTAR (JB, Alex e Guido), Equipe de Via de Bom Jardim/ Volta Redonda

    (Cícero, Mário Soares, Jorge Francisco e Sebastião), Ger. de Movimento (Goretti),

    Oficina Pulverização (César Salles, Ivan e Celso Vianna), Socorro de Bom Jardim

    (Alicinio), Oficina do km 460(Afonso e Lugão).

    Trem:

    Prefixo NEV - 0328

    Formação: 3Locos = 1GE-U23C(3201) + 2GE-C30 (3702 + 3717) + 132 vagões

    GDT carregados.

    Toneladas brutas: 15.955 tons. 

    Data: 28/02/2004

    Hora: 10:00

    Local: km 50+600 (início) ao km 50+350(final), interior do túnel 20. 

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    Severidade:

    Acidente de alta severidade. O descarrilamento ocorreu quando o trem estava a 50km/h, descendo longa rampa e envolveu 34 vagões GDT carregados de minério, no

    interior de túnel longo (D = 1.152m), em curva aberta e longa. Vinte e dois vagões

    ficaram empilhados dentro do túnel à 50m do emboque Norte (lado MG), obstruindo

    totalmente qualquer comunicação com o emboque Sul (lado RJ). Na seqüência,

    imediatamente depois do empilhamento, um grupo de onze vagões permaneceu

    alinhado sobre a via, metade destes estavam adernados para o lado externo da

    curva e a outra metade parou sobre a via com pelo menos um truque totalmente

    descarrilado. Cerca de 80 % dos vagões descarrilados sofreram pesadas avarias edanos e 200m de superestrutura da via do túnel foi toda destruída.

    A circulação de trens no trecho Sul da Ferrovia do Aço ficou suspenso por sete dias

    (178,5 h), todo tráfego de trens pesados foi desviado para a Linha do Centro. A

    circulação de trens no trecho Sul da F. Aço foi restabelecido somente em

    04/03/2004 às 20:30 h.

    CAUSA RAIZ:

    Causa Vagão GDT 027.072- 5.

    Vagão colocado na posição 79ª, com revisão praticamente vencida e apresentando

    anomalias no sistema de suspensão (cunhas de fricção, chapas de coluna/pedestal

    e molas) e rodeiros do truque dianteiro, cabeceira A, lado E. Todos estes

    componentes foram considerados no rejeito e substituídos na oficina do Horto.

    §1- Descarrilamento por Alívio de Rodas (Wheel Lift). O alívio das rodas externas do

    truque dianteiro foi provocado por incapacidade do sistema de suspensão do truquede restringir ou absorver um desnivelamento seqüencial da linha de média

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    amplitude. Este padrão de defeito não é ainda detectado pelo software convencional

    do TRACKSTAR.

    §2- O padrão incomum de deformação do truque produziu o descarrilamento dos

    dois rodeiros. A primeira roda a descarrilar foi a roda externa do rodeiro de ataque,

    seguida imediatamente da roda externa do rodeiro rebocado. A condição das rodas

    do primeiro rodeiro a descarrilar é forte indicativa de Truque Fora de Esquadro. O

    vagão 027.072 depois de encarrilhado só foi retirado do local do acidente depois

    que o rodeiro foi substituído. O supervisor da equipe do Socorro exigiu a troca

    imediata do rodeiro para liberação do vagão.

    §3- O padrão incomum e especifico do desnivelamento ocorreu a 100m da

    embocadura Norte (lado MG), inicializando o balanço seqüencial do vagão. O

    sistema de suspensão em falha do truque fez a caixa do vagão balançar

    violentamente nas suas molas. As molas das rodas internas atingiram fim de curso e

    das rodas externas foram levadas ao limite de abertura. Ocorreu transferência de

    carga vertical entre as rodas de um mesmo rodeiro, e provocando alivio nas rodas

    externas de magnitude provavelmente na faixa de 40% da carga estática.

    CAUSAS CONTRIBUTÓRIAS:

    • Harmonia entre os defeitos da via permanente, velocidade do trem (V=50 km/h), e

    anomalias na suspensão do vagão, exarcebando a tendência do vagão balançar e

    gerar alívio da roda de ataque.

    • Via Permanente com defeito de baixa amplitude (dentro das tolerâncias da FRA)

    no nivelamento da linha provocado pelo colapso do sistema de drenagem (canaleta

    central) a montante do Túnel 20, lado MG (Andaime).

    • Padrão de desnivelamento periódico provocado por acumulo excessivo de águaembaixo do lastro. A água de montante do túnel que constantemente jorra do teto,

    deveria ser escoada pelo sistema de drenagem. Informes de antigos colaboradores

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    indicam que o emboque MG do Túnel 20 possui um histórico de problemas de

    drenagem e há cerca de quatro anos sofreu completo serviço de desobstrução.

    • Trecho em curva aberta, mas mesmo assim gerando Força Lateral (nos dois

    rodeiros) suficientemente excessiva para um truque fora do esquadro, sem

    resistência mínima a deformação (Truck Warp Stiffness).

    SUMÁRIO DO ACIDENTE:

    O trem NFG 0354 com três locomotivas e 132 vagões partiu do terminal do Andaime

    as 17:46 do dia 27/02/2004, circulou pela F.do Aço, chegando em Bom Jardim (P2-

    6; km 98+308) às 07:48 do dia 28/02/04. Houve corte das locomotivas de auxílio etroca de equipagens, o trem retornou viagem partindo de Bom Jardim as 08:35 de

    28/02/2004. A partir de Bom Jardim, o maquinista desligou a terceira locomotiva

    para economia de combustível . No pátio P2- 8 (km 72+064) houve cruzamento com

    um trem de minério vazio que circulava em sentido oposto.

    Partindo do pátio P2-8, o trem retomou a velocidade autorizada de 50 km/h em

    cerca de 7min, recebendo sinal verde no pátio P1-9 (km 58+475), cruzando o pátio

    na velocidade de 40 km/h. Após a saída do pátio P1-9, o trem retoma novamente a

    VMA de 50km/h. Quando a cabeça do trem passava pelo emboque de saída do

    túnel 20 (1.150m de extensão; lado RJ) km 49+517, o trem entrou em freio de

    emergência. Neste momento a velocidade do trem era de cerca de 50Km/h (registro

    do disco de velocidade) e quando a cabeça do trem atingia a saída do túnel 20, o

    inicio do terço final do trem entrou em violento descarrilamento. O ponto de origem

    do descarrilamento (POD) foi completamente destruído devido ao empilhamento e

    tombamento de cerca de 34 vagões no interior do túnel. O descarrilamento se

    iniciou à apenas 50m do emboque do lado MG, indo até 250m adentro do túnel 20,

    cerca de 22 vagões se amontoaram dentro do túnel e um grupo de 12 vagões nadianteira também descarrilaram, mas não foram envolvidos pelo violento choque

    entre os demais vagões.

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    COMO OCORREU O DESCARRILAMENTO?

    1- O trem NFG 0354 entrou no túnel 20 (emboque lado MG - km 50+669)desacelerando, passando de 53 km/h para 50 km/h. Há cerca de 2/3 minutos antes,

    o maquinista tinha feito uma redução de serviço de 10 psi no MFA (Manipulador de

    Freio Automático). O Freio Dinâmico (FD) estava acionado desde o inicio da

    descida (6 km antes) e era empregado para modular a velocidade (amperagem

    cresce ou decresce conforme a velocidade do trem diminuía ou aumente). Naquele

    momento o FD estava no nível de 600 Amps e o trem reagiu muito bem às duas

    aplicações de freio, estava sob completo e total controle do maquinista, isto é

    descendo a forte rampa todo encolhido e velocidade dentro da VMA.

    2- Quando a cabeça do trem se aproximava da boca de saída do Túnel 20 ( 200m

    do emboque lado RJ – km 49+517) o trem entrou em Frenagem de Emergência

    Indesejada (FEI). O descarrilamento ocorreu quando mais da metade do trem de

    1.520m já tinha passado sobre o local do PODS (Ponto de Origem do

    Descarrilamento Suposto - km 50+530), a cerca de 140m após a boca de entrada

    (emboque lado MG - km 50+669). O POD real foi completamente destruído e

    impossível de ser encontrado, entretanto ele é possível de ser estimado, daí a

    diferenciação para PODS.

    A boca de entrada do túnel 20 é no inicio de curva aberta e longa (R = 905m e DT =

    1.953m) e rampa descendente de 1% no sentido Rio de Janeiro. O sistema de

    drenagem do túnel segue a orientação da rampa descendente, a boca de entrada

    (MG) fica à montante e a boca de saída (RJ) fica à jusante.

    3- O túnel 20 tem uma característica especial de possuir à montante, exatamente

    no emboque (MG), grande quantidade de nascentes d’água que são escoadas

    somente por uma grande canaleta central que corre no eixo do túnel. Estasnascentes d’água brotam de fontes do teto e nas paredes laterais do túnel e está

    concentrado em 150m iniciais á partir da boca de entrada. Se a canaleta de

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    drenagem estiver obstruída mesmo parcialmente, um grande acumulo de água irá

    se formar embaixo do lastro e dos dormentes (este fato foi constatado e

    fotografado). A excessiva e constante presença de água retira material fino do lastro

    criando vazios, e ainda reduz a capacidade de suporte do lastro, pois elimina o atrito

    interlamelar entre as partículas de pedra. Neste cenário o nivelamento de cada fila

    de trilho se deteriora lentamente a cada passagem de um trem.

    4- O PODS (km 50+530) se deu exatamente no final da região com infra-estrutura

    em processo de degradação do nivelamento das duas filas de trilho. Estes

    desnivelamentos se refletiram fortemente na perda da superelevação da curva com

    a formação de “Ups and Downs”, ora do lado direito ora do lado esquerdo. Estepadrão de desnivelamento periódico, só pode ser identificado através da analise

    minuciosa dos registros anteriores do TrackSTAR. O padrão de defeito no

    nivelamento gerou defeito periódico atingindo amplitudes possivelmente maiores

    que 15/ 25mm. O padrão de defeito na superelevação foi o principal responsável

    pela inicialização de balanços laterais no vagão, e não é detectado pelo software

    convencional do TrackSTAR.

    5- O vagão GDT 027.072-5 com o seu sistema de suspensão em estado precário

    entrou a 50 km/h, numa seqüência de “Ups and Downs” de aproximadamente 77mde comprimento, formados pelo acumulo de água na entrada do Túnel 20. A

    superelevação de projeto da curva era de 23mm e neste trecho degradado foi para

    43/48mm e caindo para 21mm em pontos alternados (um pico cada 8,6m). Este

    padrão de defeito é conhecido como defeito periódico, ora surge no trilho externo e

    ora aparece no interno, fez o vagão balançar lateralmente nove vezes. Como a

    freqüência natural de oscilação do vagão é de 3Hz, então sistema de suspensão foi

    solicitado absorver e amortecer: 9x3 = 27 balanços no tempo de 5 segundos (50

    km/h = 13,9m/s→

    77m/13,9 = 5 seg).

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    6- Com o sistema de amortecimento (cunhas de fricção principalmente) em falha, a

    energia de cada balanço é transmitida integralmente para as molas principais do

    truque. As molas do lado interno da curva (lado do trilho interno, mais baixo)

    atingem rapidamente o fim de curso enquanto as molas do lado externo da curva

    (lado do trilho externo, mais alto) ficam totalmente estendidas. Este comportamento

    anormal das molas provoca transferência de peso para a roda interna e o

    conseqüente alívio nas rodas externas dos dois rodeiros do truque em falha.

    Quando um veículo ferroviário está na curva, se o alívio de roda atingir valores

    superiores a 30% da carga vertical estática, as rodas externas, passaram a viajar no

    ar, se desprendendo do topo do trilho externo (A Geometria da Via Permanente -

    Perigos de Descarrilamentos em Curvas, pg. 174. Gerhard Schramm, Brasil-1974).

    7- A roda externa (AE1) do rodeiro de ataque do truque dianteiro do vagão GDT

    027.072- 5, ao passar pelas irregularidades de nivelamento da região do PODS (km

    50+530) se eleva, e sob ação de Força Lateral orientada para o lado externo da

    curva, o seu friso vagarosamente galga o topo do trilho externo (no lado de bitola),

    caminha pelo topo e finalmente caiu para o lado de fora da curva (lado de campo).

    A roda externa (AE2) do rodeiro rebocado do mesmo truque dianteiro, também sofre

    alívio e se eleva, e sob ação de Força Lateral de mesma intensidade, mas orientada

    no sentido oposto, isto é, para o lado interno da curva, descarrila para o lado de

    dentro da curva.

    8- As rodas externas dos dois rodeiros (de ataque e rebocado) do truque dianteiro

    (Fora do Esquadro) sofrem simultaneamente alívio de carga vertical e a ação de um

    binário formado pelo par de Forças Laterais agindo nos eixos dos dois rodeiros,

    portanto descarrilam de modo semelhante mais para lados diferentes. A roda

    externa do rodeiro de ataque descarrila para o lado externo da curva e a roda

    externa do rodeiro rebocado descarrila para o lado interno.

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    As rodas externas sob ação de Força Lateral de baixa intensidade (devido ao raio

    de curva aberto), ao descarrilarem cairão sempre sobre o patim do trilho externo,

    deste modo os frisos das duas rodas passam correr bem junto da alma do trilho.

    Dessa maneira as duas rodas descarriladas se chocam constantemente contra os

    grampos de fixação da fila de trilho externa provocando a quebra ou retirada súbita

    dos grampos. O resultado deste modo de descarrilamento é que toda fila externa de

    trilho fica praticamente despregada.

    Figura 31: Forças Atuantes nos Rodeiros

    Fonte: “Effects of wheel-rail contact geometry on wheel-set steering forces”,

    S.Mace, R. Pena, N. Wilson e D.DiDrito, AAR/TTCI, Tech. Report Dezembro

    1994

    9- Consumado o descarrilamento do vagão GDT 027.072-5, nada acontece por

    alguns segundos com o trem que continua na sua viajem normalmente. Entretanto à

    medida que o vagão descarrilado avança junto com o trem, a fila de trilho externa

    vai ficando cada vez mais despregada, solta e livre para todos os vagões que viajam

    atrás do 027.072 – 5. Os grampos de fixação dos dois lados da mesma fila estão

    sendo destruídos pelos dois rodeiros do truque dianteiro, descarrilados de maneira

    incomum, para lados opostos da mesma fila de trilho. Como a velocidade do trem é

    de 50km/h em apenas 15segundos, cerca de 200m da fila externa de trilho está

    totalmente despregada. Nesta situação em instantes a bitola da linha se abre

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    subitamente para os vagões mais distantes do primeiro vagão a descarrilar.

    Imediatamente os vagões perdem o guiamento do trilho externo e totalmente

    desgovernados são lançados para o lado externo da curva, chocando-se

    violentamente contra a parede do túnel.

    10 – Enquanto o amontoado de vagões desgovernados na cauda está sendo

    formado, o encanamento geral de freio é rompido devido às colisões sucessivas.

    Neste momento o grupo de vagões imediatamente atrás do 027.072 – 5, não

    envolvidos no empacotamento de vagões da cauda sofrem o fenômeno de

    “Stringlining”. Uma forte força de tração nos engates ocorre (esticão no trem) e atua

    nos vagões não envolvidos no embolamento da cauda. Numa extremidade a forçade tração é exercida pela entrada da Frenagem de Emergência que se inicia

    imediatamente a partir do primeiro vagão embolado. Na extremidade oposta do

    trem, existe ainda as locomotivas da cabeça e o peso dos vagões remanescentes

    do trem, ainda descendo a serra, sob ação da rampa descendente que atua

    “puxando” o trem para frente. O efeito de “Stringlining” foi tão forte que partiu o trem

    entre os vagões da posição 86º e 85º(quebrou o corpo do engate), além de tombar

    lateralmente um grupo de seis vagões (ficaram perfeitamente alinhados)

    imediatamente à frente dos vagões embolados na cauda.

    EVENTOS APURADOS:

    Vagão GDT 027.072-5

    O rodeiro de ataque do truque dianteiro deste vagão, o primeiro a descarrilar,

    apresentava péssima condição. Sendo até substituído por outro rodeiro pelo pessoal

    do Trem Socorro, para que o vagão pudesse ser encarrilado e retirado do local. A

    inspeção detalhada das rodas deste rodeiro revelou excesso de trincas paralelas e

    inclinadas na bandagem indicando que o rodeiro tinha exagerada movimentaçãolongitudinal e lateral. Além do trincamento anormal havia desgaste da bandagem

    por escoamento (Metal Flow) forte indicativo de roda sem conicidade efetiva. O friso

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    das rodas apresentava contorno péssimo e completamente anormal. Estas

    indicações características constituem evidências objetivas de Truque Fora do

    Esquadro, sem mínima resistência à deformação das travessas (Truck Warp

    Stiffness) e de sistema de suspensão em falha.

    Dos cinco vagões do grupo de vagões isolados da frente do acidente, apenas o

    vagão GDT 027.072 pode ser considerado como o primeiro a descarrilar, os demais

    do grupo não teria chance de ser pois não tinham o truque dianteiro descarrilado ou

    o truque dianteiro possuía os dois rodeiros descarrilados (ver croquis).

    O vagão 027.072-5 foi identificado com sendo o primeiro vagão a descarrilar porque

    era o primeiro na frente de um grupo de onze que pararam bem afastados da pilha

    de vagões tombados, cerca de 150m para trás. Era o único que tinha a roda de

    ataque (AE1) do truque dianteiro descarrilado e torcido para o lado externo e com as

    marcas de friso nos dormentes terminando exatamente embaixo da roda de ataque

    (AE1). Esta roda tinha a aparência mais danificada e friso mais marcado por

    mossas causadas por impactos em placa de apoio e clipes de fixação.

    Em conformidade com padrão operacional vigente para todo vagão acidentado, o

    vagão GDT 027.072 foi enviado para a Oficina do Horto, para uma completa

    avaliação e revisão geral. Durante a revisão geral dos truques deste vagão foi

    constatado a necessidade de substituição de todos os componentes do seu sistema

    de suspensão, a saber: chapas de desgastes das colunas, chapas de desgastes

    dos pedestais, cunhas de fricção e molas principais. Estas avarias foram

    constatadas na Oficina do Horto Florestal, em 08/05/2004, cerca de um mês depois

    do acidente no túnel 20. O tempo decorrido entre o “Check-Out” na Oficina e a

    ocorrência do descarrilamento não invalida a afirmativa de que o estado do truque

    dianteiro do vagão era péssimo no dia do acidente e que o truque do vagão estava

    com a suspensão comprometida.

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    A vida útil dos componentes de fricção do sistema de suspensão de um truque tem

    vida útil de cerca de 420 /450.000 km, que na MRS são atingidos em apenas quatro

    anos de serviço ativo (Metallic Components for Freight Wagons and Bogies-

    Experiences in North American Heavy Haul, D.L. Rhen. Conference Papers - Sixth

    IHHA / S.A. April 1997). O vagão GDT 027.072-5 entrou em operação em

    28/7/2000, portanto na data de 28/02/2004, o dia fatal do acidente do túnel 20, o seu

    sistema de suspensão estava com sua vida útil praticamente vencida, logo o GDT

    027.072-5 era vagão com revisão vencida e no mínimo apresentava precárias

    condições de utilização. O que pode ser constatado pelo excesso de trincas na

    superfície de rodagem das rodas do rodeiro de ataque.

    Vagão com sistema de suspensão em precárias condições não ira absorver os

    “inputs” gerados pela via permanente, isto é, os desnivelamentos periódicos, como

    os existentes no local do acidente. A freqüência natural de um vagão “Short

    Gôndola” é da ordem de 3- 6 Hz. Significa dizer que ao receber um “input” da via o

    vagão pode balançar até 6 vezes em um segundo, também significa dizer que o

    sistema de suspensão tem de estar apto a amortecer e eliminar todos aqueles

    balanços do 1º “input” dentro do mesmo segundo, se não os balanços

    remanescentes deste primeiro “input” se somarão aos do segundo input e assim

    sucessivamente. Se o sistema de suspensão não funcionar, então quando o vagão

    passar sobre o 6º e ultimo “input” da via, a amplitude do balanço será ampliada para

    mais de 5 vezes do valor do “input” inicial. (The Dynamic Nature of The

    Vehicle/Track System, M.D. Roney, University of Pretoria/1993).

    A suspensão de vagão estando precária e ruim, a roda externa do vagão na

    presença de um desnivelamento de linha (1-1/4”) sofre alívio de carga vertical da

    ordem de 50%, o suficiente para elevar a bandagem a roda em cerca de 15/ 20mm

    acima do topo do trilho e iniciar o descarrilamento (Tracking Errors and their Effecton Traffic, M.D. Roney. University of Pretoria / S.A. Institution of Civil Engineers /

    Jun 1993); Research and Development for Eliminating Wheel climb Derailment

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    Accidents, Kiyoshi Ohno. Safety Research Laboratory, R&D Center of JR East,

    Japan, Jul 2003).

    Figura 32: Gráfico de Alívio de Forças nos Rodeiros

    Fonte: “Effects of Track Twist on Vehicle Performance”, Dave Read, H. Wu and

    Bill Shust. Technical Report AAR/TTCI, 1997

    Um vagão com sistema de suspensão normal e sem falhas, apresentando 100% de

    eficiência, ao passar por um desnivelamento de linha (1 ¼”) provoca alívio de roda

    de no máximo 10-15%.

    Quando o defeito da via em tangente for duplo, desnivelamento (1 ½ ”) somado a

    um defeito de alinhamento (1 ¾”) o risco de descarrilamento em tangente (alívio de

    roda = 90%) só ocorre para velocidades acima de 40 mph (64 km\h). (Effects of

    Track Twist on Vehicle Performance, Dave Read, H. Wu and Bill Shust. Tech.

    Report. TTCI, (1997). Estes testes do TTCI confirmam o enunciado do ProfessorGerhard Schramm “Acentuadas irregularidades na geometria da linha, via de regra,

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    isoladamente não causam descarrilamentos, mas sim apenas quando atuam em

    conjunto com outras circunstancias desfavoráveis”.

    Operação do trem

    A primeira suspeita de anomalia no trem foi a ocorrência de choque de compressão,

    devido a uma possível falha na condução ou erro grosseiro praticado pelo

    maquinista, ou até falha em locomotiva. Os sintomas típicos estavam presentes: a)

    O acidente ocorreu no terço final do trem, entre os vagões da posição 79ª e 111ª, b)

    O trem estava descendo longa rampa continua de 1% c) Trecho de aplicação

    intensiva de Freio Dinâmico. Entretanto, após avaliação do disco registrador de

    velocidade e a após realização de vários ensaios no Simulador de Operação de

    Trem, ITRII –TS. 01 nenhuma anormalidade foi constatada ou gerada. O padrão de

    condução recomendado para o trecho e nas proximidades do túnel 20 não foi

    violado, portanto o trem de 132 vagões não sofreu ação de nenhum ajuste de

    folgas.

    Não havendo ajuste de folgas no trem, jamais choques de compressão nos engates

    acontecerá. Portanto, apesar de não haver registros da condução (ROT ou Event

    Recorder) pode-se afirmar que neste descarrilamento não ocorreu nenhum choque

    de compressão. Durante toda a descida (desde o Pátio de Bom Jardim – km

    98+308) o Freio Dinâmico fica acionado e jamais é desenergizado, mesmo na

    transposição de pátios. A ação do Freio Dinâmico durante toda a descida garante

    que o trem não muda de status durante a descida, ficando sempre encolhido, não

    dando a menor chance para ocorrência de ajuste de folgas.

    Fratura de Roda

    Nas fases iniciais da investigação das prováveis causas deste acidente foi levantada

    uma serie quase consistente de indícios que apontavam na direção de que uma

    quebra de algum componente mecânico significante tivesse ocorrido, uma forte

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    suspeita recaiu sobre fratura de roda em serviço. Entretanto nenhuma evidência

    objetiva foi encontrada ou descoberta na exaustiva busca empreendida entre os

    destroços do acidente. Todas as rodas dos vagões acidentados foram identificadas

    uma a uma, e nenhuma delas apresentava indícios de quebra ou fratura, ou de eixo

    foi encontrado.

    Uma hipótese de fratura de roda causada por trinca térmica devido à excessiva

    carga térmica induzida pelos ciclos de frenagem pneumática também foi afastada.

    Porque além de não se ter encontrado uma roda fraturada, a inspeção visual das

    bandagens das rodas dos vagões acidentados não indicou os sintomas que este

    fenômeno estivesse ocorrendo. Apenas um numero muito reduzido de rodas e semsignificação estatística apresentavam sinais de trincas térmicas na circunferência do

    aro.

    Entretanto a analise da superfície da bandagem das rodas de um mesmo rodeiro

    através do desgaste da bandagem e do desgaste da face ativa dos frisos revelou

    uma situação alarmante de rodeiros em serviço sem mínimas condições de

    rolamento e guiamento. Praticamente metade da população dos rodeiros perderam

    capacidade de guiamento (Good Steering) devido ao excessivo escoamento do aço

    da bandagem das rodas (Metal Flow) e excessivo desgaste lateral dos frisos. Estessintomas são indicativos evidentes de truque fora de esquadro. Se nenhuma ação

    for tomada para identificação e retirada de serviço destes rodeiros em mal estado,

    com certeza o risco de descarrilamento da Cia será exacerbado

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    Fratura de Trilho e Via Permanente:

    Condição do Trilho

    Devido à característica explosiva e súbita do descarrilamento e a total destruição do

    POD uma forte suspeita também recaiu na hipótese do acidente ter sido provocado

    por fratura de trilho em serviço. Um exaustivo levantamento das series de

    ocorrência de fratura de trilhos dentro do Túnel 20 foi empreendida. Uma minuciosa

    busca de evidência material de fratura foi realizada no local dos destroços do

    descarrilamento. Aqui também, como na busca da roda partida, nenhuma prova

    material de trilho partido que não fosse conseqüência do acidente, Nenhum pedaço

    de trilho encontrado no local constituiu uma evidência objetiva.

    O levantamento da situação dos trilhos assentados no interior do Túnel 20 revelou

    que o trilho externo da curva está na sua infância em termos de vida útil. Foi

    assentado em 15/11/ 1999 acumulando apenas cerca de 350 milhões TBT (vida útil

    estimada 1,6 bilhões TBT). O trilho é esmerilado a cada ciclo de 30 milhões de TBT,

    não tem registro de trincas de RCF (Rolling Contact Fadigue). Não existe registro de

    fratura de trilho dentro do Túnel 20 nos dois últimos anos (2002/2003 e 2004).

    Quase 100% da extensão da fila externa de trilho no Túnel 20 é do tipo HY / SHH –

    Corus.

    Estes trilhos são fabricados na França, são de alta resistência e de especificação

    premium, boleto endurecido por tratamento térmico e são identificados por: HY/SHH

    - Hyange / Corus. A condição de utilização e o nível desgaste estavam normais. O

    desgaste lateral máximo encontrado foi de 16%, com desgaste médio de 13% (limite

    máximo = 40%). O maior ângulo da face de desgaste encontrado foi de 23º (limite

    máximo = 33º). O trilho externo não estava lubrificado, esta pratica não é adotada

    na F. do Aço (R min = 900m).

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    Os trilhos da Ferrovia do Aço são testados por ultra-som a cada quatro/seis meses,

    e a ultima inspeção foi realizada no interior do Túnel 20 em 31/08/2003 (pela NDT

    do Brasil) e não registrou nenhuma anomalia em trilho HY/ SHH.

    A cada três dias também é realizada “Ronda de Linha”, por dois mantenedores de

    via (um em cada fila de trilho), em busca de anomalias aparentes. No Túnel 20, a

    “Ronda” foi realizada em 27/02/2004, um dia antes do acidente e não havia

    detectado nenhuma anomalia nos trilhos ou na linha.

    Geometria de Linha

    A análise das ultimas passagens do TRACKSTAR, a primeira em 24/05/2002 e aultima em 10/03/2004 (dois dias após a liberação) permitiu identificar o padrão

    incomum de defeito periódico no nivelamento do trilho externo. O trecho Sul da

    Ferrovia do Aço, incluindo o núcleo de manutenção de via de Quatis apresenta

    0,11defeitos /km sendo a mais baixa taxa de defeitos de geometria de linha (bitola,

    alinhamento, nivelamento e curvatura) de toda malha da MRS (menor = 0,11; média

    = 1,03; maior = 2,84).

    As análises de detalhes dos defeitos de nivelamento e alinhamento, os

    preponderantes para inicializar balanços e oscilações no vagão, mostraram que

    apenas o nivelamento do trilho externo apresentava variações significativas em

    cada passagem do TRACKSTAR. A ultima passagem (em 17/09/2003) realizada

    seis meses antes da ocorrência do descarrilamento revelou no canal de registro da

    superelevação um padrão de anomalia que foi relevante para incitar balanços de

    dois tipos: Bounce (balanço vertical) ou Rock/Roll (balanço lateral). Este padrão de

    defeito periódico não é reconhecido pelo software de analise do caminhão, pois

    somente o Canadá adota reconhece tal padrão como defeito e estabelece método

    de avaliação, nos USA (a origem tecnológica do TRACKSTAR) não classifica odefeito periódico e nem especifica método de sua avaliação.

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    Pela metodologia de análise de risco atualmente existente no TRACKSTAR da

    MRS, as amplitudes dos defeitos de alinhamento e nivelamento não atingiram o

    limite de segurança. A metodologia Canadense, entretanto enquadra o defeito

    periódico como de risco, pois a superelevação na entrada da curva circular está com

    valor alterado para quase o dobro do valor nominal (23mm foi para 47mm), e ainda

    existe uma seqüência de oito pontos altos e baixos (ups and downs) entre 15/19mm

    de amplitude no gráfico da superelevação.

    Os valores analisados do TRACKSTAR foram obtidos seis meses antes do

    acidente, e como a infra-estrutura do emboque do lado MG já poderia estar em

    colapso desde esta data devido ao excesso de água embaixo do lastro é de seesperar que estes valores na época do descarrilamento estivessem maiores em

    30%, indo a superelevação mominal para 61mm e amplitude dos defeitos periódicos

    para 19/25mm.

    Em 23/05/2004, dois meses e meio após a liberação da linha para o tráfego, uma

    inspeção do estado do nivelamento na região do PODS foi realizada manualmente e

    foi constatado que a superelevação mantém a tendência de crescimento rápido, de

    até 70% nos piores pontos e 50% na média dos pontos levantados. O nível de risco

    é ainda baixo porque o padrão de defeito periódico de nivelamento nasuperelevação (seqüência de ups and downs) não foi formado

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    Figura 33: Gráfico da Passagem do TRACKSTAR 6 meses antes do acidente

    (17/09/2003).

    Fonte: MRS Logística S.A

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    Figura 34: Gráfico da Passagem do TRACKSTAR 6 dias após liberação da

    linha

    Fonte: MRS Logística S.A

    Através da comparação do