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Gerenciamento da CADEIA DE SUPRIMENTOS Antônio Jorge Cunha Campos 2009

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Gerenciamento da CADEIA DE SUPRIMENTOS

Antônio Jorge Cunha Campos

2009

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© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br

Todos os direitos reservados.

C198 Campos, Antônio Jorge Cunha. / Gerenciamento da cadeia de supri-mentos. / Antônio Jorge Cunha Campos. — Curitiba : IESDE

Brasil S.A., 2009.192 p.

ISBN: 978-85-387-1070-7

1.Administração de materiais. 2.Logística empresarial. 3. Administração de Empresas. I.Título.

CDD 658.7

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Doutor em Engenharia de Produção pela Universi-dade Federal de Santa Catarina (UFSC), área de concen-tração: Logística e Transporte, com estágio de doutorado na Universitat Jaume I em Valença (Espanha). Mestre em Administração Institucional pela UFSC. Especialista em En-genharia de Produção pela Universidade Federal da Paraí-ba (UFPB). Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Professor titu-lar da Universidade Federal do Amazonas e do programa de Pós-Graduação da Universidade do Oeste de Santa Ca-tarina (Unoesc). Tem experiência na área de Engenharia de Produção com ênfase em Gerência de Produção, atuando principalmente nos seguintes temas: Avaliação de Desem-penho, Gerenciamento Integrado da Cadeia Logística (Lo-gística de Suprimento, Logística de Produção, Logística de Distribuição e Reversa), Organização Industrial, e Organiza-ção, Sistemas e Métodos. Atuou por 18 anos em empresas do Polo Industrial de Manaus. Participou de conferências e congressos internacionais e tem artigos publicados.

Antônio Jorge Cunha Campos

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SumárioLogística: histórico, conceito e importância ................................................11

Introdução ..................................................................................................................................................11Origens e aspectos conceituais da Logística ..................................................................................11Vantagem competitiva ...........................................................................................................................16Conclusão ....................................................................................................................................................19

Visão sistêmica e gerenciamento integrado da cadeia logística .........29

Visão sistêmica da Logística .................................................................................................................29Cadeia logística .........................................................................................................................................30Conclusão ....................................................................................................................................................38

Logística de Suprimento ....................................................................................47

Introdução ..................................................................................................................................................47Importância do setor de compras na integração da Logística de Suprimento .................47Logística de Suprimento: atividades básicas..................................................................................50Conclusão ....................................................................................................................................................57

Logística Interna ....................................................................................................61

Introdução ..................................................................................................................................................61Gestão de estoque ...................................................................................................................................61Planejamento e Controle da Produção (PCP) .................................................................................66Conclusão ....................................................................................................................................................69

Logística de Distribuição ....................................................................................75

Introdução ..................................................................................................................................................75Canal de distribuição ..............................................................................................................................76Conclusão ....................................................................................................................................................84

Canal de distribuição: uma visão prática ......................................................91

Introdução ..................................................................................................................................................91Estruturação do canal de distribuição ..............................................................................................91Conclusão ..................................................................................................................................................100

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Logística Reversa ................................................................................................109

Introdução ................................................................................................................................................109Atividades da Logística Reversa ........................................................................................................109Desafios da Logística Reversa: conflitos entre fabricantes e varejistas ...............................111Sintomas dos problemas de devolução de produtos ...............................................................112Tendências ................................................................................................................................................114Gerenciamento do ciclo de vida do produto ...............................................................................115Sistemas de informação .......................................................................................................................116Conclusão ..................................................................................................................................................116

Logística e sistemas de informação .............................................................121

Introdução ................................................................................................................................................121Considerações gerais sobre sistemas de informação ................................................................121Tecnologia de informação e cadeia logística ...............................................................................124Conclusão ..................................................................................................................................................130

Aspectos teóricos da avaliação de desempenho da cadeia logística ...........................................................139

Introdução ................................................................................................................................................139Avaliação de desempenho logístico ...............................................................................................139Medida e avaliação de desempenho logístico – abordagem de Beamon ........................144

Metodologia para avaliação de desempenho logístico .......................153

Introdução ................................................................................................................................................153Caracterização da MESIADLog ..........................................................................................................153Proposta geral da MESIADLog ...........................................................................................................154Conclusão ..................................................................................................................................................168

Gabarito .................................................................................................................177

Referências ...........................................................................................................185

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Apresentação

Nos dias atuais o gerenciamento integrado da cadeia logística desempenha um papel importante para a compe-titividade das empresas, pois permite o acompanhamento do fluxo de material em todas as etapas da cadeia logística, ou seja, no suprimento, na produção, na distribuição e na devolução em tempo real, possibilitando a tomada de de-cisão de forma efetiva frente à realidade experimentada.

Nesse sentido, a presente obra objetiva subsidiar os leitores, quer sejam estudantes ou gestores, com infor-mações relativas ao gerenciamento da cadeia logística incluindo, também, a avaliação de desempenho. Neste particular ressalta-se que a avaliação de desempenho torna possível o conhecimento do comportamento dos processos executados ao longo da cadeia a partir da medi-ção dos mesmos. Assim, o gestor vai saber como está, por exemplo, a satisfação dos clientes, quais os custos dos pro-cessos, quantidade de lotes reprovados, a produtividade de mão de obra, entre outros. Diante dessas informações o gestor poderá atuar especificamente nos pontos críticos.

Quanto à sua estrutura a presente obra apresenta ini-cialmente o histórico, o conceito e a importância da Logís-tica. Após essa discussão, aborda-se a visão sistêmica e o gerenciamento integrado da cadeia logística, em que são apresentados os componentes importantes dessa cadeia, entre eles: a Logística de Suprimento, a Logística Interna, a Logística de Distribuição e a Logística Reversa. A partir da apresentação de tais componentes logísticos tornou- -se necessário o aprofundamento das discussões em torno de cada componente, o que foi feito nas aulas três, quatro, cinco, seis e sete, respectivamente.

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Nesse sentido, no estudo da Logística de Suprimento foram abordados temas como: a importância do setor de compras para a integração da Logística de Suprimento e as atividades básicas dessa logística, entre outros. No estudo da Logística Interna enfatiza-se o recebimento e a arma-zenagem de material, a gestão de estoque, a codificação e o endereçamento de material e o Planejamento e Controle da Produção (PCP). Por sua vez, a Logística de Distribuição enfatiza os tipos e estruturação de canais logísticos. Res-salta-se que o enfoque utilizado está baseado numa visão prática, em que foi estruturado um canal de distribuição de produtos fabricados em Criciúma (SC) e vendidos nas cidades de Belém (PA) e Manaus (AM). Por fim, são apre-sentados os desafios e as atividades da Logística Reversa, os conflitos entre fabricantes e varejistas, os problemas de devolução de produtos, as tendências e sistemas de infor-mação, entre outros.

Sabe-se que o sucesso do gerenciamento integrado da cadeia logística está fortemente atrelado à aplicação adequada da tecnologia da informação. Por isso, a aula oito aborda esse tema. Nela se faz considerações sobre a importância da informação no ambiente interno e externo da empresa. Também se aborda os níveis de influência do Sistema de Informação Gerencial (SIG) e as tecnologias de informação disponíveis às empresas.

Outro tema abordado neste livro é a avaliação de de-sempenho da cadeia logística. Esse tema foi exposto tanto em seu aspecto teórico quanto prático. Do ponto de vista prático foi apresentada uma metodologia para avaliação de desempenho logístico, bem como sua aplicação.

Assim, espera-se que a presente obra contribua efe-tivamente para que pessoas e empresas conheçam, apli-quem e se beneficiem dos resultados que possam ser au-feridos pelo gerenciamento integrado da cadeia logística.

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Logística: histórico, conceito e importância

IntroduçãoEsta aula visa apresentar a evolução histórica da Logística, ressaltando, também,

seus aspectos conceituais e sua importância para as empresas inseridas em um ambien-te mercadológico competitivo como forma de obtenção de vantagem competitiva.

Origens e aspectos conceituais da LogísticaA Logística é uma atividade humana que acompanha a própria evolução do homem.

Pode-ser fazer um corte na história e pensar a partir dos homens das cavernas; veja que quando estes nossos ancestrais iam caçar, algumas questões se faziam presentes, como, por exemplo: Onde vamos caçar? Que instrumentos de caça são necessários? Como abater as caças? Como embalar a caça? Como transportar a caça? Como armazenar a caça de tal modo que esteja em condições de uso? Agora pense que atualmente as em-presas executam essas atividades de compra, embalagem, transporte e armazenagem.

Assim, a Logística tem sido utilizada, ao longo da história, por pessoas e institui-ções, quer seja de forma intencional e estruturada ou de forma intuitiva, como um meio de atingir os objetivos e metas definidos. Não raro sua aplicação ocorre em um contexto multidisciplinar, como, por exemplo, o cálculo do custo de transporte utili-za conhecimento da área de custo, de informática, de matemática e, dependendo do caso, de estatística. Assim, a Logística é uma área de estudo inserida em um macrossis-tema, e, nesse sentido, busca os conhecimentos de outras áreas. Aliás, é uma área cujos conceitos ainda estão em fase de desenvolvimento.

Nesse sentido, a importância estratégica da Logística tem suas bases na atividade militar, pois nela se desenvolveram os princípios logísticos. Assim, o conceito de Logísti-ca, utilizado tanto no ambiente acadêmico quanto empresarial, evoluiu e tomou forma a partir da vertente militar e do desenvolvimento econômico. Este último se caracteri-za como um dos motivadores da concorrência global, em que disponibilizar o produto certo, na hora certa, no lugar certo, na quantidade certa, com a qualidade certa e com preços adequados pode se transformar em fonte de vantagem competitiva.

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O conceito de Logística tomou grande impulso com os estudos desenvolvidos na área militar, sobretudo a partir do século XVII, por Antoine Henri, Barão de Jomini, general e escritor militar, que publicou em 1836 a obra Précis de l’Art de la Guerre (Com-pêndio da Arte da Guerra). Nesta obra Jomini (1862, p. 14) descreveu uma das primeiras tentativas de definição de Logística. Ele apresentou a arte da guerra em cinco partes: a estratégia, a grande tática, a logística, a engenharia e a pequena tática. Para ele a Lo-gística significava a “arte prática de movimentar os exércitos”, incluindo nesse contexto atividades como: o transporte, as medidas administrativas e as atividades de reconhe-cimento e de informação necessárias para a movimentação e a manutenção de forças militares organizadas.

É importante ressaltar como pontos principais dessa abordagem belicista o de-senvolvimento da Logística dentro do âmbito militar que, em princípio, foi encarada como uma função meramente operacional, concentrando-se apenas nas atividades administrativas relativas aos deslocamentos, ao acampamento e alojamento das tropas em campanha. Em seu estágio natural de evolução, esse conceito foi revisto logo na Primeira Guerra Mundial, assumindo papel de maior relevância.

Na Segunda Guerra Mundial ficou evidenciado que o fator logístico superava, em dimensão e complexidade, os fatores estratégicos e táticos. Isso porque o transporte e a distribuição de grandes quantidades de material bélico e humano exigidas pelas operações planejadas constituíram uma séria preocupação em todas as fases das ope-rações. Assim, a ideia de que cada plano estratégico ou tático deva corresponder a um planejamento logístico, que implementasse suas ações, passou a assumir uma dimen-são mais ampla e consolidada.

A partir da década de 1950, portanto após a Segunda Guerra Mundial, o termo logística adquiriu grande importância devido à função estratégica que desempenhou no sucesso das operações militares; então as forças armadas dos Estados Unidos con-cluíram que a definição de logística incluía todas as atividades militares referentes à provisão e administração de material, pessoal e instalações. Posteriormente, foram acrescentadas as atividades de treinamento e bem-estar das tropas e, depois, as rela-cionadas à obtenção e prestação de serviços.

A referida década (1950) é chamada por Bowersox e Closs (2001, p. 26) de a década do renascimento logístico, ocasião em que o conceito de marketing foi incorporado à rotina administrativa das empresas e a Logística assumiu a prestação de serviço neces-sária à satisfação dos clientes com os custos associados.

Conceitos mais recentes tratam as atividades logísticas sob dois aspectos distin-tos: um de caráter nacional, voltado aos interesses de um país, e outro de caráter militar. O conceito de logística nacional confunde-se com o conceito de economia nacional, pois atende não somente as necessidades de caráter militar, mas também as de ordem civil, as imposições da política internacional e os interesses comerciais.

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Logística: histórico, conceito e importância

O desenvolvimento da Logística, a partir do ponto de vista econômico, pode ser mais bem entendido a partir do estudo desenvolvido por Andersson (1986), que divi-diu a evolução da Logística em quatro fases, chamando-as de revoluções.

Assim, a primeira revolução logística data do século XI, quando a Igreja Católi-ca iniciou o processo de desestruturação da sociedade feudal. Como consequência vieram as guerras de conquistas chamadas de cruzadas, nas quais por trás dos motivos religiosos existiam interesses econômicos. Esse fato resultou em avanços tecnológi-cos e culturais, decorrentes do intercâmbio comercial que se criou na reconquista da Europa. Os pequenos feudos (formas de organização social europeia da Idade Média, cujas características se pautavam no poder centralizado nas mãos dos senhores feu-dais, na economia baseada na agricultura e na utilização do trabalho servil) retiram as suas barreiras “físicas” que os mantinham isolados de qualquer intercâmbio com outros agrupamentos humanos, estabelecendo, dessa forma, relações comerciais fora de suas fronteiras.

Antônio Jorge Cunha Campos destaca que essa revolução trouxe as seguintes consequências:

o aumento considerável do comércio a grandes distâncias;

o surgimento de novas cidades mercantes e o aumento dos acessos a cen-tros comerciais e cidades industriais, com população mínima de 100 000 habitantes;

o aumento da produção especializada e do emprego na Europa;

o surgimento de uma nova classe social com aprovação política;

a criação de redes comerciais próximas ao litoral e ao longo dos rios da Europa.

Tais consequências enfatizam a necessidade de maior movimentação de pessoas e produtos, o que fortalece a importância da Logística.

A primeira revolução da Logística contribuiu para o surgimento da segunda revo-lução, em função da dinamização do fluxo monetário e um crescente volume de cré-ditos, devido à intensificação do comércio. Isso teve como consequência a criação de alguns bancos europeus com práticas de garantias monetárias, notadamente no século XVII em Amsterdam e Londres. Por conseguinte, as consequências foram:

ampliação das distâncias no comércio multilateral;

incremento da especialização da produção na Europa e o surgimento de um sistema de apoio à manufatura, próximo dos novos centros econômicos;

surgimento de novas cidades onde os poderes políticos e econômicos se

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domínio total da nova classe e do governo absolutista;

expansão da criatividade e do conhecimento nas ciências e nas artes, em poucos centros notadamente em Amsterdam, Paris e Londres;

surgimento de um novo modelo de rede de comércio internacional concen-trado, sobretudo, em Londres, Paris e Amsterdam, no centro geográfico da Europa.

Por sua vez, a terceira revolução da Logística ocorreu em função de duas grandes mudanças: a primeira foi o entendimento de que a divisão coordenada do trabalho aumenta a capacidade de produção; a segunda foi a consciência de que as técnicas de produção são variáveis, podendo ser adequadas em função do contexto, tornando-se poderosas fontes de ganhos comerciais.

Essa fase ocorreu em Londres com a primeira Revolução Industrial, caracterizada pela utilização do ferro como matéria-prima e do carvão como fonte de energia, que teve como destaque a indústria têxtil na Europa, entre 1760 e 1800, com a utilização de máquinas que impulsionaram o desenvolvimento tecnológico do setor. Assim, com essa nova consciência de ganhos por meio da divisão de trabalho e a utilização de novas tecnologias como forma de integração vertical de redes de fábricas, ressaltam- -se as seguintes consequências:

aumento expressivo do comércio a longas distâncias, especialmente atraves-sando o Atlântico Norte;

divisão do trabalho entre regiões e países;

o crescente surgimento de cidades industriais e metrópoles nas proximidades das fontes de matérias-primas, aglomerações de mercado;

expansão da riqueza em mãos dos novos industriais;

surgimento e rápido crescimento de duas novas classes sociais da era indus-trial: os operários e os capitalistas;

adaptações do sistema político ajustado à demanda de novos planos organi-zacionais no mercado de trabalho e para a proteção da propriedade em outras partes do mundo;

expansão criativa em ciências, engenharia e artes, e, sequencialmente, em centros industriais como a Europa e a América do Norte;

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Logística: histórico, conceito e importância

surgimento de uma nova rede internacional e inter-regional de centros indus-triais, orientados em primeiro momento em direção ao Atlântico Norte.

A quarta revolução da Logística surgiu em meio à expansão industrial mundial (1860-1900), período em que ocorreu a segunda Revolução Industrial, caracterizada pelo uso do aço como matéria-prima e da eletricidade como fonte de energia. Assim, a quarta revolução da Logística foi caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico e industrial que extrapolou as fronteiras da Inglaterra e depois da Europa. Nesse contex-to, França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão aderiram a essa nova fase de expansão econômica.

Segundo Andersson (1986), a quarta revolução da Logística está associada ao aumento do processamento da informação e da capacidade de comunicação, assim como do desenvolvimento do conhecimento. Desenvolvimento que ocorreu paralela-mente à sucessiva melhora dos sistemas de transportes, especialmente da estrutura e operação da rede de transporte aéreo.

Observa-se que a evolução da Logística está intimamente ligada à evolução de outras áreas, como a econômica, que por sua vez influencia também a área tecnológi-ca, política, social, demográfica e cultural. Portanto, a Logística faz parte de complexo sistema que envolve múltiplos fatores. Isso caracteriza a importância da Logística na pauta das empresas, das universidades e dos governos.

Nesse sentido, Lambert (1998) expõe que a Logística foi examinada pela primeira vez sob o prisma acadêmico no início do século XX, embora como atividade humana já existisse há séculos. Ressalta, ainda, que a Segunda Guerra Mundial contribuiu para o desenvolvimento da Logística. Aplicado conjuntamente com o conceito de marketing empresarial, a Logística passa a ser associada, mais fortemente, com o nível de serviço oferecido ao cliente, pois ao profissional de Logística compete a definição e a operação dos meios para dispor o produto ao cliente conforme acertado pelo marketing, ou seja, produto certo, no lugar certo, na hora certa, na quantidade certa, com a qualidade certa e pelo menor custo possível.

Por sua vez, Ballou (1993, p. 28) dividiu a evolução da Logística em três momentos ou períodos, que são: até 1950, de 1950 a 1970, e após 1970.

O primeiro momento, até 1950, Antônio Jorge Cunha Campos chamou de “os anos adormecidos”. Foi uma fase caracterizada pela divisão das atividades logísticas, atrelando-as às atividades funcionais das empresas. Essa fragmentação trouxe como resultado o conflito de objetivos e responsabilidades para as atividades logísticas.

A segunda fase, de 1950 a 1970, foi considerada pelAntônio Jorge Cunha Campos como “o período de desenvolvimento”. Os primeiros 10 anos dessa era destacaram-se pelo aprimoramento da teoria e prática da Logística. Nessa época o marketing se con-

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solidava nas empresas e no ambiente acadêmico como a disciplina mais promissora no mundo empresarial. No entanto, o conceito de marketing estava centrado na compra e venda das mercadorias em detrimento da distribuição física. Nesse período se desen-volveu o conceito de custo total, que se tornaria um dos principais impulsionadores do gerenciamento integrado das atividades logísticas.

A terceira fase, anos 1970 em diante, foi chamada pelAntônio Jorge Cunha Campos de “os anos de crescimento”. Nessa fase os princípios básicos da Logística esta-vam formados e algumas organizações obtinham os primeiros resultados decorrentes da aplicação desses princípios, que em resumo consistiam na satisfação do cliente via atendimento de suas necessidades, sobretudo, por exemplo, em termos de custo, qua-lidade e prazo, obtidos principalmente com a integração da cadeia logística.

No ano de 1973, com a crise do petróleo, o crescimento do mercado mundial retraiu-se, aumentando os índices inflacionários decorrentes do lento aumento da pro-dutividade industrial. Esses fatos evidenciaram a necessidade de melhor administra-ção dos suprimentos, em que o controle de custos e o controle da qualidade passaram a ser focos principais de atenção por parte das empresas.

Essa situação afetou diretamente as funções logísticas quanto ao aumento dos custos de transporte e manutenção de estoques, fazendo com que os conceitos lo-gísticos fossem cada vez mais valorizados pela alta administração das organizações. Assim, o conceito de Logística Integrada, que se iniciou a partir da incorporação com as atividades de marketing na distribuição física, passa a envolver o suprimento físico, a partir de um contexto mais abrangente da administração de materiais. Nesse sentido, a visão sistêmica é um princípio essencial para a implementação dos processos logís-ticos. Fica então estabelecido que a visão sistêmica da cadeia produtiva se torna fonte de vantagem competitiva.

Vantagem competitivaA vantagem competitiva corresponde à diferença de um produto ou serviço em

relação ao concorrente desde que seja percebido pelo cliente final. Corresponde à em-presa a responsabilidade de gerar e mostrar ao cliente a diferença ou vantagem de seu produto; assim, enquanto o cliente final não estiver convencido da vantagem apre-sentada ele não terá motivação para pagar por ela, então a vantagem não terá efeito prático. Diversas são as fontes de vantagem competitiva, entre elas:

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Uso da tecnologia de informação – o uso adequado da tecnologia de infor-mação pode promover a integração entre as empresas de uma cadeia logística, permitindo, por exemplo, que um fornecedor controle o nível de estoque de seu cliente e faça o reabastecimento de forma automática, eliminando dessa forma custos com a emissão de pedidos. Outro resultado prático consiste na possibili-dade de monitoramento dos produtos em trânsito ao longo da cadeia logística. Essa condição permite que se planeje o estoque em trânsito com sua utilização, imediatamente seu ingresso na empresa, reduzindo custos com armazenagem.

Redução de custo – a utilização da redução de custo como estratégia de van-tagem competitiva pode ser aplicada em qualquer etapa da cadeia, ou seja, na atividade de compra, transporte, recebimento, armazenagem, produção e venda. A redução de custo obtida nessas etapas pode tornar o produto mais competitivo, sendo esse o poder da materialização da vantagem competitiva.

Nível de serviço ao cliente – a obtenção de vantagem competitiva com base no nível de serviço pode ocorrer quando, por exemplo, em determinado segmento o cliente recebe o seu produto em 24 horas e o tempo praticado pelo mercado é de 48 horas, logo a entrega em 24 horas representa uma vantagem baseada no nível de serviço. Também pode ocorrer em uma agência bancária onde os clien-tes queiram ser atendidos em 15 minutos e a prática mostra que o atendimento ocorre em 30 minutos. Portanto são diversas as formas de obtenção de vantagem competitiva baseada no nível de serviço.

Logística estratégica e estratégia logística – existe uma diferença básica entre uma empresa que usa a Logística estratégica e outra que usa estratégia logística. Quando uma empresa, em sua fase de planejamento, planeja todas as etapas do fluxo de material, incluindo, entre outros, a compra, o transporte, o recebimento e a armazenagem, ela está praticando a Logística de maneira estratégica, em que tudo é devidamente pensado e, por conseguinte, defini-das as ações para cada etapa considerada crítica evitando as surpresas pela falta de um planejamento integrado e sistêmico. Todavia, quando não se faz o planejamento, é óbvio que a empresa vai executar tais atividades, porém não de forma integrada, isso caracteriza o uso de estratégia logística.

Avaliação de desempenho logístico – a avaliação de desempenho é uma ati-vidade fundamental porque permite que o gestor conheça o verdadeiro com-portamento dos processos sob sua responsabilidade. Dessa forma, ele poderá agir especificamente onde houver necessidade, por exemplo, no custo, na qua-lidade, no tempo, na produtividade e na flexibilidade. Essas são apenas algumas fontes de avaliação de desempenho. Vale ressaltar que a atividade de avaliação

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de desempenho deve ser feita em sintonia com as questões estratégicas da em-presa. Assim, aconselha-se o entendimento da sequência da figura 1, a seguir:

Missão da empresa

Objetivos estratégicos

Processos empresariais

Categorias de desempenho

Processos-chave

Indicadores de desempenho

Ant

ônio

Jorg

e Cu

nha

Cam

pos.

Figura 1 – Integração entre objetivos e indicadores de desempenho.

Observa-se na figura 1 que compete ao gestor traduzir a missão em objetivos estratégicos; por sua vez, para atingir os objetivos é necessário executar pro-cessos empresariais, tais como: compra, transporte, recrutamento e seleção, distribuição, vendas e outros. Todavia, muitas vezes, medir todos esses proces-sos pode ser inviável, surge assim a necessidade de se escolher os processos- -chave, ou seja, aqueles que não podem apresentar falhas, por esse motivo eles devem ser medidos e avaliados. Para tanto é necessário definir as categorias de desempenho e seus respectivos indicadores de desempenho. A escolha das ca-tegorias deve levar em consideração o conteúdo dos objetivos estratégicos, ou seja, aquilo que se pretende atingir, que podem estar relacionados, entre outros, a custo, a qualidade, a tempo, a produtividade e a flexibilidade. Por sua vez, os indicadores de desempenho correspondem àquilo que efetivamente se mede. Por exemplo, o percentual de pedidos recebidos corretamente é um indicador de desempenho da categoria de qualidade, e a produtividade da mão de obra direta é um indicador de desempenho da categoria de produtividade. Assim, conforme visto na figura 1, os indicadores de desempenho permitem conhecer o verdadeiro comportamento de cada processo, avaliando inclusive aqueles que não podem falhar, que são os processos-chave, permitindo maior eficácia na gestão.

Integração da cadeia de logística – a obtenção da vantagem competitiva está baseada na integração da cadeia a partir do entendimento de que o produto entregue ao cliente final é o resultado do esforço de cada empresa que forma a

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cadeia logística ou produtiva. Assim, podem os fornecedores, transportadores e fabricantes atingirem 100% de qualidade em todas as suas atividades, mas se o distribuidor não atentar para a qualidade ele pode comprometer todo o esforço desempenhado ao longo da cadeia. Percebe-se então que a gestão se dá ao longo de toda a cadeia, pois cada vez mais a competição empresarial se caracteriza como sendo entre cadeias e não necessariamente entre uma empresa e outra. Nessa linha de pensamento, a cadeia produtiva do Ponto Frio concorre com a cadeia do Magazine Luiza, por exemplo. Em resumo, a cadeia mais bem integrada poderá dispor o produto ao cliente final de forma mais competitiva com maior capacidade de redução de custo.

Cultura e estrutura organizacional – em tempos de competição global e di-namismo tecnológico a agilidade e a flexibilidade podem ser excelentes meios para obtenção de vantagem competitiva em face da velocidade de respostas às demandas dos clientes. Nesse contexto, adotar uma cultura organizacional com valores adequados ao atendimento das demandas torna-se uma estraté-gia para as empresas. Alinhada a essa necessidade, a estrutura organizacional deve permitir a efetiva consecução dos valores implícitos na cultura. Assim, se a empresa tem como valor cultural a agilidade e a flexibilidade no atendimen-to das demandas, a sua estrutura deve permitir que isso ocorra.

ConclusãoConclui-se com a presente aula que a evolução da Logística está vinculada às ati-

vidades militares. Também é certo que o conceito de Logística ainda está em evolu-ção, deixando para os estudiosos da área um espaço para efetivas contribuições, de tal modo que a comunidade acadêmica possa dispor de estudos que favoreçam a contribuição da Logística, tanto para a comunidade acadêmica quanto empresarial. Conclui-se também que em um ambiente mercadológico competitivo a aplicação dos fundamentos da Logística quanto à forma de disponibilização dos produtos aos consu-midores finais pode representar uma valiosa fonte de vantagem competitiva.

Texto complementar

Valor logístico: definição, processo e medição(RUTNER; LANGLEY, 2000)

A maioria dos estudantes e profissionais em Logística concorda que Logística é uma função essencial em Administração. Além disso, tem sido uma grande tendên-

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cia nos últimos anos considerar Logística como um processo que cria valor. Embora os termos valor e valor agregado tenham experiente uso popular, nenhum dos dois está claramente definido nem exatamente medido. Um objetivo preliminar deste artigo é esclarecer essas definições, no contexto de como o valor é criado pela Logística. Ba-seado em pesquisa empírica, são sugeridas definições de valor e valor agregado que estão fundamentadas e relacionadas às perspectivas de prática de administradores.

Ao mesmo tempo em que há concordância de que Logística é uma função ne-cessária em negócio, surge a questão se Logística é a mais representativa de uma operação de agregação de valor ou simplesmente um custo. Mais recentemente, um artigo de John Trace argumentou que administradores logísticos, e consequen-temente, a própria Logística, adicionam valor. Ele raciocinou que se uma atividade é essencial, então essa atividade adiciona valor. Finalmente, disse que os contabilistas definem a maioria das atividades logísticas como não valor agregado. Isso levanta a questão, qual é o valor da Logística e existem vantagens em mensurá-la?

Definições de Logística, serviço ao cliente e satisfação do clienteExistem diversas definições geralmente aceitas de Logística. Uma definição

básica é os “Sete Rs da Logística”. Os Sete Rs definem Logística como assegurar a dis-ponibilidade do produto certo, na quantidade certa e condição certa, no lugar certo, no tempo certo, ao cliente certo, no custo certo. Uma segunda definição é uma que foi adotada pelo CLM, Logística é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes.

Focalizando na área de serviço ao cliente dentro de Logística, LaLonde, Cooper e Noordewier definiram serviço ao cliente como: um processo que ocorre entre o comprador, o vendedor e um operador. O processo resulta num valor agregado ao produto ou serviço transacionado. Esse valor agregado no processo de troca pode ser em curto prazo como uma simples transação ou em longo prazo como um rela-cionamento contratual.

De acordo com Lambert, Stock e Ellram, serviço ao cliente é frequentemente con-fundido com o conceito de satisfação do cliente. Eles sugerem que “em contraste ao serviço ao cliente, satisfação do cliente representa a avaliação total do cliente de todas as misturas dos elementos de marketing: produto, preço, promoção e lugar. Desse modo, satisfação do cliente é um conceito mais amplo que inclui serviço ao cliente”.

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Embora seja evidente que nenhuma dessas definições trata explicitamente de valor criado pelo processo logístico, eles sugeriram a criação de valor através da utilidade do tempo e espaço. Por exemplo, eles sugerem que uma parte do valor de um produto seja associada à habilidade do cliente de comprar no lugar certo no tempo certo.

LaLonde e Zinszer comentaram que serviço ao cliente tem três componentes principais: 1) uma atividade para satisfazer as necessidades dos consumidores; 2) uma medida de desempenho para assegurar a satisfação do cliente; e 3) uma filo-sofia de largo compromisso da empresa. Realmente, o serviço ao cliente frequente-mente é usado como um substituto para o valor na definição de Logística.

O conceito de fornecer ao cliente níveis elevados de serviços tornou-se uma meta do profissional de Logística. Por essa razão, serviço ao cliente tornou-se um com-ponente chave de qualquer definição logística que sugere algum conceito de valor.

Definição de valor e valor agregadoA maioria dos dicionários tem entre 10 e 15 significados distintos para a palavra

valor. De fato, o termo valor parece ter um significado diferente a quase cada indi-víduo, companhia ou organização. Essas diferenças são compostas pelo fato de que o termo valor é também usado em campos tais como, Matemática, Ética, Música, Física e Química. Também, valor é frequentemente pensado no contexto de “valor do acionista”, ou “valor agregado à economia”, conceitos que se relacionam em um sentido macro ao valor econômico total que resulta aos proprietários ou aos acio-nistas de uma organização.

Entretanto, existem duas definições de valor que parecem ser apropriadas para a definição empresarial de valor: a) valor é aquela qualidade de uma coisa de acordo com o que se pensa como sendo mais ou menos desejável, útil, estimável, importan-te etc.; b) valor é um equivalente em dinheiro, commodities etc. justo ou correto de algo vendido ou trocado; um preço justo.

Essas definições focam no aspecto administrativo de valor. Há temas comuns en-contrados nestes e a maioria das definições orientada em negócio. O primeiro tema é referente à troca ou às unidades monetárias. A implicação é que o valor de algo pode ser medido pela quantidade de um outro item que uma pessoa ou uma companhia está disposta a trocar. Existem diversas características, tais como preço equivalente, quantidade da troca e retorno, que são comumente usados para descrever valor.

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Um segundo tema ou área de entendimento é a natureza não tangível ou ideia de valor. O valor pode existir, mas nós somos incapazes de visualizar ou possuir fisi-camente o valor. As definições descrevem como mérito, utilidade, qualidade, desejo e importância para o possuidor. Visto que o valor é imaterial, cria as variações no significado que continuam a apresentar um problema em quantificar precisamente o que é valor.

Em resumo, a literatura apresenta diversos pontos importantes. Primeiro, exis-tem diversas definições aceitas de Logística que focam nos aspectos tempo e espaço do valor criado pela Logística. Segundo, serviço ao cliente é um componente crítico de qualquer definição de Logística ou valor logístico. O terceiro ponto é que o termo valor nem é definido claramente nem tangível. Finalmente, a ideia de qualidade ou é incorporada na definição de valor logístico ou usada como um substituto.

Um estudo foi conduzido para coletar sistematicamente informação sobre a opinião dos administradores a respeito de suas definições de valor logístico. Uma pesquisa foi enviada pelo correio para 392 administradores, diretores e vice-presi-dentes de Logística que eram (foram) membros do CLM (Conselho de Administração Logística), e os quais eram entre os respondentes a um estudo inicial sobre o tópico de valor logístico. Um total de 201 pesquisas completas e utilizáveis foram recebi-das, representando uma taxa de resposta de 51,3% do total.

Definições de valor e valor agregado da companhiaA primeira área examinada no estudo foi se a companhia dos respondentes

tinha uma definição específica de valor logístico. Embora 54% dos responden-tes relataram que suas companhias não tinham nenhuma definição de valor logístico, 30% relataram que uma definição informal existia. Os 16% restantes dos respondentes indicaram que suas companhias tinham uma formal, uma definição escrita de valor logístico. As companhias que tinham começado sua tentativa de mensurar mais cedo o valor logístico eram mais prováveis de ter desenvolvido uma definição formal ou informal do valor logístico.

Uma vez que foi determinado que uma companhia tivesse uma definição, os respondentes foram solicitados a fornecer a sua definição formal ou informal de valor logístico da companhia.

Aproximadamente 100 companhias forneceram definições por escrito. Uma definição típica dos respondentes de valor logístico inclui os princípios de utilidade de tempo e lugar. Muitas dessas definições incluíram medidas muito específicas, es-pecífico para uma companhia. Algumas respostas típicas são dadas como exemplo:

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O valor de Logística é “fornecer o produto certo no preço, no tempo e no lugar certo, sem erro, com consistência com o passar do tempo”.

Valor logístico é “despachar os pedidos completos dos clientes no período de três dias da liberação”.

O valor de Logística é “aperfeiçoamento na utilidade do tempo e lugar, redu-ção nos custos e aperfeiçoamento na apresentação do produto”.

Essas definições destacam o pensamento tradicional de que o valor logístico está baseado na utilidade do tempo e do lugar. Um objetivo da pesquisa foi identifi-car todos os temas adicionais ou áreas críticas que contribuíssem ao valor de Logís-tica. Para conseguir esse objetivo, todas as definições escritas pelos respondentes foram examinadas e uma análise do conteúdo foi efetuada para identificar os temas- -chave e recorrentes das respostas. Diversos pontos foram identificados como partes críticas de qualquer definição de valor logístico. O três itens mais críticos foram: ser-viço ao cliente, custo-lucro e qualidade.

Muitas definições incluíam algum comentário envolvendo a satisfação do cliente. Essas respostas identificaram especificamente o serviço ao cliente como um elemento chave de valor logístico. A análise do conteúdo verificou que as exigências de serviço ao cliente devem ser satisfeitas ou devem ser excedidas como parte de qualquer definição de valor logístico.

Valor logístico é “excepcional serviço ao cliente que adiciona valor a nossos produtos e existência”.

O valor de Logística é “dar aos nossos clientes e consumidores o que estão procurando”.

O segundo componente de definições de profissionais liberais era incluir alguma referência ao custo. Muitas definições sugeriam um desejo de fornecer ser-viço ao cliente e reduzir custo. Além disso, algumas definições incluíam a ideia de reduzir custos para seus clientes.

O valor de Logística é “custo de utilidade”.

Valor logístico é “a contribuição à rentabilidade, à satisfação do cliente e à penetração de mercado”.

O valor de Logística é “aumentar a recuperação do investimento para a com-panhia através do crescimento da receita bruta”.

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O tema crítico e recorrente final foi o conceito de qualidade como um compo-nente-chave para valor logístico. Muitos respondentes incluíram termos tais como desempenho em tempo, confiabilidade, consistência, e outras medidas de qualidade. A implicação foi que esses itens eram subcomponentes importantes da ideia de valor logístico. Assim: a) “Valor é uma combinação de qualidade, preço e serviço a fornecer ao cliente o que e quando quiser”; b) “Valor é igual ao produto ou serviço de qualidade num preço razoável e lucro para todas as partes envolvidas”; c) “Acreditamos que im-plementação e constantemente melhora do nosso sistema de qualidade aumentará o valor de nossos produtos fabricados e enviados a seus clientes”.

ConclusõesEmbora muitos administradores não tenham reconhecido o potencial para in-

corporar valor logístico nas cadeias de suprimentos de suas companhias, existem muitos outros que dedicaram uma prioridade para fazer progresso nessa área. Co-mentários de alguns respondentes destacam uma visão de que muitas organiza-ções consideram ainda a Logística um centro de custo e não uma oportunidade que possa fornecer valor à cadeia de suprimentos.

A ideia de custo-lucro é um dos temas que podem criar valor logístico. O estudo identificou três temas-chave de valor logístico: serviço ao cliente, custo-lucro e qua-lidade. Os respondentes das indústrias destacaram diferentes práticas entre valor logístico e valor agregado logístico. Os componentes de valor agregado da Logística incorporaram todas as ideias de valor logístico e adicionaram alguma combinação de excelentes expectativas, serviços extra, e/ou ganhar vantagem competitiva.

As duas definições derivadas fornecem um benchmark para as companhias que tentam melhorar seu processo logístico. Essas definições podem acelerar o proces-so de criar um sistema que adicione valor para os clientes, aumente a eficiência da cadeia de suprimentos e melhore a vantagem competitiva.

Atividades

O que é valor logístico? Você concorda que a aplicação do valor logístico na 1. empresa contribui para o seu desenvolvimento?

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Comente as seguintes definições de Logística: “Logística é a parte do gerencia-2. mento da cadeia de abastecimento que planeja, implementa e controla o fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semia-cabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exi-gências dos clientes”. Essa definição é do Council of Supply Chain Management Professionals e pode ser encontrada no site <http://cscmp.org/aboutcscmp/definitions.asp>. Outra definição é “Logística é o processo de planejar, imple-mentar e controlar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de produtos, bem como os serviços e informações associadas, cobrindo desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do consumidor.” (NOVAES, 2001, p. 36.)

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Sabe-se que a Logística é importante para o sucesso da empresa, pois ela contri-3. bui para que o produto certo esteja no local certo, na quantidade e com a qua-lidade certas e a um preço competitivo. Todavia essas condições dependem de outros fatores, tais como a integração interna da empresa e uso de tecnologia de informação adequada. Quanto à promoção da integração interna as empre-sas enfrentam um grande desafio porque, em geral, as pessoas e departamen-tos visam somente executar suas atividades específicas. Porém o produto final vendido ao consumidor é resultado do esforço conjunto de todos os setores e departamentos. Assim, pede-se que você visite empresas em sua comunidade, converse com os gestores e verifique se há um trabalho planejado de busca de integração interna. Caso não haja descreva o que deve ser feito para a promo-ção da integração interna, ou seja, entre os diversos setores e departamentos.

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